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Indaial – 2022
Prof.ª Júlia Scherer Santos
1a Edição
Farmacotécnica i
Elaboração:
Prof.ª Júlia Scherer Santos
Copyright © UNIASSELVI 2022
 Revisão, Diagramação e Produção:
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
 Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
S237f
Santos, Júlia Scherer
 
 Farmacotécnica I. / Júlia Scherer Santos – Indaial: 
UNIASSELVI, 2022.
 
 246 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0527-4
 ISBN Digital 978-85-515-0523-6
 
 1. Farmácia magistral. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
da Vinci.
 CDD 615.1
Olá, acadêmico! Bem-vindo ao livro didático de Farmacotécnica I. Talvez você 
esteja se perguntando o que se estuda em farmacotécnica. Você provavelmente já usou 
algum produto preparado em farmácias de manipulação, certo? A farmacotécnica é a 
área que estuda e analisa a preparação de medicamentos. 
Dentro da área farmacêutica, a farmácia de manipulação é comumente 
denominada de farmácia magistral e, por isso, passaremos a usar essa terminologia 
dentro deste livro. A farmácia tem importância, pois possibilita preparar uma formulação 
específica para um paciente, já que nem sempre o medicamento industrial consegue 
atender todas as necessidades desse paciente.
Este livro está dividido em três unidades, iniciando com uma parte básica, 
importante para a compreensão dos conteúdos posteriores, seguido da farmacotécnica 
de formas líquidas e semissólidas. 
Na Unidade 1, abordaremos a introdução à farmacotécnica com uma parte 
histórica da farmácia magistral no Brasil, conceitos que você deverá memorizar e 
alguns cálculos básicos em farmácia. No fim desta unidade, veremos a legislação que 
as farmácias magistrais devem seguir, denominada de Boas Práticas de Manipulação.
Em seguida, na Unidade 2, estudaremos a preparação de medicamentos líquidos 
e semissólidos na farmácia e também o controle de qualidade desses medicamentos. 
Nesse momento, também nos atentaremos aos processos de preparação de 
medicamentos fitoterápicos, aqueles obtidos de plantas.
Por fim, na Unidade 3, aprenderemos sobre os medicamentos homeopáticos. 
Esses medicamentos também podem ser preparados em farmácias magistrais e, 
devido às particularidades, trataremos da sua farmacotécnica e como assegurar a 
sua qualidade.
Esperamos que a leitura seja prazerosa e que de alguma forma você se interesse 
por essa área tão interessante.
Bom estudo!
Prof.ª Júlia Scherer Santos
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À FARMACOTÉCNICA .................................................1
TÓPICO 1 - DEFINIÇÕES E O CONTEXTO HISTÓRICO DA FARMACOTÉCNICA ........ 3
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2 HISTÓRICO DA MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS NO BRASIL ..................... 3
2.1 OS BOTICÁRIOS NO BRASIL COLÔNIA ............................................................................ 4
2.2 OS BOTICÁRIOS NO SÉCULO XIX .....................................................................................5
2.3 A FARMÁCIA MAGISTRAL NO SÉCULO XX e XXI ..........................................................7
3 CONCEITOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO E MANIPULAÇÃO
DE MEDICAMENTOS................................................................................................8
3.1 CONCEITOS RELACIONADOS AO ESTABELECIMENTO ............................................... 8
3.2 CONCEITOS RELACIONADOS AO MEDICAMENTO ......................................................9
3.3 CONCEITOS RELACIONADOS ÀS EXIGÊNCIAS SANITÁRIAS ...................................21
RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................23
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................24
TÓPICO 2 - OPERAÇÕES E CÁLCULOS EM FARMÁCIA MAGISTRAL ................. 27
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 27
2 OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS ........................................................................ 27
2.1 OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS GERAIS ......................................................................28
2.2 OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS PROPRIAMENTE DITAS .........................................30
2.3 OPERAÇÕES FÍSICAS ....................................................................................................... 36
3 CÁLCULOS FARMACÊUTICOS ..........................................................................37
3.1 CONVERSÃO DE MEDIDAS, PORCENTAGEM E REGRA DE TRÊS ........................... 37
3.2 EMPREGO DAS UNIDADES UI (UNIDADES INTERNACIONAIS),
 QUANTIDADE SUFICIENTE E QUANTIDADE SUFICIENTE PARA (Q.S.P.) ...............41
3.3 DILUIÇÕES, FATOR DE EQUIVALÊNCIA E FATOR DE CORREÇÃO ..........................43
RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................... 48
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................49
TÓPICO 3 - LEGISLAÇÃO EM FARMÁCIA MAGISTRAL ....................................... 51
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 51
2 BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO EM FARMÁCIA ....................................... 51
2.1 REGULAMENTO TÉCNICO DE BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO ..................... 52
2.2 BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO ............................................................................ 56
2.3 PARTICULARIDADES PARA SUBSTÂNCIAS DOS ANEXOS II E III ..........................60
3 CONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA E DE PRODUTOS MANIPULADOS .........63
3.1 CONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA .......................................................................... 63
3.2 CONTROLE DE QUALIDADE DE MATÉRIAS-PRIMAS ............................................... 65
3.3 CONTROLE DE QUALIDADE DE BASES GALÊNICAS, PRODUTOS
 OFICINAIS E MAGISTRAIS ................................................................................................68
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 73
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 79
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................80
REFERÊNCIAS .......................................................................................................82
UNIDADE 2 — OPERAÇÕES E CÁLCULOS EM FARMÁCIA MAGISTRAL ..............85
TÓPICO 1 — MEDICAMENTOS SINTÉTICOS, SEMISSINTÉTICOS
E FITOTERÁPICOS LÍQUIDOS ...............................................................................87
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................87
2 SOLUÇÕES FARMACÊUTICAS ..........................................................................87
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES ..................................................................................88
2.2 COMPOSIÇÃO DAS SOLUÇÕES ..................................................................................... 92
2.3 PREPARAÇÃO EM NÍVEL MAGISTRAL .......................................................................... 96
3 SUSPENSÕES FARMACÊUTICAS ...................................................................... 97
3.1 PRINCÍPIOS TEÓRICOS DA SEDIMENTAÇÃO DE PARTÍCULAS ...............................98
3.2 COMPOSIÇÃO DAS SUSPENSÕES .............................................................................. 100
3.3 PREPARAÇÃO EM NÍVEL MAGISTRAL........................................................................ 103
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................106
AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 107
TÓPICO 2 - MEDICAMENTOS SINTÉTICOS, SEMISSINTÉTICOS
E FITOTERÁPICOS SEMISSÓLIDOS ...................................................................109
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................109
2 EMULSÕES E CREMES .....................................................................................109
2.1 PRINCÍPIOS DE REOLOGIA ............................................................................................. 110
2.2 EMULSÕES FARMACÊUTICAS ...................................................................................... 112
2.3 FORMAS DE PREPARAÇÃO EM NÍVEL MAGISTRAL ................................................. 116
3 GÉIS E PASTAS .................................................................................................120
3.1 FORMULAÇÃO DE GÉIS .................................................................................................. 120
3.2 FORMULAÇÃO DE POMADAS E PASTAS ....................................................................123
3.3 PREPARAÇÃO EM NÍVEL MAGISTRAL DE GÉIS, POMADAS E PASTAS ...............127
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................130
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................131
TÓPICO 3 - CONTROLE DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS
E MATERIAL DE ACONDICIONAMENTO .............................................................133
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................133
2 CONTROLE DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS LÍQUIDOS
E SEMISSÓLIDOS ................................................................................................133
2.1 CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO .......................................................... 134
2.2 CONTROLE DE QUALIDADE MICROBIOLÓGICO ....................................................... 139
3 MATERIAL DE ACONDICIONAMENTO DE MEDICAMENTOS...........................143
3.1 ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS ........................................................................... 143
3.2 MATERIAIS EMPREGADOS NA EMBALAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA .............147
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................154
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................160
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................161
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 163
UNIDADE 3 — PREPARAÇÃO DE FORMAS FARMACÊUTICAS
HOMEOPÁTICAS .................................................................................................. 167
TÓPICO 1 — ASPECTOS TEÓRICOS DA HOMEOPATIA ....................................... 169
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 169
2 FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS ....................................................................... 169
2.1 FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA HOMEOPATIA .....................................................170
2.2 FILOSOFIA HOMEOPÁTICA .............................................................................................175
2.3 CONCEITOS BÁSICOS EM HOMEOPATIA ....................................................................178
3 FARMACOLOGIA HOMEOPÁTICA .................................................................... 181
3.1 FARMACOLOGIA DOS SEMELHANTES E DOS CONTRÁRIOS ................................. 182
3.2 ENERGIA DOS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS .................................................. 185
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................188
AUTOATIVIDADE .................................................................................................189
TÓPICO 2 - FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA ................................................191
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................191
2 MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO .......................................................................191
2.1 CARACTERÍSTICAS E OBTENÇÃO DE TINTURAS-MÃE........................................... 196
2.2 INSUMOS INERTES EMPREGADOS EM HOMEOPATIA ............................................ 198
2.3 ACESSÓRIOSUSADOS EM HOMEOPATIA ................................................................. 200
3 FORMAS FARMACÊUTICAS DERIVADAS E DE DISPENSAÇÃO .....................201
3.1 ESCALAS E MÉTODOS DE PREPARAÇÃO .................................................................. 201
3.2 FORMAS FARMACÊUTICAS DE USO INTERNO ........................................................204
3.3 FORMAS FARMACÊUTICAS DE USO EXTERNO ...................................................... 208
4 MATERIAL DE ACONDICIONAMENTO ............................................................ 209
4.1 MATERIAIS PLÁSTICOS E DE VIDRO ...........................................................................209
4.2 OUTROS MATERIAIS ....................................................................................................... 210
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 212
AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 213
TÓPICO 3 - LEGISLAÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE
EM FARMÁCIA HOMEOPÁTICA ........................................................................... 215
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 215
2 LEGISLAÇÃO .................................................................................................... 215
2.1 LEGISLAÇÃO FARMACÊUTICA ...................................................................................... 216
2.2 LEGISLAÇÃO SANITÁRIA PARA A FARMÁCIA ............................................................219
3 CONTROLE DE QUALIDADE DE INSUMOS ATIVOS, MATRIZES
E MEDICAMENTOS PARA DISPENSAÇÃO ......................................................... 222
3.1 COMPÊNDIOS OFICIAIS EM HOMEOPATIA ..................................................................231
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................... 234
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................... 240
AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 241
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 243
1
UNIDADE 1 - 
INTRODUÇÃO À 
FARMACOTÉCNICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• reconhecer as diferentes formas farmacêuticas;
• diferenciar as operações farmacêuticas;
• realizar cálculos farmacêuticos;
• citar os requisitos regulatórios básicos para a manipulação de medicamentos.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – DEFINIÇÕES E O CONTEXTO HISTÓRICO DA FARMACOTÉCNICA
TÓPICO 2 – OPERAÇÕES E CÁLCULOS EM FARMÁCIA MAGISTRAL
TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃO EM FARMÁCIA MAGISTRAL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
DEFINIÇÕES E O CONTEXTO HISTÓRICO DA 
FARMACOTÉCNICA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, iniciaremos o estudo da farmacotécnica abordando o surgimento 
das farmácias magistrais no Brasil, antigamente conhecidas como Boticas, e alguns 
conceitos básicos e indispensáveis para o farmacêutico. Ao longo da história da 
farmácia magistral, ocorreram modificações no processo de elaboração dos produtos, 
sendo antigamente preparadas fórmulas baseadas em plantas até termos hoje 
medicamentos sintéticos e medicamentos obtidos de partes de plantas. Além disso, 
aconteceram também mudanças nos métodos de preparação até chegarmos naqueles 
hoje empregados.
Você verá que modificações também ocorreram em relação a padrões de 
qualidade com o surgimento de documentos oficiais que possibilitaram o melhor controle 
do que estava sendo preparado, para que houvesse uma padronização na preparação 
desses produtos. Inicialmente, podemos apontar que os índios foram fundamentais. Nos 
primórdios, a cura de doenças era baseada na preparação de remédios feitos a partir de 
plantas. Nesse sentido, os índios tiveram papel fundamental no desenvolvimento de 
fórmulas baseadas em ervas que eram usadas antigamente.
 
