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DIREITO CIVIL PARTE GERAL

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DIREITO CIVIL PARTE GERAL
"
" “A complexidade da vida social faz com que a 
relevância e o significado da existência só se possam 
individuar como existência no social, ou seja, como 
‘coexistência’: existir é coexistir”
Pietro Perlingieri
O Direito deve dar conta de resolver o dilema entre propiciar Justiça – essencial à
liberdade – e a segurança social – mediante limites previamente estabelecidos.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Pode-se definir o direito como o conjunto de mecanismos voltados à
adequação do comportamento humano à vida associativa, o que requer
estímulo à liberdade de cada um e a imposição coercitiva de limites à
atuação individual e egoísta.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
O direito se coloca como um útil mecanismo de garantir liberdades por meio
da limitação das liberdades, para regulamentar a vida em sociedade, cuja
existência é assegurada por meio de normas que disciplinam o
procedimento humano.
Por isso mesmo, como sintetizado por Norberto Bobbio, “a experiência
jurídica é uma experiência normativa”.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
O que é norma jurídica?
A norma jurídica pode ser objetivamente definida como uma “norma imperativa,
bilateral e coercitiva, emanada pelo órgão competente, destinada a dirigir a conduta
dos indivíduos ou estabelecer a ordem de convivência social, cuja inobservância
acarretará a aplicação da sanção pelos órgãos do poder público”. PAUPÉRIO (citado
por SECCO, 1988, p. 43).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
O que é norma jurídica?
 A norma jurídica, então, tem o papel de servir como sinérgico mecanismo de
projeção comportamental ou, em outras palavras, como uma espécie de
“ponte” entre o mundo do ser (ou seja, a realidade como ela se apresenta no
mundo fático) e o mundo do dever-ser (isto é, a realidade projetada, segundo
os ideais e valores de uma dada sociedade), razão pela qual se afirma que a
norma jurídica constitui-se em uma realidade cultural.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Diferença entre norma e norma jurídica
 Consoante anota LIMA (1983, p. 39), “normas há de várias espécies, religiosas,
morais, costumeiras, porém jurídicas são aquelas dotadas de poder coercitivo
compulsoriamente organizado”.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Estrutura da norma jurídica
 Existem de quatro diferentes posições fundamentais a respeito da estrutura da norma
jurídica: a) a solução tradicional da unitariedade da norma jurídica, equivalendo a
sanção à prestação; b) a proposta de HANS KELSEN, pela qual a norma jurídica
constitui-se em um juízo hipotético, desmembrado em norma primária e secundária;
c) a formulação de COSSIO, para quem a norma jurídica traduz-se em um juízo
disjuntivo, abrangendo a perinorma e a endonorma; e d) a perspectiva de MAYNEZ,
segundo a qual a norma jurídica envolve duas normas paralelas (a atributiva e a
preceptiva).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Estrutura da norma jurídica
Para HART, as normas do Direito podem ser classificadas em: a) normas
primárias (aquelas que estabelecem comportamentos a serem adotados
pelos indivíduos, independentemente do seu querer, como a norma
insculpida no art. 14, § 1º, I, da CF, que impõe a obrigatoriedade do voto
para os maiores de dezoito anos).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Estrutura da norma jurídica
b) normas secundárias, as quais, por sua vez, classificam-se em normas de
reconhecimento (destinadas a “identificar as normas primárias,
possibilitando a verificação de sua validade e, por conseguinte, se elas
podem ou não ser consideradas pertencentes a dado sistema ou
ordenamento”), normas de modificação (que regulam o “processo de
transformação das normas primárias”) e normas de julgamento (aquelas que
“disciplinam a aplicação das normas primárias”) (REALE, 2002, p. 98)
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Estrutura da norma jurídica
Na sua Teoria Pura do Direito, KELSEN, citado por NADER (2017,
p. 84), concebe o esquema lógico da norma jurídica em duas
partes:
a) norma primária (que define o dever jurídico diante de uma
determinada situação fática) ;
b) norma secundária (que estabelece a sanção aplicável para o
caso de eventual violação do respectivo dever jurídico).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Estrutura da norma jurídica
 Quando a si própria se designa como “pura” teoria do Direito, isto
significa que ela se propõe garantir um conhecimento apenas
dirigido ao Direito e excluir deste conhecimento tudo quanto não
pertença ao seu objeto, tudo quanto não se possa, rigorosamente,
determinar como Direito. Quer isto dizer que ela pretende libertar a
ciência jurídica de todos os elementos que lhe são estranhos. Esse
é o seu princípio metodológico fundamental.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Estrutura da norma jurídica
 Quando a si própria se designa como “pura” teoria do Direito, isto
significa que ela se propõe garantir um conhecimento apenas
dirigido ao Direito e excluir deste conhecimento tudo quanto não
pertença ao seu objeto, tudo quanto não se possa, rigorosamente,
determinar como Direito. Quer isto dizer que ela pretende libertar a
ciência jurídica de todos os elementos que lhe são estranhos. Esse
é o seu princípio metodológico fundamental.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Estrutura da norma jurídica
 “Se o Direito é concebido como uma ordem de coerção, isto é,
como uma ordem estatuidora de atos de coerção, então a
proposição jurídica que descreve o Direito toma a forma da
afirmação segundo a qual, sob certas condições ou pressupostos
pela ordem jurídica determinados, deve executar-se um ato de
coação, pela mesma ordem jurídica especificado”.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 Estrutura da norma jurídica
 [Normas de conduta e normas de organização]: Diversas classificações das
normas jurídicas merecem destaque. Em primeiro lugar, dividem-se as normas de
conduta e as normas de organização ou estrutura. De fato, o ordenamento não
pode simplesmente proibir ou permitir condutas, devendo também estabelecer os
parâmetros dentro dos quais as próprias normas jurídicas podem ser validamente
criadas e produzir efeitos, bem como estruturar, no âmbito normativo, as
instituições do aparato estatal. Por isso, convivem no sistema jurídico tanto
normas valorativas de condutas quanto normas dedicadas à organização do
ordenamento (ou do comportamento do legislador no processo de produção de
normas).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Estrutura da norma jurídica
 [Estrutura externa da norma jurídica]: Por estrutura externa entende-se o
veículo pelo qual a norma é conduzida aos seus destinatários, sendo por
isso mesmo entendida como a fonte formal dos comandos normativos.
Tem-se aqui a Constituição da República, as diversas espécies de leis,
decretos, portarias e numerosos vetores normativos que incidem sobre a
sociedade. Norma jurídica não se confunde, portanto, com a lei que a
veicula. Uma determinada lei pode conter diversas proposições
normativas.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
ATRIBUTOS da norma jurídica
A experiência jurídica mostra-se essencialmente normativa, voltada
à organização social e à definição de comportamentos compatíveis
com a vida em sociedade. Assim a norma jurídica se singulariza, em
meio a tantas regras sociais de conduta, por ser dotada de
bilateralidade atributiva e coercitividade institucionalizada.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
ATRIBUTOS da norma jurídica
A norma jurídica atribui poderes e limites às relações intersubjetivas; e se
impõe mediante o conjunto de mecanismos destinados a torná-lo efetivo.2
Essa força coercitiva, para que possa cumprir sua finalidade de compor
conflitos de interesse e assegurar a paz social, há de ser (i) externa, no
sentido de escapar ao arbítrio do interessado; (ii) institucionalizada, de
modo a assegurar isenção e imparcialidade; (iii) certa, isto é, dotada de
previsibilidadeda reação do ordenamento; e (iv) proporcional, em
intensidade adequada à sua finalidade diante de determinado
comportamento.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA
JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE
 Delineados os elementos característicos da norma jurídica, cabe
diferenciá-la de outra ordem normativa, também de natureza ética
e, portanto, também baseada na atribuição de sanção às condutas
humanas a partir de certo juízo de valor (positivo ou negativo): a
ordem moral.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA
JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE
 Trata-se, com efeito, do segundo grupo de normas que, ao lado
das normas jurídicas, regulam o comportamento humano. Em
apertada síntese, a moral atua na consciência do homem, como
definidora interna de sua conduta. As normas dessa ordem são
subjetivas e unilaterais, isto é, atuam internamente no espírito
humano sem contrapô-lo a qualquer elemento externo.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA
JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE
 A primeira distinção de grande relevo observada entre as duas
esferas normativas atribui-se a Thomasius, que identificou no Direito
(iustum) o imperativo atinente ao forum externum do indivíduo e às
ações intersubjetivas, ao passo que as regras morais ou
pertenceriam ao foro íntimo (honestum) ou seriam relações sem
reciprocidade entre os agentes (decorum).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA JURÍDICA E
SUA SINGULARIDADE
Teoria dos círculos concêntricos (Jeremy Bentham), segundo a qual a
ordem jurídica estaria incluída totalmente no campo da Moral, esta
representada por um campo de maior diâmetro. Projetam-se,
didaticamente, dois círculos concêntricos, considerando-se que o maior
representa a Moral e o menor, o Direito. Assim, a esfera moral seria mais
ampla do que a esfera jurídica, e esta seria integralmente compreendida
na primeira.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA
JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE
Teoria do mínimo ético (Georg Jellinek), segundo a qual o Direito
representa apenas o mínimo de Moral obrigatório para que a
sociedade possa sobreviver.20 Trata-se, portanto, de teoria que se
coaduna com aquela dos círculos concêntricos, supramencionada.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA
JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE
Teoria dos círculos secantes (Claude du Pasquier), segundo a qual
Direito e Moral coexistem, não se separam, pois há um campo de
competência comum onde há regras com qualidade jurídica e
caráter moral. A norma de trânsito que obriga que os veículos
trafeguem pela via da direita não teria qualquer conteúdo moral.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA JURÍDICA E
SUA SINGULARIDADE
Para Emmanuel Kant a Moral e o Direito poderiam ser representados
graficamente como círculos tangentes (traduzindo, respectivamente,
normas autônomas e heterônomas). Nessa perspectiva, a diferença
fundamental entre as duas esferas normativas estaria, retomando-se a
lição de Thomasius, no fato de que as normas morais pertenceriam ao
foro interno do agente, ao passo que a regra jurídica impor-se-ia
externamente sobre o indivíduo.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE
 Do pensamento kantiano extraem-se os principais corolários decorrentes dessa
diferenciação entre Direito e Moral, que ainda hoje influenciam toda a cultura ocidental
 Autonomia e heteronomia: a) A Moral caracteriza-se por seu caráter autônomo, ao
passo que o Direito é ontologicamente heterônomo. Trata-se de consequência direta
da exterioridade do Direito (objetividade do Direito contra a subjetividade moral).
