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Livro de farmacotécnica

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Prévia do material em texto

Indaial – 2022
Prof.ª Júlia Scherer Santos
1a Edição
Farmacotécnica i
Elaboração:
Prof.ª Júlia Scherer Santos
Copyright © UNIASSELVI 2022
 Revisão, Diagramação e Produção:
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
 Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
S237f
Santos, Júlia Scherer
 
 Farmacotécnica I. / Júlia Scherer Santos – Indaial: 
UNIASSELVI, 2022.
 
 246 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0527-4
 ISBN Digital 978-85-515-0523-6
 
 1. Farmácia magistral. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
da Vinci.
 CDD 615.1
Olá, acadêmico! Bem-vindo ao livro didático de Farmacotécnica I. Talvez você 
esteja se perguntando o que se estuda em farmacotécnica. Você provavelmente já usou 
algum produto preparado em farmácias de manipulação, certo? A farmacotécnica é a 
área que estuda e analisa a preparação de medicamentos. 
Dentro da área farmacêutica, a farmácia de manipulação é comumente 
denominada de farmácia magistral e, por isso, passaremos a usar essa terminologia 
dentro deste livro. A farmácia tem importância, pois possibilita preparar uma formulação 
específica para um paciente, já que nem sempre o medicamento industrial consegue 
atender todas as necessidades desse paciente.
Este livro está dividido em três unidades, iniciando com uma parte básica, 
importante para a compreensão dos conteúdos posteriores, seguido da farmacotécnica 
de formas líquidas e semissólidas. 
Na Unidade 1, abordaremos a introdução à farmacotécnica com uma parte 
histórica da farmácia magistral no Brasil, conceitos que você deverá memorizar e 
alguns cálculos básicos em farmácia. No fim desta unidade, veremos a legislação que 
as farmácias magistrais devem seguir, denominada de Boas Práticas de Manipulação.
Em seguida, na Unidade 2, estudaremos a preparação de medicamentos líquidos 
e semissólidos na farmácia e também o controle de qualidade desses medicamentos. 
Nesse momento, também nos atentaremos aos processos de preparação de 
medicamentos fitoterápicos, aqueles obtidos de plantas.
Por fim, na Unidade 3, aprenderemos sobre os medicamentos homeopáticos. 
Esses medicamentos também podem ser preparados em farmácias magistrais e, 
devido às particularidades, trataremos da sua farmacotécnica e como assegurar a 
sua qualidade.
Esperamos que a leitura seja prazerosa e que de alguma forma você se interesse 
por essa área tão interessante.
Bom estudo!
Prof.ª Júlia Scherer Santos
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À FARMACOTÉCNICA .................................................1
TÓPICO 1 - DEFINIÇÕES E O CONTEXTO HISTÓRICO DA FARMACOTÉCNICA ........ 3
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2 HISTÓRICO DA MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS NO BRASIL ..................... 3
2.1 OS BOTICÁRIOS NO BRASIL COLÔNIA ............................................................................ 4
2.2 OS BOTICÁRIOS NO SÉCULO XIX .....................................................................................5
2.3 A FARMÁCIA MAGISTRAL NO SÉCULO XX e XXI ..........................................................7
3 CONCEITOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO E MANIPULAÇÃO
DE MEDICAMENTOS................................................................................................8
3.1 CONCEITOS RELACIONADOS AO ESTABELECIMENTO ............................................... 8
3.2 CONCEITOS RELACIONADOS AO MEDICAMENTO ......................................................9
3.3 CONCEITOS RELACIONADOS ÀS EXIGÊNCIAS SANITÁRIAS ...................................21
RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................23
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................24
TÓPICO 2 - OPERAÇÕES E CÁLCULOS EM FARMÁCIA MAGISTRAL ................. 27
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 27
2 OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS ........................................................................ 27
2.1 OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS GERAIS ......................................................................28
2.2 OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS PROPRIAMENTE DITAS .........................................30
2.3 OPERAÇÕES FÍSICAS ....................................................................................................... 36
3 CÁLCULOS FARMACÊUTICOS ..........................................................................37
3.1 CONVERSÃO DE MEDIDAS, PORCENTAGEM E REGRA DE TRÊS ........................... 37
3.2 EMPREGO DAS UNIDADES UI (UNIDADES INTERNACIONAIS),
 QUANTIDADE SUFICIENTE E QUANTIDADE SUFICIENTE PARA (Q.S.P.) ...............41
3.3 DILUIÇÕES, FATOR DE EQUIVALÊNCIA E FATOR DE CORREÇÃO ..........................43
RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................... 48
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................49
TÓPICO 3 - LEGISLAÇÃO EM FARMÁCIA MAGISTRAL ....................................... 51
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 51
2 BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO EM FARMÁCIA ....................................... 51
2.1 REGULAMENTO TÉCNICO DE BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO ..................... 52
2.2 BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO ............................................................................ 56
2.3 PARTICULARIDADES PARA SUBSTÂNCIAS DOS ANEXOS II E III ..........................60
3 CONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA E DE PRODUTOS MANIPULADOS .........63
3.1 CONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA .......................................................................... 63
3.2 CONTROLE DE QUALIDADE DE MATÉRIAS-PRIMAS ............................................... 65
3.3 CONTROLE DE QUALIDADE DE BASES GALÊNICAS, PRODUTOS
 OFICINAIS E MAGISTRAIS ................................................................................................68
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 73
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 79
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................80
REFERÊNCIAS .......................................................................................................82
UNIDADE 2 — OPERAÇÕES E CÁLCULOS EM FARMÁCIA MAGISTRAL ..............85
TÓPICO 1 — MEDICAMENTOS SINTÉTICOS, SEMISSINTÉTICOS
E FITOTERÁPICOS LÍQUIDOS ...............................................................................87
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................87
2 SOLUÇÕES FARMACÊUTICAS ..........................................................................87
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES ..................................................................................88
2.2 COMPOSIÇÃO DAS SOLUÇÕES ..................................................................................... 92
2.3 PREPARAÇÃO EM NÍVEL MAGISTRAL .......................................................................... 96
3 SUSPENSÕES FARMACÊUTICAS ...................................................................... 97
3.1 PRINCÍPIOS TEÓRICOS DA SEDIMENTAÇÃO DE PARTÍCULAS ...............................98
3.2 COMPOSIÇÃO DAS SUSPENSÕES .............................................................................. 100
3.3 PREPARAÇÃO EM NÍVEL MAGISTRAL........................................................................ 103
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................106
AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 107
TÓPICO 2 - MEDICAMENTOS SINTÉTICOS, SEMISSINTÉTICOS
E FITOTERÁPICOS SEMISSÓLIDOS ...................................................................109
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................109
2 EMULSÕES E CREMES .....................................................................................109
2.1 PRINCÍPIOS DE REOLOGIA ............................................................................................. 110
2.2 EMULSÕES FARMACÊUTICAS ...................................................................................... 112
2.3 FORMAS DE PREPARAÇÃO EM NÍVEL MAGISTRAL ................................................. 116
3 GÉIS E PASTAS .................................................................................................120
3.1 FORMULAÇÃO DE GÉIS .................................................................................................. 120
3.2 FORMULAÇÃO DE POMADAS E PASTAS ....................................................................123
3.3 PREPARAÇÃO EM NÍVEL MAGISTRAL DE GÉIS, POMADAS E PASTAS ...............127
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................130
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................131
TÓPICO 3 - CONTROLE DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS
E MATERIAL DE ACONDICIONAMENTO .............................................................133
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................133
2 CONTROLE DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS LÍQUIDOS
E SEMISSÓLIDOS ................................................................................................133
2.1 CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO .......................................................... 134
2.2 CONTROLE DE QUALIDADE MICROBIOLÓGICO ....................................................... 139
3 MATERIAL DE ACONDICIONAMENTO DE MEDICAMENTOS...........................143
3.1 ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS ........................................................................... 143
3.2 MATERIAIS EMPREGADOS NA EMBALAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA .............147
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................154
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................160
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................161
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 163
UNIDADE 3 — PREPARAÇÃO DE FORMAS FARMACÊUTICAS
HOMEOPÁTICAS .................................................................................................. 167
TÓPICO 1 — ASPECTOS TEÓRICOS DA HOMEOPATIA ....................................... 169
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 169
2 FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS ....................................................................... 169
2.1 FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA HOMEOPATIA .....................................................170
2.2 FILOSOFIA HOMEOPÁTICA .............................................................................................175
2.3 CONCEITOS BÁSICOS EM HOMEOPATIA ....................................................................178
3 FARMACOLOGIA HOMEOPÁTICA .................................................................... 181
3.1 FARMACOLOGIA DOS SEMELHANTES E DOS CONTRÁRIOS ................................. 182
3.2 ENERGIA DOS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS .................................................. 185
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................188
AUTOATIVIDADE .................................................................................................189
TÓPICO 2 - FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA ................................................191
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................191
2 MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO .......................................................................191
2.1 CARACTERÍSTICAS E OBTENÇÃO DE TINTURAS-MÃE........................................... 196
2.2 INSUMOS INERTES EMPREGADOS EM HOMEOPATIA ............................................ 198
2.3 ACESSÓRIOSUSADOS EM HOMEOPATIA ................................................................. 200
3 FORMAS FARMACÊUTICAS DERIVADAS E DE DISPENSAÇÃO .....................201
3.1 ESCALAS E MÉTODOS DE PREPARAÇÃO .................................................................. 201
3.2 FORMAS FARMACÊUTICAS DE USO INTERNO ........................................................204
3.3 FORMAS FARMACÊUTICAS DE USO EXTERNO ...................................................... 208
4 MATERIAL DE ACONDICIONAMENTO ............................................................ 209
4.1 MATERIAIS PLÁSTICOS E DE VIDRO ...........................................................................209
4.2 OUTROS MATERIAIS ....................................................................................................... 210
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 212
AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 213
TÓPICO 3 - LEGISLAÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE
EM FARMÁCIA HOMEOPÁTICA ........................................................................... 215
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 215
2 LEGISLAÇÃO .................................................................................................... 215
2.1 LEGISLAÇÃO FARMACÊUTICA ...................................................................................... 216
2.2 LEGISLAÇÃO SANITÁRIA PARA A FARMÁCIA ............................................................219
3 CONTROLE DE QUALIDADE DE INSUMOS ATIVOS, MATRIZES
E MEDICAMENTOS PARA DISPENSAÇÃO ......................................................... 222
3.1 COMPÊNDIOS OFICIAIS EM HOMEOPATIA ..................................................................231
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................... 234
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................... 240
AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 241
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 243
1
UNIDADE 1 - 
INTRODUÇÃO À 
FARMACOTÉCNICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• reconhecer as diferentes formas farmacêuticas;
• diferenciar as operações farmacêuticas;
• realizar cálculos farmacêuticos;
• citar os requisitos regulatórios básicos para a manipulação de medicamentos.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – DEFINIÇÕES E O CONTEXTO HISTÓRICO DA FARMACOTÉCNICA
TÓPICO 2 – OPERAÇÕES E CÁLCULOS EM FARMÁCIA MAGISTRAL
TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃO EM FARMÁCIA MAGISTRAL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
DEFINIÇÕES E O CONTEXTO HISTÓRICO DA 
FARMACOTÉCNICA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, iniciaremos o estudo da farmacotécnica abordando o surgimento 
das farmácias magistrais no Brasil, antigamente conhecidas como Boticas, e alguns 
conceitos básicos e indispensáveis para o farmacêutico. Ao longo da história da 
farmácia magistral, ocorreram modificações no processo de elaboração dos produtos, 
sendo antigamente preparadas fórmulas baseadas em plantas até termos hoje 
medicamentos sintéticos e medicamentos obtidos de partes de plantas. Além disso, 
aconteceram também mudanças nos métodos de preparação até chegarmos naqueles 
hoje empregados.
