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Pneumonia adquirida na comunidade (PAC) ● infecção do parênquima pulmonar ● principal causa de morte no mundo ● bactéria de maior prevalência: Streptococcus pneumoniae ● 3ª maior causa de mortalidade no Brasil Fisiopatologia ● proliferação dos patógenos microbianos nos espaços alveolares + resposta do hospedeiro a esses agentes patogênicos → pneumonia ● microrganismos→ aspiração das secreções orofaríngeas (ou outras formas)→ vias respiratórias inferiores ● raro: pneumonia ocorre por disseminação hematogênica (ex.: endocardite da valva tricúspide) ou por extensão contígua dos espaços pleural ou mediastinal infectados ● defesa do hospedeiro ○ fatores mecânicos: pelos e as conchas nasais das narinas → retêm as partículas maiores inaladas antes que elas possam chegar às vias respiratórias inferiores + arquitetura ramificada da árvore traqueobrônquica retém microrganismos no revestimento das vias respiratórias, onde a atividade mucociliar e os fatores antibacterianos locais eliminam ou destroem os patógenos potenciais + reflexo de engasgo e o mecanismo da tosse conferem proteção essencial contra aspiração + flora normal aderida às células da mucosa da orofaringe impede que as bactérias patogênicas se liguem ● barreiras mecânicas superadas/microrganismos suficientemente pequenos para serem inalados até os alvéolos → macrófagos alveolares residentes são extremamente eficientes na eliminação e destruição dos patógenos ○ macrófagos: auxiliados por proteínas produzidas pelas células epiteliais locais (ex.: proteínas A e D do surfactante) + propriedades intrínsecas de opsonização ou atividade antibacteriana ou antiviral ○ patógenos fagocitados → eliminados pelo sistema elevatório mucociliar ou pelos vasos linfáticos e não causam mais risco de infecção ● capacidade dos macrófagos alveolares ingerirem ou destruírem os microrganismos é suplantada→ pneumonia ○ macrófagos alveolares ativam a resposta inflamatória para reforçar as defesas das vias respiratórias inferiores ● resposta inflamatória do hospedeiro (mais do que a proliferação dos microrganismos) → desencadeia manifestações clínica ● IL-1 + TNF→ febre ● IL-8 + fator de estimulação das colônias de granulócito → estimulam a liberação dos neutrófilos + sua atração ao pulmão → leucocitose periférica + secreções purulentas aumentadas ● mediadores inflamatórios liberados pelos macrófagos e pelos neutrófilos recém-recrutados → extravasamento alveolocapilar semelhante ao que é observado na síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), embora na pneumonia esse processo fique localizado (ao menos inicialmente) ○ responsável pelos infiltrados radiográficos e pelos estertores detectáveis à ausculta ○ hipoxemia: atribuída ao preenchimento dos espaços alveolares ● eritrócitos conseguem atravessar a membrana alveolocapilar→ hemoptise ● alguns patógenos bacterianos: interferem na vasoconstrição hipoxêmica, que normalmente ocorreria se os alvéolos fossem preenchidos por líquidos→ pode causar hipoxemia grave ● aumento do drive respiratório na síndrome da resposta inflamatória sistêmica→ alcalose respiratória ● extravasamento capilar, a hipoxemia, a hiperestimulação do centro respiratório, as secreções profusa, o broncospasmo desencadeado pela infecção→ redução da complacência pulmonar→ dispneia ● doença grave: reduções do volume e da complacência pulmonares + shunt intrapulmonar do sangue → alterações da mecânica pulmonar→ insuficiência respiratória e morte Patologia ● fase inicial: edema com presença de exsudato proteináceo – e geralmente de bactérias – nos alvéolos ○ raramente é evidenciada nos espécimes clínicos ou na necropsia, pois é rapidamente seguida da fase de hepatização vermelha ● fase de hepatização vermelha: presença dos eritrócitos no exsudato intra-alveolar celular + afluxo dos neutrófilos é mais importante com relação à defesa do hospedeiro ○ ocasionalmente: bactérias são isoladas em culturas dos materiais patológicos ● hepatização cinzenta: não há eritrócitos recém-chegados no material extravasado + hemácias que já estavam presentes estão desintegradas e degradadas ○ neutrófilos: células predominantes + deposição de fibrina abundante + bactérias já desapareceram ○ delimitação bem-sucedida da infecção e à melhora da troca gasosa ● fase final (ou de resolução): macrófagos reaparecem como células predominantes no espaço alveolar e os restos de neutrófilos, bactérias e fibrina já foram eliminados e a resposta inflamatória regrediu ● padrão tem sido descrito mais claramente na pneumonia pneumocócica lobar, mas pode não ser aplicável a todas as outras etiologias pneumônicas, especialmente às pneumonias virais ou causadas por Pneumocystis ● padrão de broncopneumonia é mais comum nas pneumonias nosocomiais, enquanto o padrão lobar é mais frequente com as PACs bacterianas ● pneumonias causadas por vírus e Pneumocystis são processos alveolares, em vez de intersticiais Etiologia ● agentes etiológicos potenciais: bactérias, fungos, vírus e protozoários ● maioria dos casos de PAC é causada por um número relativamente pequeno de patógenos ● mais comum: Streptococcus pneumoniae ● patógenos bacterianos “típicos”: S. pneumoniae, Haemophilus influenzae e (em determinados casos) S. aureus e bacilos Gram-negativos, como Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa ● microrganismos “atípicos”: Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae e as espécies de Legionella (nos pacientes internados), assim como os vírus respiratórios, como influenza, adenovírus, metapneumovírus humano e vírus sinciciais respiratórios ○ não podem ser isolados pelas técnicas de cultura em meios convencionais e nem podem ser detectados pela coloração de Gram ○ frequência e a importância dos patógenos atípicos têm implicações terapêuticas significativas ○ intrinsecamente resistentes a todos os antibióticos β-lactâmicos e devem ser tratados com um macrolídeo, uma fluoroquinolona ou uma tetraciclina ● vírus podem ser responsáveis por uma grande proporção de casos de PAC que necessitam de hospitalização, mesmo em adultos ● 10- 15% dos casos de PAC polimicrobiana: agentes etiológicos comumente consistem em uma combinação de patógenos típicos e atípicos ● anaeróbios: papel significativo apenas quando houve um episódio de aspiração dias ou semanas antes da apresentação clínica da pneumonia ○ fator de risco principal: combinação de vias respiratórias desprotegidas (ex.: pacientes com intoxicações por álcool ou drogas, ou distúrbios convulsivos) e gengivite significativa ○ pneumonias causadas por anaeróbios geralmente são complicadas por formação de abscessos e por empiemas significativos ou derrames parapneumônicos ● pneumonia causada por S. aureus: complicação bem conhecida da infecção pelo vírus influenza ● foram isoladas cepas de MRSA como agentes etiológicos primários da PAC ● em mais de 50% dos casos, não é possível determinar uma etiologia específica por exame físico e exames radiológicos Manifestações clínicas ● apresentação pode ser indolente ou fulminante e sua gravidade pode variar de leve a casos fatais ● manifestações de progressão e gravidade: achados constitucionais e aqueles limitados aos pulmões e a estruturas associadas ● frequentemente: febre e taquicardia, ou pode apresentar calafrios e/ou sudorese ● tosse: pode ser seca ou produtiva com escarro mucoide, purulento ou sanguinolento ● hemoptise franca: sugestiva de pneumonia por MRSA-AC ● dependendo da gravidade: paciente pode ser capaz de pronunciar frases inteiras ou apresentar dispneia grave ● acometimento da pleura→ pode referir dor torácica pleurítica ○ dor pleurítica: dor aguda no peito que piora quando se respira, tosse ou espirra ● até 20%: podem apresentar queixas gastrintestinais (ex.: náuseas, vômitos e/ou diarreia) ● outros sintomas: fadiga, cefaleia, mialgias e artralgias ● exame físico: podem variar com a gravidade da condensação pulmonar e a existência ou ausência de derrame pleural significativo ○ comum: aumento da frequênciarespiratória + utilização dos músculos acessórios da respiração ○ palpação: pode detectar acentuação ou atenuação do frêmito toracovocal (FTV) ○ percussão: submacicez e macicez, que refletem a condensação pulmonar ou o líquido pleural subjacente respectivamente ○ ausculta: estertores, sopros brônquicos e possivelmente atrito pleural ● apresentação