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PEDIATRIA Doença� Respiratória� d� Recé�-Nascid� - Aul� Prof. Patríci� Distúrbios Respiratórios Os distúrbios respiratórios e as doenças cardíacas são as causas mais frequentes em unidades neonatais, ocasionando morbidades e mortalidades elevadas. Desenvolvimento Pulmonar O desenvolvimento pulmonar é dividido em duas fases: 1. Desenvolvimento Pulmonar Embrionário: Ocorre nas primeiras 8 semanas, sendo que nas 4 primeiras semanas há a formação do tubo traqueal e nas 4 semanas seguintes há a formação dos pulmões primários. 2. Desenvolvimento Pulmonar Fetal: É dividido em 4 subfases (Pseudoglandular, Canalicular, Sacular e Alveolar), seguindo a tabela a seguir: ESTÁGIO TEMPO DE OCORRÊNCIA SIGNIFICADO Embrionário 26 a 52 dias Desenvolvimento da traquéia e dos brônquios principais Pseudoglandular 52 dias a 16 semanas Desenvolvimento das vias de condução remanescentes Canalicular 17 a 26 semanas Desenvolvimento do leito vascular e dos ácinos respiratórios Sacular 26 a 36 semanas Complexidades crescentes de sáculos alveolares Alveolar 36 semanas a termo Desenvolvimento dos alvéolos A fase Canalicular se destaca pois compreende o período de desenvolvimento dos pneumócitos tipo 1 e tipo 2. O pneumócito tipo 2 é o que produz o surfactante pulmonar, que é uma substância rica em fosfolipídios e é responsável por diminuir a PEDIATRIA tensão intra-alveolar e evitar o colabamento alveolar. Logo, um bebe que nasce antes dessa fase de desenvolvimento é muito difícil de sobreviver. O surfactante possui como principais componentes: 9% de fosfatidilglicerol 8% de proteínas 5% de outros lipídios 3% de colesterol 1% de fosfatidil inositol 2% de esfingomielina 3% fosfatidiletanolamina 17% fosfatidilcolinas insaturadas 2% proteínas do surfactante 50% de fosfatidilcolina Boletim de Silverman Anderson Para avaliarmos se um RN está em sofrimento respiratório, utilizamos o boletim de Silverman Anderson. Esse boletim vem com uma amostra de 0 a 10 pontos, onde devemos nos basear em alguns critérios: Sincronismo dos movimentos respiratórios Tiragem Costal Retração de Xifóide Batimento de Asa Nasal Gemido Expiratório A interpretação se dá: 1. Recém nascido com 0 pontos = Sem dificuldade respiratória 2. Recém nascido com 1 a 3 pontos = Com dificuldade respiratória leve 3. Recém nascido com 4 a 6 pontos = Com dificuldade respiratória moderada 4. Recém nascido com 7 a 10 pontos = Com dificuldade respiratória severa, sendo que provavelmente irão para IOT PEDIATRIA Apnéia por Imaturação do Centro Respiratório Apnéia é a cessação da respiração, sendo necessária uma duração acima de 20 segundos e podendo apresentar dessaturação, bradicardia, cianose e hipotonia. A apnéia no recém-nascido pode ser obstrutiva ou central Obstrutiva: O fluxo gasoso é interrompido, chamado de aspecto de rolha, uma vez que os movimentos respiratórios persistem mesmo sem a entrada de ar. Podemos, por algumas vezes, intubar e aspirar se for uma obstrução como líquido amniótico. Central: É quando temos o fluxo respiratório, porém, não persistente. Logo, os movimentos respiratórios estão presentes e o fluxo gasoso cessa simultaneamente. Tratamento Fisioterapia respiratória Suporte com oxigenoterapia: CPAP Medicamentos: Xantinas, como Cafeína Método mãe-canguru: Mãe e filho em contato pele a pele e em posição elevada ou prona. Síndrome do Desconforto Respiratório do RN (Doença da Membrana Hialina) É a principal doença neonatal de desordem pulmonar, sendo que a incidência e a gravidade possuem uma relação direta com o grau de prematuridade do RN. É responsável por 50% das internações da UTI neonatal de RN pré-termo. A prematuridade é fator de risco para a doença, uma vez que indica imaturidade pulmonar, com: Deficiência de surfactante pulmonar Exagerada complacência da caixa torácica Incompleto desenvolvimento do parênquima pulmonar Fatores de Risco Prematuridade Idade Materna Drogas, tabagismo Diabetes materno = insulina quebra o surfactante e não deixa ele penetrar no alvéolo pulmonar Hemorragias maternas no último trimestre Doença hipertensiva específica da gestação Fatores “protetores” PIG por RCIU = terão menos pneumócitos e, portanto, menor chance de pneumócitos com pressões diferentes Rotura prolongada de membrana PEDIATRIA RN de parto vaginal Desnutrição intrauterina Mães que usaram glicocorticóides Diagnóstico Clínico Laboratorial = para ver se não tem alguma infecção associada Radiológico Tratamento Cuidados gerais Controle da temperatura Hidratação Oxigenoterapia Surfactante exógeno = Intubar, fazer surfactante, extubação e manter em CPAP Complicação Displasia broncopulmonar Está associada a agressão pulmonar decorrente de VM + exposição prolongada ao O2, sendo um dano pulmonar secundário à lesão e reparação, com edema alveolar e intersticial precoce, inflamação e fibrose. O tratamento se dá com: Suporte nutricional Hidratação Diuréticos Beta-agonístas Taquipnéia Transitória do RN A taquipnéia transitória do RN é a que mais nos assusta, por mais que seja a mais benigna de todos os casos relatados. Acontecem mais em Recém nascidos maiores de 34 semanas, partos cesarianos sem ter entrado em trabalho de parto, demora no clampeamento do cordão e asfixia perinatal. Pode acontecer também no parto normal. Achados radiológicos Congestão peri hilar simétrica Espessamento de cissuras interlobares e hiperinsuflação podem estar presentes Ocasionalmente discreta cardiomegalia ou derrame pleural Achados laboratoriais PEDIATRIA Hemograma normal Tratamento Normalmente se resolve em 48 a 72h Suporte com O2 (70%) e NOi 30%, sendo que manuseamos conforme necessidade e melhora do paciente. Síndrome da Aspiração Meconial O mecônio é produzido entre 10 a 16 semana de gestação, sendo que a sua eliminação ocorre devido à: Asfixia Maturidade fetal (acima de 40 semanas) Aspiração de Mecônio = Movimentos tipo gasping intrauterino (por asfixia e sofrimento fetal) e, quando o bebe aspira o mecônio, há a fixação e impedimento o ar de sair dos alvéolos. Complicações Pneumonite química Aprisionamento aéreo Atelectasia Shunt Inativação do Surfactante Happ Quadro clínico Impregnação de mecônio em pele, unha e cordão umbilical Presença de mecônio na traquéia Quadro variável A cianose e a hipoxemia resistente são indicadores de extrema importância Achados radiológicos Infiltrado grosseiro, não uniforme, com distribuição do hilo para a periferia Atelectasia Condensações Áreas enfisematosas Tratamento: Medidas gerais Ventilação mecânica Surfactante complementar Antibioticoterapia = gentamicina e ampicilina de escolha Fisioterapia respiratória
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