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39Atualidades Médicas (Edição Especial) 2019;3:39-47 HOW I TREAT Recebido em: 20/03/2018. Aprovado para publicação em: 27/04/2018. 1. Médica hematologista, aluna de doutorado em Hematologia, pós-graduação Unifesp. 2. Professora associada Livre-Docente da Disciplina de Hematologia e Hemoterapia da EPM/Unifesp. Autor correspondente: Valéria de Freitas Dutra – valeriafdutra@yahoo.com Instituição: Escola Paulista de Medicina / Universidade Federal de São Paulo. Hemocentro. Rua Doutor Diogo de Faria, 824 – Vila Clementino – 04030-002. São Paulo – SP Anemias carenciais Deficiency anemias Valéria de Freitas Dutra1, Maria Stella Figueiredo2 DOI: XX.XXXXX/RAM.v1.n1.p1-10 RESUMO Apesar de medidas profiláticas como suplementação de ferro e ácido fólico em alimentos, a anemia carencial ainda é comum em nosso meio. Ela pode ser observada, especialmente, em crianças, mulheres em idade fértil, populações carentes e associada a doenças que cursam com má absorção de nutrientes. Faremos uma abordagem das principais anemias carenciais nos dias de hoje, incluindo as anemias por deficiência de ferro, de B 12 e de ácido fólico, considerando anamnese, principais achados do exame físico, exames laboratoriais e tratamento. Discutiremos, também, doses e medicações disponíveis atualmente no Brasil. Palavras-chaves anemias carenciais, deficiência de ferro, anemias megaloblásticas. 40 Dutra VF, Figueiredo MS Atualidades Médicas (Edição Especial) 2019;3:39-47 AA: anemia aplástica; AI: anemia da inflamação. ABSTRACT Despite prophylactic measures such as iron and folic acid supplementation in food, deficiency anemia is still common in our country, especially in children, women of childbearing age, low-income populations, and in individuals with disabsortive disorders. We present the main causes of anemia today: iron deficiency, B 12 deficiency and folic acid, considering anamnesis, main findings of the physical examination, laboratory tests and treatment. We will also discuss doses and medications available nowadays in Brazil. Keywords deficiency anemias, iron deficiency, megaloblastic anemias. INTRODUÇÃO Dados da Organização Mundial de Saúde de 2015 esti- maram que em 2011, globalmente, 43% de crianças, 38% de grávidas e 29% das mulheres em idade reprodutiva tinham anemia, o que corresponderia a 273 milhões de crianças, 496 milhões de mulheres não grávidas e 32 mi- lhões de grávidas1. Dados do PNDS de 2006 mostram que o Brasil tem uma prevalência estimada de 20,9% de anemia em menores de 5 anos e de 29,4% em mulheres não grávidas de 15 a 49 anos2. Considerando o número de pessoas acometidas e o fato de os sintomas anêmicos causarem atraso de desenvolvimento em crianças e com- prometimento da capacidade laborativa em adultos, a anemia é um problema de saúde pública, com prejuízos individuais e coletivos. Nesse artigo, faremos uma abordagem das princi- pais causas de anemias carenciais: deficiência de fer- ro, de B12 e de ácido fólico, considerando suas causas e trata mento adequado. DEFINIÇÃO E DIAGNÓSTICO DAS ANEMIAS Anemia é a diminuição do volume de hemácias ou de he- moglobina (Hb) por unidade de volume de sangue. Como os valores de Hb variam de acordo com a idade e gênero, a OMS considera anemia em crianças menores de cinco anos e gestantes quando os níveis de Hb encontram-se abaixo de 11 g/dL. Para crianças entre 5 e 11 anos, quando a Hb for inferior a 11,5 g/dL; em adolescentes de 12 a 14 anos e mulheres não-grávidas, níveis abaixo de 12 g/dL; e em indivíduos do sexo masculino acima de 15 anos e mu- lheres após menopausa, quando menor que 13 g/dL1. A anemia não deve ser vista como