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INTRODUÇÃO 
Hodiernamente, a presente monografia tem como tema, “O juiz de garantias à luz do Código de Processo Penal vigente”. A matéria em questão apresenta grande relevância jurídica no âmbito do Direito Processual Penal. Uma nova classe de juízes de direito em Angola, que nasce com a provação da Lei n. 30/20, de 11 de Novembro, que aprova o NCPPA.
 O trabalho apresentado tem por objectivo geral escalpelizar o papel do juiz garantias durante a fase de instrução preparatória. Tendo por objectivos específicos: contextualizar os direitos fundamentais em Angola e a sua relação do juiz de garantias. É de salientar que a figura do juiz de garantias está intrinsecamente ligado aos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos, por ser a entidade vocacionada em assegurar a garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos detidos.
Seguidamente, descrevemos as actividades do juiz de garantias na fase de instrução preparatória. Efectuamos, inicialmente, um breve afloramento ao percurso histórico que serviu de esteio ao surgimento do juiz de garantias, para efeito partimos no CPP de 1929, as legislações avulsas nomeadamente: Lei n° 4/79; Lei n.° 18/88, de 31 de dezembro; Lei n.°18-A/ 92, de 17 julho; Lei n° 22/12, de 14 de Abril; Lei n° 25/15, de 18 de setembro até aprovação do CPP 2021. Neste ínterim, é de considerar que as competências do juiz de garantias circunscreve-se somente na fase de instrução preparatória, ou seja, o seu campo de actuação limita-se a fase de instrução preparatória, dentro das competências do juiz de garantias, existem que actos de autorização do juiz de garantias em instrução preparatória e actos de aplicação exclusiva do juiz de garantias, deste modo invocamos o (art.º 312.°e ss).
Por conseguinte, entramos no âmago do trabalho, analisamos as garantias dos arguidos e as medidas cautelares. 
Com o propósito de lograr uma conclusão, mais estrutural para o presente trabalho, realizamos valioso périplo pelo Direito Comparado, tendo-nos posto em contacto com a dimensão garantística do processo penal português, o juiz de instrução. 
Para abordagem e compreensão do pretendido estudo, estruturámo-lo em dois capítulos e referências bibliográficas. O primeiro capítulo está reservado a fundamentação técnica- científica, o segundo cuida da Metodologia empregue na realização da presente Monografia.
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
A figura do juiz de garantias constitui um elemento central e um grande avanço na estrutura do Processo Penal Angolano, com a reforma de justiça, surgindo com a finalidade de fiscalizador das omissões do Ministério Público durante a fase de Instrução Preparatória, actos esses que atentam contra os direitos fundamentais dos arguidos privados de sua liberdade.
Deste modo, o problema que nos propormos aqui tratar consiste na seguinte pergunta da partida:
Quais são as atribuições e limites do juiz de garantias?
OBJECTIVOS:
Objectivo Geral
Analisar o papel do juiz de garantias durante a fase de instrução preparatória.
Objectivos Específicos
1. Contextualizar os direitos fundamentais em Angola e a sua relação com juiz de garantias;
2. Descrever as actividades realizada pelo juiz de garantias na instrução preparatória;
3. Identificar as garantias dos arguidos e as medidas cautelares;
4. Analisar o juiz de garantias no direito comparado.
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
A existência do Juiz de Garantias como imperativo jurídico-constitucional à realização do princípio da tutela jurisdicional efectiva, na nossa realidade, reapresenta-o um insofismável progresso no processo penal angolano, de reforço das garantias dos cidadãos, consequente a concretização de um processo justo e equitativo à luz dos postulados que encerram o Estado de Direito e Democrático, cujo conceito pressupõe Justiça, Igualdade e Imparcialidade Jurisdicional, dará uma viragem no paradigma do processo Penal Angolano. Todavia, , para resoluções de questões criminais no processo penal, dois juízes passarão a garantir a tramitação processual, Para o efeito, o juíz de garantia no papel de fiscalizador dos direitos fundamentais dos cidadãos na fase preparatória, e passará a pronunciar os processos, nas fases subsequentes o juiz da causa, a implementação do juiz de garantia é fundamental vem garantir, de facto, um processo penal mais justo e equitativo, razão pela qual entendemos ser um tema que ganha especial importância e fundamental no processo penal.
DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
O presente trabalho limita-se do ponto de vista territorial, em Angola. Quanto à delimitação teórica, o trabalho enquadra-se no âmbito do Direito Processual Penal. Quanto à delimitação temporal, o presente trabalho compreende o período que vai de Março Setembro de 2022.
DEFINIÇÃO DE CONCEITOS
Direitos Fundamentais - “São direitos ou posições jurídicas subjectiva das pessoas enquanto tal, individual ou institucionalmente considerada, assente na constituição”. (Miranda, 1999, p. 11)
Juiz de Garantias – “É chamado juiz das garantias, porque a sua intervenção tem lugar para acautelar a defesa dos direitos fundamentais, dentre os quais avultam a liberdade, a segurança e a reserva da intimidade da vida privada dos cidadão”. (Nhanga, 2021, p. 179)
Arguido – “ Assume a qualidade de arguido num Processo Penal todo. Aquele sobre quem recai fortes suspeitas de que tenha praticado um crime suficientemente comprovado sujeito”, (art. 63.º do CPP).
Medidas de Coacção – “Medidas que podem ser aplicadas ao arguido desde o início do processo”. (Prata, Veiga & Vilalonga, 2008, p. 313) 
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO- CIENTÍFICA
1.1. A RELAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS COM JUÍZ DE GARANTIAS 
O juiz de Garantias surge-nos ligado à efetivação dos direito fundamentais em Angola.
Segundo Gomes Canotilho e Moreira: 
Os direitos humanos, distinguem-se dos direitos fundamentais porque estes são direitos constitucionalmente positivados e juridicamente garantidos nos ordenamentos jurídicos (internos), enquanto os direitos humanos são direitos de todas as pessoas ou colectividade de pessoa independentemente da sua positivação jurídica nos ordenamentos jurídicos estaduais. 
(Canotilho, e Moreira, 2007, p. 240) 
 Vê-se logo, que os direitos fundamentais são direitos cujo ad constituições consagram, enquanto os Direitos Humanos são direitos essenciais porque, decorrem da própria essência do ser humano, independentemente de ser cidadão daquele ou deste Estado,
Para Jorge Miranda, considera que os direitos fundamentais são entendidos “como direitos ou posições jurídicas subjectiva das pessoas enquanto tal, individual ou institucionalmente considerada, assente na constituição”. (Miranda, 1999, p. 11)
Hodiernamente, tanto os direitos fundamentais como os direitos humanos partilham de verdadeiras semelhanças possuindo nas suas origens os mesmos valores éticos (de justiça e de igualdade), representando características essenciais à natureza humana tendo como finalidade comum a protecção da dignidade humana. 
Em angola, aprovação da Constituição da República de Angola em2010 ( doravante CRA), fez surgir um aumento significativo de direitos, liberdades e garantias fundamentais, urgi a necessidade do Estado proteger ou seja, a consagração de um leque de direitos fundamentais fez com que o Estado criasse normas que visam promover, defender, proteger e assegurar o respeito e garantia afectiva os direitos fundamentais consagrados na CRA, pelos poderes legislativo, executivo e judicial. Seus órgão e instituições, bem como todas as pessoas singulares e colectivas. ( n. 2 do art 2 da CRA).
Logo, o Estado estatui uma instituição jurídica, com a função de garantir a promoção da prática da defesa dos direitos fundamentais dos cidadão nos processos-crime, por conseguinte o juiz de garantias( juiz das liberdades ou juiz de instrução), tem como tarefa fundamental, entre outras, garantir, assegurar os direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadão na fase dos processos crime. Garantir e assegurar para que não haja violação dos direitos fundamentais, como é o caso de excessos medidas privativas de liberdade, nomeadamente a prisão preventiva domiciliar e a prisão preventiva. Tudo isso deverá ser fiscalizado pelo juiz de garantias sem prejuízo das disposições da CRA ou do CPPA
 Tanto assim, que o legislador constituinte veio finalmente cumprir o comando fundamental da fiscalização das garantias fundamentais dos cidadãos, por magistrados judiciais com a materialização do juiz de garantias por intermédio da norma transitória do n 1 do art 4 da Lei n. 39/20, da Lei 11 de Novembro, Lei que aprova o CPP, nos termos do termos da Qual : 
“ O Ministério Público cessa o exercício das competências atribuídas aos juízes de garantia pelo Código aprovado pela presente lei, logo que estes entrem em funções “.