Você verá que modificações também ocorreram em relação a padrões de 
qualidade com o surgimento de documentos oficiais que possibilitaram o melhor controle 
do que estava sendo preparado, para que houvesse uma padronização na preparação 
desses produtos. Inicialmente, podemos apontar que os índios foram fundamentais. Nos 
primórdios, a cura de doenças era baseada na preparação de remédios feitos a partir de 
plantas. Nesse sentido, os índios tiveram papel fundamental no desenvolvimento de 
fórmulas baseadas em ervas que eram usadas antigamente.
 
Com a evolução natural da profissão farmacêutica e o surgimento da indústria 
farmacêutica, novos conceitos surgiram e foram introduzidos no dia a dia dos 
profissionais da área magistral e industrial. Embora haja quem acha um pouco maçante 
memorizar conceitos, eles são cruciais para que não haja equívocos. Neste tópico, 
focaremos também em alguns conceitos, alguns deles retirados de legislações vigentes 
no país. Obviamente que, dentro da profissão farmacêutica, vários outros conceitos 
são importantes, mas o objetivo aqui é apresentar conceitos essenciais que todo 
farmacêutico que trabalha em farmácia magistral deve compreender.
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
2 HISTÓRICO DA MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
NO BRASIL
Os primeiros registros históricos da manipulação de medicamentos datam da 
chegada dos portugueses no Brasil. Sem dúvidas que aqui no Brasil da época de 1500 
já havia índios que usavam diversas técnicas naturais para o tratamento de doenças, 
mas a chegada dos portugueses traz novos conhecimentos sobre medicina, até então 
desconhecidos pelos índios que aqui viviam de forma isolada (EDLER, 2006). 
4
Uma segunda fase de desenvolvimento começa no século XX com o surgi-
mento da indústria farmacêutica, o que acabou deixando a farmácia magistral em 
segundo plano, pois houve o favorecimento do uso de medicamentos industrializados 
(FERNANDES, 2004). No século XX e no atual século XXI, há uma alteração desse ce-
nário. Vemos uma grande procura da população em geral por produtos manipulados 
e também há algumas especialidades médicas que costumam prescrever fórmulas 
manipuladas a seus pacientes.
2.1 OS BOTICÁRIOS NO BRASIL COLÔNIA
A história do Brasil inicia no Brasil Colônia, em que o país era uma colônia de 
Portugal. Talvez você se lembre das suas aulas de história que junto às embarcações 
de portugueses que chegaram ao Brasil estavam os jesuítas (religiosos). Nesse período, 
acreditava-se que a doença era uma exteriorização do pecado e por essa razão a religião 
era muito relevante, a fim de que a pessoa doente pudesse se redimir de seus pecados. 
Aqui no Brasil índios acabaram sendo influenciados pela cultura portuguesa e também 
sendo acometidos pelas doenças trazidas por esses portugueses (EDLER, 2006).
Diferentemente do que ocorre hoje, era possível exercer a medicina e a farmácia 
ao mesmo tempo, ou seja, uma pessoa poderia simultaneamente recomendar um 
tratamento e preparar o medicamento para o paciente. Os tratamentos eram preparados 
a partir de plantas, principalmente pelos jesuítas, que passaram a usar plantas já 
utilizadas pelos indígenas. As primeiras boticas no país começam, então, a surgir. As 
boticas eram estabelecimentos comerciais onde se preparavam os medicamentos 
(EDLER, 2006). A Figura 1 apresenta um exemplo de uma botica antiga. 
FIGURA 1 − EXEMPLO DE BOTICA
FONTE: <https://bit.ly/3wdbVkJ>. Acesso em: 11 nov. 2021.
Já nessa época colonial havia uma preocupação com a qualidade dos 
medicamentos, à época simplesmente chamados de remédios, pois passou-se a se 
exigir a verificação periódica de pesos e medidas usados nas boticas para as preparações. 
Nesses estabelecimentos, o boticário era a pessoa responsável por realizar essas 
preparações (EDLER, 2006). Atualmente, o boticário é denominado de farmacêutico. 
5
Não confunda o conceito de remédios com o conceito de medicamentos! 
Remédios são considerados qualquer forma de cura e desconforto 
e incluem, por exemplo, um banho quente. Já os medicamentos são 
produtos com a composição química bem estabelecida e com eficáciacomprovada. Os remédios podem ser formas caseiras e não precisam 
ter a sua eficácia comprovada.
ATENÇÃO
Os boticários precisavam de autorização para poder atuar (EDLER, 2006). 
Fazendo um comparativo com os dias atuais, veja que também existia uma preocupação 
no licenciamento desses profissionais. Atualmente, esse licenciamento para executar a 
função legal de farmacêutico é concedido quando o profissional solicita o registro no 
conselho regional do estado onde atuará. Além dos conselhos regionais existentes em 
cada unidade federativa do país, há também o conselho federal de farmácia, responsável 
por regulamentar a profissão através de legislações específicas. 
2.2 OS BOTICÁRIOS NO SÉCULO XIX
No século XIX, ou melhor dizendo, entre os anos de 1800 e 1900, é criado o 
curso de farmácia com duração de três anos, voltado ao estudo de botânica, zoologia, 
minerais, entre outras matérias. Nesse momento, não existiam disciplinas relacionadas 
à fabricação industrial de medicamentos, pois o surgimento da indústria farmacêutica 
começa no século XX. 
Além da formação em farmácia, o estudante de farmácia precisava fazer um 
período de três anos de prática em uma botica com um boticário já diplomado (EDLER, 
2006). Essa atividade prática se assemelha muito aos estágios obrigatórios existentes 
nos currículos de graduação em farmácia. Esses estágios são importantes para que o 
futuro farmacêutico adquira experiência profissional. 
Um dos nomes de destaque nessa época é Louis Pasteur, que revolucionou o 
conhecimento a respeito de microrganismos e doenças. No Brasil, podemos citar Oswaldo 
Cruz, nome de importância quando estamos falando de saúde pública. Em 1926, surge 
a primeira farmacopeia brasileira, documento oficial na preparação de medicamentos 
(EDLER, 2006). As farmacopeias são documentos cruciais até os dias atuais. Esse 
documento estabelece padrões de qualidade para os diferentes medicamentos e é base 
tanto para a indústria farmacêutica como para a farmácia magistral. 
6
A farmacopeia vigente (6ª edição) está disponível para download gratuitamente 
e se subdivide em dois volumes. O volume 1 contém os padrões gerais de qualidade de 
medicamentos e o volume 2 contém as monografias. No volume 1, constam os padrões 
de qualidade específicos para cada tipo de medicamento. No volume 2, existem padrões 
para plantas medicinais, produtos biológicos, insumos farmacêuticos e medicamentos, 
entre outras categorias. A Figura 2 apresenta a sua imagem de capa. 
FIGURA 2 − IMAGEM DE CAPA DA FARMACOPEIA BRASILEIRA VIGENTE
FONTE: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/farmacopeia-brasileira>. Acesso em: 11 nov. 2021.
