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Aula 3 - Atividade advocatícia

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Ética geral e pro�ssional
Aula 3 - Atividade advocatícia
INTRODUÇÃO
Nesta aula, estudaremos as particularidades do mandato advocatício, as �guras da renúncia, revogação e
substabelecimento sem e com reserva de poderes. Ademais, analisaremos também as regras pertinentes para
advocacia pública e para o advogado estrangeiro.
OBJETIVOS
Identi�car as particularidades do mandato advocatício;
Reconhecer os deveres previstos no Código de Ética de 2015 na relação advogado-cliente;
Identi�car as regras para o advogado público e advogado estrangeiro na OAB.
Fonte da Imagem: Uber Images/ Shutterstock
O exercício da advocacia decorre de um contrato de mandato, um vínculo que confere poderes para que um
pro�ssional, devidamente habilitado na OAB, possa praticar atos ou administrar interesses em nome de seu
constituinte, reforçada pelo art. 103 do CPC, segundo o qual a parte será representada em juízo, por advogado
regularmente inscrito na OAB (art. 3º do EOAB).
Sabemos que a lei processual exige a capacidade postulatória e que o bacharel em Direito somente a adquire
quando regularmente inscrito no quadro de advogados da OAB de sua Seccional (glossário). As suas obrigações
resultam dessa relação jurídica que lhe confere poderes. Neste ponto, o artigo 5º do EOAB estabelece que “O
advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato”.
A prova deste contrato está na procuração. A procuração é um instrumento desse contrato de mandato em que
são explicitados os poderes da representação.
,
O parágrafo 1º, do art. 5º do EOAB, estabelece uma exceção quando permite a atividade advocatícia sem procuração, em
caso de urgência.
Neste caso, o prazo para apresentar o instrumento é de quinze dias, prorrogável por igual período. Observa-se que
a declaração de urgência feita pelo advogado é dotada de presunção legal de veracidade (ver art. 104, § 1º do
CPC).
Sobre este ponto, Gonzaga, Neves e Beijato Jr. (2016, p. 19) observam que:
Assim, o instrumento que o habilita postular em juízo é a procuração com cláusula ad judicia. 
Esta cláusula o habilita a praticar todos os atos processuais previstos no art. 105, CPC, salvo aqueles
mencionados, considerados como poderes especiais, tais como: receber citação, confessar, reconhecer a
procedência do pedido, transigir dentre outros (Procuração ad judicia et extra).
Art. 5º EOAB (...) 
§ 1º - O advogado, a�rmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la no prazo de
quinze dias, prorrogável por igual período. 
§ 2º - A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo
ou instância, salvo os que exijam poderes especiais. 
O contrato entre o cliente e o seu advogado difere dos demais mandatos regulados pela lei civil por causa de sua
especi�cidade, encontra-se em lei especial, a lei 8.906/94
PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO
Neste ponto do EOAB precisamos combinar com o conteúdo do Código de Ética de 2015, no capítulo que trata
das relações com o cliente. E o primeiro artigo que inaugura este capítulo é o art. 9° do CED em que se observa a
regra do princípio da informação segundo o qual o advogado tem o dever de informar o cliente, de modo claro e
inequívoco, os eventuais riscos da sua pretensão, e das consequências que poderão advir da demanda. 
Acrescenta a regra que deve, também, esclarecer, desde logo, a quem lhe solicite parecer ou patrocínio, qualquer
circunstância que possa in�uir na resolução de submeter-lhe a consulta ou con�ar-lhe a causa.
Vejamos o referido artigo: 
Art. 9º CED. O advogado deve informar o cliente, de modo claro e inequívoco, quanto a eventuais riscos da sua
pretensão, e das consequências que poderão advir da demanda. Deve, igualmente, denunciar, desde logo, a quem
lhe solicite parecer ou patrocínio, qualquer circunstância que possa in�uir na resolução de submeter-lhe a
consulta ou con�ar-lhe a causa. 