clínica pode não ser tão evidente nos pacientes idosos que, inicialmente, apresentam confusão mental de início súbito ou agravada e poucos sinais clínicos adicionais ● pacientes mais graves: podem apresentar choque séptico e indícios de falência de órgãos Diagnóstico diferencial ● bronquite aguda, exacerbações agudas da bronquite crônica, insuficiência cardíaca, embolia pulmonar, pneumonite de hipersensibilidade e pneumonite pós-radiação ● radiografias de tórax geralmente são necessárias para ajudar a diferenciar entre PAC e outros distúrbios ● pneumatoceles: indicam infecção por S. aureus ● lesões cavitárias nos lobos superiores: sugerem tuberculose Métodos de imagem Radiografia de tórax ● propedêutica clássica: anamnese + exame físico + radiografia de tórax ● realização de rotina, quando disponível, nas incidências posteroanterior e perfil ● contribuição ao diagnóstico + avaliar a extensão das lesões + detectar complicações + auxiliar no diagnóstico diferencial ● na atenção primária: quando o clínico está seguro do diagnóstico → realização da radiografia de tórax não é necessária para dar início ao tratamento→ antimicrobianos podem ser prescritos adequadamente ● < 40% dos médicos são capazes de diagnosticar pneumonias com base somente no exame físico ● recomendada: quando há dúvida quanto ao diagnóstico ou necessidade de diagnóstico diferencial com câncer de pulmão + quando a resposta clínica for insatisfatória durante o seguimento do tratamento ● recomendada para todos os pacientes admitidos ao hospital USG de tórax ● maior sensibilidade e maior acurácia do que a radiografia de tórax na identificação de alterações parenquimatosas ● principais achados na PAC: consolidações, padrão intersticial focal, lesões subpleurais e anormalidades na linha pleural ● especificidade para consolidações: 100% ○ x sensibilidade da radiografia de tórax para consolidações: 94% ● ultrassonografia à beira do leito ○ sensibilidade de 95% x 60% da radiografia de tórax ○ valor preditivo negativo de 67% x 25% da radiografia para PAC ○ especificidade: semelhante a radiografia do tórax ○ especialistas em ultrassonografia→ sensibilidade alcança 94% e a especificidade 96% ● alto rendimento na detecção de complicações (ex.: derrame pleural) ● permite a visualização de loculações na cavidade ● indicações do uso: orientação para punção de derrame pleural (loculado ou não) TC de tórax ● método mais sensível na identificação de acometimento infeccioso do parênquima pulmonar ● alto custo + alta exposição à radiação ● útil principalmente nos casos em que a acurácia da radiografia de tórax e da UST é baixa: pacientes obesos, imunossuprimidos e indivíduos com alterações radiológicas prévias ● indicada: suspeita de infecções fúngicas + para auxiliar na exclusão de outros diagnósticos em casos selecionados ● aumenta a taxa de diagnósticos em pacientes com PAC e radiografia de tórax normal + pode não confirmar a doença em pacientes com radiografia com opacidades → permitiria a descontinuação de antibióticos em um proporção significativa de casos ● importante para avaliação de complicações da PAC (ex.: abscesso de pulmão e derrame pleural loculado) + investigação de motivos da falta de resposta clínica ao tratamento Investigação etiológica da PAC ambulatorial e internados ● não é necessária nos casos de pacientes com PAC não grave com tratamento ambulatorial ● recomendações: somente para pacientes com PAC grave ou não respondedora à terapia empírica inicial, bem como nos internados em UTI ● seleção dos testes a serem realizados: levar em conta → idade do paciente + presença de comorbidades + gravidade da doença + tratamento anti-infeccioso prévio ● exame direto e a cultura de amostras de escarro (ou de aspirado nasotraqueal para os que não conseguem expectorar): devem obedecer os critérios de qualidade da amostra→menos de 10 células epiteliais + mais de 25 leucócitos por campo examinado ● testes de base molecular: mais eficientes na detecção dos agentes atípicos ○ recomendações: (1) teste rápido para influenza com alta acurácia; (2) teste molecular rápido para M. tuberculosis (factível em algumas horas); (3) teste rápido para vírus respiratórios que