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PEDIATRIA Infecçã� d� Trat� Urinári� - Aul� Medce� Pergunta Norteadora: Quando devemos suspeitar de uma ITU em crianças e como devem ser a investigação e o tratamento? Prevalência No primeiro ano de vida prevalece no sexo masculino devido à infecções neonatais. Na fase neonatal é mais comum observarmos sepse no sexo masculino e, por disseminação hematogenica, temos a infecção de trato urinário. Passada a fase neonatal (principalmente depois de 1 ano), temos uma inversão de prevalência para as meninas, com uma razão de 1 para 10. Etiologia Destaca-se as bactérias do períneo, principalmente a E. coli nas meninas (cerca de 75 a 90%). Nos meninos temos um certo equilíbrio entre E. coli e Proteus. Há uma etiologia viral onde temos ITU como cistite hemorrágica, a cistite hemorrágica por Adenovírus. A ITU pode levar à Insuficiência Renal Crônica se não tratada pelo tempo correto e se não estamos atentos a ela e há repetição por muitos ciclos, levando a lesões renais e, posteriormente, insuficiência renal. Apresentações Clínicas Pielonefrite → Acometimento do parênquima renal Cistite → Infecção limitada à bexiga Bacteriúria Assintomática → Não há de fato uma infecção, há presença de bactérias na urina. Pielonefrite Sinais e sintomas Dor abdominal Febre → ITU com febre sempre há o risco de uma Pielonefrite. Náuseas Vômitos Mal estar geral e prostração Pielonefrite é sinônimo de envolvimento do parênquima renal, o que leva a uma lesão renal e, posteriormente, uma cicatriz pielonefritica. Em casos de repetições, pode-se ter insuficiência crônica. Cistite Sinais e sintomas Disúria → dificuldade para urinar PEDIATRIA Estrangúria → ardência ao urinar Dor suprapúbica Urina com mau cheiro A cistite não causa febre ou lesão renal, sendo menos grave e não demandando grande investigação. Bacteriúria assintomática Mais comum em mulheres, apresentando positividade em urinocultura e sem manifestações clínicas. Não há necessidade de tratamento exceto em gestantes, pois nelas pode haver evolução para uma cistite e pielonefrite. Fatores de Risco Sexo feminino → Uretra mais curta e mais próxima do ãnus Treinamento ao toalete → má higienização e limpeza da direçãoo anal-vaginal. Anormalidades anatômicas Refluxo vesicoureteral Bexiga neurogênica Atividade sexual em mulheres Constipação → fator mecânico leva a uma compressão do sistema urinário. A constipação aponta para uma dificuldade de controle esfincteriano, o que acena para problemas urinários. Patogênese Infecção ascendente na maioria das vezes no período pós neonatal, sendo raramente disseminação hematogênica. Bactérias com fímbrias p têm uma maior tendência de causar pielonefrite, uma vez que são capazes de realizar as aderências no urotélio e ascender até os rins. Essas bactérias são capazes de hemolisar o sangue do subtipo p. Diagnóstico O diagnóstico da ITU depende de dois exames somados. EAS (Urina I) → mostrando alteração inflamatória (leucócito, cilindro leucocitário, nitrito, etc.) Urocultura → Indicando o isolamento de uma única bactéria, colhido de maneira adequada e apresentando pelo menos 50.000UFC/mL Urinocultura Forma de coleta Jato médio → crianças maiores Saco coletor → usado muito na pediatria, principalmente em lactentes. Geradores de problemas pois, por mais que você faça a limpeza de maneira adequada, ainda há um valor. O grande valor é o seguinte: É dado todas as oportunidades para contaminação por bactérias da pele, portanto, se negativo, podemos confiar. PEDIATRIA Se urina colhida de saco coletor, mesmo que apresente todos os critérios (uma bactéria, acima de 50.000UFC/mL), ainda apresenta grandes chances de contaminação, sendo que, a princípio, será descartado. Sendo assim, coleta de urina em lactentes que ainda não tem controle sobre a urina é, normalmente, via punção suprapúbica ou cateterismo vesical, sendo mais confiável. Contaminação Semeadura precoce → ainda na primeira hora Geladeira Pielonefrite Quando há pielonefrite com febre há vantagens em colher hemocultura, uma vez que pode haver associação com sepse. Esse exame pode indicar o agente causador da infecção. Tratamento - Cistite Geralmente tratado com antibióticos orais, uma vez que temos um amplo espectro. Amoxicilina com Clavulanato Sulfadiazina Ciprofloxacino Eliminação renal, de maneira que a sua concentração ideal na urina auxilia na eficácia do tratamento de ITU. Tratamento - Pielonefrite O grande questionamento é sobre a necessidade de internação. Essa necessidade é relativa, podemos tentar o tratamento com antibiótico oral, porém, é necessário que o pct esteja em BEG, não estar toxêmico, acima de 2 meses. Caso contrário ou associada a outras condições, essa criança ficará internada para tratamento. Estudos de Imagem USG → Diante da primeira ITU com febre já há a indicação para solicitação do exame. Fundamental diante pielonefrite Cintigrafia renal com DMSA → Melhor exame para mostrar cicatrização pielonefrítica → atenção com infecções com febre com repetição Uretrocistografia Miccional → bom exame, indo pela uretra, alcançando bexiga e jogando contraste, observando se há refluxo para ureter. Partimos para esse exame a partir de uma segunda ITU com febre. Se o USG mostrar alteração no primeiro caso de ITU com febre, podemos partir para a uretrocistografia miccional. Urografia Excretora → muito utilizado antigamente para definição de problemas anatômicos Cistoscopia → na realidade pouco ajuda na ITU Academia Americana de Pediatria - Clinical Practice Guideline Manejo inicial de crianças com ITU e febre entre 2 e 24 meses Recomendação 1 PEDIATRIA Antibiótico para lactente com febre sem foco → pelo risco de apresentar uma ITU, recomendável colher urina antes da 1ª dose de forma adequada (PUNÇÃO SUPRAPÚBICA OU CATETERISMO VESICAL CASO NÃO SEJA POSSÍVEL JATO MÉDIO) Recomendação 2 Febre sem foco e sem necessidade de uso imediato de antibiótico → avaliar a probabilidade de ITU. Se tiver alta probabilidade, teste a urina nesse momento. Menina → menos de um ano com quadro febril com temperatura maior de 39°C há pelo menos 48 horas e ausência de outra fonte de infecção Menino → O maior fator de risco é se tem ou não circuncisão, sendo que não circuncidado tem 4 a 20X mais risco de desenvolver ITU; temperatura maior de 39°C, febre a mais de 24 horas e ausência de outra fonte de infecção Testagem de urina com duas opções: 1. Cateterismo vesical ou PSP para cultura 2. EAS com qualquer forma de coleta e, em caso de leucocitúria, nitrito + ou bacteriúria → realizar passo 1. Recomendação 3 Para o diagnóstico serão necessárias → Uroanálise com piúria ou bacteriúria + cultura mostrando no mínimo 50.000 UFC/mL de um único patógeno, em urina colhida por cateterismo ou PSP. Recomendação 4 Via de administração do antibiótico Pode ser via oral ou parenteral, ambulatorial ou internado, dependendo da aceitação da criança para sua eficácia. O tratamento deve durar de 7 a 14 dias Recomendação 5 ITU com febre Exame de imagem → Obrigatório no primeiro caso o pedido de USG renal e de vias urinárias. Uretrocistografia miccional após a 1ª ITU febril se alteração no USGe após a 2ª ITU febril com certeza. Recomendação 6 A uretrocistografia miccional não deve ser rotina após a 1ª ITU febril Indicada em caso de alterações no USG renal Indicada após a 2ª ITU febril Recomendação 7 PEDIATRIA Instrução aos pais após a 1ª ITU febril → alertar sobre quadros febris ao profissional de saúde para iniciar tratamento precoce, questionando a quimioprofilaxia precoce para refluxo vesicoureteral. Refluxo Vesicoureteral Fluxo retrógrado de urina da bexiga para o ureter e a pelve renal → facilita lesão renal por levar bactérias. Nefropatia do refluxo → HAS e Insuficiência Renal Crônica A classificação é feita com exame de imagem: I. Não há preenchimento total do ureter II. Vai até a pelve renal III. Vai até a pelve e há dilatação do ureter e da pelve IV. Além da dilatação anterior há uma discreta tortuosidade V. Grande tortuosidade com perda de parâmetros anatômicos *Resolução espontânea *Fatores favoráveis à resolução → unilateral e detecção precoce *Dificilmente há resolução espontânea, sendo necessária uma intervenção cirúrgica. Tratamento do RVU Tem por objetivos → evitar pielonefrite e evitar lesões renais Manejo pode ser clínico (ATB profilático) ou cirúrgico. Dentro do manejo de intervenção, temos a correção endoscópica do refluxo antes da cirurgia → injeção de substância na área de junção vesicoureteral para auxílio de fechamento do canal com contração vesical. PEDIATRIA Afogament� e� Pediatri� - SBP Afogamento → Processo que resulta em comprometimento respiratório pela aspiração de líquido, que ocorre por submersão ou imersão da vítima. Submersão → corpo todo Imesrsão → vias aéreas O afogado pode não sobreviver ou