Sobre este dever pode-se destacar que o advogado que ocultar informações com a �nalidade de “iludir” ou
“seduzir” o cliente poderá sofrer processo ético disciplinar (GONZAGA; NEVES; BEIJATO Jr., 2016, p. 264).
PRINCÍPIO DA LEALDADE
Outra regra importante é a expressa no art. 10 do CED em que o se observa que a relação entre advogado e cliente
é uma relação e �dúcia e maculada essa con�ança recíproca há a possibilidade de rompimento através da �gura
da renúncia (glossário), revogação ou substabelecimento sem reservas de poderes, conforme veremos mais
adiante.
Vejamos o referido artigo: 
Art. 10 CED. As relações entre advogado e cliente baseiam-se na con�ança recíproca. Sentindo o advogado que
essa con�ança lhe falta, é recomendável que externe ao cliente sua impressão e, não se dissipando as dúvidas
existentes, promova, em seguida, o substabelecimento do mandato ou a ele renuncie.
PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA
Fonte da Imagem:
No exercício do mandato conferido em procuração, o advogado atua como patrono da parte, seu cliente, e, nesse
mister, deve imprimir à causa orientação que lhe pareça mais adequada, sem se subordinar a intenções contrárias
do cliente, mas, antes, procurando esclarecê-lo quanto à estratégia traçada.
POR QUÊ?
Porque possui o conhecimento da ciência e a consciência do melhor caminho. Essa recomendação está expressa
no art. 11 
do CED. 
Acrescente-se a importância do princípio da informação porque inexistindo subordinação numa relação de �dúcia,
é importante esclarecer as estratégias para atender os interesses do cliente.
Vejamos o referido artigo: 
Art. 11 CED. O advogado, no exercício do mandato, atua como patrono da parte, cumprindo-lhe, por isso, imprimir
à causa orientação que lhe pareça mais adequada, sem se subordinar a intenções contrárias do cliente, mas,
antes, procurando esclarecê-lo quanto à estratégia traçada.
Ainda nesse sentido, o art. 24 do CED reforça a tese da independência técnica quando observa que o advogado
não se sujeita à imposição do cliente que pretenda ver com ele atuando outros advogados, nem �ca na
contingência de aceitar a indicação de outro pro�ssional para com ele trabalhar no processo.
Vejamos o referido artigo: 
Art. 24 CED. O advogado não se sujeita à imposição do cliente que pretenda ver com ele atuando outros
advogados, nem �ca na contingência de aceitar a indicação de outro pro�ssional para com ele trabalhar no
processo.
PRESTAÇÃO DE CONTAS
O dever de prestação de contas expresso no art. 12 do CED que assevera:
A conclusão ou desistência da causa, tenha havido, ou não, extinção do mandato, obriga o advogado a devolver ao
cliente bens, valores e documentos que lhe hajam sido con�ados e ainda estejam em seu poder, bem como a
prestar-lhe contas, pormenorizadamente, sem prejuízo de esclarecimentos complementares que se mostrem
pertinentes e necessários. Parágrafo único. A parcela dos honorários paga pelos serviços até então prestados não
se inclui entre os valores a ser devolvidos.
A prestação de contas é um dever e direito do advogado, sob pena de ação de exigir contas, na forma do art. 550 a
553, do CPC, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, prevista no art. 34, inciso XXI do EOAB. 
Se a prestação do serviço advocatício chegou ao �m, deve-se restituir os documentos, prestar contas de eventuais
valores recebidos em seu nome, despesas realizadas no curso do processo, sem prejuízo de outros
esclarecimentos. Vejamos algumas decisões do Conselho Federal 
da OAB:
RECURSO N. 49.0000.2016.004652-2/SCATTU. (...) Recurso ao Conselho Federal. Locupletamento e ausência
injusti�cada de prestação de contas. Levantamento de alvará e retenção indevida dos valores devidos ao cliente.