Com a evolução natural da profissão farmacêutica e o surgimento da indústria 
farmacêutica, novos conceitos surgiram e foram introduzidos no dia a dia dos 
profissionais da área magistral e industrial. Embora haja quem acha um pouco maçante 
memorizar conceitos, eles são cruciais para que não haja equívocos. Neste tópico, 
focaremos também em alguns conceitos, alguns deles retirados de legislações vigentes 
no país. Obviamente que, dentro da profissão farmacêutica, vários outros conceitos 
são importantes, mas o objetivo aqui é apresentar conceitos essenciais que todo 
farmacêutico que trabalha em farmácia magistral deve compreender.
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
2 HISTÓRICO DA MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
NO BRASIL
Os primeiros registros históricos da manipulação de medicamentos datam da 
chegada dos portugueses no Brasil. Sem dúvidas que aqui no Brasil da época de 1500 
já havia índios que usavam diversas técnicas naturais para o tratamento de doenças, 
mas a chegada dos portugueses traz novos conhecimentos sobre medicina, até então 
desconhecidos pelos índios que aqui viviam de forma isolada (EDLER, 2006). 
4
Uma segunda fase de desenvolvimento começa no século XX com o surgi-
mento da indústria farmacêutica, o que acabou deixando a farmácia magistral em 
segundo plano, pois houve o favorecimento do uso de medicamentos industrializados 
(FERNANDES, 2004). No século XX e no atual século XXI, há uma alteração desse ce-
nário. Vemos uma grande procura da população em geral por produtos manipulados 
e também há algumas especialidades médicas que costumam prescrever fórmulas 
manipuladas a seus pacientes.
2.1 OS BOTICÁRIOS NO BRASIL COLÔNIA
A história do Brasil inicia no Brasil Colônia, em que o país era uma colônia de 
Portugal. Talvez você se lembre das suas aulas de história que junto às embarcações 
de portugueses que chegaram ao Brasil estavam os jesuítas (religiosos). Nesse período, 
acreditava-se que a doença era uma exteriorização do pecado e por essa razão a religião 
era muito relevante, a fim de que a pessoa doente pudesse se redimir de seus pecados. 
Aqui no Brasil índios acabaram sendo influenciados pela cultura portuguesa e também 
sendo acometidos pelas doenças trazidas por esses portugueses (EDLER, 2006).
Diferentemente do que ocorre hoje, era possível exercer a medicina e a farmácia 
ao mesmo tempo, ou seja, uma pessoa poderia simultaneamente recomendar um 
tratamento e preparar o medicamento para o paciente. Os tratamentos eram preparados 
a partir de plantas, principalmente pelos jesuítas, que passaram a usar plantas já 
utilizadas pelos indígenas. As primeiras boticas no país começam, então, a surgir. As 
boticas eram estabelecimentos comerciais onde se preparavam os medicamentos 
(EDLER, 2006). A Figura 1 apresenta um exemplo de uma botica antiga. 
FIGURA 1 − EXEMPLO DE BOTICA
FONTE: <https://bit.ly/3wdbVkJ>. Acesso em: 11 nov. 2021.
Já nessa época colonial havia uma preocupação com a qualidade dos 
medicamentos, à época simplesmente chamados de remédios, pois passou-se a se 
exigir a verificação periódica de pesos e medidas usados nas boticas para as preparações. 
Nesses estabelecimentos, o boticário era a pessoa responsável por realizar essas 
preparações (EDLER, 2006). Atualmente, o boticário é denominado de farmacêutico. 
5
Não confunda o conceito de remédios com o conceito de medicamentos! 
Remédios são considerados qualquer forma de cura e desconforto 
e incluem, por exemplo, um banho quente. Já os medicamentos são 
produtos com a composição química bem estabelecida e com eficáciacomprovada. Os remédios podem ser formas caseiras e não precisam 
ter a sua eficácia comprovada.
ATENÇÃO
Os boticários precisavam de autorização para poder atuar (EDLER, 2006). 
Fazendo um comparativo com os dias atuais, veja que também existia uma preocupação 
no licenciamento desses profissionais. Atualmente, esse licenciamento para executar a 
função legal de farmacêutico é concedido quando o profissional solicita o registro no 
conselho regional do estado onde atuará. Além dos conselhos regionais existentes em 
cada unidade federativa do país, há também o conselho federal de farmácia, responsável 
por regulamentar a profissão através de legislações específicas. 
2.2 OS BOTICÁRIOS NO SÉCULO XIX
No século XIX, ou melhor dizendo, entre os anos de 1800 e 1900, é criado o 
curso de farmácia com duração de três anos, voltado ao estudo de botânica, zoologia, 
minerais, entre outras matérias. Nesse momento, não existiam disciplinas relacionadas 
à fabricação industrial de medicamentos, pois o surgimento da indústria farmacêutica 
começa no século XX. 
Além da formação em farmácia, o estudante de farmácia precisava fazer um 
período de três anos de prática em uma botica com um boticário já diplomado (EDLER, 
2006). Essa atividade prática se assemelha muito aos estágios obrigatórios existentes 
nos currículos de graduação em farmácia. Esses estágios são importantes para que o 
futuro farmacêutico adquira experiência profissional. 
Um dos nomes de destaque nessa época é Louis Pasteur, que revolucionou o 
conhecimento a respeito de microrganismos e doenças. No Brasil, podemos citar Oswaldo 
Cruz, nome de importância quando estamos falando de saúde pública. Em 1926, surge 
a primeira farmacopeia brasileira, documento oficial na preparação de medicamentos 
(EDLER, 2006). As farmacopeias são documentos cruciais até os dias atuais. Esse 
documento estabelece padrões de qualidade para os diferentes medicamentos e é base 
tanto para a indústria farmacêutica como para a farmácia magistral. 
6
A farmacopeia vigente (6ª edição) está disponível para download gratuitamente 
e se subdivide em dois volumes. O volume 1 contém os padrões gerais de qualidade de 
medicamentos e o volume 2 contém as monografias. No volume 1, constam os padrões 
de qualidade específicos para cada tipo de medicamento. No volume 2, existem padrões 
para plantas medicinais, produtos biológicos, insumos farmacêuticos e medicamentos, 
entre outras categorias. A Figura 2 apresenta a sua imagem de capa. 
FIGURA 2 − IMAGEM DE CAPA DA FARMACOPEIA BRASILEIRA VIGENTE
FONTE: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/farmacopeia-brasileira>. Acesso em: 11 nov. 2021.
Para as farmácias, o volume 2 de insumos farmacêuticos e medicamentos é o 
mais importante. No sumário, constam todas as monografias contidas nesse volume. 
Tem-se, por exemplo, azitromicina cápsulas, azitromicina comprimidos, entre várias 
outras monografias. Assim, a monografia de azitromicina comprimidos se aplica somente 
à indústria, pois somente ela produz medicamentos na forma de comprimidos. Já a 
azitromicina cápsulas é empregada tanto na farmácia como na indústria, pois ambos 
elaboram medicamentos na forma de cápsulas.
Retornaremos aos boticários do século XIX. Nesse período, surgem dois con-
ceitos que até hoje são empregados: produto magistral e produto oficinal. O produto 
oficinal é uma preparação obtida a partir de compêndios oficiais, enquanto o produto 
magistral é uma preparação específica baseada em uma prescrição médica (EDLER, 
2006). Nessa época, falava-se somente em receitas médicas, mas hoje outros profis-
sionais podem prescrever formulações magistrais, incluindo dentistas e até mesmo far-
macêuticos. Não se preocupe em entender de forma aprofundada esses conceitos, pois 
voltaremos a eles no subtópico 3. 
7
2.3 A FARMÁCIA MAGISTRAL NO SÉCULO XX e XXI
No século XX, a síntese de fármacos possibilitou a ampliação de princípios ativos 
utilizados para preparar os medicamentos. Neste cenário, também há evolução na área 
de microbiologia e o nascimento da farmacologia, ciência que investiga os efeitos dos 
fármacos no organismo humano. Com isso, nasce a indústria farmacêutica no mundo 
e também a indústria farmacêutica nacional, causando uma diminuição da procura por 
fórmulas preparadas em farmácias (EDLER, 2006).
Qual a diferença entre droga e fármaco? Muitas vezes, usa-se o termo 
droga como sinônimo de fármaco, mas esses termos se referem a 
substâncias diferentes no Brasil. O termo droga é usado para substâncias 
ilícitas (por exemplo, o crack, a heroína etc.) ou para substância lícitas, 
como álcool e cigarro. Já o termo fármaco é o ingrediente ativo de um 
medicamento que tem ação farmacológica.
NOTA
Há algum tempo, as farmácias magistrais voltaram a ter destaque, pois são 
alternativas muitas vezes mais baratas que medicamentos industrializados, também 
chamados de especialidades farmacêuticas. Ademais, pode ser uma alternativa quando 
não existe um medicamento industrializado ideal. Aqui podemos pensar no caso de 
crianças. Grande parte das especialidades farmacêuticas está na forma de comprimidos. 
As crianças têm dificuldade de deglutir, isso significa dificuldade de engolir e, em função 
disso, os comprimidos não são adequados. A farmácia poderá então preparar uma forma 
líquida para esses pacientes.
Destaca-se, também, a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANVISA) no ano de 1999. Esse órgão regula os medicamentos, os cosméticos e os 
alimentos no país (BRASIL, 1999a). Em se tratando de farmácia magistral, a ANVISA 
publicou no ano de 2007, com atualização em 2008, as Boas Práticas de Manipulação 
de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias, sob Resolução 
de número 67 (BRASIL, 2007). Ao longo dessa e de outras unidades veremos essa 
Resolução com mais detalhes. 
8
3 CONCEITOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO E MANIPULAÇÃO 
DE MEDICAMENTOS
A produção e a manipulação de medicamentos estão cercadas de vários 
conceitos fundamentais. Esses conceitos se relacionam ao estabelecimento físico onde 
ocorre essa produção ou manipulação, ao medicamento preparado e aos documentos 
exigidos para que o estabelecimento esteja apto e legalmente habilitado a preparar 
medicamentos, cosméticos e outros produtos. 
Primeiramente, precisamos diferenciar os termos manipulação de produção. 
Normalmente, o termo manipulação é usado para se referir ao processo de preparação 
em farmácias magistrais. Este termo é inclusive empregado na Resolução que rege a 
preparação de produtos magistrais, a Resolução nº 67/2007 (BRASIL, 2007). Por sua vez, 
o termo produção costuma ser usado para o processo de fabricação em grande escala, 
isto é, medicamentos obtidos em indústrias farmacêuticas (BRASIL, 2019a).
3.1 CONCEITOS RELACIONADOS AO ESTABELECIMENTO
O estabelecimento de preparação e dispensação de medicamentos é 
denominado de farmácia ou drogaria. A Lei nº 5.991, de 1973, estabelece que farmácias 
e drogarias se diferem devido ao fato de possibilitar a preparação de fórmulas no 
estabelecimento ou não. Assim, farmácia é o estabelecimento que prepara e fornece ao 
paciente algum produto. 
Saiba que as farmácias não preparam somente medicamentos, elas estão aptas 
também a elaborar cosméticos. Já as drogarias somente fornecem algum produto 
industrial (seja ele medicamento, cosmético ou outro produto). O fornecimento de 
medicamento ou qualquer produto ao paciente é o ato denominado de dispensação 
(BRASIL, 1973). 
Veja os conceitos de farmácia e drogaria retirados na íntegra da Lei nº 5.991/1973: 
A drogaria é o estabelecimento de dispensação e comércio de 
drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em 
suas embalagens originais. A farmácia é o estabelecimento de 
manipulação de fórmulas magistrais e oficinais, de comércio de 
drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, 
compreendendo o de dispensação e o de atendimento privativo de 
unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalentede assistência 
médica (BRASIL, 1973).
Mais recentemente, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) publicou uma 
lei que define alguns termos novos: farmácia com manipulação e farmácia sem 
manipulação. Dessa forma, a farmácia com manipulação é aquela que está apta a 
preparar fórmulas, enquanto a farmácia sem manipulação somente comercializa um 
produto industrial (BRASIL, 2014). 
9
Precisamos ter em mente que tanto a Lei nº 13.021/2014 do CFF como a Lei nº 
5.991/1973 estão vigentes, então todos esses conceitos são válidos: drogaria, farmácia, 
farmácia com manipulação e farmácia sem manipulação. A Tabela 1 apresenta um 
comparativo desses conceitos.
TABELA 1 − COMPARATIVO DOS CONCEITOS DE FARMÁCIA E DROGARIA
CONCEITO LEI OUTRO CONCEITO EQUIVALENTE
Farmácia 5.991/1973
Farmácia com manipulação (Lei nº 
13.021/2014) 
Drogaria 5.991/1973
Farmácia sem manipulação (Lei nº 
13.021/2014)
Farmácia com 
manipulação
13.021/2014 Farmácia (Lei nº 5.991/1973)
Farmácia sem 
manipulação
13.021/2014 Drogaria (Lei nº 5.991/1973)
FONTE: A autora
Através da Tabela 1, vemos que os conceitos de farmácia e drogaria são 
estabelecidos pela Lei nº 5.991/1973, enquanto os conceitos de farmácia com 
manipulação e farmácia sem manipulação são estabelecidos pela Lei nº 13.021/2014. 
Para facilitar a compreensão, a coluna mais à direita apresenta o conceito equivalente 
em outra lei. Assim, o conceito de farmácia definido pela Lei nº 5.991 é equivalente ao 
conceito de farmácia com manipulação da Lei nº 13.021. 
Ainda pela análise, vemos que o conceito de drogaria da Lei nº 5.991 é 
equivalente àquele de farmácia de manipulação da Lei nº 13.021. O conceito de farmácia 
com manipulação (da Lei nº 13.021) é equivalente ao conceito de farmácia (da Lei nº 
5.991) e o conceito de farmácia sem manipulação (da Lei nº 13.021) é equivalente ao 
conceito de drogaria (da Lei nº 5.991).
3.2 CONCEITOS RELACIONADOS AO MEDICAMENTO 
Quando falamos de conceitos relacionados aos medicamentos estamos nos 
referindo aos componentes que fazem parte do medicamento e que são essenciais 
dentro da farmacotécnica. Um medicamento muitas vezes tem na sua formulação 
vários componentes (FERREIRA, 2011). Se você buscar algum medicamento industrial 
que você tenha em sua casa, você verá a presença de vários componentes. 
10
Em farmacotécnica, estamos nos referindo ao processo de preparação de 
medicamentos, então, uma das preocupações é com relação a possíveis reações (ou 
incompatibilidades) que podem acontecer quando misturamos vários ingredientes 
para obter o medicamento. É preciso que você entenda que às vezes uma substância 
tem um certo comportamento quando usada de forma isolada, mas quando ela é 
misturada a um ou mais ingredientes, o seu comportamento pode mudar. 
Em certas ocasiões, as reações que ocorrem quando misturamos diferentes 
substâncias são desejáveis, mas o problema é quando reações indesejáveis acontecem, 
pois poderá ocorrer perda de ação farmacológica. Não queremos que uma incompati-
bilidade altere a eficácia farmacológica, pois isso afetará o tratamento do paciente, e, 
obviamente, essa situação também poderá afetar a credibilidade da farmácia.
Vamos supor uma situação: um determinado paciente usa um antibiótico 
preparado em uma farmácia. No entanto, o paciente continua com uma infecção após 
o tratamento. O farmacêutico responsável técnico da farmácia chega à conclusão de 
que o medicamento foi ineficaz devido a uma reação química entre os componentes da 
fórmula do antibiótico, que provocou perda da sua ação. Esse tipo de situação deve ser 
sempre evitado! Tendo visto essa situação hipotética fica muito claro que o farmacêutico 
magistral deve conhecer de forma mais aprofundada a farmacotécnica.
Agora, iniciaremos a definição de conceitos relacionados a medicamentos, 
abordando droga, fármaco e excipiente. Um medicamento é aquele destinado a 
promover a cura, ação paliativa ou para diagnóstico. Anteriormente, já vimos que o 
termo droga costuma ser usado para substâncias ilícitas ou álcool e cigarro, enquanto 
fármaco se refere ao princípio ativo do medicamento. No entanto, é preciso destacar 
que a Lei nº 5.991/1973 traz o conceito de droga como um sinônimo de fármaco. Isso 
ocorre, pois o uso do termo fármaco é mais recente. Assim, por essa lei ser mais antiga, 
ela traz esses conceitos como sinônimos (BRASIL, 1973).
Talvez até esse momento você tenha imaginado que um medicamento é 
formado somente por fármaco (ou droga pela Lei nº 5.991). Na verdade, na maioria das 
vezes, não é possível preparar um medicamento somente com fármacos. A quantidade 
de fármaco é tão pequena que não é suficiente para que possa haver um medicamento 
com formato e peso adequados para ser administrado pelo paciente. Por esse motivo, 
os excipientes são usados na fórmula desses produtos. 
Assim, os medicamentos são formados pelo fármaco (ou conjunto de 
fármacos) e excipientes (Figura 3) (FERREIRA, 2011). Um outro conceito é o de insumo. 
Este componente corresponde a qualquer ingrediente que compõe o medicamento 
(BRASIL, 1973). Assim, um insumo pode ser um ingrediente ativo ou inerte. O insumo 
farmacêutico ativo (IFA) é um sinônimo de fármaco. O insumo farmacêutico inerte 
é um sinônimo de excipiente (BRASIL, 2007).
11
FIGURA 3 − FÓRMULA BÁSICA DE UM MEDICAMENTO
FONTE: A autora
Você sabe quão importante é a farmacotécnica na farmácia? Nas fórmu-
las que a farmácia recebe para preparar, consta somente os fármacos 
e as suas respectivas concentrações. Cabe ao farmacêutico definir os 
excipientes que farão parte da fórmula. A seleção desses excipientes 
demanda conhecimento de farmacotécnica pelo farmacêutico.
ESTUDOS FUTUROS
Um outro conceito muitíssimo relevante em farmacotécnica é a forma 
farmacêutica. A forma farmacêutica é a forma de apresentação de um medicamento, 
podendo ser líquida, sólida ou semissólida. Cada uma dessas formas farmacêuticas 
tem diferentes métodos de preparação, que são objeto de estudo da farmacotécnica e 
também da tecnologia farmacêutica, que estuda a produção industrial de medicamentos.
As formas farmacêuticas (FF) líquidas englobam as soluções e suspensões. 
As formas sólidas englobam pós, granulados, comprimidos, comprimidos revestidos, 
drágeas, cápsulas, supositórios, óvulos, pastilhas, drágeas e adesivos. As formas 
semissólidas incluem cremes, loções, géis, pomadas e pastas (BRASIL, 2019b). O 
Quadro 1 resume a classificação das formas farmacêuticas.
QUADRO 1 − CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS FARMACÊUTICAS
FF sólidas
Pós, granulados, comprimidos, comprimidos revestidos, 
drágeas, cápsulas, supositórios, óvulos, pastilhas e adesivos 
FF líquidas Soluções e suspensões
FF semissólidaas Loções, cremes, géis, pomadas e pastas
FONTE: A autora
12
Para que haja o efeito farmacológico esperado, é necessário administrar o 
medicamento (na forma farmacêutica de comprimido, cápsula, solução etc.) através 
das vias de administração do nosso organismo. Dependendo da via de administração, 
algumas formas farmacêuticas são permitidas e outras são proibidas. 
Por exemplo, por via intravenosa, a forma farmacêutica que deve ser utilizada é 
a solução ou em situações específicas poderão ser usadas as emulsões (na terapia de 
nutrição parenteral). Suspensões, comprimidos e cápsulas não são permitidos nessa 
via. Algumas formas farmacêuticas são de uso exclusivo em um local do organismo, 
tais como os supositórios e os óvulos. Os supositórios são usados unicamente por via 
retal ou uretral, enquanto óvulos são usados por via vaginal (BERMAR, 2014). A Figura 4 
ilustra as FF sólidas, semissólidas e líquidas.
FIGURA 4 − FF SÓLIDAS, SEMISSÓLIDAS E LÍQUIDAS
FONTE: <https://bit.ly/3ttArMG>. Acesso em: 11 nov. 2021.
As vias de administração são classificadas em enterais ou parenterais. As vias 
enterais são todas aquelas vias que envolvem o sistema digestivo e, portanto, referem-
se a medicamentos usados pelas vias oral, retal e sublingual. As vias parenterais são 
aquelas nas quais não há passagemdo fármaco pelo sistema digestivo, incluindo as 
vias injetáveis: via intramuscular (IM), via intravenosa (IV) e via subcutânea (SC). 
Contudo, há também uma segunda classificação para as vias parenterais, em 
que todas as vias que não passam pelo sistema digestivo são também consideradas 
parenterais. Nessa segunda classificação, estão enquadradas a via cutânea, a nasal e 
a oftálmica (CLARK et al., 2013). Portanto, podemos afirmar que os comprimidos, as 
cápsulas e os supositórios, por terem passagem pelo sistema digestivo, são classificados 
como formas farmacêuticas de uso enteral.
13
Você sabia que a manipulação de medicamentos pode também 
acontecer na farmácia hospitalar? O farmacêutico pode preparar a 
nutrição parenteral, uma formulação injetável na forma de solução ou 
emulsão, que serve para repor nutrientes que estão em deficiência no 
paciente, como vitaminas, aminoácidos etc.
INTERESSANTE
Destaca-se, no entanto, que às vezes cápsulas podem ser usadas em sistemas 
de liberação pulmonares (do tipo “bombinhas”) e nessa situação específica elas 
são classificadas como de uso parenteral. Acerca das suspensões, elas podem ser 
empregadas por via oral, cutânea, sublingual e intramuscular, não sendo admitido o seu 
uso por via intravenosa devido ao risco de embolia (AULTON; TAYLOR, 2016).
Já as soluções e as emulsões podem ser empregadas por diferentes vias: oral, 
intramuscular, intravenosa, cutânea e sublingual e dessa forma podem ser formas 
farmacêuticas de uso enteral ou parenteral. Se o medicamento for uma solução ou 
emulsão de uso por via oral ou sublingual, ele será classificado como uma forma 
farmacêutica de uso enteral, mas se o medicamento for uma solução ou emulsão de 
uso intramuscular ou intravenoso, ele será classificado como uma forma farmacêutica 
de uso parenteral (AULTON; TAYLOR, 2016).
Por sua vez, os géis, as pomadas e as pastas são usados principalmente na 
pele ou nas mucosas vaginal ou retal. Então, são FF de uso parenteral. Os pós podem 
ser usados por via oral ou na pele, sendo classificados como formas farmacêuticas de 
uso enteral, quando empregados por via oral, ou parenteral, quando utilizados por via 
cutânea (AULTON; TAYLOR, 2016). Para uso via oral, costuma-se adicionar o pó em água. 
No que diz respeito aos pós de uso cutâneo, os talcos são os grandes representantes. O 
Quadro 2 resume as formas farmacêuticas empregadas nas vias enterais e parenterais.
QUADRO 2 − FORMAS FARMACÊUTICAS E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
Via enteral FF
Via parenteral
1ª classificação 2ª classificação
Via oral
Comprimidos, 
cápsulas, 
drágeas, 
solução e 
suspensão
IM
Solução, 
suspensão, 
emulsão
Via 
cutânea
Loção, 
creme, gel, 
pomada, 
pasta
14
Retal
Supositórios, 
soluções e 
suspensões
SC
Solução, 
suspensão
Via vaginal
Óvulo, 
creme, gel
Sublingual
Comprimidos, 
solução e 
suspensão
IV
Solução, 
emulsão
Via 
nasal/via 
oftálmica
Solução, 
suspensão
FONTE: A autora
Também, um medicamento poderá ter ação sistêmica ou tópica. O medicamento 
de ação sistêmica é aquele que se distribui por todo o organismo, o que ocorre para 
comprimidos usados por via oral ou para uma solução injetável. Os medicamentos 
de ação tópica são aqueles que têm uma ação exclusiva no local onde são aplicados, 
não tendo ação sistêmica. É o que acontece com a maioria dos cremes ou géis de uso 
cutâneo (na pele). 
Já um medicamento aplicado por via nasal poderá ter ação tópica ou sistêmica, 
tendo ação local para tratamento de vias aéreas ou ação sistêmica quando o fármaco 
atinge a corrente circulatória sistêmica. Um supositório aplicado por via retal é 
normalmente utilizado para ação local no intestino, mas o fármaco contido nessa forma 
farmacêutica poderá também alcançar a circulação sistêmica (BERMAR, 2014).
Na Unidade 2, as características das formas líquidas e semissólidas serão 
apresentadas em detalhes. Por esse motivo, na presente unidade, serão apresentadas as 
características gerais dessas FF. Começaremos com as formas sólidas, as mais usadas 
tanto na farmácia magistral quanto na indústria farmacêutica. Os pós e os granulados 
são formas sólidas que costumam ser usadas como FF intermediárias ou como FF finais. 
As FF intermediárias são aquelas que são intermediárias, que servirão para obter uma 
FF final. As FF finais são formas de apresentação que serão utilizadas pelo paciente, tais 
como os comprimidos e as cápsulas (AULTON; TAYLOR, 2016). 
As cápsulas são formas constituídas de um invólucro duro (chamada cápsula 
dura) ou mole (chamada cápsula mole) e que contêm no seu interior o fármaco associa-
do a um ou mais de um excipiente. No que se refere a supositórios e óvulos, são tam-
bém formas sólidas. A diferença em relação a outras FF sólidas é que são usados para 
administração nas mucosas retal, uretral ou vaginal, e ao entrarem em contato com 
essas mucosas se fundem (BRASIL, 2019b). As informações resumidas dessas FF sóli-
das estarão descritas na Tabela 2 e a Figura 5 exemplifica formas farmacêuticas sólidas.
15
FIGURA 5 − FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS
FONTE: <https://bit.ly/3qsCw9X>. Acesso em: 19 nov. 2021.
Os comprimidos são formas compactadas de diferentes tamanhos que contêm 
fármaco e excipientes (BRASIL, 2019b). Para a obtenção dessa forma farmacêutica, 
costuma-se usar muitos excipientes, tanto que, muitas vezes, pode-se ter um 
medicamento na forma de comprimidos contendo uma maior quantidade de excipientes 
do que de fármaco(s) (AULTON; TAYLOR, 2016). A Tabela 2 apresenta as características 
gerais das formas farmacêuticas sólidas. Destaca-se que as cápsulas são muito 
empregadas para a obtenção de medicamentos nas farmácias.
TABELA 2 − CARACTERÍSTICAS DAS FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS
Comprimidos Comprimidos 
revestidos e 
drágeas
Cápsulas Supositórios e 
óvulos
Adesivos 
transdérmicos
Formas 
compactadas
Comprimidos 
revestidos
Invólucro 
mole ou duro
Formas que 
se fundem na 
temperatura do 
organismo
Fórmula 
destinada a 
liberar a partir 
da pele um 
ou mais de 
um fármaco 
na corrente 
circulatória
FONTE: A autora
16
As drágeas e os comprimidos revestidos são tipos especiais de comprimidos 
que passaram por um processo adicional chamado etapa de revestimento. As pastilhas 
são formas para uso na mucosa oral (BRASIL, 2019b). Aqui podemos facilmente pensar 
nas pastilhas para dor de garganta. Elas rapidamente se dissolvem no interior da 
boca. Por sua vez, os adesivos são formas aplicadas na pele que contêm um fármaco 
destinado a exercer uma ação sistêmica. Exemplo clássico são os adesivos contendo 
anticoncepcionais (AULTON; TAYLOR, 2016).
Sobre as formas líquidas temos basicamente as soluções e as suspensões. A 
principal diferença entre elas está na solubilidade do(s) fármaco(s) no meio líquido em 
que se encontra(m). Quando mencionamos formas líquidas temos o que se denomina 
de veículo, que na maior parte das vezes é a água. Então, a solução é aquela em que o 
fármaco é solúvel no veículo. A suspensão é a forma em que o fármaco ou os fármacos 
são insolúveis no veículo. Em razão disso, na preparação dessa formulação, deve-se 
adicionar diversos excipientes para assegurar a sua estabilidade. 
Um tipo especial de solução é o xarope, alternativa para crianças, pois contém 
alta concentração de sacarose, tornando essa forma bastante atrativa para esse 
público. Contudo, devido ao crescente número de diabetes, atualmente há também 
xaropes dietéticos, que são preparados com adoçantes (BRASIL, 2019b). É fundamental 
que, havendo a necessidade de preparação de um xarope dietético, a farmácia seja 
devidamente informada.
Acadêmico, nas preparações farmacêuticas, assegurar a estabilidade do 
produto que será entregue ao paciente é de extrema importância! As 
instabilidades podem ser físicas ou químicas e impactar diretamente na 
eficácia do tratamento.
ATENÇÃO
As soluções podem também ser classificadas em elixires, tinturas e 
espíritos, normalmente contendo como veículo a água e o etanol. Os espíritos contêm 
substânciasaromáticas voláteis em sua composição. As tinturas são formas obtidas 
através de plantas ou da diluição de extratos. Os extratos podem ser secos, líquidos ou 
semissólidos e também são obtidos de plantas. Para obter tanto as tinturas como os 
extratos, é necessário um processo de extração dos princípios ativos do vegetal usando 
solventes, como o etanol (BRASIL, 2019b). 
Em função da necessidade de haver a extração dos princípios ativos de extratos 
e tinturas, eles são definidos como soluções extrativas (AULTON; TAYLOR, 2016). Além 
do uso das soluções extrativas em medicamentos preparados a partir de plantas 
17
(BRASIL, 2019b), elas também são usadas em medicamentos homeopáticos. Conforme 
será abordado na Unidade 3, as tinturas homeopáticas são a base para a obtenção de 
medicamentos homeopáticos (BRASIL, 2011).
As formas semissólidas são classificadas em emulsões, géis e pomadas. As 
emulsões são formas constituídas por óleo e água, podem ser líquidas e, na maioria dos 
casos, são semissólidas. Quando se trata de aplicação tópica costuma-se denominar 
as emulsões de cremes ou loções. A diferença entre elas reside na consistência e 
viscosidade. A consistência e a viscosidade influenciam na espalhabilidade de uma 
formulação na pele, a qual é explorada na Reologia (AULTON; TAYLOR, 2016), que 
também veremos com mais detalhes posteriormente. 
As pomadas e as pastas são formas usualmente lipofílicas (isto é, com grande 
quantidade de ingredientes oleosos). Os géis são formas constituídas de um agente 
formador de gel (BRASIL, 2019b). Normalmente, os géis têm uma característica 
hidrofílica (solúvel em água) e costumam ser formas empregadas quando o insumo ativo 
é hidrofílico. Já quando é necessária a preparação de medicamento de uso tópico e o 
insumo ativo é lipofílico (insolúvel em água), pode-se empregar pomadas ou emulsões 
(AULTON; TAYLOR, 2016).
Além de todos os conceitos já abordados até aqui, precisamos tratar de 
outras definições, tais como correlato, preparação magistral, preparação oficinal, base 
galênica, material de embalagem, rótulo, controle de qualidade, medicamento sintético 
e semissintético e medicamento fitoterápico. Iniciaremos com o conceito de correlato. 
O correlato é definido pela Lei nº 5.991/1973 e corresponde a uma substância, material 
ou produto que não pode ser classificado enquanto fármaco, medicamento, cosmético 
ou insumo farmacêutico.
Você sabe a definição de um cosmético? O cosmético é um produto de 
uso na pele ou em seus anexos (cabelo, unhas, mucosa oral e mucosa 
genital externa) com diversas finalidades. Entretanto, um cosmético 
não pode ter ação anti-inflamatória, antifúngica ou antibiótica, pois 
essas ações são características de medicamentos.
NOTA
A farmácia poderá preparar fórmulas magistrais, oficinais e bases 
galênicas. A preparação magistral é aquela formulação específica para o paciente 
preparada a partir de uma prescrição. A preparação oficinal é baseada em uma fórmula 
que consta em compêndios oficiais aceitos pela ANVISA, como o Formulário Nacional 
18
da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2007). Atualmente, o Formulário Nacional da 
Farmacopeia Brasileira está em sua segunda edição e está disponível para download 
gratuitamente na página da ANVISA (BRASIL, 2012). 
Ao fazer pesquisa no Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira, você verá 
que existe uma listagem de produtos, bases e soluções auxiliares. Na seção seguinte, 
para cada uma das fórmulas, o formulário traz detalhes sobre a forma farmacêutica e 
a fórmula do produto com as respectivas concentrações de cada ingrediente e orien-
tações para o preparo (BRASIL, 2012). Nesse momento, você não precisa se preocupar 
a respeito desses detalhes, pois essas informações serão apresentadas na Unidade 2. 
Voltemos ao item de listagem de produtos do Formulário Nacional. Veja que cada 
fórmula tem a sua concentração do fármaco. Veja o primeiro exemplo: acetilcisteína 5% 
ou 10% solução oftálmica. Esses valores em percentual representam a concentração 
do fármaco acetilcisteína. Para que essa solução seja considerada oficinal, ela precisa 
ter uma concentração de 5% ou 10% de acetilcisteína obrigatoriamente. Uma solução 
que contenha este fármaco em qualquer outra concentração não é considerada uma 
fórmula oficinal (BRASIL, 2012).
No que diz respeito à base galênica, ela é uma fórmula básica que a farmácia 
pode deixar já preparada em seu estoque, na qual será adicionado o fármaco conforme 
a prescrição (BRASIL, 2007). Pode ser usado então, por exemplo, um xarope simples 
contendo 85% de sacarose, cuja fórmula encontra-se descrita no Formulário Nacional 
da Farmacopeia Brasileira. Outros exemplos são o cold cream e o creme evanescente, 
bases de cremes cujas fórmulas e métodos de preparação também estão descritos 
nesse formulário (BRASIL, 2012).
Outro aspecto na preparação de medicamentos é a definição do material de 
embalagem, que é o material em que serão acondicionadas as fórmulas manipuladas. O 
rótulo é um adesivo contendo informações da fórmula manipulada, que deve ser afixado 
no material de embalagem. O material de embalagem pode ser uma embalagem primária 
ou secundária. A embalagem primária é aquela que entra em contato direto com o pro-
duto. A embalagem secundária acondiciona a embalagem primária (BRASIL, 2007). 
Na Figura 6 há exemplos de embalagens primárias de medicamentos sólidos 
e líquidos, sendo que os sólidos (cápsulas e comprimidos) estão acondicionados em 
blisters, que também são embalagens primárias. Nas embalagens verde, marrom e 
laranja, consta um rótulo de identificação do medicamento. No rótulo, deve constar a 
descrição da fórmula do produto, a sua data de preparo e a data de validade, o endereço 
da farmácia que preparou a fórmula, o nome do farmacêutico responsável técnico e 
seu respectivo número de registro no Conselho Regional de Farmácia, entre outras 
informações (BRASIL, 2007), que abordaremos na Unidade 2.
19
FIGURA 6 − EXEMPLOS DE EMBALAGEM PRIMÁRIA 
FONTE: <https://bit.ly/3NbCgpC>. Acesso em: 11 nov. 2021.
O controle de qualidade deve fazer parte de todos os processos de preparação 
de um produto manipulado e envolve um conjunto de análises realizadas nas matérias-
primas (qualquer ingrediente que compõe a fórmula do produto, podendo ser um fármaco 
ou excipiente), materiais de embalagem e produto acabado (produto finalizado pronto 
para ser dispensado ao paciente) para verificar se está de acordo com as especificações. 
As matérias-primas, os materiais de embalagem e o produto acabado devem 
obedecer a um conjunto de especificações definidas em documentos oficiais (por 
exemplo, a farmacopeia brasileira ou a farmacopeia de outro país) ou, inexistindo algum 
documento oficial, poderá ser usada a especificação constante no laudo do fornecedor. 
As matérias-primas e os materiais de embalagem são adquiridos de fornecedores que, 
ao fazerem a entrega à farmácia, entregam um laudo que contém as especificações e 
os resultados de análise do material entregue (BRASIL, 2007). 
De acordo com a ANVISA, os medicamentos podem ser classificados em 
medicamento sintético e semissintético, medicamento fitoterápico, medicamentos 
biológicos, medicamentos dinamizados, medicamentos de notificação simplificada 
ou medicamentos específicos (BRASIL, 2020). Alguns desses medicamentos são 
preparados exclusivamente em indústrias e outros podem ser preparados tanto na 
indústria quando na farmácia.
Além da diferença da escala entre farmácia e indústria farmacêutica, conforme 
já mencionado, os medicamentos industriais precisam estar registrados ou notificados 
na ANVISA. Os produtos elaborados em farmácias não precisam de registro na ANVISA. 
Assim, ainda que a farmácia prepare um medicamento classificado como de notificação 
simplificada, essa notificação só é exigida para indústrias.
Os medicamentos biológicos incluem vacinas e anticorpos monoclonais. Os 
medicamentos de notificação simplificada são aqueles com baixo risco de causardanos 
ao paciente e incluem medicamentos contendo ácido salicílico a 2%, ácido bórico a 
3% etc. Os medicamentos específicos se referem a alguns medicamentos específicos, 
incluindo alguns de uso hospitalar (BRASIL, 2020).
20
No âmbito magistral, destacam-se as categorias de medicamentos sintéticos 
e semissintéticos, fitoterápicos, dinamizados e de notificação simplificada. Os 
medicamentos sintéticos e semissintéticos são obtidos por síntese química ou 
semissíntese e incluem medicamentos genéricos, similares e inovadores (BRASIL, 2017). 
A diferenciação entre medicamento genérico, similar e inovador vale para a indústria 
farmacêutica, pois existem diferenças conceituais e alguns ensaios de qualidade 
obrigatórios para cada um desses tipos de medicamentos.
Além disso, no âmbito magistral, também tem importância os medicamentos 
fitoterápicos e os dinamizados. Os medicamentos dinamizados são os medicamentos 
homeopáticos, que na maioria das vezes são preparados a partir de plantas. Esses 
medicamentos podem ser preparados tanto na indústria como na farmácia (BRASIL, 
2020) e, para este caso, a ANVISA estabelece algumas condições obrigatórias que a 
farmácia deve cumprir (BRASIL, 2007).
Os medicamentos fitoterápicos são obtidos de vegetais (BRASIL, 2014) 
e não podem conter ingredientes ativos isolados de plantas. Por exemplo, um 
medicamento à base de rutina não é considerado um medicamento fitoterápico, pois 
a rutina é um ingrediente ativo extraído de planta. Já o medicamento ginkgo biloba 
40 mg é um medicamento fitoterápico, pois foi preparado a partir de parte da planta 
chamada de ginkgo. Portanto, um fitoterápico é aquele que contém uma parte de uma 
planta ou a planta inteira. 
Conforme será exposto posteriormente, os vegetais têm várias classes de 
compostos com ação farmacológica e composição química diferentes, que incluem: 
flavonoides, compostos fenólicos, alcaloides, taninos, entre outros (SIMÕES et al., 2017). 
Logo, a composição química de um medicamento fitoterápico é muito mais complexa 
que aquela de medicamentos sintéticos e semissintéticos. O Quadro 3 apresenta as 
principais diferenças entre medicamentos sintéticos e semissintéticos e fitoterápicos. 
QUADRO 3 − COMPARATIVO ENTRE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS E SINTÉTICOS 
Medicamentos fitoterápicos
Medicamentos sintéticos e 
semissintéticos
Origem vegetal Origem sintética ou semissintética
Fórmula mais complexa Fórmula com menor complexidade
FONTE: A autora
21
3.3 CONCEITOS RELACIONADOS ÀS EXIGÊNCIAS SANITÁRIAS
Para concluir a parte de definições, agora focaremos em alguns documentos 
exigidos pela vigilância sanitária ou pela ANVISA para que uma farmácia esteja apta a 
funcionar legalmente. Primeiramente, deve haver a licença de funcionamento, que é 
expedida pelo órgão sanitário do local onde a farmácia está localizada. A farmácia deve 
ter também autorização de funcionamento de empresa (AFE) expedida pela ANVISA. 
Quando houver a manipulação de substâncias sujeitas a controle especial (que 
pertencem à lista de medicamentos da Portaria nº 344/1998 e suas atualizações) deve 
haver também autorização especial (AE). Ademais, um manual de boas práticas de 
manipulação, conforme as exigências estabelecidas na Resolução de Boas Práticas de 
Manipulação, deve ser elaborado pelo estabelecimento, o qual também deve ter um 
Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) (BRASIL, 2007).
Ademais, a farmácia também deverá registrar em livro específico todas as 
fórmulas manipuladas, ou, poderá ter um registro eletrônico em um software específico 
(FERREIRA, 2011). Especificamente para produtos contendo substâncias de controle 
especial, deve haver um livro específico, conforme determina a Portaria nº 344/1998. 
Não é permitido às farmácias manipular fórmulas que contenham substâncias retinoicas 
para ação sistêmica. Entre os retinoides estão o adapaleno e a tretinoína (BRASIL, 1998).
 
Sintetizando o conteúdo deste tópico, inicialmente, você compreendeu o 
contexto histórico do surgimento da manipulação no Brasil, que serve de base para 
entendermos a evolução da farmácia magistral no país. Depois, contemplamos vários 
conceitos. Você deve se recordar das diferenças e das semelhanças entre farmácia, 
drogaria, farmácia com manipulação e farmácia sem manipulação. A farmácia está 
habilitada a manipular fórmulas e dispensar produtos, diferentemente da drogaria, para 
a qual só é permitida a atividade de dispensação. 
Também distinguimos os conceitos de produtos magistrais, oficinais e bases 
galênicas. Os produtos magistrais são aqueles preparados de acordo com uma prescrição, 
enquanto os oficinais são aqueles cuja fórmula está descrita no Formulário Nacional 
da Farmacopeia Brasileira. Por sua vez, base galênica é uma forma básica na qual o 
fármaco poderá ser adicionado e que a farmácia pode deixar preparada previamente. 
Para que a qualidade do produto manipulado possa ser assegurada, alguns 
ensaios de qualidade devem ser realizados, e o estabelecimento também deve 
atender às exigências sanitárias específicas que o habilitam a funcionar legalmente. 
Como parte introdutória à farmacotécnica, pudemos concluir que os medicamentos, 
independentemente da categoria em que estão alocados, são compostos por insumos 
ativos e insumos inertes e sua preparação é estudada dentro da farmacotécnica, na qual 
também são definidas e estudadas a composição dos medicamentos, a compatibilidade 
dos seus ingredientes, o prazo de validade, as formas de preparação, as formas 
farmacêuticas etc. 
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Todo e qualquer medicamento apresenta uma forma farmacêutica específica, 
classificada em líquida, sólida ou semissólida. Essas formas são utilizadas pelas vias de 
administração enteral ou parenteral para um efeito sistêmico ou localizado. A depender 
da forma farmacêutica, a administração ocorre por via enteral ou parenteral e o efeito 
pode ser sistêmico ou local.
RESUMO DO TÓPICO 1
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Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
RESUMO DO TÓPICO 1
• Os conceitos de farmácia e drogaria. Farmácias ou farmácias com manipulação são 
os locais onde são permitidas a preparação e a dispensação de fórmulas. As drogarias 
ou farmácias sem manipulação somente podem dispensar as fórmulas industriais, 
também conhecidas como especialidades farmacêuticas.
• A composição básica de um medicamento e os sinônimos empregados para fármacos 
e excipientes. Os medicamentos são compostos pelo fármaco ou vários fármacos 
e, na maior parte das vezes, por excipientes. O fármaco (ou também chamado de 
IFA) é o responsável pela ação farmacológica e os excipientes (sinônimo de insumos 
inertes) são ingredientes que não têm ação farmacológica. Ambos também podem 
ser denominados de matérias-primas. 
• A preparação de medicamentos através de formas farmacêuticas. Elas correspon-
dem à forma de apresentação física do produto, podendo ser líquidas, sólidas ou 
semissólidas. Cada uma dessas formas tem características, métodos diferentes de 
preparação e vias de administração adequadas. Dentre as formas líquidas, têm-se 
as soluções e as suspensões. As formas semissólidas podem ser cremes, loções, 
géis e pastas. As formas sólidas incluem pós, granulados, comprimidos, comprimi-
dos revestidos, drágeas, pastilhas e adesivos. 
• A necessidade de a farmácia requerer algumas licenças e autorizações antes de 
iniciar as suas atividades, que incluem a licença de funcionamento, a autorização 
de funcionamento e a autorização de funcionamento especial para preparar 
medicamentos contendo fármacos, constantes na Portaria nº 344/1998. Ainda, a 
farmácia deve desenvolver um manual de boas práticas de manipulação, de acordo 
com a Resolução de Boas Práticas de Manipulação vigente e também é sua obrigação 
ter um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
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1 Seu João, após se consultar com um médico, dirige-se a uma farmácia sem 
manipulação para adquirir os medicamentos prescritos pelo médico. Na prescrição, 
consta uma especialidadefarmacêutica e uma fórmula magistral. Sobre essa situação 
hipotética, considerando as legislações vigentes sobre manipulação e dispensação 
de medicamentos, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) O estabelecimento mencionado poderá dispensar os dois medicamentos prescritos.
b) ( ) O estabelecimento mencionado poderá preparar os dois medicamentos prescritos.
c) ( ) O estabelecimento mencionado poderá somente preparar a fórmula magistral. 
d) ( ) O estabelecimento mencionado poderá somente dispensar a especialidade 
farmacêutica.
2 Você está trabalhando em uma farmácia com manipulação e recebeu a prescrição 
de um médico dermatologista para o tratamento de uma dermatite (doença de 
inflamação da pele) de um paciente. A farmácia possui em seu estoque as seguintes 
bases galênicas: creme de Polawax® e solução açucarada. Na prescrição, o médico 
solicita o uso de excipiente semissólido. Qual a base galênica que deveria ser usada 
para preparar o medicamento?
 Obs.: Polawax® é um tipo de base usada para obter cremes.
3 De acordo com a legislação, assinale a alternativa que contém um exemplo de 
medicamento fitoterápico:
a) ( ) Comprimidos de paracetamol 750 mg.
b) ( ) Solução de glicose 50%, aminoácido 10%, água para injeção e cloreto de sódio 
20%.
c) ( ) Comprimidos revestidos contendo fração flavonoica purificada de hesperidina 
50 mg.
d) ( ) Comprimidos revestidos contendo sementes de castanha-da-Índia 100 mg.
4 O prazo de validade deve ser afixado no rótulo de fórmulas manipuladas. Este prazo 
varia conforme o tipo de produto e a sua composição. Nesse sentido, especifique o 
prazo de validade para as preparações magistrais preparadas a partir das prescrições 
a seguir:
AUTOATIVIDADE
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Prescrição I
Talco 
mentolado............ 
15 g
Usar 3 vezes ao 
dia na pele.
Prescrição II: 
Pasta d’água com 
enxofre................. 
20 g
Usar 2 vezes ao dia 
nas áreas afetadas.
Prescrição III: 
Creme de 
dexametasona 1 
mg/g.................. 20 g
Usar 3 vezes ao dia 
nas áreas afetadas.
Prescrição IV: 
Cápsulas de 
fluoxetina 20 
mg........ para 60 
cápsulas
Usar durante 60 
dias via oral.
5 Uma farmácia preparará as fórmulas designadas a seguir. Sobre essas fórmulas, 
assinale a alternativa CORRETA:
Fórmula I Fórmula II Fórmula III
Cetoconazol 5% creme Álcool etílico a 70% Solução de água boricada a 3%
Pode-se afirmar que as fórmulas I, II e III são, respectivamente:
a) ( ) Magistral, oficinal e magistral.
b) ( ) Oficinal, magistral e magistral.
c) ( ) Magistral, oficinal e oficinal.
d) ( ) Oficinal, oficinal e oficinal.
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27
OPERAÇÕES E CÁLCULOS EM FARMÁCIA 
MAGISTRAL
1 INTRODUÇÃO
Anteriormente, vimos conceitos gerais e fundamentais que se aplicam 
às farmácias magistrais. Abordamos também que os medicamentos têm em sua 
composição vários ingredientes e que esses ingredientes podem reagir entre si e 
gerar incompatibilidades indesejáveis que podem comprometer a ação farmacológica 
do medicamento. Então, você já deve imaginar que o processo de preparação de um 
medicamento é complexo. Não basta simplesmente misturar os ingredientes de uma 
fórmula, pois eles podem interagir, podendo ocorrer uma incompatibilidade invisível a 
olho nu. Aliás, a mistura é uma operação farmacêutica que estudaremos neste Tópico 2.
 