podem causar PAC ou infecção respiratória baixa; e (4) teste rápido para detectar patógenos atípicos (M. pneumoniae, C. pneumoniae, Legionella sp. e B. pertussis) ● pacientes com PAC grave: devem ser investigados etiologicamente com os exames básicos disponíveis: exame direto e cultura de escarro, bem como hemocultura, testes para detecção de antígenos urinários para S. pneumoniae e Legionella sp., testes sorológicos e eventual cultura para germes atípicos ● pacientes em ventilação mecânica, pacientes não respondedores à terapêutica empírica inicial ou aqueles com suspeita de agentes etiológicos menos comuns, casos que necessitem diagnóstico diferencial com doença pulmonar não infecciosa (ex.: tumores, vasculites ou doença intersticial pulmonar): pode ser necessária a coleta de amostras de forma invasiva via broncoscopia, aspiração endotraqueal, lavado broncoalveolar ou toracocentese, em casos com derrame pleural do mesmo lado da lesão Vírus e sua investigação ● vírus influenza: mais comumente isolado ● outros agentes virais: rinovírus, vírus sincicial respiratório, vírus parainfluenza, adenovírus e metapneumovírus ● difícil determinar se agem como copatógenos ou colonizadores ● outra possível ação: promoção de prejuízos nos mecanismos de defesa das vias aéreas respiratórias superiores→ facilita o estabelecimento de outro microrganismo nas vias aéreas inferiores ○ parece ser o papel dos rinovírus e do coronavírus ● coparticipação dos vírus e bactérias: parece se associar com um quadro clínico de PAC mais grave → pneumonias mais graves e com necessidade de internações mais prolongadas do que as PAC causadas por um agente bacteriano isolado Escores de avaliação da gravidade à admissão e identificação precoce do risco de necessidade do uso de suporte ventilatório e/ou vasopressor ● pacientes com diagnóstico de PAC: devem ser sempre avaliados quanto à gravidade da doença ● escores de prognóstico: dimensionam a gravidade e ajudam a predizer o prognóstico da PAC→ guia a decisão quanto ao local de tratamento (ambulatorial, hospitalar ou UTI), quanto à necessidade de investigação etiológica, quanto à escolha do antibiótico e sua via de administração ● instrumentos validados ○ PSI: Pneumonia Severity Index ○ CURB-65: mental Confusion, Urea, Respiratory rate, Blood pressure, and age ≥ 65 years ○ CRB-65 (sem determinação de ureia) ○ ATS/IDSA: diretrizes da American Thoracic Society/Infectious Diseases Society of America ○ SMART-COP: Systolic blood pressure, Multilobar involvement, Albumin, Respiratory rate, Tachycardia, Confusion, Oxygenation, and pH ○ SCAP: Severe Community-Acquired Pneumonia ○ 3 últimos: relacionados à pneumonia grave e internação em UTI ● outros fatores devem ser levados em consideração: viabilidade do uso de medicação por via oral, comorbidades associadas, fatores psicossociais e características socioeconômicas que indiquem vulnerabilidade do indivíduo ● SpO2 < 92%→ deve indicar internação PSI ● 20 itens: características demográficas, comorbidades, alterações laboratoriais, alterações radiológicas e achados do exame físico ● classifica os pacientes em 5 categorias→ estima a mortalidade em 30 dias + sugere o local de tratamento ● pode subestimar a gravidade da doença em pacientes jovens e sem doenças associadas por ponderar muito a idade e a presença de comorbidades na sua pontuação + uso de muitas variáveis → torna o cálculo muito complexo(possui calculadoras online) CURB-65 e CRB-65 ● Confusão mental (escore ≤ 8, segundo o abbreviated mental test score) ● Ureia > 50 mg/dl ● frequência Respiratória > 30 ciclos/min ● Blood pressure: PAS < 90 mmHg ou PAD < 60 mmHg ● idade ≥ 65 anos ● forma simplificada (CRB-65) sem a dosagem de ureia → útil em ambientes nos quais exames laboratoriais não estão disponíveis (ex.: atenção primária) ● limitação: a falta de inclusão de comorbidades que podem acrescentar maior risco de complicações na PAC (ex.: alcoolismo, insuficiência cardíaca ou hepática e neoplasias) → valor preditivo negativo de mortalidade um pouco inferior ao do PSI Diretrizes da ATS-IDSA 2007 ● critérios de gravidade maiores e menores ● presença de 1 dos critérios maiores (choque séptico ou indicação