um diagnóstico de- finitivo e sim como um achado laboratorial que necessita investigação etiopatogênica. A Figura 1 nos mostra um al- goritmo para diagnóstico das anemias3. ANEMIA FERROPRIVA A anemia ferropriva é a causa mais frequente de anemia no mundo. É o estágio final da deficiência de ferro. Seu de- senvolvimento é consequência da interação de três fatores: aumento da necessidade, diminuição da ingesta/absorção ou perda sanguínea. Aumento da necessidade: ocorre principalmente no período gestacional e em crianças que estão em cresci- mento. Gestantes não anêmicas devem receber de forma profilática 100 mg de ferro elementar/dia, mantido até o terceiro mês pós-parto. É importante lembrar que, em crianças, a verminose pode se apresentar como fator de piora da anemia, devendo ser sempre avaliada. A tabela 1 nos mostra o uso profilático de ferro em lactentes, de acor- do com orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria4. Diminuição da ingesta/absorção: ocorre nos casos de indivíduos que vivem em situações socioeconômicas desfavoráveis, nos casos de ingestão de alimentos que ape- sar de alto teor calórico são pobres em nutrientes e nos indivíduos com síndromes de má absorção, como a doen- ça celíaca e as doenças inflamatórias intestinais. Desde Anemia Contagem reticulócitos Produção FIGURA 1. Diagnóstico das anemias. Modificado de 3. Microcítica Normal Normocítica Macrocítica Def. Fe Talassemia Sideroblástica Intoxicação Pb Al AA Doença renal Esplenomegalia Infecção Mieloptísica Al Megaloblástica Def. vit B 12 Def. folato Alt. megaloblástica Mielodisplasia Normoblástica Doença hepática Hemólise Perda sanguínea agudaImune Hbpatia Def. membrana Def. enzimática Infecção (malária) Microangiopática Sobrevida VCM 41Atualidades Médicas (Edição Especial) 2019;3:39-47 Anemias carenciais Deficiency anemias 2002, através da RDC no 344, cada 100 g de farinha de milho ou trigo contém 150 mcg de ácido fólico e 4,2 mg de Ferro, mas em algumas situações essa suplementação pode ser insuficiente5. É importante questionar o paciente sobre hábitos ali- mentares, presença ou não de perda ponderal e de diarreia. Recente revisão sobre cirurgia bariátrica cita que 33 a 49% dos pacientes operados apresentam anemia nos primeiros dois anos e que 30% dos casos apresentam deficiência de ferro após cinco anos da cirurgia6. Vale a pena lembrar que nos casos de má absorção, também pode ocorrer deficiên- cia combinada de vitamina B12, sendo que nesses casos o voluma corpuscular médio (VCM) pode estar normal, di- ficultando o diagnóstico. Perda sanguínea: está relacionada a sangramentos agudos ou crônicos. Como muitas vezes ela é insidiosa, existem pacientes totalmente assintomáticos. O hábito intestinal deve sempre ser abordado, questionando sobre características das fezes, como consistência, coloração e frequência. É necessário afastar sangramentos intestinais, como aqueles causados por diverticulose, neoplasias e doenças inflamatórias intestinais. Colonoscopia e endos- copia, para tentar identificar o foco de perda sanguínea, estão indicadas nos casos em que existe suspeita de doen- ças do trato digestivo, em idosos, em homens com anemia ferropriva e em mulheres sem perda menstrual. Mulheres em idade fértil apresentam maior frequência de anemia ferropriva que homens da mesma idade devido à perda menstrual, sendo que no período da peri-menopausa a frequência de anemia é ainda maior7. Nestes casos, o pri- meiro passo é uma boa anamnese, questionando ativamen- te a duração do ciclo menstrual, a presença de coágulos e a frequência de troca de absorventes. Causas ginecológicas, como pólipos, miomas e hiperplasia endometrial, devem