A prestação de contas é obrigação legal imposta ao advogado, que somente se aperfeiçoa com a efetiva entrega
dos valores devidos ao cliente, não sendo su�ciente a mera apresentação de cálculos. Para sua con�guração,
desnecessária qualquer manifestação prévia do cliente, pois decorre de obrigação legal imposta ao pro�ssional,
que tem o dever de tomar a iniciativa de prestar as contas ao seu cliente. Recursoparcialmente provido, apenas
para excluir da condenação a multa acessoriamente cominada. Brasília, 29 de agosto de 2016. Renato da Costa
Figueira, Presidente em exercício e Relator para o acórdão. (DOU, S.1, 05.09.2016, p. 120).
A EXTINÇÃO DO MANDATO
A extinção do mandato ocorre com o término da prestação do serviço conforme estabelece o art. 13 do CED:
“Concluída a causa ou arquivado o processo, presume-se cumprido e extinto o mandato”.
Este artigo deve ser lido com o art. 18 do CED que observa que o mandato não se extingue pelo decurso 
de tempo, salvo se expresso no instrumento de mandato. Esta questão é importante porque a OAB 
em exames antigos indagava com frequência se a procuração, como 
instrumento do mandato, teria prazo de validade.
Assim, podemos responder com tranquilidade que não, sua vigência está vinculada à presunção do 
art. 13, salvo situação de renúncia, revogação ou substabelecimento sem reservas de poderes.
ATENÇÃO
, Ocorre que este artigo deve estar relacionado, também, ao sentido do art. 14 do CED porque em certas ocasiões o
advogado poderá receber convites de potenciais clientes para assumir uma causa que já tem, em verdade, patrono
constituído nos autos. Esse tipo de convite deve ser analisado com muita cautela. É possível veri�car situações em que a
parte confunde a demora no andamento processual com a desídia de seu patrono e, por desconhecer as regras
deontológicas da advocacia, procura novo patrono sem, no entanto, dar ciência de sua insatisfação e desejo de romper o
contrato com o patrono constituído.
Recomenda-se que o advogado veri�que e converse com o patrono constituído nos autos antes de qualquer ato,
salvo se estiver diante de medidas reputadas inadiáveis e urgentes. Há o princípio do coleguismo e solidariedade
reforçado no art. 14 do CED em que se lê: “O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha patrono
constituído, sem prévio conhecimento deste, salvo por motivo plenamente justi�cável ou para adoção de medidas
judiciais urgentes e inadiáveis”. 
Os dois artigos do CED são importantes porque fazem parte do cotidiano do mandato advocatício e aceitar a
procuração de quem já tenha patrono constituído, sem a ciência deste, sem ser uma situação excepcional para
medidas urgentes, poderá ensejar infração ético disciplinar.
Gonzaga, Neves e Beijato Jr. (2016, p. 271) fazem uma observação importante, a esse respeito: 
O art. 13 determina que o advogado não aceite procuração de quem já tenha advogado constituído, sem lhe dar
ciência prévia. Caso, contudo, estejamos já diante de causa concluída ou de processo arquivado, por se presumir
extinto o mandato, nos termos do art. 12, não será necessário dar ciência prévia ao advogado anteriormente
constituído.
OS PRINCÍPIOS DA FIDELIDADE E DILIGÊNCIA
O art. 15 do CED observa que o advogado não deve deixar ao abandono ou ao desamparo as 
causas sob seu patrocínio, sendo recomendável que, em face de di�culdades insuperáveis ou 
inércia do cliente quanto a providências que lhe tenham sido solicitadas, 
renuncie ao mandato.
A bem da verdade, mais uma vez, não podemos confundir a desídia do advogado com a demora no 
trâmite processual. Para con�gurar a desídia deverá existir a situação de abandono sem justo motivo.
Conforme prelecionam Gonzaga, Neves e Beijato Jr. (2016) o justo motivo poderia ser motivo de 
saúde do advogado.