Com efeito, estabelece a al. f) do referido artigo 186.° que, “(…) sem prejuízo das fiscalização das garantias fundamentais dos cidadãos por Magistrado Judicial, nos termos da lei” da interpretação desta norma constitucional, pode concluir-se que o legislador em relação ao Magistrado Judicial, no exercício da função jurisdicional, a tarefa não só de defender os direitos fundamentais dos cidadãos na fase preparatória nos processos penais, mas também a de assegurar as liberdades dos cidadãos no decurso do processo penal.
Outrossim, destacamos as normas constitucionais prevista no n.° 2 do art.° 34.° sobre a gerência dos direitos fundamentais, é apenas por decisão de autoridade judicial competente, (juiz de garantias) tendo em conta os direitos fundamentais dos cidadãos, nestes modos torna se insofismável tecer que em matérias ligadas a privatização da liberdade seja da competência do juiz, salvos nos casos previstos por lei. 
Ora, seja qual for o nome que lhe atribua (juiz de garantias ou juiz das liberdades), a verdade é que esta função de assegurar as liberdades dos arguidos, e garantir que uma intervenção contra um direito fundamental seja justa e devidamente acautelado, não pode ser exercido pela procuradoria da República através dos Magistrados do Ministério Público”. 
 (Juris, 2017, p. 205)
A Constituição da República de Angola tem normas muito claras sobre a função dos Magistrado judiciais e a do Ministério Público. Os Magistrados Judiciais, dirimem conflitos de interesses, quer públicos quer privados, assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos, garantem a defesa do contraditório e do acusatório e reprimem as violações da legalidade. Tanto assim que, nos termos da al.f) do art. 186, CRA, durante a fase de instrução preparatória dirigida pelo MP fiscalizam, ainda as garantias fundamentais dos cidadão. Aos Magistrados do Ministério Público promover o processo penal, para que o dirigi a fase de instrução preparatória, exercer acção penal, deduzindo acusação. 
A garantia dos cidadãos por juiz de garantias na fase processual não é só da alínea f, do art.º 186.º mas por interpretação doutras normas constitucionais, nomeadamente as previstas (art.º 2.º, 6.º e 175.º da CRA) o princípio da legalidade da administração da justiça este princípio da legalidade é a maior garantia de observância dos direitos do cidadão e são essenciais para a segurança jurídica e demais valores consagrados na Lei e na Constituição. 
Hacre, consideramos, essencial a intervenção de uma entidade independente, imparcial e descomprometida com a titularidade da acção penal, sem competências de investigação de modo a garantir de forma isenta, o controlo da legalidade das investigações, primando pelo respeito dos direitos, liberdades e garantias dos visados, evitando as ingerências injustificadas na sua esfera jurídica deste. 
Uma instituição jurídica com a função é, por conseguinte, a figura de juiz de garantias, nomeadamente no papel de fiscalizador das liberdades, que deverá zelar pelos direitos fundamentais dos cidadãos, cumprindo e fazer cumprir a observância do princípio da presunção da inocência, disposto no n.º 2 do art.º 67.° da CRA.
Nestes casos, reputa-se que o juíz de garantias, deve encarregar-se na fiscalização das garantias fundamentais dos cidadãos. Juiz de garantias é, em certa medida, um reforço uma extensão da proteção dos direitos fundamentais.
1.2. CONCEITO E NATUREZA DE JUIZ DAS GARANTIAS
O juiz de garantias, uma nova classe de juízes de direito em Angola, que nasce com a entrada da Lei n.º 39/25, de 11 de Novembro, que aprova o novo Código do Processo Penal (doravante designado CPP) em Angola. Será o juíz que entrará na fase de instrução preparatória, tem como função garantir a defesa dos direitos fundamentais das pessoas. 
Juiz é o magistrado tem por função ministrar a justiça. Em sentido amplo abrange todo aquele que exerce funções de resoluções de conflitos, incluindo juízes arbitras e o juízes de paz. Em sentido restrito o conceito é aplicável apenas ao conjunto de juízes que forma a magistratura judicial hierarquicamente organizada onde se inclui o juízes de direito, o juiz ter relação e os juízes do Tribunal Supremo art. 12º do CPP. 
(Nhanga, 2021, p. 148)
O juiz é a entidade cujo a incumbência resulta em administrar a justiça em nome do povo, exercer funções de resoluções de conflito, em obediência exclusivamente à constituição. 
Juíz de Garantias é chamado juíz das garantias, porque a sua intervenção tem lugar para acautelar a defesa dos direitos fundamentais dentre os quais avultam a liberdade, segurança e a reserva da intimidade da vida privada, al. f) do art 186 da CRA coadjuvado com art 313 do CPPA
A natureza jurídica do juiz de garantias no ordenamento jurídico Angolano, resulta de um cariz naturalmente constitucional. Ou seja, é uma classe nova de juízes que tem o seu fundamento constitucional, nos termos da al.), f do art. 186 da CRA coadjuvado pela al. a) do art. 12º e 3 13º do CPP. 
1.3. PERCURSO HISTÓRICO DO JUIZ DE GARANTIAS EM ANGOLA 
A figura do juiz de garantias constitui um elemento central e um grande avanço na estrutura do Processo Penal angolano com a reforma de justiça, surgindo com a finalidade de guardião dos direitos fundamentais dos cidadãos.
No que tange, o percurso histórico do juiz de garantias no processo penal angolano, assevera Luzia Sebastião afirma que “Antes de mais, importa referir que os contextos constitucionais Angolanos nunca fizeram uma consagração expressa da figura do juiz de garantias, tal como, por exemplo, o faz ordenamento jurídico brasileiro. A referência a essa figura foi sendo sempre feita em diplomas legais que indicações claras sobre a função do Juiz e as do Ministério Público”. 
(Juris, 2017, p. 195)
Como remata Luzia Sebastião a lei constitucional de 1991- 1992, não faziam uma consagração expressa à figura do juiz de garantias, ao contrário, estava introduzida no CPP de 1929, onde o primeiro interrogatório de arguido detido era feito pelo juiz, de acordo com o CPP de 1929 o arguido preso era apresentadoao Magistrado Judicial, ou seja no CPP de 1929, competia juiz proceder o primeiro o interrogatório do arguido, aplicar medidas de coacção privativa de liberdade, nomeadamente; prisão preventiva domiciliar e a prisão preventiva art.º 253.° do CPP de 1929.
Não obstante a vigência da norma acima referido, essa competência deixou de ser do juiz em função dos vários diplomas legais (legislação ordinária) que foram surgindo, nomeadamente: Lei n° 4/79, de16 de maio, lei que cria a Procuradoria-Geral da República; Lei do Sistema Unificado, Lei n.° 18/88, de 31 de dezembro, (primeira lei da prisão preventiva em instrução preparatória); Lei n.°18-A/ 92, de 17 Julho (segunda lei da prisão preventiva em instrução Preparatória; Lei n° 22/12, de 14 de Abril, que reestrutura a Procuradoria- Geral).
“Com aprovação da lei, n.° 4/79, o legislador ordinário operou uma transferência dos poderes que o CPP de 1929 reconhecia aos juízes para Magistrados Ministério público”. (Juris, 2017, p. 196)
A Lei 4/79, de 16 de maio, lei que cria a Procuradoria- Geral da República (PGR), conferiam à PGR competências dos juízes na fase de instrução preparatória, nós termos das alíneas e) e f) do artigo 2.° da lei n.° 4/79, os poderes dos magistrados judiciais reconhecidos pelo CPP 1929 passou a ser exercido pelos Magistrados do Ministério Público, como é o caso de ordenar prisão preventiva, o primeiro interrogatório de arguido detido entre outras. 