sobreviver: ● Sem sequelas ● Com sequelas O ano de 2002 foi um ano importante por conter o congresso mundial de afogamento na Holanda, em que alguns termos foram abandonados e outros adotados Termos abandonados: ● Afogamento seco X molhado → como em casos de aspiração líquida pode haver laringoespasmo, supunha-se que a pessoa poderia morrer com esse laringoespasmo sem necessáriamente haver aspiração líquida. Caiu por terra, uma vez que mesmo que tenha laringoespasmo, há hipóxia e posterior relaxamento com aspiração líquida. ● Afogamento primário X secundário → primário (entrei na piscina e me afoguei) e secundário (sofri um acidente, bati a cabeça, caí na agua e me afoguei) ● Quase afogado → sobrevivia até 24h do evento Termos adotados ● Afogado → aspirou líquido não corporal por imersão ou submersão ● Resgate → retirado da água sem sinais de aspiração ● Já cadáver → sem chances de iniciar a ressucitação O afogamento é um problema mundial, havendo uma mortalidade importante em todos os países do mundo, principalmente nos mais pobres. Há mais de 370.000 mortes/ano, havendo muita subnotificação em vários países. Na sua definição, não inclui morte por afogamento intencional, afogamento em catástrofes como inundações e acidentes no transporte aquático. Na pediatria é um acidente importante de caráter bimodal, havendo um primeiro pico em crianças de 1 a 3 anos e um segundo pico entre adolescentes de 15 a 19 anos. Em ambos os picos há predomínio do sexo masculino (3:1 entre crianças e 6:1 em adolescentes) Fatores de risco: menores de 14 anos, inabilidade para nadar, falta de cercas na piscina e de supervisão adequada, uso de álcool e/ou drogas, condições médicas como epilepsia, arritmias (incluindo síndrome do QT longo), cardiomegalias, PEDIATRIA doença arterial coronariana, doença cerebrovascular, diabetes mellitus, autismo e depressão. No Brasil, no ano de 2019 tivemos mais de 5.000 óbitos e mais de 100.000 afogamentos não fatais, sendo a segunda causa de óbito entre crianças de 1 a 4 anos e terceira causa na idade de 10 a 19 anos. É uma condição com morbidade preocupante, com cerca de 10% podendo evoluir para coma vegetativo persistente. A criança cai na água e faz movimentos com os braços tentando desesperadamente se manter na superfície, sendo um processo que gasta muita energia, sendo o motivo que crianças menores muitas vezes não conseguem e já ficam com o rosto voltado para a água. A criança submerge, fazendo uma apnéia voluntária com deglutição, emergindo até que não é mais possível emergir e há um quadro de aumento de PCO2, levando ao reflexo respiratório embaixo da água, promovendo laringoespasmo e aspiração, caracterizando o afogamento. Pulmonar A partir do momento em que entra líquido no pulmão temos a destruição de surfactante, independentemente se for água doce ou salgada. A água doce interrompe o funcionamento do surfactante e possui uma função citotóxica para pneumócitos 2 (produtores de surfactante). A água salgada, por sua vez, promove uma lavagem do surfactante por causar edema alveolar. Sendo assim, teremos um quadro de atelectasia com queda de complacencia e alterações da ventilação/perfusão, levando a um quadro de hipóxia e acidose. Pequenas aspirações, como a de 1-3ml/Kg já são capazes de causar grandes alterações gasosas, com formação de atelectasia, diminuição da complacencia, shunt, edema pulmonar não cardiogenico, alveolite e BCE (broncoespasmo). Com a evolução desses acometimentos, podemos ter SARA. A pneumonia infecciosa não é comum, sendo que pensaremos nela em casos de submersão em agua doce parada e quente, esgotos a céu aberto e de corpos estranhos, como vômitos e areia. Circulatório Do ponto de vista circulatório, temos que ao cair na água temos uma ativação do sistema simpático com hipertensão e taquicardia inicial. Conforme evolução de hipóxia, acidose e hipotermia, temos uma falencia desse quadro inicial, evoluindo para uma bradicardia, hipertensão pulmonar e diminuição do débito cardíaco e, classicamente, com atividade eletrica sem pulso culminando em assistolia. Podemos ter arritmias cardíacas em situações em que haja estímulos simpáticos e parassimpático simultaneamente (conflito autonomico). PEDIATRIA Sistema Urinário A maioria dos casos de afogamento ocorre em água com temperatura mais baixa do que a corpórea, levando à hipotermia. Hipotermia + aumento da pressão hidrostática leva a um aumento da diurese e, com isso, uma hipovolemia. Sistema Nervoso Geralmente temos uma perda de consciência em cerca de 2 minutos e lesões irreversíveis com cerca de 5 minutos. Com o déficit de oxigenio local temos uma diminuição do metabolismo energético, depleção de ATP, perda da neurotransmissão sináptica, estresse oxidativo, deterioração do gradiente iônico, apoptose, autofagia e necrose dos neurônios. Além desse quadro inicial, podemos ter complicações como reperfusão, edema cerebral, hiperglicemia, convulsão, hipotensão, etc; piorando essa encefalopatia primária e podendo levar à morte. Outras alterações Alterações eletrolíticas geralmente não ocorrem, pois seria preciso muito volume para isso → em crianças pequenas pode ocorrer por deglutição Insuficiencia Renal em criança não é comum e, quando ocorre, é por necrose tubular → em quadros mais graves podemos observar insuficiência hepática, coagulopatia e hemólise. A hipotermia primária é protetora , porém, a secundária será, com certeza,danosa. TRATAMENTO Cadeia de Sobrevivência do Afogamento 5 elos: ● Prevenção ● Reconhecimento do afogamento e acionamento do serviço de emergencia ● Ofertar flutuação para evitar submersão ● Remover da água de forma segura ● Suporte básico e avançado de vida Em caso de vítima consciente: ● Fornecer instruções de autossalvamento ● Tentar remover a vítima sem entrar na água (usando uma vara ou corda para ajudar o afogado) ● Entrar na água se for seguro a você e use algum material flutuante. Em caso de vítima inconsciente: ● Iniciar a ventilação na água aumenta a chance de sobrevivencia ● Só para indivíduos treinados e com auxílio de flutuação ou águas rasas. PEDIATRIA Lesão Raquimedular ● Não tão comum, sendo pensável em: ● Afogamento em local raso ● Politrauma ● Mergulho de altura ● Esportes radicais ● Dor em coluna vertebral ● Trauma craniano ou facial Indicações ● Fora da água e em decúbito dorsal, consciente e respirando → posição de recuperação do lado direito. ● Em casos de inconsciencia e falta de respiração → alguém com treinamento faz ventilação boba-boca ou boca-nariz → 5 respirações de resgate → caso pulso central, continuar com ventilação → ausencia de pulso indica compressão torácica 30:2 com indicação de DEA. Indivíduos leigos podem fazer apenas compressões ● Compressões até o indivíduo voltar, exaustão ou chegada de socorro Com socorro Suporte Avançado de Vida - Extra Hospitalar PEDIATRIA Suporte Avançado de Vida - Intra Hospitalar No pronto socorro podemos ventilá-lo mecanicamente, porém, lembrando que é um pulmão de SARA, ou seja, mais delicado. Demanda um volume corrente menor do que 6 mL/kG. O PEEP será dado em início alto (7-8 mmHg), titulando posteriormente. Sempre iniciando com uma FiO2 de 100% e com uma FR adequada para idade. Não devemos dar antibiótico profilático salvo em casos já comentados Não devemos fazer uma hipotermia induzida em afogamentos mesmo tendo uma parada ou pós parada → evitaremos hipertermia ou hipotermia muito importante, podendo manter hipotérmico sem induzir. Em situações gravíssimas, colocar crianças em ECMO ou o uso de surfactante não mostrou muita melhora. Independente de qualquer coisa, devemos ter um cuidado neurointensivo desde o pronto socorro, evitando a piora e visando um melhor prognóstico considerando aquilo que vimos em efeitos neurológicos. Prognóstico O prognóstico está relacionado com o tempo de submersão 1. Recuperação total (neurologicamente intacto) 2. Comprometimento neurológico ] 3. Estado vegetativo persistente 4. Morte São fatores associados a um mau prognóstico em crianças: ● Submersão prolongada (mais de 10 minutos) ● Esforços de ressuscitação prolongados ● Falta de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) iniciada por espectador PEDIATRIA Prevenção ● Criança possui uma fascinação por água ● Piscinas cercadas por grades de, no mínimo 1,5m, nos 4 lados e que não seja escalável ● Dispositivos de sensor de movimentação na água ● Cobertura na piscina não tem eficácia comprovada ● Qualquer outro reservatório de água possibilita afogamentos ● Deixar baldes secos e fora de alcance das crianças ● Não deixar crianças no banheiro sozinhas ● Aulas de natação acima dos 4 anos de idade ● Sistemas anti aprisionamento nos ralos de piscinas ● Supervisão direta de até um braço de distância ● Bóias tipo colete salva-vidas ● Em águas naturais → salva-vidas com treinamento, nunca nadar