Levando em consideração que a parte introdutória fundamental já foi bem 
compreendida, você poderá seguir os estudos em farmacotécnica. Neste Tópico 
2, começaremos a nos aprofundar um pouco mais e adentraremos nas operações 
farmacêuticas que se aplicam a quaisquer medicamentos preparados, tanto em nível 
magistral como em nível industrial. A diferença reside nos tipos de equipamentos ou 
vidrarias usados nessas operações. Nas escalas magistrais, usam-se equipamentos e 
vidrarias para escalas pequenas, enquanto na indústria são aplicados equipamentos 
para grandes escalas. 
 
No fim deste tópico, nos atentaremos aos cálculos rotineiros na farmácia com 
manipulação. Muitas pessoas costumam ter dificuldades com matemática, mas não se 
preocupe, os cálculos, em geral, não são complicados e envolvem basicamente cálculos 
de regra de três simples. Quando houver algum assunto mais complicado, ele será 
devidamente explicado com exemplos para facilitar a sua compreensão. Sugerimos que 
você tente realizar os cálculos apresentados nos exemplos para que você verifique se 
compreendeu o assunto e para que tenha segurança na realização das autoatividades. 
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
2 OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS
As operações farmacêuticas correspondem a um conjunto de atividades 
básicas para obter os medicamentos, englobando operações físicas e mecânicas. Essas 
operações são classificadas em operações farmacêuticas gerais e operações 
farmacêuticas propriamente ditas. As operações gerais se aplicam na elaboração de 
quaisquer formas farmacêuticas e compreendem a pesagem e a medida de volumes. 
28
A pesagem é comumente usada para insumos sólidos e semissólidos, mas poderá ser 
usada para formas líquidas em algumas situações. A medida de volume é usada para 
insumos líquidos e é realizada através de vidrarias, como provetas e pipetas. 
As operações gerais são de extrema importância, pois poderão impactar 
diretamente na qualidade e eficácia do medicamento. Relativamente, as operações 
farmacêuticas propriamente ditas incluem operações que serão aplicadas a depender 
da forma farmacêutica e do estado físico dos componentes que constam nessa forma 
farmacêutica (BERMAR, 2014; PRISTA, 1990).
2.1 OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS GERAIS
As operações farmacêuticas gerais antecedem às operações propriamente 
ditas. Conforme será mostrado na Figura 7, preferencialmente, as balanças devem 
ser mantidas fechadas através de portas de vidro, pois essas portas protegem contra 
as correntes de ar, que provocam oscilações na quantidade pesada. Comumente, 
é necessário pesar quantidades muito pequenas de insumos ativos. Então, constate 
como o uso de balanças com essas portas é importante. Isso é ainda mais crítico para 
fármacos de baixo índice terapêutico, que veremos mais adiante nesta unidade.
FIGURA 7 − BALANÇAS 
FONTE: <https://bit.ly/3JwsJa9>. Acesso em: 16 nov. 2021.
Talvez você esteja se perguntando quais são as situações que geram essas 
correntes de ar. Isso ocorre pela movimentação de pessoas, circulando de um local para 
o outro, e pelo ar-condicionado. Assim, as balanças devem estar localizadas em locais 
de baixa circulação de pessoas e também não devem estar situadas logo em frente ao 
ar-condicionado ou split (BERMAR, 2014).
De acordo com a Resolução de Boas Práticas de Manipulação, as balanças 
devem ter uma calibração uma vez ao ano ou conforme o seu uso. A calibração é uma 
operação realizada para verificar se a balança é capaz de pesar de forma precisa os pesos 
padrões. A Resolução de Boas Práticas de Manipulação estabelece que a calibração 
deve ser executada no mínimo uma vez ao ano por uma empresa certificada. Contudo, o 
funcionário da farmácia precisa aferir a balança de forma mais frequente, usando pesos 
padrões que acompanham a balança (BRASIL, 2007).
29
As balanças analíticas apresentam capacidades e sensibilidades diferentes. 
Então, no momento de adquiri-las, a farmácia deverá selecionar aquela adequada para 
as atividades que executará. A sensibilidade se refere a variações de peso que a balança 
consegue detectar e a capacidade é a massa máxima que pode ser pesada na balança. 
A capacidade e a sensibilidade devem ser selecionadas de acordo com a massa do 
material a pesar. Assim, para uma massa igual ou maior que 50 mg, é necessário usar 
uma balança com capacidade de 100 a 200 g e com 0,1 mg de sensibilidade. Para massa 
inferior a 50 mg, deve-se usar balança com capacidade de 20 g e sensibilidade de 0,01 
mg (BRASIL, 2019b). 
A outra operação farmacêutica geral é a medida de volumes. Na farmácia, 
existem várias vidrarias disponíveis para a determinação do volume, como cálice, proveta 
e pipeta. O cálice e a proveta nãomedem o volume de modo preciso, diferentemente 
das pipetas. Então, quando há a necessidade de que o volume a ser medido seja exato, 
ou o mais próximo possível ao volume que precisa ser medido, a pipeta é a vidaria ideal. 
As provetas e os cálices costumam ser usados quando se deseja medidas de volumes 
maiores (FERREIRA, 2011). 
Alguns produtos farmacêuticos líquidos são usados na forma de gotas através 
de um gotejador (Figura 8) (BRASIL, 2019b) devido à facilidade de administração. Exem-
plo clássico de formas líquidas em gotas são as soluções de uso nasal. Medicamentos 
em forma de gotas também são muito comuns para medicamentos homeopáticos, so-
bretudo para crianças. 
FIGURA 8 − DISPOSITIVO GOTEJADOR 
FONTE: <https://bit.ly/3qpWnqj>. Acesso em: 16 nov. 2021.
30
Você já deve ter visto ou até mesmo usado medicamentos na forma 
de gotas. Em cada uma das gotas consta o medicamento. Por isso, 
o gotejador usado como forma de administrar essas gotas deve ser 
testado. A farmacopeia estabelece que se deve determinar o número de 
gotas liberado pelo dispositivo gotejador.
NOTA
2.2 OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS PROPRIAMENTE DITAS
As operações farmacêuticas propriamente ditas são classificadas em mecâni-
cas ou físicas. As mecânicas são aquelas nas quais não há modificação do estado físico 
do fármaco. Já as operações físicas são aquelas em que há a modificação do esta-
do físico do fármaco. As operações farmacêuticas mecânicas são subclassificadas em 
operações de separação e de divisão (PRISTA, 1990). 
A Figura 9 trará de forma esquemática as operações farmacêuticas propriamen-
te ditas. Existem muitas operações desse tipo, algumas das quais aplicáveis somente à 
indústria e, por isso, não serão alvo deste livro. Antes de adentrarmos nessas operações, 
precisamos recordar que os medicamentos são formados por insumos ativos (ou IFA ou 
fármaco) e insumos inertes (ou excipiente) e que precisamos misturá-los para obter o 
medicamento desejado. 
FIGURA 9 − OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS MECÂNICAS
FONTE: Prista (1990, p. 32)
31
Começaremos com as operações de divisão. As operações de divisão têm por 
objetivo reduzir o tamanho da partícula. Dentro das operações de divisão, tem-se a 
pulverização, também chamada de trituração. Disso vem dois questionamentos. O 
primeiro: se o objetivo é obter uma forma farmacêutica líquida ou semissólida, essa 
operação é importante? A resposta é sim. Na maioria das situações, os insumos ativos e 
inertes estão na forma sólida (como pó ou granulado). 
O segundo questionamento é: a pulverização é sempre necessária na preparação 
de medicamentos? A resposta é: depende. Quando estamos falando de formulações 
farmacêuticas não podemos generalizar, pois quase sempre há exceções. Na maioria 
das situações, a pulverização é necessária para obter um medicamento. Comumente, 
os insumos ativos e inertes têm tamanhos de partículas diferentes e, por causa disso, 
é muito difícil conseguir uma formulação homogênea se tentarmos misturar esses 
ingredientes (LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG, 2001). 
Para melhor entender, usaremos o exemplo de dois pós muito comuns na 
culinária: a farinha de trigo e o sal de cozinha. Se você fizer uma análise minuciosa 
desses dois pós, chegará à conclusão de que são pós diferentes. Você acha que se 
tentar misturar quantidades iguais desses dois pós eles ficarão homogeneamente 
distribuídos na mistura? A resposta é não.
Então, voltando à preparação de medicamentos, usa-se a mesma lógica. Se 
os tamanhos de partícula de cada um dos insumos da fórmula forem muito diferentes, 
não teremos uma distribuição homogênea deles no medicamento. A consequência é 
que, por não haver a homogeneidade, a eficácia terapêutica do medicamento poderá 
ficar comprometida. O tamanho de partícula é uma particularidade de cada insumo. A 
pulverização, então, tem como objetivo fazer com que os tamanhos de partículas dos 
insumos fiquem similares. 
Por exemplo, se precisarmos obter uma fórmula que tenha o fármaco sólido X, 
o excipiente sólido Y e o excipiente sólido Z. Primeiramente, precisamos determinar se 
será necessário pulverizar cada fármaco, o excipiente Y e o excipiente Z. A pulverização 
pode ser feita através da utilização do gral e do pistilo (Figura 10) (BERMAR, 2014) e 
de moinhos na indústria farmacêutica (AULTON; TAYLOR, 2016). Assim, cada insumo 
(fármaco, excipiente Y e excipiente Z) é colocado separadamente no pistilo e, através 
de atrito do pó contra o gral de porcelana, consegue-se reduzir o tamanho de partícula.
32
FIGURA 10 − FOTOGRAFIA DE GRAL E PISTILO
FONTE: <https://bit.ly/3ipg39e>. Acesso em: 16 nov. 2021.
Destaca-se que grais de porcelana são mais usados em função do melhor 
atrito (BERMAR, 2014). Grave a imagem do gral e pistilo, pois eles são muito usados 
na farmácia com manipulação para preparações de formas farmacêuticas sólidas e 
semissólidas principalmente.
Uma outra operação de divisão é a levigação, na qual há a redução do tamanho 
de partícula de um sólido mediante o emprego de um líquido no qual este sólido é 
insolúvel. Esta técnica é conhecida como espatulação, sendo realizada em uma placa 
e empregada para pastas e pomadas (FERREIRA, 2011). Lembre-se de que pomadas e 
pastas são formas semissólidas, informações previamente explicadas nesta unidade.
Agora, avançaremos para as operações de separação. As operações de 
separação têm por objetivo separar componentes de uma composição. Vários 
métodos de separação podem ser empregados, incluindo a tamisação, a decantação, 
a centrifugação, a filtração e a clarificação. A diferença entre esses métodos está no 
estado físico da substância a ser separada, podendo ser empregados para separar 
sólidos ou líquidos (PRISTA, 1990).
A tamisação, a filtração e a clarificação são empregadas para a separação de 
sólidos, ao passo que a decantação é usada para separar líquidos. A tamisação separa 
algum ingrediente sólido de uma forma sólida e a filtração e a clarificação separam 
sólidos existentes em uma forma líquida (PRISTA, 1990).
A tamisação é o processo no qual é possível, através de tamis, separar os 
ingredientes sólidos de uma formulação. Essa separação é baseada no tamanho de 
partícula. Então, é necessário que os ingredientes a separar tenham tamanhos de 
partícula distintos (PRISTA, 1990). Suponha que quiséssemos separar os componentes 
de um talco (uma forma sólida), poder-se-ia empregar tamises com diferentes aberturas 
33
de malha. Através das aberturas de malha de cada tamis, é possível separar ingredientes. 
Existem tamanhos padrão de abertura de malha, definidos na farmacopeia brasileira 
(BRASIL, 2019b).
A Figura 11 apresenta um exemplo de tamis. A parte central que você vê é a 
abertura de malha, por meio da qual o pó poderá passar ou não. Em função do tamanho 
de partícula, as partículas que compõem um pó poderão ficar retidas em um tamis ou 
passarão completamente através da sua abertura de malha. As partículas de um pó que 
ficam retidas em um tamis têm um tamanho maior que a abertura de malha, enquanto 
as partículas que passam por um tamis têm um tamanho de partícula menor que a 
abertura de malha (BRASIL, 2019b). 
FIGURA 11 − IMAGEM DE UM TAMIS
FONTE: <https://bit.ly/3NbYY0x>. Acesso em: 16 nov. 2021.
A tamisação é empregada também para classificar os pós de acordo com os seus 
tamanhos de partícula em grosso, moderadamente grosso, semifino, fino e finíssimo, 
conforme critérios estabelecidos pela Farmacopeia Brasileira. Assim, de acordo com 
a passagem ou retenção dos pós nos diferentes tamises, o pó recebe uma dessas 
classificações. Importante mencionar que a abertura de malha de tamis tem tamanho 
padronizado e definido no volume 1 da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2007).
Quanto às operações de filtração e centrifugação, a diferença entre elas reside 
no método para fazer a separação (PRISTA, 1990). A filtração é realizada através de 
sistemas filtrantes, tal como o mostrado na Figura 12. Em um funil, é colocado um papel 
filtro e nesse filtro éadicionada a formulação a filtrar. Para coletar o filtrado, deve-se 
adicionar um recipiente, tal como um Erlenmeyer, mostrado na figura. Esse processo 
de filtração poderá ser lento, e como uma alternativa para uma filtração mais acelerada, 
podem ser usados sistemas filtrantes que realizam a filtração sob pressão (como o funil 
de Bünchner). 
34
FIGURA 12 − SISTEMA FILTRANTE
FONTE: <https://bit.ly/3uksCZ6>. Acesso em: 16 nov. 2021.
A decantação separa líquidos imiscíveis através da diferença de densidade 
mediante o uso de funil de decantação. A centrifugação emprega força centrífuga para 
separar os componentes (PRISTA, 1990). A Figura 13 mostra um exemplo de centrífuga, 
na qual são adicionados tubos de plástico contendo a formulação da qual se deseja a 
separação. No display desse equipamento, podem ser selecionados a velocidade e o 
tempo de centrifugação.
FIGURA 13 − CENTRÍFUGA
FONTE: <https://bit.ly/3IwqQsL>. Acesso em: 16 nov. 2021.
Uma outra operação é a clarificação, que tem por objetivo clarificar uma 
formulação, ou seja, remover alguma turbidez (PRISTA, 1990). A clarificação pode ser 
realizada através de uso de filtros, como mostrado na Figura 12, e tem importância 
nas preparações de soluções, que serão objeto de estudo da Unidade 2 deste livro 
(FERREIRA, 2011), ou, pode ser feita através do uso de calor para líquidos viscosos. Com 
o aquecimento, o líquido se torna menos viscoso, o que facilita a sedimentação das 
partículas que causam a turvação.
35
Você já ouviu falar em sedimentação? A sedimentação é um fenômeno 
em que as partículas de uma formulação se depositam no fundo do 
frasco por ação da gravidade. Veremos a importância desse fenômeno 
quando estudarmos a preparação de suspensões.
ESTUDOS FUTUROS
A Tabela 3 apresenta um comparativo entre as operações farmacêuticas 
mecânicas. A pulverização, a tamisação e a levigação se aplicam somente a materiais 
sólidos e são operações mecânicas. A pulverização e a levigação são classificadas como 
técnicas mecânicas de divisão, sendo que a levigação se aplica somente a pastas e 
pomadas. A tamisação é uma técnica mecânica de separação.
TABELA 3 − COMPARATIVO DAS OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS
Operação 
farmacêutica
Classificação Característica
Pulverização Mecânica de divisão Aplica-se a sólidos
Tamisação Mecânica de separação Aplica-se a sólidos
Levigação Mecânica de divisão Aplica-se a sólidos (pomadas)
Filtração Mecânica de separação Separa sólidos de líquidos
Decantação Mecânica de separação Separa líquidos de líquidos
Centrifugação Mecânica de separação
Separa sólidos de líquidos ou líquidos 
imiscíveis
Clarificação Mecânica de separação Separa sólidos de líquidos
FONTE: A autora
Com relação a outras técnicas mecânicas de separação apresentadas na Tabela 
3, têm-se a filtração, a decantação, a centrifugação e a clarificação. A decantação separa 
líquidos de líquidos e a centrifugação separa sólidos de líquidos ou líquidos imiscíveis. 
A centrifugação, a filtração e a clarificação são empregadas para separar sólidos de 
líquidos, sendo a clarificação usada com o intuito de remover alguma turbidez. 
36
2.3 OPERAÇÕES FÍSICAS
As operações físicas alteram o estado físico do fármaco de forma permanente 
ou temporária e incluem a destilação, a dissolução, a decocção, a digestão, a infusão, 
a maceração, a refrigeração e a secagem (PRISTA, 1990). Essas operações se aplicam 
a materiais sólidos e líquidos. As técnicas de destilação, decocção, infusão, digestão e 
secagem empregam calor. Por sua vez, a refrigeração emprega frio e a dissolução pode 
empregar calor ou não. 
A destilação é bastante empregada para extrair componentes voláteis de um 
líquido. A dissolução é uma técnica que consiste em misturar dois componentes de 
modo que se forme uma solução. Isso ocorre quando preparamos as formas farmacêu-
ticas denominadas de solução. A dissolução depende da solubilidade do fármaco no 
veículo. Se você recorda, já falamos anteriormente que o veículo é o solvente em que o 
fármaco se encontra (PRISTA, 1990).
A decocção, a digestão e a infusão são técnicas comuns para a extração de 
ingredientes vegetais. Na infusão e na decocção, há a colocação de um sólido em um 
solvente que foi aquecido. Na digestão, o material é colocado em contato com o solvente 
e ambos (material e solvente) são aquecidos. A diferença entre infusão e decocção é 
que o solvente está em uma temperatura muito maior que na decocção. Comparando-
se digestão e decocção, na decocção, somente o solvente é aquecido, enquanto na 
digestão o material e o solvente são submetidos ao aquecimento (PRISTA, 1990).
Outra operação importante para vegetais é a maceração, forma de extração que 
não emprega calor e é realizada à temperatura ambiente. Nesse processo, adiciona-
se um solvente adequado que será capaz de extrair as substâncias desejadas à 
temperatura ambiente, sem aquecimento. A maceração é uma técnica empregada para 
obter as soluções extrativas, cujas características foram anteriormente apresentadas 
(PRISTA, 1990). 
Você já deve ter preparado em algum momento um chá preto, de 
hortelã, de camomila, entre outros. Quando você coloca o saquinho de 
chá em uma xícara com água morna, você está fazendo uma infusão.
INTERESSANTE
37
A refrigeração consiste em submeter o material a resfriamento. Isso se aplica 
a materiais termolábeis, que são lábeis (se degradam) quando submetidos a altas 
temperaturas (PRISTA, 1990). Vários medicamentos apresentam essa sensibilidade, 
tais como a insulina e as vacinas. Materiais e medicamentos termolábeis têm a sua 
eficácia alterada quando submetidos a altas temperaturas. É importante nessa situação 
conhecer a temperatura ideal de armazenamento, na qual as características e a 
qualidade do produto não são alteradas.
Por sua vez, a secagem é o contrário. O material é submetido à ação de calor 
para a remoção de água. Obviamente, para que um material possa ser submetido à 
secagem, é elementar verificar se ele é termolábil ou não e, se for termolábil, em qual 
temperatura ocorre a degradação. Um tipo de secagem especial é a liofilização, na 
qual a água do material é completamente removida, sendo realizada pela indústria 
farmacêutica. Alguns antibióticos preparados pela indústria são comercializados dessa 
forma. É necessário reconstituir o pó presente no frasco do medicamento antes de usá-
lo (PRISTA, 1990). 
3 CÁLCULOS FARMACÊUTICOS
Todo farmacêutico magistral necessita conhecer e ter habilidades na realização 
de cálculos farmacêuticos. Antes de nos referirmos aos cálculos, recapitularemos os 
conceitos de drogaria e farmácia. Drogaria somente está apta a dispensar medicamentos, 
enquanto a farmácia ou a farmácia com manipulação pode tanto dispensar como 
preparar fórmulas. 
Para elaborar um determinado produto, deve-se fazer cálculos da quantidade 
de fármaco e de excipiente necessários. Essas informações são obtidas da fórmula 
prescrita ao paciente. Como já mencionado, o prescritor não coloca o excipiente a ser 
usado, pois isso é uma responsabilidade do farmacêutico. Agora, então, revisaremos 
alguns princípios básicos de matemática, além de versar sobre as especificidades 
voltadas à farmácia magistral. 
3.1 CONVERSÃO DE MEDIDAS, PORCENTAGEM E REGRA 
DE TRÊS
Primeiramente, trataremos da conversão de medidas de massa e de volume. As 
medidas de massa mais usadas na farmácia são o grama (g) e o miligrama (mg), mas, 
em alguns casos, necessita-se pesar matérias-primas em quantidades maiores e, nes-
sa situação, emprega-se o Quilograma (Kg). As medidas de volume mais usadas são o 
mililitro (mL) e o Litro (L), sendo o Litro usado quando se deseja medir volumes maiores. 
38
Para entendermos como fazer a conversão, exemplificaremos começando pelas 
conversões de massa. Consideremos que devemos pesar uma massa de 0,5 Kg de um 
insumo inerte. Quantos gramas correspondem a esse 0,5 Kg? Você precisa saber que 1 
Kg corresponde a 1000 g. Portanto, para fazer a conversão, basta aplicar uma regra 
detrês, conforme demonstrado a seguir. Veja que a resposta é 500 g. Assim, 0,5 Kg 
equivale a 500 g.
 
Regra de três
1 Kg - 1000 g
0,5 Kg - x
x= 0,5 X 1000
x= 500 g
Saiba que há outras conversões entre as unidades de massa também 
muito utilizadas em farmácia, que incluem as conversões entre 
quilograma e miligrama e entre grama e miligrama. 1 Kg corresponde a 
1000000 mg e 1 g corresponde a 1000 mg.
ATENÇÃO
Para entender a conversão de medidas de volume, usaremos o seguinte 
exemplo: você precisar medir 0,5 L de água em uma prova. Quantos mL correspondem 
a esse 0,3 L? Você precisa ter em mente que 1 L equivale a 1000 mL. Igualmente como 
a conversão de massa, aplica-se a regra de três. A seguir, após realizar a regra de três, 
verifica-se que a resposta é 300 mL. Então 0,3 L equivale a 300 mL.
Regra de três 
1 L - 1000 mL
0,3 L - x
x= 0,3 X 1000
x= 300 mL
Uma outra unidade de massa é o micrograma (µg ou mcg). 1 mg corresponde 
a 1000 mcg. E se quiséssemos converter 20 µg em gramas para que possamos pesar 
na balança adequadamente? As pesagens na balança são feitas na unidade gramas 
ou quilogramas, a depender da capacidade das balanças. Já tratamos acerca da 
sensibilidade e da capacidade das balanças. Para pesar massas menores, usa-se uma 
balança com capacidade máxima menor e uma sensibilidade maior. Para a conversão de 
20 µg em mg, emprega-se a regra de três. A resposta é 0,02 mg. Logo, 20 µg equivalem 
a 0,02 mg.
39
Regra de três 
1 mg - 1000 mcg
x- 20 mcg
1000 x= 20
x= 0,02 mg
Tente agora calcular a conversão de unidades para as questões a seguir. Logo 
adiante, você verá a resolução e as respostas para cada uma dessas questões.
1) 25 mL para Litros
2) 40 mg para Quilogramas
3) 25,4 mg para mcg
Você conseguiu resolver todas as questões? Acompanhe a seguir a resolução 
dos exercícios e verifique se você acertou.
Na questão 1, aplica-se a seguinte regra de três:
1 L - 1000 mL
x - 25 mL
x= 0,025 L
R.: 25 mL equivalem a 0,025L
A questão 2 você pode resolver de duas maneiras:
1ª maneira: usando a regra de que em 1 Kg há 1000000 mg
1 Kg- 1000000 mg
 x- 40 mg
x=0,00004 Kg
2ª maneira: fazendo duas regras de três, sendo a primeira para converter 
miligramas para gramas e a segunda regra de três para converter gramas em Quilogramas.
1ª regra de três 2ª regra de três
1 g - 1000 mg 1 Kg -1000 g 
X - 40 mg x- 0,04 g
x= 0,04 g x= 0,00004 Kg
R.: Independente de optar pela primeira ou pela segunda maneira, a resposta é 
que 40 mg equivalem a 0,00004 Kg.
Na questão 3:
1 mg - 1000 mcg
25,4 mg- x
x= 25.400 mcg
R.: 25,4 mg equivalem a 25.400 mcg 
 
