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1 CURSO: Ministério Público Estadual Estagiando Direito @estagiando_direito_ AULA 03 – Direito Penal 2 Olá, alunos, nesta aula de número de 03, trabalharemos com os Elementos do Fato Típico. Vale ressaltar, que por se tratar de uma matéria muito extensa dentro do Direito Penal, tentaremos trabalhar apenas com as partes mais importantes e cobradas da matéria, pois o nosso material está voltar ao concurso de estágio do Ministério Público Estadual. Sem mais delongas, vamos começar. Fato típico Pois bem. O Fato Típico é o fato humano que se enquadra com perfeição aos elementos descritos por um tipo penal. Diferentemente, é o Fato Atípico, que é a conduta que não encontra correspondência em nenhum tipo penal. Teoria do Crime adotada pelo Código Penal As teorias que procuraram conceituar a Teoria do Crime, são diversas, desenvolvidas ao longo das escolas penais e, temos: A Teoria Clássica, Teoria Finalista, Teoria Funcional, Teoria Neoclássica, dentre outras. Porém, iremos trabalhar apenas com Teoria adotada pelo Código Penal, que é a Teoria Finalista. Teoria Final ou Finalista Pois bem. Desenvolvida por Hans Welzel, no início da década de 30 do século passado e, posteriormente, acolhida no Brasil. Aqui, temos como ponto de partida, a concepção do homem como ser livre e responsável pelos seus atos. Destarte, as regras do Direito não poderão ordenar ou proibir os processos causais, mas apenas atos dirigidos finalissimamente, ou então, a omissão de tais atos. Dessa forma, para essa teoria, conduta é o comportamento humano, consciente e voluntário, dirigido a um fim. Do exposto, uma conduta pode ser contraída ou conforme ao Direito, a depender do elemento subjetivo do agente. 3 Sistema Finalista Englobam: Englobam; Conduta (Dolo/Culpa); Potencial consciência da Ilicitude; Resultado naturalístico; Exigibilidade. de conduta diversa; Tipicidade. Imputabilidade. Assim, o partidário do finalismo penal pode adotar um conceito analítico de crime tripartido ou bipartido, conforme repute a culpabilidade como elemento do crime ou pressuposto da aplicação da pena. Conceito analítico de crime Pois bem. Do supracitado, entende-se que a teoria do delito trabalha com três conceitos fundamentais: Tipicidade, Ilicitude/antijuricidade e Culpabilidade. Assim, o crime é um todo indivisível, entretanto, a aferição é dissecada em elementos. (Fato típico, ilícito/antijurídico e Culpável). Tipicidade: É a perfeita adequação do fato da vida à norma jurídica; • Tipicidade Formal: É a adequação perfeita da conduta do agente ao modelo abstrato (tipo) previsto na lei penal; • Tipicidade Material: É a existência de lesão ou exposição de perigo de um bem jurídico penalmente tutelado. Ilicitude: É a ação contrária ao Direito, realizada sem o amparado de uma causa justificante, que podem ser: Legítima Defesa, Estado de Necessidade, Estrito Cumprimento do Dever Legal ou o Exercício Regular do Direito. Culpabilidade: É o juízo da reprovação sobre o autor de um fato típico e ilícito, por lhe ser possível e exigível um comportamento diverso, ou seja, conforme o Direito. Fato Típico Ilicitude Culpabilidade 4 Elementos do fato típico Como já foi dito, é o fato humano que se amolda, perfeitamente aos elementos descritos no tipo penal. ATENÇÃO, também pode ser praticado por pessoas jurídicas, nas hipóteses de crime ambiental. Quais são os 04 (quatro) elementos do Fato Típico? 1) Conduta: Se exterioriza por uma ação ou omissão; • Ação (Conduta Positiva): Consiste em um movimento corporal exterior. Dessa forma, reclama do ser humano uma postura positiva, um fazer; • Omissão (Conduta Omissiva): Aquilo que podia ser feito e devia ser feito em termos jurídicos, e se refere às normas perceptivas; • Culpa (Conduta Culposa): É quando o agente der causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia e só poderá ser punida se houver previsibilidade; • Dolo (Conduta Dolosa): É aquela em que a pessoa age intencionalmente para alcançar um resultado. 2) Resultado naturalístico: Significa a modificação do mundo exterior em decorrência da conduta do agente; 3) Nexo Causal: É um requisito para que uma pessoa possa ser responsabilizada pelos danos provocados; 4) Tipicidade: É a perfeita adequação do fato da vida à norma jurídica. Tipicidade Formal e Material explicadas no tópico anterior. Dessa forma, esses são os 04 (quatro) elementos que serão visualizados somente nos chamados Crimes Materiais, quando consumados. Mas por que apenas em crimes materiais consumados? Isso porque o Crime Material é aquele que apresenta um Resultado Naturalístico (4° Elemento do Fato Típico). Dessa forma, existe a modificação perceptível do mundo real, que, obviamente, é pressuposto para a consumação do crime. 