Esta mudança permitiu a revogação da Lei n.° 4-D/80, Lei n.°18-A/92, das normas previstas no Código de Processo Penal de 1929 e a legislação avulsa, relativas a: detenção, medida de coacção pessoal, medidas de garantia patrimonial e imunidades. Em substituição entra em vigor a Lei n.° 25/15, de 18 de Setembro, lei das medidas Cautelares em Processo Penal.
Portanto, é evidente à semelhança das leis nomeadamente: Lei n° 4/79, de16 de maio, lei que cria a Procuradoria-Geral da República; Lei do Sistema Unificado, Lei n.° 18/88, de 31 de Dezembro, (primeira lei da prisão preventiva em instrução preparatória); Lei n.°18-A/ 92, de 17 julho (segunda lei da prisão preventiva em instrução Preparatória; Lei n° 22/12, de 14 de Abril, que reestrutura a Procuradoria- Geral, até a Lei n° 25/15, de 18 de setembro o MP contínuo com poderes para proceder, O primeiro interrogatório do arguido detido, validar a detenção, aplicar as medidas restritivas da liberdade nomeadamente prisão preventiva domiciliar, prisão preventiva entrem outras, arts.° 12.° ss.
(…) a matéria em causa já foi objecto de um acórdão do TC (467/2017, de 15 de Novembro), tendo considerado inconstitucional algumas normas da Lei n° 25/15, de 18 de Setembro ( Lei das Medidas Cautelares em Processo Penal) por atribuir competências ao Ministério Público para decretar prisão preventiva e domiciliar. ‘Para que façamos as pazes com a nossa constituição se deve, imediatamente, assegurar que os juízes de garantias, iniciem imediatamente as suas funções. E esta é uma competência exclusiva do Conselho superior da Magistratura’.”
 (Paulo, et. al., 2021, pp. 70-71)
O Tribunal Constitucional mediante o acórdão do n.° (467/2017) considerou inconstitucional algumas normas da lei n.º 25/15, 18 de setembro (Lei das Medidas Cautelares em Processo Penal), por atribuir as competências do juiz ao Ministério Público na fase de instrução preparatório, de acusar e julgar, violando os preceitos constitucionais que estabelecem a separação de poderes, a constituição da República de Angola tem normas muito claras sobre o modelo processual penal, que manifesta uma clara opção política do texto constitucional por um sistema processual penal de matriz acusatória.
Nas vestes de Santos e Loureiro (2016. p. 24): 
Não se ignora que o Ministério Público é uma magistratura autónoma que integra os tribunais e obedece a critérios de legalidade e objectividade (n.º 1, 2, 3 do art.º 185.° da Constituição da República de Angola-CRA), mas essa característica não o coloca no papel constitucional atribuído a Magistratura judicial (…). 
Para estes autores, ainda que o Ministério Público seja uma Magistratura autónoma, e fundamental no sistema de justiça, não é atribuída constitucionalmente poderes jurisdicional para praticar actos de competência exclusiva de um magistrado judicial.
Na mesma linha de pensamento defendia Luzia Bebiana Sebastião, na sua intervenção durante uma conferência da AJA- Associação de Juízes de Angola esgrimiu: 
“O Ministério Público não tem poderes para limitar direitos fundamentais, não tem, não pode ter, tem que ser o juiz […], e a função do Ministério Público é dirigir a instrução preparatória, ou seja, fiscalizar o trabalho da polícia”. (Paulo, et. al., 2021, p. 71)
É tanto assim que a constituição da república de Angola, estabelece a separação de poderes e a interdependência de funções entre o Ministério Público e o juiz, exige um particular esforço e de respeito pelo papel de cada um. E é dada uma particular e elevada incumbência ao Ministério Público de “[…] Dirigir a fase preparatória dos processos penais sem prejuízo da fiscalização das garantias fundamentais dos cidadãos por Magistrado Judicial, nos termos da lei”, art.º 186.º da CRA.
 Fazendo ênfase ao posicionamento da professora Luzia Sebastião, o MP não tem poderes prima facie para decidir sobre os direitos fundamentais dos cidadão, a competência para iuris dicere, é exclusiva dos juízes, independente, imparcial no exercício das suas funções Cfr. Art.° 174.° 178.°e alínea f do art.° 186.° todos da CRA
“Impunha- se ao nosso legislador ordinário- no âmbito da conhecida Reforma da justiça e do Direito- adaptar a sua legislação relativa ao procedimento penal à luz da CRA, O que se materializou com aprovação do novo CPP, e por via dele o surgimento do juiz de garantias”. (Henrique, 2021, p. 69)
NCPPA aprovado pela lei n.° 39/20, veio transitoriamente materializar a figura do juiz de garantias no processo penal, 11 anos depois da entrada em vigor da CRA de 2010, que previa a existência de um magistrado judicial, o fiscalizador das garantias fundamentais dos cidadãos, na fase de instrução preparatória al, f) do art. º 186. º, da CRA, Coadjuvado com a norma transitória constante do n.° 1, do art.° 4º da Lei n.° 39/20, de 11 de Novembro, Lei que aprova o CPP, nos termos da qual:
O Ministério Público cessa o exercício das suas competências atribuída aos juízes de garantias pelo Código aprovado pela presente lei, logo que estes entrem em funções. Cabe ao Conselho Superior da Magistratura Judicial, criar condições para entrada em função dos juízes de garantias, no âmbito das suas competências.
Sublinhe-se que este preceito legal entrega transitoriamente ao Ministério Público, as competências institucionalmente reconhecidas por lei, aos juízes de garantias, até que sejam criadas as condições materiais e técnicas pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial. 
Este artigo é curioso porque, pela via da lei ordinária, autoriza o Ministério Público a ofender o princípio do acusatório consagrado no art.º 174º e o comando da alínea f) do art.º 186º, ambos da Constituição da República, e não só. Também o princípio da igualdade, na medida em que haverá, embora transitoriamente, locais em que, desde logo, um juiz garantirá aos arguidos o respeito pelos seus direitos fundamentais, a par de locais em que isso não sucederá. 
Paulo, et. al., 2021, pp. 71-72)
O legislador constituinte foi artificial quanto a norma transitória, verifica-se uma suspensão de função dos juízes de garantias sem prazo. Ao invés do legislador comprometer-se mais na materialização e efectividade do juiz de garantias, remete a responsabilidade ao CSMJ para criar condições técnicas e materiais para institucionalização do juiz de garantias.
 Contudo, mais preciso seria se o legislador ordinário num primeiro prisma, fixasse um prazo razoável para entrada em função dos juízes de garantias, ou em alternativa dilatar o prazo de vacatio legis do Código de Processo Penal.
O artigo 6 n.º 2 da CRA estabelece que “ O estadosubordina-se à Constituição e funda-se na legalidade, devendo respeitar e fazer respeitar as leis “ desta interpretação vigora o princípio da legalidade, e por conseguinte o dever respeitar e fazer respeitar as lei. Desta feita, o Ministério Público oficiosamente, deve abster-se de proceder actos de competência do juiz de garantias, imbuído de uma ética Republicana, não fica bem, este órgão ser conveniente de violação de um Estado Democrático de Direito pelo contrário tem que garanti-lo como impõe a CRA, não devemos deixar de reconhecer que o MP é e continua ser um órgão imperativo na administração da justiça.
1.4. COMPETÊNCIA DOS JUÍZES DE GARANTIA 
 	Compete aos juízes de garantia proceder à instrução contraditória no processo crime, decidir quanto a pronúncia e exercer as funções jurisdicionais relativas a instrução preparatória, no processo crime a fim de designadamente, praticar ordenar oi autorizar, a requerimento do Ministério Público, acros de natureza judicial previsto no Código de Processo Penal.
 No mesmo sentido, vide al. a) o art 12 do CPPA, compete ao juiz: exercer, na instrução preparatória todas as funções que lhe são atribuídas pelas disposições do presente Código.