sozinho, não ingerir ou consumir bebidas e drogas ● Disseminação da RCP a todos PEDIATRIA Transtorn� d� Espectr� Autist� - Sanarfli� Definição O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento diagnosticado em crianças menores de 3 anos, com uma prevalência global de 1% da população e 4x mais comum em meninos. No TEA temos um prejuízo na comunicação e interação social, padrões restritos e repetitivos de comportamento e de interesses, sendo que em geral temos uma criança com dificuldades em lidar com alterações da rotina e que brinca de uma forma incomum É um espectro autista, ou seja, engloba transtornos antes chamados de autismo infantil precoce, autismo de alto funcionamento, desordem evasiva do comportamento, desordem desintegrativa da infância e transtorno de Asperger, sendo que são diferentes gravidades. Etiologia Existe uma base genética para o TEA, acontecendo de 60 a 90% dos gêmeos monozigóticos e 0% dos gêmeos dizigóticos. Os genes mais envolvidos estão localizados nos cromossomos 7 e 15 e é o motivo do TEA poder estar presente em síndromes que também ocorrem nesses cromossomos, como Síndrome de Prader-Willi e Síndrome de Angelman. Existem também fatores ambientais para o TEA, como idade parental avançada, baixo peso ao nascer e exposição fetal ao ácido valpróico. NÃO existe relação com a imunização com tríplice viral (SCR) Fisiopatologia Geralmente no TEA há um aumento anormalmente rápido do PC dos 2 aos 14 meses de vida, sendo que nos 2 primeiros anos de vida é um período crucial para o desenvolvimento cerebral (crescimento neuronal para formação de sinapses e mielinização). Existe um aumento de volume do cerebelo, telencéfalo e do corpo amigdalóide. existe também um subdesenvolvimento com aparecimento de circuitos anormais nessas áreas. Quadro clínico - DSM-V Para diagnósticas TEA precisamos de déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos, associados a pelo menos 2 padrões restritos e repetitivos de comportamento e interesses, presentes precocemente (primeiros 3 anos de vida) e que causem prejuízo significativo no funcionamento PEDIATRIA social. É importante que esses déficits não sejam explicados por deficiência intelectual ou atraso global do desenvolvimento. Comunicação e interação social Podemos identificar esses déficits em diferentes domínios Reciprocidade sócio emocional: essa criança possui uma abordagem social anormal, em que não há uma troca de informações, tendo dificuldade em manter essa interação social normal Manutenção de relacionamentos: Dificuldade em fazer amigos e em ajustar seu comportamento para o contexto Comunicação não verbal: Contato visual anormal e ausência de expressões faciais Padrões restritos e repetitivos Movimentos e falas estereotipados: Estereotipias motoras e frases idiossincráticas (frases utilizadas em situações não habituais e que se tornam inexplicáveis para a pessoa que está ouvindo) Interesses fixos e restritos: apego com objetos incomuns, brinca apenas com objetos de uma cor ou come só uma cor Insistência em padrões de comportamento: sofrimento com pequenas mudanças e rituais de saudação Hipo/hiper reatividade a estímulos sensoriais: Podemos ter fascinação com luzes, irritação com barulhos altos, etc. Especificadores O paciente tem o suficiente para fazer o critério diagnóstico de TEA, sendo que não é todo paciente que tem a mesma gravidade, sendo assim, podemos graduar de nível 1 a 3 de acordo com a necessidade de apoio necessário, sendo o 1 aquele paciente que quase não necessita de apoio e 3 aqueles que dependem muito de auxílio para realizar AVD. Além disso, os pacientes com TEA podem ter comorbidades, como comprometimento intelectual e comprometimentode linguagem. Além disso, podemos ter a associação com outras doenças, como Síndrome de Down, Síndrome do X-frágil, Síndrome alcóolica-fetal e Esclerose tuberosa. Como o prognóstico desses pacientes é muito melhor com diagnóstico e início de terapêuticas precoces, é importante que não esperemos chegar a um fechamento de diagnóstico para realizar tratamento e que façamos uma triagem nos primeiros meses de vida. M-CHAT-R Esse instrumento é validado para crianças de 16-30 meses de vida, sendo recomendado como triagem universal, mesmo que sem sinais alarmantes, entre 18-24 meses de vida. PEDIATRIA É um questionário online, que será aplicado pelo pediatra e respondido pelos responsáveis, contendo 20 perguntas de sim ou não. Ao final das perguntas há uma pontuação de risco para a presença de autismo. Baixo risco - 0-2 pontos - Seguimento da rotina - Se aplicado em crianças menores de 24 meses recomenda-se que haja repetição aos 24 meses Alto risco - 8-20 pontos - Recomenda-se encaminhamento direto para neurologista para avaliação diagnóstica e avaliar intervenção Risco moderado - 3-7 pontos - Aplicar M-CHAT-R/F (segunda fase do questionamento, onde iremos detalhar sobre os pontos que deram alto risco) - Abordando em mais detalhes teremos uma nova pontuação, sendo que de 0-1 ponto temos baixo risco e a partir de 2 pontos temos um alto risco. Diagnóstico O diagnóstico é clínico pelos critérios do DSM-V, porém, é possível encontrar algumas alterações em exames físicos, como macrocefalia (macrocefalia isolada não indica necessidade de avaliação complementar, apenas com presença de déficits) e dismorfismos (associação com outras síndromes). Além disso, podemos ter suspeita se a criança não tem problemas de audição, pois esses problemas também podem gerar atraso na fala e cognição. Tratamento Uma vez identificada o TEA, devemos iniciar a terapia cognitiva comportamental intensiva, com pelo menos 40 horas semanais e, idealmente, iniciar antes dos 3 anos. Essa terapia traz uma melhora da função social, melhora do desenvolvimento de linguagem e ameniza comportamentos inadequados. Lembra-se que o TEA pode ter associação com outros transtornos do desenvolvimento, por exemplo, TEA + Hiperatividade - Medicação com metilfenidato. Prognóstico O TEA não é um transtorno degenerativo, podendo evoluir em ganhos em interação social e melhora dos padrões restritos e repetitivos de comportamento durante terapia. Em geral, os sintomas são piores na primeira infância, sendo que uma minoria dos diagnosticados irão desenvolver e ser independentes na vida adulta. Logo, a presença de deficiência intelectual e comprometimento de linguagem indica pior prognóstico. A idade de início do diagnóstico e tratamento também é um fator determinante no prognóstico. #Vam�sAprofunda�? No paciente com TEA, temos padrões restritos e repetitivos, prejuízo na comunicação e interação social, dificuldade em lidar com alterações da rotina e um PEDIATRIA brincar de forma incomum. Esses fatores associados, geralmente, trazem um prejuízo no funcionamento social da criança. Sinais de Alerta no 1° ano de vida Por mais que seja um período em que a criança ainda é muito nova, muitos ainda sem falar, já é possível observar alguns padrões de alerta para o TEA. Um dos sinais de alerta é o atraso na aquisição do sorriso social, que se inicia há cerca de 4 meses de idade, sendo que o aparecimento e posterior perda é uma preocupação. Outros sinais de alerta são a ausência de ansiedade com ausência dos pais, olhar não sustentado/ausente e preferência por dormir sozinho (choro inconsolável ao ser ninado). Fatores de risco Sexo masculino, questões genéticas, baixo peso ao nascer e idade parental avançada. (Baixo peso ao nascimento entre 1.500 e 2.500g). Diagnóstico O diagnóstico é dado pelo DSM-V, sendo difícil de fechar com a baixa idade, sendo recomendado um acompanhamento próximo. A Macrocefalia também é um fator apresentável ao exame físico. Em questões de ausência de comunicação e interação social, é importante avaliar a audição com pedido de PEATE. DSM-V traz como diagnóstico a presença de: Déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos Associados a pelo menos 2 padrões restritos e repetitivos: Comunicação e interação social Padrões restritos e repetitivos Reciprocidade sócio-emocional Movimentos ou falas estereotipadas Comunicação não-verbal Insistência em rotinas Manutenção de relacionamentos Interesses fixos ou restritos Hiper/hipo reatividade a estímulos sensoriais Tratamento O tratamento é baseado na Terapia Cognitiva Comportamental de maneira intensiva (40 horas semanais) e com início antes dos três anos de idade. Essa terapia melhora a função social e o desenvolvimento da linguagem. O uso de medicamentos será aplicado apenas se houver necessidade de amenizar comportamentos inadequados (automutilação, hiperatividade, etc.) PEDIATRIA Síndrome de Asperger Essa síndrome está dentro do espectro do autismo, antigamente sendo chamada de autismo de alto funcionamento, uma vez que são pacientes que possuem TEA (apresentam comunicação e interação social comprometidos e padrões restritos