de ventilação mecânica)→ indicação de admissão à UTI ● 3 ou + critérios menores→ UTI ● não servem para a avaliação de pacientes ambulatoriais SCAP e SMART COP ● avaliar desfechos diversos: desenvolvimento de sepse grave, necessidade de ventilação mecânica e risco de falência terapêutica (SCAP) + desfechos associados de forma mais específica à necessidade do uso de suporte ventilatório mecânico invasivo ou não invasivo ou do emprego de drogas vasopressoras para suporte circulatório (SMART-COP) SCAP ● critérios maiores ○ pH < 7,30: 13 pontos ○ pressão arterial sistólica < 90 mmHg: 11 pontos ● critérios menores ○ FR > 30 ciclos/min: 9 pontos ○ PaO2/FiO2 < 250: 6 pontos ○ ureia > 30 mg/dl: 5 pontos ○ alteração do nível de consciência: 5 pontos ○ idade ≥ 80 anos: 5 pontos ○ presença de infiltrado radiológico multilobar ou bilateral: 5 pontos ● pontuação ≥ 10 pontos: maior risco de uso de ventilação mecânica e necessidade de uso de droga vasoativa SMART COP ● pressão arterial sistólica < 90 mmHg: 2 pontos ● envolvimento multilobar: 1 ponto ● albumina < 3,5 g/dl: 1 ponto ● FR ≥ 25 ciclos/min: 1 ponto ● FC > 125 bpm: 1 ponto ● confusão mental: 1 ponto ● SpO2 < 93% ou PaO2 < 70 mmHg: 2 pontos ● pH < 7,30: 2 pontos ● pontuação > 3 → identificou 92% dos pacientes que necessitaram de uso de ventilação mecânica invasiva ou de drogas vasoativas na evolução da PAC ● recomendação: paciente com PAC seja avaliado objetivamente na sala de emergência quanto a gravidade inicial e identificação precoce do risco de evolução para desfechos graves (ex.: necessidade de admissão à UTI, desenvolvimento de sepse grave, necessidade de suporte ventilatório invasivo ou não invasivo, de suporte inotrópico ou do risco de falência terapêutica (SCAP, SMART-COP ou ATS/ISDA simplificado) ● ausência de PAC grave (sem indicações socioeconômicas de internação, doenças associadas descompensadas, hipoxemia, impossibilidade de ingestão oral de medicamentos e presença de pelo menos 2 pontos no escore CURB-65 (ou de pelo menos 1 no escore CRB-65 ou de mais que 70 pontos no PSI))→médico assistente deve considerar o tratamento ambulatorial para pacientes com PAC Uso de biomarcadores no manejo ● deve ser complementar à avaliação clínica e não ser tomado como um critério isolado para estabelecer ou modificar a conduta terapêutica ● procalcitonina ○ toxinas bacterianas e citocinas pró inflamatórias→ produzida em grande quantidade pelas células parenquimatosas ○ infecções virais→ pouco produzida ○ níveis de procalcitonina se elevam dentro de 2 h após o estímulo bacteriano (mais rapidamente do que a elevação da proteína C reativa) + ainda mais específica para infecções bacterianas do que a proteína C reativa (pCr se eleva em qualquer processo inflamatório) ○ melhor biomarcador isolado para predizer a mortalidade ● proteína C reativa: secretada pelas células hepáticas em resposta à elevação das interleucinas 6,1β e TNF-α ○ outras fontes: linfócitos, monócitos, neurônios e placas ateroscleróticas ○ pico: ocorre ao redor de 48 h após o estímulo agressor ○ meia vida plasmática: 19 h ○ se a proteína C reativa não cai 50% do seu nível no 3º dia de tratamento e permanece acima de 75 mg/l→maior risco de morte em 30 dias ○ quanto mais rápido o declínio menor a mortalidade Antibioticoterapia Ambulatório ● tratamento antibiótico inicial: definido de forma empírica devido à impossibilidade de se obterem resultados microbiológicos logo após o diagnóstico da PAC ● escolha do antibiótico deve levar em consideração: 1) patógeno mais provável no local de aquisição da doença; 2) fatores de risco individuais; 3) presença de doenças associadas e 4) fatores epidemiológicos, como viagens recentes, alergias e relação custo-eficácia ● uso de monoterapia com β-lactâmico ou macrolídeos para os pacientes ambulatoriais, sem comorbidades, nenhum uso recente de antibióticos, sem fatores de risco para resistência e sem contraindicação ou história de alergia a essas drogas ● fluoroquinolonas: devem ser reservadas para pacientes com fatores de risco, doença mais grave ou quando não houver outra opção de tratamento→ benefícios superariam os potenciais riscos ● macrolídeos: azitromicina é mais efetiva