40
Agora você já sabe como converter as unidades mais usadas em farmácia, mas 
precisamos ainda focar no uso do percentual (%). O percentual é muito usado como 
unidade de medida. Você já foi apresentado a essa unidade. O percentual informa a 
quantidade de um princípio ativo ou insumo inerte que existe em 100 mL ou 100 g. O 
percentual pode ser expresso como peso por volume (p/v), volume por volume (v/v), 
volume por peso (v/p) ou peso por peso (p/p). A regra geral para o percentual está 
apresentada no Quadro 4.
QUADRO 4 − PERCENTUAL COMO INDICADOR DE CONCENTRAÇÃO
Porcentagem peso por volume (p/v): quantidade em gramas do princípio ativo/
insumo inerte que existe em 100 mL de uma formulação líquida.
Porcentagem volume por volume (v/v): quantidade em volume do princípio ativo/
insumo inerte em 100 mL de uma formulação líquida.
Porcentagem volume por volume (v/p): quantidade em volume do princípio ativo/
insumo inerte que existe em 100 g de uma formulação sólida ou semissólida.
Porcentagem volume por volume (p/p): quantidade em gramas do princípio ativo/
insumo inerte que existe em 100 g de uma formulação sólida ou semissólida.
FONTE: Ferreira (2011, p. 409)
Pegaremos um exemplo retirado do Formulário Nacional da Farmacopeia 
Brasileira, sobre o qual já discorremos. Na página 87, consta a fórmula de uma solução 
iodopovidona 1 a 5% de solução e cuja fórmula está descrita no Quadro 5. Assim, a 
solução pode ter concentração de hipossulfito de sódio de 1% ou 5%. A concentração de 
1% significa que se deve usar 1 g de iodopovidona em 100 mL de água (ou 0,1 g em 10 
mL). Na concentração de 5%, usa-se 5 g em 100 mL de água (ou 0,5 g em 10 mL). Repare 
como é relevante saber realizar a conversão entre unidades de medida.
QUADRO 5 − FÓRMULA DE SOLUÇÃO IODOPOVIDONA 1 A 5%
Iodopovidona 0,1 a 0,5 g
Água purificada estéril q.s.p 10 mL
FONTE: Brasil (2012, p. 87)
A título de curiosidade, consta água purificada estéril. A água usada nas 
preparações farmacêuticas deve ser purificada através de métodos que veremos em 
outro momento. Ademais, por ser uma fórmula destinada à administração oftálmica, 
deve ser estéril (ter ausência de microrganismos). Tem também o termo “q.s.p”, que 
veremos logo em seguida. 
41
Ainda sobre o formulário, não consta se o percentual da solução de iodopovi-
dona é p/p, v/v ou p/v. Teremos essa informação pelo tipo de formulação. Podemos ver 
que temos uma forma líquida. Basta ver a unidade de medida empregada junto à água 
purificada. Assim, trata-se de um caso de p/v ou v/v. Para diferenciar se temos p/v ou 
v/v, temos que analisar o estado físico da iodopovidona. Na fórmula, consta 0,1 a 0,5 g. 
Isso mostra que o estado físico é sólido. Portanto, tem-se uma expressão de concen-
tração do tipo p/v. 
Outro exemplo:
Um paciente chega a uma farmácia com a prescrição de creme de betametaso-
na a 0,1%. A fórmula a ser preparada deve ter 0,1 g de betametasona em 100 g de creme. 
Contudo, muitas vezes, o paciente não precisa de uma quantidade tão grande de creme. 
Então, o prescritor define a quantidade total da fórmula. Para fins de percentual, lembre-
-se sempre: a quantidade de insumo ativo ou de excipiente está sempre relacionada a 
100 mL ou 100 g total da fórmula.
Se o prescritor solicitar, por exemplo, 30 g de creme de betametasona a 0,1%, 
seria necessário fazer alguns cálculos para saber exatamente quanto deveria haver de 
betametasona na fórmula. Recorde-se de que a farmácia poderá ter estoque de bases, 
então, ela poderá utilizar um creme já previamente preparado e adicionar e homogeneizar 
o fármaco (betametasona) nesse creme.
3.2 EMPREGO DAS UNIDADES UI (UNIDADES 
INTERNACIONAIS), QUANTIDADE SUFICIENTE E 
QUANTIDADE SUFICIENTE PARA (Q.S.P.)
Para darmos continuidade, analisaremos a fórmula de uma prescrição hipotética:
Tintura mãe de Arnica montana 3%
Gel...........q.s.p...................50 g
Com relação à Arnica, sabemos que há 3 mL (porque a tintura é uma forma 
líquida) em 100 g total da formulação (são 100 gramas, pois se trata de um gel), mas na 
fórmula pede-se somente 50 g de gel. Então, precisaremos calcular por regra de três o 
volume necessário da tintura. 
Antes de realizarmos os cálculos, veja que consta o termo “q.s.p” junto ao gel. 
Esse termo significa: quantidade suficiente para e é muito usado. Por isso, você precisa 
entendê-lo muito bem. O q.s.p é empregado junto aos excipientes ou bases de uma 
fórmula e representa a quantidade necessária para completar a quantidade total da 
formulação. Nesta prescrição hipotética, a quantidade de gel necessária será aquela 
para completar 50 g, que é a quantidade total. Vamos aos cálculos: 
42
Sabemos que há 3 mL de Arnica em 100 mL, mas quanto há em 50 g, que é a 
quantidade total da prescrição? Pela lógica, já sabemos que será menor que 3 mL. Para 
calcular exatamente o volume necessário, usamos o recurso da regra de três:
3 mL Tintura de Arnica - 100 g
X - 50 g
x= 1,5 mL de Tintura de Arnica 
Então, será necessário medir 1,5 mL de tintura de Arnica para 50 g total de gel. O 
quanto de gel será necessário? Para calcular o q.s.p, sempre se desconta do total todos 
os ingredientes da fórmula. Uma vez que temos somente a Tintura deArnica como 
insumo ativo, subtrai-se da quantidade total (50 g) a quantidade de insumo ativo (1,5 
mL). Teremos, assim, 48,5 g de gel, que deverão ser pesados em balança. 
Vamos a um outro exemplo um pouco mais complexo de uma solução de 
furosemida (FERREIRA, 2011):
Furosemida.......1 g
Etanol ............10% (v/v)
Glicerina.........10% (v/v)
NaOH 20%....pH 8 a 9,5
EDTA-Na......0,1% (p/v)
Sulfito de sódio.........0,1% (p/v)
Metilparabeno........0,005% (p/v)
Propilparabeno........0,002% (p/v)
Sorbitol 70%.......q.s.p......100 mL
A composição tem vários ingredientes, o que é comum dentro das preparações 
farmacêuticas. Você não precisa se preocupar agora com a função de cada ingrediente, 
pois isso veremos em outra unidade. Destaca-se somente o NaOH (hidróxido de sódio), 
um agente alcalinizante. Ele deve ser adicionado até que o pH da formulação fique entre 
8 e 9,5. Observe que não consta nenhuma concentração junto a esse ingrediente, porque 
deverá ser adicionado em quantidade suficiente (q.s.) para atingir o pH mínimo de 8. 
Os ingredientes definidos como q.s. pelas fórmulas não são contabilizados nos cálculos 
do tipo q.s.p. 
E se precisássemos preparar 25 mL da solução de furosemida, qual a quantidade 
que seria necessária de cada um dos ingredientes? Deve-se calcular a quantidade 
necessária de cada matéria-prima e depois somar todos os componentes (com exceção 
do NaOH) e subtrair dessa soma 25, que é a quantidade total da fórmula. Tente praticar 
e realizar os cálculos.
43
Para preparar 25 mL de solução, seriam necessários: 0,25 g de furosemida, 2,5 
mL de etanol, 2,5 mL de glicerina (veja que na fórmula consta o percentual v/v tanto 
para o etanol como para a glicerina, indicando que eles são líquidos), 0,025 g de EDTA-
Na (veja que na fórmula consta percentual p/v), 0,025 g de sulfito de sódio, 0,00125 g de 
metilparabeno, 0,0005 g de propilparabeno e 19,69 mL de sorbitol 70%. 
Quando você fizer cálculos do tipo q.s.p. e de percentual, empregue a 
unidade de medida grama (g) para sólidos e semissólidos e a unidade 
mililitro (mL) para líquidos.
ATENÇÃO
Outra unidade muito importante principalmente para vitaminas é a unidade 
internacional (UI). É o que ocorre com a vitamina A, por exemplo, na qual 50.000 UI 
equivalem a 1 g da vitamina. As prescrições de várias vitaminas costumam vir na forma 
de UI, mas para podermos preparar produtos contendo essas vitaminas, precisamos 
converter as unidades internacionais em gramas, para que possamos pesar em balança 
a quantidade necessária para atender à prescrição.
Retornaremos novamente para os cálculos para que você fixe bem a execução. 
Considere a seguinte fórmula: vitamina A 20.000 UI q.s.p. 20 g creme. Qual a quantidade 
que deve ser pesada de vitamina A e de creme para se obter 50 g de formulação? 
Considerando que 50.000 UI equivalem a 1 g de vitamina A e que queremos preparar 
20.000, se fizermos a regra de três chegaremos à quantidade de 0,4 g de vitamina A que 
deve ser pesada e quantidade de 19,6 g de creme (através da subtração: 20 g – 0,4 g). 
Você já deve ter percebido que existem alguns procedimentos gerais sempre 
aplicáveis: deve-se calcular a quantidade de cada um dos ingredientes da fórmula. 
Se houver ingrediente com a sigla q.s.p., somam-se todos os ingredientes, incluindo 
sólidos e líquidos (exceto aqueles discriminados como q.s.) e desconta-se essa soma do 
valor total da fórmula a preparar. Fique sempre atento às casas decimais e às unidades 
de medida para não cometer equívocos nos cálculos.
3.3 DILUIÇÕES, FATOR DE EQUIVALÊNCIA E FATOR DE 
CORREÇÃO
Alguns insumos usados estão disponíveis somente em formas diluídas ou são 
usados em uma forma que não é a forma de referência para fins de controle de qualidade. 
Nessas condições, aplicam-se fatores conhecidos como de correção ou de equivalência. 
44
Esses fatores de correção e de equivalência devem ser levados em consideração no 
momento de realizar os cálculos farmacêuticos (FERREIRA 2011; ANFARMAG, 2015). Do 
contrário, ocorrerão erros nas quantidades de insumos a serem pesados, o que afetará 
o efeito do medicamento, podendo este ser ineficaz ou tóxico. 
O fator de correção (FC) é empregado quando a substância a ser usada na 
formulação só está disponível na forma diluída. Em outros termos, ela não está pura, 
existe algum excipiente misturado com o princípio ativo. É o que acontece com o 
betacaroteno, que está diluído a 10%, e com a vitamina E, que está diluída a 50%. Isso 
significa que para o betacaroteno há 10 g de betacaroteno puro em 100 g totais do 
insumo. Para a vitamina E, tem-se 50 g de vitamina pura em 100 g totais (uma mistura 
da vitamina e excipiente) (FERREIRA, 2011).
Também há outras situações em que o fármaco está diluído, tal como o diazepam 
diluído na proporção 1:10. Nessa circunstância, existe 1 g de diazepam puro em 10 g 
totais do fármaco (nessas 10 g totais há uma mistura de diazepam e excipiente). O fator 
de correção (FC) é calculado dividindo o valor fixo de 100 pela diluição, da seguinte 
forma: 
 FC:
Assim, o fator de correção da vitamina E é igual a 2 (pois dividimos 100 por 50). 
Para o betacaroteno, o FC é igual a 10 (pois dividimos 100 por 10), e para o diazepam, o 
FC é igual a 10 (pois dividimos 100 por 10) (FERREIRA, 2011). O FC deve ser multiplicado 
pela quantidade do fármaco a pesar. Se a quantidade de betacaroteno a pesar fosse 20 
mg, aplicando-se o FC teríamos 200 mg. Constatamos uma diferença de mais de 10 
vezes entre aplicar ou não aplicar o FC. Como o betacaroteno está diluído, se não fosse 
empregado o FC, seria utilizada uma quantidade muito inferior à necessária.
O fator de equivalência (Feq) é empregado quando se prepara um medica-
mento com um fármaco na forma básica e a referência é uma forma salina (caso 1) ou 
quando o fármaco utilizado está na forma anidra e a referência é uma forma hidratada 
(caso 2). Este fator é calculado levando em consideração o peso molecular da subs-
tância de referência e da substância usada nas preparações, conforme mostram as 
equações 1 e 2 no Quadro 6. A equação 1 é empregada no caso 1 e a equação 2 no caso 
2 (FERREIRA, 2011). 
QUADRO 6 − CÁLCULO DO FATOR DE EQUIVALÊNCIA
 
 Equação 1 Feq=
 Equação 2 Feq=
FONTE: Ferreira (2011, p. 409)
45
A necessidade de se aplicar fator de equivalência é definida pelos compêndios 
oficiais, como as farmacopeias, e pelo medicamento de referência (FERREIRA, 2011), 
que é o medicamento que foi pela primeira vez registrado no país (BRASIL, 1999b). Com 
relação à aplicação do fator de equivalência, segue-se o mesmo princípio usado para o 
fator de correção: multiplica-se o fator de equivalência pela quantidade de fármaco a 
ser pesada (FERREIRA, 2011).
A Tabela 4 traz alguns exemplos de fármacos que necessitam de aplicação de 
fator de equivalência. Na prática, as farmácias têm essa informação de documentos 
oficiais da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (ANFARMAG) ou de lau-
do de fornecedores. Apesar disso, o farmacêutico deve ter o conhecimento de como 
calcular esse fator. Suponha que deva se pesar 100 mg de azitromicina. Como a subs-
tância de referência é hidratada, deve-se aplicar o Feq de 1,05. O fato de aplicar ou não 
esse fator influencia na quantidade a pesar. Se aplicarmos o fator deveremos pesar 
105 mg e não 100 mg. 
TABELA 4 − FÁRMACOS E SUAS SUBSTÂNCIAS DE REFERÊNCIA
Fármaco Peso 
molecular do 
fármaco (g)
Substância de 
referência
Peso molecular 
da substância de 
referência (g)
Feq
Amoxicilina 365,41 Amoxicilina Tri-
hidratada
419,46 1,15
Amilorida 266,09 Cloridrato de amilorida 
di-hidratado
302,12 1,14
Fluoxetina 309,33 Cloridrato de 
fluoxetina
345,79 1,12
Azitromicina 749 Azitromicina di-
hidratada
785,03 1,05
FONTE: Anfarmag (2015, p. 33-47)
Veja outras substâncias que requerem a aplicação do fator de 
equivalência em: https://bit.ly/3tu7akX.
DICAS
46
Como então calcular o fator? Basta dividiro valor dos pesos moleculares 
conforme as equações 1 e 2. Sempre que houver termos, como acetato, besilato, 
cloridrato, eles indicam sais. Quando houver termos, como di-hidratado, tri-hidratado, 
significa que há uma forma hidratada. Se houver termos que nem remetem a sal e nem 
a formas hidratadas, o fármaco está na forma de base. Então podemos concluir que a 
fluoxetina tem como referência um sal. Por sua vez, a azitromicina tem como referência 
uma forma hidratada. Para a amilorida, a forma de referência é o cloridrato de amilorida 
di-hidratado, isto é, uma forma hidratada e de sal ao mesmo tempo. Na tabela, constam 
os valores de Feq já calculados. 
Exemplificando, para a amilorida, o Feq é calculado através da divisão do peso 
de referência da amilorida pelo peso da sua base. Tem-se o valor de 1,135. Na tabela, 
consta 1,14. Essa diferença ocorre porque são usados os arredondamentos. Se o valor 
após a vírgula for maior que 5, aumenta-se uma unidade. Como o último número após a 
virgula é 5, arredonda-se esse número para 4, ficando, assim, 1,14.
Para encerrar este tópico, vamos a um exercício. Para isso, analise a fórmula a seguir:
Betacaroteno... 10 mg
Para 1 cápsula
Calcule a quantidade de betacaroteno necessária para preparar a formulação.
O estudo de cápsulas não é o objeto deste livro, contudo, os cálculos farmacêu-
ticos seguem os mesmos princípios para qualquer forma farmacêutica. O betacaroteno 
está diluído, assim, aplica-se o fator de correção. O fator é calculado dividindo 100 pela 
diluição (igual a 10). Então, tem-se o FC de 10. Multiplica-se o FC por 10 mg (quantidade 
por cápsula) e teremos 100 mg.
Finalizamos mais um tópico da Unidade 1. Exploramos as operações e os cál-
culos mais comuns em farmácia com manipulação. A pesagem e a medida de volu-
mes são operações farmacêuticas básicas fundamentais que ocorrem anteriormente às 
operações farmacêuticas propriamente ditas, que, por sua vez, podem ser mecânicas 
ou físicas. As mecânicas não alteram o estado físico do fármaco e são subdivididas em 
operações de divisão ou de separação, sendo a tamisação uma operação de divisão de 
sólidos e a filtração uma operação de separação de líquidos. Diferentemente, as físicas 
são aquelas em que ocorre a alteração do estado físico do fármaco, como na dissolução, 
na infusão, na secagem, na refrigeração e na maceração. 
Os cálculos farmacêuticos são realizados para que se possa determinar a massa 
ou o volume necessário para se preparar os produtos. Também é crucial compreender a 
conversão correta entre unidades de medida de massa e de volume, sendo as unidades 
grama e quilograma as unidades de massa mais comuns e Litro e mililitro as unidades 
de volume mais usadas. Foram apresentados também os termos quantidade suficiente 
(q.s.) e quantidade suficiente para (q.s.p.), que fazem parte da rotina de uma farmácia. A 
compreensão do uso do percentual para expressar concentrações, usual nas fórmulas 
farmacêuticas, também foi exposta.
47
Além disso, os fatores de equivalência e correção são aplicados para corrigir 
as massas de alguns fármacos e é fundamental que sejam utilizados para assegurar 
que a quantidade correta de insumo ativo seja pesada. Os fatores de equivalência são 
usados quando o fármaco de referência é diferente do fármaco usado na preparação, 
especificamente quando o fármaco de referência é um sal e a substância usada é 
uma base ou quando o fármaco usado é uma forma anidra e a referência é uma forma 
hidratada. O fator de correção é aplicado quando o fármaco está na forma diluída, ou 
seja, quando a matéria-prima já é comercializada na forma diluída. 
48
RESUMO DO TÓPICO 2
 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A definição e a classificação das operações farmacêuticas. Elas são as técnicas, os 
processos por meio dos quais um medicamento é elaborado e que são usados para 
qualquer medicamento, independente da forma farmacêutica. Elas são classificadas 
em operações farmacêuticas gerais e operações farmacêuticas propriamente ditas.
• Os tipos de operações básicas e operações propriamente ditas. As operações básicas 
contemplam a pesagem e a medida de volume. As operações propriamente ditas são 
aquelas que ocorrem posteriormente às operações básicas. As operações farmacêu-
ticas propriamente ditas se subclassificam em operações mecânicas ou físicas.
• As diferenças e os exemplos de operações físicas e mecânicas. As operações físicas 
ocasionam a alteração do estado físico do fármaco, enquanto nas operações mecânicas 
não ocorre essa alteração. Exemplos de operações físicas são a dissolução, a infusão 
e a refrigeração. A filtração e a tamisação são exemplos mecânicos de operação de 
separação, enquanto a pulverização e a levigação são tipos de operações mecânicas 
de divisão.
• Os cálculos básicos em farmácia necessários para calcular as quantidades necessárias 
de cada ingrediente da fórmula a ser preparada, bem como as situações em que 
se aplicam os fatores de correção e de equivalência. Ademais, termos específicos 
usados em fórmulas farmacêuticas, tais como quantidade suficiente (q.s.), quantidade 
suficiente para (q.s.p.) e o uso do percentual, também foram estudados. 
49
1 Um médico prescreve para o seu paciente a seguinte fórmula para o tratamento de 
uma contusão: Cetoprofeno 2,5% gel q.s.p. 20 g. O farmacêutico, ao analisar a fórmula, 
verificou que ela se encontra no Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira (no 
quadro a seguir) e determina que ela deve ser empregada para preparar o medicamento 
prescrito.
AUTOATIVIDADE
Cetoprofeno 2,5 g
Álcool etílico 96° GL q.s.
Gel hidroalcoólico a 50% q.s.p. 100 g
A partir dos dados apresentados, pode-se afirmar que a quantidade de gel hidroalcoólico 
a 50% necessária para preparar a fórmula é:
a) ( ) 16,5 g.
b) ( ) 19,5 g.
c) ( ) 17,5 g.
d) ( ) 97,5 g.
2 O flúor é ingrediente fundamental para evitar o desenvolvimento de cárie dental. Um 
determinado odontólogo prescreveu 40 mL de solução de flúor a 0,2% para bochecho 
semanal pelo paciente. Considerando que o flúor é uma matéria-prima sólida, sobre 
a operação farmacêutica adequada para obter a solução, assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) Operação farmacêutica básica de pesagem em balança com capacidade de 220 g.
b) ( ) Operação farmacêutica básica de pesagem em balança com sensibilidade de 
0,01 mg.
c) ( ) Operação farmacêutica básica de pesagem em balança com capacidade de 120 g.
d) ( ) Operação farmacêutica básica de pesagem em balança com sensibilidade de 
0,001 mg. 
3 Duas fórmulas iguais de 30 g cada uma, contendo 15% de óxido de zinco e 25.000 
UI de vitamina A devem ser preparadas. Considere que 50.000 UI de vitamina 
A equivalem a 1 grama. Acerca das quantidades necessárias de óxido de zinco e 
vitamina A, respectivamente, para preparar as duas fórmulas, assinale a alternativa 
CORRETA:
50
a) ( ) 900 mg e 100 mg.
b) ( ) 900 mg e 1000 mg.
c) ( ) 9000 mg e 1000 mg.
d) ( ) 9000 mg e 100 mg.
4 Um farmacêutico está selecionando novos insumos farmacêuticos para preparar 
fórmulas. Em contato telefônico com o fornecedor de um dos insumos, o farmacêutico 
foi informado de que em cada 10 g totais do insumo há 1 g de insumo ativo e 9 g de 
insumo inerte. Após o insumo ser entregue na farmácia, esta recebe uma prescrição 
com esse insumo, conforme a seguir:
Fórmula: Insumo ativo 40 mg
 Xarope.....q.s.p.....50 mL
Calcule as quantidades necessárias do insumo ativo e de xarope para preparar a 
formulação.
5 Uma determinada loção contida no Formulário Nacional da Farmacopeia apresenta 
a fórmula e o método de preparação no quadro a seguir. Identifique e classifique as 
operações farmacêuticas descritas na preparação dessa loção. Apresente também 
as operações classificadas como mecânicas e físicas. 
Fórmula
Sulfato de zinco 4 g 
Sulfeto de potássio 4 g
Água purificada q.s.p. 100 mL
Modo de preparação: 
Triturar o sulfato de zinco, dissolver em 45 mL de 
água e filtrar.Triturar o sulfeto de potássio, dissolver 
em 45 mL de água e filtrar. Verter o sulfeto de 
potássio sobre o sulfato de zinco, sob agitação. 
Completar o volume com água.
51
TÓPICO 3 - 
LEGISLAÇÃO EM FARMÁCIA MAGISTRAL
1 INTRODUÇÃO
Os medicamentos e os cosméticos são produtos regulados pela Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Além de legislações que se direcionam ao 
produto, há também legislações que se direcionam ao estabelecimento que comercializa 
tais produtos. Já abordamos as diferenças e as semelhanças entre drogaria, farmácia, 
farmácia com manipulação e farmácia sem manipulação. Se um estabelecimento que 
somente dispense produtos industriais já deve cumprir obrigatoriamente legislações, 
isso se torna ainda mais crítico para farmácias com manipulação.
 
Neste último tópico da Unidade 1, você compreenderá os principais aspectos 
exigidos pela Resolução nº 67/2007, que dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação de 
Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias, e a sua atualização, 
a RDC nº 87/2008. Essa Resolução é primordial em farmácias com manipulação, que 
devem cumprir as disposições nela contidas. Importante que as farmácias estejam 
sempre atentas às legislações vigentes, pois elas sofrem atualizações ou podem ser 
revogadas (perdem a validade).
A Resolução Diretora Colegiada (RDC) é extensa e traz informações básicas que 
valem para qualquer farmácia com manipulação, bem como as obrigações específicas 
a depender das características do produto, incluindo, por exemplo, produtos estéreis, 
medicamentos homeopáticos, antibióticos e hormônios. Observe que a Resolução prevê 
que farmácias possam preparar produtos estéreis. Contudo, isso não ocorre na maioria 
dos estabelecimentos, visto que é necessário ter uma estrutura física adequada para tal 
e nem sempre eles dispõem de condições financeiras para fazer essa adequação.
UNIDADE 1
2 BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO EM FARMÁCIA
A Resolução de Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e 
Oficinais para Uso Humano em Farmácias, que intitularemos simplesmente como Boas 
Práticas de Manipulação em Farmácia, é dividida em várias seções. O anexo I contém os 
requisitos que se aplicam a qualquer estabelecimento (BRASIL, 2007).
52
Os anexos II, III, IV, V e VI trazem particularidades para a manipulação de 
substâncias de baixo índice terapêutico, antibióticos, hormônios, citostáticos e subs-
tâncias sujeitas a controle especial, medicamentos estéreis, medicamentos home-
opáticos e manipulação de doses unitárias (BRASIL, 2007). As especificidades para 
medicamentos homeopáticos veremos na Unidade 3. Por sua vez, a manipulação de 
doses unitárias, que é aplicável a farmácias hospitalares, e a manipulação de estéreis 
não serão alvo deste livro. 
2.1 REGULAMENTO TÉCNICO DE BOAS PRÁTICAS DE 
MANIPULAÇÃO 
O regulamento técnico é a primeira parte da resolução de boas práticas de 
manipulação e é obrigatório para todas as farmácias, independentemente do tipo de 
produto manipulado. A Figura 14 mostra a manipulação de uma forma farmacêutica 
semissólida usando o gral. Você lembra do gral? No tópico de operações e cálculos 
farmacêuticos falamos sobre ele. Na figura, você vê também a espátula, um outro 
instrumento muito usado nas farmácias.
FIGURA 14 − MANIPULAÇÃO DE FORMA FARMACÊUTICA SEMISSÓLIDA
FONTE: <https://bit.ly/3qnXBSD>. Acesso em: 19 nov. 2021.
53
Você vê a espátula na Figura 14? Ela é muito empregada na preparação 
de formas semissólidas com o intuito de homogeneizar a formulação e 
também para retirar a formulação do gral e colocá-la na embalagem a 
ser dispensada para o paciente.
IMPORTANTE
Regressemos ao Regulamento técnico de boas práticas de manipulação, no qual 
constam condições gerais, avaliação da prescrição e inspeções. Os estabelecimentos 
precisam ter autorização de funcionamento, autorização especial, quando aplicável, e 
um manual de boas práticas de manipulação (BRASIL, 2007). Previamente, mencionou-
se que as farmácias devem requerer a autorização de funcionamento e que a autorização 
especial deve ser solicitada quando se deseja manipular substâncias da Portaria nº 
344/1998. 
Ademais, o farmacêutico é o responsável técnico pelas farmácias. Por isso 
que, ao adquirir um produto manipulado, você vê no rótulo do produto o nome do 
farmacêutico e o seu número de registro no Conselho Regional de Farmácia do estado 
onde a farmácia está localizada (BRASIL, 2007).
Compete ao farmacêutico avaliar as prescrições recebidas, verificando se há 
algum equívoco ou alguma discrepância. O farmacêutico deve contatar o prescritor 
quando houver alguma incompatibilidade, interação medicamentosa ou quando o 
fármaco está em uma dose acima da permitida, para confirmar a prescrição (BRASIL, 
2007). A Figura 15 apresenta os itens que devem ser verificados na prescrição. 
FIGURA 15 − ITENS OBRIGATÓRIOS NA PRESCRIÇÃO
 FONTE: A autora
54
Os itens obrigatórios na prescrição são categorizados em: receita, identificação 
do paciente, fórmula, tratamento e informações do prescritor. Com relação à prescrição, 
ela deve ser datada e não deve ter qualquer rasura ou emenda. As informações do 
paciente incluem o seu nome e o endereço da sua residência. No que se refere à fórmula, 
a nomenclatura das substâncias deve constar na Denominação Comum Brasileira 
(DCB) nas suas respectivas concentrações, além da forma farmacêutica (BRASIL, 
2007). Destaca-se aqui que a DCB também é a nomenclatura usada nos medicamentos 
genéricos. Neles há o nome da substância e não pode haver o nome comercial. 
Exemplificando, se um prescritor prescrever o antibiótico amoxicilina 500 mg 
em cápsulas para 14 dias para manipulação, ele deve colocar de forma expressa na 
receita: o fármaco na nomenclatura DCB (amoxicilina), a sua dose (500 mg), a forma 
farmacêutica (cápsulas) e a duração do tratamento (14 dias). Deve ser incluído também 
o modo de uso, ou seja, como o medicamento deve ser usado pelo paciente. A respeito 
do prescritor, devem constar o seu nome e assinatura, o endereço do seu consultório, 
do hospital ou clínica onde trabalha e o número de registro no conselho de classe, como 
o Conselho Regional de Medicina (CRM ou CREME), para médicos, e o Conselho Regional 
de Odontologia (CRO), para dentistas. 
Então, inicialmente, faz-se uma verificação da prescrição, se estiver conforme, 
é gerada uma ordem de manipulação. A ordem de manipulação é o documento em 
que constam informações de preparação do medicamento, incluindo a fórmula, a data 
de preparação, as informações do paciente e o prazo de validade (ANFARMAG, 2012a). 
Toda formulação necessita ter um número, que é registrado em um livro específico 
que contém todas as fórmulas manipuladas. Sobre o prazo de validade, relembre: é 
recomendado um prazo de 6 meses para produtos tópicos e 3 meses para produtos de 
uso oral (FERREIRA, 2011). 
Ressalta-se que o farmacêutico tem autonomia para decidir não preparar 
a fórmula mesmo que o prescritor confirme que a prescrição está correta. Se algum 
dos itens obrigatórios não estiver contido na prescrição (Figura 14), esta não deve ser 
aceita e, em consequência, não se deve fazer a manipulação da fórmula contida nessa 
prescrição (BRASIL, 2007). O fluxograma apresentado na Figura 16 apresenta o fluxo 
de recebimento da prescrição e o início da fase de manipulação, que é antecedida pela 
ordem de manipulação. 
FIGURA 16 − FLUXO DE RECEBIMENTO DA PRESCRIÇÃO
FONTE: Anfarmag (2012a, p. 64)
55
O estabelecimento deve ter um manual de Boas Práticas de Manipulação 
(BPM), que é um documento que a farmácia deve elaborar contendo informações de 
como a empresa cumprirá as Boas Práticas de Manipulação. Então, deve descrever 
como realizará a limpeza de salas de manipulação, as características da água que é 
usada nas preparações, a maneira como é realizado o controle de qualidade, como é 
realizada a manipulação, a autoinspeção e a qualificação de fornecedor, descrever o seu 
programa de gerenciamentode resíduos sólidos etc. (ANFARMAG, 2012a). 
Além disso, devem constar também no manual de BPM informações da empresa 
e a descrição das instalações físicas. Portanto, o manual, na verdade, deve contemplar 
tudo aquilo que é exigido pela RDC. A diferença é que, no manual, a farmácia deve 
descrever como atendará a essas exigências, de acordo com as suas particularidades 
(ANFARMAG, 2012a). Assim, o manual de Boas Práticas de Manipulação não é uma cópia 
pura e simples da RDC.
Para que uma farmácia esteja apta a funcionar, deve ser criada uma 
empresa. Então, uma pessoa física com cadastro de pessoa física (CPF) 
não poderá solicitar a autorização de funcionamento. Deve haver um 
pedido de abertura de empresa na junta comercial no município onde a 
farmácia estará localizada. Toda empresa tem um número de cadastro 
nacional de pessoa jurídica (CNPJ).
ATENÇÃO
A farmácia é submetida à fiscalização por órgão sanitário e essa fiscalização 
é realizada seguindo um roteiro. Diversos itens relativos às instalações físicas, aos 
funcionários, ao controle de qualidade, entre outros aspectos, são avaliados. Esses itens 
são classificados de acordo com o risco de o seu não cumprimento afetar a qualidade, 
a eficácia ou a segurança do produto manipulado ou a segurança do funcionário do 
estabelecimento. Com a ciência dos componentes a serem fiscalizados, a farmácia 
poderá se adequar e evitar sofrer sanções na hipótese do não cumprimento de algum 
componente (BRASIL, 2007).
Veja que existe uma preocupação com a saúde dos trabalhadores. Isso se 
torna mais relevante para funcionários que atuam diretamente na manipulação de 
antibióticos, substâncias da Portaria nº 344/1998, citostáticos e hormônios. Estes 
devem ser submetidos regularmente a exames médicos, que atestam que o manipulador 
está apto a continuar preparando as fórmulas. Isso é de extrema valia, visto que essas 
substâncias podem impactar na saúde do manipulador.
56
2.2 BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO
Daremos seguimento com o anexo I da Resolução intitulado como Boas Práticas 
de Manipulação em Farmácia. Esse é o anexo mais longo da Resolução e assim como 
o Regulamento Técnico, deve ser cumprido por todas as farmácias. Nesse anexo, são 
contempladas as seguintes informações: infraestrutura física, higiene, saúde e o uso 
de equipamentos de uso individual (EPIs), materiais e equipamentos indispensáveis, 
controle de qualidade, rotulagem e embalagem (BRASIL, 2007). Os aspectos relativos 
ao controle de qualidade de produtos oficinais, magistrais, bases galênicas e da água 
usada nas fórmulas serão explorados posteriormente, devido a sua importância. 
Primeiramente, como estamos nos referindo a produtos destinados a tratamen-
to ou à manutenção da saúde, deve-se assegurar que os funcionários que manipulam 
os produtos não afetem a sua qualidade. Para isso, os funcionários devem usar EPIs, 
como jaleco, luvas, touca e máscara. Cabe lembrar que é responsabilidade da farmácia 
fornecer esses EPIs ao trabalhador. de saúde (BRASIL, 2007). A Figura 17 demonstra o 
uso correto dos EPIs.
FIGURA 17 − EPIs
FONTE: <https://bit.ly/352Stfv>. Acesso em: 19 nov. 2021.
Esses equipamentos de proteção individual têm a finalidade tanto de proteger o 
manipulador (a pessoa que está fazendo o processo de manipulação) como de proteger 
o produto. Nesse sentido, a touca evita que algum fio de cabelo caia na preparação. 
Ninguém gostaria de comprar um produto manipulado e ser surpreendido com a 
presença de um fio de cabelo no produto, não é mesmo? A máscara serve para proteger 
que gotículas provenientes das secreções nasais ou bucais caiam no produto. As luvas 
são também indispensáveis e devem ser trocadas conforme a necessidade. 
57
Além disso, os funcionários que preparam as formulações não podem usar 
maquiagem, bijuterias ou joias nas áreas de pesagem e de manipulação de fórmulas. 
Nessas áreas, também não pode haver plantas, pois elas podem ser uma fonte de 
contaminação. Também não se pode comer, fumar ou beber nessas áreas e também 
deve-se fazer a higiene adequada das mãos e a colocação de EPI antes de adentrar. 
Todos esses cuidados são cruciais, já que a ação humana é uma das principais fontes 
de contaminação.
Você sabia que produtos manipulados podem estar contaminados por 
bactérias patogênicas? A presença dessas bactérias provavelmente 
alterará a estabilidade do produto, fazendo com que haja a redução do 
seu prazo de validade, e claro, poderá causar doenças nas pessoas que 
usarem esses produtos.
INTERESSANTE
Além da contaminação humana devido à falta de higiene adequada das mãos, 
pode haver também a contaminação cruzada. Contaminação cruzada ocorre quando 
uma determinada matéria-prima ou produto é encontrado em outra matéria-prima ou 
outro produto. Aqui, quando falamos de produto, podemos pensar no produto que está 
sendo preparado, ou produto acabado, que é aquele que será dispensado ao paciente 
(BRASIL, 2007). Conforme já vimos, dispensação é o ato de entregar um determinado 
produto ao paciente (BRASIL, 1973).
 