Vejamos este julgado do Conselho Federal em que se observa uma hipótese de abandono na qual o advogado
deixou o feito, sem comunicar o fato ao cliente em �agrante descaso:
RECURSO N. 49.0000.2013.008382-9/OEP. (...) não há nos autos documentos enviados aos seus clientes ou ao
procurador destes noticiando a renúncia. Ciência da desistência do patrono por meio de intimação do juízo, após
um ano e três meses do seu protocolo no Judiciário. Abandono de causa caracterizado tanto pela ausência de
noti�cação como pelo período em que o processo �cou paralisado. Brasília, 30 de novembro de 2015. Claudio
Pacheco Prates Lamachia, Presidente. Pedro Paulo Guerra de Medeiros, Relator ad hoc. (DOU, S.1, 11.12.2015, p.
202-203)
, É importante acrescentar a conduta do advogado que muda de endereço inviabilizando contado do constituinte e deixa o
cliente em desamparo, sem realizar ato algum processual. Esta situação difere daquele que por esquecimento não informa o
novo endereço, mas continua diligente realizando atos necessários para o andamento processual.
A CONDUTA ILIBADA E SIGILO PROFISSIONAL
Os princípios da conduta ilibada e do sigilo pro�ssional expressos no art. 21 e 22 do CED observam a hipótese 
de sigilo pro�ssional ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-empregador.
Bem como abster-se de patrocinar causa contrária à validade ou legitimidade de ato jurídico em cuja formação haja
colaborado ou intervindo de qualquer maneira e situações similares.
O que se observa é a situação de o advogado utilizar informações recebidas em razão da pro�ssão contra o
próprio ex-cliente. Não há consenso sobre o prazo mínimo entre a extinção do mandato e a possibilidade de
advogar contra ex-cliente, em algumas Seccionais encontramos a sugestão de prazo de dois anos.
Sobre o art. 22 do CED, Gonzaga, Neves e Beijato Jr. (2016, p. 284) oferecem uma lúcida observação:
O advogado que atua para a constituição de determinado ato jurídico não pode, após constituído o ato, impugnar-
lhe a validade ou legitimidade, uma vez que tal ato iria de encontro a sua atuação anterior, violando o próprio sigilo
da relação mantida anteriormente. (...) é dever do advogado revelar tais circunstâncias ao ser procurado,
declinando seu impedimento ético, portanto.
ADVOGADO OU PREPOSTO
Existe a expressa proibição que o advogado funcione, no mesmo processo, ao mesmo 
tempo, como patrono e preposto do empregador ou cliente, conforme estabelece o 
art. 25 do CED, porque são duas �guras diferentes: “o preposto é o sujeito nomeado 
para representar outro em juízo, ao passo que o advogado representa tecnicamente 
seu cliente, exercendo sua capacidade postulatória” 
(GONZAGA; NEVES; BEIJATO Jr., 2016, p. 287).
CONFLITO DE INTERESSES
O art. 19 do CED observa um princípio ético importante segundo o qual é vedada ao advogado 
ou sociedade de advogados a representação de clientes com interesses opostos.
O presente dispositivo poderá ser analisado em conjunto com a norma expressa no art. 355, 
parágrafo único do Código Penal, em que se observa o crime de tergiversação ou 
patrocínio simultâneo.
Acrescente-se que sociedade de advogados ou escritório de advocacia, não pode estar, 
simultaneamente, no polo passivo e ativo, numa mesma causa judicial.
, Com base neste princípio ético, o art. 20 do CED assevera que nas hipóteses de con�itos de interesse entre constituintes e
não conseguindo o advogado harmonizá-los, caber-lhe-á optar, com prudência e discrição, por um dos mandatos,
renunciando aos demais, resguardado sempre o sigilo pro�ssional. Essa poderá ser a hipótese de litisconsórcio ou a
hipótese de divórcio consensual, por exemplo. Se não há mais concordância entre os constituintes deve-se optar um por um
deles.
NÃO HÁ CAUSA CRIMINAL INDIGNA DE DEFESA
O art. 23 do CED estabelece que:
“É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua própria opinião sobre a culpa do
acusado”.
E no seu parágrafo único:
“Não há causa criminal indigna de defesa, cumprindo ao advogado agir, como defensor, no sentido de que a todos
seja concedido tratamento condizente com a dignidade da pessoa humana, sob a égide das garantias
constitucionais”.