Para as farmácias, o volume 2 de insumos farmacêuticos e medicamentos é o 
mais importante. No sumário, constam todas as monografias contidas nesse volume. 
Tem-se, por exemplo, azitromicina cápsulas, azitromicina comprimidos, entre várias 
outras monografias. Assim, a monografia de azitromicina comprimidos se aplica somente 
à indústria, pois somente ela produz medicamentos na forma de comprimidos. Já a 
azitromicina cápsulas é empregada tanto na farmácia como na indústria, pois ambos 
elaboram medicamentos na forma de cápsulas.
Retornaremos aos boticários do século XIX. Nesse período, surgem dois con-
ceitos que até hoje são empregados: produto magistral e produto oficinal. O produto 
oficinal é uma preparação obtida a partir de compêndios oficiais, enquanto o produto 
magistral é uma preparação específica baseada em uma prescrição médica (EDLER, 
2006). Nessa época, falava-se somente em receitas médicas, mas hoje outros profis-
sionais podem prescrever formulações magistrais, incluindo dentistas e até mesmo far-
macêuticos. Não se preocupe em entender de forma aprofundada esses conceitos, pois 
voltaremos a eles no subtópico 3. 
7
2.3 A FARMÁCIA MAGISTRAL NO SÉCULO XX e XXI
No século XX, a síntese de fármacos possibilitou a ampliação de princípios ativos 
utilizados para preparar os medicamentos. Neste cenário, também há evolução na área 
de microbiologia e o nascimento da farmacologia, ciência que investiga os efeitos dos 
fármacos no organismo humano. Com isso, nasce a indústria farmacêutica no mundo 
e também a indústria farmacêutica nacional, causando uma diminuição da procura por 
fórmulas preparadas em farmácias (EDLER, 2006).
Qual a diferença entre droga e fármaco? Muitas vezes, usa-se o termo 
droga como sinônimo de fármaco, mas esses termos se referem a 
substâncias diferentes no Brasil. O termo droga é usado para substâncias 
ilícitas (por exemplo, o crack, a heroína etc.) ou para substância lícitas, 
como álcool e cigarro. Já o termo fármaco é o ingrediente ativo de um 
medicamento que tem ação farmacológica.
NOTA
Há algum tempo, as farmácias magistrais voltaram a ter destaque, pois são 
alternativas muitas vezes mais baratas que medicamentos industrializados, também 
chamados de especialidades farmacêuticas. Ademais, pode ser uma alternativa quando 
não existe um medicamento industrializado ideal. Aqui podemos pensar no caso de 
crianças. Grande parte das especialidades farmacêuticas está na forma de comprimidos. 
As crianças têm dificuldade de deglutir, isso significa dificuldade de engolir e, em função 
disso, os comprimidos não são adequados. A farmácia poderá então preparar uma forma 
líquida para esses pacientes.
Destaca-se, também, a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANVISA) no ano de 1999. Esse órgão regula os medicamentos, os cosméticos e os 
alimentos no país (BRASIL, 1999a). Em se tratando de farmácia magistral, a ANVISA 
publicou no ano de 2007, com atualização em 2008, as Boas Práticas de Manipulação 
de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias, sob Resolução 
de número 67 (BRASIL, 2007). Ao longo dessa e de outras unidades veremos essa 
Resolução com mais detalhes. 
8
3 CONCEITOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO E MANIPULAÇÃO 
DE MEDICAMENTOS
A produção e a manipulação de medicamentos estão cercadas de vários 
conceitos fundamentais. Esses conceitos se relacionam ao estabelecimento físico onde 
ocorre essa produção ou manipulação, ao medicamento preparado e aos documentos 
exigidos para que o estabelecimento esteja apto e legalmente habilitado a preparar 
medicamentos, cosméticos e outros produtos. 
Primeiramente, precisamos diferenciar os termos manipulação de produção. 
Normalmente, o termo manipulação é usado para se referir ao processo de preparação 
em farmácias magistrais. Este termo é inclusive empregado na Resolução que rege a 
preparação de produtos magistrais, a Resolução nº 67/2007 (BRASIL, 2007). Por sua vez, 
o termo produção costuma ser usado para o processo de fabricação em grande escala, 
isto é, medicamentos obtidos em indústrias farmacêuticas (BRASIL, 2019a).
3.1 CONCEITOS RELACIONADOS AO ESTABELECIMENTO
O estabelecimento de preparação e dispensação de medicamentos é 
denominado de farmácia ou drogaria. A Lei nº 5.991, de 1973, estabelece que farmácias 
e drogarias se diferem devido ao fato de possibilitar a preparação de fórmulas no 
estabelecimento ou não. Assim, farmácia é o estabelecimento que prepara e fornece ao 
paciente algum produto. 
Saiba que as farmácias não preparam somente medicamentos, elas estão aptas 
também a elaborar cosméticos. Já as drogarias somente fornecem algum produto 
industrial (seja ele medicamento, cosmético ou outro produto). O fornecimento de 
medicamento ou qualquer produto ao paciente é o ato denominado de dispensação 
(BRASIL, 1973). 
Veja os conceitos de farmácia e drogaria retirados na íntegra da Lei nº 5.991/1973: 
A drogaria é o estabelecimento de dispensação e comércio de 
drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em 
suas embalagens originais. A farmácia é o estabelecimento de 
manipulação de fórmulas magistrais e oficinais, de comércio de 
drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, 
compreendendo o de dispensação e o de atendimento privativo de 
unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalentede assistência 
médica (BRASIL, 1973).
Mais recentemente, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) publicou uma 
lei que define alguns termos novos: farmácia com manipulação e farmácia sem 
manipulação. Dessa forma, a farmácia com manipulação é aquela que está apta a 
preparar fórmulas, enquanto a farmácia sem manipulação somente comercializa um 
produto industrial (BRASIL, 2014). 
9
Precisamos ter em mente que tanto a Lei nº 13.021/2014 do CFF como a Lei nº 
5.991/1973 estão vigentes, então todos esses conceitos são válidos: drogaria, farmácia, 
farmácia com manipulação e farmácia sem manipulação. A Tabela 1 apresenta um 
comparativo desses conceitos.
TABELA 1 − COMPARATIVO DOS CONCEITOS DE FARMÁCIA E DROGARIA
CONCEITO LEI OUTRO CONCEITO EQUIVALENTE
Farmácia 5.991/1973
Farmácia com manipulação (Lei nº 
13.021/2014) 
Drogaria 5.991/1973
Farmácia sem manipulação (Lei nº 
13.021/2014)
Farmácia com 
manipulação
13.021/2014 Farmácia (Lei nº 5.991/1973)
Farmácia sem 
manipulação
13.021/2014 Drogaria (Lei nº 5.991/1973)
FONTE: A autora
Através da Tabela 1, vemos que os conceitos de farmácia e drogaria são 
estabelecidos pela Lei nº 5.991/1973, enquanto os conceitos de farmácia com 
manipulação e farmácia sem manipulação são estabelecidos pela Lei nº 13.021/2014. 
Para facilitar a compreensão, a coluna mais à direita apresenta o conceito equivalente 
em outra lei. Assim, o conceito de farmácia definido pela Lei nº 5.991 é equivalente ao 
conceito de farmácia com manipulação da Lei nº 13.021. 
Ainda pela análise, vemos que o conceito de drogaria da Lei nº 5.991 é 
equivalente àquele de farmácia de manipulação da Lei nº 13.021. O conceito de farmácia 
com manipulação (da Lei nº 13.021) é equivalente ao conceito de farmácia (da Lei nº 
5.991) e o conceito de farmácia sem manipulação (da Lei nº 13.021) é equivalente ao 
conceito de drogaria (da Lei nº 5.991).
3.2 CONCEITOS RELACIONADOS AO MEDICAMENTO 
Quando falamos de conceitos relacionados aos medicamentos estamos nos 
referindo aos componentes que fazem parte do medicamento e que são essenciais 
dentro da farmacotécnica. Um medicamento muitas vezes tem na sua formulação 
vários componentes (FERREIRA, 2011). Se você buscar algum medicamento industrial 
que você tenha em sua casa, você verá a presença de vários componentes. 
10
Em farmacotécnica, estamos nos referindo ao processo de preparação de 
medicamentos, então, uma das preocupações é com relação a possíveis reações (ou 
incompatibilidades) que podem acontecer quando misturamos vários ingredientes 
para obter o medicamento. É preciso que você entenda que às vezes uma substância 
tem um certo comportamento quando usada de forma isolada, mas quando ela é 
misturada a um ou mais ingredientes, o seu comportamento pode mudar. 
Em certas ocasiões, as reações que ocorrem quando misturamos diferentes 
substâncias são desejáveis, mas o problema é quando reações indesejáveis acontecem, 
pois poderá ocorrer perda de ação farmacológica. Não queremos que uma incompati-
bilidade altere a eficácia farmacológica, pois isso afetará o tratamento do paciente, e, 
obviamente, essa situação também poderá afetar a credibilidade da farmácia.
Vamos supor uma situação: um determinado paciente usa um antibiótico 
preparado em uma farmácia. No entanto, o paciente continua com uma infecção após 
o tratamento. O farmacêutico responsável técnico da farmácia chega à conclusão de 
que o medicamento foi ineficaz devido a uma reação química entre os componentes da 
fórmula do antibiótico, que provocou perda da sua ação. Esse tipo de situação deve ser 
sempre evitado! Tendo visto essa situação hipotética fica muito claro que o farmacêutico 
magistral deve conhecer de forma mais aprofundada a farmacotécnica.