Retornando à contaminação cruzada, vamos a um exemplo hipotético para 
esclarecer melhor: preparação de uma formulação contendo um antibiótico. Antes, uma 
formulação contendo anti-inflamatório foi preparada na mesma sala. Se a formulação de 
anti-inflamatório contaminar a formulação de antibiótico, teremos uma contaminação 
cruzada de um produto acabado contaminando outro produto. 
Visto que a contaminação cruzada pode impactar negativamente a qualidade 
das formulações, medidas precisam ser adotadas para evitá-la. Isso inclui um conjunto 
de procedimentos, como treinamento dos funcionários, orientação sobre a higienização 
correta dos equipamentos, as vidrarias usadas nas preparações, bem como a adequada 
higiene das salas onde essas preparações ocorrem.
Uma das maneiras de evitar a contaminação cruzada e também assegurar a 
qualidade é a existência de um procedimento operacional padrão (POP) para todas 
as atividades realizadas. Por exemplo, existe o POP para uso e calibração de balanças. 
Você se recorda de que a balança deve ser calibrada? Entretanto, não basta só a 
58
calibração, ela deve ser usada adequadamente. Assim, o POP descreve o passo a passo 
de como ligar uma balança, como fazer a sua calibração e como fazer a sua limpeza 
(FERREIRA, 2011). 
O POP padroniza as atividades, ou seja, as atividades são feitas da mesma ma-
neira. Quanto mais padronizadas as atividades, melhor o controle do que está sendo pre-
parado e, por consequência, mais facilmente a qualidade pode ser alcançada. A farmácia 
é cercada por muitos desses procedimentos padrão. Veja no Quadro 7 alguns deles. 
QUADRO 7 − EXEMPLOS DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO
FONTE: A autora
Como você pôde observar no Quadro 7, há POP para a limpeza dos ambientes, 
para a manipulação de sólidos e de líquidos e também há POP de recebimento, 
armazenamento de matérias-primas, obtenção de água purificada e qualificação de 
fornecedores, informações que veremos no item de qualidade da água e de produtos 
manipulados (FERREIRA, 2011). 
 