ser afastadas. A indicação de pesquisa de trombofilia em mulheres com perda menstrual excessiva só se justifica quando ela apresenta história de sangramentos prévios, como hipermenorreia desde a menarca, história familiar, epistaxes nasais, sangramentos que durem mais de 5 minu- tos, sangramentos anormais pós cirúrgicos ou após extra- ção dentária8. Outras doenças também podem influenciar alterações do fluxo menstrual. O hipotireoidismo, por exemplo, pode ser causa de polimenorreia e menorragia, sendo importante identificar durante a história clínica sintomas associados a ele. Hematúria microscópicararamente é causa de anemia ferropriva, mas quando macroscópica, com grande volu- me de perda como ocorre na neoplasia maligna de bexiga, pode justificar a presença de anemia. Atletas de alto de- sempenho ou submetidos a treinos extenuantes podem ter anemia ou deficiência de ferro9,10. Outra causa de perda é a presença de má formações venosas, como as telangectasias hemorrágicas hereditárias. A tabela 2 mostra as principais manifestações clínicas da deficiência de ferro. Tabela 1. Uso profilático de ferro em lactentes. Situação Recomendação Lactentes em amamentação exclusiva materna até 6 meses Não recomendado Lactentes nascidos a termo, com peso adequado para a idade gestacional, a partir da introdução de alimentos complementares, sem ingestão mínima de 500 ml de fórmula por dia 1 mg de ferro elementar/kg de peso/dia até 2 anos de idade Prematuros e recém- nascidos de baixo peso, a partir do 30o dia de vida. 2 mg de ferro elementar/kg de peso/ dia, durante todo o primeiro ano de vida. Após este período, 1 mg/kg/dia até 2 anos de idade Adaptado: Sociedade Brasileira de Pediatria, Anemia ferropriva em lactentes, 20124. Tabela 2. Manifestações clínicas de deficiência de ferro. Redução do crescimento em crianças Fadiga Alterações do sistema neuromuscular Alterações cognitivas e de comportamento Alteração na função muscular, com redução do desempenho Pseudotumor cerebral: redução das enzimas contendo ferro pode levar a anóxia e edema cerebral Alterações em tecidos epiteliais Unhas: baqueteamento, coiloníquia Língua: dor, ausência de papilas, atrofia de papilas Lábios: estomatite angular Hipofaringe: disfagia Estômago: acloridria, gastrite Pica (perversão do apetite) até em 50% dos pacientes Alterações do sistema esquelético (principalmente em criança) Anormalidades no sistema imune 42 Dutra VF, Figueiredo MS Atualidades Médicas (Edição Especial) 2019;3:39-47 Tabela 3. Compostos de ferro disponíveis no Brasil para reposição oral (modificado de 12). Sal de ferro Apresentação Fe elementar Dose diária Sulfato ferroso (20% de Fe elementar) Drágeas: 200 mg 40 mg 4-5 drágeas Drágeas: 300 mg 60 mg 3 drágeas Drágeas: 500 mg 100 mg 2 drágeas Gotas: 125 mg/mL 25 mg/mL 2 gotas/kg de peso Hidróxido de Ferro III polimaltosado (30% de Fe elementar) Comprimido: 435 mg 123 mg 2 comprimidos Comp. mastigável: 330 mg 100 mg 2 comprimidos Solução: 330 mg/mL 100 mg/mL 1 mL/5 kg de peso Gotas: 182 mg/mL 50 mg/mL 1 gota/kg de peso Ferro quelato glicinato (20% de Fe elementar) Comprimidos: 150 mg 30 mg 5 comprimidos Comprimidos: 300 mg 60 mg 3 comprimidos Comp. mastigável: 500 mg 100 mg 2 comprimidos Flaconetes: 250 mg/5mL 50 mg/5 mL 4 flaconetes Gotas: 250 mg/mL 50 mg/mL 1 gota/kg de peso Ferrocarbonila (33% de Fe elementar) Drágea: 400 mg 120 mg 2 drágeas No hemograma pode aparecer hipocromia, microcito- se (diminuição do VCM), anisocitose (aumento do índice de anisocitose, RDW), poiquilocitose e plaquetose. O nú- mero de reticulócitos, assim como em qualquer outra ane- mia hipoproliferativa, encontra-se diminuído. A dosagem de ferritina