1.4.1. As atribuições do juiz de garantia na instrução preparatória
Reza a doutrina processual penal “ A instrução preparatória é fase de investigação e recolha de provas ou de formação do corpo delito. Ela abre-se com auto de notícia de que foi cometida uma infração”. (Ramos, 2015, p. 278)
A instrução preparatória, é a fase inicial dos processos penais visa essencialmente na recolha de provas , para se apurar a existência ou não de um crime. Daí, a razão de ser chamada “fase de investigação” investiga se, para apurar os factos outrossim para provar a inexistência de um crime. Dispõe o art 302 do CPPA
Nos termos do o art.º 312.° do CPPA compete ao juiz de garantia enquanto autoridade judicial fiscalizador das garantias fundamentais dos cidadão durante a fase preparatória.
1. Durante a fase da instrução preparatória, cabe ao Juiz de garantias do tribunal territorialmente competente: a) Aplicar medidas de coacção pessoal; b) Apreciar as reclamações suscitadas dos actos do Ministério Público que apliquem medidas cautelares em instrução preparatória; c) Proceder o primeiro interrogatório judicial de arguido detido; d) Ordenar buscas nos estabelecimentos referido no n. 2 do art.º 213.º; e) Admitir como assistente no processo pessoas que nos termos da lei o requerente e tiveram legitimidade; f) Ordenar apreensão dos objectos processualmente relevantes encontrados nas buscas a que se refere a alínea d); g) Praticar actos que se refere o art.º 135.º que regula as faltas injustificadas dos participantes processuais; h) Ordenar e proceder à prestação antecipada de depoimentos ou declarações; i) Ordenar ou praticar qualquer outro acto ou que, pela sua natureza, só possa ser ordenado ou praticado por quem for titular do poder jurisdicional.
Entretanto, trata-se , de actos cuja competência é exclusivo do juiz de garantias. Na fase de instrução preparatória existem contudo actos que só poderão ser praticados pelo juiz de garantias ou mediante a prévia autorização do juiz pelo menos à luz do art..° 314.° além dos actos que se refere o n.º 1 do art.º 313.° do CPP; o art.º 314.° do CPP atribui outros actos que podem ser praticados pelo juiz de garantias.
Compete ainda ao magistrado judicial, durante a fase de instrução preparatória, autorizar: “a. Peritagens ou exames susceptíveis de ofender a integridade, a reserva da intimidade ou pudor das pessoas; b. Escutas telefónicas e actos que relacionados, nos termos dos artigos 241.° e seguintes; c. Qualquer outro acto, em que seja o juiz a conceder a autoridade”. (art.º 314.º do CPP)
Ao contrário das competências a que se refere o n.º 1 do artigo 313.º do CPP, estes são actos propriamente exclusivos do juiz de garantias na fase da instrução preparatória – art.º 314.º do CPP.
1.4.1. Limites do juiz de garantias
Entende-se que os limites são aqueles que resultam do art.º 316.° do CPP, que diz “o magistrado judicial competente que praticar actos referidos nas alíneas a), b) e do art.°313.° do CPP fica impedido de intervir como juiz na fase do julgamento”.
O art.° 316.°do CPPA vem de forma clara e sucinta, limitar as competências do juiz de garantias na fase do julgamento, de modo a que o juiz que intervém na instrução preparatório ficará impedido de intervir nas fases subsequentes do processo penal, em homenagem ao princípio da Imparcialidade.
Só assim se manterá incólume a garantia de imparcialidade da jurisdição como, de resto, o “Tribunal Europeu de Direitos Humanos, o Tribunal Constitucional da Espanha e a Corte Constitucional da Itália convergem os seus entendimentos no sentido de que um juiz não pode em fases sucessivas no âmbito de um mesmo processo penal”. 
(Maya, 2014 p. 197)
Por outra, o juiz de garantias na fase da instrução preparatória fica impedido somente a praticar os actos que se refere o art.º 313.° do CPP, não poderá por exemplo: o juiz de garantias praticar actos que se refere o n.º 1, 2, e 3, do art.º 309.° do CPP, em nosso entendimento fica aqui patente que o juiz de garantias, fica limitado a praticar outros actos na fase do julgamento.
1.4.3. Designação e Funcionamento do Juiz de Garantias
A norma transitória n.° 2 do art.° 4 da Lei 39/20, de 11 de Novembro, Lei que aprova o CPP, nos termos do qual, o CSMJ tem a tarefa de criar condições para entrada em funções de juízes de garantias. 
Com efeito, caberá ao CSMJ, em primeiro lugar, dar formações extensivas aos futuros juízes de garantias, de preferência aqueles juízes de carreira sem desprimor aos demais, devido a experiência prática, por outra devem defendemos que sejam estabelecidas condições materiais e técnicas para a institucionalização do Juiz das Garantias, dito de outro modo, que sejam criadas Salas de competências dos juízes de garantias (Salas das Garantias, obedecendo aos critérios da Lei n.° 2/15, de Fevereiro, Lei Sobre a Organização e Funcionamento dos Tribunais da jurisdição comum.
A Lei n.° 2/15, implementa um Tribunal de Comarca em cada circunscrição cujo, jurisdição em toda Comarca, podem desdobrar-se em Salas de Competências, outrossim podem ser criadas outras de Salas de Competência Especializada, desde que o volume processual e racionalidade da administração da Justiça o justifique, agregando matérias próximas ao julgamento cfr. O n.° 2 do art.º 44 da Lei n.° 2/15, 
Com fundamentos nestes motivos deverá ser cogitada a possibilidade de criação de uma nova Sala de Competência a designar, eventualmente, como Sala das Garantias, obedecendo o critério da necessidade de serem criadas Salas de Competência Especializada, uma vez que os arguidos deverão ser apresentados a um juiz de garantias para proceder o primeiro interrogatório como dispõe o art.°169.° 170.° e (al. b), n.° 313.° todos do CPP, compaginado com o aumento de processos, e em conformidade com a Lei, ou então funcionar nas Salas de Questões Criminais já existentes.
No entanto, é importante que haja separação física das salas de questões ligada a instrução preparatória e do julgamento é fundamental para não violar o princípio da imparcialidade, ou seja para que não haja influências nas decisões das fases posterior a instrução preparatória.
1.5. O ARGUIDOS E AS MEDIDAS DE COAÇÃO PESSOAL
No que concerne as garantias dos arguidos e, é importante frisar os pontos que nos darão uma ideia sobre o arguido, o seu estatuto.
 Assume a qualidade de arguido num Processo Penal todo. Aquele sobre quem recai fortes suspeitas de que tenha praticado um crime suficientemente comprovado sujeito”, (art. 63.º do CPP).
Entretanto, importante frisar que, a qualidade de ser arguido em cedo de processo penal, obedece à dois critérios:
a) Suceder fortes suspeitas de que o indivíduo tenha cometido um tipo ilícito penal;
b) O tipo ilícito penal deve estar suficientemente comprovado.
Outrossim, podem ser constituído arguidosobrigatoriamente, sempre que em instrução preparatória, for aberta contra pessoa determinada, prestar declarações perante o magistrado do Ministério Público ou órgão de Polícia criminal, ou quando tenha de ser aplicada uma medida de coacção ou de garantia patrimonial, em caso de detenção de qualquer pessoa, nos termos que rezam os artigos 250.° e ss do CPP.
O estatuto do arguido é constituído por garantia processuais (direitos e deveres) - art.° 66.° do CPP.
“Ao arguido é, em geral, garantido, desde que adquira da posição, o exercício, nos termos da lei, dos direitos atribuído e dos deveres impostos pela Lei Reguladora do Processo Penal”. (Nhanga, 2021, p. 180)
Uma garantia por àquela constituição corresponder o estatuto de sujeito processual, uma posição processual que recai ao arguido uma conjunto de direitos e deveres processuais autónomos, legalmente definidos, que hão-de ser respeitados por todos os intervenientes no processo penal, tanto assim é que, nos termos do disposto do art.° 67.º do CPP são direitos processuais do arguido:
a)-Estar presente nos atos processuais que diretamente e a disserem respeito; b)- Ser ouvido pelo magistrado competente quando este tenha tomar decisões que pessoalmente ou possam afectar; c. Ser informado, pelas autoridades judiciais ou pelo órgão da polícia criminal perante quem seja obrigado a comparecer, dos direitos que a lei lhe concede; d)-. Não responder as perguntas que lhe forem feitas quero sobre os fatos que lhe forem imputados quer sobre o conteúdo das declarações acerca deles prestar; e)-. Escolher o defensor ou pedir ao magistrado competente que lho nomeie; f. Ser assistido pelo seu defensor em todos os atos processuais em que participar e, se tiver detido, ou de comunicar-se em privado com ele; g)- Intervir nas fases de instrução preparatória e contraditória oferecendo provas e requerendo as diligências que reputar necessárias; f)-. Impugnar, mediante reclamação o recurso, nos termos da lei, as decisões que lhe forem desfavoráveis. 