No Estado Democrático de Direito, todos possuem o direito à ampla defesa e ao contraditório, uma garantia
constitucional. A advocacia tem, por conseguinte, papel fundamental na defesa dos direitos fundamentais, direitos
humanos, pugnar pelo cumprimento da Constituição, por isso não há causa criminal indigna de defesa.
DA RENÚNCIA OU REVOGAÇÃO DO MANDATO
Art. 5º, EOAB 
§ 3º - O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes 
à noti�cação darenúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes do 
término desse prazo.
O cliente ou advogado podem encerrar o contrato de mandato a qualquer tempo. Para tanto, 
temos a �gura da revogação ou renúncia, ou ainda o advogado pode substabelecer sem reservas 
de poderes a outro advogado, desde que haja prévio consentimento do cliente.
O que temos que respeitar é a recomendação da OAB no sentido de que o advogado não deve abandonar 
a causa ou desamparar seu cliente (art. 15, CED) e que em qualquer caso, seja renúncia, seja revogação, a 
outra parte deverá ser cienti�cada.
A renúncia por parte do Advogado é um ato unilateral e implica omissão do motivo (art.16 do CED). Trata-se de
uma das formas de extinção do mandato. Por conseguinte, o advogado renunciante deverá cienti�car seu cliente
para que constitua outro pro�ssional no prazo de 10 dias.
Fonte: Filipe Frazao / Shutterstock
Observa-se que o advogado deve comprovar haver cienti�cado o seu cliente, uma vez que o termo inicial para a
contagem do prazo de 10 dias, em que continua a representá-lo, se conta a partir da data da noti�cação. Nesse
sentido, deverá noti�car seu cliente, preferencialmente, por meio de carta com aviso de recebimento e, em
seguida, comunicar o juízo (art. 6° RGOAB e art. 112, CPC).
A revogação tácita é aquela que ocorre quando há simples outorga de nova procuração sem ressalvar a
procuração anterior. Postura que deve ser evitada. Sabemos que nessa hipótese o cliente será orientado por novo
advogado que, por sua vez, deverá observar a recomendação ética de não aceitar procuração de quem já tenha
patrono constituído nos autos.
O novo patrono deverá esclarecer ao cliente potencial que este deverá, em primeiro lugar, revogar a procuração
anterior dando plena ciência ao advogado da sua intenção e ajustar honorários proporcionais pelos serviços
prestados até a data da revogação. A parte �cará obrigada a comunicar a revogação ao antigo mandatário,
conforme estabelece o art. 111, CPC.
, Neste ponto, observar Gonzaga, Neves e Beijato Jr. (2016, p. 275): “ao renunciar ao mandato, deve o advogado comunicar
formalmente ao seu cliente, a �m de que este possa constituir outro causídico. Caso não comunique, o advogado
permanecerá responsável pelo feito”., , Poderá ocorrer a contratação de novo patrono antes de �ndar o prazo de 10 dias,
nesta hipótese o advogado renunciante �cará liberado antecipadamente. O cliente poderá optar por revogar o mandato
conferido em procuração, com omissão de motivo. Há a possibilidade de revogação voluntária do mandato, podendo ser
tácita ou expressa.
Ressalte-se que revogação por vontade do cliente ou renúncia por parte do 
advogado não desobriga o pagamento dos honorários devidos até o momento da 
prestação dos serviços advocatícios, ou seja, proporcionais ao trabalho realizado,
inclusive os honorários de sucumbência calculados na proporção da efetiva atuação 
do advogado (art. 17, CED).
DO SUBSTABELECIMENTO COM OU SEM RESERVAS DE PODERES
O Código de Ética e Disciplina de 2015 esclarece em seu art. 24 que o advogado não é obrigado a aceitar a
indicação de outro advogado para atuar com ele no processo. Assim, além da renúncia temos a possibilidade de
substabelecer com ou sem reservas de poderes a outro advogado.