sérica, que avalia o estoque cor- poral de ferro, é útil principalmente para valores baixos, sendo que valores abaixo de 15 ng/ml em adultos refletem uma deficiência de ferro. Já a saturação da transferrina (calculada a partir da relação ferro sérico/capacidade fer- ropéxica total) reflete a medida de ferro disponível para eritropoese, independente dos estoques de ferro. O índice de saturação de transferrina abaixo de 15% é considerado como ferropenia. Entretanto, na presença de processos inflamatórios ou neoplásicos, existe dificuldade no diagnóstico de deficiên- cia de ferro, pois a saturação da transferrina encontra-se diminuída enquanto a ferritina, por ser uma proteína de fase aguda, encontra-se aumentada. Nessa situação, ane- mia ferropriva associada à doença inflamatória/neoplá- sica, estes exames apresentam limitações diagnósticas11. Apesar de serem exames ainda pouco disponíveis na prá- tica clínica, existem atualmente novos testes que poderão ajudar no diagnóstico de anemia ferropriva concomitante a doença inflamatória ou neoplásica. São eles a dosagem do receptor solúvel da transferrina (que se encontra ele- vada na ferropenia) e a dosagem de hepcidina, peptídeo hormonal regulador do metabolismo do ferro (que se en- contra diminuída). O tratamento da anemia ferropriva deve ser feito com reposição de ferro. Entretanto, essa reposição será insufi- ciente, caso o fator causal da perda de ferro ou a doença de base não sejam tratados. A reposição oral é calculada a partir do ferro elemen- tar na dose de 150 a 200 mg/dia divididos em 3 tomadas. Em crianças usa-se 3 mg de ferro elementar/kg de peso/ dia, também dividido em 3 tomadas. Vale a pena ressaltar que a quantidade de ferro elementar varia de acordo com o composto de ferro. A tabela 3 mostra os sais de ferro disponíveis no Brasil e a quantidade correspondente de ferro elementar12. O sulfato ferroso ainda é o melhor produto quando se leva em consideração custo/ benefício. O ferro, neste caso, é mais bem absorvido em meio ácido e alguns alimentos podem prejudicar sua absorção, por isso o sulfato ferro- so deve ser prescrito em horários distantes das refeições, podendo ser usado com vitamina C ou suco de laranja. Um dos efeitos colaterais mais comuns é a intolerância 43Atualidades Médicas (Edição Especial) 2019;3:39-47 Anemias carenciais Deficiency anemias gastrointestinal. No caso de intolerância gástrica ao sul- fato ferroso, devemos sempre pensar em mudar a dose, o horário de administração ou mesmo o composto de ferro, já que outras formulações de ferro podem ser mais bem toleradas. Na Figura 2 está esquematizado o acompanha- mento do tratamento da anemia ferropriva13. Uma vez atingido o alvo de Hb, o paciente deve ser mantido com O tratamento com ferro parenteral é hoje bastante pa- dronizado e seguro. Vale lembrar que o ferro dextran, clas- sicamente associado a reações adversas como a anafilaxia, não é mais comercializado no Brasil. Existem, no entanto, três formulações disponíveis: 1. Complexo de hidróxido de ferro (III) polimaltosa- do (ferripolimaltose) para uso intramuscular exclu- sivo. Seu uso, entretanto, é desaconselhado desde que nesta forma de aplicação, observa-se absorção irregular do ferro e efeitos adversos indesejáveis, como dor, mancha hipercrômica no local da aplica- ção e, mais raramente, necrose muscular15. 