e repetitivos), porém, com ausência de comprometimento cognitivo, se dando muito bem ao encontrar um nicho de interesse. PEDIATRIA Traum� Pediátric� - Medce� #QuestãoInicial Quais são as principais características das crianças que influenciam no atendimento inicial do politraumatizado? A sequência de exames primários e secundários é a mesma de pacientes adultos, porém, há algumas peculiaridades anatômicas e fisiológicas em crianças que precisam ser levadas em consideração. A principal causa de óbito entre 1 e 15 anos é o trauma externo, como traumas fechados, queimaduras, afogamentos e maus-tratos. Mecanismo Padrão de Lesões Atropelamentos Fraturas de membros/trauma múltiplo Colisão de veículo Trauma múltiplo por ejeção Trauma de tronco e TRM (cinto) Queda da altura Fratura de membros, TCE e traumas múltiplos Queda de bicicleta TCE e facial, fratura de membros, lesão intra-abdominal Diferença da criança em relação ao adulto Característica Efeito pós-trauma Menor massa corpórea Maior energia transmitida - maiores lesões Maior superfície corpórea/peso Perda mais rápida de calor Esqueleto mais flexível Maior energia para causar fraturas Estado psicológico Maior estresse, menor colaboração e dificuldade de comunicação Menor volume sanguíneo Menor tolerância à hipovolemia (descompensação muito rápida) Maior exigência metabólica Resposta metabólica ao trauma exacerbada PEDIATRIA Fases de crescimento Possibilidades de lesões interferem no crescimento Propensão à aerofagia Maior risco de aspiração e distensão gástrica Menor diâmetro de via aérea Maior risco de obstrução, maior dificuldade de intubação Suturas cranianas incompletas Resposta diferente nos TCE graves Sistema imune imaturo Maior risco de infecção pós-esplenectomia Sinais vitais no paciente pediátrico IDADE PESO (Kg) FC (bpm) PA (mmHg) FR (irpm) DÉBITO URINÁRIO (mL/KG/m) 0 - 6 meses 3 a 6 180 a 160 60 a 80 60 2 Lactente 12 160 80 40 1,5 Pré-escolar 16 120 90 301 Adolescent e 35 100 100 20 0,5 Fita de Broselow É um dispositivo muito interessante, porém pouco usado atualmente, usado por socorristas não pediátricos para estimar a relação entre peso e altura. PEDIATRIA Escore de Trauma Pediátrico PTS Quase sempre é preciso quantificar a gravidade das lesões através de scores pediátricos (PTS), que dá uma série de fatores fisiológicos e anatômicos com uma pontuação. Escore menor de 9 = maior risco de óbito - criança com necessidade de um centro especializado. Cerca de 5 a 10% dos pacientes possuem um score < 9. Alguns parâmetros são: Tamanho, Vias Aéreas, Pressão Arterial Sistólica, Pulsos (se não houver medida de PAS), Estado do SNC, Feridas Abertas e Lesão Esquelética. A pontuação vai de -6 a +12. Especificidade no Atendimento A - Vias Aéreas Mais anteriorizada, curta, com estectura (mais fácil de obstruir) e mais difícil de entubar (não precisa de cuff). Como o PC em relação ao corpo é maior, necessita-se de um coxim debaixo da criança para retificar a via aérea, uma vez que sua tendência é manter uma certa flexão prejudicial para a proteção da coluna cervical. Laringe é mais alta e anterior, a traqueia é menor. Devemos buscar uma posição de “cheirar” (coxim debaixo do ombro); também devemos aspirar, retirar corpos estranhos e posicionar. Crianças traumatizadas também merecem um oxigênio suplementar. A cânula de Guedel precisa ser colocada com o auxílio de uma espátula, não colocando voltado para cima por risco de lesão no palato. A via aérea avançada na criança não necessita de cuff e o tamanho da cânula pode ser o mesmo diâmetro do quinto dedo da mão ou das narinas. Eventualmente, precisaremos permeabilizar uma via aérea com drogas, sendo que a dose é específica para crianças, sendo de acordo com o peso. Crianças menores de 1 ano merecem ser submetidas a doses de atropina (0,1 a 0,5mg) por muita secreção. Precisamos preparar dispositivos, checar aspirador, tubo e materiais para via aérea cirúrgica assim como nos adultos, depois pré-oxigenar e fazer as drogas. Se eu preciso fazer um relaxamento muscular a Succinilcolina é recomendada em doses de 2mg/kg em crianças menores de 10 quilos ou 1 mg/kg em peso superior. O Etomidato e o Midazolam serão utilizados como hipnóticos de acordo o estado volêmico do paciente. Hipovolêmico - 0,1mg/kg ou 0,1mg/kg de midazolam Em normovolêmicos a dose é de 0,3mg/kg de etomidato A intubação nasotraqueal é contraindicada em idade inferior a 12 anos por risco de lesão de partes moles. A cricotireoidostomia (cirúrgica) é contraindicada em menores de 12 anos por risco de estenose. A cricotireoidostomia por punção na membrana pode ser feita por agulha da mesma forma de um adulto (fluxo de 4x1 da mesma forma que adulto, lembrando que a hipercapnia é de até 40 minutos). B - Ventilação PEDIATRIA Quando falamos em ventilação, nos referimos ao trato torácico na criança, sendo que a hipoventilação é uma importante causa de óbito e que 10% dos traumas comprometem o tórax. A maioria são traumas fechados e quando houver necessidade de drenagem, seja por pneumotórax e hemotórax, devemos fazer com drenos de menor calibre compatíveis com o espaço intercostal da criança. Em casos de pneumotórax hipertensivo temos que no adulto a punção é no quinto espaço intercostal anteriormente à linha axilar média, porém, em crianças fazemos a punção no segundo espaço intercostal na linha hemiclavicular. C - Circulação A criança possui volume sanguíneo menor que o adulto, porém, possui mecanismos de compensação desacerbados. Logo, dizemos que a reserva fisiológica na criança é aumentada, sendo que os sinais vitais podem ser mantidos mesmo em gravidade, porém, se a criança possui perdas maiores de 25% do seu volume sanguíneo há o aparecimento de sinais de choque. A reposição volêmica é feita por punção periférica, porém, algumas vezes não conseguimos uma punção periférica adequada e a punção femoral é cheia de complicadores, como a trombose. Sendo assim, em crianças menores de 6 anos é possível utilizar a punção intra óssea após 2 tentativas de punção periférica. A punção intra óssea permite a infusão de solução cristalóide, sangue, medicamentos e fármacos vasoativos. Quando fazemos a punção, para certificar a localização podemos aspirar, sendo amarelado (medula) ou sangue. O volume sanguíneo da criança é de cerca de 80mL/Kg, sendo que, quando é necessário uma reposição volêmica em crianças, assim como em adultos, iniciamos com a aplicação de cristalóides em uma dose de 20mL/Kg em bolus. A décima edição do ATLS vem mudando as repetições do cristaloides devido aos malefícios do excesso de cristaloides, sendo que era indicado repetição em 3 vezes (60mg/Kg), logo, tem a indicação do bolus e, segundo a necessidade, fazer a introdução de sangue e hemoderivados. O concentrado de hemácias (perda de mais de 25%) é indicado em 10 mL/Kg, assim como o plasma. A reposição plaquetária é empírica. O débito urinário é a melhor maneira de mensurarmos se um tecido foi perfundido, sendo preciso atingir 1mL/Kg em maiores de 1 ano e 2 mL/Kg em menores de 1 ano. PEDIATRIA Na circulação também temos uma representatividade muito grande do local do trauma, sendo preciso avaliar se o trauma foi tóraco-abdominal-pelve ou um sangramento externo. Quando pensamos em trauma abdominal, pensamos em sangramento, porém, a criança possui uma grande capacidade de vísceras sólidas, logo, há uma grande possibilidade de tratamento não operatório, que deve ser perseguida desde que o paciente esteja estável hemodinamicamente. Medidas auxiliares: ● Sonda nasogástrica (orogástrica no lactente) ● Sonda vesical (<15Kg sem balonete) ● Lavado peritoneal (10 mL/Kg até 1000mL) ● Ultrassom FAST Lesões mais comuns em crianças que em adultos Hematoma do Duodeno Queda de bicicleta Parede abdominal mais delgada Possibilidade de tratamento clínico Lesões do Delgado Lesões próximas do ângulo de Treitz (alça fixa) com avulsão de mesentério Ruptura de Bexiga Lesões devido a menor profundidade da pelve Órgãos Parenquimatosos (fígado, baço e rins) Trauma fechado Possibilidade de lesão em 2 tempos (baço - sangra, faz hematoma e fica instável até que, de repente, rompe o hematoma) D - Estado Neurológico Uma criança que já se comunica, a escala de coma de Glasgow já é semelhante ao do adulto, porém, na criança que ainda não fala precisamos adaptar essa escala. Glasgow abaixo de 8 indica TCE grave. Preocupação com aumento da pressão intracraniana e o objetivo de evitar lesão secundária é semelhante ao TCE do adulto. Trauma de crânio As convulsões são mais comuns, sendo a maioria autolimitada (uso de anticonvulsivante) PEDIATRIA Menor tendência a lesões focais (como hematoma subdural, epidural e intracerebral) Hipertensão intracraniana com maior frequência Lactentes possuem suturas abertas, logo, comportam volume (choque), tolerando melhor as lesões