Dois tipos de substabelecimento diferentes. Vamos conhecê-los:
Primeiro Tipo
O primeiro tipo é o substabelecimento com reservas de poderes em que o advogado que
está na procuração outorgada, transfere alguns poderes se reservando a condição de
patrono do cliente. Trata-se de ato pessoal do advogado e não exigirá o conhecimento
do seu cliente, uma vez que o advogado permanece como patrono da causa (art. 26,
caput do CED). 
Recomenda-se nesta hipótese ajustar os honorários, pois somente o advogado
substabelecente poderá levantar os honorários (art. 26, § 2° do CED). Por que um
advogado substabelece com reservas de poderes? Porque precisa da colaboração de
outro colega para atuar na causa, precisa ainda da colaboração do estagiário na forma
do art. 29, § 1º do RGOAB.
Segundo Tipo
O segundo tipo de substabelecimento é o substabelecimento sem reservas de poderes.
Este tipo romperá o contrato de mandato e deve ser feito com a devida cautela, pois o
advogado está obrigado a cienti�car previamente o seu cliente. Por quê? Porque quando
substabelece sem reservas de poderes está transferindo todos os poderes recebidos
em procuração para outro advogado, imediatamente e, se a relação é de �dúcia, só
poderá fazê-lo se autorizado pelo cliente.
, Ressalte-se, por �m, que o advogado que respeita as regras deontológicas estabelecidas pela OAB não aceita procuração
de quem já tenha patrono constituído, sem o prévio conhecimento do colega de pro�ssão., , Na eventual hipótese de ser
procurado para patrocinar causa em que já exista patrono constituído, deve-se em primeiro lugar examinar os autos, em
seguida procurar o advogado para saber se renunciará ou se prefere substabelecer sem reservas. Jamais atravesse uma
procuração antes da renúncia ou substabelecimento sem reservas do advogado da causa (art. 14, CED).
ADVOCACIA PÚBLICA
Fonte da Imagem: create jobs 51 / Shutterstock
O EOAB estabelece que os inscritos na OAB são denominados advogados e possuem capacidade postulatória
(Art.3º, EOAB). Nesse sentido, como Lei em sentido formal e material, estabelece que exercem a atividade de
advocacia os integrantes da Advocacia Geral da União, Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e
das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas
entidades de administração indireta e fundacional (Art.3º, §1º, EOAB).
, O RGOAB observa, também, que os advogados públicos são elegíveis e podem integrar qualquer órgão da OAB (art. 9º,
RGOAB). Como inscritos sujeitam-se ao regime do EOAB, RGOAB, CED, inclusive quanto às sanções disciplinares como os
advogados privados, sem prejuízo do regime próprio a que se subordinem (art. 10, RGOAB).
PROVIMENTOS DO CFOAB N° 114/2006
Fonte da Imagem: Lisa S. / Shutterstock
O Provimento 114/2006 dispõe sobre a Advocacia Pública. O relator foi o Conselheiro Federal da OAB
representante do Piauí, Nelson Nery Costa e resulta dos estudos implementados por uma comissão criada na OAB
— Comissão Especial da Advocacia Pública (Fonte: Associação Nacional dos Procuradores Municipais – ANPM).
Assim, após a leitura do art. 3º, § 1º EOAB devemos analisar o Prov. 114/2006 com as regras especí�cas para a
carreira.
No art. 1º, do Provimento 114/2006, encontramos a de�nição para “advogado público”. A OAB estabelece que “A
advocacia [pública] é exercida por advogado inscrito na OAB, que ocupe cargo ou emprego público ou de direção
de órgão jurídico público, em atividades de representação judicial, de consultoria ou de orientação judicial e
defesa dos necessitados”.
CARREIRAS DA ADVOCACIA PÚBLICA
O art. 2º, Prov. 114/2006, apresenta o rol das carreiras da advocacia pública e devemos combinar este artigo com
os seguintes artigos 131, 132 e 134 da CRFB/1988, bem como o art. 75 do CPC. Assim, podemos a�rmar que
exercem a advocacia:
INSCRIÇÃO NA OAB
O advogado público deve ter inscrição principal perante o Conselho Seccional da OAB em cujo território tenha
lotação (art. 3º Prov. 114/2006). Se o for transferido para o território de outra Seccional, �cará dispensado do
pagamento da inscrição no território da nova Seccional, desde que já tenha efetuado o pagamento da anuidade na
Seccional primitiva (art. 3º, parágrafo único, Prov. 114/2006).