2. Complexo coloidal de sacarato e hidróxido de fer- ro III para uso endovenoso. Deve ser administrado em soro fisiológico 0,9%, nunca em soro glicosado, sendo que cada ampola de 10 ml ou 200 mg deve ser diluída em no mínimo 200 ml de soro e infun- dido em 30 minutos pelo menos. Pode ser feito em reposição até que se atinjam estoques adequados. Esse tratamento dura em torno de 6 meses. De modo geral, o paciente com anemia ferropriva responde bem ao tra- tamento com ferro oral, independente da formulação de ferro utilizada. Entretanto, em alguns casos, existe a indi- cação de tratamento com ferro parenteral e as principais indicações encontram-se na relacionadas na tabela 414. 1 semana tolerância Completar o ciclo Hemograma Avaliar falha do tratamentoManter até correção anemia/ferritina Sim FeSO 4 300 mg, 25 dias 75 drágeas Não Troca Dose Intervalo Formulação Adaptado de Alleyne et al. Am J Med 2008;21:943. FIGURA 2. Acompanhamento do tratamento da anemia ferropriva (modificado de 13). Hb ≥ 2 g/dL Hb < 2 g/dL Tabela 4. Indicações do uso de reposição endovenosa. Refratariedade ao ferro oral Intolerância gástrica ao uso de ferro oral intratável Redução de absorção gastrintestinal Cirurgias gástricas prévias Doença celíaca Doença inflamatória intestinal Gastrite atrófica Necessidade de correção rápida da anemia Gestantes Pacientes pré-cirúrgicos Não aceitação de transfusão por motivos religiosos Pacientes com perdassanguíneas crônicas incoercíveis Telangectasia hemorrágica hereditária Mulheres com hiperfluxo menstrual não controlado Adaptado de Camaschela, 201714. 44 Dutra VF, Figueiredo MS Atualidades Médicas (Edição Especial) 2019;3:39-47 até 3 vezes na semana, respeitando o intervalo de 24 horas entre cada dose. A dose total semanal não deve ultrapassar 500 mg, pelo risco de maior ocor- rência de efeitos colaterais15. Para o cálculo da dose total em mg de ferro a ser reposta, pode-se utilizar a equação de Ganzoni: [Hb (g/dL) desejada - Hb (g/dL) encontrada] x peso corporal (kg) x 2,4 + 50016. Tem como principais efeitos colaterais altera- ção do paladar, hipotensão (principalmente quan- do administrado rapidamente), tremores, sensação de calor e reações no local de aplicação incluindo flebite. Deve ser administrado por profissional de enfermagem e em local onde haja médico, porém, reações anafilactóides são raras. Não necessita de teste de sensibilidade. 3. Carboximaltose férrica para uso endovenoso. Este produto só está liberado para uso em maiores de 14 anos17. Está disponível em ampolas de 10 ml com 500mg, sendo a dose máxima tolerada de 1.000 mg por dia e por semana. Deve ser diluída em 250 ml de cloreto de sódio 0,9% e infundida em 15 minu- tos. Essa formulação contém sódio na fórmula, o que deve ser lembrado em casos de dietas com res- trição. Há relatos de reação de hipersensibilidade e sua infusão deve ser interrompida caso apareçam estes sintomas. A tabela 5 mostra as doses usadas, segundo orientação do fabricante. Casos associados a esta manifestação e que devem ser in- vestigados são: • Doença celíaca – presente em 4 a 6 % dos pacien- tes refratários; • Gastrite autoimune – presente em 20 a 27% des- ses indivíduos; • Infecção por H. pylori – presente em 50%. Estes pa- cientes apresentam melhora dos níveis de Hb após o tratamento da infecção; • Muito mais raramente, pode estar presente a de- ficiência hereditária de ferro (mutação no gene da TMPRSS6), nova entidade recentemente descrita em pouquíssimos indivíduos18. NOVAS PERSPECTIVAS Estudo recente, baseado no efeito da suplementação de ferro sobre a hepcidina, sugere a possibilidade de estarmos tratando a anemia ferropriva com doses acima do necessá- rio. Os autores estudaram uma amostra pequena de mu- lheres saudáveis com deficiência de ferro sem anemia. Eles observaram que a utilização de doses múltiplas, como é feito nos dias atuais, poderia prejudicar a absorção da pró- xima dose19,20. Baseado neste achado, os autores propõem que, talvez em um futuro próximo, o