 Unilateralidade e bilateralidade: Os comandos morais são, por sua natureza,
unilaterais; o Direito, por sua vez, determina comandos bilaterais, vale dizer, cria
deveres ou modelos de comportamento heterônomos para cada indivíduo em face dos
demais. Fala-se, por isso, em “bilateralidade atributiva” para caracterizar esse aspecto
necessariamente intersubjetivo do direito.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA
Imperatividade: A fim de alcançar determinado objetivo, a norma jurídica
emite um comando normativo, ou seja, prescreve como os indivíduos, os
governantes e o próprio Estado devem se conduzir na vida comunitária.
Enfim, a norma jurídica impõe um dever, que deve ser cumprido por
todos. Neste sentido, explica HERMES LIMA (1983, p. 37) que o “Direito
expressa-se através de normas que tomam a forma de imperativos”.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA
Heterogeneidade: Significa dizer que a norma jurídica deve ser observada
por todos, ainda que os respectivos destinatários discordem de seu
comando. Desta feita, a observância da norma jurídica independe da
vontade daqueles aos quais ela se destina.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA
Generalidade: A norma jurídica é dirigida, indistintamente, a todos que se
ajustarem à hipótese por ela disciplinada, e não a alguém em particular. É
preceito de ordem geral, que obriga a todos os que estiverem em igual situação
jurídica, referindo-se, desta feita, não a casos concretamente considerados, mas
a um rol de situações indefinidas. A propósito, leciona LIMA (1983, p. 37) que a
“forma exterior na qual o Direito se apresenta é a de dispositivos jurídicos, isto é,
‘regras abstratas que, visando um escopo prático, disciplinam determinado
conteúdo ou situação de fato, e lhe estabelecem as consequências jurídicas’”.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA
Generalidade: DINIZ (2001, p. 6-7), analisando o atributo da generalidade
inerente às normas jurídicas, afirma que a “norma procede por abstração,
fixando tipos, referindo-se a uma série de casos indefinidos e não a casos
concretos”, sendo que tal “abstração de normas, em virtude de seu
processo generalizante, implica seu afastamento da realidade, surgindo
um antagonismo entre normas jurídicas e fatos”.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA
Estabilidade: Tal atributo reside no fato de que a norma jurídica é editada,
em regra, pelo Estado (em forma de lei). Ademais, quando a norma
jurídica é excepcionalmente produzida (de modo difuso) pela sociedade,
dando origem ao costume jurídico, é o ente estatal que a chancela.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA
Permanência: Segundo dispõe o art. 2º, caput, da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/42), “não se
destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue”. Nota-se, portanto, que a norma jurídica não se
esgota pela sua observância ou pelo seu descumprimento, vigendo até
que sobrevenha eventual alteração ou até mesmo revogação (cessação da
vigência da norma).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA
 Publicidade: A característica da publicidade é de fundamental importância, mormente se
considerarmos que a norma jurídica, para ser fielmente observada, precisa ser
oficialmente publicada, conforme preceituam, inclusive, o art. 1º, caput, da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (“salvo disposição contrária, a lei começa a
vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”),
complementado pelo parágrafo 1º (“nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei
brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada”) e
pelo parágrafo 3º (“se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu
texto,destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a
correr da nova publicação”), ambos do mesmo artigo.
DIREITO CIVIL PARTE GERAL
AULA 02
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
 Quanto à natureza das disposições Quanto à natureza das disposições, a norma jurídica
classifica-se em normas jurídicas substantivas (ou materiais) e normas jurídicas adjetivas (ou
processuais).
 Normas jurídicas substantivas (ou materiais) são aquelas que criam, declaram e definem direitos,
deveres e relações jurídicas. Como exemplos, as normas que integram o Código Penal (Decreto-Lei
nº 2.848/40) e o Código Civil (Lei nº 10.406/02).
 As normas jurídicas adjetivas (ou processuais), por sua vez, regulam o procedimento e o
processo aplicáveis para fazer cumprir as normas jurídicas substantivas. Por exemplo,
aquelas previstas no Código de Processo Penal (DecretoLei nº 3.689/41) e no Código de
Processo Civil (Lei nº 13.105/15).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
As normas jurídicas adjetivas (ou processuais), por sua vez,
regulam o procedimento e o processo aplicáveis para fazer
cumprir as normas jurídicas substantivas. Por exemplo, aquelas
previstas no Código de Processo Penal (Decreto - Lei nº
3.689/41) e no Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Quanto à obrigatoriedade:
As normas jurídicas imperativas (ou de ordem pública) são aquelas que,
tendo em vista o fim social que objetivam alcançar, não podem ser
modificadas por convenção dos particulares, sendo também denominadas
de normas cogentes.
as normas jurídicas dispositivas (ou de ordem privada) admitem que os
particulares convencionem por ato de vontade.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Quanto à origem: as normas jurídicas, ante o sistema de repartição de
competências previsto na Constituição Federal, e conforme o ente que as
tenha produzido, podem ser federais, estaduais, distritais e municipais.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Quanto à sistematização: as normas jurídicas podem ser catalogadas em
normas constitucionais, codificadas, esparsas (ou extravagantes) e
consolidadas.
 Normas constitucionais: são aquelas estabelecidas pelo Poder Constituinte
(Originário ou Derivado, conforme o caso) e que fundamentam a validade das
demais normas jurídicas integrantes do sistema normativo.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Normas constitucionais: Como exemplo, cite-se o art. 19 da CF,
segundo o qual “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com
eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança,
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Normas codificadas: são aquelas que se encontram incorporadas a
códigos tematicamente organizados e sistematizados (em livros,
partes, títulos, capítulos, seções e subseções), cujo conteúdo versa
sobre determinado ramo do Direito.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Normas codificadas: O fenômeno da codificação, que, conforme
cediço alhures, remonta ao início do século XIX, notadamente quando
da edição do Código Civil da França (Código Napoleônico, 1804),
guarda profunda relação com o caráter sistêmico inerente ao Direito,
indicando, pois, a necessidade de se prover sistematização a
determinadas matérias jurídicas, tais como o Direito Tributário, razão
pela qual a Lei nº 5.172/66 instituiu o Código Tributário Nacional.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Normas esparsas (ou extravagantes): são aquelas editadas de modo
isolado e que tratam de específica matéria jurídica, não estando,
portanto, codificadas. Como exemplo, a Lei Ambiental (Lei nº
9.605/98), cujo conteúdo abarca um amplo leque de normas jurídicas
(de natureza penal, administrativa, civil etc.) relativas à preservação
do meio ambiente.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
As normas consolidadas: são fruto da reunião de várias leis esparsas
disciplinadoras da mesma matéria, sendo a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT – Decreto-Lei nº 5.452/43) um típico exemplo a ser
apresentado.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Quanto à sanção: a norma jurídica classifica-se em mais que perfeitas, perfeitas,
menos que perfeitas e imperfeitas.