A aprovação em concurso para cargo da advocacia pública não afasta a obrigatoriedade de aprovação em exame
de ordem (art. 4º do Prov. 114/2006). Ocorre que o advogado público deve ter inscrição principal perante o
Conselho Seccional da OAB em cujo território tenha lotação 
ou domicílio.
INDEPENDÊNCIA TÉCNICA DO ADVOGADO PÚBLICO
É dever do advogado público a independência técnica, exercendo as atividades de acordo com suas convicções
pro�ssionais e em estrita observância aos princípiosconstitucionais da administração pública (art. 5º, Prov.
114/2006), a saber:
O novo Código de Ética e Disciplina da OAB de 2015 inovou ao trazer um capítulo especí�co para a advocacia
pública e, nesse sentido, no capítulo II, encontramos o art. 8º que estabelece a obrigatoriedade de cumprimento
dos preceitos éticos estabelecidas pela OAB, reforça a independência técnica e destaca o dever de urbanidade.
Assim, vejamos o dispositivo em comento:
Art. 8º, CED. As disposições deste Código obrigam igualmente os órgãos de advocacia pública, e advogados
públicos, incluindo aqueles que ocupem posição de che�a e direção jurídica. 
§ 1º O advogado público exercerá suas funções com independência técnica, contribuindo para a solução ou
redução de litigiosidade, sempre que possível. 
§ 2º O advogado público, inclusive o que exerce cargo de che�a ou direção jurídica, observará nas relações com
os colegas, autoridades, servidores e o público em geral, o dever de urbanidade, tratando a todos com respeito e
consideração, ao mesmo tempo em que preservará suas prerrogativas e o direito de receber igual tratamento das
pessoas com as quais se relacione.
IMPEDIMENTO PARA ADVOGAR
Fonte da Imagem:
Os advogados públicos advogam na categoria de advogados impedidos, ou seja, advogam com restrição, na
forma do art. 30, I, EOAB. Todos são advogados, inscritos, também, na OAB, mas em razão do exercício da
advocacia pública há uma diminuição da amplitude do exercício. Essa restrição cessará com a aposentadoria (art.
7° do Prov. 114/2006).
Temos a restrição geral prevista no art. 30, inciso I, do EOAB, mas não impede que a instituição estabeleça
restrição ainda maior como é o caso da AGU e da Defensoria Pública, por exemplo, em que o advogado não
poderá advogar privadamente.
, Antes de prosseguir, assista ao vídeo Orgulho de ser advogado Público Federal - Entrevista com o Procurador Federal Diogo
Souza Moraes, disponível aqui (https://www.youtube.com/watch?v=c-npdmG6INs).
ADVOGADOS ESTRANGEIROS PROV. 91/2000
O advogado estrangeiro ou brasileiro formado no exterior, exceto o português, não poderá atuar no procuratório
nacional em nenhuma hipótese. Atuará apenas como consultor em Direito de seu país de origem. É o que
estabelece o art. 1° do Prov. 91/2000 que dispõe sobre a atividade de consultores e sociedades de consultores em
direito estrangeiro no Brasil.
Art. 1º. O estrangeiro pro�ssional em direito, regularmente admitido em seu país a exercer a advocacia, somente
poderá prestar tais serviços no Brasil após autorizado pela Ordem dos Advogados do Brasil, na forma deste
Provimento.
§ 1º. A autorização da Ordem dos Advogados do Brasil, sempre concedida a título precário, ensejará
exclusivamente a prática de consultoria no direito estrangeiro correspondente ao país ou estado de origem do
pro�ssional interessado, vedados expressamente, mesmo com o concurso de advogados ou sociedades de
advogados nacionais, regularmente inscritos ou registrados na OAB:
I - o exercício do procuratório judicial; 
II - a consultoria ou assessoria em direito brasileiro.