Ainda no âmbito da relação jurídico-processual estabelecida, não só vinculam os direitos dos arguidos, como também se estabelece um conjunto de de deveres processuais. Estes devem subordinar-se enquanto sujeito passivo da relação jurídico- processual penal, deveres que recaem sobre a pessoa que assuma a qualidade de arguido, devendo o mesmo cumprir com os deveres estabelecido por lei, de forma escrupulosa.
Portanto, durante a fase do processo penal, o art.° 68.° do CPP, o arguido tem o deveres processais: a) Comparecer perante o juiz, o Ministério Público ou o órgão de polícia criminal quando, para tanto, tiver sido convocado, nos termos legais; b) Responder com verdade as perguntas sobre a sua identidade e sobre os seus antecedentes criminais; c) Submeter-se as diligências de prova e as medidas do Coacção e garantia patrimonial ordenadas pela entidade competente, nos termos da lei; d) Não perturbar a instrução e o normal desenvolvimento do processo.
1.5.1 As medidas de Coação Pessoal
Quanto as medidas de coacção pessoal, Tereza Beleza define-as como: 
Medidas cautelares que podem ser aplicadas a uma pessoa sobre quem recai forte de ter cometido um ilícito criminoso e destina-se, segundo a lei a assegurar finalidades da natureza processual, ao contrário do que acontece na decisão final de um processo-crime que se aplica uma pena que pode ter fins retributivos no sentido geral ou especial. 
(Beleza, 1993, p. 8)
Entretanto, as medidas de coacção pessoal são tidas como meios processuais limitativos da liberdade pessoal ou patrimonial que têm a função de garantir os fins do processo. Pretende-se com a sua aplicação assegurar a instrução do processo garantindo a segurança contra prática de novas infracções e, afinal a aplicação e a execução da pena. 
O nosso CPPA no Capitulo III no n.° 1 do disposto do art.º 260.° os tipos de medidas de coacção pessoal, e fixa de seguinte modo as medidas de coação pessoal: 
O Termo de identidade e residência (TIR); a obrigação de apresentação periódica às autoridades; Caução; a proibição e a obrigação de permanência em locais e a proibição de contacto; a interdição de saída do país; a Prisão preventiva domiciliar e a Prisão Preventiva.
São essas as medidas que, o Magistrado Judicial ou do Ministério Público pode ou deve aplicar aos arguidos indiciados de ter perpetrado um crime. 
1.5.2 Termo de Identidade e Residência - TIR
Findo interrogatório do detido, se o processo tiver de continuar, o Magistrado competente do Ministério Publico (MP) ou o Juiz deve sujeitá-lo ao Termo de Identidade e Residência, n.° 1 do art.° 269.° do CPP.
Ainda que trate de um arguido solto, o Termo de Identidade e Residência deve ser imposto pelo juiz, Ministério Publico e os órgãos de polícia criminal, n.° 7 do art.° do art.° 269.° do CPP. É uma medida de aplicação obrigatória sempre que alguém for constituído arguido fazendo este prova da identidade e declarando a sua residência, o local de trabalho ou outro domicílio, n.° 3, do art.° 269.° é a medida menos gravosa prevista no CPPA, outrossim, pode ser acumulável com qualquer outra medida de aplicação, (n.° 7 do art.° 269.° do CPP). 
1.5.3 A obrigação de apresentação periódica as autoridade
A obrigação de apresentação periódica as autoridades tem como objectivo submeter o arguido à obrigação de se apresentar periodicamente à uma autoridade Judiciária de polícia Criminal ou uma estrutura policial (n.° 1 do art.º 270.° do CPP).
Segundo Henriques (2021, p. 115) “esta medida de coação de apresentação periódica tem como finalidade garantir a colaboração do arguido com a justiça a não ausência, factor que pode vir a comprometer o regular desenvolvimento do processo”. 
 Esta medida é igualmente, acumulável com qualquer outra compatível com o n.º 3 do art.º 270.° do CPP. Tem a competência para aplicar essa medida de coacção, o MP e juiz de garantias, n.° 1 do art.° 270.° do CPP. Extinguindo-se decorridos os prazos previsto no art.º 283.° do CPP.
1.5.4 A proibição ou obrigação de permanência em determinados locais e proibição de contactos com determinadas pessoa
Esta medida de Coacção Pessoal, tem como objectivo à proibição de permanência do arguido em áreas de certos locais. Com a objectividade de evitar a continuidade da actividade criminosa, através de contacto com certas pessoas, e a obrigação de não se ausentar sem a autorização, da entidade competente, da localidade, onde reside (n.° 1 do art.º 271. ° do CPP). 
Também pode ser acumulável com outras, e extingue-se se decurso dos prazos estabelecidos para prisão preventiva, art.º 283.° do CPP. Tem a competência para aplicar essa medida o MP, e o Juiz de Garantias (n.º 1 do art.º 271.° do CPP).
1.5.5 Caução 
A obrigação de prestar caução como medida de Coacção Pessoal, pode ser aplicado ao arguido que sobre ele é imputado um crime punível com pena de prisão superior, sendo limite máximo 1 ano, isto conforme o n.° 1 do art.º 272.° do CPP. Consiste na obrigatoriedade de o arguido entregar determinado montante tendo em conta os fins que a medida se destina a cautelar, a gravidade do crime, o dono por este causado a sua condição económica e social como garantia de cumprimento dos seus deveres processuais.
Esta medida é cumulável com qualquer outra medida, à excepção da prisão domiciliar e prisão preventiva, e pode ser prestada por depósito, penhor hipoteca, fiança ou fiança bancária, nos termos admitidos pelo magistrado competente (art.° 275. ° do CPP). Quanto a competência para aplicar essa medida, o MP e o Juiz (n.° 1 do art.° 272.° do CPP). Caso o arguido falte, sem justificar, a um acto processual, considera-se a caução quebrada, revertendo o seu valor para o Estado (art.º 275.° do CPP).
1.5.6 Interdição de saída do país 
Esta medida de Coacção Pessoal, vem garantir os fins do processo, no caso de fuga ou fuga de perigo por parte do arguido, nos termos definido do disposto do n.º 1, al. a) do art.º 263.º do CPP, o Magistrado competente aplica esta medida como garantia no processo.
“Esta medida é especialmenteadequada à salvaguarda de uma das finalidades das medidas de coação, no caso: fuga ou perigo de fuga - art.° 263.° n.° 1, al. a, do CPP”. (Santos, e Loureiro, 2016, p. 103)
Ao contrário das medidas anteriores, esta medida é imputada ao arguido quando o crime for punível com pena de prisão com limite máximo de superior a 3 anos, isto nos termos do n.° 1 do art.° 276.° do CPP. Tem a competência exclusiva aplicar essa medida, o Juiz (n.º 1 do art.º 276.° do CPP).
1.5.7 Prisão preventiva domiciliar
Esta medida de coacção privativa da liberdade é uma das mais grave e tem natureza excepcional e subsidiária, estando subordinada a um limite temporal, ademais consiste no encarceramento do arguido na sua residência, numa altura do processo em que a sua culpabilidade não foi ainda decidida por sentença de condenação transitada em julgado no disposto do n.º 1 do art.º 277.° do CPP, deve ser aplicada quando as medidas anteriores se considerar inadequadas ou insuficientes, e desde que o crime seja aplicável a pena de prisão com limite máximo superior a 3 anos, fazendo com quê arguido permaneça na habitação em que reside, não podendo ausentar-se dela sem autorização. 