Quanto à estrutura física, a farmácia deve ter áreas ou salas específicas para 
as atividades. As salas são locais exclusivos para uma atividade, enquanto a área pode 
ser um espaço físico delimitado dentro de uma determinada sala. Acerca das salas, elas 
são obrigatórias para a manipulação ou paramentação. Deve existir sala de manipulação 
exclusiva para sólidos e sala de manipulação de líquidos e semissólidos. 
No mínimo, deve haver também salas ou áreas para atividades de administra-
ção, controle de qualidade (CQ), pesagem de matéria-prima, dispensação, lavagem de 
utensílios e armazenamento de matérias-primas, materiais de embalagem e produto 
acabado. Ademais, deve haver vestiário, sanitários e depósito de material de limpeza 
(BRASIL, 2007). 
Além do exposto, em sua estrutura física, a farmácia tem uma área considera-
da limpa e uma área considerada suja. A área limpa abarca as etapas de manipulação,controle de qualidade e armazenamento. A área suja engloba o local de atividade ad-
ministrativa, a área de dispensação, os vestiários e os banheiros. A separação dessas 
áreas é feita pela sala de paramentação, onde o funcionário deve colocar os EPIs 
(BRASIL, 2007). 
59
A Resolução traz explicitamente que os sanitários e os banheiros não devem 
ter contato direto com as áreas de manipulação, de armazenamento e de controle de 
qualidade, pois há risco de contaminação (BRASIL, 2007). Uma pessoa poderá trazer 
alguma contaminação de sanitários e vestiários. O Quadro 8 apresenta a estrutura física 
mínima de uma farmácia.
QUADRO 8 − ESTRUTURA FÍSICA MÍNIMA DE UMA FARMÁCIA
Local ou sala Característica do espaço físico
Salas de manipulação Preparação das fórmulas
Local ou sala de CQ Análises de CQ
Local ou sala de pesagem Pesagem de matérias-primas
Sanitários e vestiários Sem comunicação com a área limpa
Local ou sala para atividades 
administrativas
Atividades administrativas/guarda de documentos
Área de dispensação Entrega do produto ao paciente
Local ou sala de lavagem de 
utensílios
Lavagem de vidrarias, utensílios e materiais de 
embalagem
Sala de paramentação Colocação de EPI e separa área limpa/suja
Depósito de material de 
limpeza
Guarda de materiais de limpeza
Área ou sala de 
armazenamento
Armazena as matérias-primas e os materiais de 
embalagem
FONTE: A autora
Na sala de manipulação exclusiva para sólidos, deve haver um sistema de 
exaustão. A área de limpeza de instrumentos e vidrarias poderá ocorrer dentro da 
sala de manipulação, desde que ocorra em horário diferente daquele no qual ocorre a 
manipulação. Você tem alguma ideia do motivo? A exaustão na preparação de sólidos 
é importante porque partículas do pó podem ficar suspensas no ar e causar uma 
contaminação cruzada. A necessidade de haver a lavagem em momento distinto da 
manipulação tem o mesmo motivo: reduzir a contaminação cruzada (BRASIL, 2007). 
60
2.3 PARTICULARIDADES PARA SUBSTÂNCIAS DOS 
ANEXOS II E III
As substâncias dos anexos II e III devem obedecer ao que já foi explanado 
anteriormente, mas têm algumas particularidades. No anexo II, há fármacos de baixo 
índice terapêutico e, no anexo III, os antibióticos, os citostáticos, os hormônicos e as 
substâncias de controle especial (aquelas da Portaria nº 344/1998. Os citostáticos são 
aqueles que provocam a morte celular, são os fármacos no tratamento do câncer. A 
preparação de medicamentos contendo citostáticos ocorre em farmácias hospitalares, 
devendo estes medicamentos serem estéreis e preparados em cabines de segurança 
biológica (BRASIL, 2007). 
Os fármacos de baixo índice terapêutico (IT) são aqueles que têm a dose 
terapêutica e a dose tóxica muito próximas. A dose terapêutica é aquela necessária para 
que um efeito terapêutico seja alcançado. A dose tóxica é aquela em que efeitos tóxicos 
se desenvolvem. Abaixo da dose terapêutica, o medicamento é ineficaz ou parcialmente 
eficaz (FUCHS; WANNMACHER, 2017).
Assim, os pacientes que usam medicamento contendo esses fármacos devem 
ser monitorados através da determinação plasmática da concentração do fármaco 
(FUCHS; WANNMACHER, 2017). A Figura 18 mostra exemplos de comprimidos de 
varfarina, um fármaco de baixo IT que apresenta ação anticoagulante.
FIGURA 18 − COMPRIMIDOS DE VARFARINA
FONTE: <https://bit.ly/3D0I6VY>. Acesso em: 19 nov. 2021.
Um outro fármaco de baixo índice terapêutico é a digoxina, usada no tratamento 
de arritmias cardíacas. Visto que existe uma potencialidade de toxicidade para essa 
classe de substâncias, avalia-se o risco-benefício. O que seria uma situação pior? Um 
paciente precisar de uma internação hospitalar, com risco de morte por não usar a 
61
digoxina ou o paciente precisar de um monitoramento de efeitos tóxicos? Sem dúvidas 
a primeira situação é pior, pois há uma ameaça à vida do paciente, havendo então um 
benefício do uso do fármaco maior que o seu risco.
Os fármacos de baixo índice terapêutico incluem, por exemplo: ácido valproico, 
clozapina, lítio, minoxidil etc. e são subclassificados em dois grupos: baixa dosagem e alta 
potência ou alta dosagem e baixa potência. O Quadro 9 traz exemplos de fármacos em 
cada um desses grupos. Para a manipulação de medicamentos contendo fármacos de 
baixa dosagem e alta potência, deve-se empregar a diluição geométrica (BRASIL, 2007). 
A diluição geométrica é uma forma de mistura usada para garantir a homogeneidade de 
todos os componentes na fórmula (AULTON; TAYLOR, 2016), sendo realizada através do 
gral e pistilo. 
QUADRO 9 − FÁRMACOS DE BAIXO ÍNDICE TERAPÊUTICO
FONTE: A autora
Acadêmico, você sabia que os medicamentos de baixo índice 
terapêutico têm maior risco de causar interações medicamentosas? 
Para saber mais, faça a leitura do artigo Interações medicamentosas em 
idosos hospitalizados em: https://bit.ly/3iuy4mI.
DICAS
Com relação às substâncias da Portaria nº 344/1998, a farmácia somente 
poderá preparar medicamentos após concedida a autorização especial. Nessa portaria, 
os fármacos são classificados em listas A1, A2, A3, B1, B2, C1, C2, C3 e C5. A Tabela 5 traz 
as listas, as categorias e os exemplos de fármacos da Portaria nº 344/1998. Recorde-
se de que já foi citado que as farmácias estão proibidas de manipular retinoides de uso 
sistêmico. Nessa Portaria, consta também a lista C3 de substâncias imunossupressoras, 
que não está representada na tabela, pois somente medicamentos industriais poderão 
conter essas substâncias (BRASIL, 1998).
62
TABELA 5 − LISTAS, CATEGORIAS E EXEMPLOS DE FÁRMACOS DA PORTARIA Nº 344/1998
Lista Categoria Exemplos de fármacos
A1 Lista de substâncias entorpecentes Morfina, Metadona
A2
Lista de substâncias entorpecentes de uso 
permitido em concentrações especiais
Codeína, Tramadol
A3 Lista de substâncias psicotrópicas Metilfenidato, Anfetamina
B1 Lista de substâncias psicotrópicas Alprazom, Diazepam
B2
Lista de substâncias psicotrópicas 
anorexígenas
Mazindol, Sibutramina
C1
Outras substâncias sujeitas a controle 
especial
Ácido valproico, Fluoxetina
C2 Lista de substâncias retinoicas Adapaleno, Tretinoína
C5 Lista de substâncias anabolizantes Testosterona, Oxandrolona
FONTE: A autora
Acerca das exigências para os estabelecimentos prepararem medicamentos do 
anexo II e III, é requerida autorização especial para substâncias constantes da Portaria 
nº 344/1998, notificação da vigilância sanitária local para outras substâncias do anexo 
III e autorização da vigilância sanitária da cidade onde a farmácia está localizada para 
manipular substâncias de baixo IT de uso interno (BRASIL, 2007). Medicamentos de 
uso interno são todos aqueles que terão ação sistêmica. Já vimos que medicamentos 
de uso interno incluem, por exemplo, cápsulas e soluções administradas por via oral 
(BERMAR, 2014).
A preparação de medicamentos constantes do anexo III deve ser realizada em 
salas exclusivas, nas quais exista pressão do ar negativa em relação às salas adjacentes 
a elas. Essa pressão negativa impede que essas substâncias sejam lançadas no ar da 
sala e se desloquem para áreas adjacentes. Esse mecanismo é outra forma de evitar 
contaminação cruzada e também serve para a proteção dos manipuladores. A pesagem 
dessas substâncias deve ser realizada na própria sala de manipulação, mais uma vez 
com o intuito de evitar a contaminação cruzada. 
63
3 CONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA E DE PRODUTOS 
MANIPULADOS
O controle de qualidade (CQ) corresponde a um conjunto de ensaios realizados 
em matérias-primas, materiais de embalagem e produtos acabados para verificar 
se estão de acordo com as especificações presentes na farmacopeia. Conforme já 
descrito, esse documento é a base de controle de qualidade de medicamentos. Além da 
qualidade dos produtos, o fornecedor das matérias-primas e materiais de embalagem 
precisa ser qualificado pela farmácia, pois a ausência de qualificação poderá influenciar 
na qualidade dos materiais fornecidos por esse fornecedor (BRASIL, 2007).3.1 CONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA
A água é usada em praticamente todas as formulações farmacêuticas. Dessa 
forma, se a sua qualidade não for adequada, o medicamento também não terá qualidade. 
Ademais, a água é um meio propício para o crescimento de microrganismos, fazendo 
com que a contagem microbiológica seja fundamental no seu controle de qualidade 
(AULTON; TAYLOR, 2016; BRASIL, 2019b). 
Nas farmácias com manipulação, a água potável (ou de abastecimento) deve 
ser submetida a um processo de purificação através de deionização, destilação e 
osmose reversa (FERREIRA, 2011). Esse processo de purificação é necessário para 
que haja a remoção de microrganismos e de íons dissolvidos, como cloretos, cálcio e 
magnésio. De acordo com a farmacopeia brasileira, a água purificada deve obedecer a 
especificações, como a contagem microbiológica, a condutividade, o carbono orgânico 
total, entre outros (BRASIL, 2019b).
A deionização (Figura 19) é o processo em que resinas catiônicas e aniônicas 
retêm os íons dissolvidos na água. Esse método remove os íons, mas não tem 
capacidade de remover microrganismos. Por esse motivo, a deionização de forma 
isolada não pode ser usada como método de purificação. Por sua vez, a água destilada 
é obtida através de um destilador. A água a ser purificada é submetida a aquecimento, 
evaporando e condensando posteriormente. Coleta-se no final uma água purificada sem 
microrganismos, mas contendo íons dissolvidos. A osmose reversa é o sistema em que a 
água é passada através de membranas que tanto removem íons como microrganismos 
(FERREIRA, 2011).
64
FIGURA 19 − SISTEMA DE DEIONIZAÇÃO
FONTE: <https://bit.ly/3NgeW9Z>. Acesso em: 19 nov. 2021.
Você sabe o que é a condensação? A condensação é o processo de 
modificação do estado físico em que o vapor de água (gás) retorna ao 
estado líquido devido ao processo de resfriamento.
ATENÇÃO
Você poderia então pensar por que não usar unicamente osmose reversa, já 
que ela remove íons dissolvidos e microrganismos? Porque essas membranas saturam. 
Quando elas saturam, perdem a capacidade de filtrar qualquer partícula e íon da água, 
e isso afetará a qualidade da água obtida. Devido a essa característica, a água deve 
ser submetida a um tratamento prévio, como a deionização, para remover os íons 
dissolvidos. Uma vez que a deionização tenha sido usada como um método inicial de 
purificação, as membranas da osmose reversa não saturarão tão rapidamente e terão 
um tempo de vida útil maior. 
A água de abastecimento deve ser semestralmente submetida a testes, 
enquanto a água purificada deve ser analisada mensalmente, podendo haver a 
terceirização desse serviço (BRASIL, 2007). Os ensaios para a água de abastecimento 
estão descritos na Resolução, enquanto as especificações para a água purificada estão 
definidas na farmacopeia. De modo geral, a água purificada e a água de abastecimento 
devem ser analisadas em relação à cor, à contagem de bactérias, à presença de 
coliformes, à presença de E. coli e ao carbono orgânico (BRASIL, 2007; 2019b). O Quadro 
10 traz alguns dos ensaios exigidos para a água purificada e a água de abastecimento.
65
QUADRO 10 − ENSAIOS EXIGIDOS PARA A ÁGUA DE ABASTECIMENTO E ÁGUA PURIFICADA
Água purificada Água de abastecimento
Acidez ou alcalinidade
Condutividade da água
Carbono orgânico total
Contagem total de bactérias
Presença de P. aeruginosa
Contagem de coliformes totais e fecais
pH
cor
Turbidez
Sólidos dissolvidos
Contagem total de bactérias
Contagem de coliformes totais e fecais
Presença de E. coli
FONTE: A autora
Conclui-se que os ensaios são similares entre os dois tipos de água, sendo 
classificados em físico-químicos e microbiológicos. Os físico-químicos englobam 
determinação de pH, cor, turbidez, sólidos dissolvidos, acidez ou alcalinidade, 
condutividade da água e carbono orgânico total. As análises microbiológicas são 
aquelas que visam determinar a presença de bactérias ou coliformes, visto que a 
água purificada ou de abastecimento contaminada com microrganismos contaminará, 
consequentemente, o produto com ela elaborado. 
Verifica-se também que é preciso detectar a presença de P. aeruginosa e E. coli. 
A simples detecção dessas bactérias na água já a torna inviável, pois são bactérias pa-
togênicas e que, além de afetarem a qualidade do medicamento, poderão causar doen-
ças no paciente que venha a utilizar algum produto contaminado com essas bactérias.
3.2 CONTROLE DE QUALIDADE DE MATÉRIAS-PRIMAS 
Uma etapa primordial para assegurar a qualidade de produtos manipulados é 
através de análises de qualidade das matérias-primas (MP) e das preparações através 
da qualificação do fornecedor. A qualificação do fornecedor é realizada através do 
atendimento do fornecedor a um conjunto de quesitos definidos pela Resolução de 
Boas Práticas de Manipulação (BRASIL, 2007).
Primeiramente, para que o fornecedor possa ser qualificado, ele deve ter 
regularidade sanitária. Em outras palavras, a farmácia deve obrigatoriamente requerer 
que o fornecedor comprove ter autorização de funcionamento e autorização especial 
de funcionamento (para substâncias psicotrópicas da Portaria nº 344/1998). Esses 
documentos são necessários tanto para a farmácia como para o fornecedor (ANFARMAG, 
2012b; BRASIL, 2007). 
66
Outro item que faz parte da qualificação do fornecedor é a análise do histórico 
de fornecimentos, em que constam vários itens, como contato com o fornecedor, preço, 
prazo de entrega, entre outros. Assim, a farmácia pode estabelecer pontuações de 1 a 
10 para cada um desses itens. Quanto mais facilitado o contato com o fornecedor, mais 
alta a pontuação. Da mesma forma, um fornecedor que cumpre o preço acordado e o 
prazo de entrega também terá melhores pontuações do que um fornecedor que não os 
cumpre (ANFARMAG, 2012b).
Também, a análise do laudo do fornecedor é outro requisito para a sua qualifi-
cação (BRASIL, 2007). Verifica-se se o laudo (ou também chamado certificado de aná-
lise) está conforme as especificações farmacopeicas e se faz uma comparação dos 
resultados obtidos pelo fornecedor e aqueles obtidos pela própria farmácia. Na com-
paração, verifica-se se os dados são similares ou díspares. Salienta-se que a farmácia 
terá que obrigatoriamente realizar alguns ensaios, que estão definidos na Resolução 
de Boas Práticas de Manipulação. 
O controle de qualidade abrange ensaios que se aplicam tanto a matérias-
primas como aos produtos acabados e alguns dos testes poderão ser terceirizados, isto 
é, alguns testes poderão ser realizados fora do ambiente físico da farmácia. Entretanto, 
deve haver um POP para toda atividade. Assim, deve existir um POP para o controle de 
qualidade e um POP para a terceirização do controle de qualidade. 
Antes de realizar as análises propriamente ditas do controle de qualidade, é 
obrigatória a verificação das amostras recebidas, conferindo se estão íntegras, se há 
um certificado de análise e um rótulo de identificação da matéria-prima. A resolução 
estabelece alguns itens que devem constar nesse rótulo como: nome do fornecedor e 
seu endereço, nome do insumo farmacêutico, data de fabricação e prazo de validade 
(BRASIL, 2007).
Após o recebimento, as matérias-primas devem ser armazenadas em 
temperatura e umidade adequados e esse procedimento deve estar descrito em um 
POP de armazenamento (FERREIRA, 2011). A seguir, tem-se a etapa de quarentena. A 
quarentena é uma classificação dada ao período de tempo em que as matérias-primas 
estão sob análise de controle de qualidade. Quando estão sob quarentena, elas não 
podem ser usadas para preparar medicamentos. Somente após receber um selo de 
aprovação é que estarão aptas a serem usadas na manipulação (ANFARMAG, 2012a).
A Resolução estabelece que os ensaios essenciais em matérias-primas são: 
características organolépticas (análises visuais de cor e odor), pH, solubilidade, peso, 
volume, ponto de fusão, densidade e avaliação do laudo do fornecedor. Esses ensaios 
se aplicam a MP vegetais esintéticas, mas, para MP vegetais, alguns testes específicos 
são necessários, como a análise de material estranho (BRASIL, 2007). Perceba que as 
análises são relativamente simples e compatíveis com a estrutura de uma farmácia. 
67
Você sabia que nas matérias-primas vegetais podem ser encontrados 
materiais estranhos, como microrganismos, resíduos de terra, mofo e 
insetos? Logo, o teste de material estranho deve ser realizado e o valor 
limite é estabelecido pela Farmacopeia Brasileira.
IMPORTANTE
Precisamos ter em mente que nem sempre todos os ensaios de qualidade serão 
aplicáveis a todas as matérias-primas. A depender se a matéria-prima é sólida, líquida 
ou semissólida, alguns ensaios se aplicam e outros não. Por exemplo, a determinação 
de pH aplica-se somente a formas líquidas e semissólidas, mas não é empregada para 
sólidos. Por sua vez, o ponto de fusão é realizado somente para matérias-primas sólidas. 
A avaliação do fornecedor e as características organolépticas se aplicam a todas as 
matérias-primas (BRASIL, 2007). A Tabela 6 apresenta os ensaios obrigatórios em 
matérias-primas.
TABELA 6 − ENSAIOS DE QUALIDADE PARA MATÉRIAS-PRIMAS (MP)
Ensaio Estado físico 
Característica organoléptica Sólido, líquido e semissólido
Solubilidade Sólido e semissólido
PH Líquido e semissólido
Peso Sólido e semissólido
Volume Líquido
Ponto de fusão Sólido
Densidade Líquido e sólido
Avaliação do laudo do fornecedor Sólido, líquido e semissólido
FONTE: A autora
Uma vez que a maioria das matérias-primas é sólida, os ensaios mais comuns 
são aqueles correspondentes a formas sólidas, como solubilidade, peso e ponto de 
fusão. Contudo, no caso de haver material líquido, cabe a determinação de volume ao 
invés de peso. Materiais na forma semissólida não são muito comuns, mas para esses 
casos aplica-se a determinação de peso e de densidade. Salienta-se que, no laudo de 
análise, constará o resultado de várias análises, incluindo essas descritas na Tabela 6 
e várias outras, como teor, dissolução etc. Veja a Figura 20, que traz o óxido de zinco.
68
FIGURA 20 − PÓ DE ÓXIDO DE ZINCO
FONTE: <https://bit.ly/37FJIJ5>. Acesso em: 22 nov. 2021.
Para sabermos as especificações de uma matéria-prima, devemos consultar 
a farmacopeia brasileira. No caso do óxido de zinco da Figura 20, sendo um sólido, é 
preciso analisar a sua solubilidade, dentre outros ensaios. De acordo com a monografia 
do óxido de zinco, no volume 2 da farmacopeia, ele é insolúvel em água (BRASIL, 2019b). 
Portanto, se ao analisar a matéria-prima a farmácia verificar que o ingrediente se 
solubiliza rápido em água, há uma não conformidade. O recomendado é repetir o teste e 
se necessário entrar em contato com o fornecedor para que este possa lhe enviar uma 
nova remessa da matéria-prima.
Além da solubilidade, sendo um pó, é necessária também a avaliação do 
seu aspecto e descrições organolépticas. Com relação ao aspecto, pode-se afirmar 
pela Figura 20 que é um pó homogêneo. Acerca das características organolépticas, 
precisamos descrever a sua cor e odor. Assim, pela imagem, podemos ver que a sua cor 
é branca. No entanto, somente pela análise da imagem não conseguimos definir se há 
algum odor característico. A definição do odor pode ser feita quando se faz a coleta de 
material para a quarentena. Por vezes, as matérias-primas podem ser inodoras. 
3.3 CONTROLE DE QUALIDADE DE BASES GALÊNICAS, 
PRODUTOS OFICINAIS E MAGISTRAIS
As fórmulas magistrais, oficinais e bases galênicas precisam também ser 
submetidas a análises de qualidade. Vamos recordar os conceitos? Fórmula magistral 
é aquela que está de acordo com a prescrição. Fórmula oficinal é aquela que está de 
acordo com os compêndios oficiais, tal como o Formulário Nacional da Farmacopeia 
Brasileira. A base galênica é aquela que serve de meio para a incorporação de um 
fármaco, como um creme base ou um gel base (BRASIL, 2007). 
69
As fórmulas magistrais e oficinais devem ser avaliadas conforme o tipo de 
forma farmacêutica. Independentemente do tipo de forma farmacêutica, o aspecto, a 
descrição e as características organolépticas são sempre obrigatórios. A descrição nada 
mais é que descrever a forma farmacêutica, e o aspecto são características visuais, 
como o grau de transparência e opacidade (BRASIL, 2007).
As formas sólidas devem ser analisadas em relação ao aspecto, à descrição, às 
características organolépticas e ao peso médio. As formas semissólidas são analisadas 
em relação ao aspecto, às características organolépticas, ao pH e ao peso. Para as formas 
líquidas, devem ser analisados: aspecto, características organolépticas, descrição, pH, 
peso ou volume antes do envase (BRASIL, 2007). Ainda, formas sólidas precisam ser 
submetidas a cada dois meses a análises de teor para determinar a quantidade de 
fármaco que está presente no medicamento (BRASIL, 2008). 
Vamos a um exemplo para facilitar. Imagine uma fórmula de cápsulas de 500 
mg de amoxicilina. Sendo uma forma sólida, é necessário determinar o aspecto, a 
descrição, o peso médio das cápsulas e o teor bimestralmente. A descrição é a forma 
farmacêutica, ou seja: cápsulas. O aspecto pode envolver informações a respeito do 
número da cápsula. Explicando brevemente: existem diferentes tamanhos de cápsulas 
que a farmácia seleciona de acordo com a fórmula a preparar, e o teor deve ser 
preferencialmente realizado em um laboratório habilitado pela ANVISA, que faz parte 
da Rede Brasileira de Laboratórios em Saúde (REBLAS). Nessa circunstância específica, 
deve-se analisar a quantidade de amoxicilina que há dentro das cápsulas. 
A farmácia pode ter bases galênicas previamente preparadas. As bases galêni-
cas e as fórmulas oficinais do Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira formam o 
estoque mínimo da farmácia. Isso significa que a farmácia pode ter um pequeno estoque 
dessas fórmulas. O controle de qualidade dessas fórmulas é similar àquele empregado 
para fórmulas magistrais. Os ensaios que diferem em relação a fórmulas magistrais são: 
viscosidade, grau ou teor alcoólico, densidade, dissolução e pureza microbiológica. 
A pureza microbiológica e a dissolução são ensaios que requerem equipamen-
tos mais caros e por isso poderão ser terceirizados. Da mesma forma que para fórmulas 
magistrais, os ensaios do estoque mínimo são aplicados dependendo da característica 
da formulação. Assim, a viscosidade é aplicada para formas semissólidas. Já as ca-
racterísticas organolépticas se aplicam a todas as formas farmacêuticas, sejam elas 
magistrais ou de estoque mínimo. O Quadro 11 traz um comparativo dos ensaios neces-
sários para fórmulas magistrais, oficinais e de estoque mínimo. 
QUADRO 11 − CONTROLE DE QUALIDADE OBRIGATÓRIO PARA FÓRMULAS EM FARMÁCIA COM MANIPULAÇÃO
Fórmula Fórmula magistral e oficinal Estoque mínimo
Descrição Obrigatório Obrigatório
70
Características 
organolépticas
Obrigatório Obrigatório
Aspecto Obrigatório Obrigatório
Peso médio Obrigatório Obrigatório
pH Obrigatório Obrigatório
Viscosidade Obrigatório Obrigatório
Volume Obrigatório Obrigatório
Densidade Obrigatório Obrigatório
Teor
Formas sólidas (não 
obrigatório)
Não obrigatório
Dissolução Não previsto na Resolução Não obrigatório
Contagem microbiológica Não previsto na Resolução Não obrigatório
FONTE: A autora
Pela análise do Quadro 11, podemos concluir que ensaios que exigem maior 
infraestrutura e equipamentos mais complexos, como determinação de teor, contagem 
e dissolução microbiológica podem ser realizados por um laboratório terceirizado. 
Vamos considerar que é necessária a determinação de qualidade de uma pomada que a 
farmácia tem em seu estoque. Teremos uma situação de uma base galênica. Os ensaios 
obrigatórios são iguais àqueles exigidos para fórmulas magistrais e oficinais.
A diferença entre os testes de qualidade de fórmulas magistrais e de estoque 
mínimo está nos ensaios que a farmácia pode terceirizar: teor, dissolução e contagem 
microbiológica. Diferentemente da fórmula magistral,a Resolução não especifica que o 
teor só deve ser realizado para formas sólidas. Por outro lado, para uma fórmula magis-
tral, não estão previstos os ensaios de pureza microbiológica, dissolução ou teor para 
formas não sólidas. Então, a farmácia não precisa fazer esses ensaio e nem terceirizar 
a sua execução. 
Os ensaios obrigatórios não podem ser terceirizados. Isso implica na farmácia 
ter minimamente alguns instrumentos para realizar estas análises, como um densímetro 
(para determinar a densidade), um viscosímetro (para determinar a viscosidade) e um 
potenciômetro (para determinar o pH). Conforme já explanado, a farmácia deve dispor 
de balança e de vidrarias para medir volume, que servem tanto para a preparação das 
fórmulas como para o controle de qualidade. 
71
Como exemplo, traz-se, na Figura 21, a loção de calamina, para a qual são 
ensaios obrigatórios a descrição, as características organolépticas, o pH e o volume. 
Caso a fórmula seja exatamente igual àquela constante no Formulário Nacional da 
Farmacopeia Brasileira, os requisitos de qualidade obrigatórios são aqueles definidos 
para as fórmulas magistral e oficinal. Nessa circunstância, estão requeridos os seguintes 
testes: descrição, aspecto, entre outros. 
FIGURA 21 − LOÇÃO DE CALAMINA
FONTE: <https://bit.ly/3JGMNac>. Acesso em: 19 nov. 2021.
A descrição da loção de calamina corresponde à definição da forma farmacêutica, 
que é uma loção. Com relação ao aspecto, poderia ser definida como líquido rosado de 
odor característico. O odor característico é muito empregado nos certificados de análise 
para se referir a diferentes substâncias, já que é um parâmetro subjetivo e, por vezes, 
as diferenças de odor são muito sutis, o que torna difícil a diferenciação (BRASIL, 2012).
Em resumo, neste último tópico da Unidade 1, tratamos da Resolução de Boas 
Práticas de Manipulação, que dita os principais documentos, infraestrutura e aspectos 
de qualidade em farmácias com manipulação. Acerca dos documentos, a farmácia deve 
gerar uma ordem de manipulação para cada fórmula manipulada, deve ter licenças/
autorizações sanitárias e deve verificar os itens que compõem o relatório de inspeção. 
Esses itens de inspeção são aqueles que são verificados no momento da fiscalização da 
farmácia pela vigilância sanitária.
A Resolução define a estrutura física mínima da farmácia, que deve contar 
com área limpa, onde são elaborados os produtos e na qual também é imprescindível 
utilizar EPIs. Na área limpa, deve haver local ou sala para o controle de qualidade. Para 
a manipulação de sólidos, líquidos e semissólidos, deve haver salas exclusivas, e a 
manipulação de substâncias do anexo III também deve ocorrer em salas exclusivas com 
pressão negativa em relação às áreas adjacentes. Áreas consideradas sujas incluem 
as atividades administrativas e sanitários. Além disso, há alguns cuidados especiais 
necessários para a manipulação de substâncias de baixo índice terapêutico. 
72
Acerca da qualidade dos produtos, vimos que tanto a qualificação do fornecedor 
como a correta higiene das mãos do manipulador são fundamentais. Uma vez que a 
água é ingrediente básico de todas as formulações, há análises de qualidade de água 
obrigatórias para a água de abastecimento e a água purificada, incluindo determinação 
de íons dissolvidos e contagem microbiológica. A água purificada é a água de 
abastecimento da farmácia que passou por processo de purificação através de um ou 
mais de um dos métodos: deionização, destilação ou osmose reversa. 
Além da água, deve haver controle de qualidade das matérias-primas e dos 
produtos manipulados, sejam eles magistrais ou de estoque mínimo. As fórmulas 
magistrais, de estoque mínimo e matérias-primas precisam ter um controle de qualidade 
mínimo que varia conforme a característica física, isto é, se são sólidos, líquidos ou 
semissólidos e incluem determinação de pH, de peso, de volume e características 
organolépticas. Para as matérias-primas, é requisito que o fornecedor envie o laudo 
de análise junto à matéria-prima. Para outras análises, como teor e contagem 
microbiológica, elas podem ser realizadas por laboratórios terceirizados. 
73
ASPECTOS ATUAIS DO CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM 
FARMÁCIAS MAGISTRAIS 
Marxwell Arruda da Rocha Lima
Kamila Maria de Holanda Sousa
Sean Telles Pereira
Lívio César Cunha Nunes
LEITURA
COMPLEMENTAR
A manipulação é o método tradicional de preparo dos medicamentos. Seu 
principal objetivo é atender às necessidades específicas e, às vezes, únicas, do 
profissional prescritor e do paciente (ZIMMERMANN, 2009). O setor magistral brasileiro 
sofreu inúmeras transformações nos últimos anos, principalmente para se adequar 
às exigências estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A 
garantia do cumprimento das especificações preestabelecidas, ao longo de todo o fluxo 
ou processo de produção, é requisito fundamental das Boas Práticas de Manipulação 
em Farmácia (BPMF), determinada de acordo com a Resolução (RDC) nº 67/2007 da 
Anvisa (BRASIL, 2007).
74
Vários são os fatores que podem comprometer a qualidade de um produto 
magistral. A contaminação microbiológica é um ponto crucial nesse quesito e tem sua 
importância maximizada em determinadas etapas. O entendimento mais aprofundado das 
principais fontes de contaminação microbiológicas durante o processo de manipulação 
pode minimizar os riscos e garantir a realização de um procedimento adequado, que 
garanta a qualidade e a pureza do produto manipulado. O objetivo fundamental do 
estudo é verificar e analisar os pontos críticos de contaminação microbiológica durante 
o processo de manipulação e, dessa forma, embasar para a tomada de decisão no 
sentido de minimizar as chances de contaminação do medicamento, promovendo um 
tratamento seguro e eficaz ao paciente.
MERCADO E LEGISLAÇÃO
Os estabelecimentos magistrais ressurgiram no Brasil no final da década de 
1980, após esta atividade haver desaparecido quase por completo com o advento da 
industrialização do país a partir da década de 1 9 50 e o consequente fortalecimento 
das indústrias farmacêuticas transnacionais. As farmácias de manipulação representam 
um espaço de grande atuação do profissional farmacêutico e resgatam a prática de 
preparar, conservar, manipular e dispensar. A fórmula magistral valoriza o médico que a 
prescreve, melhora a relação “médico-paciente” e permite um equilíbrio da fórmula para 
o paciente que, como pessoa única e individual em sua sintomatologia, nem sempre se 
adapta a formulações já estabelecidas.
Os benefícios proporcionados pela manipulação magistral vão além do aspecto 
unicamente de custos envolvidos no processo. A manipulação de medicamentos 
permite a versatilidade posológica, a possibilidade de escolha da forma farmacêutica 
e dos excipientes empregados, viabiliza a associação de diferentes fármacos e o 
resgate de medicamentos que foram descontinuados pelos laboratórios por não serem 
economicamente viáveis ao mercado. 
A questão ‘qualidade na produção de medicamentos’ tem sido contínua e 
extensivamente abordada pela Anvisa nos últimos anos. O primeiro dispositivo normativo 
a instituir as BPMF foi determinado pela Anvisa por meio da RDC nº 33, de 19 de abril 
de 2000. Após isso, o tema foi abordado e discutido várias vezes através de consultas 
públicas e encontros que tratavam do setor magistral. Em 12 de dezembro de 2006, 
publicou-se a RDC nº 214, que dispunha sobre as Boas Práticas de Manipulação de 
Medicamentos para uso humano em farmácias, e instituía requisitos mínimos para a 
manipulação de medicamentos, abrangendo questões relacionadas a instalações, 
equipamentos, recursos humanos, aquisição e controle de qualidade da matéria-
prima. Essa Resolução foi revogada no ano de 2007 pela RDC nº 67. Em 2008, a RDC 
nº 87 alterou parcialmente o Regulamento Técnico disposto na Resolução nº 67/2007. 
Atualmente, a RDC nº 67/2007 e a RDC nº 87/2008 são as normas regulamentadoras 
das BPMF.75
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO
O Regulamento Técnico da RDC nº 67/2007 classifica as farmácias de 
manipulação em seis grupos, conforme as atividades desenvolvidas. Consideram-se a 
complexidade do processo de manipulação e as características dos insumos utilizados 
para fins do atendimento aos critérios de BPMF (Quadro 1). 
Como forma de garantir as Boas Práticas de Manipulação, a farmácia magistral 
deve dispor de uma infraestrutura física adequada aos processos que executará. 
De acordo com a RDC nº 67/2007, as salas de manipulação devem ser totalmente 
segregadas quando houver manipulação de sólidos; semissólidos e líquidos. Além 
disso, se houver manipulação de fármacos que se enquadram no Grupo III, deve haver 
uma sala de manipulação exclusiva para antibióticos, hormônios e citostáticos, dotada 
de antecâmara e sistema de ar independente e de eficiência comprovada. A logística 
dentro de uma farmácia magistral deve ser simples e harmônica (Figura 1).
QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DAS FARMÁCIAS DE MANIPULAÇÃO CONFORME RDC Nº 67/2007
GRUPO I GRUPO II GRUPO III GRUPO IV GRUPO V GRUPO VI
Manipulação de
medicamentos 
a partir
de insumos/
matérias-
primas, 
inclusive de 
origem vegetal.
Manipulação
de substâncias
de baixo índice 
terapêutico.
Manipulação de
antibióticos, 
hormônios,
citostáticos e 
substâncias 
sujeitas a 
controle 
especial.
Manipulação 
de produtos 
estéreis.
Manipulação de
medicamentos
homeopáticos.
Manipulação de 
doses unitárias 
e unitarização 
de doses de 
medicamentos 
em serviços de 
saúde.
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA/PONTOS CRÍTICOS
Para atingir um bom nível de qualidade microbiana nos produtos farmacêuticos, 
é fundamental que se conheçam as fontes e os mecanismos responsáveis por esta 
contaminação. Os contaminantes microbianos presentes nas matérias-primas serão 
invariavelmente transferidos ao produto, acrescidos dos oriundos de equipamentos e 
ambientes produtivos, dos operadores e dos materiais de embalagem (Figura 2). O limite 
microbiano de preparações farmacêuticas pode constituir ausência absoluta de formas 
viáveis (estéreis) ou sua presença em grandeza definida, restrita ou não a determinadas 
cepas microbianas (não estéreis). 
Produtos não estéreis são aqueles nos quais se admite a presença de carga 
microbiana, embora limitada, tendo em vista as características de sua utilização. 
A atenção no controle dos produtos não estéreis assegura que a carga microbiana 
presente, seja no aspecto qualitativo ou quantitativo, não comprometa a sua qualidade 
76
final ou a segurança do paciente. A presença de cepas reconhecidamente patogênicas 
é proibitiva, pois representa potencial risco de aquisição de quadro clínico infeccioso, ou 
de transferência de toxinas igualmente indesejáveis (MEDEIROS, 2007). 
A contaminação microbiana do produto manipulado pode causar alterações 
das suas características sensoriais, tornando-os impróprios para o uso; e promover a 
degradação de componentes da formulação, podendo comprometer a sua eficácia e 
segurança ou causar danos à saúde (PINTO; KANEKO; OHARA, 2010). No entanto, até 
mesmo produtos que não apresentem alterações sensoriais evidentes podem ser 
portadores de populações microbianas. Nos adultos saudáveis, o contato com o produto 
contaminado pode não representar problema sério, a menos que o organismo seja um 
patogênico primário. Todavia, pode ocorrer infecção em se tratando de pacientes com 
sistema imunológico comprometido de alguma forma ou se o produto se destinar a 
introdução em área normalmente estéril. O risco de infecção depende de fatores como: 
características qualitativas e quantitativas envolvendo o microrganismo, resistência do 
hospedeiro e via de administração.
-
No caso de matérias-primas obtidas de fontes naturais, é de se esperar elevada 
contaminação microbiana, o oposto daquelas sintéticas. Fatores, como poluição na água 
de irrigação, atmosfera, solo, condições da coleta, manipulação, secagem e estocagem, 
são importantes a serem considerados no controle de produtos naturais, por permitirem 
altos níveis de contaminação microbiana, por vezes patogênica (BUGNO et al., 2005). 
Nesse contexto, a compra de matéria-prima de fornecedores confiáveis, inspecionados 
e qualificados pela empresa ganha mais importância.
77
Uma matéria-prima que merece especial atenção devido ao amplo uso em 
formulações farmacêuticas e cosméticas é a água. A água é muitas vezes o componente 
mais representativo de uma formulação, podendo ser o de maior relevância como fonte 
contaminante. A contaminação do produto pode se originar diretamente da água do 
processo ou indiretamente, em decorrência de processos de limpeza na área produtiva 
(umidade residual de pisos, pias e drenos instalados em equipamentos) (BARA, 2005). 
Por esse motivo, segundo a RDC nº 67/2007, a água é considerada uma matéria-prima 
produzida pela própria farmácia, assim, deve estar sujeita à realização e ao registro de 
controle de qualidade.
Embora a contaminação microbiana ambiental seja às vezes considerada 
menos importante, estando ou não em contato direto com o produto, há evidências de 
que a transferência ocorra quando inexistem condições adequadamente controladas. A 
contaminação aérea é principalmente associada à poeira e às escamas de pele, por sua 
vez, veículos de esporos bacterianos e cocos. A contaminação derivada dos operadores 
é normalmente significativa. O uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como 
touca, máscara, luva, propé, jaleco, entre outros, constitui fator indispensável nesse 
controle. A constante lavagem das mãos é procedimento simples e de grande eficiência 
no combate à contaminação microbiológica. Esse procedimento deve ser treinado e 
adotado pelos funcionários da empresa, principalmente por aqueles situados no setor 
de manipulação.
Cada vez mais o fabricante de produtos farmacêuticos tem se atentado à 
contaminação microbiana, incluindo o importante papel da embalagem nesse processo. 
Os procedimentos de envase e rotulagem de fármacos, medicamentos e cosméticos 
são preocupações constantes para as farmácias e indústrias destes produtos (JÖNCK, 
2002). O controle de qualidade microbiológico de material de acondicionamento possui 
importância fundamental, relacionado diretamente com a saúde pública, já que uma 
embalagem contaminada transfere a contaminação para o produto armazenado. Durante 
o desenvolvimento de novas embalagens, deve-se levar em consideração não apenas o 
apelo de marketing, mas também materiais que sejam possíveis de se efetuar a limpeza 
adequada. A remoção de resíduos das embalagens através de lavagem apresenta 
ponderações quanto à qualidade da água utilizada e aos processos de secagem, a fim 
de que não haja desenvolvimento microbiano (FIORENTINO et al., 2008).
A qualidade da matéria-prima e dos materiais de embalagem está, entre outros 
fatores, diretamente associada a condições adequadas de estocagem. O emprego de 
sacos revestidos em polietileno ou recipientes com tampas constitui-se em recursos 
que minimizam, mas não impedem, de forma absoluta, a contaminação do material. 
Cuidados relacionados à condição da edificação, limpeza, procedimentos de manuseio, 
fracionamento e fluxo dos materiais são indispensáveis. É fundamental, também, que a 
farmácia disponha de um programa de controle integrado de pragas e vetores.
78
Quanto à limpeza ou à sanitização da farmácia, as metas, os procedimentos 
operacionais, a profundidade de estudo e os detalhamentos devem considerar o tipo de 
produção envolvida com relação à exigência de pureza química ou microbiana, aos riscos 
envolvidos na contaminação cruzada, à forma e formulação ou grau de automatização, 
aos diagramas e fluxogramas, à identificação de equipamentos, às válvulas, às 
tubulações e ao tempo entre final de uso e operações de limpeza. A constatação de que 
a limpeza tenha sido eficaz merece comprovação, empregando metodologias descritas 
durante a validação do processo.
CONCLUSÃOO controle de contaminação microbiológico na manipulação de medicamentos 
precede o cumprimento de vários critérios sanitários. A contaminação microbiológica é 
fator preocupante e deve ser encarado com seriedade. A identificação desses pontos 
críticos é de relevante valor, visto que através do seu mapeamento medidas preventivas 
poderão ser tomadas com maior eficiência. Configuram-se como fonte potencial de 
contaminação microbiológica: a matéria-prima empregada, em especial as de origem 
natural, a água utilizada nas preparações ou em processos de limpeza, as embalagens, 
o ambiente de estoque, o procedimento de lavagem, as áreas produtivas, a higiene dos 
operadores e a não utilização de EPIs.
FONTE: <https://bit.ly/3qukc04>. Acesso em: 13 mar. 2022.
79
RESUMO DO TÓPICO 3
 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Os requerimentos gerais obrigatórios para todas as farmácias com manipulação se 
aplicam ao pessoal, à infraestrutura, a documentos, ao controle de qualidade etc. 
Com relação ao pessoal, é crucial que os manipuladores de fórmulas usem EPIs e 
que tenham conhecimento sobre a proibição de não comer, beber, fumar e usar joias 
nas áreas limpas. Também foram apresentados os requerimentos especiais para os 
fármacos dos anexos II e III, que devido as suas características requerem autorização 
ou notificação na vigilância sanitária local. 
• A obrigatoriedade da existência de áreas limpas e áreas sujas. As áreas classificadas 
como sujas são aquelas nas quais não ocorre a preparação de fórmulas. Nessas áreas 
estão os vestiários, os sanitários e a área de dispensação. Diversamente, as áreas 
limpas são os locais onde há a preparação e o controle de qualidade de fórmulas. 
É obrigatória a existência de sala exclusiva para a manipulação de sólidos e para 
a preparação de medicamentos do anexo III. Além disso, a farmácia também fica 
obrigada a ter área para pesagem de matérias-primas e para o armazenamento de 
matérias-primas, materiais de embalagem e produtos acabados.
• A necessidade de documentos englobando a ordem de manipulação, a autorização 
de funcionamento, a autorização especial para a manipulação de substâncias de 
controle especial e os procedimentos operacionais padrão. A ordem de manipulação 
deve ser gerada somente após o aceite da prescrição pelo farmacêutico. Por sua vez, 
as autorizações de funcionamento devem ser requeridas antes do estabelecimento 
iniciar as atividades. Os procedimentos operacionais padrão são documentos 
existentes para toda e qualquer atividade realizada pela farmácia. 
• Os requisitos de qualidade das fórmulas magistrais, do estoque mínimo, de matérias-
primas e da água. A água de abastecimento é submetida à destilação, à deionização e/
ou à osmose reversa para obter a água purificada, cujas especificações são definidas 
na farmacopeia brasileira. Alguns ensaios de qualidade de fórmulas magistrais e 
de estoque mínimo poderão ser terceirizados, porém outros não, que é o caso das 
análises de determinação do pH, peso, aspecto e densidade. Além disso, outro 
aspecto é a qualificação do fornecedor para que se possa assegurar a qualidade das 
matérias-primas.
80
1 Dois produtos: creme de cetoconazol a 2% e creme de óleo de melaleuca 3% estão 
sendo preparados por uma farmácia. Assinale a alternativa que contém somente en-
saios que devem ser realizados pela própria farmácia:
a) ( ) Teor e viscosidade.
b) ( ) Viscosidade e teor.
c) ( ) Volume e volume.
d) ( ) pH e peso médio.
2 Considere que um estabelecimento recebeu a prescrição hipotética de um medica-
mento descrito no quadro a seguir. Sobre os itens indispensáveis em uma prescrição 
para que o farmacêutico autorize a manipulação da fórmula, assinale a alternativa 
CORRETA:
AUTOATIVIDADE
Hospital São João Batista - Rua São João Batista n° 45 - Diadema - São Paulo.
Maria Rosa dos Santos
Cápsulas de cefalexina 500 mg
Usar de 12 em 12 horas durante 7 dias
Rogério Cardoso
CREMESP 12050
a) ( ) O farmacêutico deve autorizar a manipulação, pois constam todos os itens 
obrigatórios na prescrição. 
b) ( ) O farmacêutico não deve autorizar a manipulação, pois faltam dois itens 
obrigatórios na prescrição.
c) ( ) O farmacêutico não deve autorizar a manipulação, pois faltam três itens 
obrigatórios na prescrição.
d) ( ) O farmacêutico deve autorizar a manipulação, pois falta somente um item 
obrigatório na prescrição.
3 Uma farmácia recebeu o lote BCC de besilato de anlodipino, um fármaco empre-
gado no tratamento da hipertensão. Juntamente ao lote, o fornecedor enviou o 
certificado de análise. Considerando que o fármaco é um pó branco, assinale a 
alternativa CORRETA: 
81
a) ( ) A farmácia deve obrigatoriamente realizar a determinação do pH e do volume do 
anlodipino.
b) ( ) A farmácia deve obrigatoriamente realizar a determinação do peso e do volume 
do anlodipino.
c) ( ) A farmácia não necessita realizar a análise da cor e do aspecto visual do 
anlodipino.
d) ( ) A farmácia deve obrigatoriamente realizar a análise de solubilidade e do peso do 
anlodipino.
4 Uma farmácia recebeu o certificado de análise do lote ACC 155 de pantoprazol do 
fornecedor X. Parte dos resultados desse certificado está descrito no quadro a seguir. 
Na coluna intitulada como “especificação”, tem-se o valor definido pela monografia 
farmacopeica. Na coluna à direita, tem-se o resultado obtido pelo fornecedor.
Insumo: pantoprazol
Procedência: Índia
Lote: ACC 155
Armazenamento: temperatura ambiente
Data de fabricação: 16 de outubro de 2021
Data de validade: 16 de abril de 2022
Data de análise: 23 de novembro de 2021
Teste Especificação Resultado
Descrição Pellet branco Pellet quase branco
Umidade <6% 0,61%
Teor 14,25-15,75% 13,45%
Densidade aparente 0,75-0,90% 0,80%
Considerando este laudo de análise, qual a importância da qualificação do fornecedor X 
pela farmácia?
5 Uma farmácia iniciou recentemente as suas atividades de manipulação e recebeu 
a primeira fórmula: cápsula de clindamicina 300 mg para 10 dias de tratamento. 
Quais sãos os requisitos básicos que devem ser atendidos de acordo com a Reso-
lução de Boas Práticas de Manipulação para que a farmácia esteja apta a preparar 
essa fórmula?
82
REFERÊNCIAS
ANFARMAG. Guia de Boas Práticas de Manipulação em Farmácia. 2. ed. São Paulo: 
Associação Nacional de Farmácia Magistral, 2012a.
ANFARMAG. Guia de Autoinspeção para Farmácias. São Paulo: Associação Nacional 
de Farmácia Magistral, 2012b.
ANFARMAG. Manual de equivalência. 4. ed. São Paulo: Associação Nacional de 
Farmácia Magistral, 2015.
AULTON, M. E.; TAYLOR, K. M. G. Delineamento de formas farmacêuticas. 4. ed. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2016.
BERMAR, K. C. de O. Farmacotécnica: técnicas de manipulação de medicamentos. São 
Paulo: Érica, 2014.
BRASIL. Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o Controle Sanitário 
do Comércio de Drogas, Medicamentos, Insumos Farmacêuticos e Correlatos, e dá 
outras Providências. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 19 
dez. 1973. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5991.htm. Acesso 
em: 1 mar. 2022.
BRASIL. Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998. Aprova o Regulamento Técnico sobre 
substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Brasília, DF: Diário Oficial [da] 
República Federativa do Brasil, 12 maio 1998. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.
br/bvs/saudelegis/svs/1998/prt0344_12_05_1998_rep.html. Acesso em: 11 nov. 2021.
BRASIL. Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Nacional de Vigilância 
Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências. 
Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 27 jan. 1999a. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9782.htm. Acesso em: 11 nov. 2021.
BRASIL. Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999. Altera a Lei no  6.360, de 23 de 
setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamentogenérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e 
dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 11 
fev. 1999b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9787.htm. Acesso 
em: 11 nov. 2021.
83
REFERÊNCIAS BRASIL. Resolução – RDC n° 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias. 
Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 8 out. 2007. Disponível em: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2007/rdc0067_08_10_2007.html. 
Acesso em: 11 nov. 2021.
BRASIL. Resolução n° 87, de 21 de novembro de 2008. Altera o Regulamento Técnico 
sobre Boas Práticas de Manipulação em Farmácias. Brasília, DF: Diário Oficial [da] 
República Federativa do Brasil, 21 nov. 2008. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.
br/bvs/saudelegis/anvisa/2008/res0087_21_11_2008.html. Acesso em: 19 nov. 2021.
BRASIL. Farmacopeia Homeopática Brasileira. 3. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde. 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2011. Disponível em: https://www.gov.br/
anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/farmacopeia-homeopatica/arquivos/8048json-
file-1. Acesso em: 15 nov. 2021.
BRASIL. Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira. 2. ed. Brasília, DF: Ministério 
da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2012. Disponível em: https://www.
gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-nacional/arquivos/8065json-
file-1. Acesso em: 11 nov. 2021.
BRASIL. Resolução – RDC n° 26, de 13 de maio de 2014. Dispõe sobre o registro 
de medicamentos fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos tradicionais 
fitoterápicos. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 13 maio 
2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/
rdc0026_13_05_2014.pdf. Acesso em: 11 nov. 2021. 
BRASIL. Resolução – RDC n° 200, de 26 de dezembro de 2017. Dispõe sobre 
os critérios para a concessão e renovação do registro de medicamentos com 
princípios ativos sintéticos e semissintéticos, classificados como novos, genéricos 
e similares, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República 
Federativa do Brasil, 28 dez. 2017. Disponível em: http://antigo.anvisa.gov.br/
documents/10181/3836387/%283%29RDC_200_2017_COMP.pdf/6316bee6-095d-
426b-9398-6b1f659078b5. Acesso em: 11 nov. 2021.
BRASIL. Resolução – RDC n° 301, de 21 de agosto de 2019. Dispõe sobre as 
Diretrizes Gerais de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos. Brasília, DF: Diário 
Oficial [da] República Federativa do Brasil, 22 ago. 2019a. Disponível em: https://www.
in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-301-de-21-de-agosto-de-2019-211914064. 
Acesso em: 11 nov. 2021.
84
BRASIL. Farmacopeia Brasileira. 6. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde. Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária, 2019b. 2 v. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/
pt-br/assuntos/farmacopeia/farmacopeia-brasileira/arquivos/7985json-file-1. Acesso 
em: 11 nov. 2021.
BRASIL. Medicamentos: conceitos e definições. Brasília, DF: Ministério da Saúde. 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/
anvisa/pt-br/acessoainformacao/perguntasfrequentes/medicamentos/conceitos-e-
definicoes/conceitos-e-definicoes. Acesso em: 11 nov. 2021.
CLARK, M. A. et al. Farmacologia ilustrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. p. 3-5.
EDLER, F. C. Boticas e pharmacias: uma história ilustrada da farmácia no Brasil. Rio de 
Janeiro: Casa da Palavra, 2006.
FERNANDES, T. M. Boticas, indústrias farmacêuticas e grupos de pesquisa 
em plantas medicinais: origens no Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2004. p. 27-76. 
Disponível em: https://books.scielo.org/id/bg6yw/pdf/fernandes-9788575413487-03.
pdf. Acesso em: 11 nov. 2021.
FERREIRA, A. O. Guia prático da farmácia magistral. 4. ed. São Paulo: Pharmabooks, 
2011. 2 v.
FUCHS, F. D.;  WANNMACHER, L. Farmacologia clínica e terapêutica. 5. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
LACHMAN, L.;  LIEBERMAN, H. A.;  KANIG, J. L. Teoria e prática na indústria 
farmacêutica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
PRISTA, N. L. Técnica farmacêutica e farmácia galena. 3. ed. Lisboa: Fundação 
Calouste, 1990. v. 1.
SIMÕES, C. M. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: 
Artmed, 2017.
85
OPERAÇÕES E CÁLCULOS EM 
FARMÁCIA MAGISTRAL
UNIDADE 2 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• reescrever a preparação e o controle de qualidade de medicamentos fitoterápicos;
• diferenciar as formulações farmacêuticas líquidas e semissólidas;
• sumarizar a preparação de formas farmacêuticas líquidas;
• explicar a preparação de formas farmacêuticas semissólidas.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – MEDICAMENTOS SINTÉTICOS, SEMISSINTÉTICOS E FITOTERÁPICOS 
LÍQUIDOS
TÓPICO 2 – MEDICAMENTOS SINTÉTICOS, SEMISSINTÉTICOS E FITOTERÁPICOS 
SEMISSÓLIDOS 
TÓPICO 3 – CONTROLE DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS E MATERIAL DE 
ACONDICIONAMENTO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
86
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 2!
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87
TÓPICO 1 — 
MEDICAMENTOS SINTÉTICOS, 
SEMISSINTÉTICOS E FITOTERÁPICOS 
LÍQUIDOS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade, aprenderemos sobre a obtenção de formas farmacêuticas 
líquidas e semissólidas. Além disso, também focaremos na composição de cada uma 
dessas formulações, de modo que você tenha habilidade em reconhecer o tipo de 
forma farmacêutica que está sendo preparado e a função dos excipientes usados. 
Anteriormente, na Unidade 1, contemplamos as características gerais de cada uma 
dessas formas farmacêuticas e nos atentamos ao fato de que os medicamentos 
costumam ter uma grande quantidade de excipientes, também denominados de 
insumos inertes ou adjuvantes. 
Você verá aqui na Unidade 2 que existe uma infinidade de adjuvantes que 
podem ser empregados. Como já descrito, é responsabilidade do farmacêutico definir 
os excipientes que deverão ser selecionados para preparar uma fórmula magistral. 
Assim, é fundamental conhecer as características dos fármacos que fazem parte da 
formulação para que se possa selecionar adequadamente os excipientes. Obviamente, 
é praticamente impossível que o farmacêutico tenha ciência das características de 
todos os fármacos, mas ele deve saber onde pesquisar tais informações para buscá-las, 
caso necessário.
Iniciaremos o estudo com as formas líquidas, abordando as características e as 
formas de preparação de soluções, xaropes e soluções extrativas. Posteriormente, ve-
remos as formas semissólidas, englobando emulsões, géis, pomadas e pastas. Discor-
reremos, também, sobre a preparação de fitoterápicos líquidos e semissólidos, trazendo 
conceitos importantes em reologia e em equilíbrio hidrófilo-lipófilo (EHL). A reologia é 
relevante para formas semissólidas, enquanto o EHL é importante para emulsões. 
2 SOLUÇÕES FARMACÊUTICAS
As soluções são formas farmacêuticas líquidas que podem ser destinadas à 
administração por via oral, via tópica ou por vias injetáveis. Você se recorda de que 
soluções podem ser usadas por via enteral ou parenteral? Lembre-se de que a via 
enteral inclui a via oral e sublingual, ao passo que as vias intravenosa, intramuscular, 
cutânea e oftálmica são parenterais. No entanto, a maioria das soluções preparadas em 
88
farmácias é destinada ao uso oral ou tópico. Conforme já explanado, a preparação de 
formulações injetáveis ainda é uma realidade em poucas farmácias. Da mesma forma, 
poucas farmácias preparam medicamentos por via oftálmica. Dessa forma, trataremos 
da preparação e da composição das soluções de uso oral e tópiconesta unidade.
 