expansivas. Lesão Raquimedular Os ligamentos são mais flexíveis, sendo comum pseudoluxação (no raio X de perfil observa-se uma anteriorizaçãode C2-C3 em menores de 7 anos, uma vez que não há o seguimento das linhas do adulto). E - Exposição e Prevenção à Hipotermia Crianças têm maior possibilidade de perda de calor, sendo necessário agasalhamento Fraturas possuem um diagnóstico mais difícil por ser mais flexível. É comum uma fratura em “galho verde”, que lesa apenas uma cortical. É comum também uma fratura por impactação chamada Torus. Síndrome da Criança Espancada (Síndrome de Caffey) Caffey relatou hematomas subdurais crônicos para crianças que são chacoalhadas, porém, a Síndrome de Caffey virou sinônimo para Síndrome da Criança Espancada. PEDIATRIA #Pegadinha Qual é a conduta em uma criança estável hemodinamicamente que apresenta trauma abdominal e o ultrassom mostrou líquido na cavidade abdominal? Semelhante aos adultos, sendo que se a criança está instável há indicação para laparotomia e, se estável, há indicação para tentativa de tratamento não operatório da lesão abdominal, sendo necessário excluir lesões de órgãos ocos, peritonite e monitorizar a criança. Neste caso, para mapear as lesões e graduar a gravidade das lesões é essencial uma tomografia. PEDIATRIA Supo�t� Básic� d� Vid� - Medce� #PerguntaInicial Como deve ser feito o BLS em pediatria (com ênfase na abordagem pré-hospitalar) Corrente de Sobrevivência São componentes da cadeia a prevenção, a ressuscitação básica e a comunicação com serviços de Emergência (193) Prevenção Em relação aos acidentes, temos: Carro: A criança pequena nos carros deve utilizar cadeirinha, sendo que os menores de 10 Kg, por sua desproporção corpo/cabeça, deve utilizar uma cadeirinha virada para o vidro traseiro, evitando, assim, ser propulsionada para o vidro dianteiro do carro em casos de batidas. Bicicleta: utilizar equipamentos de proteção Queimaduras: A maioria dos acidentes com queimaduras ocorre na cozinha doméstica Afogamento: Utilização de cercas ao redor da piscina, uma vez que a criança tem certo tropismo pela água Armas de Fogo: O ideal é não ter, porém, se tiver, que esteja guardada em um local seguro e longe do alcance de crianças. Síndrome da Morte Súbita do Lactente Como fatores de risco, temos: Dormir em posição prona (o maior perigo), travesseiros grandes e fumantes em casa. Dormir em posição supina é a ideal. Em casos de DRGE, dormir com a barriga para baixo seria melhor, porém, entre uma morte súbita e uma broncoaspiração, prefere-se a manutenção da posição supina com elevação da cabeceira do leito. A posição prona é ótima para o desenvolvimento motor, porém, quando a criança estiver desperta e sob supervisão do responsável Em 1992 iniciou-se a campanha Back to sleep, responsável pela redução de 40% da mortalidade. Na grande maioria das vezes, ao colocarmos um bebe em posição pronada ele levantará a cabeça e rotacionar para a lateral. Porém, em alguns casos isso não ocorrerá, fazendo com que o bebe reinale o gás carbônico e a hipercapnia e hipóxia levará a uma parada respiratória e à morte. Faixas etárias Lactentes: Pacientes menores de 1 ano de idade Crianças: Pacientes maiores de 1 ano de idade PEDIATRIA Sequência do SBV Checar a resposta - Se não houver um trauma que evidencie uma lesão raquimedular, podemos tocar ao paciente para verificar a resposta. Em casos de respiração espontânea e sem indícios de trauma, posicionamos a criança em uma posição de recuperação. (Imagem abaixo) Na ausência de resposta, iniciaremos o CAB da reanimação e contactar socorro, sendo que a prioridade será a reanimação e ventilação (uma vez que o principal causador de parada é hipóxia), logo, devemos realizar 2 minutos de reanimação antes de contactar o socorro. Saída salomônica: graças ao celular, faça simultaneamente com o viva voz. C - Circulação A checagem de pulsos deve ser feita em menos de 10 segundos, sendo que no lactente devemos buscar o pulso braquial e na criança devemos buscar o pulso carotídeo ou femoral. Se temos uma FC < 60 e má perfusão ou não se consegue checar o pulso indicam massagem cardíaca externa. A técnica de massagem no lactente é a técnica dos 2 dedos. Essa técnica é eficiente, porém, muito cansativa. Portanto, a técnica abraçando o tórax é menos cansativa e mais eficaz, porém, precisamos de um ajudante pela perda de tempo entre sair da massagem e ir para a ventilação em casos em que se está sozinho. Na criança, devemos fazer as compressões dois dedos acima do apêndice xifóide com apenas um braço utilizando o peso do corpo. A coordenação entre massagem cardíaca/ventilação em casos de 1 socorrista se dá com 30 compressões para 2 ventilações. Em casos de 2 socorristas, fazemos 15 compressões para 2 ventilações. Em casos de via aérea avançada (máscara laríngea ou TOT) não há necessidade de coordenação massagem cardíaca/ventilação. A - Vias aéreas Devemos elevar o vento para abertura da via aérea, porém, não devemos hiperestender o pescoço em casos de traumas por risco de lesão raquimedular, apenas elevando a mandíbula. B - Respiração Como checamos a responsividade no primeiro momento, não precisamos reavaliar a respiração, partindo, então, para a respiração de salvamento. PEDIATRIA Boca-nariz-boca ou boca-boca (fechar a narina da criança). Não é preciso aplicar muita pressão na respiração boca-a-boca, apenas o suficiente para expansão torácica. Obstrução das vias aéreas por corpo estranho Lactentes: para desobstruir as vias aéreas do lactente, devemos aplicar golpes no dorso e compressões torácicas. As compressões torácicas intencionam o aumento da pressão intratorácica para a expulsão do corpo estranho. Devemos intercalar 5 golpes com 5 compressões. Caso a criança entre em apneia, devemos deitar a criança e observar se o corpo estranho está visível. Se for visível, retirar e se não for visível, fazemos 2 respirações de salvamento e, posteriormente, retornamos aos golpes no dorso. Como risco de manobra de Heimlich em lactentes, temos a lesão hepática. Criança: Nas crianças realizamos a Manobra de Heimlich. Entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical coloca-se uma mão fechada e a outra por cima (abraçando), puxando para dentro e para cima (forma de J). Se a criança desmaiou, deite-a e se posicione sobre a criança realizando os movimentos para dentro e para cima. Se a criança parar de respirar, observamos a orofaringe para tentar localizar corpos estranhos visíveis e, se não for visível, duas respirações de salvamento. PEDIATRIA Supo�t� Avançad� d� Vid� � Arritmia� Cardíaca� e� Pediatri�- Medce� #PerguntaInicial Como conduzir o atendimento de uma criança em PCR quando é possível oferecer um suporte avançado de vida? Suporte Avançado de Vida - Epidemiologia A PCR primária é o que acontece em adultos, uma vez que elas vêm do próprio coração. Em crianças, em geral, é uma parada cardíaca secundária decorrente de insuficiência respiratória ou circulatória. Taxas de sobrevivência Uma intervenção em uma criança que está em parada respiratória mas sem parada cardíaca tem uma taxa de recuperação de mais de 50% e lesão neurológica não costumaacontecer. Já quando atendemos uma criança que já está com o coração parado a taxa de sobrevivência fica menor do que 10% já com grandes chances de lesão respiratória Prevenção Prevenção em pediatria é muito importante, reconhecendo a falência respiratória e o choque Sinais de choque Taquicardia Taquipneia Extremidades frias Perfusão lentificada Redução do nível de consciência Em choques descompensados temos a aparição de hipotensão, sendo que esta não é essencial para o diagnóstico de choque. Níveis de PA em pediatria Fórmula para pressão sistólica Percentil 50 - 90 + (idade em anos X 2) Percentil 5 (abaixo do qual consideramos hipotensa) 70 + (2X idade em anos) PALS PEDIATRIA No atendimento avançado o quesito de vias aéreas/ventilação se dará mais do que boca-boca de salvamento, utilizando máscara e bolsa O treinamento com bolsa + máscara visa: Avaliar o tamanho adequado da máscara (sem encostar nos olhos ou ultrapassar os limites do queixo) Abrir VAS Segurar a máscara adequadamente Fornecer ventilação adequada observando a expansão torácica EC Clamp - Abrir VAS e adaptar a máscara (Fixação da máscara com o C e extensão do pescoço Via aérea avançada A via aérea avançada pode ser através de tubo traqueal ou máscara laríngea, tendo como vantagens a via aérea isolada (não ventila o estômago), menor risco de broncoaspiração e permite aspirar secreções. O tubo em geral é sem cuff e seu tamanho segue uma fórmula (16 + idade/4) O procedimento da intubação deve durar o mínimo possível, em torno de 30 segundos. É necessário a monitorização da frequência cardíaca e da saturação de oxigênio. Crianças e lactentes possuem uma cabeça muito grande em comparação ao