 Normas mais que perfeitas: são aquelas que determinam a nulidade do ato jurídico
praticado com violação ao conteúdo normativo, bem como a restauração do status quo
anterior, além de cominar uma sanção correspondente. Exemplo, a norma contida no
art. 1.521, VI, do Código Civil, a qual estabelece que as pessoas casadas não podem
constituir novo matrimônio durante a vigência do casamento. Assim, a violação da citada
norma acarreta não só a nulidade do segundo casamento (art. 1.548, II, do Código Civil),
bem como a responsabilização penal do bígamo (art. 235, caput, do Código Penal).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Normas perfeitas: são as que estabelecem a nulidade ou anulabilidade
do ato jurídico praticado com violação ao comando da norma, não
havendo, porém, sanção a ser aplicada em decorrência de tal ofensa
normativa. Por exemplo, o art. 1.647, I, do Código Civil, segundo o
qual, ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode,
sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta,
alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
 Normas menos que perfeitas: são aquelas que não ensejam a nulidade ou
anulabilidade do ato praticado com violação ao conteúdo normativo, mas
estabelecem uma sanção para o infrator da norma. A propósito, o art. 1.523, I, do
Código Civil estabelece que o (a) viúvo (a) que tiver filhos do cônjuge falecido não
pode se casar enquanto não fizer o inventário dos bens do casal e der partilha aos
herdeiros, sendo que eventual transgressão da mencionada norma não implica
nulidade do novo casamento, impondo-se, todavia, a adoção do regime de
separação de bens (art. 1.641, I, do Código Civil).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
As normas imperfeitas: são aquelas que não acarretam a nulidade ou
anulabilidade do ato jurídico, bem como não estabelecem qualquer sanção
para o caso de descumprimento do conteúdo normativo. O art. 611, caput,
do Código de Processo Civil de 2015, segundo o qual o processo de inventário
e de partilha deve ser instaurado dentro de dois meses, a contar da abertura
da sucessão, ultimando-se nos doze meses subsequentes, podendo o juiz
prorrogar estes prazos, de ofício ou a requerimento de parte, cujo
descumprimento não acarretará qualquer nulidade ou sanção.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
 Quanto à vigência: as normas jurídicas podem ser de vigência indeterminada e de
vigência determinada, classificação acolhida, inclusive, pelo art. 2º, caput, da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro, segundo o qual “não se destinando à
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
 As normas de vigência indeterminada, como a própria denominação sugere, são as
que vigoram por tempo indeterminado, isto é, não fazem qualquer referência ao
prazo de vigência, sendo, portanto, a regra geral, tal como acontece com a Lei nº
9.455/97, que define e pune o crime de tortura. No caso, não é possível afirmar, de
antemão, quando a norma em questão perderá o vigor.INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Normas de vigência determinada, ao reverso, são aquelas que
vigoram por tempo determinado, ou seja, estabelecem previamente o
respectivo prazo de vigência, configurando, assim, uma exceção à
regra anterior. Na presente hipótese, é possível afirmar quando a
norma perderá a vigência. É o caso, por exemplo, das normas contidas
nos arts. 30 a 36 da Lei nº 12.663/12, que dispôs sobre as medidas
relativas à Copa das Confederações (FIFA – 2013) e à Copa do Mundo
(FIFA – 2014).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Quanto à aplicabilidade: as normas podem ser autoaplicáveis, normas
dependentes de complementação e normas dependentes de
regulamentação.
 Normas autoaplicáveis são aquelas que vigoram de imediato, independentemente
da edição de qualquer norma posterior. Por exemplo, a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal (Agravo Regimental em Mandado de Segurança nº 29.649/DF, Rel.
Min. TEORI ZAVASCKI, julgamento em 15.09.2015)
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
 Normas dependentes de complementação: são aquelas que não vigoram de
imediato, dependentemente da edição de qualquer norma posterior. Por exemplo, o
art. 202 (“o regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado
de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será
facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício
contratado, e regulado por lei complementar”), ambos da Constituição, não
são autoaplicáveis, pois necessitam de integração legislativa que só foi
implementada com a edição da Lei nº 8.212/91 e da Lei nº 8.213/91 (STF, Primeira
Turma, Agravo Regimental no Agravo Regimental nº 485.742/MG, Rel. Min.
ROBERTO BARROSO, julgamento em 26.08.2014).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Quanto à fonte:
O denominado sistema romano-germânico (ou sistema do civil law),
do qual o Direito brasileiro é um típico exemplo, figurando a lei escrita
como a principal fonte;
O sistema anglo-saxão (ou sistema da common law), no qual os
precedentes judiciais adquirem status fundamental, sendo
reconhecida e aceita a sua força vinculante;
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Quanto à incidência territorial: as normas jurídicas podem ser comuns ou
locais.
Normas comuns são aquelas que possuem incidência sobre todo o território
nacional, como o Código de Trânsito Brasileiro – Lei nº 9.503/97, por
exemplo.
 Normas locais são aquelas que possuem incidência apenas sobre uma parte
(Estados-Membros, Distrito Federal ou Municípios) do território nacional.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
Quanto ao âmbito material de aplicação Em relação ao âmbito material
de aplicação,
Direito Público
Direito Privado.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
A validade constitucional, intimamente relacionada com a eficácia
constitucional, indica que a disposição normativa é conforme às
prescrições constitucionais; assim, nesse sentido, válida é a norma que
respeita um comando superior, ou seja, o preceito constitucional.
Vigência (sentido lato) não configura um atributo próprio da norma
jurídica, pois ela não é válida em si por depender de sua relação com as
demais normas jurídicas
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
A justiça, que compendia a todos os valores jurídicos, é a ratio juris, ou
seja, a razão de ser ou fundamento da norma, ante a impossibilidade de
se conceber uma norma jurídica desvinculada dos fins que legitimam a
sua vigência e eficácia.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
Pode-se dizer que a ideia de justiça contida na norma, além de ser um
valor, é ideológica, por assentar-se na concepção do mundo que emerge
das relações concretas do social, já que não pode, indubitavelmente,
subsistir desconectada da história.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
Deveras, uma norma jurídica não pode ser, em si mesma, justa ou injusta,
por depender do ângulo histórico sob o qual se a considera, pois o que
pode parecer legítimo a uma civilização em determinada época pode ser
ilegítimo em outra. Ante o exposto, poder-se-á concluir que na norma
haveria uma relação necessária entre vigência, eficácia e fundamento.
(DINIZ, 2001, p. 52)
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
Norma jurídica e sanção: Ainda quanto à sua estrutura interna, discute-se
a prescindibilidade da sanção para a caracterização da norma jurídica.
Poderia, afinal, existir norma sem sanção?
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
Imagine-se, por exemplo, o art. 18 da Constituição da República, em cuja
linguagem se lê: “A organização político-administrativa da República
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. E em
seguida: “§ 1º. Brasília é a Capital Federal”. Tal determinação
constitucional constitui norma jurídica?
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
Modelos normativos: A rigor, do ponto de vista das sanções, poder-se-ia
identificar três modelos normativos:
 (a) aqueles que fixam consequências determinadas para a prática de certos
atos – a prática de ato ilícito gera o dever de indenizar, nos termos dos arts.
186 do Código Civil;
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VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
(b) aqueles que, como sanção, tornam ineficazes certos atos
reprovados socialmente – “é nulo o negócio jurídico simulado”, ex vi
do art. 167 do Código Civil;
 (c) as normas de organização, mediante o qual o legislador estrutura a
sociedade com suas instituições e órgãos necessários ao seu
funcionamento, como no caso do art. 18 da Constituição da República,
acima mencionado.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
A sanção advém do ordenamento jurídico: O ordenamento não pode
sobreviver sem esses três tipos de norma jurídica, ao mesmo tempo em
que não seria possível estabelecer sanção para cada preceito inserido pelo
legislador. Por isso mesmo, rejeitar as normas sem sanção ou, ao reverso,
admitir a prescindibilidade do conteúdo sancionatório, transformando o
comando em mera recomendação à sociedade, resultam soluções
insatisfatórias.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
Diante disso, demonstrou-se que a sanção se encontra necessariamente
presente, por ser essencial ao sistema jurídico, mas não advém de cada
norma específica, senão do ordenamento como um todo.