5 Em suma, Crime Material é aquele em que o tipo penal descreve uma conduta e o respectivo resultado naturalístico, sem o qual não se consuma o delito. Exemplo: O Homicídio (Artigo 121 do Código Penal). Ademais, existem outras classificações dos crimes, como os delitos Tentados, delitos Formais e delitos de Mera Conduta. Crimes Tentados: São aqueles em que o resultado não é alcançado por circunstâncias alheias à vontade do agente; Crimes formais: Onde o resultado pode ocorrer, porém, não é necessário para a consumação do delito. Exemplo: Extorsão mediante sequestro (Artigo 159 do Código Penal); Crimes de Mera Conduta: Aqui, não há resultado naturalístico, em razão de que o tipo penal descreve apenas uma conduta. Exemplo: Omissão de socorro. Conduta e Exclusão da Conduta Como dito anteriormente, a conduta se exterioriza por uma ação ou omissão. Se apresentando também como conduta culposa ou dolosa. Agora, falaremos um pouco sobre as exclusões da conduta, que podem ser cobradas em sua prova, principalmente no que a Coação Física Irresistível. 1) Caso fortuito e força maior: Ambos são acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, fugindo assim, do domínio da vontade do ser humano. Destarte, se não há vontade, não há dolo nem culpa. Assim, como o dolo e a culpa integram a conduta, não se configura esse elemento do fato típico; 2) Atos ou movimentos reflexos: Consistem em reação motora ou secretora em consequência de uma excitação dos sentidos. Aqui, o movimento corpóreo não se deve ao elemento volitivo, mas sim ao fisiológico. Destarte, há a ausência da vontade, assim, ausente também a conduta. Exemplo: Ortopedista que bate no joelho do paciente com o martelo; 6 3) Coação física irresistível: Ou também conhecida como vis absoluta, ocorre quando o coagido possui liberdade para agir. Assim, não lhe resta nenhuma outra opção, a não ser praticar um ato em conformidade com a vontade do coautor. • 3.1) Coação física irresistível (vis absoluta): Aqui, excluir-se-á a conduta, uma vez que NÃO há a vontade permanente, assim o fato é atípico. Exemplo, um homem muito forte que obriga fisicamente um indivíduo, com porte mais leve e fraco, a puxar o gatilho de uma arma para matar uma pessoa. De forma mais simples, o indivíduo mais forte pressiona o dedo do coagido contra o gatilho. ATENÇÃO, não há o que se falar em concurso de pessoas, por falta do elemento da convergência de vontade. • 3.2) Coação moral irresistível (vis compulsiva): Aqui, existe a inexigibilidade de conduta diversa, existe a vontade, porém viciada, assim exclui-se a culpabilidade. Exemplo, no caso acima, o coagido pode escolher o caminho a ser seguido, obedecer ou não a ordem do autor, porém, caso não faça a vontade do autor, haverá consequências. 4) Sonambulismo e hipnose: Aqui, também não há conduta, por falta da vontade noscomportamentos praticados em completo estado de inconsciência. Vale lembrar que, segundo o artigo 28, II do Código Penal, a embriaguez, voluntária ou culposa, embora completa, NÃO exclui a conduta. Relação de causalidade ou nexo causal A nomenclatura “nexo causal” se refere à ligação entre a conduta e o resultado. Assim, a relação de causalidade é o vínculo formado entre a conduta praticada por seu autor e por ele produzido. Leia-se o artigo 13 do Código Penal: Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 7 § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Dessa forma, atingem-se as Concausas, que diz respeito à ocorrência de causas, ou seja, mais de uma causa atribuindo para o resultado final. Em suma, Concausa é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta e que influi na produção do resultado naturalístico por ele desejado. 1) Causa dependentes: Na Causa Dependente, é na qual se precisa da conduta do agente para provocar o resultado desejado, ou seja, ele não é capaz de produzi-lo por si próprio, o qual NÃO exclui a relação de causalidade. 2) Causa independente: É aquela capaz de produzir, por si só, o resultado. Podendo ser de natureza relativa ou absoluta. • 2.1) Causas absolutamente independentes: Aqui, são aquela que NÃO se originam da conduta do agente, ou seja, são absolutamente desvinculadas da sua ação ou omissão ilícita. Dessa forma, por serem independentes, produzem por si só o resultado. Dividem-se em preexistentes, concomitantes e supervenientes. • 2.1.1) Preexistente: Aquela que existe anteriormente à prática da conduta. Destarte, o resultado naturalístico teria ocorrido da mesma forma, mesmo sem o comportamento ilícito do autor. 8 • 2.1.2) Concomitante: Aqui, se incide simultaneamente à prática da conduta. Dessa forma, surge no mesmo instante em que o agente realiza seu comportamento criminoso. • 2.1.3) Superveniente: É a que se concretiza posteriormente à prática da conduta. • 2.1.4) Efeitos jurídicos das causas absolutamente independentes: Em todas as modalidades supracitadas (preexistente, concomitante e superveniente), o resultado naturalístico ocorre independente da conduta do agente. Dessa forma, as causas surgem de forma autônoma e, não se ligam ao comportamento criminoso do agente. POR ISSO, devem ser imputados ao agente, somente os atos praticados, e não o resultado naturalístico, em razão da quebra da relação de causalidade. 