A prisão preventiva domiciliar, obedece aos prazos de duração, aqueles estabelecidos para prisão preventiva no art.° 283.° do CPP. A restauração da privação cessa imediatamente as restrições de liberdade individual impostas ao arguido, quando for extinta a medida de prisão domiciliar. 
Outra particularidade é que a competência para aplicar essa medida é exclusiva do juiz de garantias.
1.5.8 Prisão preventiva
A prisão preventiva consiste na privação de locomoção do arguido, aplicável apenas quando todas as outras medidas coactivas forem inadequadas ou insuficiente ( n. 1 do art 279)
Os pressupostos desta medida é:
1 Competência Juiz; 2 Quanto a forma prevista no art 279; 3 Crime punível com pena de prisão superior a 3 anos; 4 Inadequação ou insuficiência das outras medidas ;
Concomitantemente trata-se de uma medida de carácter obrigatório nos crimes de genocídio, contra humanidade e nos crimes de organização terrorista, terrorismo e financiamento do terrorismo. 
A prisão preventiva não pode ser imposta: as pessoas portadoras de doenças graves, luto, gravidez com 8 meses velhice e auxilia doente. Se, o arguido encontrar- se nas situações acima referidas, dará lugar a suspensão da execução da medida de prisão preventiva, do art. º 281.° aplica-se, com as devidas adaptações, o disposto nos n. 2 e 3 do art. º 281 do CPP.
Concluindo o reexame, o magistrado judicial competente decide se a prisão preventiva deve ser mantida, revogada ou substituída por outra medida, n.º 3 do art.º 282.° do CPPA. Ou seja, o juiz de garantias recebe a acusação por parte do MP, onde recai uma medida de coacção de prisão preventiva, por sua vez o juiz de garantias tem incumbência de, oficiosamente reexaminar os pressupostos aqui se refere o art.º 282.° do CPPA.
Os prazos mínimos e máximos de Prisão Preventiva encontram descritos no art.º 283.° do CPP:
a) 4 meses sem acusação;
b) 6 meses sem pronúncia do arguido;
c) 12 Sem condenação em primeira instância; 
d) 18 meses, sem haver condenação com trânsito em julgado.
Os prazos estabelecidos no número anterior são alargados, respectivamente para 6, 8, 12, 14, e 20 meses, quando se tratar de um crime punível com pena de prisão superior, no seu limite máximo, de 5 anos e o processo se revestir de especial complexidade, em função do números de arguidos e ofendidos, do carácter violento ou organizado do crime e do particular circunstancialismo em que foi cometido.
1.6. PRINCÍPIOS ORIENTADORES DAS MEDIDAS DE COACÇÃO PESSOAL 
Os princípios relativos as medidas de coacção pessoal são necessariamente fundamentais estabelecendo equilíbrio entre as imposições do processo penal e garantia dos direitos fundamentais do indivíduo, de modo a evitar violações injustificadas desses mesmo direitos, ainda que seja no decurso de uma investigação criminal.
(…). Assumindo-se o processo penal como via de proteção da comunidade enquanto instrumento de realização do direito penal, não pode jamais ser usada para sacrificar direitos que a lei a todos reconheço. Obtém isso esse equilíbrio condicionando aplicação de tais medidas a rigoroso os princípios informadores que ponham o cidadão acoberto do comportamentos indiscriminados e abusivos por parte dos agentes judiciários.
 (Santos, Henriques e Santos, 2011, p. 270)
Aplicação de qualquer uma das medidas de coacção pessoal, obedecem aos rigorosos princípios informadores, garantem e asseguram a defesa dos direitos do cidadão e interesse legalmente protegidos, contra comportamento indiscriminados é abusivo por parte de quem tem uis puniend, são tais princípios, essencialmente, os seguintes: da prévia constituição de arguido, da finalidade, da legalidade, da necessidade, da adequação, princípio da subsidiariedade e o da proporcionalidade. 
Princípio da prévia constituição de arguido, aplicação de qualquer medida de Coacção Pessoal,, excepcionalmente as medidas de garantia patrimonial, recai sempre sobre um pessoa física, está sujeito primeiro à constituição de arguido, destarte é insofismavelmente à constituição obrigatória de arguido, para que seja aplicado uma medidas propriamente dita, uma vez que essa aplica-se pessoalmente como se refere o art.° 260.° do CPPA. Por isso, consideramos tratar de uma condição indubitavelmente para aplicação de uma medida de Coacção pessoal.
Segundo o princípio da finalidade, as medidas de coacção pessoal ou garantia patrimonial não podem ser utilizadas para outros fins, senão aqueles estabelecidos por lei.
“Pretende circunscrever a aplicação das medidas de coacção e de garantia patrimonial a exclusivas exigências processuais de natureza cautelar, pelo que as mesmas não podem ser utilizadas para outros fins”. (Santos e Loureiro, 2016, p. 33)
Nestes modos e nos demais, será ilegal aplicação de uma medida de natureza cautelar sem para os quais os fins sejam contrário à lei. A título de exemplo: é ilegal a prisão preventiva destinada a obter indícios de que o arguido cometeu o crime que lhe é imputado, n.° 4 do art.° 279.° do CPPA, 
O princípio da legalidade está intimamente ligado a base do Direito Penal (nullun crime nullo poena sine lege) não há penas sem que a lei venha estabelecer, ou seja, as penas a ser aplicadas devem ser aquelas contidas na lei.
Este princípio na aplicação das medidas de coacção pessoal têm função de carácter garantístico, na medida em que tutela e protege os direitos fundamentais dos cidadãos face à tendência expansiva do uis puniend, as medidas aplicadas devem estar prevista na lei, art.° 260.° do CPPA.
O princípio da necessidade encontra-se particularizado no texto constitucional, quando confrontado com n.° 1 do art.° 57. ° da CRA, quando dispõe o seguinte: “a lei só pode restringir os direitos liberdades e garantias fundamentais nos casos previstos na Constituição, devendo as restrições limitar- se ao necessário, proporcional e razoável”.
O princípio da necessidade sustenta a ideia de que, aplicação de qualquer uma das medidas prevista no código devem ser necessárias isto é, a única forma legal de assegurar a protecção dos interesses à tutelar com a aplicação destas medidas.
Por conseguinte, é importa arguir com robustez o princípio da adequação serve para fornecer o critério da selecção da medida quem melhor se ajusta as exigências processuais do caso concreto. O regime jurídico do princípio da adequação vem consagrado nos termos do n.º 1 do artigo 262.º do CPP, e dispõe que as medidas de coacção a aplicada pelo Magistrado do Ministério Público devem ser as necessárias e adequadas às exigências do caso concreto e proporcionais à gravidade da infracção. 
O princípio da proporcionalidade é segundo o qual a medida aplicada tem que ser proporcional com crime ou seja, aplica-se a medida tendo em conta o tipo de crime.
O princípio da subsidiariedade não é o corolário do princípio da adequação onde as medidas mas gravosas, nomeadamente:A prisão preventiva domiciliar e a prisão preventiva, só poderão ser aplicadas em última racion, quando as demais medidas se mostrarem inadequadas ou insuficiente nos termos da lei como é o caso do n.º 2 do artigo 262.º do CPP. 
1.7. PRESSUPOSTOS DAS MEDIDAS COACÇÃO PESSOAL
As Medidas de Coacção comportam pressupostos, sendo estes requisitos essenciais e fundamentais aplicáveis nestas medidas.a) Que tenha sido aberto um processo; b) que o processo corra contra determinada pessoa; c) que essa pessoa tenha sido constituído arguido ( indiciado);d) que se verifiquem exigências processuais de natureza cautelar.