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VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
 Categorias de sanções do direito civil: Ao compor a estrutura interna da norma
jurídica, a sanção se apresenta como a resposta do ordenamento jurídico ao
descumprimento do comando normativo. As sanções do direito civil podem ser
classificadas, de maneira sintética:
 Sanção direta: Pela sanção direta a ordem jurídica provê, de maneira coercitiva, a
execução da conduta devida. Tem-se exemplo de sanção direta na execução
específica de obrigação de fazer, dispondo o art. 501 do CPC que “na ação que
tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença que julgar
procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos
da declaração não emitida”
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
 [Medidas coercitivas]: sanção consiste nas medidas coercitivas, ou
expedientes restritivos à liberdade ou aos bens do devedor destinados a
compeli-lo ao cumprimento da prestação. Constituem exemplos dessa
espécie as hipóteses em que o Código Civil autoriza ao possuidor de
determinado bem o direito de retenção sobre ele, ou a possibilidadede prisão
por dívida de pensão alimentar.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
VALIDADE DA NORMA JURÍDICA
 Função repressiva e função promocional da norma jurídica: Tais são as
espécies de sanção que se configuram no exame da chamada função
repressiva da norma jurídica, a mais tradicional forma de atuação do
ordenamento jurídico. Ao lado desta, identifica-se atualmente uma função
promocional, que lança mão das chamadas sanções positivas ou premiais.
Enquanto a sanção tradicional visa ao desestímulo de certas condutas
(aquelas vedadas pelo ordenamento, ou o descumprimento daquelas exigidas
pela lei), a sanção dita positiva visa ao incentivo de comportamentos,
premiando os indivíduos que promoverem determinados valores ou
interesses tutelados pela ordem jurídica.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
ORDENAMENTO JURÍDICO:
O direito natural, que possui diversas vertentes filosóficas, pode ser entendido,
em sentido amplo, como o direito universal extraído da razão ou da “natureza das
coisas”. Na medida em que se vincularia a uma ideia universal de justiça, deveria
pautar as leis positivas, que são aquelas promulgadas pelo poder local. O direito
natural não seria promulgado, mas encontrado, correspondendo ao ideal
universal de justiça, o que independeria das diversas formas de organização
social, pois o sentido de justiça transcenderia até mesmo as diversidades
culturais, sendo um valor absoluto e universal.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
ORDENAMENTO JURÍDICO:
O direito positivo, a seu turno, é aquele historicamente determinado, produzido
segundo as condições sociais de cada época com base na técnica legislativa
então adotada. Não se confunde com o positivismo jurídico, vertente filosófica que
exacerba o caráter científico do direito em prol de formalismo que Ordenamento
jurídico amesquinha o papel dos valores no sistema jurídico.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
ORDENAMENTO JURÍDICO:
 A norma apenas adquire juridicidade porque incluída em sistema unitário,
orgânico e coerente, designado como ordenamento jurídico, capaz de assegurar
coercitividade aos comandos normativos e se realimentar pela evolução dos fatos
sociais sobre os quais incide. Afirma-se, nessa direção, que a definição
satisfatória do Direito não pode ser extraída da norma jurídica em si considerada,
senão do ordenamento jurídico.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
ORDENAMENTO JURÍDICO:
 Unidade e complexidade do ordenamento jurídico: pode-se aduzir que a
aplicação direta dos princípios constitucionais constitui resposta hermenêutica a
duas características essenciais da própria noção de ordenamento: unidade e
complexidade. O conceito de ordenamento pressupõe conjunto de normas
destinadas a ordenar a sociedade segundo determinado modo de vida
historicamente determinado.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
ORDENAMENTO JURÍDICO:
O sistema jurídico, bem ao contrário, há fazer convergir a atividade interpretativa
e legislativa na aplicação do direito, sendo aberto justamente para que se possa
nele incluir todos os vetores condicionantes da sociedade, inclusive aqueles que
atuam na cultura dos magistrados, na construção da solução para o caso
concreto.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 LEI:
Nos sistemas da família romano-germânica, a lei, entendida
como norma legislada, afirma-se como a fonte primária do
direito. Em outros termos, da interpretação sistemática da norma
legislada se extrai, com prioridade, o Direito, recorrendo-se às
demais fontes apenas de modo auxiliar ou subsidiário.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 LEI:
No mais amplo sentido da palavra, a lei abrange normas jurídicas,
tecnicamente conhecidas por outras denominações, tais como o
decreto e o regulamento.
A distinção entre a lei stricto sensu e essas normas jurídicas reside na
fonte da qual dimana e no fim a que se destinam. Criam todas uma
situação geral, impessoal e objetiva, mas enquanto a lei, em sua
acepção própria, é a regra jurídica votada nas casas do Poder
Legislativo, os decretos e regulamentos emanam do Poder Executivo.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 LEI:
No mais amplo sentido da palavra, a lei abrange normas jurídicas,
tecnicamente conhecidas por outras denominações, tais como o
decreto e o regulamento.
A distinção entre a lei stricto sensu e essas normas jurídicas reside na
fonte da qual dimana e no fim a que se destinam. Criam todas uma
situação geral, impessoal e objetiva, mas enquanto a lei, em sua
acepção própria, é a regra jurídica votada nas casas do Poder
Legislativo, os decretos e regulamentos emanam do Poder Executivo.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 LEI:
Por outro lado, deve-se incluir na fonte legal todo o ordenamento
jurídico positivo, principalmente a normativa constitucional. Conforme
afirmado anteriormente, do reconhecimento de força normativa à
Constituição decorre a sua incidência sobre toda espécie de relação
jurídica – inclusive as relações privadas –, seja mediante a sua
incorporação hermenêutica às normas infraconstitucionais, seja de
forma direta, incorporando-se à regra específica do caso concreto.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 DIFERENÇA ENTRE LEI E REGULAMENTO:
Regulamento é o conjunto de normas destinadas a facilitar a
execução das leis. Não contém, nem deve conter direito novo,
mas encerra disposições de caráter geral e permanente.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 DIFERENÇA ENTRE LEIS, PORTARIAS E AVISOS:
Portarias e avisos, que contêm instruções dirigidas às
autoridades, com força obrigatória para estas. Tais decisões
podem encerrar, entretanto, disposições gerais, assumindo,
então, as características de lei em sentido material, como certas
resoluções, instruções e, até, pareceres normativos.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 NEGÓCIO JURÍDICO:
O negócio jurídico, instrumento máximo da autonomia privada,
enseja intenso debate no que tange à sua qualificação como
fonte do direito, na medida em que autorizada doutrina entende
que sua juridicidade decorre da lei, não admitindo fonte
convencional de normas jurídicas.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 JURISPRUDÊNCIA:
No que tange à jurisprudência, trata-se do conjunto de decisões
reiteradas dos tribunais em sua atividade de interpretar e aplicar
o direito. Nos sistemas da família romano-germânico, a
jurisprudência constitui fonte subsidiária do direito, ao contrário
dos sistemas da common law, cuja fonte principal é o
precedente jurisprudencial e, apenas de forma acessória, a
norma legislada.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 JURISPRUDÊNCIA:
Forma-se a jurisprudência mediante o labor interpretativo dos
tribunais, no exercício de sua função específica. Interpretando e
aplicando o Direito Positivo, é irrecusável a importância do papel
dos tribunais na formação do Direito, sobretudo porque se lhe
reconhece, modernamente, o poder de preencher as lacunas do
ordenamento jurídico no julgamento de casos concretos.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 JURISPRUDÊNCIA:
Ainda assim, a fonte jurisprudencial tem adquirido crescente
eficácia nos últimos anos no direito brasileiro, em grande parte
por força do fenômeno crescente de judicialização de inúmeras
demandas políticas da sociedade, às quais o Judiciário tem sido
chamado a responder de forma mais ágil e, em certos aspectos,
com maior representatividade social que o próprio Legislativo.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 JURISPRUDÊNCIA:
Duas razões principais críticas: a primeira, a de que o juiz é
servo da lei, não passando de aspiração doutrinária, contestável
e perigosa, a tese de que deve ter o poder de julgar contra a lei;
a segunda, ade que o julgado produz efeito unicamente entre as
partes, princípio que se proclama com a declaração de
“autoridade relativa da coisa julgada”.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 DOUTRINA:
A doutrina é o pensamento dos estudiosos do Direito reduzido a
escrito em tratados, compêndios, manuais, monografias, teses
ou comentários à legislação. Em síntese, a elaboração teórica
do Direito. Já foi fonte quando um imperador romano determinou
que nos casos controvertidos devia prevalecer a opinião de
Gaio, Papiniano, Ulpiano, Paulo e Modestino.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 DOUTRINA:
 Nas obras que publicam, os escritores manifestam opiniões pessoais, que,
por mais abalizadas, carecem de força vinculante. Formam, porém, o
pensamento jurídico, de larga influência na elaboração do Direito. Tem a
doutrina, por conseguinte, grande autoridade moral: a sua autoridade provém
da força persuasiva dos argumentos expendidos na sustentação das opiniões
que emitem. Tanto na forma analítica, através de comentários ao Direito
vigente, como na forma sistemática, através de tratados destinados a dar uma
visão harmoniosa de todo um ramo de Direito, o papel da doutrina revela-se
de suma importância.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 DOUTRINA:
 Nas obras que publicam, os escritores manifestam opiniões pessoais, que,
por mais abalizadas, carecem de força vinculante. Formam, porém, o
pensamento jurídico, de larga influência na elaboração do Direito. Tem a
doutrina, por conseguinte, grande autoridade moral: a sua autoridade provém
da força persuasiva dos argumentos expendidos na sustentação das opiniões
que emitem. Tanto na forma analítica, através de comentários ao Direito
vigente, como na forma sistemática, através de tratados destinados a dar uma
visão harmoniosa de todo um ramo de Direito, o papel da doutrina revela-se
de suma importância.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 COSTUME:
O costume, caracterizado por sua prática social reiterada e pela
convicção de sua exigibilidade, é indicado pela Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro como fonte subsidiária do direito,
útil à integração das chamadas lacunas no ordenamento.