corpo, sendo necessário o uso de um coxim para trazer a cabeça para uma simetria entre laringe e faringe. A lâmina do laringoscópio pode ser reta ou curva, sendo que para o RN a ideal é a lâmina reta Na criança maior é importante o conhecimento de sedação. Para a verificação da posição do tubo, podemos utilizar: A) Expansão torácica B) Ausculta (região axilar) C) Ausência de som na região epigástrica D) Monitorização do CO2 exalado (capnografia - mais rápida em resposta a uma intubação de sucesso por sua capacidade de responder rapidamente à alteração de coloração através da exalação de CO2 acumulado após intubação correta) E) Raio X de tórax PEDIATRIA Piora clínica no paciente com TOT Deslocamento (tubo saiu do lugar - reintubação) Obstrução do tubo (aspirar o tubo) Pneumotórax (escutamos mal um lobo pulmonar) Equipamento (problemas no equipamento, sendo que ao administrar o uso da bolsa a saturação melhora) Plano B - Máscara Laríngea Sem usar laringoscópio, escorregamos a máscara pelo palato até encaixar a sua ponta próximo ao exofago, momento no qual inflamos a máscara, bloqueando a passagem de ar para o exofago. Circulação No suporte avançado iremos buscar um acesso vascular. Utilizaremos uma veia periférica preferencialmente com 3 tentativas. Em caso de 3 tentativas falhas ou 90 segundos podemos partir para um acesso intra ósseo na posição de tíbia anterior. O acesso intraósseo tem algumas complicações: Fratura Síndrome compartimental (extravasamento e impedimento de boa circulação sanguínea) Extravasamento Osteomielite Portanto, devemos utilizar pelo menor tempo possível e depois partir para um acesso periférico Drogas Epinefrina - Classe I Aumenta a pressão na aorta, melhorando pressão de perfusão coronária Aumenta oferta de oxigênio para o miocárdio, estimulando a contração espontânea Aumenta a intensidade da fibrilação (em casos em que a fibrilação não responde ao choque) Trata a bradicardia que não responde ao uso de oxigênio A dose é de 0,01mg/kg, sendo que a alta dose está contraindicada. PEDIATRIA Bicarbonato de sódio É indicado para uma PCR prolongada, acidose metabólica grave documentada (é necessário que a ventilação esteja adequada para o uso do bicarbonato). Arritmias Cardíacas em Pediatria Distúrbios do ritmo cardíaco Bradiarritmias Nas bradiarritmias causadas pela hipóxia, o tratamento se dará por oxigenação e adrenalina em caso de não responder. A atropina está recomendada nos casos de bloqueio atrioventricular ou aumento do tônus vagal. Taquicardia Supraventricular Taquicardia Sinusal Pode ser por febre, por um trauma, por uma infecção ou choque A frequência cardíaca quando temos uma taquicardia sinusal em lactentes é menor que 220 e em crianças menores que 180. O R-R pode variar e a FC diminui lentamente conforme tratamos a causa. Taquicardia Supraventricular Na taquicardia supraventricular por mecanismo de reentrada temos um feixe anônimo que leva subitamente a um quadro de taquicardia A FC é muito alta, sendo acima de 220 em lactentes e 180 em crianças. O R-R é fixo e a parada termina de forma abrupta e não gradativamente. O tratamento se dá através da observação de sua hemodinamica. Se o paciente está estável hemodinamicamente podemos tentar uma manobra vagal, como água gelada na face, massagem no seio carotídeo e Valsalva, sendo contraindicado a pressão sobre o olho ocular. Em relação aos medicamentos, temos a Adenosina e, quando não responsivo, podemos utilizar Amiodarona. A adenosina é administrada pela técnica de 2 seringas para impulsionar sua chegada ao coração, uma vez que esse fármaco é facilmente metabolizado no sangue. Quando o paciente com taquisupra está instável nós utilizamos cardioversão sincronizada com 0,5 a 1J/Kg. É importante a boa posição das pás. Desfibrilação PEDIATRIA Quando temos uma Taquiventricular sem pulso (TVSP) ou uma fibrilação ventricular podemos utilizar esse mecanismo. É ineficaz em casos de assistolia e atividades elétricas sem pulso. A dose de energia é importante no dia a dia da pediatria. A dose inicial é de 2J/Kg com retomada de ressuscitação cardiopulmonar. O segundo choque é dobrado, sendo 4J/Kg. Depois do segundo choque devemos aplicar a dose inicial de adrenalina. O terceiro choque PODE ser dobrado, mas não é necessário, sendo recomendado continuar 4J/KG. Após o terceiro choque aplicaremos amiodarona durante RCP. Em geral, apenas o primeiro choque é necessário. PEDIATRIA Transtorn� d� Défici� d� Atençã� � Hiperatividad� - Sanarfli� Epidemiologia TDAH é o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância, tendo um discreto predomínio no sexo masculino, tendo uma relação de 2/1 e acomete cerca de 2,5% dos adultos e 5% em crianças Definição O TDAH é definido pela presença de falta de atenção ou dificuldade de manter a atenção e controle insatisfatório de impulso e hiperatividade com excessiva atividade motora Fatores de risco Existem alguns fatores relacionados com exposições, como exposição pós-natal ao chumbo e exposição intra-útero ao álcool. Algumas infecções são implicadas no TDAH assim como alguns fatores psicossociais, como abuso infantil, negligencia e múltiplos lares adotivos. O muito baixo peso ao nascer também é um fator, sendo que as crianças com essa situação ao nascer tem um risco 2 a 3 vezes maior de evoluir com TDAH do que as crianças com peso mais adequado, mas, em contrapartida, a maioriadas crianças com TDAH não foram muito baixo peso ao nascer A questão genética também é um importante fator de risco, sendo comum descobertas de TDAH em parentes de primeiro grau. Essa relação tem a ver com envolvimento de genes que estão ligados a receptores e transportadores de dopamina, sendo necessário a associação de fatores externos. Fisiopatologia Estudos de ressonância nuclear magnética indicam que o TDAH está relacionado com a perda da assimetria normal do cérebro, com a diminuição do córtex pré-frontal (5 a 10%) e também com a diminuição dos núcleos da base, que são ricos em dopamina. Quadro Clínico - DSM - V O TDAH é diagnosticado quando temos um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade. Precisamos ter pelo menos 6 sintomas que precisam estar presentes a pelo menos 6 meses e que interfiram negativamente nas PEDIATRIA atividades. O início desses sintomas precisa ter sido antes dos 12 anos de vida e precisam comprometer pelo menos em 2 ambientes diferentes. Adultos não precisam de 6 sintomas em cada um dos critérios, sendo diminuído para 5. Os sintomas não podem ser explicados por nenhum outro transtorno mental, como transtornos do humor, transtornos de ansiedade, abstinência por drogas, etc. Desatenção Geralmente são crianças e adolescentes que não prestam atenção em detalhes e, por muitas vezes, cometem erros por descuido. Possuem dificuldade de manter atenção durante aulas e leituras e parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra (mesmo na ausência de outras distrações). Também não conseguem seguir instruções até o fim e possuem dificuldade para organizar tarefas (desleixado), sendo assim, tendem a evitar tarefas que exijam esforço mental prolongado. Esquecem de realizar atividades cotidianas e são facilmente distraídos por estímulos externos. Hiperatividade Um dos sintomas de hiperatividade é o de remexer ou batucar as mãos e os pés por não conseguirem ou se sentirem desconfortáveis em ficar parado por muito tempo. É incapaz de se envolver em atividades de lazer calmas, corre ou sobe nas coisas em situações inapropriadas. São crianças que interrompem ou se intrometem na brincadeira dos outros e até respondem antes da conclusão de uma pergunta. Possuem muita dificuldade em esperar sua vez em filas e brincadeiras e, geralmente, são crianças que falam de mais OBS: Para o diagnóstico de TDAH não é preciso que tenhamos 6 sintomas de cada um dos grupos, sendo preciso apenas 6 sintomas de um dos grupos Especificadores Fazemos o diagnóstico de TDAH e especificamos o predomínio dos sintomas, sendo de desatenção, hiperatividade ou misto. Também é preciso especificar a gravidade de leve a grave com relação a quanto isso interfere nas AVD. O TDAH também pode estar relacionado com algumas comorbidades, como: ● Transtorno de oposição desafiante ● Transtorno de personalidade ● Transtorno de ansiedade ● Transtorno depressivo ● Transtorno específico de aprendizagem PEDIATRIA Quadro Clínico em cada faixa etária Pré-escolar: Em geral temos mais hiperatividade e que, ás vezes, passa despercebido pelas características da própria criança Escolar: É nesse período em que temos um comprometimento muito grande da atenção e comprometimento da aprendizagem, sendo muitas vezes apontados pelos próprios professores. Adolescência: Nessa faixa etária os sintomas estão mais estáveis, onde se tem mais controle dos sintomas da desatenção e uma diminuição dos de