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DIREITO CIVIL PARTE GERAL " " “A complexidade da vida social faz com que a relevância e o significado da existência só se possam individuar como existência no social, ou seja, como ‘coexistência’: existir é coexistir” Pietro Perlingieri O Direito deve dar conta de resolver o dilema entre propiciar Justiça – essencial à liberdade – e a segurança social – mediante limites previamente estabelecidos. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL Pode-se definir o direito como o conjunto de mecanismos voltados à adequação do comportamento humano à vida associativa, o que requer estímulo à liberdade de cada um e a imposição coercitiva de limites à atuação individual e egoísta. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL O direito se coloca como um útil mecanismo de garantir liberdades por meio da limitação das liberdades, para regulamentar a vida em sociedade, cuja existência é assegurada por meio de normas que disciplinam o procedimento humano. Por isso mesmo, como sintetizado por Norberto Bobbio, “a experiência jurídica é uma experiência normativa”. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL O que é norma jurídica? A norma jurídica pode ser objetivamente definida como uma “norma imperativa, bilateral e coercitiva, emanada pelo órgão competente, destinada a dirigir a conduta dos indivíduos ou estabelecer a ordem de convivência social, cuja inobservância acarretará a aplicação da sanção pelos órgãos do poder público”. PAUPÉRIO (citado por SECCO, 1988, p. 43). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL O que é norma jurídica? A norma jurídica, então, tem o papel de servir como sinérgico mecanismo de projeção comportamental ou, em outras palavras, como uma espécie de “ponte” entre o mundo do ser (ou seja, a realidade como ela se apresenta no mundo fático) e o mundo do dever-ser (isto é, a realidade projetada, segundo os ideais e valores de uma dada sociedade), razão pela qual se afirma que a norma jurídica constitui-se em uma realidade cultural. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL Diferença entre norma e norma jurídica Consoante anota LIMA (1983, p. 39), “normas há de várias espécies, religiosas, morais, costumeiras, porém jurídicas são aquelas dotadas de poder coercitivo compulsoriamente organizado”. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL Estrutura da norma jurídica Existem de quatro diferentes posições fundamentais a respeito da estrutura da norma jurídica: a) a solução tradicional da unitariedade da norma jurídica, equivalendo a sanção à prestação; b) a proposta de HANS KELSEN, pela qual a norma jurídica constitui-se em um juízo hipotético, desmembrado em norma primária e secundária; c) a formulação de COSSIO, para quem a norma jurídica traduz-se em um juízo disjuntivo, abrangendo a perinorma e a endonorma; e d) a perspectiva de MAYNEZ, segundo a qual a norma jurídica envolve duas normas paralelas (a atributiva e a preceptiva). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL Estrutura da norma jurídica Para HART, as normas do Direito podem ser classificadas em: a) normas primárias (aquelas que estabelecem comportamentos a serem adotados pelos indivíduos, independentemente do seu querer, como a norma insculpida no art. 14, § 1º, I, da CF, que impõe a obrigatoriedade do voto para os maiores de dezoito anos). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL Estrutura da norma jurídica b) normas secundárias, as quais, por sua vez, classificam-se em normas de reconhecimento (destinadas a “identificar as normas primárias, possibilitando a verificação de sua validade e, por conseguinte, se elas podem ou não ser consideradas pertencentes a dado sistema ou ordenamento”), normas de modificação (que regulam o “processo de transformação das normas primárias”) e normas de julgamento (aquelas que “disciplinam a aplicação das normas primárias”) (REALE, 2002, p. 98) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL Estrutura da norma jurídica Na sua Teoria Pura do Direito, KELSEN, citado por NADER (2017, p. 84), concebe o esquema lógico da norma jurídica em duas partes: a) norma primária (que define o dever jurídico diante de uma determinada situação fática) ; b) norma secundária (que estabelece a sanção aplicável para o caso de eventual violação do respectivo dever jurídico). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL Estrutura da norma jurídica Quando a si própria se designa como “pura” teoria do Direito, isto significa que ela se propõe garantir um conhecimento apenas dirigido ao Direito e excluir deste conhecimento tudo quanto não pertença ao seu objeto, tudo quanto não se possa, rigorosamente, determinar como Direito. Quer isto dizer que ela pretende libertar a ciência jurídica de todos os elementos que lhe são estranhos. Esse é o seu princípio metodológico fundamental. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL Estrutura da norma jurídica Quando a si própria se designa como “pura” teoria do Direito, isto significa que ela se propõe garantir um conhecimento apenas dirigido ao Direito e excluir deste conhecimento tudo quanto não pertença ao seu objeto, tudo quanto não se possa, rigorosamente, determinar como Direito. Quer isto dizer que ela pretende libertar a ciência jurídica de todos os elementos que lhe são estranhos. Esse é o seu princípio metodológico fundamental. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL Estrutura da norma jurídica “Se o Direito é concebido como uma ordem de coerção, isto é, como uma ordem estatuidora de atos de coerção, então a proposição jurídica que descreve o Direito toma a forma da afirmação segundo a qual, sob certas condições ou pressupostos pela ordem jurídica determinados, deve executar-se um ato de coação, pela mesma ordem jurídica especificado”. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL Estrutura da norma jurídica [Normas de conduta e normas de organização]: Diversas classificações das normas jurídicas merecem destaque. Em primeiro lugar, dividem-se as normas de conduta e as normas de organização ou estrutura. De fato, o ordenamento não pode simplesmente proibir ou permitir condutas, devendo também estabelecer os parâmetros dentro dos quais as próprias normas jurídicas podem ser validamente criadas e produzir efeitos, bem como estruturar, no âmbito normativo, as instituições do aparato estatal. Por isso, convivem no sistema jurídico tanto normas valorativas de condutas quanto normas dedicadas à organização do ordenamento (ou do comportamento do legislador no processo de produção de normas). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL Estrutura da norma jurídica [Estrutura externa da norma jurídica]: Por estrutura externa entende-se o veículo pelo qual a norma é conduzida aos seus destinatários, sendo por isso mesmo entendida como a fonte formal dos comandos normativos. Tem-se aqui a Constituição da República, as diversas espécies de leis, decretos, portarias e numerosos vetores normativos que incidem sobre a sociedade. Norma jurídica não se confunde, portanto, com a lei que a veicula. Uma determinada lei pode conter diversas proposições normativas. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL ATRIBUTOS da norma jurídica A experiência jurídica mostra-se essencialmente normativa, voltada à organização social e à definição de comportamentos compatíveis com a vida em sociedade. Assim a norma jurídica se singulariza, em meio a tantas regras sociais de conduta, por ser dotada de bilateralidade atributiva e coercitividade institucionalizada. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL ATRIBUTOS da norma jurídica A norma jurídica atribui poderes e limites às relações intersubjetivas; e se impõe mediante o conjunto de mecanismos destinados a torná-lo efetivo.2 Essa força coercitiva, para que possa cumprir sua finalidade de compor conflitos de interesse e assegurar a paz social, há de ser (i) externa, no sentido de escapar ao arbítrio do interessado; (ii) institucionalizada, de modo a assegurar isenção e imparcialidade; (iii) certa, isto é, dotada de previsibilidadeda reação do ordenamento; e (iv) proporcional, em intensidade adequada à sua finalidade diante de determinado comportamento. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE Delineados os elementos característicos da norma jurídica, cabe diferenciá-la de outra ordem normativa, também de natureza ética e, portanto, também baseada na atribuição de sanção às condutas humanas a partir de certo juízo de valor (positivo ou negativo): a ordem moral. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE Trata-se, com efeito, do segundo grupo de normas que, ao lado das normas jurídicas, regulam o comportamento humano. Em apertada síntese, a moral atua na consciência do homem, como definidora interna de sua conduta. As normas dessa ordem são subjetivas e unilaterais, isto é, atuam internamente no espírito humano sem contrapô-lo a qualquer elemento externo. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE A primeira distinção de grande relevo observada entre as duas esferas normativas atribui-se a Thomasius, que identificou no Direito (iustum) o imperativo atinente ao forum externum do indivíduo e às ações intersubjetivas, ao passo que as regras morais ou pertenceriam ao foro íntimo (honestum) ou seriam relações sem reciprocidade entre os agentes (decorum). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE Teoria dos círculos concêntricos (Jeremy Bentham), segundo a qual a ordem jurídica estaria incluída totalmente no campo da Moral, esta representada por um campo de maior diâmetro. Projetam-se, didaticamente, dois círculos concêntricos, considerando-se que o maior representa a Moral e o menor, o Direito. Assim, a esfera moral seria mais ampla do que a esfera jurídica, e esta seria integralmente compreendida na primeira. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE Teoria do mínimo ético (Georg Jellinek), segundo a qual o Direito representa apenas o mínimo de Moral obrigatório para que a sociedade possa sobreviver.20 Trata-se, portanto, de teoria que se coaduna com aquela dos círculos concêntricos, supramencionada. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE Teoria dos círculos secantes (Claude du Pasquier), segundo a qual Direito e Moral coexistem, não se separam, pois há um campo de competência comum onde há regras com qualidade jurídica e caráter moral. A norma de trânsito que obriga que os veículos trafeguem pela via da direita não teria qualquer conteúdo moral. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE Para Emmanuel Kant a Moral e o Direito poderiam ser representados graficamente como círculos tangentes (traduzindo, respectivamente, normas autônomas e heterônomas). Nessa perspectiva, a diferença fundamental entre as duas esferas normativas estaria, retomando-se a lição de Thomasius, no fato de que as normas morais pertenceriam ao foro interno do agente, ao passo que a regra jurídica impor-se-ia externamente sobre o indivíduo. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL DIREITO E MORAL: TEORIAS INTRODUTÓRIAS. A NORMA JURÍDICA E SUA SINGULARIDADE Do pensamento kantiano extraem-se os principais corolários decorrentes dessa diferenciação entre Direito e Moral, que ainda hoje influenciam toda a cultura ocidental Autonomia e heteronomia: a) A Moral caracteriza-se por seu caráter autônomo, ao passo que o Direito é ontologicamente heterônomo. Trata-se de consequência direta da exterioridade do Direito (objetividade do Direito contra a subjetividade moral). Unilateralidade e bilateralidade: Os comandos morais são, por sua natureza, unilaterais; o Direito, por sua vez, determina comandos bilaterais, vale dizer, cria deveres ou modelos de comportamento heterônomos para cada indivíduo em face dos demais. Fala-se, por isso, em “bilateralidade atributiva” para caracterizar esse aspecto necessariamente intersubjetivo do direito. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA Imperatividade: A fim de alcançar determinado objetivo, a norma jurídica emite um comando normativo, ou seja, prescreve como os indivíduos, os governantes e o próprio Estado devem se conduzir na vida comunitária. Enfim, a norma jurídica impõe um dever, que deve ser cumprido por todos. Neste sentido, explica HERMES LIMA (1983, p. 37) que o “Direito expressa-se através de normas que tomam a forma de imperativos”. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA Heterogeneidade: Significa dizer que a norma jurídica deve ser observada por todos, ainda que os respectivos destinatários discordem de seu comando. Desta feita, a observância da norma jurídica independe da vontade daqueles aos quais ela se destina. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA Generalidade: A norma jurídica é dirigida, indistintamente, a todos que se ajustarem à hipótese por ela disciplinada, e não a alguém em particular. É preceito de ordem geral, que obriga a todos os que estiverem em igual situação jurídica, referindo-se, desta feita, não a casos concretamente considerados, mas a um rol de situações indefinidas. A propósito, leciona LIMA (1983, p. 37) que a “forma exterior na qual o Direito se apresenta é a de dispositivos jurídicos, isto é, ‘regras abstratas que, visando um escopo prático, disciplinam determinado conteúdo ou situação de fato, e lhe estabelecem as consequências jurídicas’”. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA Generalidade: DINIZ (2001, p. 6-7), analisando o atributo da generalidade inerente às normas jurídicas, afirma que a “norma procede por abstração, fixando tipos, referindo-se a uma série de casos indefinidos e não a casos concretos”, sendo que tal “abstração de normas, em virtude de seu processo generalizante, implica seu afastamento da realidade, surgindo um antagonismo entre normas jurídicas e fatos”. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA Estabilidade: Tal atributo reside no fato de que a norma jurídica é editada, em regra, pelo Estado (em forma de lei). Ademais, quando a norma jurídica é excepcionalmente produzida (de modo difuso) pela sociedade, dando origem ao costume jurídico, é o ente estatal que a chancela. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA Permanência: Segundo dispõe o art. 2º, caput, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/42), “não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”. Nota-se, portanto, que a norma jurídica não se esgota pela sua observância ou pelo seu descumprimento, vigendo até que sobrevenha eventual alteração ou até mesmo revogação (cessação da vigência da norma). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA Publicidade: A característica da publicidade é de fundamental importância, mormente se considerarmos que a norma jurídica, para ser fielmente observada, precisa ser oficialmente publicada, conforme preceituam, inclusive, o art. 1º, caput, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (“salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”), complementado pelo parágrafo 1º (“nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada”) e pelo parágrafo 3º (“se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação”), ambos do mesmo artigo. DIREITO CIVIL PARTE GERAL AULA 02 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Quanto à natureza das disposições Quanto à natureza das disposições, a norma jurídica classifica-se em normas jurídicas substantivas (ou materiais) e normas jurídicas adjetivas (ou processuais). Normas jurídicas substantivas (ou materiais) são aquelas que criam, declaram e definem direitos, deveres e relações jurídicas. Como exemplos, as normas que integram o Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848/40) e o Código Civil (Lei nº 10.406/02). As normas jurídicas adjetivas (ou processuais), por sua vez, regulam o procedimento e o processo aplicáveis para fazer cumprir as normas jurídicas substantivas. Por exemplo, aquelas previstas no Código de Processo Penal (DecretoLei nº 3.689/41) e no Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA As normas jurídicas adjetivas (ou processuais), por sua vez, regulam o procedimento e o processo aplicáveis para fazer cumprir as normas jurídicas substantivas. Por exemplo, aquelas previstas no Código de Processo Penal (Decreto - Lei nº 3.689/41) e no Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Quanto à obrigatoriedade: As normas jurídicas imperativas (ou de ordem pública) são aquelas que, tendo em vista o fim social que objetivam alcançar, não podem ser modificadas por convenção dos particulares, sendo também denominadas de normas cogentes. as normas jurídicas dispositivas (ou de ordem privada) admitem que os particulares convencionem por ato de vontade. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Quanto à origem: as normas jurídicas, ante o sistema de repartição de competências previsto na Constituição Federal, e conforme o ente que as tenha produzido, podem ser federais, estaduais, distritais e municipais. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Quanto à sistematização: as normas jurídicas podem ser catalogadas em normas constitucionais, codificadas, esparsas (ou extravagantes) e consolidadas. Normas constitucionais: são aquelas estabelecidas pelo Poder Constituinte (Originário ou Derivado, conforme o caso) e que fundamentam a validade das demais normas jurídicas integrantes do sistema normativo. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Normas constitucionais: Como exemplo, cite-se o art. 19 da CF, segundo o qual “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Normas codificadas: são aquelas que se encontram incorporadas a códigos tematicamente organizados e sistematizados (em livros, partes, títulos, capítulos, seções e subseções), cujo conteúdo versa sobre determinado ramo do Direito. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Normas codificadas: O fenômeno da codificação, que, conforme cediço alhures, remonta ao início do século XIX, notadamente quando da edição do Código Civil da França (Código Napoleônico, 1804), guarda profunda relação com o caráter sistêmico inerente ao Direito, indicando, pois, a necessidade de se prover sistematização a determinadas matérias jurídicas, tais como o Direito Tributário, razão pela qual a Lei nº 5.172/66 instituiu o Código Tributário Nacional. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Normas esparsas (ou extravagantes): são aquelas editadas de modo isolado e que tratam de específica matéria jurídica, não estando, portanto, codificadas. Como exemplo, a Lei Ambiental (Lei nº 9.605/98), cujo conteúdo abarca um amplo leque de normas jurídicas (de natureza penal, administrativa, civil etc.) relativas à preservação do meio ambiente. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA As normas consolidadas: são fruto da reunião de várias leis esparsas disciplinadoras da mesma matéria, sendo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT – Decreto-Lei nº 5.452/43) um típico exemplo a ser apresentado. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Quanto à sanção: a norma jurídica classifica-se em mais que perfeitas, perfeitas, menos que perfeitas e imperfeitas. Normas mais que perfeitas: são aquelas que determinam a nulidade do ato jurídico praticado com violação ao conteúdo normativo, bem como a restauração do status quo anterior, além de cominar uma sanção correspondente. Exemplo, a norma contida no art. 1.521, VI, do Código Civil, a qual estabelece que as pessoas casadas não podem constituir novo matrimônio durante a vigência do casamento. Assim, a violação da citada norma acarreta não só a nulidade do segundo casamento (art. 1.548, II, do Código Civil), bem como a responsabilização penal do bígamo (art. 235, caput, do Código Penal). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Normas perfeitas: são as que estabelecem a nulidade ou anulabilidade do ato jurídico praticado com violação ao comando da norma, não havendo, porém, sanção a ser aplicada em decorrência de tal ofensa normativa. Por exemplo, o art. 1.647, I, do Código Civil, segundo o qual, ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta, alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Normas menos que perfeitas: são aquelas que não ensejam a nulidade ou anulabilidade do ato praticado com violação ao conteúdo normativo, mas estabelecem uma sanção para o infrator da norma. A propósito, o art. 1.523, I, do Código Civil estabelece que o (a) viúvo (a) que tiver filhos do cônjuge falecido não pode se casar enquanto não fizer o inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros, sendo que eventual transgressão da mencionada norma não implica nulidade do novo casamento, impondo-se, todavia, a adoção do regime de separação de bens (art. 1.641, I, do Código Civil). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA As normas imperfeitas: são aquelas que não acarretam a nulidade ou anulabilidade do ato jurídico, bem como não estabelecem qualquer sanção para o caso de descumprimento do conteúdo normativo. O art. 611, caput, do Código de Processo Civil de 2015, segundo o qual o processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de dois meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos doze meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar estes prazos, de ofício ou a requerimento de parte, cujo descumprimento não acarretará qualquer nulidade ou sanção. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Quanto à vigência: as normas jurídicas podem ser de vigência indeterminada e de vigência determinada, classificação acolhida, inclusive, pelo art. 2º, caput, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, segundo o qual “não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”. As normas de vigência indeterminada, como a própria denominação sugere, são as que vigoram por tempo indeterminado, isto é, não fazem qualquer referência ao prazo de vigência, sendo, portanto, a regra geral, tal como acontece com a Lei nº 9.455/97, que define e pune o crime de tortura. No caso, não é possível afirmar, de antemão, quando a norma em questão perderá o vigor.INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Normas de vigência determinada, ao reverso, são aquelas que vigoram por tempo determinado, ou seja, estabelecem previamente o respectivo prazo de vigência, configurando, assim, uma exceção à regra anterior. Na presente hipótese, é possível afirmar quando a norma perderá a vigência. É o caso, por exemplo, das normas contidas nos arts. 30 a 36 da Lei nº 12.663/12, que dispôs sobre as medidas relativas à Copa das Confederações (FIFA – 2013) e à Copa do Mundo (FIFA – 2014). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Quanto à aplicabilidade: as normas podem ser autoaplicáveis, normas dependentes de complementação e normas dependentes de regulamentação. Normas autoaplicáveis são aquelas que vigoram de imediato, independentemente da edição de qualquer norma posterior. Por exemplo, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (Agravo Regimental em Mandado de Segurança nº 29.649/DF, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI, julgamento em 15.09.2015) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Normas dependentes de complementação: são aquelas que não vigoram de imediato, dependentemente da edição de qualquer norma posterior. Por exemplo, o art. 202 (“o regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar”), ambos da Constituição, não são autoaplicáveis, pois necessitam de integração legislativa que só foi implementada com a edição da Lei nº 8.212/91 e da Lei nº 8.213/91 (STF, Primeira Turma, Agravo Regimental no Agravo Regimental nº 485.742/MG, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, julgamento em 26.08.2014). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Quanto à fonte: O denominado sistema romano-germânico (ou sistema do civil law), do qual o Direito brasileiro é um típico exemplo, figurando a lei escrita como a principal fonte; O sistema anglo-saxão (ou sistema da common law), no qual os precedentes judiciais adquirem status fundamental, sendo reconhecida e aceita a sua força vinculante; INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Quanto à incidência territorial: as normas jurídicas podem ser comuns ou locais. Normas comuns são aquelas que possuem incidência sobre todo o território nacional, como o Código de Trânsito Brasileiro – Lei nº 9.503/97, por exemplo. Normas locais são aquelas que possuem incidência apenas sobre uma parte (Estados-Membros, Distrito Federal ou Municípios) do território nacional. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Quanto ao âmbito material de aplicação Em relação ao âmbito material de aplicação, Direito Público Direito Privado. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA A validade constitucional, intimamente relacionada com a eficácia constitucional, indica que a disposição normativa é conforme às prescrições constitucionais; assim, nesse sentido, válida é a norma que respeita um comando superior, ou seja, o preceito constitucional. Vigência (sentido lato) não configura um atributo próprio da norma jurídica, pois ela não é válida em si por depender de sua relação com as demais normas jurídicas INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA A justiça, que compendia a todos os valores jurídicos, é a ratio juris, ou seja, a razão de ser ou fundamento da norma, ante a impossibilidade de se conceber uma norma jurídica desvinculada dos fins que legitimam a sua vigência e eficácia. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA Pode-se dizer que a ideia de justiça contida na norma, além de ser um valor, é ideológica, por assentar-se na concepção do mundo que emerge das relações concretas do social, já que não pode, indubitavelmente, subsistir desconectada da história. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA Deveras, uma norma jurídica não pode ser, em si mesma, justa ou injusta, por depender do ângulo histórico sob o qual se a considera, pois o que pode parecer legítimo a uma civilização em determinada época pode ser ilegítimo em outra. Ante o exposto, poder-se-á concluir que na norma haveria uma relação necessária entre vigência, eficácia e fundamento. (DINIZ, 2001, p. 52) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA Norma jurídica e sanção: Ainda quanto à sua estrutura interna, discute-se a prescindibilidade da sanção para a caracterização da norma jurídica. Poderia, afinal, existir norma sem sanção? INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA Imagine-se, por exemplo, o art. 18 da Constituição da República, em cuja linguagem se lê: “A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. E em seguida: “§ 1º. Brasília é a Capital Federal”. Tal determinação constitucional constitui norma jurídica? INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA Modelos normativos: A rigor, do ponto de vista das sanções, poder-se-ia identificar três modelos normativos: (a) aqueles que fixam consequências determinadas para a prática de certos atos – a prática de ato ilícito gera o dever de indenizar, nos termos dos arts. 186 do Código Civil; INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA (b) aqueles que, como sanção, tornam ineficazes certos atos reprovados socialmente – “é nulo o negócio jurídico simulado”, ex vi do art. 167 do Código Civil; (c) as normas de organização, mediante o qual o legislador estrutura a sociedade com suas instituições e órgãos necessários ao seu funcionamento, como no caso do art. 18 da Constituição da República, acima mencionado. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA A sanção advém do ordenamento jurídico: O ordenamento não pode sobreviver sem esses três tipos de norma jurídica, ao mesmo tempo em que não seria possível estabelecer sanção para cada preceito inserido pelo legislador. Por isso mesmo, rejeitar as normas sem sanção ou, ao reverso, admitir a prescindibilidade do conteúdo sancionatório, transformando o comando em mera recomendação à sociedade, resultam soluções insatisfatórias. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA Diante disso, demonstrou-se que a sanção se encontra necessariamente presente, por ser essencial ao sistema jurídico, mas não advém de cada norma específica, senão do ordenamento como um todo. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA Categorias de sanções do direito civil: Ao compor a estrutura interna da norma jurídica, a sanção se apresenta como a resposta do ordenamento jurídico ao descumprimento do comando normativo. As sanções do direito civil podem ser classificadas, de maneira sintética: Sanção direta: Pela sanção direta a ordem jurídica provê, de maneira coercitiva, a execução da conduta devida. Tem-se exemplo de sanção direta na execução específica de obrigação de fazer, dispondo o art. 501 do CPC que “na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida” INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA [Medidas coercitivas]: sanção consiste nas medidas coercitivas, ou expedientes restritivos à liberdade ou aos bens do devedor destinados a compeli-lo ao cumprimento da prestação. Constituem exemplos dessa espécie as hipóteses em que o Código Civil autoriza ao possuidor de determinado bem o direito de retenção sobre ele, ou a possibilidadede prisão por dívida de pensão alimentar. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL VALIDADE DA NORMA JURÍDICA Função repressiva e função promocional da norma jurídica: Tais são as espécies de sanção que se configuram no exame da chamada função repressiva da norma jurídica, a mais tradicional forma de atuação do ordenamento jurídico. Ao lado desta, identifica-se atualmente uma função promocional, que lança mão das chamadas sanções positivas ou premiais. Enquanto a sanção tradicional visa ao desestímulo de certas condutas (aquelas vedadas pelo ordenamento, ou o descumprimento daquelas exigidas pela lei), a sanção dita positiva visa ao incentivo de comportamentos, premiando os indivíduos que promoverem determinados valores ou interesses tutelados pela ordem jurídica. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL ORDENAMENTO JURÍDICO: O direito natural, que possui diversas vertentes filosóficas, pode ser entendido, em sentido amplo, como o direito universal extraído da razão ou da “natureza das coisas”. Na medida em que se vincularia a uma ideia universal de justiça, deveria pautar as leis positivas, que são aquelas promulgadas pelo poder local. O direito natural não seria promulgado, mas encontrado, correspondendo ao ideal universal de justiça, o que independeria das diversas formas de organização social, pois o sentido de justiça transcenderia até mesmo as diversidades culturais, sendo um valor absoluto e universal. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL ORDENAMENTO JURÍDICO: O direito positivo, a seu turno, é aquele historicamente determinado, produzido segundo as condições sociais de cada época com base na técnica legislativa então adotada. Não se confunde com o positivismo jurídico, vertente filosófica que exacerba o caráter científico do direito em prol de formalismo que Ordenamento jurídico amesquinha o papel dos valores no sistema jurídico. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL ORDENAMENTO JURÍDICO: A norma apenas adquire juridicidade porque incluída em sistema unitário, orgânico e coerente, designado como ordenamento jurídico, capaz de assegurar coercitividade aos comandos normativos e se realimentar pela evolução dos fatos sociais sobre os quais incide. Afirma-se, nessa direção, que a definição satisfatória do Direito não pode ser extraída da norma jurídica em si considerada, senão do ordenamento jurídico. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL ORDENAMENTO JURÍDICO: Unidade e complexidade do ordenamento jurídico: pode-se aduzir que a aplicação direta dos princípios constitucionais constitui resposta hermenêutica a duas características essenciais da própria noção de ordenamento: unidade e complexidade. O conceito de ordenamento pressupõe conjunto de normas destinadas a ordenar a sociedade segundo determinado modo de vida historicamente determinado. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL ORDENAMENTO JURÍDICO: O sistema jurídico, bem ao contrário, há fazer convergir a atividade interpretativa e legislativa na aplicação do direito, sendo aberto justamente para que se possa nele incluir todos os vetores condicionantes da sociedade, inclusive aqueles que atuam na cultura dos magistrados, na construção da solução para o caso concreto. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: LEI: Nos sistemas da família romano-germânica, a lei, entendida como norma legislada, afirma-se como a fonte primária do direito. Em outros termos, da interpretação sistemática da norma legislada se extrai, com prioridade, o Direito, recorrendo-se às demais fontes apenas de modo auxiliar ou subsidiário. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: LEI: No mais amplo sentido da palavra, a lei abrange normas jurídicas, tecnicamente conhecidas por outras denominações, tais como o decreto e o regulamento. A distinção entre a lei stricto sensu e essas normas jurídicas reside na fonte da qual dimana e no fim a que se destinam. Criam todas uma situação geral, impessoal e objetiva, mas enquanto a lei, em sua acepção própria, é a regra jurídica votada nas casas do Poder Legislativo, os decretos e regulamentos emanam do Poder Executivo. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: LEI: No mais amplo sentido da palavra, a lei abrange normas jurídicas, tecnicamente conhecidas por outras denominações, tais como o decreto e o regulamento. A distinção entre a lei stricto sensu e essas normas jurídicas reside na fonte da qual dimana e no fim a que se destinam. Criam todas uma situação geral, impessoal e objetiva, mas enquanto a lei, em sua acepção própria, é a regra jurídica votada nas casas do Poder Legislativo, os decretos e regulamentos emanam do Poder Executivo. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: LEI: Por outro lado, deve-se incluir na fonte legal todo o ordenamento jurídico positivo, principalmente a normativa constitucional. Conforme afirmado anteriormente, do reconhecimento de força normativa à Constituição decorre a sua incidência sobre toda espécie de relação jurídica – inclusive as relações privadas –, seja mediante a sua incorporação hermenêutica às normas infraconstitucionais, seja de forma direta, incorporando-se à regra específica do caso concreto. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: DIFERENÇA ENTRE LEI E REGULAMENTO: Regulamento é o conjunto de normas destinadas a facilitar a execução das leis. Não contém, nem deve conter direito novo, mas encerra disposições de caráter geral e permanente. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: DIFERENÇA ENTRE LEIS, PORTARIAS E AVISOS: Portarias e avisos, que contêm instruções dirigidas às autoridades, com força obrigatória para estas. Tais decisões podem encerrar, entretanto, disposições gerais, assumindo, então, as características de lei em sentido material, como certas resoluções, instruções e, até, pareceres normativos. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: NEGÓCIO JURÍDICO: O negócio jurídico, instrumento máximo da autonomia privada, enseja intenso debate no que tange à sua qualificação como fonte do direito, na medida em que autorizada doutrina entende que sua juridicidade decorre da lei, não admitindo fonte convencional de normas jurídicas. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: JURISPRUDÊNCIA: No que tange à jurisprudência, trata-se do conjunto de decisões reiteradas dos tribunais em sua atividade de interpretar e aplicar o direito. Nos sistemas da família romano-germânico, a jurisprudência constitui fonte subsidiária do direito, ao contrário dos sistemas da common law, cuja fonte principal é o precedente jurisprudencial e, apenas de forma acessória, a norma legislada. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: JURISPRUDÊNCIA: Forma-se a jurisprudência mediante o labor interpretativo dos tribunais, no exercício de sua função específica. Interpretando e aplicando o Direito Positivo, é irrecusável a importância do papel dos tribunais na formação do Direito, sobretudo porque se lhe reconhece, modernamente, o poder de preencher as lacunas do ordenamento jurídico no julgamento de casos concretos. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: JURISPRUDÊNCIA: Ainda assim, a fonte jurisprudencial tem adquirido crescente eficácia nos últimos anos no direito brasileiro, em grande parte por força do fenômeno crescente de judicialização de inúmeras demandas políticas da sociedade, às quais o Judiciário tem sido chamado a responder de forma mais ágil e, em certos aspectos, com maior representatividade social que o próprio Legislativo. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: JURISPRUDÊNCIA: Duas razões principais críticas: a primeira, a de que o juiz é servo da lei, não passando de aspiração doutrinária, contestável e perigosa, a tese de que deve ter o poder de julgar contra a lei; a segunda, ade que o julgado produz efeito unicamente entre as partes, princípio que se proclama com a declaração de “autoridade relativa da coisa julgada”. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: DOUTRINA: A doutrina é o pensamento dos estudiosos do Direito reduzido a escrito em tratados, compêndios, manuais, monografias, teses ou comentários à legislação. Em síntese, a elaboração teórica do Direito. Já foi fonte quando um imperador romano determinou que nos casos controvertidos devia prevalecer a opinião de Gaio, Papiniano, Ulpiano, Paulo e Modestino. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: DOUTRINA: Nas obras que publicam, os escritores manifestam opiniões pessoais, que, por mais abalizadas, carecem de força vinculante. Formam, porém, o pensamento jurídico, de larga influência na elaboração do Direito. Tem a doutrina, por conseguinte, grande autoridade moral: a sua autoridade provém da força persuasiva dos argumentos expendidos na sustentação das opiniões que emitem. Tanto na forma analítica, através de comentários ao Direito vigente, como na forma sistemática, através de tratados destinados a dar uma visão harmoniosa de todo um ramo de Direito, o papel da doutrina revela-se de suma importância. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: DOUTRINA: Nas obras que publicam, os escritores manifestam opiniões pessoais, que, por mais abalizadas, carecem de força vinculante. Formam, porém, o pensamento jurídico, de larga influência na elaboração do Direito. Tem a doutrina, por conseguinte, grande autoridade moral: a sua autoridade provém da força persuasiva dos argumentos expendidos na sustentação das opiniões que emitem. Tanto na forma analítica, através de comentários ao Direito vigente, como na forma sistemática, através de tratados destinados a dar uma visão harmoniosa de todo um ramo de Direito, o papel da doutrina revela-se de suma importância. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: COSTUME: O costume, caracterizado por sua prática social reiterada e pela convicção de sua exigibilidade, é indicado pela Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro como fonte subsidiária do direito, útil à integração das chamadas lacunas no ordenamento. Admite-se como fonte subsidiária o costume consentâneo com a lei escrita (secundum legem e praeter legem), desde que não seja contrário à norma legislada (contra legis). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: COSTUME: Costume é o uso geral constante e notório, observado na convicção de corresponder a uma necessidade jurídica. Regra de conduta habitualmente obedecida, sua força coativa credencia-o como fonte formal do Direito. O costume é, em síntese, “um uso juridicamente obrigatório”. O costume exerceu relevante papel na formação do Direito, por ter sido a forma de sua revelação nas sociedades rudimentares. Os monumentos legislativos da antiguidade mais remota foram condensação de costumes. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: COSTUME: Para ser fonte formal do Direito, precisa o costume reunir dois requisitos, um objetivo e outro subjetivo. O elemento objetivo é o uso; “a observância uniforme da regra pela generalidade dos interessados”, durante longo tempo. Necessário para a configuração desse elemento constitutivo, material, externo, que o uso seja constante, prolongado e uniforme, generalizado e contínuo. O elemento subjetivo é representado pela convicção geral de que o uso corresponde a uma necessidade jurídica.. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: COSTUME: Há uma hierarquia entre as fontes formais do Direito, na qual a lei ocupa posição superior. Breve comparação entre o Direito escrito e o Direito consuetudinário revela, por outro lado, as vantagens da lei sobre o costume. A lei é certa, precisa, rígida e pode ser modificada ou suprimida facilmente. Tem, ademais, o cunho da generalidade. O costume é impreciso e inseguro, mas, em compensação, flexível, podendo modificar-se à medida que as necessidades sociais evoluem. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: COSTUME: SÚMULA 370 STJ “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”. LEI 7.357/95 : “Art . 32 O cheque é pagável à vista. Considera-se não-estrita qualquer menção em contrário. Parágrafo único - O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação.” INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: Os princípios gerais do Direito poderiam ser cogitados como uma de suas fontes formais, se definidos como a cristalização, em termos abstratos, do conjunto de preceitos normativos do ordenamento legal, na temática da interpretação da lei, por isso que servem para preencher lacunas e ajudam a determinação do alcance e do verdadeiro sentido da lei. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: Apesar da prevalência do positivismo jurídico, o jusnaturalismo jamais desapareceu e a utilização dos princípios gerais é um eterno retorno ao direito natural: (…) a tese jusnaturalista enfatiza que os princípios gerais albergam as supremas verdades do direito, de modo a transcenderem as nacionalidades, sendo comuns aos diversos povos. Ademais, que os princípios gerais correspondem à crença numa ratio juris de caráter universal que, desde os romanos, é patrimônio comum que acompanha a humanidade em seu desenvolvimento e, ainda, que se acha presente na consciência jurídica decorrente da natureza das coisas, tal como esta pode ser apreciada pela razão.” (COELHO, 2011, p. 56) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: Apesar da prevalência do positivismo jurídico, o jusnaturalismo jamais desapareceu e a utilização dos princípios gerais é um eterno retorno ao direito natural: (…) a tese jusnaturalista enfatiza que os princípios gerais albergam as supremas verdades do direito, de modo a transcenderem as nacionalidades, sendo comuns aos diversos povos. Ademais, que os princípios gerais correspondem à crença numa ratio juris de caráter universal que, desde os romanos, é patrimônio comum que acompanha a humanidade em seu desenvolvimento e, ainda, que se acha presente na consciência jurídica decorrente da natureza das coisas, tal como esta pode ser apreciada pela razão.” (COELHO, 2011, p. 56) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: • Quais os principais princípios gerais do Direito? • Princípio do Devido Processo Legal; • Princípio do Direito de Ação; • Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa; e • Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: • O devido processo legal pode ser considerado como princípio geral do direito de forma ampla, porque ele pode se manifestar em diversos ramos. Iniciou no processo penal, também há aplicação no âmbito do direito administrativo, podendo ser utilizado em conjunto com o princípio da legalidade. Possui a capacidade de obter a garantia da legalidade dos cidadãos contra os abusos do poder do Estado, tais como o abuso de autoridade. Também possui aplicação no direito privado, como a liberdade de contratar e realizar negócios jurídicos. A violação a quaisquer um desses direitos possui como proteção do cidadão o Princípio do Devido Processo Legal. https://www.aurum.com.br/blog/direito-administrativo/ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: • Nesse sentido, o princípio possui valor hierarquicamente superior à norma e por isso tem um status constitucional na parte dos direitos fundamentais. Além disso, é estabelecido como cláusula pétrea, ou seja, não podeser revogado ou ter o seu conteúdo restringido mediante emenda constitucional. https://www.aurum.com.br/blog/direitos-fundamentais/ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: • O Princípio do Direito de Ação está inserido como direito fundamental na nossa constituição com a seguinte redação: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.”(CF/1988, art 5º, XXXV); INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: • Princípio do contraditório e da ampla defesa: foi designado como princípio fundamental de nossa atual Constituição: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;” (Art. 5º, LV) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: • Princípio do contraditório e da ampla defesa: foi designado como princípio fundamental de nossa atual Constituição: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;” (Art. 5º, LV) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: EQUIDADE: A equidade é tida, em casos excepcionais, como fonte de Direito, quando a própria lei comete ao juiz a atribuição de julgar consoante seus ditames. De regra exerce, porém, função diversa, qual a de “temperar a rigidez da norma escrita”, mas, nessas condições, é simples critério de aplicação da lei. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: EQUIDADE: são características da equidade: a particularidade da facti, specie e a subjetividade da decisão, entendendo-se na primeira que o juízo equitativo leva em conta os elementos de fato que não seriam relevantes em um juízo de direito estrito, como, por exemplo, os motivos de um contrato, e entendendo-se por subjetividade da decisão “o fato de que, enquanto no juízo de direito estrito o juiz aplica ao caso uma norma preexistente, no juízo de equidade o juiz determina as consequências jurídicas do caso conforme as sugestões de sua própria consciência normativa”. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: EQUIDADE: São diversas as funções do juízo de equidade: substitutiva, integrativa, supletiva, interpretativa. Equidade substitutiva existe quando o juiz é autorizado a invocar uma norma diversa da lei em face da particularidade do caso concreto; integrativo, quando a lei atribui ao juiz o poder de completar a norma, integrando-a conforme as circunstâncias do caso; INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: EQUIDADE: integrativo, quando a lei atribui ao juiz o poder de completar a norma, integrando-a conforme as circunstâncias do caso; nterpretativa, quando o juiz dá à norma um sentido diverso do adotado, por lhe parecer mais equitativo. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: EQUIDADE: A equidade é empregada em certas situações para compatibilizar o princípio da legalidade no qual se exprime o poder do Estado e os valores emergentes da sociedade civil. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: Conclusão: No estudo das fontes formais, cumpre distinguir, os fatos de produção jurídica dos fatos de comércio jurídico ou de realização jurídica. Só os primeiros provocam o nascimento, a modificação ou a extinção das normas do ordenamento jurídico, pelos dois processos conhecidos, o processo social indistinto, como é o costume, e o que se concretiza mediante manifestações de vontade do Poder competente, como a lei e o regulamento. Os outros fatos são fonte de direitos e obrigações subjetivas. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL FONTES DO DIREITO: Conclusão: No estudo das fontes formais, cumpre distinguir, os fatos de produção jurídica dos fatos de comércio jurídico ou de realização jurídica. Só os primeiros provocam o nascimento, a modificação ou a extinção das normas do ordenamento jurídico, pelos dois processos conhecidos, o processo social indistinto, como é o costume, e o que se concretiza mediante manifestações de vontade do Poder competente, como a lei e o regulamento. Os outros fatos são fonte de direitos e obrigações subjetivas. DIREITO CIVIL PARTE GERAL 2º BIMESTRE DA PESSOA NATURAL PERSONALIDADE JURÍDICA: é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo para ser sujeito de direito; Art. 1.º, que: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. DA PESSOA NATURAL AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: A pessoa natural, para o direito, é, portanto, o ser humano, enquanto sujeito/destinatário de direitos e obrigações. O seu surgimento, segundo a dicção legal, ocorre a partir do nascimento com vida (art. 2.º do CC/2002). DA PESSOA NATURAL AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: No instante em que principia o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório, clinicamente aferível pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno, o recém-nascido adquire personalidade jurídica, tornando-se sujeito de direito, mesmo que venha a falecer minutos depois. DA PESSOA NATURAL AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: Ao menos aparentemente esta teria sido a opção do legislador brasileiro, na medida em que tradicional corrente doutrinária defende a denominada teoria natalista. Seguindo essa diretriz doutrinária e legal, que tem importantes reflexos práticos e sociais, se o recém-nascido – cujo pai já tenha morrido – falece minutos após o parto, terá adquirido, por exemplo, todos os direitos sucessórios do seu genitor, transferindo-os para a sua mãe. Nesse caso, a avó paterna da referida criança nada poderá reclamar. DA PESSOA NATURAL AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: A Lei de Registros Públicos (Lei n. 6.015/73) determina, em seu art. 50, que “todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser dado a registro (...)”. DA PESSOA NATURAL NASCITURO: LIMONGI FRANÇA, citado por FRANCISCO AMARAL, define-o como sendo “o que está por nascer, mas já concebido no ventre materno”. Em outras palavras, cuida-se do ente concebido, embora ainda não nascido. A Lei Civil trata do nascituro quando, posto não o considere explicitamente pessoa, coloca a salvo os seus direitos desde a concepção (art. 2.º do CC/2002). DA PESSOA NATURAL NASCITURO: Ora, adotada a tradicional teoria natalista, segundo a qual a aquisição da personalidade opera-se a partir do nascimento com vida, conclui-se que não sendo pessoa, o nascituro possuiria mera expectativa de direito. Mas a questão não é pacífica na doutrina. Os adeptos da teoria da personalidade condicional sufragam entendimento no sentido de que o nascituro possui direitos sob condição suspensiva (OERTMANN). DA PESSOA NATURAL NASCITURO: Nesse sentido, preleciona ARNOLDO WALD: “A proteção do nascituro explica-se, pois há nele uma personalidade condicional que surge, na sua plenitude, com o nascimento com vida e se extingue no caso de não chegar o feto a viver” DA PESSOA NATURAL NASCITURO: A teoria concepcionista, por sua vez, influenciada pelo Direito francês, contou com diversos adeptos. Segundo essa vertente de pensamento, o nascituro adquiriria personalidade jurídica desde a concepção, sendo, assim, considerado pessoa. Essa linha doutrinária rende ensejo inclusive a se admitirem efeitos econômicos e materiais, como o direito aos alimentos, decorrentes da personificação do nascituro. DA PESSOA NATURAL NASCITURO: Existem autores, outrossim, cujo pensamento, mais comedido, aproxima-se, da teoria da personalidade condicional, pois sustentam que a personalidade do nascituro conferiria aptidão apenas para a titularidade de direitos personalíssimos (sem conteúdo patrimonial),a exemplo do direito à vida ou a uma gestação saudável, uma vez que os direitos patrimoniais estariam sujeitos ao nascimento com vida (condição suspensiva). “Poder-se-ia mesmo afirmar”, adverte MARIA HELENA DINIZ, “que, na vida intrauterina, tem o nascituro personalidade jurídica formal, no que atina aos direitos personalíssimos e aos da personalidade, passando a ter a personalidade jurídica material, alcançando os direitos patrimoniais, que permaneciam em estado potencial, somente com o nascimento com vida. Se nascer com vida, adquire personalidade jurídica material, mas se tal não ocorrer, nenhum direito patrimonial terá” DA PESSOA NATURAL NASCITURO: Tradicionalmente, a doutrina, no Brasil, segue a teoria natalista, embora, em nosso sentir, a visão concepcionista, paulatinamente, ganhe força na jurisprudência do nosso País. “EMENTA: Seguro-obrigatório. Acidente. Abortamento. Direito à percepção de indenização. O nascituro goza de personalidade jurídica desde a concepção. O nascimento com vida diz respeito apenas à capacidade de exercício de alguns direitos patrimoniais. Apelação a que se dá provimento (5 fls.) (Apelação Cível n. 70002027910, sexta câmara cível, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Relator: Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, julgado em 28/03/2001)”. DA PESSOA NATURAL NASCITURO: Todavia, não custa lembrar que a circunstância de o embrião ter a potencialidade de se tornar uma pessoa humana é meritória o suficiente para justificar uma proteção contra tentativas levianas de impedir sua continuidade fisiológica, em tutela que vai além da proteção constitucional e alcança estágios anteriores ao nascimento - o que é feito, por exemplo, pelo Direito Civil (ao resguardar os direitos do nascituro) e pelo Código Penal (ao criminalizar o aborto). DA PESSOA NATURAL NASCITURO: A interrupção prematura da gravidez, espontânea ou provocada, é conduta considerada criminosa na legislação infraconstitucional, já que o Código Penal tipifica como infração, nos artigos 124 a 128, a provocação de aborto em si mesma ou a autorização para que outrem provoque, bem como o ato de provocar o aborto com ou sem o consentimento da gestante. DA PESSOA NATURAL NASCITURO: Apenas em duas hipóteses o aborto não foi tipificado na nossa legislação como crime (ART. 128, I E II do CP): quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, caso em que teremos o aborto necessário (também chamado de terapêutico); ou quando a gravidez resultar de estupro e o aborto for precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal (caso em que teremos o aborto sentimental); DA PESSOA NATURAL NASCITURO: A doutrina traz ainda o aborto eugenésico ocorre quando da interrupção da gravidez nos casos de haver sérios riscos para a prole, por predisposição hereditária, ou pela ocorrência de doenças maternas durante a gravidez que comprometam o feto, acarretando enfermidades psíquicas, corporais ou ainda deformidades e sequelas permanentes. DA PESSOA NATURAL NASCITURO: Além dessas duas hipóteses legais, o STF, em 2012, no julgamento da ADPF nº 54, identificou uma terceira ao declarar a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencefálico seria conduta tipificada no Código Penal. Alguns Ministros decidiram a controversa questão tendo por base a já mencionada diretriz trazida pela Lei nº 9.434/1997 e a Resolução nº 1. 