Admite-se como fonte subsidiária o costume consentâneo com a
lei escrita (secundum legem e praeter legem), desde que não
seja contrário à norma legislada (contra legis).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 COSTUME:
 Costume é o uso geral constante e notório, observado na convicção de
corresponder a uma necessidade jurídica. Regra de conduta habitualmente
obedecida, sua força coativa credencia-o como fonte formal do Direito. O
costume é, em síntese, “um uso juridicamente obrigatório”.
 O costume exerceu relevante papel na formação do Direito, por ter sido a
forma de sua revelação nas sociedades rudimentares. Os monumentos
legislativos da antiguidade mais remota foram condensação de costumes.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 COSTUME:
Para ser fonte formal do Direito, precisa o costume reunir dois requisitos,
um objetivo e outro subjetivo.
O elemento objetivo é o uso; “a observância uniforme da regra pela
generalidade dos interessados”, durante longo tempo. Necessário para a
configuração desse elemento constitutivo, material, externo, que o uso seja
constante, prolongado e uniforme, generalizado e contínuo.
O elemento subjetivo é representado pela convicção geral de que o uso
corresponde a uma necessidade jurídica..
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 COSTUME:
Há uma hierarquia entre as fontes formais do Direito, na qual a lei ocupa
posição superior.
Breve comparação entre o Direito escrito e o Direito consuetudinário
revela, por outro lado, as vantagens da lei sobre o costume. A lei é certa,
precisa, rígida e pode ser modificada ou suprimida facilmente. Tem,
ademais, o cunho da generalidade. O costume é impreciso e inseguro,
mas, em compensação, flexível, podendo modificar-se à medida que as
necessidades sociais evoluem.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 COSTUME:
SÚMULA 370 STJ “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada
de cheque pré-datado”.
LEI 7.357/95 : “Art . 32 O cheque é pagável à vista. Considera-se
não-estrita qualquer menção em contrário. Parágrafo único -
O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado
como data de emissão é pagável no dia da apresentação.”
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO:
Os princípios gerais do Direito poderiam ser cogitados como
uma de suas fontes formais, se definidos como a cristalização,
em termos abstratos, do conjunto de preceitos normativos do
ordenamento legal, na temática da interpretação da lei, por isso
que servem para preencher lacunas e ajudam a determinação
do alcance e do verdadeiro sentido da lei.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO:
 Apesar da prevalência do positivismo jurídico, o jusnaturalismo jamais desapareceu e a
utilização dos princípios gerais é um eterno retorno ao direito natural: (…) a tese
jusnaturalista enfatiza que os princípios gerais albergam as supremas verdades do direito,
de modo a transcenderem as nacionalidades, sendo comuns aos diversos povos. Ademais,
que os princípios gerais correspondem à crença numa ratio juris de caráter universal que,
desde os romanos, é patrimônio comum que acompanha a humanidade em seu
desenvolvimento e, ainda, que se acha presente na consciência jurídica decorrente da
natureza das coisas, tal como esta pode ser apreciada pela razão.” (COELHO, 2011, p. 56)
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
FONTES DO DIREITO:
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO:
 Apesar da prevalência do positivismo jurídico, o jusnaturalismo jamais desapareceu e a
utilização dos princípios gerais é um eterno retorno ao direito natural: (…) a tese
jusnaturalista enfatiza que os princípios gerais albergam as supremas verdades do direito,
de modo a transcenderem as nacionalidades, sendo comuns aos diversos povos. Ademais,
que os princípios gerais correspondem à crença numa ratio juris de caráter universal que,
desde os romanos, é patrimônio comum que acompanha a humanidade em seu
desenvolvimento e, ainda, que se acha presente na consciência jurídica decorrente da
natureza das coisas, tal como esta pode ser apreciada pela razão.” (COELHO, 2011, p. 56)
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO:
• Quais os principais princípios gerais do Direito?
• Princípio do Devido Processo Legal;
• Princípio do Direito de Ação;
• Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa; e
• Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO:
• O devido processo legal pode ser considerado como princípio geral do direito de forma
ampla, porque ele pode se manifestar em diversos ramos. Iniciou no processo penal,
também há aplicação no âmbito do direito administrativo, podendo ser utilizado em
conjunto com o princípio da legalidade. Possui a capacidade de obter a garantia da
legalidade dos cidadãos contra os abusos do poder do Estado, tais como o abuso de
autoridade. Também possui aplicação no direito privado, como a liberdade de contratar
e realizar negócios jurídicos. A violação a quaisquer um desses direitos possui como
proteção do cidadão o Princípio do Devido Processo Legal.
https://www.aurum.com.br/blog/direito-administrativo/
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO:
• Nesse sentido, o princípio possui valor hierarquicamente
superior à norma e por isso tem um status constitucional na
parte dos direitos fundamentais. Além disso, é estabelecido
como cláusula pétrea, ou seja, não podeser revogado ou ter o
seu conteúdo restringido mediante emenda constitucional.
https://www.aurum.com.br/blog/direitos-fundamentais/
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO:
• O Princípio do Direito de Ação está inserido como direito fundamental
na nossa constituição com a seguinte redação: a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.”(CF/1988, art
5º, XXXV);
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO:
• Princípio do contraditório e da ampla defesa: foi designado como princípio
fundamental de nossa atual Constituição: aos litigantes, em processo judicial
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;” (Art. 5º, LV)
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO:
• Princípio do contraditório e da ampla defesa: foi designado como princípio
fundamental de nossa atual Constituição: aos litigantes, em processo judicial
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;” (Art. 5º, LV)
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 EQUIDADE:
 A equidade é tida, em casos excepcionais, como fonte de Direito, quando a própria lei
comete ao juiz a atribuição de julgar consoante seus ditames. De regra exerce, porém,
função diversa, qual a de “temperar a rigidez da norma escrita”, mas, nessas
condições, é simples critério de aplicação da lei.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 EQUIDADE:
 são características da equidade: a particularidade da facti, specie e a subjetividade da
decisão, entendendo-se na primeira que o juízo equitativo leva em conta os elementos
de fato que não seriam relevantes em um juízo de direito estrito, como, por exemplo,
os motivos de um contrato, e entendendo-se por subjetividade da decisão “o fato de
que, enquanto no juízo de direito estrito o juiz aplica ao caso uma norma preexistente,
no juízo de equidade o juiz determina as consequências jurídicas do caso conforme as
sugestões de sua própria consciência normativa”.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 EQUIDADE:
 São diversas as funções do juízo de equidade: substitutiva, integrativa,
supletiva, interpretativa.
Equidade substitutiva existe quando o juiz é autorizado a invocar uma
norma diversa da lei em face da particularidade do caso concreto;
integrativo, quando a lei atribui ao juiz o poder de completar a norma,
integrando-a conforme as circunstâncias do caso;
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 EQUIDADE:
 integrativo, quando a lei atribui ao juiz o poder de completar a norma,
integrando-a conforme as circunstâncias do caso;
 nterpretativa, quando o juiz dá à norma um sentido diverso do adotado, por
lhe parecer mais equitativo.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 EQUIDADE:
 A equidade é empregada em certas situações para compatibilizar o princípio
da legalidade no qual se exprime o poder do Estado e os valores emergentes
da sociedade civil.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 Conclusão: No estudo das fontes formais, cumpre distinguir, os fatos de produção
jurídica dos fatos de comércio jurídico ou de realização jurídica. Só os primeiros
provocam o nascimento, a modificação ou a extinção das normas do
ordenamento jurídico, pelos dois processos conhecidos, o processo social
indistinto, como é o costume, e o que se concretiza mediante manifestações de
vontade do Poder competente, como a lei e o regulamento. Os outros fatos são
fonte de direitos e obrigações subjetivas.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
 FONTES DO DIREITO:
 Conclusão: No estudo das fontes formais, cumpre distinguir, os fatos de produção
jurídica dos fatos de comércio jurídico ou de realização jurídica. Só os primeiros
provocam o nascimento, a modificação ou a extinção das normas do
ordenamento jurídico, pelos dois processos conhecidos, o processo social
indistinto, como é o costume, e o que se concretiza mediante manifestações de
vontade do Poder competente, como a lei e o regulamento. Os outros fatos são
fonte de direitos e obrigações subjetivas.