Agora, iniciaremos a definição de conceitos relacionados a medicamentos, 
abordando droga, fármaco e excipiente. Um medicamento é aquele destinado a 
promover a cura, ação paliativa ou para diagnóstico. Anteriormente, já vimos que o 
termo droga costuma ser usado para substâncias ilícitas ou álcool e cigarro, enquanto 
fármaco se refere ao princípio ativo do medicamento. No entanto, é preciso destacar 
que a Lei nº 5.991/1973 traz o conceito de droga como um sinônimo de fármaco. Isso 
ocorre, pois o uso do termo fármaco é mais recente. Assim, por essa lei ser mais antiga, 
ela traz esses conceitos como sinônimos (BRASIL, 1973).
Talvez até esse momento você tenha imaginado que um medicamento é 
formado somente por fármaco (ou droga pela Lei nº 5.991). Na verdade, na maioria das 
vezes, não é possível preparar um medicamento somente com fármacos. A quantidade 
de fármaco é tão pequena que não é suficiente para que possa haver um medicamento 
com formato e peso adequados para ser administrado pelo paciente. Por esse motivo, 
os excipientes são usados na fórmula desses produtos. 
Assim, os medicamentos são formados pelo fármaco (ou conjunto de 
fármacos) e excipientes (Figura 3) (FERREIRA, 2011). Um outro conceito é o de insumo. 
Este componente corresponde a qualquer ingrediente que compõe o medicamento 
(BRASIL, 1973). Assim, um insumo pode ser um ingrediente ativo ou inerte. O insumo 
farmacêutico ativo (IFA) é um sinônimo de fármaco. O insumo farmacêutico inerte 
é um sinônimo de excipiente (BRASIL, 2007).
11
FIGURA 3 − FÓRMULA BÁSICA DE UM MEDICAMENTO
FONTE: A autora
Você sabe quão importante é a farmacotécnica na farmácia? Nas fórmu-
las que a farmácia recebe para preparar, consta somente os fármacos 
e as suas respectivas concentrações. Cabe ao farmacêutico definir os 
excipientes que farão parte da fórmula. A seleção desses excipientes 
demanda conhecimento de farmacotécnica pelo farmacêutico.
ESTUDOS FUTUROS
Um outro conceito muitíssimo relevante em farmacotécnica é a forma 
farmacêutica. A forma farmacêutica é a forma de apresentação de um medicamento, 
podendo ser líquida, sólida ou semissólida. Cada uma dessas formas farmacêuticas 
tem diferentes métodos de preparação, que são objeto de estudo da farmacotécnica e 
também da tecnologia farmacêutica, que estuda a produção industrial de medicamentos.
As formas farmacêuticas (FF) líquidas englobam as soluções e suspensões. 
As formas sólidas englobam pós, granulados, comprimidos, comprimidos revestidos, 
drágeas, cápsulas, supositórios, óvulos, pastilhas, drágeas e adesivos. As formas 
semissólidas incluem cremes, loções, géis, pomadas e pastas (BRASIL, 2019b). O 
Quadro 1 resume a classificação das formas farmacêuticas.
QUADRO 1 − CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS FARMACÊUTICAS
FF sólidas
Pós, granulados, comprimidos, comprimidos revestidos, 
drágeas, cápsulas, supositórios, óvulos, pastilhas e adesivos 
FF líquidas Soluções e suspensões
FF semissólidaas Loções, cremes, géis, pomadas e pastas
FONTE: A autora
12
Para que haja o efeito farmacológico esperado, é necessário administrar o 
medicamento (na forma farmacêutica de comprimido, cápsula, solução etc.) através 
das vias de administração do nosso organismo. Dependendo da via de administração, 
algumas formas farmacêuticas são permitidas e outras são proibidas. 
Por exemplo, por via intravenosa, a forma farmacêutica que deve ser utilizada é 
a solução ou em situações específicas poderão ser usadas as emulsões (na terapia de 
nutrição parenteral). Suspensões, comprimidos e cápsulas não são permitidos nessa 
via. Algumas formas farmacêuticas são de uso exclusivo em um local do organismo, 
tais como os supositórios e os óvulos. Os supositórios são usados unicamente por via 
retal ou uretral, enquanto óvulos são usados por via vaginal (BERMAR, 2014). A Figura 4 
ilustra as FF sólidas, semissólidas e líquidas.
FIGURA 4 − FF SÓLIDAS, SEMISSÓLIDAS E LÍQUIDAS
FONTE: <https://bit.ly/3ttArMG>. Acesso em: 11 nov. 2021.
As vias de administração são classificadas em enterais ou parenterais. As vias 
enterais são todas aquelas vias que envolvem o sistema digestivo e, portanto, referem-
se a medicamentos usados pelas vias oral, retal e sublingual. As vias parenterais são 
aquelas nas quais não há passagemdo fármaco pelo sistema digestivo, incluindo as 
vias injetáveis: via intramuscular (IM), via intravenosa (IV) e via subcutânea (SC). 
Contudo, há também uma segunda classificação para as vias parenterais, em 
que todas as vias que não passam pelo sistema digestivo são também consideradas 
parenterais. Nessa segunda classificação, estão enquadradas a via cutânea, a nasal e 
a oftálmica (CLARK et al., 2013). Portanto, podemos afirmar que os comprimidos, as 
cápsulas e os supositórios, por terem passagem pelo sistema digestivo, são classificados 
como formas farmacêuticas de uso enteral.
13
Você sabia que a manipulação de medicamentos pode também 
acontecer na farmácia hospitalar? O farmacêutico pode preparar a 
nutrição parenteral, uma formulação injetável na forma de solução ou 
emulsão, que serve para repor nutrientes que estão em deficiência no 
paciente, como vitaminas, aminoácidos etc.
INTERESSANTE
Destaca-se, no entanto, que às vezes cápsulas podem ser usadas em sistemas 
de liberação pulmonares (do tipo “bombinhas”) e nessa situação específica elas 
são classificadas como de uso parenteral. Acerca das suspensões, elas podem ser 
empregadas por via oral, cutânea, sublingual e intramuscular, não sendo admitido o seu 
uso por via intravenosa devido ao risco de embolia (AULTON; TAYLOR, 2016).
Já as soluções e as emulsões podem ser empregadas por diferentes vias: oral, 
intramuscular, intravenosa, cutânea e sublingual e dessa forma podem ser formas 
farmacêuticas de uso enteral ou parenteral. Se o medicamento for uma solução ou 
emulsão de uso por via oral ou sublingual, ele será classificado como uma forma 
farmacêutica de uso enteral, mas se o medicamento for uma solução ou emulsão de 
uso intramuscular ou intravenoso, ele será classificado como uma forma farmacêutica 
de uso parenteral (AULTON; TAYLOR, 2016).
Por sua vez, os géis, as pomadas e as pastas são usados principalmente na 
pele ou nas mucosas vaginal ou retal. Então, são FF de uso parenteral. Os pós podem 
ser usados por via oral ou na pele, sendo classificados como formas farmacêuticas de 
uso enteral, quando empregados por via oral, ou parenteral, quando utilizados por via 
cutânea (AULTON; TAYLOR, 2016). Para uso via oral, costuma-se adicionar o pó em água. 
No que diz respeito aos pós de uso cutâneo, os talcos são os grandes representantes. O 
Quadro 2 resume as formas farmacêuticas empregadas nas vias enterais e parenterais.
QUADRO 2 − FORMAS FARMACÊUTICAS E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
Via enteral FF
Via parenteral
1ª classificação 2ª classificação
Via oral
Comprimidos, 
cápsulas, 
drágeas, 
solução e 
suspensão
IM
Solução, 
suspensão, 
emulsão
Via 
cutânea
Loção, 
creme, gel, 
pomada, 
pasta
14
Retal
Supositórios, 
soluções e 
suspensões
SC
Solução, 
suspensão
Via vaginal
Óvulo, 
creme, gel
Sublingual
Comprimidos, 
solução e 
suspensão
IV
Solução, 
emulsão
Via 
nasal/via 
oftálmica
Solução, 
suspensão
FONTE: A autora
Também, um medicamento poderá ter ação sistêmica ou tópica. O medicamento 
de ação sistêmica é aquele que se distribui por todo o organismo, o que ocorre para 
comprimidos usados por via oral ou para uma solução injetável. Os medicamentos 
de ação tópica são aqueles que têm uma ação exclusiva no local onde são aplicados, 
não tendo ação sistêmica. É o que acontece com a maioria dos cremes ou géis de uso 
cutâneo (na pele). 
Já um medicamento aplicado por via nasal poderá ter ação tópica ou sistêmica, 
tendo ação local para tratamento de vias aéreas ou ação sistêmica quando o fármaco 
atinge a corrente circulatória sistêmica. Um supositório aplicado por via retal é 
normalmente utilizado para ação local no intestino, mas o fármaco contido nessa forma 
farmacêutica poderá também alcançar a circulação sistêmica (BERMAR, 2014).
Na Unidade 2, as características das formas líquidas e semissólidas serão 
apresentadas em detalhes. Por esse motivo, na presente unidade, serão apresentadas as 
características gerais dessas FF. Começaremos com as formas sólidas, as mais usadas 
tanto na farmácia magistral quanto na indústria farmacêutica. Os pós e os granulados 
são formas sólidas que costumam ser usadas como FF intermediárias ou como FF finais. 
