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Conduta e Resultado • Partindo do conceito analítico de crime (fato típico, ilícito e culpável), primeiramente há necessidade de se estabelecer o que é conduta • Todo fato punível é, antes de tudo, uma conduta, uma realização da vontade humana no mundo exterior. • Não há crime sem conduta, que serve como suporte material sobre o qual se arrimam a tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade. • O Direito Penal moderno é o Direito penal da ação, e não o Direito Penal do autor. • Teorias sobre a conduta: • a) teoria causal-naturalista da ação: também chamada de mecanicista, a conduta é um movimento corporal causador de modificação no mundo exterior. Ação é a causa voluntária, ou não impeditiva, de um resultado no mundo exterior. Prescinde-se da finalidade pretendida, bastando que tenha sido voluntária para que seja considerada típica. O elemento subjetivo (dolo ou culpa) deve ser apreciado na culpabilidade, como elemento desta. • b) teoria finalista da ação: segundo esta teoria, a ordem jurídica não tenciona proibir apenas processos causais, mas somente condutas orientadas finalisticamente. A conduta humana é uma atividade final, e não um comportamento meramente causal; como a vontade está na ação e esta encontra-se no tipo, também o dolo e a culpa estão na tipicidade. Conduta é uma atividade livre e consciente dirigida a uma finalidade. Foi a teoria adotada pelo CP a partir de 84. • c) teoria social da ação: a ação é a conduta socialmente relevante, dominada ou dominável pela vontade humana. Como o Direito Penal só se preocupa com as condutas socialmente danosas e como socialmente relevante é o comportamento que atinge a relação do indivíduo com seu meio, se não houver relevância social, não haverá relevância jurídico-penal; a ação socialmente adequada, como a do médico que realiza uma incisão cirúrgica no paciente, está, ab initio, excluída do tipo porque se realiza dentro do espectro de normalidade da vida social. • 2. CLASSIFICAÇÃO DAS CONDUTAS PUNÍVEIS • a) quanto à atuação - conduta comissiva - conduta omissiva • b) quanto à finalidade - conduta dolosa - conduta culposa • 3. AUSÊNCIA DE CONDUTA • Existem casos em que, embora ocorra intervenção no ambiente da qual advenham danos relevantes a bens jurídicos, faltará o suporte material do crime (inexistência de vontade ou de atuação). • São as hipóteses de: a) coação física absoluta; b) atos reflexos; c) estados de inconsciência. • 4. RESULTADO Há duas concepções acerca do resultado. Uma concepção normativa, e uma concepção naturalística.Pela teoria naturalística, o resultado é a modificação no mundo externo causada por um comportamento humano. Seria o efeito material (situação real de dano ou de perigo) da conduta, descrito por um tipo legal de crime – relaciona-se com o mundo fenomênico. • Pela concepção normativa o resultado é analisado do ponto de vista jurídico, pela qual o resultado nada mais é do que a lesão ou perigo de lesão a um bem ou interesse protegido pelo direito. • Nessa ordem de ideias, pode haver crime sem resultado naturalístico (ex: crimes de mera conduta), mas não há crime sem resultado jurídico, pois, em face do princípio da lesividade, não há crime sem lesão ou perigo de lesão a bem jurídico. Omissão • A omissão pode ser própria ou imprópria. • Um critério para fácil diferenciação entre ambas é sua localização na lei penal. A omissão própria é prevista em determinados tipos penais (art.135 — omissão de socorro, art.244 — abandono material), enquanto a omissão imprópria é prevista na parte geral (art.13, §2° do CP). • a omissão própria (dever genérico de agir) é um dever de agir que surge de um tipo penal específico (omissão de socorro), que cria uma imposição normativa genérica (todos aqueles que omitirem socorro são puníveis, bastando a mera abstenção) e que somente pode ser cometido por omissão (o próprio tipo contém a palavra “omissão” ou forma equivalente como “deixar de”). • A omissão imprópria (dever especial de agir), também chamada de crime comissivo por omissão, é uma maneira de cometer o crime (que poderia ser cometido por meio de uma ação positiva, por exemplo, “matar alguém”) não evitando o resultado que podia ou devia evitar segundo uma obrigação (posição de garantidor, ex. bombeiro salva-vidas) • A omissão própria é caracterizada segundo o disposto no próprio tipo penal. Por exemplo, para configurar a omissão de socorro é preciso a situação de emergência, a não prestação de socorro e que o sujeito ativo tenha reconhecido de alguma forma essa situação. Excluída a responsabilidade penal se havia risco pessoal ou caso tenha pedido socorro a autoridade pública. • A omissão imprópria possui o critério especial da posição de garantidor. Assim, o indivíduo, além de conhecer a situação e poder agir (possibilidade física), o resultado deveria ser evitável se tivesse agido (por exemplo, se não socorreu banhista que se encontrava a uma distância que seria impossível chegar nadando), além de ter o dever de impedir o resultado (posição de garantidor). • A posição de garantidor surge do dever de agir que a norma impõe, a partir do qual o indivíduo passa a ter uma especial relação de proteção ao bem jurídico. Conforme previsto no próprio Código Penal (art.13, §2°, a, b e c), tem o dever de agir quem: a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (ex. médico em relação ao paciente, pais em relação aos filhos); b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (ex. obrigação contratual, como no caso de segurança particular); c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado (ex. pessoa que ajuda velhinha a atravessar faixa de pedestre e a abandona no meio da travessia) — se aplica tanto a quem cria a situação de risco quanto a quem de alguma forma agrava essa situação, concorrendo para o resultado.
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