DIREITO CIVIL PARTE GERAL
2º BIMESTRE
DA PESSOA NATURAL
 PERSONALIDADE JURÍDICA:
é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações,
ou, em outras palavras, é o atributo para ser sujeito de direito;
Art. 1.º, que: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem
civil”.
DA PESSOA NATURAL
 AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:
A pessoa natural, para o direito, é, portanto, o ser humano,
enquanto sujeito/destinatário de direitos e obrigações.
O seu surgimento, segundo a dicção legal, ocorre a partir do
nascimento com vida (art. 2.º do CC/2002).
DA PESSOA NATURAL
 AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:
No instante em que principia o funcionamento do aparelho
cardiorrespiratório, clinicamente aferível pelo exame de docimasia
hidrostática de Galeno, o recém-nascido adquire personalidade
jurídica, tornando-se sujeito de direito, mesmo que venha a falecer
minutos depois.
DA PESSOA NATURAL
 AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:
Ao menos aparentemente esta teria sido a opção do legislador brasileiro,
na medida em que tradicional corrente doutrinária defende a denominada
teoria natalista.
Seguindo essa diretriz doutrinária e legal, que tem importantes reflexos
práticos e sociais, se o recém-nascido – cujo pai já tenha morrido – falece
minutos após o parto, terá adquirido, por exemplo, todos os direitos
sucessórios do seu genitor, transferindo-os para a sua mãe. Nesse caso,
a avó paterna da referida criança nada poderá reclamar.
DA PESSOA NATURAL
 AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:
A Lei de Registros Públicos (Lei n. 6.015/73) determina, em seu art.
50, que “todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá
ser dado a registro (...)”.
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 LIMONGI FRANÇA, citado por FRANCISCO AMARAL, define-o como sendo “o
que está por nascer, mas já concebido no ventre materno”.
 Em outras palavras, cuida-se do ente concebido, embora ainda não nascido.
 A Lei Civil trata do nascituro quando, posto não o considere explicitamente
pessoa, coloca a salvo os seus direitos desde a concepção (art. 2.º do CC/2002).
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 Ora, adotada a tradicional teoria natalista, segundo a qual a aquisição da
personalidade opera-se a partir do nascimento com vida, conclui-se que não sendo
pessoa, o nascituro possuiria mera expectativa de direito.
 Mas a questão não é pacífica na doutrina.
 Os adeptos da teoria da personalidade condicional sufragam entendimento no sentido
de que o nascituro possui direitos sob condição suspensiva (OERTMANN).
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 Nesse sentido, preleciona ARNOLDO WALD: “A proteção do nascituro explica-se,
pois há nele uma personalidade condicional que surge, na sua plenitude, com o
nascimento com vida e se extingue no caso de não chegar o feto a viver”
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 A teoria concepcionista, por sua vez, influenciada pelo Direito francês, contou com
diversos adeptos. Segundo essa vertente de pensamento, o nascituro adquiriria
personalidade jurídica desde a concepção, sendo, assim, considerado pessoa.
Essa linha doutrinária rende ensejo inclusive a se admitirem efeitos econômicos e
materiais, como o direito aos alimentos, decorrentes da personificação do
nascituro.
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 Existem autores, outrossim, cujo pensamento, mais comedido, aproxima-se, da teoria da
personalidade condicional, pois sustentam que a personalidade do nascituro conferiria aptidão
apenas para a titularidade de direitos personalíssimos (sem conteúdo patrimonial),a exemplo
do direito à vida ou a uma gestação saudável, uma vez que os direitos patrimoniais estariam
sujeitos ao nascimento com vida (condição suspensiva). “Poder-se-ia mesmo afirmar”, adverte
MARIA HELENA DINIZ, “que, na vida intrauterina, tem o nascituro personalidade jurídica formal,
no que atina aos direitos personalíssimos e aos da personalidade, passando a ter a
personalidade jurídica material, alcançando os direitos patrimoniais, que permaneciam em
estado potencial, somente com o nascimento com vida. Se nascer com vida, adquire
personalidade jurídica material, mas se tal não ocorrer, nenhum direito patrimonial terá”
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 Tradicionalmente, a doutrina, no Brasil, segue a teoria natalista, embora, em nosso
sentir, a visão concepcionista, paulatinamente, ganhe força na jurisprudência do
nosso País.
 “EMENTA: Seguro-obrigatório. Acidente. Abortamento. Direito à percepção de
indenização. O nascituro goza de personalidade jurídica desde a concepção.
O nascimento com vida diz respeito apenas à capacidade de exercício de
alguns direitos patrimoniais. Apelação a que se dá provimento (5 fls.)
(Apelação Cível n. 70002027910, sexta câmara cível, Tribunal de Justiça do
Rio Grande do Sul, Relator: Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, julgado em
28/03/2001)”.
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 Todavia, não custa lembrar que a circunstância de o embrião ter a
potencialidade de se tornar uma pessoa humana é meritória o suficiente para
justificar uma proteção contra tentativas levianas de impedir sua continuidade
fisiológica, em tutela que vai além da proteção constitucional e alcança
estágios anteriores ao nascimento - o que é feito, por exemplo, pelo Direito
Civil (ao resguardar os direitos do nascituro) e pelo Código Penal (ao
criminalizar o aborto).
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 A interrupção prematura da gravidez, espontânea ou provocada, é conduta
considerada criminosa na legislação infraconstitucional, já que o Código
Penal tipifica como infração, nos artigos 124 a 128, a provocação de aborto
em si mesma ou a autorização para que outrem provoque, bem como o ato
de provocar o aborto com ou sem o consentimento da gestante.
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
Apenas em duas hipóteses o aborto não foi tipificado na nossa legislação
como crime (ART. 128, I E II do CP):
quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, caso em que
teremos o aborto necessário (também chamado de terapêutico);
ou quando a gravidez resultar de estupro e o aborto for precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante
legal (caso em que teremos o aborto sentimental);
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 A doutrina traz ainda o aborto eugenésico ocorre quando da interrupção da
gravidez nos casos de haver sérios riscos para a prole, por predisposição
hereditária, ou pela ocorrência de doenças maternas durante a gravidez que
comprometam o feto, acarretando enfermidades psíquicas, corporais ou ainda
deformidades e sequelas permanentes.
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 Além dessas duas hipóteses legais, o STF, em 2012, no julgamento da ADPF nº
54, identificou uma terceira ao declarar a inconstitucionalidade da interpretação
segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencefálico seria conduta
tipificada no Código Penal.
 Alguns Ministros decidiram a controversa questão tendo por base a já
mencionada diretriz trazida pela Lei nº 9.434/1997 e a Resolução nº 1. 480/1997
do Conselho Federal de Medicina ( CFM) - que consideram que a morte do
indivíduo se dá quando cessa sua atividade cerebral. Assim, o Min. Marco
Aurélio, relator da arguição, afirmou: "aborto é crime contra a vida. Tutela-se a
vida potencial. No caso do anencéfalo, repito, não existe vida possível".
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 Ademais, vale também a advertência, constante expressamente do voto do
Min. Luiz Fux, para não se conferir à decisão proferida pelo STF abrangência
maior do que a devida: “A decisão do Supremo Tribunal não impõe que as
mulheres grávidas de feto anencefálico realizem aborto; apenas não pune
aquelas que o realizarem por não suportarem a dor moral de gerar um
nascituro com morte anunciada”.
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 A despeito de toda essa profunda controvérsia doutrinária, o fato é que, nos
termos da legislação em vigor, inclusive do Novo Código Civil, o nascituro,
embora não seja expressamente considerado pessoa, tem a proteção legal
dos seus direitos desde a concepção.
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 Nesse sentido, pode-se apresentar o seguinte quadro esquemático:
 o nascituro é titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida, o direito à
proteção pré-natal etc.);
pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão inter
vivos;
pode ser beneficiado por legado e herança;
o Código Penal tipifica o crime de aborto;
como decorrência da proteção conferida pelos direitos da personalidade, o nascituro
tem direito à realização do exame de DNA, para efeito de aferição de paternidade
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 o nascituro tem direito a alimentos, tal matéria passou a ser objeto de
legislação expressa, através da Lei n. 11.804, de 5 de novembro de 2008, que
disciplinou o direito aos chamados “Alimentos Gravídicos”, que compreendem
todos os gastos necessários à proteção do feto.
DA PESSOA NATURAL
 NASCITURO:
 “Investigação de paternidade. Alimentos provisórios em favor do nascituro.