2.2) Causas relativamente independentes: São aquelas que se originam da própria conduta efetuada pelo agente. Neste ponto, se tornam relativas, pois não existiriam sem a atuação criminosa. • 2.2.1) Preexistente: Aquela que existe previamente à prática da conduta criminosa. Exemplo: Tico, com ânimo homicida, efetua disparos de arma de fogo contra Mico, que o atinge de raspão. Entretanto, os ferimentos, contudo, são agravados pela diabete da vítima, que vem a falecer. • 2.2.2) Concomitante: Aquela que ocorre simultaneamente à prática da conduta criminosa. Exemplo: Tico, aponta uma arma de fogo contra Mico, o qual, assustado, corre em direção à via movimentada. Neste momento, em que é alvejado pelos disparos, é atropelado por um caminhão, e acabado morrendo. • 2.2.3) Efeitos jurídicos das causas preexistentes e concomitantes relativamente independentes: A teoria do conditio sine qua non, ou a equivalência dos antecedentes, prevista no artigo 13 do Código Penal, nas hipóteses supracitadas, o agente responde pelo resultado naturalístico. 9 • 2.2.4) Causas supervenientes relativamente independentes: O § 1º do artigo 13 do Código Penal, preconiza que as causas supervenientes relativamente independentes são divididas em: As que produzem o resultado por si só e, as que não produzem o resultado por si só. • 2.2.4.1) Causas supervenientes relativamente independentes que não produzem o resultado por si só: Em razão do §1º do artigo 13 do Código Penal, o agente irá responder pelo resultado naturalístico, pois, suprimindo-se a sua conduta, o resultado não teria ocorrido como e quando ocorreu. • 2.2.4.2) Causas supervenientes relativamente independentes que produzem por si sós o resultado: Em razão do §1º do artigo 13 do Código Penal, que nos diz: A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam- se a quem os praticou. Dessa forma, a causa, não é mais o acontecimento que de qualquer modo concorre para o resultado. Em razão de que, a expressão “por si só” revela a autonomia da causa superveniente que, embora RELATIVA, não se encontra junto ao curso de desenvolvimento causal da conduta praticada pelo autor. Em suma, depois do rompimento da relação de causalidade, a concausa manifesta a sua verdadeira eficácia, produzindo o resultado por sua própria força, ou seja, trouxe para si a tarefa de concretizar o resultado naturalístico. DESSA FORMA, OBSERVA-SE QUE, as causas supervenientes relativamente independentes que produzem por si sós o resultado, ROMPEM o nexo causal em relação ao RESULTADO e o agente só é responsabilizado PELOS ATOS ATÉ ENTÃO PRATICADOS. Do exposto, foi apresentado as formas das Concausas. Abaixo, deixaremos um quadro explicativo com intuito de fixar a matéria mais explicitamente. 10 Questões 01) (CESPE / CEBRASPE - 2021 - TC-DF - Auditor Conselheiro Substituto) O ordenamento jurídico brasileiro admite que fato típico capaz de caracterizar um crime pode decorrer de uma conduta comissiva ou omissiva. A) Certo; B) Errado. C au sa s Absolutamente independentes Preexistentes Concomitantes Rompem o nexo causal em relação ao resultado. Só responde pelo atos praticados Supervenientes Relativamente independentes Preexistentes Concomitantes O agente responde pelo resultado naturalístico Supervenientes que não produzem por si sós o reusultado Supervenientes que produzem por si só o resultado Rompem o nexo causal em relação ao resultado. Só responde pelo atos praticados 11 02) (VUNESP - 2021 - TJ-GO - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento) - Nos exatos termos o art. 13, “caput” do CP, o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa: A) a conduta humana juridicamente relevante; B) a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido; C) qualquer ação ou omissão que dependa da voluntariedade humana; D) o fato jurídico penalmente qualificado. 03) (FCC - 2008 - TCE-RR - Procurador de Contas) - São elementos que compõem o fato típico: A) nexo causal, conduta, tipicidade e punibilidade; B) resultado, tipicidade, nexo causal e antijuridicidade.; C) conduta, resultado,nexo causal e tipicidade; D) culpabilidade, tipicidade, conduta e resultado. 04) (CESPE - 2018 - SEFAZ-RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2 Adaptada) - O único tipo de crime que se consuma com a ocorrência do resultado naturalístico é o crime: A) material; B) Formal; C) Mera Conduta; D) Habitual. 05) (IDECAN - 2017 - SEJUC-RN - Agente Penitenciário) - Majoritariamente entende-se que, de acordo com o conceito analítico, crime é um: A) Fato típico e antijurídico; B) Fato antijurídico e culpável; C) Fato típico, antijurídico e culpável; D) Fato típico, antijurídico, culpável e punível. Gabarito 01 02 03 04 05 A B C A C 12 Do exposto, tratamos sobre os aspectos mais importantes sobre os elementos do Fato Típico que podem ser cobrados na sua prova. Na próxima aula, estudaremos sobre a Relevância da Omissão. Até a próxima, e bons estudos!
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