As FF intermediárias são aquelas que são intermediárias, que servirão para obter uma 
FF final. As FF finais são formas de apresentação que serão utilizadas pelo paciente, tais 
como os comprimidos e as cápsulas (AULTON; TAYLOR, 2016). 
As cápsulas são formas constituídas de um invólucro duro (chamada cápsula 
dura) ou mole (chamada cápsula mole) e que contêm no seu interior o fármaco associa-
do a um ou mais de um excipiente. No que se refere a supositórios e óvulos, são tam-
bém formas sólidas. A diferença em relação a outras FF sólidas é que são usados para 
administração nas mucosas retal, uretral ou vaginal, e ao entrarem em contato com 
essas mucosas se fundem (BRASIL, 2019b). As informações resumidas dessas FF sóli-
das estarão descritas na Tabela 2 e a Figura 5 exemplifica formas farmacêuticas sólidas.
15
FIGURA 5 − FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS
FONTE: <https://bit.ly/3qsCw9X>. Acesso em: 19 nov. 2021.
Os comprimidos são formas compactadas de diferentes tamanhos que contêm 
fármaco e excipientes (BRASIL, 2019b). Para a obtenção dessa forma farmacêutica, 
costuma-se usar muitos excipientes, tanto que, muitas vezes, pode-se ter um 
medicamento na forma de comprimidos contendo uma maior quantidade de excipientes 
do que de fármaco(s) (AULTON; TAYLOR, 2016). A Tabela 2 apresenta as características 
gerais das formas farmacêuticas sólidas. Destaca-se que as cápsulas são muito 
empregadas para a obtenção de medicamentos nas farmácias.
TABELA 2 − CARACTERÍSTICAS DAS FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS
Comprimidos Comprimidos 
revestidos e 
drágeas
Cápsulas Supositórios e 
óvulos
Adesivos 
transdérmicos
Formas 
compactadas
Comprimidos 
revestidos
Invólucro 
mole ou duro
Formas que 
se fundem na 
temperatura do 
organismo
Fórmula 
destinada a 
liberar a partir 
da pele um 
ou mais de 
um fármaco 
na corrente 
circulatória
FONTE: A autora
16
As drágeas e os comprimidos revestidos são tipos especiais de comprimidos 
que passaram por um processo adicional chamado etapa de revestimento. As pastilhas 
são formas para uso na mucosa oral (BRASIL, 2019b). Aqui podemos facilmente pensar 
nas pastilhas para dor de garganta. Elas rapidamente se dissolvem no interior da 
boca. Por sua vez, os adesivos são formas aplicadas na pele que contêm um fármaco 
destinado a exercer uma ação sistêmica. Exemplo clássico são os adesivos contendo 
anticoncepcionais (AULTON; TAYLOR, 2016).
Sobre as formas líquidas temos basicamente as soluções e as suspensões. A 
principal diferença entre elas está na solubilidade do(s) fármaco(s) no meio líquido em 
que se encontra(m). Quando mencionamos formas líquidas temos o que se denomina 
de veículo, que na maior parte das vezes é a água. Então, a solução é aquela em que o 
fármaco é solúvel no veículo. A suspensão é a forma em que o fármaco ou os fármacos 
são insolúveis no veículo. Em razão disso, na preparação dessa formulação, deve-se 
adicionar diversos excipientes para assegurar a sua estabilidade. 
Um tipo especial de solução é o xarope, alternativa para crianças, pois contém 
alta concentração de sacarose, tornando essa forma bastante atrativa para esse 
público. Contudo, devido ao crescente número de diabetes, atualmente há também 
xaropes dietéticos, que são preparados com adoçantes (BRASIL, 2019b). É fundamental 
que, havendo a necessidade de preparação de um xarope dietético, a farmácia seja 
devidamente informada.
Acadêmico, nas preparações farmacêuticas, assegurar a estabilidade do 
produto que será entregue ao paciente é de extrema importância! As 
instabilidades podem ser físicas ou químicas e impactar diretamente na 
eficácia do tratamento.
ATENÇÃO
As soluções podem também ser classificadas em elixires, tinturas e 
espíritos, normalmente contendo como veículo a água e o etanol. Os espíritos contêm 
substânciasaromáticas voláteis em sua composição. As tinturas são formas obtidas 
através de plantas ou da diluição de extratos. Os extratos podem ser secos, líquidos ou 
semissólidos e também são obtidos de plantas. Para obter tanto as tinturas como os 
extratos, é necessário um processo de extração dos princípios ativos do vegetal usando 
solventes, como o etanol (BRASIL, 2019b). 
Em função da necessidade de haver a extração dos princípios ativos de extratos 
e tinturas, eles são definidos como soluções extrativas (AULTON; TAYLOR, 2016). Além 
do uso das soluções extrativas em medicamentos preparados a partir de plantas 
17
(BRASIL, 2019b), elas também são usadas em medicamentos homeopáticos. Conforme 
será abordado na Unidade 3, as tinturas homeopáticas são a base para a obtenção de 
medicamentos homeopáticos (BRASIL, 2011).
As formas semissólidas são classificadas em emulsões, géis e pomadas. As 
emulsões são formas constituídas por óleo e água, podem ser líquidas e, na maioria dos 
casos, são semissólidas. Quando se trata de aplicação tópica costuma-se denominar 
as emulsões de cremes ou loções. A diferença entre elas reside na consistência e 
viscosidade. A consistência e a viscosidade influenciam na espalhabilidade de uma 
formulação na pele, a qual é explorada na Reologia (AULTON; TAYLOR, 2016), que 
também veremos com mais detalhes posteriormente. 
As pomadas e as pastas são formas usualmente lipofílicas (isto é, com grande 
quantidade de ingredientes oleosos). Os géis são formas constituídas de um agente 
formador de gel (BRASIL, 2019b). Normalmente, os géis têm uma característica 
hidrofílica (solúvel em água) e costumam ser formas empregadas quando o insumo ativo 
é hidrofílico. Já quando é necessária a preparação de medicamento de uso tópico e o 
insumo ativo é lipofílico (insolúvel em água), pode-se empregar pomadas ou emulsões 
(AULTON; TAYLOR, 2016).
Além de todos os conceitos já abordados até aqui, precisamos tratar de 
outras definições, tais como correlato, preparação magistral, preparação oficinal, base 
galênica, material de embalagem, rótulo, controle de qualidade, medicamento sintético 
e semissintético e medicamento fitoterápico. Iniciaremos com o conceito de correlato. 
O correlato é definido pela Lei nº 5.991/1973 e corresponde a uma substância, material 
ou produto que não pode ser classificado enquanto fármaco, medicamento, cosmético 
ou insumo farmacêutico.
Você sabe a definição de um cosmético? O cosmético é um produto de 
uso na pele ou em seus anexos (cabelo, unhas, mucosa oral e mucosa 
genital externa) com diversas finalidades. Entretanto, um cosmético 
não pode ter ação anti-inflamatória, antifúngica ou antibiótica, pois 
essas ações são características de medicamentos.
NOTA
A farmácia poderá preparar fórmulas magistrais, oficinais e bases 
galênicas. A preparação magistral é aquela formulação específica para o paciente 
preparada a partir de uma prescrição. A preparação oficinal é baseada em uma fórmula 
que consta em compêndios oficiais aceitos pela ANVISA, como o Formulário Nacional 
18
da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2007). Atualmente, o Formulário Nacional da 
Farmacopeia Brasileira está em sua segunda edição e está disponível para download 
gratuitamente na página da ANVISA (BRASIL, 2012). 
Ao fazer pesquisa no Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira, você verá 
que existe uma listagem de produtos, bases e soluções auxiliares. Na seção seguinte, 
para cada uma das fórmulas, o formulário traz detalhes sobre a forma farmacêutica e 
a fórmula do produto com as respectivas concentrações de cada ingrediente e orien-
tações para o preparo (BRASIL, 2012). Nesse momento, você não precisa se preocupar 
a respeito desses detalhes, pois essas informações serão apresentadas na Unidade 2. 
Voltemos ao item de listagem de produtos do Formulário Nacional. Veja que cada 
fórmula tem a sua concentração do fármaco. Veja o primeiro exemplo: acetilcisteína 5% 
ou 10% solução oftálmica. Esses valores em percentual representam a concentração 
do fármaco acetilcisteína. Para que essa solução seja considerada oficinal, ela precisa 
ter uma concentração de 5% ou 10% de acetilcisteína obrigatoriamente. Uma solução 
que contenha este fármaco em qualquer outra concentração não é considerada uma 
fórmula oficinal (BRASIL, 2012).
No que diz respeito à base galênica, ela é uma fórmula básica que a farmácia 
pode deixar já preparada em seu estoque, na qual será adicionado o fármaco conforme 
a prescrição (BRASIL, 2007). Pode ser usado então, por exemplo, um xarope simples 
contendo 85% de sacarose, cuja fórmula encontra-se descrita no Formulário Nacional 
da Farmacopeia Brasileira. Outros exemplos são o cold cream e o creme evanescente, 
bases de cremes cujas fórmulas e métodos de preparação também estão descritos 
nesse formulário (BRASIL, 2012).