Possibilidade. Adequação do quantum. 1. Não pairando dúvida acerca do envolvi-
mento sexual entretido pela gestante com o investigado, nem sobre exclusividade
desse relacionamento, e havendo necessidade da gestante, justifica-se a
concessão de alimentos em favor do nascituro. 2. Sendo o investigado casado e
estando também sua esposa grávida, a pensão alimentícia deve ser fixada tendo
em vista as necessidades do alimentando, mas dentro da capacidade econômica
do alimentante, isto é, focalizando tanto os seus ganhos como também os
encargos que possui. Recurso provido em parte (Agravo de Instrumento n.
70006429096, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio
Fernando de Vasconcellos Chaves, julgado em 13/08/2003)”.
DA PESSOA NATURAL
 Capacidade de direito e de fato e legitimidade:
Adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz
de direitos e obrigações. Possui, portanto, capacidade de direito ou
de gozo. Todo ser humano tem, assim, capacidade de direito, pelo
fato de que a personalidade jurídica é atributo inerente à sua
condição.
DA PESSOA NATURAL
 Capacidade de direito e de fato e legitimidade:
MARCOS BERNARDES DE MELLO prefere utilizar a expressão capacidade
jurídica para caracterizar a capacidade de direito como: “aptidão que o
ordenamento jurídico atribui às pessoas, em geral, e a certos entes, em particular,
estes formados por grupos de pessoas ou universalidades patrimoniais, para
serem titulares de uma situação jurídica”.
DA PESSOA NATURAL
 Capacidade de direito e de fato e legitimidade:
 Capacidade de direito ou de gozo: é adquirida junto com a personalidade e
representa a aptidão para ser titular de direitos e deveres na ordem civil,
conforme dispõe o art. 1º do CC. A capacidade de direito ou de gozo é adquirida
através do nascimento com vida;
 Capacidade de fato ou de exercício: é a aptidão para alguém exercer por si só
(sozinho) os atos da vida civil. Ou seja, representa a capacidade de praticar
pessoalmente os atos da vida civil, independentemente de assistência ou
representação. Em regra, é adquirida ao completar dezoito anos de idade.
DA PESSOA NATURAL
 Capacidade de direito e de fato e legitimidade:
 Não há que confundir, por outro lado, capacidade e legitimidade. Nem toda
pessoa capaz pode estar legitimada para a prática de determinado ato jurídico. A
legitimação traduz uma capacidade específica.
 Em virtude de um interesse que se querpreservar, ou em consideração à especial
situação de determinada pessoa que se quer proteger, criaram-se impedimentos
circunstanciais, que não se confundem com as hipóteses legais genéricas de
incapacidade.
DA PESSOA NATURAL
 Capacidade de direito e de fato e legitimidade:
 O tutor, por exemplo, embora maior e capaz, não poderá adquirir bens móveis ou
imóveis do tutelado (art. 1.749, I, do CC/2002).
 Dois irmãos, da mesma forma, maiores e capazes, não poderão se casar entre si
(art. 1.521, IV, do CC/2002).
DA PESSOA NATURAL
 Capacidade de direito e de fato e legitimidade:
 Sobre o assunto, manifesta-se, com propriedade, SÍLVIO VENOSA, nos
seguintes termos: “Não se confunde o conceito de capacidade com o de
legitimação. A legitimação consiste em se averiguar se uma pessoa, perante
determinada situação jurídica, tem ou não capacidade para estabelecê-la. A
legitimação é uma forma específica de capacidade para determinados atos da
vida civil. O conceito é emprestado da ciência processual. Está legitimado para
agir em determinada situação jurídica quem a lei determinar.
DA PESSOA NATURAL
 Capacidade de direito e de fato e legitimidade:
 Portanto, sintetizando a nossa linha de pensamento, temos:
 Capacidade de direito = capacidade genérica
 Capacidade de fato (ou de exercício) = capacidade em sentido estrito (medida do
exercício da personalidade)
 Capacidade específica = legitimidade (ausência de impedimentos jurídicos
circunstanciais para a prática de determinados atos)
DIREITO CIVIL PARTE GERAL
AULA 05
DA PESSOA NATURAL
 Incapacidade absoluta
Em linha de princípio, cumpre mencionar, mais uma vez, que a
previsão legal da incapacidade traduz a falta de aptidão para
praticar pessoalmente atos da vida civil. Encontra-se nessa situação
a pessoa a quem falte capacidade de fato ou de exercício, ou seja,
que esteja impossibilitada de manifestar real e juridicamente a sua
vontade.
DA PESSOA NATURAL
 Incapacidade absoluta
A partir da entrada em vigor da Lei 13.146/2015, que ratifica a
Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, somente são consideradas absolutamente
incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os
menores de 16 anos.
DA PESSOA NATURAL
 Incapacidade absoluta
“Art. 6.o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
 I – casar-se e constituir união estável;
 II – exercer direitos sexuais e reprodutivos;
 III – exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações
adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
 IV – conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
 V – exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
 VI – exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando,
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”.
DA PESSOA NATURAL
Incapacidade absoluta
“Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao
exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições
com as demais pessoas”.
Esse último dispositivo é de clareza meridiana: a pessoa com
deficiência é legalmente capaz.
DA PESSOA NATURAL
Incapacidade absoluta
Considerando-se o sistema jurídico tradicional, vigente por décadas, no
Brasil, que sempre tratou a incapacidade como um consectário quase
inafastável da deficiência, pode parecer complicado, em uma leitura
superficial, a compreensão da recente alteração legislativa.
Mas uma reflexão mais detida é esclarecedora.
DA PESSOA NATURAL
Incapacidade absoluta
Em verdade, o que o Estatuto pretendeu foi, homenageando o princípio da
dignidade da pessoa humana, fazer com que a pessoa com deficiência
deixasse de ser “rotulada” como incapaz, para ser considerada – em uma
perspectiva constitucional isonômica – dotada de plena capacidade legal,
ainda que haja a necessidade de adoção de institutos assistenciais
específicos, como a tomada de decisão apoiada e, extraordinariamente, a
curatela, para a prática de atos na vida civil.
DA PESSOA NATURAL
 Incapacidade absoluta
De acordo com este novo diploma, a curatela, restrita a atos relacionados aos
direitos de natureza patrimonial e negocial (art. 85, caput), passa a ser uma
medida extraordinária:
 “Art. 85, § 2.º A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da
sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do
curatelado”.
Temos, portanto, um novo sistema que, vale salientar, fará com que se configure
como “imprecisão técnica” considerar a pessoa com deficiência incapaz.
DA PESSOA NATURAL
 Incapacidade absoluta
Assim, temos que, no vigente ordenamento jurídico, restam como absolutamente
incapazes somente os menores de dezesseis anos (menores impúberes).Abaixo
desse limite etário, o legislador considera que a pessoa é inteiramente imatura
para atuar na órbita do direito.
É bom notar que não é correto dizer que apenas as crianças são absolutamente
incapazes. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, até os doze anos
de idade incompletos considera-se a pessoa criança.
DA PESSOA NATURAL
Incapacidade absoluta
Atenção! Para a relação de emprego, hodiernamente também estão
proibidos de qualquer labor os menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendizes (em que se admite o trabalho a partir dos
quatorze anos).
DA PESSOA NATURAL
Incapacidade absoluta
 Na recente III Jornada de Direito Civil, realizada em novembro/2004 no
Superior Tribunal de Justiça, foi aprovado o Enunciado 138, proposto pelo
Juiz Federal GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA, ressalvando:
“Art. 3.º: 138 – A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do
inc. I do art. 3.º, é juridicamente relevante na concretização de situações
existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento
bastante para tanto”, o que se pode mostrar bastante razoável,
notadamente em matéria de Direito de Família.
DA PESSOA NATURAL
 INCAPACIDADE RELATIVA
Já o Código Civil de 2002, em seu texto original, considerou
incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
a) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
b) os ébrios habituais, os viciados em tóxicos;
c) aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade;
d) os pródigos.
DA PESSOA NATURAL
INCAPACIDADE RELATIVA
Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos:
A partir do Código Civil de 2002, a maioridade civil passou a ser
atingida aos dezoito anos, seguindo uma tendência já firmada
em nossa sociedade, no sentido de chamar os jovens à
responsabilidade mais precocemente, igualando-a, nesse
aspecto, à maioridade criminal e trabalhista.
DA PESSOA NATURAL
INCAPACIDADE RELATIVA
Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos:
 “Na doutrina e na legislação comparada”, prelecionam EUGENIO RAÚL
ZAFFARONI e JOSÉ HENRIQUE PIERANGELI, “deparamos com
diferentes períodos e ideologias em torno da problemática da embriaguez.