1.8. REVOGAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E EXTINÇÃO DAS MEDIDAS DE COACÇÃO PESSOAL 
O artigo 267.º do CPP dispõe o seguinte: 
1. As medidas de coacção aplicadas devem ser revogadas pelo magistrado do Ministério Público ou pelo Juiz do Tribunal territorialmente competente, quando se verifique que: a) não foram aplicadas nas circunstâncias em que a lei o permite; b) as circunstâncias deixarem de as justificar. 2. A revogação não impede que uma medida revogada seja de novo imposta, se as circunstâncias que a justificam voltarem a ocorrer, mas em tal caso, deve ser respeitada a unidade do prazo legal, que se conta como se a medida não tivesse sido interrompida. 3. Quando as circunstâncias se alterem para que uma medida de coacção se torne excessiva, pode o juiz substitui-la por outra menos gravosa para o arguido, ou determinar uma forma menos gravosa de a executar. 4. A revogação e a substituição são requeridas pelo Magistrado do Ministério Público ou pelo arguido ou ordenadas oficiosamente pelo juiz, depois de ouvidos os sujeitos processuais. 
De acordo com o n.º 1 do artigo 268.º do CPP as medidas de coacção pessoal extinguem-se com: a) A sua substituição por outra medida; b) O decurso do respectivo prazo legal; c) O despacho que ordenar o arquivamento do processo ou que este fique a aguardar produção de melhor prova; d) O despacho de não pronúncia ou o que rejeitar a acusação; e) A sentença absolutória, mesmo havendo recurso; f) O trânsito em julgado da sentença condenatória, salvo o disposto no n.º 3. 
1.10. O JUIZ DE GARANTIAS NO DIREITO COMPARADO
Do ponto de vista do direito comparado, vale notar que, no processo penal europeu nomeadamente o direito processual penal português, é transversal a função do juiz na fase de instrução preparatória, como o garante e protetor dos direitos fundamentais. Esse juiz de instrução instrução ( juiz das liberdades ), cujo a função resulta amiúde em fiscalizar e garantir a legalidade da investigação criminal, da obtenção de provas e aplicar medidas de caráter carcerário. No nosso ordenamento jurídico o surgimento do juiz de Instrução resulta do art 186 da CRA de Fevereiro de 2010, hoje temo-lo firme e inamovível como consequência da entra em vigor do Código de Processo Penal em 11 de Fevereiro de 2021, senso corolário lógica do art. 186 da CRA. 
Seja juíz de instrução, “ juiz das liberdades” ou “ juiz de garantias” é mesma coisa, embora com algumas diferenças estruturais e terminologias, à semelhança mesmo a nível dos sistemas processual penal, tais como o Juíz de Garantias em Angola Vs Juiz de Instrução em Portugal, fase de Instrução Preparatória em Angola vs Fase de Inquérito em Portugal, Fase do Contraditório em Angola vs Fase de Instrução Preparatória em Portugal.
Sobre o juíz de instrução: 
É o juiz que procede a fase processual facultativa da instrução e a quem compete a direção dela sendo também o juiz na fase de inquérito, quando nesta fase se esteja perante actos que vem ser praticados, ordenados ou autorizados por juíz, atos respeitantes aos direitos, liberdades e garantias, fundamentais do arguido nos termos do disposto nos artigos 268.º e 269.º CPPP. Este juiz exerce funções nos tribunais de instrução criminal. 
(Prata e Almeida, 2008, p. 286)
Compreende, o juiz de instrução criminal como sendo o juiz que dirige a fase de instrução, outrossim prática actos na fase de inquérito, actos esse dentre os quais avultam os direitos, liberdades, e garantias, fundamentais do arguido na fase de inquérito, e as suas funções são exercidas no Tribunal de instrução Criminal.
1.10.1 Fase do inquérito
Esta fase compreende um conjunto de diligências que visam investigar a existência de um crime, determinar os seus agentes e a responsabilidade de deles e descobrir as provas, em ordem à decisão sobre acusação art.º 245.º do CPPP, o inquérito abre-se com auto de notícia ou conhecimento da existência de um crime, ou seja, o inquérito dá lugar quando tiver notícia de que foi cometido um tipo ilícito penal, n. 2 do art. º 245.º do CPPP.
Cabe ao Ministério Público a sua direção, assistido pelos órgãos de polícia criminal (art.º 246.º do CPPP), e ao juiz de Instrução a prática exclusiva de determinados actos (art.º 250.º do CPP), nomeadamente:
a) Proceder o primeiro interrogatório judicial de arguido detido; b) Proceder à aplicação de uma medida do coacção ou de garantia patrimonial, à recepção prevista no art.º 181.º, qual pode ser aplicada pelo Ministério Público; c) Proceder a buscas e apreensões em escritório de advogado, consultório médico ou estabelecimento bancário, nos termos do n.º 3 do art.º 177.º do n.º art.º 180.º e do art.º 181.º; d) Tomar conhecimento, em primeiro lugar, do conteúdo da correspondência aprendida, nos termos do do art.º 179.º; e) Praticar quaisquer outros actos que a lei expressamente reservar ao juiz de instrução. 2). O juiz praticar os actos referidos no número anterior a requerimento do Ministério Público, de autoridade de polícia criminal em caso de urgência ou de perigo na demora, do arguido ou do assistente. 3). O requerimento, quando proveniente do Ministério Público ou de autoridade de polícia criminal, não está sujeito a quaisquer formalidades. 4). Nos casos referidos nos números anteriores, o juiz decide no prazo máximo de 24h com base na informação que, conjuntamente com o requerimento, lhe for prestada, dispensando a prestação dos autos sempre aqui a não considere imprescindível.
Ainda durante a fase de inquérito o artigo 251.º do Código do Processo Penal Português, atribui competência exclusivas do juiz de instrução ordenar ou autorizar: a) Buscas domiciliares, nos termos e com os limites dos artigos 162.º 234.º; b) Apreensão de correspondência nos termos do número um do art.º 164.º; c) Intercepção ou gravações de conversas ou comunicações telefónicas, nos termos do artigo. 172.º; d) A prática de quaisquer outros actos que a lei expressamente o fizer depender da ordem ou autorização do juiz de instrução.
1.10.2. Fase de instrução
Esta fase visa a comprovação judicial da decisão de deduzir acusação ou arquivar o inquérito, submetendo ou não a causa a julgamento, conforme dispõe o art.º 268.º do CPP.
Parafraseando Marques da Silva “ É facultativa e tem caráter jurisdicional, a jurisdicionalidade não só da sua direção ser atribuída a um magistrado judicial, mas também por que nela se exerce uma atividade materialmente jurisdicional: apreciação pela jurisdição duma situação fatual concreta seguida duma decisão proferida de um ponto de vista jurídico”.
(Silva, 1999, p. 128)
A fase de instrução considerada como facultativa é em função de poder ser requerida pelo arguido, relativamente a factos pelos quais o Ministério Público tiver deduzido acusação, ou pelo assistente no disposto do art.º 269.º do CPP. Esta Fase de instrução constitui um grande instrumento de defesa para o arguido. 
O juiz de instrução para efeitos do presente Código, é o juiz nomeado o designado para praticar os actos previsto no art.º 272.º do CPPP.
O juiz de instrução pode, todavia, conferir aos órgãos de polícia criminal o encargo de proceder quaisquer diligências e investigação relativas à instrução, salvo tratando-se de actos por lei seja acometido em exclusivo à competência de autoridade judiciária, nomeadamente os referidos no n. º 1 do art.º 250.º e o n.º 1 do art.º 252.º.
CAPÍTULO II - OPÇÕES METODOLÓGICAS DOESTUDO
2.1. MODO DE INVESTIGAÇÃO 
O desenvolvimento de qualquer pesquisa é sempre precedido de definições quanto às estratégias utilizadas pelo pesquisador em busca de respostas às questões propostas pelo estudo, incluindo os procedimentos e instrumentos de recolha, análise e interpretação de dados, bem como a lógica que liga entre si os diversos aspectos da mesma. Quanto ao método de abordagem, utilizamos o método quantitativo, o qual baseou-se na doutrina e o método qualitativo, pelo facto de partir de uma teoria já existente. 