tratamento poderá ser baseado em uma dose simples de ferro elementar antes do café, três vezes por semana, visando um alvo de absor- ção de 180 mg/semana. No entanto, é importante ressaltar que ainda faltam estudos clínicos randomizados que justi- fiquem tal mudança e, por enquanto, devemos manter o tratamento atual. DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 A deficiência de vitamina B12 (cobalamina) pode afetar 3% dos pacientes entre 20 e 39 anos e até 6% daqueles aci- ma de 70 anos, sendo que deficiência limítrofe pode estar presente em mais de 20% de pessoas acima de 60 anos21. Vegetarianos, em especial os veganos, têm maior risco de desenvolverem essa deficiência, já que a maior fonte de vi- tamina B12 alimentar provém de alimentos derivados de produtos animais. As principais causas de deficiência de B12 estão re- lacionadas na tabela 6. Entre as causas mais comuns de deficiência de vitamina B12 encontra-se a má absorção da vitamina. A anemia perniciosa, onde a absorção de todas as formas de cobalamina encontra-se prejudicada, Tabela 5. Dose de carboximaltose férrica para maiores de 14 anos: Hb (g/dL) Pacientes com peso corporal de 35 kg a 70 kg Pacientes com peso corporal acima de 70 kg < 10 1.500 mg 2.000 mg ≥ 10 1.000 mg 1.500 mg É importante lembrar que anemias carenciais não são corrigidas com transfusão e que a indicação de transfusão é dependente da sintomatologia clínica do paciente. As- sim, transfusão só deverá ser prescrita nos casos de paciente muito sintomático ou com instabilidade hemodinâmica. ANEMIA FERROPRIVA REFRATÁRIA Anemia ferrropriva refratária é definida como a falha em aumentar a hemoglobina 1 g/dL após 4 a 6 semanas de tra- tamento com pelo menos 100 mg/dia de ferro elementar. 45Atualidades Médicas (Edição Especial) 2019;3:39-47 Anemias carenciais Deficiency anemias Tabela 6. Causas de anemia megaloblástica por deficiência de vitamina B12. Deficiência de ingestão Dieta pobre Alteração da absorção de B12 alimentar Secreção inadequada de fator intrínseco Anemia perniciosa. Gastrectomia total ou parcial Deficiência congênita de fator intrínseco Produção anormal de fator intrínseco Bloqueio da liberação de Cobalamina do complexo B12-haptocorrina Síndrome de Zollinger-Ellison Insuficiência pancreática Dispersão da Cobalamina da dieta Flora bacteriana intestinal anormal: divertículo jejunal, síndrome da alça cega Infestação pela tênia do peixe Má absorção por anormalidades do íleo terminal Ressecção ileal Doença de Crohn Espru tropical crônico Outras doenças adquiridas Síndrome de Imerslund-Gräsbeck: má absorção seletiva com proteinúria Má absorção induzida por drogas Ácido amino salicílico, neomicina, colchicina, cloreto de potássio de liberação lenta, metformina, colestiramina Mecanismos complexos ou desconhecidos Infecção pelo HIV Inativação da metilcobalamina pelo óxido nítrico Anormalidades hereditárias do transporte ou do metabolismo intracelular é uma doença autoimune caracterizada pela presença de anticorpos anti-fator intrínseco e/ou anti-célula parietal. Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, apresentam prevalência de 19 a 35% de deficiência de vitamina B12 após 5 anos da cirurgia6. Uma droga de uso muito co- mum, que está associada à deficiência de B12, é a metfor- mina. Estudo em população de diabéticos tipo 2 mostrou 21,4% de deficiência de B12 nos indivíduos em uso dessa medicação22. Os autores sugerem, nesses casos, a comple- mentação do tratamento com suplementação de cálcio ou de vitamina B12 23. Como manifestações clínicas podem aparecer sin- tomas de anemia carencial, como queilite angular, pele descorada e fadiga. A deficiência de vitamina