hiperatividade. Porém, nesse período temos a possibilidade do aparecimento de algumas comorbidades, como transtornos de conduta e comportamentos antissociais. Adultos: No período adulto temos uma prevalência de sintomas de desatenção, sendo presente a dificuldade no planejamento e cumprimento de prazos. No nosso quadro clínico pode-se ter associação do TDAH com redução do desempenho escolar, rejeição social e pior desempenho profissional. Nos adolescentes e adultos temos um risco maior de uso de drogas e encarceramento. Diagnóstico O diagnóstico é basicamente clínico de acordo com o aparecimento dos critérios do DSM-V. No exame físico podemos observar alterações na coordenação motora fina. Na RNM podemos observar perda da assimetria normal do cérebro com redução dos volumes do córtex pré-frontal e dos núcleos da base. Diagnósticos diferenciais Tratamento A base do tratamento do TDAH se baseia na Terapia cognitivo comportamental, com a criação de regras, consequências e recompensas. É recomendado um ambiente calmo e sem distrações. PEDIATRIA Em geral, fazemos a terapia cognitivo comportamental sempre aliada ao tratamento medicamentoso, sendo utilizados estimulantes como: ● Metilfenidato (ritalina) ● Anfetamina ● Atomoxetina (inibidor de recaptação de noradrenalina) Como efeitos adversos, temos: ● Redução de apetite ● Perda de peso ● Distúrbios do sono ● Aumento de eventos cardiovasculares PEDIATRIA Desenvolviment� d� Pr�-Escola�, Escola� � Autism� - Medce� #PerguntaInicial O que você sabe sobre desenvolvimento normal ou alterado do pré-escolar (incluindo o aparecimento do Transtorno do Espectro Autista) e do escolar? Desenvolvimento do Pré-Escolar A faixa etária do pré-escolar é de 2 a 5 anos, sendo que depois dos 2 anos observamos que o crescimento somático e do cérebro fica mais lento comparado aos anos anteriores. Observa-se também uma diminuição do apetite, gerando preocupações dos pais que podem ser tranquilizados ao apresentar a normalidade nas curvas de crescimento. Temos um crescimento de 2 Kg/ano e 6 a 7 cm/ano. A acuidade visual fica 20/20 em torno dos 4 anos, sendo que a visão com extrema profundidade e acuidade se dará apenas na adolescência. Todos os 20 dentes decíduos nascerão até os 3 anos de idade, sendo que geralmente o primeiro dente (incisivos inferiores centrais) aparece em torno de 6 a 8 meses. Sendo que devemos nos preocupar se não houver aparecimento de dentes até os 13 meses de idade. Aos 3 anos o pré-escolar já corre bem, sendo que temos a preferência pelo uso de uma das mãos acontece em torno de 3 anos. O controle esfincteriano (durante o dia) surge em torno dos 30 meses de idade (2 anos e meio), sendo que urinar na cama é normal até os 4 anos nas meninas e 5 anos nos meninos. O pré-escolar possui um superdesenvolvimento da linguagem, sendo o melhor parâmetro para o desenvolvimento cognitivo, já que nessa fase desenvolve-se rapidamente. A linguagem receptiva (de entendimento) varia menos na taxa de aquisição do que a linguagem de expressão. A linguagem permite expressar os sentimentos e evitar comportamentos ruins. É um período em que está mais sujeito a falhas, com destaque para a gagueira, sendo que acomete 5% das crianças e 1% permanece com a gagueira posteriormente. A gagueira deve ser tratada quando persiste além de 6 meses com encaminhamento para fonoaudiologia. Em relação à cognição, o pré-escolar tem um estágio chamado de pré-lógico em que a percepção vence a lógica. Piaget fez vários experimentos chamados de experimentos de conservação (ex: mesma quantidade de líquidos em garrafasde tamanho diferentes). Para o pré-escolar uma explicação verbal não funciona tanto quanto a ação (por exemplo, mostrar a agulha furando uma boneca no hospital é mais eficiente do que PEDIATRIA explicação oral). Contradições não funcionarão com o pré-escolar (ex: vai doer, mas será bom para sua saúde). Temos o pensamento mágico no pré-escolar, o que gera uma relação causa-efeito conturbada, da vida para objetos inanimados e crença na força dos desejos. O pré-escolar também é egocêntrico, uma vez que só consegue entender a realidade de seu ponto de vista, como por exemplo ela consola o adulto chateado com algum de seus brinquedos. No social-brincar, quanto menor a idade (1-2 anos) maior a chance do pré-escolar brincar sozinho. Já crianças a partir de 3 anos começam a brincadeira cooperativa. Em resumo, o pré-escolar possui imaginação fértil + pensamento mágico = fase dos medos, como medo do monstro do armário, etc. Nessas situações a argumentação lógica não possui bons resultados. Também é a fase do mau-humor e da pirraça, com início no fim do primeiro ano e com pico aos 2 e 4 anos, sendo uma estratégia não dar muita importância. Sobre a educação, não é recomendado bater para educar, sendo preferível o time-out (1 min/ano de idade). Autismo O autismo é uma desordem do neurodesenvolvimento onde temos alteração na linguagem e uma difícil interação social, sendo tipicamente diagnosticado antes dos 3 anos de idade. Quanto à capacidade verbal, pode-se variar desde não falar absolutamente nada até um discurso avançado Síndrome de Asperger A síndrome de Asperger faz parte do espectro autista e apresenta pacientes com problemas associados ao autismo, como deficiência na comunicação não verbal, mas com desenvolvimento normal da fala. A síndrome de Asperger pode representar uma forma de autismo sem alteração cognitiva, embora essa afirmação seja muito controversa. Há na síndrome de asperger maior risco de outras doenças psiquiátricas associadas, como desordem de humor e ansiedade. No autismo, a qualidade da fala também chama atenção, sendo comum a ecolalia (tudo bem? bem!), rimas sem sentido e entonações diferentes (prosódia). Em relação à função intelectual, podemos ter desde retardo mental até uma função intelectual superior em áreas específicas (música, artes, matemática, etc.). Chama a atenção as habilidades para brincar bastante alteradas, como: Pensamento simbólico deficiente Rigidez ritualística Preocupações com parte do objeto PEDIATRIA Há a possibilidade de movimentos corporais estereotipados e repetidos. O contato visual é mínimo ou ausente, sendo destaque no autismo. A prevalência do autismo é muito maior nos meninos, sendo 4x mais comum em homens (pode indicar uma doença ligada ao X) e afetando 22 a cada 10.000 pessoas. A etiologia é desconhecida, mas apresenta uma forte influência genética, mostrada pelo fato de que há 60 a 90% de concordância em gêmeos monozigóticos e 0% em gêmeos dizigóticos. O autismo pode ser associado a outras doenças, como: Convulsões Síndrome do X frágil Esclerose tuberosa - temos manchas hipocrômicas muitas vezes vistas apenas com lâmpadas especiais, calcificações cerebrais e convulsões O autismo não tem relação com mães emocionalmente distantes ou vacinas da tríplice viral ou qualquer outra vacina. Há algumas alterações neuroanatômicas no autismo, como perímetro cefálico e ressonância magnética em crianças autistas diferentes daquelas sem doença, mostrando alterações de volume. Porém, nem todas as crianças possuem essas alterações, sendo que 25% dos autistas tem macrocefalia observada ao final dos 2 anos de vida Diagnóstico O diagnóstico é basicamente clínico com base na história e observação clínica. A marca registrada, mais do que a linguagem atrasada, é o desenvolvimento social prejudicado. Como habilidades sociais deficientes notadas precocemente, temos: ● Contato visual anormal ● Falha em apontar, mostrar ● Falta do brincar interativo ● Falha em rir ● Falha em dividir ● Falta de interesse em outras crianças A combinação de atraso de linguagem com o atraso social, portanto, acendem o sinal vermelho para autismo Exame físico Atenção ao perímetro cefálico e exame da pele com lâmpada de wood na busca de manchas hipocrômicas na esclerose tuberosa. Tratamento O tratamento inicial do autismo se dá pela terapia comportamental intensiva, sendo um trabalho multiprofissional, sendo ideal o início antes dos 3 anos de idade e PEDIATRIA sendo direcionado para a linguagem, melhorando a capacidade de comunicação e da interação social da criança. Crianças autistas com sintomas psiquiátricos (como autoflagelo, ansiedade, TOC, etc.) podem ser beneficiadas com o uso de neurolépticos, como a risperidona. Desenvolvimento do Escolar A faixa etária do escolar é de 6 a 12 anos. Em relação à cognição, já é capaz de fazer uma avaliação própria e considerar a avaliação do outro, além de realizar operações lógicas. Seu ganho de peso é de cerca de 3 a 3,5 Kg/ano e sua velocidade de crescimento fica em torno de 6 cm/ano até que chegue o estirão da puberdade. O pediatra pode ajudar em casos de dificuldade de aprendizagem, destacando-se a dislexia e o TDAH. A dislexia é uma dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita que ocorre de maneira