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Clínica de pequenos - Doença Respiratória Infecciosa Canina

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INTRODUÇÃO
A traqueobronquite infecciosa canina (TIC), popularmente como tosse dos canis, é uma doença contagiosa que acomete o trato respiratório dos cães. Podendo afetar cães de qualquer faixa etária e em qualquer época do ano, porém nas estações mais frias, tem maior prevalência. A transmissão se dá por contato direto ou aerossóis, com isso locais que possuem grande concentração de animais, como abrigos de animais, canis, pet shops, hospital veterinário possuem uma maior frequência de ocorrência da doença.
A morbidade é muito alta, algumas fontes indicam uma morbidade de quase 100% em casos de surtos de parainfluenza, em locais com animais susceptíveis, ou seja, animais não vacinados. Mais em geral, a morbidade é em média de 70%.
A mortalidade é baixa, em média de 4%. Ocorrendo, principalmente por infecções secundárias e por evolução para uma pneumonia em animais imunocomprometidos. 
SINAIS CLÍNICOS 
Os sinais clínicos comum da doença é a tosse seca (que parece um engasgo), de início agudo e que se intensifica em momentos de excitação e atividade física. Junto a esta tosse ocorrem movimentos para forçar o vómito.
A tosse pode não ser produtiva, com ou sem rinite e com secreção nasal e ocular mucoide a mucopurulenta.
Geralmente esses sintomas são leves, e não afeta a condição normal do animal. O animal continua se alimentando normalmente sem alterações em seu estado físico. 
O animal pode ainda apresentar febre, letargia, vômito, depressão, anorexia, desidratação e secreção nasal.
A forma severa pode ocorrer em animais debilitados e/ou imunocomprometidos, geralmente sendo causada por infecções mistas.
DIAGNÓSTICO 
A realização de uma anamnese metódica. É importante saber se o animal teve contato com outro animal apresentando sintomas parecidos, onde o animal vive, se convive com outros animais, se frequenta pet shops ou hotéis para cães, se é vacinado. 
Também é importante a realização de um exame físico detalhado, pra identificar possíveis alterações. Em animais com traqueobronquite é possível induzir a tosse por meio de manipulação da traqueia. O exame físico é importante, principalmente, para avaliar a gravidade da doença.
Os exames complementares como hemograma e radiografia torácica normalmente são inespecíficos, não apresentando alterações dignas de nota. É recomendável para diagnóstico diferencial de outras patologias que causem a tosse, como colapso de traqueia, corpo estranho nas vias aéreas, neoplasias, pneumonias.
Não é possível firmar diagnóstico etiológico com base apenas no exame clínico, devido a vários agentes patológicos que causam a doença. Normalmente não é necessário identificar o agente, pois é uma doença auto limitante, os sintomas persistem por até duas semanas.
Quando na forma severa no exame físico, o animal usualmente está febril e pode estar letárgico, anoréxico ou dispneico. Em cães com infecção combinada de B. bronchiseptica e CPIV, haverá uma consolidação lobar aumentada. O exame físico é importante para direcionar o diagnóstico e para avaliar a gravidade da doença.
TRATAMENTO 
As formas leves de TIC são quase sempre autolimitantes, os sintomas cessam entre 4 dias e 3 semanas. Até ao momento não é conhecido nenhum tratamento específico para a TIC.
No entanto, o desconforto do animal justifica que se aplique um tratamento para melhorarmos a sua qualidade de vida.
Repousar e evitar exercícios e excitação é indicado para a minimização da irritação contínua das vias aéreas causada pela tosse excessiva. Pois a tosse se intensifica quando há excitação.
PREVENÇÃO 
A prevenção consiste em evitar locais com alta concentração de animais, como hotéis para cães, pet shops, etc. Evitar o contato com outros cães. Principalmente para animais não imunizados. Isolar o animal que apresenta sintomas, afim de não espalhar a doença.
Higiene das instalações, principalmente em pet shops, hotéis para cães, e clínicas veterinárias.
E o principal é a vacinação
VACINAÇÃO 
A vacinação ameniza os sintomas
A vacinação é um fator bastante importante, mesmo os animais podendo contrair a doença, a vacina ameniza e encurta os sintomas.
As vacinas estão disponíveis para uso parenteral, intranasal ou oral.
A recomendação é a utilização da vacina intranasal, pois apresentam proteção muito mais consistente, protegendo contra a infecção e contra a doença clínica. Isto ocorre devido à produção de anticorpos locais, dificultando a propagação destes agentes no organismo, além disso, não estão sujeitas à interferência dos anticorpos maternos.
Relato de Caso
Em 2021 um cão fêmea, sem raça definida, 4 anos de idade, de 20kg, vacinado, vermifugado, se alimentava apenas de ração e não tinha acesso a rua, o animal convive com outros 3 cães. A queixa principal era tosse de início repentina.
Não havia nenhuma outra alteração clínica além da tosse, o animal estava se alimentando e ingerindo água normalmente e com um bom score corporal. Os parâmetros estavam dentro da normalidade e o teste de reflexo de tosse deu positivo, indicando uma possível traqueíte. Como exame complementar, foi solicitado o hemograma. Não havia alterações hematológicas.
*Teste de reflexo de tosse: é a palpação das cartilagens da traqueia, caso o animal apresente tosse, o teste é positivo.
O diagnóstico foi realizado por meio do histórico do animal e como não havia alterações clínicas além da tosse, optou-se por não realizar nenhum tipo de tratamento, apenas observar o animal. Se tivesse alguma piora no quadro, iniciaria um tratamento com antibióticos.
Considerações Finais
A traqueobronquite infecciosa canina é uma patologia com alta ocorrência na clínica médica veterinária, com isso é importante se ter conhecimento dessa doença. Mesmo sendo, na maioria das vezes, autolimitante, é importante realizar a prevenção através da vacinação, principalmente em animais que que frequentam hotéis para cães, pet shops, parques, etc.

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