Outro aspecto na preparação de medicamentos é a definição do material de 
embalagem, que é o material em que serão acondicionadas as fórmulas manipuladas. O 
rótulo é um adesivo contendo informações da fórmula manipulada, que deve ser afixado 
no material de embalagem. O material de embalagem pode ser uma embalagem primária 
ou secundária. A embalagem primária é aquela que entra em contato direto com o pro-
duto. A embalagem secundária acondiciona a embalagem primária (BRASIL, 2007). 
Na Figura 6 há exemplos de embalagens primárias de medicamentos sólidos 
e líquidos, sendo que os sólidos (cápsulas e comprimidos) estão acondicionados em 
blisters, que também são embalagens primárias. Nas embalagens verde, marrom e 
laranja, consta um rótulo de identificação do medicamento. No rótulo, deve constar a 
descrição da fórmula do produto, a sua data de preparo e a data de validade, o endereço 
da farmácia que preparou a fórmula, o nome do farmacêutico responsável técnico e 
seu respectivo número de registro no Conselho Regional de Farmácia, entre outras 
informações (BRASIL, 2007), que abordaremos na Unidade 2.
19
FIGURA 6 − EXEMPLOS DE EMBALAGEM PRIMÁRIA 
FONTE: <https://bit.ly/3NbCgpC>. Acesso em: 11 nov. 2021.
O controle de qualidade deve fazer parte de todos os processos de preparação 
de um produto manipulado e envolve um conjunto de análises realizadas nas matérias-
primas (qualquer ingrediente que compõe a fórmula do produto, podendo ser um fármaco 
ou excipiente), materiais de embalagem e produto acabado (produto finalizado pronto 
para ser dispensado ao paciente) para verificar se está de acordo com as especificações. 
As matérias-primas, os materiais de embalagem e o produto acabado devem 
obedecer a um conjunto de especificações definidas em documentos oficiais (por 
exemplo, a farmacopeia brasileira ou a farmacopeia de outro país) ou, inexistindo algum 
documento oficial, poderá ser usada a especificação constante no laudo do fornecedor. 
As matérias-primas e os materiais de embalagem são adquiridos de fornecedores que, 
ao fazerem a entrega à farmácia, entregam um laudo que contém as especificações e 
os resultados de análise do material entregue (BRASIL, 2007). 
De acordo com a ANVISA, os medicamentos podem ser classificados em 
medicamento sintético e semissintético, medicamento fitoterápico, medicamentos 
biológicos, medicamentos dinamizados, medicamentos de notificação simplificada 
ou medicamentos específicos (BRASIL, 2020). Alguns desses medicamentos são 
preparados exclusivamente em indústrias e outros podem ser preparados tanto na 
indústria quando na farmácia.
Além da diferença da escala entre farmácia e indústria farmacêutica, conforme 
já mencionado, os medicamentos industriais precisam estar registrados ou notificados 
na ANVISA. Os produtos elaborados em farmácias não precisam de registro na ANVISA. 
Assim, ainda que a farmácia prepare um medicamento classificado como de notificação 
simplificada, essa notificação só é exigida para indústrias.
Os medicamentos biológicos incluem vacinas e anticorpos monoclonais. Os 
medicamentos de notificação simplificada são aqueles com baixo risco de causardanos 
ao paciente e incluem medicamentos contendo ácido salicílico a 2%, ácido bórico a 
3% etc. Os medicamentos específicos se referem a alguns medicamentos específicos, 
incluindo alguns de uso hospitalar (BRASIL, 2020).
20
No âmbito magistral, destacam-se as categorias de medicamentos sintéticos 
e semissintéticos, fitoterápicos, dinamizados e de notificação simplificada. Os 
medicamentos sintéticos e semissintéticos são obtidos por síntese química ou 
semissíntese e incluem medicamentos genéricos, similares e inovadores (BRASIL, 2017). 
A diferenciação entre medicamento genérico, similar e inovador vale para a indústria 
farmacêutica, pois existem diferenças conceituais e alguns ensaios de qualidade 
obrigatórios para cada um desses tipos de medicamentos.
Além disso, no âmbito magistral, também tem importância os medicamentos 
fitoterápicos e os dinamizados. Os medicamentos dinamizados são os medicamentos 
homeopáticos, que na maioria das vezes são preparados a partir de plantas. Esses 
medicamentos podem ser preparados tanto na indústria como na farmácia (BRASIL, 
2020) e, para este caso, a ANVISA estabelece algumas condições obrigatórias que a 
farmácia deve cumprir (BRASIL, 2007).
Os medicamentos fitoterápicos são obtidos de vegetais (BRASIL, 2014) 
e não podem conter ingredientes ativos isolados de plantas. Por exemplo, um 
medicamento à base de rutina não é considerado um medicamento fitoterápico, pois 
a rutina é um ingrediente ativo extraído de planta. Já o medicamento ginkgo biloba 
40 mg é um medicamento fitoterápico, pois foi preparado a partir de parte da planta 
chamada de ginkgo. Portanto, um fitoterápico é aquele que contém uma parte de uma 
planta ou a planta inteira. 
Conforme será exposto posteriormente, os vegetais têm várias classes de 
compostos com ação farmacológica e composição química diferentes, que incluem: 
flavonoides, compostos fenólicos, alcaloides, taninos, entre outros (SIMÕES et al., 2017). 
Logo, a composição química de um medicamento fitoterápico é muito mais complexa 
que aquela de medicamentos sintéticos e semissintéticos. O Quadro 3 apresenta as 
principais diferenças entre medicamentos sintéticos e semissintéticos e fitoterápicos. 
QUADRO 3 − COMPARATIVO ENTRE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS E SINTÉTICOS 
Medicamentos fitoterápicos
Medicamentos sintéticos e 
semissintéticos
Origem vegetal Origem sintética ou semissintética
Fórmula mais complexa Fórmula com menor complexidade
FONTE: A autora
21
3.3 CONCEITOS RELACIONADOS ÀS EXIGÊNCIAS SANITÁRIAS
Para concluir a parte de definições, agora focaremos em alguns documentos 
exigidos pela vigilância sanitária ou pela ANVISA para que uma farmácia esteja apta a 
funcionar legalmente. Primeiramente, deve haver a licença de funcionamento, que é 
expedida pelo órgão sanitário do local onde a farmácia está localizada. A farmácia deve 
ter também autorização de funcionamento de empresa (AFE) expedida pela ANVISA. 
Quando houver a manipulação de substâncias sujeitas a controle especial (que 
pertencem à lista de medicamentos da Portaria nº 344/1998 e suas atualizações) deve 
haver também autorização especial (AE). Ademais, um manual de boas práticas de 
manipulação, conforme as exigências estabelecidas na Resolução de Boas Práticas de 
Manipulação, deve ser elaborado pelo estabelecimento, o qual também deve ter um 
Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) (BRASIL, 2007).
Ademais, a farmácia também deverá registrar em livro específico todas as 
fórmulas manipuladas, ou, poderá ter um registro eletrônico em um software específico 
(FERREIRA, 2011). Especificamente para produtos contendo substâncias de controle 
especial, deve haver um livro específico, conforme determina a Portaria nº 344/1998. 
Não é permitido às farmácias manipular fórmulas que contenham substâncias retinoicas 
para ação sistêmica. Entre os retinoides estão o adapaleno e a tretinoína (BRASIL, 1998).
 
Sintetizando o conteúdo deste tópico, inicialmente, você compreendeu o 
contexto histórico do surgimento da manipulação no Brasil, que serve de base para 
entendermos a evolução da farmácia magistral no país. Depois, contemplamos vários 
conceitos. Você deve se recordar das diferenças e das semelhanças entre farmácia, 
drogaria, farmácia com manipulação e farmácia sem manipulação. A farmácia está 
habilitada a manipular fórmulas e dispensar produtos, diferentemente da drogaria, para 
a qual só é permitida a atividade de dispensação. 
Também distinguimos os conceitos de produtos magistrais, oficinais e bases 
galênicas. Os produtos magistrais são aqueles preparados de acordo com uma prescrição, 
enquanto os oficinais são aqueles cuja fórmula está descrita no Formulário Nacional 
da Farmacopeia Brasileira. Por sua vez, base galênica é uma forma básica na qual o 
fármaco poderá ser adicionado e que a farmácia pode deixar preparada previamente. 
Para que a qualidade do produto manipulado possa ser assegurada, alguns 
ensaios de qualidade devem ser realizados, e o estabelecimento também deve 
atender às exigências sanitárias específicas que o habilitam a funcionar legalmente. 
Como parte introdutória à farmacotécnica, pudemos concluir que os medicamentos, 
independentemente da categoria em que estão alocados, são compostos por insumos 
ativos e insumos inertes e sua preparação é estudada dentro da farmacotécnica, na qual 
também são definidas e estudadas a composição dos medicamentos, a compatibilidade 
dos seus ingredientes, o prazo de validade, as formas de preparação, as formas 
farmacêuticas etc. 
22
Todo e qualquer medicamento apresenta uma forma farmacêutica específica, 
classificada em líquida, sólida ou semissólida. Essas formas são utilizadas pelas vias de 
administração enteral ou parenteral para um efeito sistêmico ou localizado. A depender 
da forma farmacêutica, a administração ocorre por via enteral ou parenteral e o efeito 
pode ser sistêmico ou local.