inesperada. Teoricamente, há uma dificuldade nos fonemas, sendo o tratamento caminhante na fonoaudiologia. Geralmente os pais também tiveram alguma dificuldade na aprendizagem da leitura, sendo interessante um tratamento que integre diariamente a família para estimular a leitura. O TDAH, por sua vez, pode sim ser um grande problema para a aprendizagem. É identificado com base na observação clínica, sendo ajudado por um questionário padronizado. São geralmente escolares em torno dos 6 anos, já que pré-escolares em geral são “hiperativos” por natureza, porém, é importante mencionar que a criança não se torna hiperativa apenas ao entrar na fase escolar, já que precisa se apresentar pelo menos a 6 meses. A criança com TDAH não possui controle sobre seus comportamentos inadequados, ocorrendo em todos os ambientes em que convive. O tratamento da TDAH é com neuroestimulantes, como a ritalina, aumentando o poder de concentração, estimulando o SNC e ajudando a ter controle sobre o comportamento dessa criança. Em geral, tanto disléxicos quanto TDAH possuem baixo desempenho escolar. PEDIATRIA Interpretaçã� d� Hemogram� - Hematologi� Medce� Introdução O hemograma é o conjunto de avaliações das células sanguíneas, sendo uma forma de espelho que vai refletir os glóbulos vermelhos, os leucócitos e as plaquetas e como interagem entre si. Quando associada a alterações clínicas, permite conclusões diagnósticas e prognósticas, sendo um dos principais exames da nossa prática. Os conceitos foram introduzidos pelo farmacêutico alemão V. Schilling em 1925, sendo o exame mais pedido no cotidiano médico. Noções básicas de laboratório em hematologia Sempre precisamos passar por tres fases em qualquer exame, a fase pré-analítica, a fase analítica e a fase pós-analítica. A fase pré-analíticacomeça no início do pedido até a coleta do material e transporte, sendo muito importante o conhecimento dos tubos utilizados, a técnica da coleta e todos os componentes da coleta; amostras que são imediatamente analisadas são diferentes das que dependem de um transporte. A fase analítica é a etapa de execução do teste, onde pegamos o material e submetemos à maquinaria para contagem. por fim, temos a fase pós-analítica, onde faremos a validação e liberação de laudos, sendo que se encerra quando o médico recebe o resultado do exame, interpreta-o corretamente e toma suas medidas. Fase Pré-Analítica Passamos inicialmente com a coleta do material, sendo que sangue é armazenado em tubos contendo EDTA (anticoagulante), sendo que homogeneizamos o conteúdo com agitação leve. Deve-se manter o material em temperatura ambiente e ser testado em até 6-8 horas. Fase analítica do Hemograma A fase analítica do hemograma é uma das principais, uma vez que a maioria dos laboratórios utilizam a contagem automatizada, que possuem a capacidade de realizar mais de 100 exames/hora. Porém, não substitui completamente a versão manual, uma vez que algumas alterações serão observados na contagem manual que disparará um alerta e levará o analista a observar de maneira manual uma amostra de sangue no microscópio. Sendo assim, é fundamental o método manual para complementar o método automatizado. PEDIATRIA Hematopoese Temos uma célula tronco pluripotente que, inicialmente, se dividirá em duas linhagens, a linfóide e a mielóide. A linhagem mielóide dará origem aos granulócitos, às plaquetas (megacariócitos) e à linhagem eritroide. Estrutura do Hemograma Sempre quando o método manual é utilizado, é colocado abaixo da linhagem o que foi visto de diferente e o que o profissional acha que deve ser relatado Dentro da estrutura do hemograma, podemos distinguir: ERITRÓCITOS LEUCÓCITOS PLAQUETAS TAMANHO micro/macrocitose macro/gigantes FORMATO poiquilocitose (várias células de formatos diferentes) pelger (relacionados com mielodisplasias)/hi persegmentados (anemia perniciosa) agranular COLORAÇÃO hipo/hipercromia *poiquilocitose basofilia cinzenta INCLUSÕES Howell-Jolly plasmódio tóxicas Dohle/Aurer PEDIATRIA Eritrograma A linhagem é formada por hemácias (eritrócitos) inicialmente, hemoglobina e hematócrito, que são pontos importantes por permitir a distinção de alterações próprias de anemia e poliglobulina. Tudo isso é realizado através do estímulo de eritropoetina para sua produção na medula óssea, sendo que os valores de referencia variam de acordo com idade, sexo, gravidez, etc. A OMS recomenda a adoção de: Parâmetro do Hemograma Homens Mulheres Hemoglobina < 13-13,5 g/dL < 12 g/dL Hematócrito < 41% < 36% Hemoglobina É importantíssimo que saibamos a estrutura da hemoglobina, sendo uma estrutura tetramérica formada por 4 cadeias de globina ligadas a 1 grupo Heme. O grupo Heme é formado por ferro + protoporfirina, já a globina é composta por proteínas. A função primordial é de transporte do oxigênio para os tecidos, sendo mais elevada em homens e recém-nascidos. Hematócrito O hematócrito é a proporção de hemácias em relação ao conteúdo de plasma. Quando centrifugamos a amostra é possível dividir de maneira adequada plasma, uma camada chamada leucocitária e a camada de hemácias puras, logo, é possível fazer a porcentagem de hemácias em um total de volume plasmático. Pode ser útil para estimar o estado de hidratação do paciente. Quando temos queda de hemoglobina e hematócrito, temos a anemia, sendo presente em casos de sangramento, hemólise, deficiência de ferro, supressão medular, etc. Já o aumento desses índices indicam policitemia, que pode ser primária (quando relacionada a doenças medulares, como Policitemia Vera) e secundárias (quando existem estímulos, principalmente por meio de eritropoietina para aumento da produção de hemácias pela medula óssea, geralmente relacionadas em situações com queda de saturação de oxigênio, como DPOC, tabagismo, altitudes elevadas, etc.) Regra de três para estimativa Hemácias x 3 = hemoglobina Hemoglobina x 3 = hematócrito PEDIATRIA Índices Hematimétricos Esses índices servem para descrever a morfologia dos glóbulos vermelhos, permitindo que observemos o tamanho das hemácias e conteúdo de hemoglobina nas hemácias, sendo valores calculados a partir da Hb, Ht e número de hemácias. Entre os índices, temos: VCM (principal índice hematimétrico para distinguir uma microcitose, macrocitose e normocitose) HCM CHCM RDW Volume Corpuscular Médio (VCM) Esse índice estima o volume médio das hemácias, sendo calculado pelo hematócrito vezes mil sobre o número de hemácias. O VCM normal é entre 80 a 100 fL, sendo que a microcitose (<80 fL) é presente em anemia ferropriva e talassemia e a macrocitose (> 100 fL) está presente em anemias megaloblásticas, como as por deficiência do ácido fólico e vitamina B12. Hemoglobina Corpuscular Média É o índice que representa o conteúdo médio de Hb das hemácias, sendo calculada pela hemoglobina vezes dez sobre o número de hemácias. Esse índice se relaciona diretamente com o VCM, sendo que quanto menor o tamanho celular, menos hemoglobina é presente e, portanto, menor será o HCM. O HCM normal será entre 27 a 33 pg. Devemos ficar atentos à hipocromia (< 27 pg), que está presente na anemia ferropriva e nas talassemias. Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) Índice de concentração média de Hb em um dado volume eritrocitário, sendo calculado pela hemoglobina sobre o hematócrito. O seu valor normal será em torno de 32-36 g/dL, sendo que o seu aumento (> 36 g/dL) estará presente na esferocitose hereditária, em que o conteúdo da hemácia esférica não é suficiente e há aumento no percentual de hemoglobina e, portanto, aumento de CHCM. Red blood Cell Distribution Width RDW) Visa estimar o grau de variação dos tamanhos eritrocitários, estima a anisocitose. RDW normal é entre 12 a 14%, sendo que a anisocitose ocorre acima de 14%. Reticulócitos A contagem de reticulócitos não faz parte diretamente do hemograma, porém, é fundamental para a análise complementar. Os reticulócitos são eritrócitos jovens, não nucleados e contendo RNA residual, sendo corados pelo azul de metileno. No PEDIATRIA hemograma, chamamos de policromasia, o que pode inferir uma anemia hipoproliferativa (necessário contagem específica de reticulócitos). É um indicativo da resposta medular da produção eritrocitária, sendo a contagem normal relativa entre 0.5 a 1.5% e absoluta entre (25.000 a 100.000/ uL). Se paciente anêmico é necessário correção: % reticulócitos X Ht paciente/45 Morfologia A morfologia é importante na avaliação do hemograma, sendo que a leitura da lâmina complementa a automação. O diâmetro do eritrócito é próximo da metade do de um segmentado ou quase o de um linfócito maduro. O tamanho da área de palidez central é decorrente da forma bicôncava do eritrócito. PEDIATRIA Leucograma Leucograma vai avaliar a contagem de leucócitos, que estão
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