 2.2. HIPÓTESES 
Foi adoptada a seguinte hipótese: 
Durante a fase da instrução preparatória compete ao juiz exercer todas as funções que lhe são atribuídas pelo CPPA art. º 12. º em específico, cabendo ao juiz de garantias às atribuições para prática de determinados actos, dentre os quais destacam- se, a aplicação de medidas de coacção pessoal, apreciar as reclamações suscitadas dos actos do Ministério Público que apliquem medidas cautelares em instrução preparatória, proceder o primeiro interrogatório judicial de arguido detido, as alíneas a b e c do n.º 1 do art.º 313.º do CPPA , assim como a fiscalização das garantias fundamentais dos cidadãos, nos termos do al. f) do art.º 186. º da CRA, como seria eventualmente, à fiscalização da aplicação de medidas de coacção pessoal, pelo Ministério Público de uma medida de coacção pessoal, nos termos do art º 287. º o CPPA.
2.3. VARIÁVEIS
Foram definidas as seguintes variáveis: 
Variável independente: Código de Processo Penal vigente; 
Variável dependente: O Juiz de Garantias.
2.4. OBJECTO DE ESTUDO 
O objecto de estudo do presente trabalho é de fazer uma análise à figura do Juiz de Garantias à luz do Código de Processo Penal vigente.
2.5 INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO 
Para a concretização do trabalho em foco, utilizou-se a pesquisa bibliográfica visto que está direccionada para a utilização de material já elaborado, constituído por livros, documentos e artigos científicos. 
2.6 PROCESSAMENTO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO 
Os dados imprescindíveis a pesquisa foram recolhidos, fazendo, em seguida, o tratamento dos mesmos, ou seja, organizou-se e ordenou-se os dados, para que fossem dadas respostas ao problema levantado. Os dados recolhidos foram divididos em partes e classificados, de acordo com as categorias e capítulos a que pertencem ou se enquadram, e depois foram analisados. Finalmente, reconstruiu-se a síntese dos mesmos, bem como a sua estruturação e redacção do trabalho final.
Depois da escolha e da delimitação do tema, bem como a definição do seu objecto de estudo, recolheu-se a bibliografia, de acordo com todas as fontes disponíveis e acessíveis, que serviu de base e de suporte da pesquisa. Mais tarde, foi feita a determinação dos objectivos gerais e específicos e das variáveis, da formulação do problema, e da escolha dos elementos metodológicos, consultou-se fontes públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, procedeu-se a redacção do trabalho, com o escopo de ser avaliado, aprovado e defendido publicamente.
Para tal, nos socorremos aos seguintes programas informáticos: o Microsoft Word e o ficheiro PDF.
CONCLUSÃO 
Acabamos de dar nota, ainda que sucinta, o Juiz de Garantias à luz do Código do Processo Penal vigente. Como se viu, actual Constituição representa o culminar de aumento significativo as garantias dos direitos fundamentais dos cidadãos. Com efeito, passou haver a pretensa ideologia de necessidades de salvaguarda destes direitos fundamentais, surge à previsão da figura do juiz de garantias como o guardião dos direitos fundamentais durante a fase preparatória nos processos -crime Cfr. o disposto na al. f) do art. 186.º da CRA.
Como tivemos o ensejo de escalpelizar, as atribuições do juiz de garantias, ficou patente que as actividades do juiz de garantias circunscrevem-se na fase preparatória dos processos-crime e na fase contraditória. Na fase preparatória, por se tratar da fase de investigação e recolha de prova ou formação do corpo de delito, onde há maior sustentabilidade de violação dos direitos, liberdades e garantias fundamentais.
Por toda ordem de razão atrás apresentadas, sufragamos incondicionalmente a necessidade primordial da intervenção do juiz de garantias, como o fiscalizador do actos praticados pelo MP, durante a fase de instrução preparatória dos processos -crime, actos que avultam na aplicação, revogação e substituição das medidas de coacção pessoal, das menos gravosas.
Importa referir que a aplicação das medidas de coacção pessoal obedecem ao pressupostos e princípios, colocando necessariamente um equilíbrio entre as exigências do processo penal e a salvaguarda dos direitos fundamentais.
Por tudo aqui exposto, resta-nos afirmar que o juíz de garantias é o responsável pelas decisões de instrução preparatória até à fase de prolação do despacho de pronúncia ou de não pronúncia, antes dos autos serem conclusos pelo juiz da causa em fase de julgamento, passarão sempre pelo crivo do juiz de garantias, e este colocará um olhar firme e sereno, acionando os princípios limitadores do poder do Estado.
RECOMENDAÇÕES
Após uma abordagem feita, não se pretende terminar sem, no entanto, tecermos as seguintes recomendações:
1. Atendendo a insuficiência de obras ou manuais literários de autores nacionais relacionados com o tema em abordagem, que se divulgue mais livros sobre o papel do Juiz de garantias para o conhecimento da sociedade.
2. Que os especialistas em matéria de Direito realizam seminários e debates informativos, de maneira a esclarecer a sociedade da importância da intervenção do juiz de garantias, durante a fase de instrução preparatória e os riscos que se venha a ter por falta do mesmo.
3.Por outro lado, encorajamos o Conselho Superior da Magistratura Judicial para agilizar em criar condições bem como Salas das Garantias se possível, para que se veja resolvido o problema que se tem discutido durante muitos anos, sobre a implantação do JG no Processo Penal Angolano, e verem superadas as nossas expectativas de ter um Processo Penal justo e democrática.
4. Recomendamos aos futuros juízes de garantias que queiram assumir o poder que o Estado vos confere, assumir em nome de povo, com competências, dedicação, brilho e estudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Beleza, T. P. (1993). Apontamento de Direito Processual Penal: Aulas Teóricas dadas ao 5º ano. Editora. Luanda: AAFDL.
Canotilho, J. J. G. & Moreira, V. ( 2014). Constituição da República Portuguesa Anotada. Volume I. (artigos 1.º a 107.º). Lisboa: Coimbra Editora.
Comidando, A. (2016). Manual de Medidas Cautelares de acordo com a Lei 25/15 - Subsídios sobre Investigação Criminal. sl: sn.
Henriques, P. (2021). O Juiz de Garantias em Angola. 1ª. Edição. Luanda : W.A. Editora.
Jorge, M. (1999). Direitos Fundamentais: Introdução Geral. Editora. Lisboa: Diversos.
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Juris, (2017). Penal e Processo Penal. Vol II. Luanda: Universidade Católica Editora.
Maya, A. M. ( 2014). Imparcialidade e Processo Penal da Prevenção da Competência ao Juiz das Garantias. 2ª Edição. São Paulo: Atlas.
Nhanga, C. (2015). Sumários Desenvolvidos e actualizados com Base ao Manual de Direito Processual Penal - Noções Fundamentais. Luanda.
Nhanga, C. (2021). Sumários Desenvolvidos e actualizados: Direito Processual. Luanda.
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Prata. A. Veiga. C. e Vilalonga. J. M. (2009). Dicionário Jurídico. Direito Penal, Direito Processual Penal. 2.ª Edição. Volume II.
Ramos, V. A. G. (2015). Direito Processual Penal: Noções Fundamentais. 4ª. Edição. Editora Luanda: Escolar Editora. 
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LEGISLAÇÕES CONSULTADAS
Código de Processo Penal Português, Com a redenção resultante das alterações introduzidas pela Lei n.° 48/2007, de 29 de Agosto.
Código de Processo Penal Angolano, aprovado pelo Decreto n.° 16489 de de 15 de Fevereiro de 1929.
Constituição da República de Angola, com alterações resultantes da Lei n.º 18/21, de 16 de Agosto.
Lei n.° 2/25, de 2 de Fevereiro – Lei que Estabelece os Princípios e Regras Gerais da Organização e Funcionamento dos Tribunais da Jurisdição Comum.
Lei n° 4/79, de 16 de Maio, lei que cria a Procuradoria-Geral da República; 
Lei do Sistema Unificado.
Lei n.° 18/88, de 31 de dezembro, (primeira Lei da Prisão Preventiva em Instrução Preparatória);
Lei n.°18-A/ 92, de 17 Julho (segunda Lei da Prisão Preventiva em Instrução Preparatória; Lei n° 22/12, de 14 de Abril, que reestrutura a Procuradoria- Geral).
Lei n.° 39/20, de 11 de Novembro – Lei que aprova o Código Penal e Processo Penal Angolano.
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