RESUMO DO TÓPICO 1
23
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
RESUMO DO TÓPICO 1
• Os conceitos de farmácia e drogaria. Farmácias ou farmácias com manipulação são 
os locais onde são permitidas a preparação e a dispensação de fórmulas. As drogarias 
ou farmácias sem manipulação somente podem dispensar as fórmulas industriais, 
também conhecidas como especialidades farmacêuticas.
• A composição básica de um medicamento e os sinônimos empregados para fármacos 
e excipientes. Os medicamentos são compostos pelo fármaco ou vários fármacos 
e, na maior parte das vezes, por excipientes. O fármaco (ou também chamado de 
IFA) é o responsável pela ação farmacológica e os excipientes (sinônimo de insumos 
inertes) são ingredientes que não têm ação farmacológica. Ambos também podem 
ser denominados de matérias-primas. 
• A preparação de medicamentos através de formas farmacêuticas. Elas correspon-
dem à forma de apresentação física do produto, podendo ser líquidas, sólidas ou 
semissólidas. Cada uma dessas formas tem características, métodos diferentes de 
preparação e vias de administração adequadas. Dentre as formas líquidas, têm-se 
as soluções e as suspensões. As formas semissólidas podem ser cremes, loções, 
géis e pastas. As formas sólidas incluem pós, granulados, comprimidos, comprimi-
dos revestidos, drágeas, pastilhas e adesivos. 
• A necessidade de a farmácia requerer algumas licenças e autorizações antes de 
iniciar as suas atividades, que incluem a licença de funcionamento, a autorização 
de funcionamento e a autorização de funcionamento especial para preparar 
medicamentos contendo fármacos, constantes na Portaria nº 344/1998. Ainda, a 
farmácia deve desenvolver um manual de boas práticas de manipulação, de acordo 
com a Resolução de Boas Práticas de Manipulação vigente e também é sua obrigação 
ter um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
24
1 Seu João, após se consultar com um médico, dirige-se a uma farmácia sem 
manipulação para adquirir os medicamentos prescritos pelo médico. Na prescrição, 
consta uma especialidadefarmacêutica e uma fórmula magistral. Sobre essa situação 
hipotética, considerando as legislações vigentes sobre manipulação e dispensação 
de medicamentos, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) O estabelecimento mencionado poderá dispensar os dois medicamentos prescritos.
b) ( ) O estabelecimento mencionado poderá preparar os dois medicamentos prescritos.
c) ( ) O estabelecimento mencionado poderá somente preparar a fórmula magistral. 
d) ( ) O estabelecimento mencionado poderá somente dispensar a especialidade 
farmacêutica.
2 Você está trabalhando em uma farmácia com manipulação e recebeu a prescrição 
de um médico dermatologista para o tratamento de uma dermatite (doença de 
inflamação da pele) de um paciente. A farmácia possui em seu estoque as seguintes 
bases galênicas: creme de Polawax® e solução açucarada. Na prescrição, o médico 
solicita o uso de excipiente semissólido. Qual a base galênica que deveria ser usada 
para preparar o medicamento?
 Obs.: Polawax® é um tipo de base usada para obter cremes.
3 De acordo com a legislação, assinale a alternativa que contém um exemplo de 
medicamento fitoterápico:
a) ( ) Comprimidos de paracetamol 750 mg.
b) ( ) Solução de glicose 50%, aminoácido 10%, água para injeção e cloreto de sódio 
20%.
c) ( ) Comprimidos revestidos contendo fração flavonoica purificada de hesperidina 
50 mg.
d) ( ) Comprimidos revestidos contendo sementes de castanha-da-Índia 100 mg.
4 O prazo de validade deve ser afixado no rótulo de fórmulas manipuladas. Este prazo 
varia conforme o tipo de produto e a sua composição. Nesse sentido, especifique o 
prazo de validade para as preparações magistrais preparadas a partir das prescrições 
a seguir:
AUTOATIVIDADE
25
Prescrição I
Talco 
mentolado............ 
15 g
Usar 3 vezes ao 
dia na pele.
Prescrição II: 
Pasta d’água com 
enxofre................. 
20 g
Usar 2 vezes ao dia 
nas áreas afetadas.
Prescrição III: 
Creme de 
dexametasona 1 
mg/g.................. 20 g
Usar 3 vezes ao dia 
nas áreas afetadas.
Prescrição IV: 
Cápsulas de 
fluoxetina 20 
mg........ para 60 
cápsulas
Usar durante 60 
dias via oral.
5 Uma farmácia preparará as fórmulas designadas a seguir. Sobre essas fórmulas, 
assinale a alternativa CORRETA:
Fórmula I Fórmula II Fórmula III
Cetoconazol 5% creme Álcool etílico a 70% Solução de água boricada a 3%
Pode-se afirmar que as fórmulas I, II e III são, respectivamente:
a) ( ) Magistral, oficinal e magistral.
b) ( ) Oficinal, magistral e magistral.
c) ( ) Magistral, oficinal e oficinal.
d) ( ) Oficinal, oficinal e oficinal.
26
27
OPERAÇÕES E CÁLCULOS EM FARMÁCIA 
MAGISTRAL
1 INTRODUÇÃO
Anteriormente, vimos conceitos gerais e fundamentais que se aplicam 
às farmácias magistrais. Abordamos também que os medicamentos têm em sua 
composição vários ingredientes e que esses ingredientes podem reagir entre si e 
gerar incompatibilidades indesejáveis que podem comprometer a ação farmacológica 
do medicamento. Então, você já deve imaginar que o processo de preparação de um 
medicamento é complexo. Não basta simplesmente misturar os ingredientes de uma 
fórmula, pois eles podem interagir, podendo ocorrer uma incompatibilidade invisível a 
olho nu. Aliás, a mistura é uma operação farmacêutica que estudaremos neste Tópico 2.
 
Levando em consideração que a parte introdutória fundamental já foi bem 
compreendida, você poderá seguir os estudos em farmacotécnica. Neste Tópico 
2, começaremos a nos aprofundar um pouco mais e adentraremos nas operações 
farmacêuticas que se aplicam a quaisquer medicamentos preparados, tanto em nível 
magistral como em nível industrial. A diferença reside nos tipos de equipamentos ou 
vidrarias usados nessas operações. Nas escalas magistrais, usam-se equipamentos e 
vidrarias para escalas pequenas, enquanto na indústria são aplicados equipamentos 
para grandes escalas. 
 
No fim deste tópico, nos atentaremos aos cálculos rotineiros na farmácia com 
manipulação. Muitas pessoas costumam ter dificuldades com matemática, mas não se 
preocupe, os cálculos, em geral, não são complicados e envolvem basicamente cálculos 
de regra de três simples. Quando houver algum assunto mais complicado, ele será 
devidamente explicado com exemplos para facilitar a sua compreensão. Sugerimos que 
você tente realizar os cálculos apresentados nos exemplos para que você verifique se 
compreendeu o assunto e para que tenha segurança na realização das autoatividades. 
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
2 OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS
As operações farmacêuticas correspondem a um conjunto de atividades 
básicas para obter os medicamentos, englobando operações físicas e mecânicas. Essas 
operações são classificadas em operações farmacêuticas gerais e operações 
farmacêuticas propriamente ditas. As operações gerais se aplicam na elaboração de 
quaisquer formas farmacêuticas e compreendem a pesagem e a medida de volumes. 
28
A pesagem é comumente usada para insumos sólidos e semissólidos, mas poderá ser 
usada para formas líquidas em algumas situações. A medida de volume é usada para 
insumos líquidos e é realizada através de vidrarias, como provetas e pipetas. 
As operações gerais são de extrema importância, pois poderão impactar 
diretamente na qualidade e eficácia do medicamento. Relativamente, as operações 
farmacêuticas propriamente ditas incluem operações que serão aplicadas a depender 
da forma farmacêutica e do estado físico dos componentes que constam nessa forma 
farmacêutica (BERMAR, 2014; PRISTA, 1990).
2.1 OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS GERAIS
As operações farmacêuticas gerais antecedem às operações propriamente 
ditas. Conforme será mostrado na Figura 7, preferencialmente, as balanças devem 
ser mantidas fechadas através de portas de vidro, pois essas portas protegem contra 
as correntes de ar, que provocam oscilações na quantidade pesada. Comumente, 
é necessário pesar quantidades muito pequenas de insumos ativos. Então, constate 
como o uso de balanças com essas portas é importante. Isso é ainda mais crítico para 
fármacos de baixo índice terapêutico, que veremos mais adiante nesta unidade.
FIGURA 7 − BALANÇAS 
FONTE: <https://bit.ly/3JwsJa9>. Acesso em: 16 nov. 2021.
Talvez você esteja se perguntando quais são as situações que geram essas 
correntes de ar. Isso ocorre pela movimentação de pessoas, circulando de um local para 
o outro, e pelo ar-condicionado. Assim, as balanças devem estar localizadas em locais 
de baixa circulação de pessoas e também não devem estar situadas logo em frente ao 
ar-condicionado ou split (BERMAR, 2014).
De acordo com a Resolução de Boas Práticas de Manipulação, as balanças 
devem ter uma calibração uma vez ao ano ou conforme o seu uso. A calibração é uma 
operação realizada para verificar se a balança é capaz de pesar de forma precisa os pesos 
padrões. A Resolução de Boas Práticas de Manipulação estabelece que a calibração 
deve ser executada no mínimo uma vez ao ano por uma empresa certificada. Contudo, o 
funcionário da farmácia precisa aferir a balança de forma mais frequente, usando pesos 
padrões que acompanham a balança (BRASIL, 2007).