in vitro contra a maioria das cepas de Haemophilus influenzae do que a claritromicina→ deve ser preferida nos pacientes com DPOC ● história de uso de um antibiótico nos três meses anteriores, quando os pacientes vêm de regiões onde a taxa local de resistência aos macrolídeos é superior a 25% e presença de doenças associadas (DPOC, doença hepática ou renal, câncer, diabetes, insuficiência cardíaca congestiva, alcoolismo ou imunossupressão) → associar macrolídeos a um β-lactâmico ou realizar monoterapia com uma fluoroquinolona respiratória por pelo menos 5 dias Internados em enfermarias ● monoterapia com o uso de uma fluoroquinolona respiratória isolada (levofloxacino, moxifloxacino ou gemifloxacino) ou a associação de um β-lactâmico a um macrolídeo → boa cobertura e bons resultados nas infecções causadas por S. pneumoniae, M. pneumoniae, C. pneumoniae, H. influenzae ou Legionella sp ● recomendação: usar β-lactâmico associado a um macrolídeo ou fluoroquinolona respiratória isolada ○ β-lactâmico isolado pode ser usado se houver exclusão confirmada de Legionella sp Internados em UTI ● administração dos antibióticos deve ser a mais precoce possível e deve incluir preferencialmente um macrolídeo e um β-lactâmico, ambos por via endovenosa Terapia alvo-específica de germes em pacientes de risco de bactérias bastonetes gram negativas, Staphylococcus aureus e outros germes potencialmente resistentes na comunidade ● patógenos padrão: S. pneumoniae, H. influenzae, S. aureus, M. pneumoniae, Streptococcus sp. Grupo A, Legionella sp., Chlamydophila sp. e Moraxella catarrhalis ● patógenos multirresistentes: community-acquired methicillin-resistant S. aureus (CA-MRSA, S. aureus adquirida na comunidade e resistente a meticilina) e pneumococo resistente à penicilina ● fatores de risco para pneumonias por patógenos padrão: idade, a exposição ocupacional e a presença de comorbidades ● pneumonias por patógenos multirresistentes: dependem principalmente da epidemiologia local ○ fatores de risco: internação hospitalar em até 90 dias antes do episódio de pneumonia, uso prévio de antibióticos há 90 dias, imunossupressão, uso de bloqueador gástrico, alimentação enteral, hemodiálise e colonização intestinal prévia por bactéria multirresistente ou MRSA nasal ● CA-MRSA: medicamentos de escolha para o tratamento são aqueles que inibem a produção de toxina → clindamicina, linezolida ou vancomicina, que podem ser utilizados em monoterapia, associados entre si (linezolida e clindamicina ou vacomicina e clindamicina) ou à rifampicina no caso de cepas resistentes ou de dificuldade de penetração em tecido necrótico ○ infecção não grave: tratamento de escolha é clindamicina, sulfametoxazol/trimetoprim ou linezolida ● pneumococo resistente à penicilina: tratamento realizado com cefalosporinas, podendo ser utilizadas ceftriaxona, cefotaxima e cefepima ○ infecção não grave: uso de cefuroxima e ampicilina/ sulbactam têm sido opções seguras em locaiscom baixa resistência a β-lactâmicos, bem como fluoroquinolonas, já que a resistência é rara em pneumococos Duração ● antibioticoterapia de curta duração parece ser a mais apropriada, uma vez que proporciona menor exposição do paciente à ação de antibióticos, reduz a ocorrência de efeitos adversos, diminui o desenvolvimento de resistência por parte dos microrganismos, melhora a adesão dos pacientes e pode minimizar o tempo de internação e os custos financeiros ● tratamentos de 5 a 7 dias parecem ser suficientes na maior parte das vezes, especialmente em infecções não graves ● PAC de baixa gravidade e com tratamento ambulatorial: monoterapia e por 5 dias ● PAC de moderada a alta gravidade: períodos de 7 a 10 dias + pode ser estendido até 14 dias a critério do médico assistente Corticoide como tratamento adjuvante ● uso de corticoides na PAC grave: seguro e benéfico em diversos desfechos clínicos importantes ● priorizar sua utilização em indivíduos com maior propensão de benefícios clínicos tais como aqueles com maior grau de inflamação sistêmica ● indicações não devem ser extrapoladas para pacientes com PAC de menor gravidade e em tratamento ambulatorial
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