(...) Quem fugir da realidade, na maioria dos casos, é quem suporta as
piores condições sociais, ou seja, os marginalizados e carentes. O uso de
tóxicos visa o rompimento dos freios, ou criar as condições para fazê-lo”
DA PESSOA NATURAL
INCAPACIDADE RELATIVA
Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos (DIREITO COMPARADO):
A evolução na disciplina jurídica do mal da embriaguez já era visualizada,
há algum tempo, no campo do Direito do Trabalho, pois, embora prevista
na Consolidação das Leis do Trabalho como falta grave ensejadora da
extinção por justa causa do contrato de trabalho, o seu reconhecimento
como patologia vem afastando o rigor da norma legal, se não tiver
acarretado prejuízo direto à comunidade.
DA PESSOA NATURAL
INCAPACIDADE RELATIVA
Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos (DIREITO COMPARADO):
Esta faceta da embriaguez tem sido atenuada, como justa causa, tanto
pela doutrina,quanto pela jurisprudência, em vista da evolução dos
estudos sobre o alcoolismo como doença, e não como vício social. A
embriaguez patológica, normalmente associada a outros distúrbios da
saúde, pode ensejar, em cada caso concreto, a suspensão do contrato
individual para encaminhamento do empregado à Previdência Social, em
lugar de justificar a denúncia do contrato por justa causa.
DA PESSOA NATURAL
INCAPACIDADE RELATIVA
Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos:
Na mesma linha, os viciados em tóxicos com reduzida capacidade de
entendimento são agora considerados relativamente incapazes. Todavia, é
preciso analisar o grau de intoxicação e dependência para aferir se haverá
efetivamente possibilidade de prática de atos na vida civil, no caso de
internamento para tratamento
DA PESSOA NATURAL
INCAPACIDADE RELATIVA
Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade.
 Esta modalidade é uma “novidade” da Lei n. 13.146/2015 (Estatuto da
Pessoa com Deficiência). De fato, as pessoas que “mesmo por causa
transitória, não puderem exprimir a sua vontade “ foram enquadradas
originalmente, pelo Código Civil de 2002, como absolutamente
incapazes e o novo diploma converteu aqueles que eram
absolutamente incapazes em relativamente capazes.
DA PESSOA NATURAL
INCAPACIDADE RELATIVA
Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade.
 OPINIÃO: Sinceramente, não convence tratar essas pessoas, sujeitas
a uma causa temporária ou permanente impeditiva da manifestação
da vontade (como aquele que esteja em estado de coma) no rol dos
relativamente incapazes.
DA PESSOA NATURAL
INCAPACIDADE RELATIVA
Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade.
 OPINIÃO: Sinceramente, não convence tratar essas pessoas, sujeitas
a uma causa temporária ou permanente impeditiva da manifestação
da vontade (como aquele que esteja em estado de coma) no rol dos
relativamente incapazes. Trata-se do que convencionamos chamar de
“brecha autofágica”
DA PESSOA NATURAL
INCAPACIDADE RELATIVA
Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade.
 OPINIÃO: Primeiramente, é até desnecessário observar que este
inciso, mesmo na sistemática anterior, não tratava de pessoas com
deficiência, então contempladas no inciso II do art. 3.º do Código Civil,
mas, sim, das situações em que determinada causa privasse o
indivíduo de exprimir a sua vontade, como se dá na hipnose ou no
estado de coma derivado de um acidente de trânsito.
DA PESSOA NATURAL
INCAPACIDADE RELATIVA
Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade.
 OPINIÃO: Segundo, sob pena de inversão da lógica de todo o
sistema inaugurado – em imaginar haver, nessa hipótese de
incapacidade relativa, uma “brecha” para que as pessoas com
deficiência ainda fossem consideradas incapazes.
DA PESSOA NATURAL
INCAPACIDADE RELATIVA
Os pródigos
Segundo CLÓVIS BEVILÁQUA, pródigo é “aquele que desor-
denadamente gasta e destrói a sua fazenda, reduzindo-se à miséria
por sua culpa”.
DA PESSOA NATURAL
 INCAPACIDADE RELATIVA
Os pródigos
Segundo CLÓVIS BEVILÁQUA, pródigo é “aquele que desordenadamente
gasta e destrói a sua fazenda, reduzindo-se à miséria por sua culpa”.
A origem dessa capitis deminutio radica-se no Direito Romano, que,
“considerando o patrimônio individual uma copropriedade da família,
capitulava como prejudicial ao interesse do grupo familiar a dilapidação da
fortuna”.
DA PESSOA NATURAL
 INCAPACIDADE RELATIVA
Os pródigos
Trata-se de um desvio comportamental que, refletindo-se no patrimônio
individual, culmina por prejudicar, ainda que por via oblíqua, a tessitura
familiar e social. Note-se que o indivíduo que desordenadamente dilapida o
seu patrimônio poderá, ulteriormente, bater às portas de um parente
próximo ou do próprio Estado para buscar amparo.
DA PESSOA NATURAL
 INCAPACIDADE RELATIVA
Os pródigos
Por isso a lei justifica a interdição do pródigo, reconhecendo-lhe relativa
capacidade.
Segundo a legislação em vigor, a interdição do pródigo somente o privará
de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar,
demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, atos que não sejam de
mera administração (art. 1.782 do CC/2002).
DA PESSOA NATURAL
 INCAPACIDADE RELATIVA
Os pródigos
ATENÇÃO !!!!! Não suporta restrição, pois, a prática de atos pessoais, uma
vez que a sua incapacidade, justificadora da curatela, refere-se apenas a
atos que possam diminuir o seu patrimônio.
DA PESSOA NATURAL
 INCAPACIDADE RELATIVA
Os pródigos
 CURIOSIDADE PROCESSUAL !!!!! A legitimidade para promover a interdição
encontra-se regulada nos arts. 747 e 748 do Código de Processo Civil, admitindo-
se, em nosso sentir, ainda, por força de interpretação sistemática, a denominada
“autointerdição”, a teor do quanto dispõe o Estatuto da Pessoa com Deficiência, em
sua parte final. A despeito de o Estatuto haver alterado o art. 1.768 do Código Civil,
acrescentando a possibilidade de a própria pessoa pleitear a curatela, a revogação
deste dispositivo (o referido art. 1.768) pelo CPC remete-nos à conclusão de que a
nova previsão deve ser agregada ao rol da própria Lei Processual.
DA PESSOA NATURAL
Capacidade jurídica dos silvícolas
A disciplina normativa da capacidade jurídica dos indígenas, que no
CC/1916 mereceu assento entre os relativamente incapazes, passou a
ser remetida à legislação especial (art. 4.º, parágrafo único, do
CC/2002), que regulará autonomamente a matéria.
DA PESSOA NATURAL
Interessante notar que a Lei n. 6.001, de 19 de dezembro de 1973 (Estatuto
do Índio), considera o indígena, em princípio, agente absolutamente
incapaz, reputando nulos os atos por eles praticados sem a devida
representação.
Ressalva a lei, todavia, a hipótese de o indígena demonstrar discernimento,
aliado à inexistência de prejuízo em virtude do ato praticado, pelo que, aí,
como exceção, poderá ser considerado plenamente capaz para os atos da
vida civil.
DA PESSOA NATURAL
Capacidade jurídica dos silvícolas
OPINIÃO! A constante inserção social do indígena na sociedade
brasileira, com a consequente absorção de valores e hábitos (nem
sempre sadios) da civilização ocidental, justifica a sua exclusão, no
Novo Código Civil, do rol de agentes relativamente capazes.
DA PESSOA NATURAL
No entanto, não é razoável firmar-se a premissa da sua absoluta
incapacidade, como quer a legislação especial. Apenas em hipóteses
excepcionais, devidamente comprovadas, deve ser reconhecida a sua
completa falta de discernimento, para efeito de obter a invalidade dos
atos por si praticados.
Assim, acreditamos que a melhor disciplina sobre a matéria é considerar
o indígena, se inserido na sociedade, como plenamente capaz, podendo
ser invocada, porém, como norma tuitiva indigenista, não como
presunção absoluta, mas sim como situação verificável judicialmente.
inclusive com dilação probatória específica de tal condição, para a
DA PESSOA NATURAL
Portanto, havendo o Novo Código Civil remetido a matéria para a legislação
especial, parece-nos que o indígena passou a figurar, em regra, entre as
pessoas privadas de discernimento para os atos da vida civil
(absolutamente incapazes), o que não reflete adequadamente a sua atual
situação na sociedade brasileira.
DA PESSOA NATURAL
Suprimento da incapacidade (representação e assistência)
O suprimento da incapacidade absoluta dá-se através da representação por
seus pais ou tutores e os enfermos ou deficientes mentais, privados de
discernimento, além das pessoas impedidas de manifestar a sua vontade,
mesmo que por causa transitória (art. 3.º do CC/2002), por seus curadores.
No caso temos uma forma de representação, pois o denominado
“REPRESENTANTE” pratica o ato “em nome” do representado EM PROL DOS
INTERESSES DESTES.
DA PESSOA NATURAL

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