B12 é causa de desmielinização progressiva, incluindo neuropatia pe- riférica, arreflexia e perda da propriocepção e da sensação vibratória, além de episódios de psicose24. No hemograma, a série vermelha apresenta macro- citose, anisocitose e poiquilocitose, podendo apresentar alterações em outras séries sanguíneas, como leucopenia, plaquetopenia ou mesmo pancitopenia25. Nos leucócitos é comum a presença de neutrófilos polissegmentados (5% ou mais de neutrófilos com 5 lobos ou pelo menos um neu- trófilo com mais de 6 lobos). Outras alterações laborato- riais comuns são: aumento de bilirrubina indireta, DHL alto, devido à eritropoese ineficaz e reticulócitos baixos. No mielograma, a apresentação é típica com hiperplasia da linhagem vermelha e presença de eritroblastos com matu- ração megaloblástica, mielócitos e metamielócitos de vo- lume aumentado, com núcleos gigantes25. A dosagem de vitamina B12 está diminuída, sendo considerada deficiên- cia quando os valores encontram-se abaixo de 200 pg/ml. No entanto, uma deficiência marginal, com valores entre de 200 a 300 pg/ml, pode ser observada em alguns pacien- tes. A dosagem de ácido metil-malônico sérico ou urinário é exame confirmatório, porém seu uso não é rotineiro. Nos casos de Anemia Perniciosa, a dosagem de anticorpos (an- ti-fator intrínseco e anti-mucosa gástrica) ajudam na con- firmação diagnóstica. O tratamento é feito com reposição de vitamina B12 parenteral ou oral, sendo que existem formulações intra- nasais e sublinguais disponíveis em outros países. No Bra- sil, existem ampolas de cianocobalamina de 1.000 mcg e de 5.000 mcg e formulações de hidroxicobalamina de 5.000 mcge 15.000 mcg. Atenção, algumas formulações são em combinação com corticoide e devem ser evitadas. A forma oral disponível é de cianocobalamina 5.000 mcg. O tratamento recomendado é de vitamina B12 intramus- cular 3 vezes por semana por 2 semanas nos pacientes sem manifestação neurológica ao diagnóstico. Se o quadro neurológico estiver presente, as injeções deverão ser em dias alternados de 1 a 3 semanas ou até melhora do qua- dro neurológico24. Apesar de revisão da Cochrane de 2005 ter mostrado não haver diferença entre a reposição oral e intramuscular, com resposta hematológica ou neurológica adequadas, na prática em pacientes com ausência de fator intrínseco ge- ralmente se usa a formulação intramuscular, ficando o uso 46 Dutra VF, Figueiredo MS Atualidades Médicas (Edição Especial) 2019;3:39-47 oral para casos de baixa ingesta (vegetarianos)26,27. O mais importante é acompanhar o paciente, pois a necessidade, o modo de administração e o intervalo das doses devem ser individualizados. O paciente deve ser orientado a fazer reposição perene em casos de deficiência de B12 de causa irreversível, como a anemia perniciosa, ou quando a etiologia não foi deter- minada21,28. Pacientes com anemia perniciosa apresentam risco elevado de adenocarcinoma gástrico e de tumores carcinoides. Endoscopias periódicas são recomendadas nestes indivíduos29. DEFICIÊNCIA DE ÁCIDO FÓLICO A deficiência de folato (vitamina B9) tem se tornado mais rara após a obrigatoriedade de sua suplementação em fari- nhas. Uma história clínica adequada pode identificar pa- cientes sob-risco de deficiência de folato, como gestantes, alcoólatras, indivíduos portadores de anemias hemolíticas, pacientes em uso de metotrexate ou medicações antiepi- lépticas. Os anticonvulsivantes associados a níveis dimi- nuídos de ácido fólico são: carbamazepina, gabapentina, oxcarbazepina, fenitoína ou valproato28. Na tabela 7 estão exemplificadas as principais causas de deficiência de folato. Do mesmo modo que na deficiência de vitamina B12, a