29
As balanças analíticas apresentam capacidades e sensibilidades diferentes. 
Então, no momento de adquiri-las, a farmácia deverá selecionar aquela adequada para 
as atividades que executará. A sensibilidade se refere a variações de peso que a balança 
consegue detectar e a capacidade é a massa máxima que pode ser pesada na balança. 
A capacidade e a sensibilidade devem ser selecionadas de acordo com a massa do 
material a pesar. Assim, para uma massa igual ou maior que 50 mg, é necessário usar 
uma balança com capacidade de 100 a 200 g e com 0,1 mg de sensibilidade. Para massa 
inferior a 50 mg, deve-se usar balança com capacidade de 20 g e sensibilidade de 0,01 
mg (BRASIL, 2019b). 
A outra operação farmacêutica geral é a medida de volumes. Na farmácia, 
existem várias vidrarias disponíveis para a determinação do volume, como cálice, proveta 
e pipeta. O cálice e a proveta nãomedem o volume de modo preciso, diferentemente 
das pipetas. Então, quando há a necessidade de que o volume a ser medido seja exato, 
ou o mais próximo possível ao volume que precisa ser medido, a pipeta é a vidaria ideal. 
As provetas e os cálices costumam ser usados quando se deseja medidas de volumes 
maiores (FERREIRA, 2011). 
Alguns produtos farmacêuticos líquidos são usados na forma de gotas através 
de um gotejador (Figura 8) (BRASIL, 2019b) devido à facilidade de administração. Exem-
plo clássico de formas líquidas em gotas são as soluções de uso nasal. Medicamentos 
em forma de gotas também são muito comuns para medicamentos homeopáticos, so-
bretudo para crianças. 
FIGURA 8 − DISPOSITIVO GOTEJADOR 
FONTE: <https://bit.ly/3qpWnqj>. Acesso em: 16 nov. 2021.
30
Você já deve ter visto ou até mesmo usado medicamentos na forma 
de gotas. Em cada uma das gotas consta o medicamento. Por isso, 
o gotejador usado como forma de administrar essas gotas deve ser 
testado. A farmacopeia estabelece que se deve determinar o número de 
gotas liberado pelo dispositivo gotejador.
NOTA
2.2 OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS PROPRIAMENTE DITAS
As operações farmacêuticas propriamente ditas são classificadas em mecâni-
cas ou físicas. As mecânicas são aquelas nas quais não há modificação do estado físico 
do fármaco. Já as operações físicas são aquelas em que há a modificação do esta-
do físico do fármaco. As operações farmacêuticas mecânicas são subclassificadas em 
operações de separação e de divisão (PRISTA, 1990). 
A Figura 9 trará de forma esquemática as operações farmacêuticas propriamen-
te ditas. Existem muitas operações desse tipo, algumas das quais aplicáveis somente à 
indústria e, por isso, não serão alvo deste livro. Antes de adentrarmos nessas operações, 
precisamos recordar que os medicamentos são formados por insumos ativos (ou IFA ou 
fármaco) e insumos inertes (ou excipiente) e que precisamos misturá-los para obter o 
medicamento desejado. 
FIGURA 9 − OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS MECÂNICAS
FONTE: Prista (1990, p. 32)
31
Começaremos com as operações de divisão. As operações de divisão têm por 
objetivo reduzir o tamanho da partícula. Dentro das operações de divisão, tem-se a 
pulverização, também chamada de trituração. Disso vem dois questionamentos. O 
primeiro: se o objetivo é obter uma forma farmacêutica líquida ou semissólida, essa 
operação é importante? A resposta é sim. Na maioria das situações, os insumos ativos e 
inertes estão na forma sólida (como pó ou granulado). 
O segundo questionamento é: a pulverização é sempre necessária na preparação 
de medicamentos? A resposta é: depende. Quando estamos falando de formulações 
farmacêuticas não podemos generalizar, pois quase sempre há exceções. Na maioria 
das situações, a pulverização é necessária para obter um medicamento. Comumente, 
os insumos ativos e inertes têm tamanhos de partículas diferentes e, por causa disso, 
é muito difícil conseguir uma formulação homogênea se tentarmos misturar esses 
ingredientes (LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG, 2001). 
Para melhor entender, usaremos o exemplo de dois pós muito comuns na 
culinária: a farinha de trigo e o sal de cozinha. Se você fizer uma análise minuciosa 
desses dois pós, chegará à conclusão de que são pós diferentes. Você acha que se 
tentar misturar quantidades iguais desses dois pós eles ficarão homogeneamente 
distribuídos na mistura? A resposta é não.
Então, voltando à preparação de medicamentos, usa-se a mesma lógica. Se 
os tamanhos de partícula de cada um dos insumos da fórmula forem muito diferentes, 
não teremos uma distribuição homogênea deles no medicamento. A consequência é 
que, por não haver a homogeneidade, a eficácia terapêutica do medicamento poderá 
ficar comprometida. O tamanho de partícula é uma particularidade de cada insumo. A 
pulverização, então, tem como objetivo fazer com que os tamanhos de partículas dos 
insumos fiquem similares. 
Por exemplo, se precisarmos obter uma fórmula que tenha o fármaco sólido X, 
o excipiente sólido Y e o excipiente sólido Z. Primeiramente, precisamos determinar se 
será necessário pulverizar cada fármaco, o excipiente Y e o excipiente Z. A pulverização 
pode ser feita através da utilização do gral e do pistilo (Figura 10) (BERMAR, 2014) e 
de moinhos na indústria farmacêutica (AULTON; TAYLOR, 2016). Assim, cada insumo 
(fármaco, excipiente Y e excipiente Z) é colocado separadamente no pistilo e, através 
de atrito do pó contra o gral de porcelana, consegue-se reduzir o tamanho de partícula.
32
FIGURA 10 − FOTOGRAFIA DE GRAL E PISTILO
FONTE: <https://bit.ly/3ipg39e>. Acesso em: 16 nov. 2021.
Destaca-se que grais de porcelana são mais usados em função do melhor 
atrito (BERMAR, 2014). Grave a imagem do gral e pistilo, pois eles são muito usados 
na farmácia com manipulação para preparações de formas farmacêuticas sólidas e 
semissólidas principalmente.
Uma outra operação de divisão é a levigação, na qual há a redução do tamanho 
de partícula de um sólido mediante o emprego de um líquido no qual este sólido é 
insolúvel. Esta técnica é conhecida como espatulação, sendo realizada em uma placa 
e empregada para pastas e pomadas (FERREIRA, 2011). Lembre-se de que pomadas e 
pastas são formas semissólidas, informações previamente explicadas nesta unidade.
Agora, avançaremos para as operações de separação. As operações de 
separação têm por objetivo separar componentes de uma composição. Vários 
métodos de separação podem ser empregados, incluindo a tamisação, a decantação, 
a centrifugação, a filtração e a clarificação. A diferença entre esses métodos está no 
estado físico da substância a ser separada, podendo ser empregados para separar 
sólidos ou líquidos (PRISTA, 1990).
A tamisação, a filtração e a clarificação são empregadas para a separação de 
sólidos, ao passo que a decantação é usada para separar líquidos. A tamisação separa 
algum ingrediente sólido de uma forma sólida e a filtração e a clarificação separam 
sólidos existentes em uma forma líquida (PRISTA, 1990).
A tamisação é o processo no qual é possível, através de tamis, separar os 
ingredientes sólidos de uma formulação. Essa separação é baseada no tamanho de 
partícula. Então, é necessário que os ingredientes a separar tenham tamanhos de 
partícula distintos (PRISTA, 1990). Suponha que quiséssemos separar os componentes 
de um talco (uma forma sólida), poder-se-ia empregar tamises com diferentes aberturas 
33
de malha. Através das aberturas de malha de cada tamis, é possível separar ingredientes. 
Existem tamanhos padrão de abertura de malha, definidos na farmacopeia brasileira 
(BRASIL, 2019b).
A Figura 11 apresenta um exemplo de tamis. A parte central que você vê é a 
abertura de malha, por meio da qual o pó poderá passar ou não. Em função do tamanho 
de partícula, as partículas que compõem um pó poderão ficar retidas em um tamis ou 
passarão completamente através da sua abertura de malha. As partículas de um pó que 
ficam retidas em um tamis têm um tamanho maior que a abertura de malha, enquanto 
as partículas que passam por um tamis têm um tamanho de partícula menor que a 
abertura de malha (BRASIL, 2019b). 
FIGURA 11 − IMAGEM DE UM TAMIS
FONTE: <https://bit.ly/3NbYY0x>. Acesso em: 16 nov. 2021.
A tamisação é empregada também para classificar os pós de acordo com os seus 
tamanhos de partícula em grosso, moderadamente grosso, semifino, fino e finíssimo, 
conforme critérios estabelecidos pela Farmacopeia Brasileira. Assim, de acordo com 
a passagem ou retenção dos pós nos diferentes tamises, o pó recebe uma dessas 
classificações. Importante mencionar que a abertura de malha de tamis tem tamanho 
padronizado e definido no volume 1 da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2007).
Quanto às operações de filtração e centrifugação, a diferença entre elas reside 
no método para fazer a separação (PRISTA, 1990). A filtração é realizada através de 
sistemas filtrantes, tal como o mostrado na Figura 12. Em um funil, é colocado um papel 
filtro e nesse filtro é

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