No entanto, antes de compreendermos a composição e a preparação de solu-
ções, precisamos rever os conceitos de medicamento sintético, semissintético e fito-
terápico. Os medicamentos sintéticos e semissintéticos são aqueles que conhecemos 
como genéricos, similares e medicamentos inovadores (BRASIL, 2020). Já o medica-
mento fitoterápico é aquele obtido de uma parte de uma planta (por exemplo, da flor 
ou do fruto) ou de uma planta inteira (BRASIL, 2014). Por exemplo, um medicamento 
semissintético é aquele que contém ácido acetilsalicílico (AAS). Nesse caso, ocorre uma 
semissíntese a partir do ingrediente natural, que é o ácido salicílico. Realiza-se uma mo-
dificação química na molécula do ácido salicílico, a fim de obter-se uma outra molécula 
menos tóxica (nesse caso, o AAS) (OLIVEIRA et al., 2012).
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES
As soluções são compostas por fármaco(s) e excipientes. Vários excipientes 
são empregados, sendo um deles o veículo. Vamos rever o conceito de veículo? 
Veículo é o solvente da formulação, o meio líquido em que estarão o fármaco e os 
excipientes. Assim, se o veículo for aquoso teremos uma solução aquosa. Se o veículo 
for composto por água e etanol teremos uma solução hidroalcoólica. Se o veículo 
tiver qualquer veículo que não seja a água, a solução preparada com esse veículo é 
dita solução não aquosa. Diante disso, você pode estar questionando o porquê de 
se preparar uma solução não aquosa ou hidroalcoólica. Por causa da solubilidade do 
fármaco (AULTON; TAYLOR, 2016).
Muitos fármacos apresentam baixa solubilidade em água e, nesse caso, não 
é possível preparar uma solução somente com água, pois uma solução requer que o 
fármaco esteja solúvel no veículo. Precisa-se muitas vezes usar o que chamamos de 
cossolvente, um excipiente que ajuda a solubilizar o princípio ativo. Sem dúvidas que 
o uso da água como veículo é o ideal em termos de compatibilidade fisiológica, já que o 
nosso organismo é formado basicamente por água. Contudo, a água afeta a estabilidade 
de um medicamento, já que é o meio ideal para a contaminação microbiológica e 
também é o meio onde ocorrem certas reações químicas, como a hidrólise (AULTON; 
TAYLOR, 2016).
89
Veja que, na preparação de soluções, o conhecimento da solubilidade de 
um fármaco, seja ele um fármaco ou uma droga vegetal, é fundamental 
para a seleção do veículo apropriado.
ATENÇÃO
A Figura 1 apresenta a imagem de uma solução de iodo. De acordo com o 
Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira, a solução de iodo a 10% contém glicerol, 
água, propilenoglicol e solução de ácido cítrico a 25% q.s.p. e pH 5,5. Água, glicerol 
e propilenoglicol são os solventes da fórmula, sendo os dois últimos os cossolventes. 
Assim, por ter água, a solução se classifica como aquosa. Você se lembra do Formulário 
Nacional da Farmacopeia Brasileira e do conceito de q.s.p.? Veja como são importantes, 
pois explanamos sobre eles na Unidade 1 e nesta unidade voltaremos a mencioná-los.
FIGURA 1 − SOLUÇÃO DE IODO
FONTE: <https://bit.ly/3Nj4jn8>. Acesso em: 8 dez. 2021.
A solubilidade é uma característica inerente de cada fármaco, que pode ser 
obtida através do laudo de análise do fornecedor ou de documentos oficiais, como as 
monografias da Farmacopeia Brasileira ou de farmacopeias de outros países, como 
a americana (chamada de USP). No volume 2 da Farmacopeia Brasileira, conforme já 
discorremos, são encontradas as monografias de cada fármaco. Em cada uma dessas 
monografias, consta a solubilidade do fármaco em diferentes solventes. Assim, um 
fármaco pode ser solúvel ou facilmente solúvel em um solvente e insolúvel em outro 
(BRASIL, 2019). 
Normalmente, princípios ativos lipofílicos têm baixa solubilidade em água, mas 
apresentam solubilidade em etanol. Nesses casos, o veículo apropriado é hidroalcoólico, 
isto é, uma mistura de água e etanol. Isso é comum nas soluções extrativas, como as 
tinturas. Por exemplo, a tintura de carqueja, cuja fórmula está descrita no formulário 
90
de fitoterápicos, deve ser preparada usando o caule da planta e álcool etílico a 70%. O 
álcool etílico (ou solução hidroalcoólica) a 70% significa que há 70 mL de etanol em 100 
mL de solução (BRASIL, 2021). Já vimos a interpretação do uso do percentual como 
concentração quando falamos de cálculos farmacêuticos. 
Em homeopatia, as tinturas são chamadas de tinturas-mãe e podem ser 
preparadas a partir de partes de animais ou de vegetais.
ESTUDOS FUTUROS
Além da classificação das soluções conforme o tipo de solvente, elas também 
são classificadas conforme a via de administração em orais, para a cavidade oral, 
tópicas, otológicas, oculares, nasais, retais, vaginais e parenterais. As soluções orais são 
aquelas destinadas ao uso por via oral e são constituídas por água. As soluções para a 
cavidade oral são destinadas ao uso na cavidade oral e também contêm água (AULTON; 
TAYLOR, 2016). Como exemplo, temos os exaguantes bucais, como a solução de cloreto 
de cetilpiridínio, cuja fórmula também consta no Formulário Nacional da Farmacopeia 
Brasileira. O cetilpiridínio é um fármaco antisséptico, cujo uso é muito recomendado por 
dentistas para prevenir a formação de gengivite (BRASIL, 2012).
As soluções tópicas são aquelas usadas para uma ação localizada. Recorde-se 
de que as formas farmacêuticas têm ação sistêmica ou tópica. Dentre as de ação tópica, 
está a via cutânea, para a qual é permitida a utilização de soluções aquosas ou não 
aquosas. Outro tipo de solução tópica são as otológicas, que são destinadas à aplicação 
no ouvido e podem ser aquosas ou não. Por outro lado, as soluções oculares contêm 
água, necessitam ser estéreis e devem ter pH compatível com a lágrima (AULTON; 
TAYLOR, 2016). 
As soluções nasais são aquosas e assim como as oculares devem ter ajuste de 
pH, de modo que a fórmula tenha pH compatível com os fluidos nasais. As soluções retais 
e vaginais são empregadas para uso no reto e na vagina, respectivamente. Enquanto as 
retais podem ser aquosas ou não, as vaginais são sempre aquosas. Cabe destacar aqui 
que as soluções de uso retal são também chamadas de enemas. Por fim, as soluções 
injetáveis necessitam ser estéreis (AULTON; TAYLOR, 2016). 
Ainda dentro da classificação das soluções, há as soluções extrativas, que 
são obtidas a partir do contato de um solvente com uma planta ou uma droga vegetal. A 
extração dos princípios ativos do vegetal ocorre devido à presença do solvente e através 
de operações farmacêuticas, como a maceração, cujas características foram expostas 
91
na unidade anterior (PRISTA, 1990). Dentre as soluções extrativas estão os extratos, 
as tinturas e as águas aromáticas. Os extratos podem ser aquosos ou não. As tinturas 
empregam solvente hidroalcoólico ou alcoólico. Por sua vez, as águas aromáticas 
são fórmulas aquosas que contêm substâncias voláteis, por isso são denominadas 
de aromáticas (AULTON; TAYLOR, 2016). Observe que, ao falarmos de vegetais, não 
mencionamos fármaco vegetal e sim droga vegetal (BRASIL, 2014).
Além do exposto, destacam-se também outros tipos de soluções: os xaropes e 
os elixires. Os xaropes são fórmulas açucaradas, enquanto os elixires são fórmulas que 
contêm etanol como cossolvente. Por exemplo, um elixir é empregado para preparar 
a fórmula líquida de fenobarbital (FERREIRA, 2011). O fenobarbital é um fármaco 
barbitúrico, muito empregado para o tratamento de convulsões (CLARK et al., 2013). 
Inclusive, esse fármaco consta na Portaria nº 344/1998 e por isso a farmácia deve ter a 
autorização especial para poder preparar qualquer formulação contendo esse fármaco 
(BRASIL, 2007). O Quadro 1 resume as classificações das soluções.
QUADRO 1 − CLASSIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES
Conforme o solvente
Conforme a via de 
administração
Tipos de soluções
Aquosas
Não aquosas
Hidroalcoólicas
Orais
Tópicas
Nasais
Oftálmicas
Otológicas
Retais
Vaginais
Cavidade oral
Parenterais
Xaropes
Águas aromáticas
Elixires
Tinturas
Extratos 
FONTE: Aulton e Taylor (2016,p. 382-384)
O Quadro 1 traz três classificações de soluções: conforme o solvente, conforme 
a via de administração e os tipos de soluções. Na classificação conforme o solvente, 
temos soluções aquosas (se houver água na fórmula), não aquosas (se não contiver 
água), hidroalcoólicas (se tiver água e etanol na composição). A classificação das 
soluções conforme a via de administração deve levar em consideração os requisitos 
fisiológicos de cada via, sendo permitidas soluções não aquosas nas vias retal, cutânea 
e otológica (AULTON; TAYLOR, 2016). Por fim, as soluções são ainda subclassificadas em 
xaropes, elixires, extratos, tinturas e águas aromáticas. Cabe destacar que as tinturas, 
os extratos e as águas aromáticas são soluções extrativas (PRISTA, 1990). 
92
2.2 COMPOSIÇÃO DAS SOLUÇÕES
Como você perceberá ao longo desta unidade, não existe uma forma farma-
cêutica perfeita, pois todas elas têm vantagens e desvantagens. Podemos citar como 
vantagens a rápida ação do fármaco e a fácil deglutição. A rápida ação do fármaco 
ocorre porque o fármaco está solúvel e isso facilita a dissolução no organismo. A fácil 
deglutição se deve ao fato de ser mais fácil deglutir uma forma líquida do que uma 
forma sólida (como cápsulas, por exemplo). Como desvantagens das soluções estão a 
instabilidade ou a insolubilidade do fármaco e a maior dificuldade de transporte em re-
lação a formas sólidas, como as cápsulas e os comprimidos (AULTON; TAYLOR, 2016).
Você sabia que após administrar um medicamento, o fármaco precisa 
ser primeiramente dissolvido para que possa ser absorvido pelo 
organismo? Uma vez que na solução o fármaco já está dissolvido, 
a ação farmacológica é mais rápida em comparação a outras formas 
farmacêuticas.
NOTA
A seleção da forma farmacêutica depende das características do fármaco, 
das características da via de administração e também das características do paciente. 
Quanto às características do fármaco, para obter uma solução, é requisito que o fármaco 
esteja solúvel no solvente. Quanto às vias de administração, para algumas vias, só é 
possível preparar solução aquosa. Como fazer então caso o fármaco seja insolúvel em 
água e a via de administração requer obrigatoriamente um meio aquoso? Há algumas 
opções: preparar uma suspensão ou usar algum cossolvente.
Vamos relembrar que crianças têm dificuldade de deglutir e por isso as soluções 
e as suspensões são formas ideais. Além disso, idosos também têm dificuldade de 
deglutição e por isso essas formas também são ideais para esses pacientes. Ademais, em 
pacientes acamados ou inconscientes, pode ser necessário o uso de formas injetáveis 
(em solução ou suspensão), pois esses pacientes também podem ter dificuldade ou 
impossibilidade de engolir o medicamento. No entanto, se pensarmos em um paciente 
adulto, poderá ser possível usar outra forma farmacêutica. Diante de todos esses fatos, 
deve-se definir a forma farmacêutica mais adequada. 
Antes de adentrarmos propriamente na composição das soluções, ressaltaremos 
alguns aspectos importantes sobre fitoterápicos. Primeiramente, precisamos entender 
que, a partir de uma planta ou parte de uma planta, obtém-se a droga vegetal. Esta 
droga deve ser submetida a um processo de estabilização (BRASIL, 2014). A estabilização 
93
consiste em submeter a planta à ação de calor ou de frio, a fim de inativar enzimas da 
própria planta, as quais podem alterar a composição química do material. A alteração 
da composição química poderá modificar significativamente o efeito farmacológico 
(SIMÕES et al., 2017). 
A partir da obtenção de droga vegetal são então preparadas as soluções 
extrativas, tais como os extratos, que podem ser líquidos, sólidos ou semissólidos. Os 
extratos líquidos são aqueles que contêm solvente na sua composição, que foi usado 
para extrair os princípios ativos de interesse na droga. Os extratos sólidos são aqueles 
em que o solvente usado para extrair os princípios ativos foi removido por evaporação. 
O extrato mole ou semissólido é aquele no qual parte do solvente foi removido 
(BRASIL, 2019; SIMÕES et al., 2017). Os extratos e as tinturas são comumente usados 
para a obtenção de medicamentos fitoterápicos. Alguns exemplos da aplicação dessas 
soluções extrativas em medicamentos estão presentes no Quadro 2.
QUADRO 2 − EXTRATOS E TINTURAS EMPREGADOS EM FITOTERÁPICOS 
Extratos/Tinturas
Medicamento 
fitoterápicoNome 
popular
Nome científico
Tipo de 
solução
Parte 
usada
Calêndula Calendula officinalis
Extrato fluido
Flor
Creme
Tintura 
Alcaçuz Glycyrrhiza glabra L Extrato seco Raiz Cápsulas
Castanha-
da-Índia
Aesculus 
hippocastanum L.
Extrato seco
Semente
Cápsulas, Gel, 
Pomada
Tintura Gel, Pomada
FONTE: A autora
Os extratos apresentados no Quadro 2 foram retirados do Formulário Nacional 
de Fitoterápicos, que é um documento no qual constam as fórmulas e a preparação de 
fitoterápicos (BRASIL, 2021), similar ao Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira. 
Ao mencionar fitoterápicos, é necessário descrever o nome científico da planta. Muitas 
vezes, plantas completamente diferentes têm nomes populares iguais. Assim, o nome 
científico é fundamental e evita equívocos. Quanto aos extratos, é preciso ressaltar que 
a parte da planta usada é muito importante. Uma determinada parte da planta pode ser 
tóxica e a outra pode ter propriedades terapêuticas. 
94
Quanto aos medicamentos preparados a partir dos extratos e tinturas de-
monstrados no Quadro 2, pode-se afirmar que extratos secos são empregados para 
obter a forma de cápsulas. Por sua vez, extratos fluidos e tinturas (que são sempre 
formas líquidas) podem ser empregados para obter formas semissólidas. Lembre-se 
de que a Resolução de Boas Práticas de Manipulação permite que a farmácia tenha 
estoque mínimo. Assim, poderá ser previamente preparado um creme no qual poderá 
ser adicionado o extrato ou a tintura de interesse.
 