O referido art. 1° em seu parágrafo 2° estabelece também que a sociedade de advogados e os consultores
estrangeiros não podem aceitar procuração, ainda que a mesma seja restrita para �ns de substabelecimento de
poderes. 
§ 2º. As sociedades de consultores e os consultores em direito estrangeiro não poderão aceitar procuração, ainda
quando restrita ao poder de substabelecer a outro advogado. 
Em razão desta restrição, o advogado ou sociedade estrangeira precisará solicitar sua inscrição nos quadros da
OAB, no local em que pretende exercer atividade na categoria de consultor em direito estrangeiro de seu país de
origem, cumprindo requisitos estabelecidos no art. 2° do provimento 91/2000, a saber:
,
https://www.youtube.com/watch?v=c-npdmG6INs
Sem prejuízo de outros documentos ajuízo do Conselho Seccional competente (art. 2°, §§ 1° e 2°, Prov. 91/2000).
Fonte da Imagem: Franck Boston / Shutterstock
Deferida a autorização, o advogado estrangeiro poderá fazer sua inscrição na OAB e prestará o compromisso na
forma do art. 2°, § 3° do Provimento 91/2000.
A sociedade de advogados estrangeiros seguirá mesma restrição com a aprovação e arquivamento dos atos
constitutivos na sede da Seccional em cujo território for escolhido para sede social da sociedade. Somente será
integrada por advogados estrangeiros já habilitados na OAB na qualidade de consultores e sua razão social deverá
usar obrigatoriamente a expressão “Consultores em Direito estrangeiro” (art. 3° e art. 4° do prov. 91/2000).
ADVOGADOS PORTUGUESES
O advogado de nacionalidade portuguesa, em situação regular,
Assim, observará os requisitos do Art. 8º, do EOAB, com a dispensa 
do Exame de Ordem porque já o fez em Portugal — Exame Final 
de Avaliação e Agregação — art. 192, EOAP. É importante observar, 
também, que um advogado português, se desejar, poderá atuar como 
consultor em direito estrangeiro na forma do prov. 91/2000.
, Na hipótese de advogado de nacionalidade portuguesa, interessado em atuar no procuratório nacional, será importante
observar o princípio de reciprocidade de tratamento na Ordem dos Advogados de Portugal (art. 3º do prov. 129/2008)., , A
inscrição deverá ser feita no Conselho Seccional do domicilio pro�ssional do advogado português na forma do EOAB e
RGOAB (art. 4º do Prov. 129). Após o deferimento do Conselho Seccional, prestará o compromisso na forma do art. 6º do
Prov. 129/2008.
ATIVIDADES
(Adaptado do XIV EOAB) Matheus é estagiário vinculado ao escritório Renato e Associados. No exercício da sua
atividade, por ordem do advogado supervisor, o estagiário acompanha o cliente diretor da sociedade Tamoaí S/A.
Por motivos alheios à vontade do estagiário, que se disse inocente de qualquer deslize, o diretor veio a se
desentender com Matheus, e, por força desse evento, o escritório resolve renunciar ao mandato conferido pela
pessoa jurídica. Nos termos do Estatuto da Advocacia, sobre o caso descrito, responda:
Questão 1 
No caso em tela que trata de renúncia de mandato, quais os deveres que o advogado deverá cumprir?
Resposta Correta
Questão 2 
Como deverá proceder ao novo advogado a ser contratado pela Sociedade empresária Tamoaí?
Resposta Correta
Glossário
SECCIONAL
Órgão da OAB: Conselho Federal (Brasília); Conselhos Seccionais (entes da federação); Subseções e Caixa de Assistência
dos Advogados – art. 45. EOAB.
RENÚNCIA
Desistência de um direito por seu titular, sem o ceder a outra pessoa.
REVOGAÇÃO
Ação ou resultado de revogar, de tornar sem efeito; anulação; extinção.

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