480/1997 do Conselho Federal de Medicina ( CFM) - que consideram que a morte do indivíduo se dá quando cessa sua atividade cerebral. Assim, o Min. Marco Aurélio, relator da arguição, afirmou: "aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida potencial. No caso do anencéfalo, repito, não existe vida possível". DA PESSOA NATURAL NASCITURO: Ademais, vale também a advertência, constante expressamente do voto do Min. Luiz Fux, para não se conferir à decisão proferida pelo STF abrangência maior do que a devida: “A decisão do Supremo Tribunal não impõe que as mulheres grávidas de feto anencefálico realizem aborto; apenas não pune aquelas que o realizarem por não suportarem a dor moral de gerar um nascituro com morte anunciada”. DA PESSOA NATURAL NASCITURO: A despeito de toda essa profunda controvérsia doutrinária, o fato é que, nos termos da legislação em vigor, inclusive do Novo Código Civil, o nascituro, embora não seja expressamente considerado pessoa, tem a proteção legal dos seus direitos desde a concepção. DA PESSOA NATURAL NASCITURO: Nesse sentido, pode-se apresentar o seguinte quadro esquemático: o nascituro é titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida, o direito à proteção pré-natal etc.); pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão inter vivos; pode ser beneficiado por legado e herança; o Código Penal tipifica o crime de aborto; como decorrência da proteção conferida pelos direitos da personalidade, o nascituro tem direito à realização do exame de DNA, para efeito de aferição de paternidade DA PESSOA NATURAL NASCITURO: o nascituro tem direito a alimentos, tal matéria passou a ser objeto de legislação expressa, através da Lei n. 11.804, de 5 de novembro de 2008, que disciplinou o direito aos chamados “Alimentos Gravídicos”, que compreendem todos os gastos necessários à proteção do feto. DA PESSOA NATURAL NASCITURO: “Investigação de paternidade. Alimentos provisórios em favor do nascituro. Possibilidade. Adequação do quantum. 1. Não pairando dúvida acerca do envolvi- mento sexual entretido pela gestante com o investigado, nem sobre exclusividade desse relacionamento, e havendo necessidade da gestante, justifica-se a concessão de alimentos em favor do nascituro. 2. Sendo o investigado casado e estando também sua esposa grávida, a pensão alimentícia deve ser fixada tendo em vista as necessidades do alimentando, mas dentro da capacidade econômica do alimentante, isto é, focalizando tanto os seus ganhos como também os encargos que possui. Recurso provido em parte (Agravo de Instrumento n. 70006429096, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, julgado em 13/08/2003)”. DA PESSOA NATURAL Capacidade de direito e de fato e legitimidade: Adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz de direitos e obrigações. Possui, portanto, capacidade de direito ou de gozo. Todo ser humano tem, assim, capacidade de direito, pelo fato de que a personalidade jurídica é atributo inerente à sua condição. DA PESSOA NATURAL Capacidade de direito e de fato e legitimidade: MARCOS BERNARDES DE MELLO prefere utilizar a expressão capacidade jurídica para caracterizar a capacidade de direito como: “aptidão que o ordenamento jurídico atribui às pessoas, em geral, e a certos entes, em particular, estes formados por grupos de pessoas ou universalidades patrimoniais, para serem titulares de uma situação jurídica”. DA PESSOA NATURAL Capacidade de direito e de fato e legitimidade: Capacidade de direito ou de gozo: é adquirida junto com a personalidade e representa a aptidão para ser titular de direitos e deveres na ordem civil, conforme dispõe o art. 1º do CC. A capacidade de direito ou de gozo é adquirida através do nascimento com vida; Capacidade de fato ou de exercício: é a aptidão para alguém exercer por si só (sozinho) os atos da vida civil. Ou seja, representa a capacidade de praticar pessoalmente os atos da vida civil, independentemente de assistência ou representação. Em regra, é adquirida ao completar dezoito anos de idade. DA PESSOA NATURAL Capacidade de direito e de fato e legitimidade: Não há que confundir, por outro lado, capacidade e legitimidade. Nem toda pessoa capaz pode estar legitimada para a prática de determinado ato jurídico. A legitimação traduz uma capacidade específica. Em virtude de um interesse que se querpreservar, ou em consideração à especial situação de determinada pessoa que se quer proteger, criaram-se impedimentos circunstanciais, que não se confundem com as hipóteses legais genéricas de incapacidade. DA PESSOA NATURAL Capacidade de direito e de fato e legitimidade: O tutor, por exemplo, embora maior e capaz, não poderá adquirir bens móveis ou imóveis do tutelado (art. 1.749, I, do CC/2002). Dois irmãos, da mesma forma, maiores e capazes, não poderão se casar entre si (art. 1.521, IV, do CC/2002). DA PESSOA NATURAL Capacidade de direito e de fato e legitimidade: Sobre o assunto, manifesta-se, com propriedade, SÍLVIO VENOSA, nos seguintes termos: “Não se confunde o conceito de capacidade com o de legitimação. A legitimação consiste em se averiguar se uma pessoa, perante determinada situação jurídica, tem ou não capacidade para estabelecê-la. A legitimação é uma forma específica de capacidade para determinados atos da vida civil. O conceito é emprestado da ciência processual. Está legitimado para agir em determinada situação jurídica quem a lei determinar. DA PESSOA NATURAL Capacidade de direito e de fato e legitimidade: Portanto, sintetizando a nossa linha de pensamento, temos: Capacidade de direito = capacidade genérica Capacidade de fato (ou de exercício) = capacidade em sentido estrito (medida do exercício da personalidade) Capacidade específica = legitimidade (ausência de impedimentos jurídicos circunstanciais para a prática de determinados atos) DIREITO CIVIL PARTE GERAL AULA 05 DA PESSOA NATURAL Incapacidade absoluta Em linha de princípio, cumpre mencionar, mais uma vez, que a previsão legal da incapacidade traduz a falta de aptidão para praticar pessoalmente atos da vida civil. Encontra-se nessa situação a pessoa a quem falte capacidade de fato ou de exercício, ou seja, que esteja impossibilitada de manifestar real e juridicamente a sua vontade. DA PESSOA NATURAL Incapacidade absoluta A partir da entrada em vigor da Lei 13.146/2015, que ratifica a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, somente são consideradas absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos. DA PESSOA NATURAL Incapacidade absoluta “Art. 6.o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I – casar-se e constituir união estável; II – exercer direitos sexuais e reprodutivos; III – exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV – conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V – exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e VI – exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”. DA PESSOA NATURAL Incapacidade absoluta “Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas”. Esse último dispositivo é de clareza meridiana: a pessoa com deficiência é legalmente capaz. DA PESSOA NATURAL Incapacidade absoluta Considerando-se o sistema jurídico tradicional, vigente por décadas, no Brasil, que sempre tratou a incapacidade como um consectário quase inafastável da deficiência, pode parecer complicado, em uma leitura superficial, a compreensão da recente alteração legislativa. Mas uma reflexão mais detida é esclarecedora. DA PESSOA NATURAL Incapacidade absoluta Em verdade, o que o Estatuto pretendeu foi, homenageando o princípio da dignidade da pessoa humana, fazer com que a pessoa com deficiência deixasse de ser “rotulada” como incapaz, para ser considerada – em uma perspectiva constitucional isonômica – dotada de plena capacidade legal, ainda que haja a necessidade de adoção de institutos assistenciais específicos, como a tomada de decisão apoiada e, extraordinariamente, a curatela, para a prática de atos na vida civil. DA PESSOA NATURAL Incapacidade absoluta De acordo com este novo diploma, a curatela, restrita a atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial (art. 85, caput), passa a ser uma medida extraordinária: “Art. 85, § 2.º A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado”. Temos, portanto, um novo sistema que, vale salientar, fará com que se configure como “imprecisão técnica” considerar a pessoa com deficiência incapaz. DA PESSOA NATURAL Incapacidade absoluta Assim, temos que, no vigente ordenamento jurídico, restam como absolutamente incapazes somente os menores de dezesseis anos (menores impúberes).Abaixo desse limite etário, o legislador considera que a pessoa é inteiramente imatura para atuar na órbita do direito. É bom notar que não é correto dizer que apenas as crianças são absolutamente incapazes. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, até os doze anos de idade incompletos considera-se a pessoa criança. DA PESSOA NATURAL Incapacidade absoluta Atenção! Para a relação de emprego, hodiernamente também estão proibidos de qualquer labor os menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendizes (em que se admite o trabalho a partir dos quatorze anos). DA PESSOA NATURAL Incapacidade absoluta Na recente III Jornada de Direito Civil, realizada em novembro/2004 no Superior Tribunal de Justiça, foi aprovado o Enunciado 138, proposto pelo Juiz Federal GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA, ressalvando: “Art. 3.º: 138 – A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3.º, é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento bastante para tanto”, o que se pode mostrar bastante razoável, notadamente em matéria de Direito de Família. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Já o Código Civil de 2002, em seu texto original, considerou incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: a) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; b) os ébrios habituais, os viciados em tóxicos; c) aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; d) os pródigos. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos: A partir do Código Civil de 2002, a maioridade civil passou a ser atingida aos dezoito anos, seguindo uma tendência já firmada em nossa sociedade, no sentido de chamar os jovens à responsabilidade mais precocemente, igualando-a, nesse aspecto, à maioridade criminal e trabalhista. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos: “Na doutrina e na legislação comparada”, prelecionam EUGENIO RAÚL ZAFFARONI e JOSÉ HENRIQUE PIERANGELI, “deparamos com diferentes períodos e ideologias em torno da problemática da embriaguez. (...) Quem fugir da realidade, na maioria dos casos, é quem suporta as piores condições sociais, ou seja, os marginalizados e carentes. O uso de tóxicos visa o rompimento dos freios, ou criar as condições para fazê-lo” DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos (DIREITO COMPARADO): A evolução na disciplina jurídica do mal da embriaguez já era visualizada, há algum tempo, no campo do Direito do Trabalho, pois, embora prevista na Consolidação das Leis do Trabalho como falta grave ensejadora da extinção por justa causa do contrato de trabalho, o seu reconhecimento como patologia vem afastando o rigor da norma legal, se não tiver acarretado prejuízo direto à comunidade. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos (DIREITO COMPARADO): Esta faceta da embriaguez tem sido atenuada, como justa causa, tanto pela doutrina,quanto pela jurisprudência, em vista da evolução dos estudos sobre o alcoolismo como doença, e não como vício social. A embriaguez patológica, normalmente associada a outros distúrbios da saúde, pode ensejar, em cada caso concreto, a suspensão do contrato individual para encaminhamento do empregado à Previdência Social, em lugar de justificar a denúncia do contrato por justa causa. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos: Na mesma linha, os viciados em tóxicos com reduzida capacidade de entendimento são agora considerados relativamente incapazes. Todavia, é preciso analisar o grau de intoxicação e dependência para aferir se haverá efetivamente possibilidade de prática de atos na vida civil, no caso de internamento para tratamento DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. Esta modalidade é uma “novidade” da Lei n. 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência). De fato, as pessoas que “mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade “ foram enquadradas originalmente, pelo Código Civil de 2002, como absolutamente incapazes e o novo diploma converteu aqueles que eram absolutamente incapazes em relativamente capazes. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. OPINIÃO: Sinceramente, não convence tratar essas pessoas, sujeitas a uma causa temporária ou permanente impeditiva da manifestação da vontade (como aquele que esteja em estado de coma) no rol dos relativamente incapazes. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. OPINIÃO: Sinceramente, não convence tratar essas pessoas, sujeitas a uma causa temporária ou permanente impeditiva da manifestação da vontade (como aquele que esteja em estado de coma) no rol dos relativamente incapazes. Trata-se do que convencionamos chamar de “brecha autofágica” DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. OPINIÃO: Primeiramente, é até desnecessário observar que este inciso, mesmo na sistemática anterior, não tratava de pessoas com deficiência, então contempladas no inciso II do art. 3.º do Código Civil, mas, sim, das situações em que determinada causa privasse o indivíduo de exprimir a sua vontade, como se dá na hipnose ou no estado de coma derivado de um acidente de trânsito. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. OPINIÃO: Segundo, sob pena de inversão da lógica de todo o sistema inaugurado – em imaginar haver, nessa hipótese de incapacidade relativa, uma “brecha” para que as pessoas com deficiência ainda fossem consideradas incapazes. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Os pródigos Segundo CLÓVIS BEVILÁQUA, pródigo é “aquele que desor- denadamente gasta e destrói a sua fazenda, reduzindo-se à miséria por sua culpa”. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Os pródigos Segundo CLÓVIS BEVILÁQUA, pródigo é “aquele que desordenadamente gasta e destrói a sua fazenda, reduzindo-se à miséria por sua culpa”. A origem dessa capitis deminutio radica-se no Direito Romano, que, “considerando o patrimônio individual uma copropriedade da família, capitulava como prejudicial ao interesse do grupo familiar a dilapidação da fortuna”. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Os pródigos Trata-se de um desvio comportamental que, refletindo-se no patrimônio individual, culmina por prejudicar, ainda que por via oblíqua, a tessitura familiar e social. Note-se que o indivíduo que desordenadamente dilapida o seu patrimônio poderá, ulteriormente, bater às portas de um parente próximo ou do próprio Estado para buscar amparo. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Os pródigos Por isso a lei justifica a interdição do pródigo, reconhecendo-lhe relativa capacidade. Segundo a legislação em vigor, a interdição do pródigo somente o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, atos que não sejam de mera administração (art. 1.782 do CC/2002). DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Os pródigos ATENÇÃO !!!!! Não suporta restrição, pois, a prática de atos pessoais, uma vez que a sua incapacidade, justificadora da curatela, refere-se apenas a atos que possam diminuir o seu patrimônio. DA PESSOA NATURAL INCAPACIDADE RELATIVA Os pródigos CURIOSIDADE PROCESSUAL !!!!! A legitimidade para promover a interdição encontra-se regulada nos arts. 747 e 748 do Código de Processo Civil, admitindo- se, em nosso sentir, ainda, por força de interpretação sistemática, a denominada “autointerdição”, a teor do quanto dispõe o Estatuto da Pessoa com Deficiência, em sua parte final. A despeito de o Estatuto haver alterado o art. 1.768 do Código Civil, acrescentando a possibilidade de a própria pessoa pleitear a curatela, a revogação deste dispositivo (o referido art. 1.768) pelo CPC remete-nos à conclusão de que a nova previsão deve ser agregada ao rol da própria Lei Processual. DA PESSOA NATURAL Capacidade jurídica dos silvícolas A disciplina normativa da capacidade jurídica dos indígenas, que no CC/1916 mereceu assento entre os relativamente incapazes, passou a ser remetida à legislação especial (art. 4.º, parágrafo único, do CC/2002), que regulará autonomamente a matéria. DA PESSOA NATURAL Interessante notar que a Lei n. 6.001, de 19 de dezembro de 1973 (Estatuto do Índio), considera o indígena, em princípio, agente absolutamente incapaz, reputando nulos os atos por eles praticados sem a devida representação. Ressalva a lei, todavia, a hipótese de o indígena demonstrar discernimento, aliado à inexistência de prejuízo em virtude do ato praticado, pelo que, aí, como exceção, poderá ser considerado plenamente capaz para os atos da vida civil. DA PESSOA NATURAL Capacidade jurídica dos silvícolas OPINIÃO! A constante inserção social do indígena na sociedade brasileira, com a consequente absorção de valores e hábitos (nem sempre sadios) da civilização ocidental, justifica a sua exclusão, no Novo Código Civil, do rol de agentes relativamente capazes. DA PESSOA NATURAL No entanto, não é razoável firmar-se a premissa da sua absoluta incapacidade, como quer a legislação especial. Apenas em hipóteses excepcionais, devidamente comprovadas, deve ser reconhecida a sua completa falta de discernimento, para efeito de obter a invalidade dos atos por si praticados. Assim, acreditamos que a melhor disciplina sobre a matéria é considerar o indígena, se inserido na sociedade, como plenamente capaz, podendo ser invocada, porém, como norma tuitiva indigenista, não como presunção absoluta, mas sim como situação verificável judicialmente. inclusive com dilação probatória específica de tal condição, para a DA PESSOA NATURAL Portanto, havendo o Novo Código Civil remetido a matéria para a legislação especial, parece-nos que o indígena passou a figurar, em regra, entre as pessoas privadas de discernimento para os atos da vida civil (absolutamente incapazes), o que não reflete adequadamente a sua atual situação na sociedade brasileira. DA PESSOA NATURAL Suprimento da incapacidade (representação e assistência) O suprimento da incapacidade absoluta dá-se através da representação por seus pais ou tutores e os enfermos ou deficientes mentais, privados de discernimento, além das pessoas impedidas de manifestar a sua vontade, mesmo que por causa transitória (art. 3.º do CC/2002), por seus curadores. No caso temos uma forma de representação, pois o denominado “REPRESENTANTE” pratica o ato “em nome” do representado EM PROL DOS INTERESSES DESTES. DA PESSOA NATURAL
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