manifestação hematológica mais comum é a macrocitose, sendo possível alteração em qualquer outra série. Neutró- filos polissegmentados, aumento de bilirrubina indireta e do DHL e reticulócitos baixos também são observados. O mielograma também apresenta maturação megaloblástica característica. A dosagem de ácido fólico reflete o status e consumo recente dessa vitamina e isso deve ser considera- do na interpretação do teste. Geralmente, o folato plasmá- tico diminui em 3 semanas, sendo que os sintomas de sua deficiência aparecem mais rapidamente em comparação à deficiência de vitamina B12. Deve-se ficar atento ao fato de que a reposição de folato em pacientes com deficiência de vitamina B12 pode melho- rar a anemia, mas piorar a manifestação neurológica. Por isso não é recomendada a reposição de ácido fólico sem an- tes excluir deficiência de vitamina B12 27 . Na anemia megaloblástica por deficiência de ácido fó- lico deve-se repor com 5 mg/dia por 4 meses, desde que o fator causal tenha sido eliminado. Em casos de síndro- me má absortiva são sugeridas doses mais elevadas, de até 15 mg/dia. Tabela 7. Causas de anemia megaloblástica por deficiência de folato. Baixa ingestão Má absorção por anormalidades do jejuno Doença celíaca Ressecção jejunal Espru tropical Má absorção induzida por drogas Sulfassalazina Necessidade aumentada Gestação / prematuridade Anemias hemolíticas crônicas Neoplasias Doenças inflamatórias crônicas Aumento da perda Doenças de pele Diálise Anormalidades adquiridas do metabolismo do folato Mecanismos complexos ou desconhecidos Abuso de álcool Drogas anticonvulsivantes Contraceptivos orais Anormalidades hereditárias da absorção e do metabolismo do folato Suplementação profilática está indicada em síndromes hemolíticas crônicas e insuficiência renal, com dose que varia de 5 mg por semana até 5 mg por dia, dependendo da dieta e do grau da hemólise. O uso profilático de folato em gestantes é desejável des- de o início da gravidez ou até mesmo antes de engravidar (nos casos de gestação planejada), pois o tubo neural do embrião se fecha com aproximadamente 3 semanas. Uma dose de 400 mcg diária parece ser efetiva, devendo ser au- mentada para 4mg nos casos de a gestante estar em uso de anticonvulsivantes ou apresentar história prévia de em- brião/feto com defeito de fechamento de tubo neural. Nos pacientes reumatológicos em uso de metotrexato, deve-se prescrever 5 mg de ácido fólico na manhã seguinte ao da dose de metotrexato. Caso ocorra comprometimen- to hematológico importante pelo uso do metotrexato, está indicado o uso de ácido folínico, 15 mg a cada 6 horas por 2 a 8 doses (de acordo com a dose de metotrexato). É im- portante ressaltar que o ácido folínico não é mais efetivo que o ácido fólico na prevenção dos efeitos colaterais do metotrexato (embora reverta alterações hematológicas), esteve associado à diminuição da efetividade dessa medi- cação e tem custo mais elevado, razões pelas quais seu uso deve ser restrito à indicação acima referida30. 47Atualidades Médicas (Edição Especial) 2019;3:39-47 Anemias carenciais Deficiency anemias REFERÊNCIAS: 1. WHO. The global prevalence of anaemia in 2011. Geneva: World Health Organization; 2015 [16/03/2018]. Available from: http://www.who.int/ nutrition/publications/micronutrients/global_prevalence_anaemia_2011/en/. 2. MS. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher – PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança Brasília: Ministério da Saúde; 2009 [16/03/2018]. Available from: http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnds_crianca_mulher.pdf. 3. Mehta R. 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