A composição das soluções varia dependendo dos tipos de excipientes ne-
cessários e incluem cossolventes, açúcares, adoçantes, corantes, espessantes, 
conservantes, flavorizantes, antioxidantes, agentes quelantes e ajustadores 
de pH (AULTON; TAYLOR, 2016). A Tabela 1 apresentará exemplos desses excipientes. 
Os cossolventes já descrevemos anteriormente. Os açúcares e os adoçantes são em-
pregados nos xaropes, sendo os adoçantes usados em xaropes sem sacarose (açúcar) 
(AULTON; TAYLOR, 2016). A Figura 2 apresenta um exemplo de um xarope.
FIGURA 2 − XAROPE
FONTE: <https://bit.ly/3wsPKas>. Acesso em: 9 dez. 2021.
Na Figura 2, vemos que o xarope tem cor vermelha e que é viscoso. A cor 
vermelha deve-se à adição de corante na fórmula. Os corantes são ingredientes que 
têm por finalidade dar cor ao produto para deixá-lo com uma aparência melhor e mais 
atrativa. Portanto, o corante é um ingrediente opcional e não imprescindível na fórmula. 
A viscosidade é uma característica dos xaropes que, no caso dos xaropes tradicionais 
(com açúcar), se deve à grande quantidade de sacarose em sua composição. No caso de 
xaropes dietéticos (sem açúcar), pode-se adicionar um agente espessante que aumenta 
a viscosidade, a fim de se obter uma fórmula com viscosidade adequada (BRASIL, 2019). 
Alguns desses espessantes são também usados para preparar géis (AULTON; TAYLOR, 
2016; FERREIRA, 2011).
Os conservantes são excipientes que protegem o produto de contaminação por 
fungos e bactérias e são obrigatórios quando existe a presença de água, exceto em 
xaropes contendo sacarose. Os flavorizantes são ingredientes usados para mascarar o 
sabor dos fármacos, pois muitos deles têm sabor amargo. O sabor tem importância para 
95
soluções de uso oral e, portanto, flavorizantes são necessários nesses casos. Além disso, 
os flavorizantes e os corantes devem ser selecionados de modo a combinarem. Assim, 
se o flavorizante é de laranja, deve-se usar corante amarelo ou amarelo-alaranjado. Já 
os antioxidantes são empregados para evitar reações de oxidação, pois estas podem 
alterar as característicasdo produto, bem como comprometer o efeito do medicamento 
(AULTON; TAYLOR, 2016). 
TABELA 1 − EXCIPIENTES EMPREGADOS EM SOLUÇÕES DE USO MAGISTRAL
Excipiente Exemplos
Cossolventes Etanol, glicerol, propilenoglicol, álcool isopropílico
Açúcar ou Sacarose
Adoçantes ou edulcorantes Sacarina, sorbitol, xilitol, manitol, aspartame, 
sucralose
Corantes Azul, vermelho, amarelo
Espessantes Hidroxietilcelulose, hipromelose, carmelose, 
carbômero
Conservantes Metilparabeno, propilparabeno, cloreto de 
benzalcônio, benzoato de sódio
Flavorizantes Baunilha, laranja, mentol, óleo de amêndoas, 
vanilina
Antioxidantes Metabissulfito de sódio, ácido ascórbico, butil-
hidroxitolueno (BHT)
Quelantes Edetato (EDTA) dissódico, EDTA cálcico
Ajustadores de pH Ácido cítrico, hidróxido de sódio
FONTE: Aulton e Taylor (2016, p. 385); Thompson e Davidow (2013, p. 279)
Os quelantes são insumos empregados para sequestrar metais que possam 
estar presentes nas fórmulas. Uma vez que esses metais podem provocar reações 
químicas indesejadas no produto, pode ocorrer alteração na estabilidade da solução 
(AULTON; TAYLOR, 2016). Por fim, os ajustadores de pH são empregados para alterar o 
pH da fórmula final, podendo ser agentes acidificantes (que reduzem o pH), como o ácido 
cítrico, ou alcalinizantes (que aumentam o pH), como o hidróxido de sódio (THOMPSON; 
DAVIDOW, 2013). Nesse momento, talvez haja o questionamento do motivo para alterar 
o pH. Isso ocorre porque a alteração de pH poderá aumentar a solubilidade de fármacos 
que sejam ácidos ou básicos. Para fármacos básicos, a diminuição do pH aumenta a 
solubilidade, ao passo que o aumento do pH aumenta a solubilidade de fármacos ácidos 
(AULTON; TAYLOR, 2016).
96
2.3 PREPARAÇÃO EM NÍVEL MAGISTRAL
A preparação de soluções inicia-se com a seleção do solvente ou solventes 
apropriados para solubilizar o fármaco, pois é requisito obrigatório a sua solubilidade. 
Como estamos falando de solução, há sempre um soluto, solvente e excipientes. O soluto 
é o fármaco, enquanto o solvente é o veículo que solubiliza o soluto. Os excipientes 
são os corantes, os antioxidantes, os quelantes, os ajustadores de pH, os flavorizantes 
etc. Deve-se então definir aqueles excipientes que devem estar contidos na fórmula. 
Após, segue-se as operações farmacêuticas básicas de pesagem de sólidos e medida 
de volume de líquidos (BRASIL, 2007).
Após a pesagem ou medida de volume de todos os ingredientes necessários, 
deve-se misturá-los para obter a solução. Essa mistura pode ser realizada através 
de uso de agitação, tal como demonstrada na Figura 3 ou mediante aquecimento. O 
aquecimento favorece a dissolução do soluto no solvente (BRASIL, 2007), fazendo com 
que a solubilização ocorra de forma mais rápida do que ocorreria sem aquecimento. No 
entanto, como já exploramos, é fundamental ter conhecimento se o fármaco é termolábil. 
Ademais, o fármaco pode se solubilizar rapidamente no solvente e cossolvente (se 
houver), tornando desnecessário o emprego de calor.
FIGURA 3 − DISSOLUÇÃO DO SOLUTO NO SOLVENTE
FONTE: <https://shutr.bz/3D7dPot>. Acesso em: 9 dez. 2021.
Após a dissolução, empregando calor ou não, pode-se fazer a filtração, operação 
de separação que separa qualquer partícula, pois a solução deve ser translúcida. Enfim, 
para que você tenha uma visão geral de fórmulas, uma fórmula de solução é apresentada 
no Quadro 3. Observe que para preparar a solução final, deve-se preparar uma solução 
de clorexidina. Isso significa que é preciso preparar previamente uma solução antes de 
adicionar os demais componentes. Destaca-se o polissorbato 80, um ingrediente que é 
usado para ajudar na solubilização, e o ácido lático, agente acidificante. O polissorbato 
80 é um tensoativo. Posteriormente, veremos com mais detalhes as suas características 
(BRASIL, 2012).
97
QUADRO 3 − SOLUÇÃO DE CLOREXIDINA A 0,5%
Solução de digliconato de clorexidina (p/V) 20% (p/v) 2,5 mL Álcool isopropílico 
5,7 mL
Cloreto de benzalcônio 50% (p/v) 
Polissorbato 80................ 2 mL
Ácido láctico 85% (v/v) q.s. pH 5,5 - 6,5 
Água purificada q.s.p. 100 mL
FONTE: Brasil (2012, p. 79)
O Quadro 4 apresenta a composição de um xarope de captopril. Nesta 
composição, há somente o captopril como fármaco. O ascorbato de sódio é uma 
forma de sal do ácido ascórbico com ação antioxidante. Perceba também a presença 
do EDTA, agente quelante (FERREIRA, 2011). Note que no Quadro 3 não há quelante 
ou antioxidante. Assim, podemos concluir que quelantes e antioxidantes não são 
obrigatórios em todas as soluções (AULTON; TAYLOR, 2016).
QUADRO 4 − XAROPE DE CAPTOPRIL
Captopril 100 mg
Ascorbato de sódio 0,5 g
EDTA-Na 0,1 g
Tampão citrato q.s. pH 4,0
Xarope simples......q.s.p....100 mL
FONTE: Ferreira (2011, p. 278)
Além do exposto no Quadro 4 há também o tampão citrato usado com a 
função de ajustar o pH. Os tampões, tal como o ácido cítrico e o hidróxido de sódio, são 
ajustadores de pH. Recapitulando o conceito de q.s.: quantidade suficiente. Assim, o 
tampão só será adicionado até se atingir o pH descrito na fórmula, que é correspondente 
a 4,0. Lembre-se também de que, para fins de cálculos do tipo q.s.p., os ingredientes 
do tipo q.s. não são contabilizados (FERREIRA, 2011). Enfim, há ainda o xarope simples, 
cuja fórmula pode ser encontrada no Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira e é 
composta por 85 g de sacarose e 100 mL de água purificada (BRASIL, 2012).
3 SUSPENSÕES FARMACÊUTICAS
As suspensões, assim como as soluções, podem ser empregadas por várias 
vias de administração, incluindo as vias enterais e parenterais. Dentre as vias enterais, 
as suspensões podem ser empregadas por via oral, retal e sublingual. Já com relação 
às vias parenterais, é apropriado empregar suspensões para a via cutânea, oftálmica, 
nasal, subcutânea e intramuscular. Tendo em vista que em farmácias magistrais as 
suspensões são preparadas principalmente para a via oral ou tópica, serão abordados 
os aspectos relativos à obtenção de suspensões para essas vias.
98
De modo geral, os mesmos excipientes empregados para as soluções podem 
ser usados em suspensões, incluindo os conservantes, os antioxidantes e os quelantes. 
A vantagem das suspensões em comparação a soluções é que, pelo fato de o fármaco 
estar insolúvel, fica menos palatável. A maioria dos fármacos tem sabor amargo e o 
fato de esse sabor não ficar tão perceptível, poderá tornar desnecessário o uso de 
flavorizantes em suspensões. Contudo, nas suspensões, alguns outros excipientes 
são necessários, como agentes molhantes, agentes suspensores, floculantes 
e umectantes (FERREIRA, 2011). A desvantagem relacionada às suspensões é a 
ocorrência de sedimentação de partículas (AULTON; TAYLOR, 2016).
3.1 PRINCÍPIOS TEÓRICOS DA SEDIMENTAÇÃO DE 
PARTÍCULAS
A sedimentação é o fenômeno em que as partículas sedimentam no fundo 
de um frasco devido à ação da gravidade. Uma vez que o fármaco está disperso em 
uma suspensão, ele tem tendência à sedimentação. A velocidade com que ocorre essa 
sedimentação depende da interação entre o fármaco e os demais ingredientes que 
compõem a fórmula (AULTON; TAYLOR, 2016). Veja a Figura 4, que apresenta a imagem 
de um antibiótico na forma de suspensão. É comum que antibióticos beta-lactâmicos 
sejam preparados como suspensões (FERREIRA, 2011). Perceba que a suspensão tem 
um caráter leitoso e algumas partículas podem ser observadas no frasco do produto.
FIGURA 4 – ANTIBIÓTICO EM SUSPENSÃO
FONTE: <https://shutr.bz/3qtVlcE>. Acesso em: 9 dez. 2021.
Na Figura 4, você vê também que o frasco está sendo vertido em um dispositivo 
dosador para que a dose correta de antibiótico possa ser administrada. Nesse processo 
de verter o frasco, as partículas do fármaco devem ser vertidas para o medidor. Ressalta-
se que, assim como nas soluções, as suspensões são compostas de excipientes e 
fármaco. Então, idealmente, as partículas do fármaco em conjunto com o excipiente 
devem escoar do frasco para que o tratamento seja efetivo. Diversamente,se somente 
as partículas de excipientes escoarem, não haverá fármaco e, portanto, não haverá 
tratamento farmacológico (FERREIRA, 2011). 
99
V= 
Idealmente, uma suspensão deve sedimentar lentamente e redispersar 
rapidamente. Após a sedimentação, deve ocorrer a redispersão das partículas, pois 
com a sedimentação estas partículas se depositam no fundo do frasco. A redispersão 
é alcançada quando agitamos o frasco contendo a suspensão. No entanto, na prática, 
não é possível ter uma sedimentação lenta e uma redispersão rápida. Somente um 
desses dois comportamentos é alcançado: sedimentação lenta ou redispersão rápida. 
A velocidade com que as partículas sedimentam e a sua facilidade de redispersão 
são determinadas em função da interação entre as partículas dos ingredientes da 
suspensão, sejam elas do fármaco ou dos excipientes (AULTON; TAYLOR, 2016).
Assim, temos dois possíveis sistemas que podem ser obtidos: floculado ou 
defloculado. Os sistemas floculados têm sedimentação e redispersão mais rápidas. 
Os sistemas defloculados têm sedimentação e redispersão lenta. Como a redispersão 
interfere na quantidade de fármaco em cada dose, isso afetará o tratamento. O ideal é 
o desenvolvimento de sistemas floculados, pois a redispersão é mais fácil (FERREIRA, 
2011). Perceba que não é possível evitar completamente a sedimentação, por isso são 
utilizados excipientes e técnicas que ajudam a diminuí-la.
Você sabia que uma suspensão deve ser agitada antes do uso? Isso 
é importante para garantir a redispersão das partículas e assegurar a 
uniformidade da dose do fármaco.
IMPORTANTE
A velocidade de sedimentação segue os princípios da equação chamada de 
Stokes-Einstein, cuja fórmula está apresentada no Quadro 5 a seguir. Essa lei é a base 
para a compreensão de várias técnicas empregadas para reduzir a velocidade de sedi-
mentação. Pelos princípios básicos da matemática, todos aqueles componentes que es-
tão no numerador são proporcionais à sedimentação. Por sua vez, os componentes que 
estão no denominador são inversamente proporcionais à sedimentação (FERREIRA, 2011).
QUADRO 5 – LEI DE STOKES
FONTE: A autora
100
O Quadro 5 tem V como sendo a velocidade de sedimentação, r é o raio das 
partículas, g é a gravidade, é a viscosidade, Ps é a densidade das partículas sólidas e 
Pi é a densidade da fase líquida. A densidade da fase líquida é aquela correspondente 
ao veículo. Ao analisar a fórmula, percebe-se que se deve calcular a diferença de 
densidade do sólido e do líquido. Portanto, podemos concluir que, quanto menor a 
diferença de densidade, menor a velocidade de sedimentação. Por outro lado, quanto 
maior a diferença de densidade, maior a velocidade de sedimentação (FERREIRA, 2011). 
Ainda pela equação, vemos que há no numerador o raio (r) e a gravidade. 
Uma vez que são variáveis proporcionais, quanto maiores o raio e a gravidade, maior a 
velocidade de sedimentação. No entanto, a gravidade no planeta Terra é constante. No 
denominador, tem-se a viscosidade. O aumento da viscosidade diminui a velocidade 
de sedimentação, pois ela é inversamente proporcional à sedimentação. Diante 
da interpretação e do conhecimento da lei de Stokes, podemos verificar que alguns 
parâmetros não podem ser modificados, como a gravidade. No entanto, do ponto de 
vista farmacotécnico, é possível alterar o raio das partículas, a viscosidade e a densidade 
da fase líquida (FERREIRA, 2011).
Na rotina da farmácia magistral, os recursos mais utilizados para o controle da 
sedimentação são o aumento da viscosidade e/ou a alteração do raio das partículas. 
O aumento da viscosidade pode ser realizado através de espessantes, com alguns 
representantes apresentados anteriormente nesta unidade. Aqui, quando mencionamos 
as suspensões, usamos o nome de agente suspensor, mas, na prática, espessantes e 
agente suspensor têm a mesma função: aumentar a viscosidade. Já a alteração do raio 
é realizada através da redução de tamanho de partícula (FERREIRA, 2011). Relembremos 
que a redução de tamanho de partícula é realizada através do gral e pistilo na operação 
farmacêutica, denominada de pulverização (PRISTA, 1990).
3.2 COMPOSIÇÃO DAS SUSPENSÕES
As suspensões têm em sua composição ingredientes similares às soluções, 
como os conservantes, obrigatórios em formulações líquidas devido ao risco de conta-
minação por microrganismos. Outros excipientes, como antioxidantes, ajustadores de 
pH, sequestrantes, tampões e cossolvente podem ser empregados, dependendo das ca-
racterísticas da formulação a ser preparada e do fármaco nela contido. A Tabela 2 apre-
sentará as categorias de excipientes em suspensões e alguns representantes dessas 
categorias. Ressalta-se que são trazidos somente alguns exemplos (FERREIRA, 2011).
Os agentes suspensores têm a função de suspender as partículas, evitando que 
elas se depositem no fundo do frasco através do aumento da viscosidade da formulação. 
Nessa categoria, podemos citar os carbômeros, muito usados para a obtenção de géis, 
conforme abordaremos mais adiante. Além dos suspensores explicitados na Tabela 2, 
citam-se a goma arábica, a hidroxipropimetilcelulose (HPMC), a povidona e o alginato 
de sódio (FERREIRA, 2011). 
101
Os agentes floculantes são aqueles empregados para que se evite a formação 
de flocos, que ocorre quando várias partículas se agregam e formam uma partícula 
maior. Os principais exemplos desses tipos de excipientes são os tensoativos e os ele-
trólitos. Os eletrólitos, como o cloreto de sódio, alteram a interação entre as partículas, 
o que em consequência altera a sedimentação/redispersão. Os tensoativos incluem, 
por exemplo, o lauril sulfato de sódio e o polissorbato 80. Contudo, vários outros podem 
ser utilizados (FERREIRA, 2011).
Você sabe o que é um tensoativo? Eles têm diversas finalidades tanto 
em medicamentos como em cosméticos. Tensoativos são, por exemplo, 
os ingredientes fundamentais de um xampu, pois são eles que fazem a 
limpeza do cabelo e do couro cabeludo.
INTERESSANTE
TABELA 2 – EXCIPIENTES EMPREGADOS EM SUSPENSÕES
Excipiente Exemplos
Conservantes Metilparabeno, propilparabeno
Agentes suspensores
Carboximetilcelulose, Carbômero, 
bentonita, hidroxietilcelulose, dióxido de 
silício coloidal
Agentes floculantes
Lauril sulfato de sódio, cloreto de sódio, 
polissorbato 80
Agentes molhantes
Glicerina, propilenoglicol, bentonita, lauril 
sulfato de sódio, polissorbato 80
Antioxidantes
Butil-hidroxitolueno (BHT), Butil-
hidroxianisol (BHA)
Sequestrante EDTA
Cossolvente Etanol
Veículos Glicerina, propilenoglicol, sorbitol 70%
Ajustadores de pH Tampões
FONTE: A autora
102
Ainda sobre as particularidades das suspensões, há os agentes molhantes ou 
umectantes, usados com a finalidade de facilitar a molhagem das partículas do fármaco 
(FERREIRA, 2011). Como já é de conhecimento, nas suspensões, o fármaco não está 
solúvel, ele está suspenso (ou também chamado de disperso) no veículo. Se um fármaco 
não consegue ser bem disperso no veículo, você imagina que será possível preparar 
uma suspensão adequada? Não! Se o fármaco não conseguir ser disperso no veículo, 
isso afetará o efeito farmacológico. Dentre os agentes molhantes estão também os 
tensoativos. 
A Figura 5 traz um exemplo de uma loção de calamina. Você já viu essa foto 
anteriormente. Aqui ela está sendo apresentada como um exemplo de suspensão. 
Ela recebe o nome de loção, pois este termo também se aplica a formas líquidas, 
como solução e suspensão (BRASIL, 2019). De acordo com o Formulário Nacional 
da Farmacopeia Brasileira, a loção de calamina é empregada de forma tópica como 
anti-inflamatório e para controle de prurido (coceira) (BRASIL, 2012). Devido a essa 
propriedade antiprurido, a loção de calamina é bastante usada para picadas de insetos 
e, devido a sua cor rosada, deixa também a pele com essa coloração.
FIGURA 5 – LOÇÃO DE CALAMINA
FONTE: <https://bit.ly/3JGMNac>. Acesso em: 19 nov. 2021.
Na fórmula da loção de calamina, consta o magma de bentonita,glicerina, 
além de conservantes (BRASIL, 2012). Pelas informações da Tabela 2, concluímos que 
o magma de bentonita exerce ação como suspensor ou como floculante. Constatamos 
assim que ele pode ter duas funções diferentes. No entanto, somente com a imagem da 
Figura 5 não podemos concluir exatamente a sua função na suspensão. Para além disso, 
a glicerina é usada como agente molhante (FERREIRA, 2011). Por fim, no Formulário 
Nacional da Farmacopeia Brasileira, é recomendado o uso de solução de parabenos, 
formada por metilparabeno, propilparabeno e propilenoglicol (BRASIL, 2012).
Anteriormente, mencionamos as suspensões de antibióticos. Essas suspensões 
podem ser comercializadas em uma forma já pronta para o uso, no qual basta que o 
paciente use algum dispositivo dosador para administrar um medicamento. Entretanto, 
há situações em que eles são comercializados na forma de pó e é necessário adicionar 
103
um veículo antes de usar o medicamento. Nesses casos, tem-se um pó para a suspensão, 
tal como mostrado na Figura 6, sendo comum para antibióticos betalactâmicos, como a 
amoxicilina (FERREIRA, 2011). 
Leia sobre o desenvolvimento de preparações extemporâneas de uso 
pediátrico em:
https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/28850.
DICAS
FIGURA 6 – PÓ DE AMOXICILINA PARA SUSPENSÃO
FONTE: <https://bit.ly/3qwiTxw>. Acesso em: 10 dez. 2021.
Possivelmente, você ou algum familiar seu já usou algum antibiótico na forma 
de pó para a suspensão. Essa forma de apresentação do antibiótico é comum para 
medicamentos industrializados e ocorre devido a sua baixa estabilidade. Quando 
o antibiótico é preparado em uma forma sólida, apresenta uma estabilidade maior. 
Obviamente, é fundamental a orientação ao paciente ou ao seu cuidador para que 
este adicione água filtrada após o seu resfriamento. No rótulo desses produtos, 
também há uma marcação que identifica o volume de água que deve ser adicionado. 
A partir do momento em que a água é adicionada, tem-se a suspensão extemporânea 
(FERREIRA, 2011).
3.3 PREPARAÇÃO EM NÍVEL MAGISTRAL
Vários métodos são empregados para a obtenção de suspensões em nível 
magistral, sendo o mais comum aquele em que o sólido é disperso em um agente 
molhante e essa mistura de sólido e agente molhante é adicionada a uma formulação 
104
líquida contendo agente suspensor. Portanto, a preparação de suspensões ocorre 
em algumas etapas. Isso requer a existência de vidraria apropriada e em quantidade 
suficiente, além de um planejamento adequado em relação ao tempo necessário para a 
sua preparação (FERREIRA, 2011). A Figura 7 traz de forma esquemática a preparação.
FIGURA 7 – PREPARAÇÃO DE SUSPENSÕES
FONTE: A autora
Então, primeiramente, como para toda e qualquer preparação, deve-se pesar 
todas as matérias-primas em uma balança calibrada, cuja capacidade e sensibilidade 
sejam selecionadas de acordo com a massa a ser pesada, em conformidade com o que 
já discorremos. Se houver matérias-primas líquidas, o seu volume deve ser medido em 
vidraria apropriada, em proveta ou pipeta, como também contemplamos na Unidade 1. 
Após, segue-se a etapa 2, que consiste em dispersar o agente suspensor em um líquido 
(veículo), pois os agentes suspensores são sólidos e a viscosidade só é atingida quando 
eles são dispersos em água (FERREIRA, 2011). 
Na etapa 3, realiza-se a pulverização do fármaco em agente molhante, usando 
o gral e o pistilo. Após, na etapa 4, a dispersão do agente suspensor é vertida na 
dispersão do fármaco e do agente molhante. Na última etapa, transfere-se o volume 
obtido na etapa 4 para um cálice, completa-se o volume e adicionam-se excipientes 
necessários, como conservantes, flavorizantes etc. (FERREIRA, 2011). Para facilitar a 
sua compreensão sobre a preparação e função de cada ingrediente, abordaremos um 
exemplo de uma suspensão, apresentada na Tabela 3.
TABELA 3 – SUSPENSÃO DE HIDRÓXIDO DE ALUMÍNIO
Ingredientes Concentração Função
Hidróxido de alumínio 6 g Fármaco
Sacarina sódica 10 mg Edulcorante
105
Benzoato de sódio 0,525 g Conservante
Carmelose sódica 1 g Agente suspensor
Glicerol 2,5 mL Veículo 
Aromatizante q.s. Flavorizante
Água purificada q.s.p. 100 mL Veículo 
FONTE: Brasil (2012, p. 84)
Para a preparação da suspensão, devemos pesar os sólidos e medir o volume do 
aromatizante. A seguir, dispersar a carmelose no glicerol e em parte de água. O hidróxido 
de alumínio deve ser triturado em gral e adicionado à preparação contendo a carmelose 
e o glicerol. Em outra vidraria, adicionar sacarina, benzoato de sódio, aromatizante e 
quantidade suficiente de água para a solubilização dos componentes. Por fim, verte-se 
esta solução sobre o preparado de hidróxido de alumínio e carmelose. Completa-se o 
volume com água até atingir 100 mL, descontando-se as quantidades de água usadas 
nas etapas anteriores (BRASIL, 2012).
Recapitulando, neste tópico, tratamos das características, formulação e método 
de preparação de soluções e suspensões. Enquanto na solução o fármaco está solúvel 
no veículo, na suspensão, o fármaco está insolúvel. Ambas, soluções e suspensões, 
podem ser empregadas em diversas vias de administração. Por via oral, são empregadas 
soluções ou suspensões aquosas, enquanto para a via cutânea podem ser empregadas 
soluções aquosas ou não aquosas. Ainda, no caso de via oral, pode ser necessário o uso 
de flavorizantes para mascarar o sabor amargo dos fármacos. Alguns excipientes são 
comuns em soluções e suspensões, mas em suspensões outros também são utilizados.
As soluções apresentam como vantagem a rápida ação farmacológica e 
englobam xaropes, elixires, extratos e tinturas. Os extratos e as tinturas são formas muito 
empregadas para vegetais, em que se usa um solvente para extrair os componentes 
ativos da droga vegetal de interesse. Dessa forma, podem-se obter medicamentos 
fitoterápicos mediante o uso desses extratos ou tinturas. Independentemente da 
obtenção de medicamentos sintéticos ou fitoterápicos, na preparação de soluções, são 
empregados sistemas de agitação associados ou não ao aquecimento. Diversamente, 
nas suspensões, é importante a trituração prévia do fármaco e o uso de agentes 
suspensores para que a tendência à sedimentação seja reduzida. 
106
RESUMO DO TÓPICO 1
 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A diferença entre solução e suspensão. A solução é a forma farmacêutica na qual o 
fármaco está solúvel. Já na suspensão, o fármaco está suspenso no veículo. Portanto, 
a solubilidade do fármaco no veículo é fundamental para que se possa identificar se 
o medicamento em questão é uma solução ou uma suspensão. De forma geral, em 
ambas as formas farmacêuticas são usados conservantes, antioxidantes, quelantes, 
flavorizantes, entre outros excipientes. No entanto, quando o medicamento for de 
uso oral é preciso o uso de flavorizante. Antioxidantes e quelantes são ingredientes 
opcionais, adicionados se houver necessidade.
• A classificação das soluções conforme o veículo e a via de administração. Pela primeira 
classificação, as soluções podem ser aquosas, não aquosas ou hidroalcoólicas. Pela 
segunda classificação, elas são classificadas em orais, tópicas, oftálmicas, nasais etc. 
Além do mais, xaropes, elixires, tinturas e extratos são subtipos de soluções muito 
comuns. Os xaropes contêm açúcar ou um edulcorante. Os elixires costumam ter 
etanol como cossolvente para facilitar a solubilização do fármaco. As tinturas e os 
extratos são soluções extrativas obtidas a partir da extração de uma planta ou parte 
de uma planta. As tinturas são fluidas e os extratos são classificados conforme o 
estado físico em sólidos, líquidos ou moles. 
• A tendência à sedimentação das partículas do fármaco em uma suspensão. Uma 
vez que não é possível eliminar completamente a sedimentação, costuma-se usar 
duas estratégias para controlá-la: redução do tamanho de partícula do fármaco e 
aumento da viscosidade. A redução do tamanho de partícula é conseguida mediante 
a trituraçãodo fármaco em gral e pistilo. O aumento da viscosidade é alcançado 
mediante o uso de agentes suspensores. Ademais, em suspensão, também são 
usados os agentes floculantes e molhantes, que evitam a formação de aglomerados 
de partículas e facilitam a dispersão do pó no veículo, respectivamente.
• A forma de preparação de soluções e suspensões. Para ambas, é sempre necessário 
pesar previamente em balança os ingredientes sólidos e medir em vidraria adequada 
os volumes, se houver. Para as soluções, pode-se empregar agitação associada ou 
não ao aquecimento. Para as suspensões, a preparação ocorre em etapas, sendo 
mais comum a adição da dispersão do agente suspensor em líquido contendo o 
agente molhante e o fármaco previamente triturado.
107
RESUMO DO TÓPICO 1
1 Uma solução de flumazenil contém EDTA, ácido acético, ácido clorídrico, hidróxido de 
sódio e água. Considerando que o flumazenil é um fármaco ácido, sobre os excipientes 
dessa fórmula, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) O hidróxido de sódio é empregado como agente acidificante a fim de aumentar 
a solubilidade do fármaco.
b) ( ) O ácido clorídrico é empregado como agente acidificante a fim de aumentar a 
solubilidade do fármaco.
c) ( ) O hidróxido de sódio é empregado como agente alcalinizante a fim de aumentar 
a solubilidade do fármaco.
d) ( ) O ácido acético é empregado como agente acidificante a fim de aumentar a 
solubilidade do fármaco.
2 Uma farmácia está selecionando fornecedores para adquirir uma solução de arnica 
montana preparada a partir da flor da planta. A partir dessa solução, será preparado 
um gel de acordo com a monografia do Formulário Nacional de Fitoterápicos. Assinale 
a alternativa que contém, respectivamente, o estado físico e o tipo de solução 
extrativa que a farmácia deve obter:
a) ( ) Seco e extrato.
b) ( ) Líquido e extrato.
c) ( ) Líquido e tintura.
d) ( ) Líquido e extrato.
3 Uma suspensão de vitaminas apresenta a fórmula a seguir:
AUTOATIVIDADE
ergocalciferol (Vitamina D) 12 UI/mL
cianocobalamina (Vitamina B12) 1,5 mcg/mL
cloreto de cálcio 7,5 mg/mL 
fosfato de cálcio tribásico 42,0 mg/mL
fluoreto de sódio 0,075 mg/mL 
Considerando que a suspensão é um sistema floculado, qual a importância do fosfato 
de cálcio tribásico nesta formulação?
4 A fórmula a seguir foi recebida por uma farmácia para o tratamento de tosse de um 
paciente. 
108
Extrato fluido de ipeca...... 7 mL
Xarope simples........ 70 mL
Glicerina 10 mL
Ácido clorídrico 0,1N.......... 2,5 mL
Um determinado funcionário de uma farmácia bastante experiente fez duas afirmações 
a um novo funcionário. A primeira afirmação é que a glicerina tem ação como cossolvente 
na solubilização do extrato de ipeca. A segunda afirmação é que, pelo fato de a fórmula 
ser um xarope, o uso de edulcorante pode ser dispensado. O novo funcionário então 
resolve questionar o farmacêutico sobre a veracidade dessas afirmações. Diante dessa 
situação, descreva qual deveria ser a resposta do farmacêutico. Justifique. 
5 Duas formulações líquidas designadas a seguir devem ser preparadas em uma 
farmácia. 
Fórmula I
Dexametasona.......100 mg
Álcool etílico 96° GL.....15 mL
Glicerina............... 50 mL
Propilenoglicol........ 20 mL
Essência de framboesa.....0,5 mL
Sacarina sódica......... 300 mg
Água purificada..... q.s.p..... 100 mL
Fórmula II
Cefalexina mono-hidratada.... 5 g
Propilenoglicol............. 10 mL
Glicerina....................... 10 mL
Sorbitol........................ 35 mL
Goma xantana.............. 600 mg
Propilparabeno............ 100 mg
Flavorizante de morango...... 5 mL
*Glicirrizinato monoamônico.... 1 g
Água purificada.......q.s.p...... 100 mL
* O glicirrizinato monoamônico é um edulcorante.
Considerando que a solubilidade dos fármacos é encontrada nas monografias 
farmacopeicas, pode-se afirmar que a fórmula I e a fórmula II são, respectivamente:
a) ( ) Solução e solução.
b) ( ) Solução e suspensão.
c) ( ) Suspensão e solução.
d) ( ) Suspensão e suspensão.
109
MEDICAMENTOS SINTÉTICOS, 
SEMISSINTÉTICOS E FITOTERÁPICOS 
SEMISSÓLIDOS
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, trataremos das características e da preparação de formas 
semissólidas, incluindo emulsões, pomadas, pastas e géis. Essas formas têm uma 
característica intermediária entre sólidos e líquidos e por isso recebem o nome de 
semissólidas. Na maioria dos casos, elas se destinam à ação tópica, na pele. No 
entanto, algumas emulsões podem ser empregadas por via oral e, neste caso, pode ser 
necessário usar flavorizantes. Além dos flavorizantes, outros excipientes que também já 
conhecemos são utilizados, como os conservantes e os antioxidantes (FERREIRA, 2011).
As emulsões são uma categoria de formas semissólidas formadas por 
ingredientes oleosos e aquosos. Devido a sua versatilidade, essas formas são muito 
usadas. No tópico anterior, você conheceu alguns tensoativos. Em emulsões, eles são 
primordiais, pois água e óleo não se misturam. Dessa forma, versaremos com mais 
detalhes a respeito de tensoativos quando estudarmos emulsões. Você verá que existe 
uma infinidade desses ingredientes e para selecionar aqueles adequados para uma 
formulação, usa-se o método do equilíbrio hidrófilo-lipófilo (AULTON; TAYLOR, 2016).
 
Os géis são formas obtidas a partir do momento em que agentes espessantes 
são utilizados, como carbômero, HPMC etc., que são empregados para obter géis 
hidrofílicos. No entanto, géis lipofílicos também podem ser preparados. Por sua vez, as 
pomadas têm caráter hidrofílico ou lipofílico (SOUZA, 2017). Ainda, tendo em vista que a 
viscosidade e a consistência das formas semissólidas influenciam na aplicação na pele, 
o conhecimento de reologia é importante para assegurar que as formulações tenham 
uma adequada espalhabilidade cutânea (AULTON; TAYLOR, 2016).
UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 
2 EMULSÕES E CREMES
As emulsões podem ser subclassificadas em loções e cremes, que são emul-
sões destinadas à aplicação tópica, seja na pele ou em mucosas (AULTON; TAYLOR, 
2016). As loções são formas líquidas ou hidroalcoólicas (BRASIL, 2019), enquanto os 
cremes são formas mais viscosas (SOUZA, 2017). Em concordância com o que já foi 
explanado anteriormente, as loções podem ser soluções ou suspensões. Assim, loção 
110
é um termo que se aplica a formas farmacêuticas de baixa viscosidade, como as solu-
ções, as suspensões e as emulsões fluidas (BRASIL, 2019). Portanto, podemos concluir 
que, uma vez que loções e cremes são emulsões, elas seguem o mesmo princípio geral 
de preparação.
A viscosidade de um determinado produto se refere à facilidade ou à dificuldade 
com que este escoa, sobretudo, para formas semissólidas e, dependendo da composição 
e do tipo de forma farmacêutica, há um maior ou menor escoamento (AULTON; TAYLOR, 
2016). Por exemplo, pomadas costumam fluir com menos facilidade do que cremes. 
Um menor fluxo para pomadas é interessante para que haja pouca espalhabilidade 
da formulação, isto é, que ela fique mais localizada em uma determinada região. 
Isso é importante para pomadas absorventes, que absorvem água (SOUZA, 2017). O 
conhecimento da viscosidade e do fluxo de produtos é alvo do estudo da reologia 
(AULTON; TAYLOR, 2016).
Você sabia que a reologia é importante também para os cosméticos? 
Uma adequada espalhabilidade cutânea de protetores solares está 
relacionada a sua efetividade frente à radiação ultravioleta.
INTERESSANTE
2.1 PRINCÍPIOS DE REOLOGIA 
Os materiais líquidos e semissólidos apresentam diferentes comportamentos 
reológicos. Dependendo da finalidade do produto, pode ser necessário ter um maior 
ou menor fluxo. Em cremes, uma maior espalhabilidade é interessante quando a 
patologia a ser tratada acomete áreas mais extensas. Assim, uma melhor propriedade 
de espalhamento de um creme ajuda na eficácia farmacológica, permitindo que este se 
espalhe pelas áreas a serem tratadas. Perceba então a importância da reologia (AULTON; 
TAYLOR, 2016).
Normalmente, formulações líquidas costumam ter fluxo newtoniano,enquanto 
formulações semissólidas, como cremes, pomadas, pastas e géis, costumam ter 
comportamento não newtoniano. Aqueles que têm comportamento newtoniano 
têm uma viscosidade constante, diferentemente daqueles que têm comportamento 
não newtoniano. Isso acontece porque em pomadas, pastas e cremes, a viscosidade 
muda dependendo da força da aplicação da formulação. Vamos imaginar a aplicação de 
um creme na pele. Quando espalhamos o creme na pele, estamos aplicando uma força 
sobre ele (AULTON; TAYLOR, 2016; THOMPSON; DAVIDOW, 2013).
111
Então, para formulações não newtonianas, não é adequado simplesmente 
determinar a viscosidade sem verificar qual a força de aplicação, chamada de tensão 
de cisalhamento (THOMPSON; DAVIDOW, 2013). Para formulações líquidas, como 
suspensões e soluções, comumente tem-se o comportamento newtoniano, em que a 
viscosidade não se altera, independente da tensão de cisalhamento. Para além disso, há 
também a taxa de cisalhamento, que é o deslocamento de uma determinada formulação 
após a aplicação da tensão de cisalhamento. A determinação da viscosidade é realizada 
através de viscosímetros, tal qual mostrado na Figura 8.
FIGURA 8 – VISCOSÍMETRO CAPILAR
FONTE: <https://bit.ly/3wwkneZ>. Acesso em: 13 dez. 2021.
Os viscosímetros capilares podem ser empregados somente para comporta-
mentos não newtonianos, pois não se consegue alterar a tensão de cisalhamento. 
Nesse casos, devem ser usados viscosímetros rotativos ou reômetros. Nesses dispo-
sitivos, é possível selecionar a taxa de cisalhamento desejada, no caso de reômetros, 
ou uma faixa de taxa de cisalhamento, no caso de viscosímetros. A partir da tensão de 
cisalhamento, da taxa de cisalhamento e viscosidade, pode-se determinar o tipo de 
comportamento não newtoniano (AULTON; TAYLOR, 2016).
Para algumas formulações, a viscosidade se altera com o tempo em que a força 
é aplicada. Nessa situação, a viscosidade é independente do tempo e os produtos nessa 
categoria podem ter comportamento plástico ou pseudoplástico. A formulação 
com comportamento pseudoplástico tem diminuição da viscosidade aparente com o 
aumento da tensão de cisalhamento. Já os materiais com comportamento dilatante 
têm aumento da viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento. Os 
plásticos têm uma taxa de cedência, que precisa ser excedida para que a formulação 
comece a fluir. Ocorre esta situação em suspensões constituídas de partículas floculadas 
(THOMPSON; DAVIDOW, 2013).
Por outro lado, pode haver um comportamento tixotrópico ou reopéxico 
quando a viscosidade de uma formulação sofre modificação em função do tempo em 
que é aplicada a tensão de cisalhamento. As formulações tixotrópicas são aquelas em 
que a viscosidade aparente diminui com o aumento da tensão de cisalhamento. Em 
formulações reopéxicas, ocorre o contrário: há o aumento da viscosidade aparente com 
o aumento da tensão de cisalhamento (AULTON; TAYLOR, 2016). Ressalta-se que, para 
formulações não newtonianas, devemos usar o termo viscosidade aparente.
112
2.2 EMULSÕES FARMACÊUTICAS
Toda emulsão possui uma fase interna, também chamada de fase dispersa, e 
uma fase externa, ou também denominada de fase dispersante. Assim, há emulsões 
do tipo O/A (óleo em água) e A/O (água em óleo). Uma emulsão O/A é aquela em 
que a fase interna é oleosa e a fase externa é aquosa. Já uma emulsão A/O é aquela 
em que a fase interna é aquosa e a fase externa é oleosa. Emulsões do tipo O/A são 
apropriadas tanto para a via injetável quanto para a via tópica. Lembre-se de que 
emulsões podem ser usadas por via intravenosa para nutrição parenteral e por isso 
devem ter obrigatoriamente a fase externa aquosa (AULTON; TAYLOR, 2016). A Figura 9 
mostra de forma esquemática as emulsões O/A e A/O.
FIGURA 9 – EMULSÃO O/A E EMULSÃO A/O
FONTE: <https://bit.ly/3tyLIeM>. Acesso em: 13 dez. 2021.
A Figura 9 tem os tipos de emulsões como o seu título, tradução dos termos: 
Emulsion types. À esquerda, a emulsão tem fase interna formada por gotículas de óleo 
e fase externa aquosa. Em inglês, água é water. Assim, tem-se emulsão Oil in water 
(O/W), que traduzido para o português, corresponde a óleo em água (O/A). À direita, 
a fase interna é formada por gotículas de água e a fase externa é composta de óleo. 
Assim, tem-se uma emulsão do tipo water in oil (W/O), que em português equivale à 
água em óleo (A/O). Além desses tipos de emulsão, há ainda as emulsões múltiplas, 
que não serão objeto desta unidade, pois são produzidas em escala industrial (AULTON; 
TAYLOR, 2016).
Os tensoativos ou emulsionantes são ingredientes-chave em emulsões, 
pois sem eles não é possível obter emulsões. Você já deve ter feito a experiência de 
tentar misturar água e óleo. Após cessar a agitação, o óleo e a água se separam. Se isso 
acontecer em uma emulsão, não teremos uma formulação adequada. Os tensoativos 
podem ser de origem natural ou sintética e são moléculas anfifílicas, isto é, têm uma 
parte hidrofílica (solúvel em água) e hidrofóbica (solúvel em óleo). Eles permitem que 
uma emulsão estável seja formada (FERREIRA, 2011). A Tabela 4 apresenta alguns 
ingredientes usados em emulsões.
113
Você sabia que o leite de vaca é uma emulsão? Nele constam 
ingredientes oleosos, água e tensoativo natural.
INTERESSANTE
TABELA 4 – INGREDIENTES EM EMULSÕES
Ingrediente Exemplos
Tensoativo
Aniônico
Lauril sulfato de sódio, estearato de 
trietanolamina, monoestearato de glicerila
Catiônico Cloreto de benzalcônio, cetrimida
Não iônico
Polissorbato 80, Span 80, álcool 
cetoestearílico
Conservante Metilparabeno, propilparabeno
Antioxidante BHT, BHA
Sequestrante EDTA
Umectante Glicerina, propilenoglicol
Agente de consistência
Álcool cetílico, álcool estearílico, cera de 
abelhas
Emolientes
Parafina líquida, óleo mineral, estearato 
de octila
FONTE: A autora
Os tensoativos são classificados de acordo com a carga elétrica em aniônicos, 
catiônicos, não iônicos e anfóteros. Os aniônicos têm carga elétrica negativa, os 
catiônicos têm carga positiva, os não iônicos não têm carga elétrica e os anfóteros 
têm carga elétrica dependendo do pH onde se encontram. Os tensoativos iônicos (que 
têm carga elétrica) e os componentes da formulação podem interagir. Por isso, deve-se 
sempre selecionar tensoativos adequados e compatíveis com todos os ingredientes da 
fórmula (FERREIRA, 2011). Além disso, bases autoemulsionáveis que associam mais de 
um emulsionante também podem ser empregadas, sendo elas aniônicas ou não iônicas 
(BRASIL, 2012).
114
Comumente, as emulsões associam vários tensoativos com o objetivo de obter 
uma formulação mais estável, já que essas formas tendem à instabilidade. Juntamente 
aos tensoativos, outros ingredientes, como conservantes, antioxidantes, corantes e 
sequestrantes, também são utilizados. No entanto, já nos referimos a eles nas formas 
líquidas e nesse momento focaremos somente nos excipientes de uso específico em 
emulsões (FERREIRA, 2011).
Juntamente aos tensoativos, outros ingredientes são também utilizados, tais 
como os umectantes e os agentes de consistência. Os umectantes são usados para 
evitar o ressecamento da fórmula, já que eles absorvem água, sendo a glicerina e o 
propilenoglicol alguns representantes. Mencionamos em soluções e suspensões que 
eles atuam como veículos. Logo, concluímos que um mesmo ingrediente pode ter 
finalidades diferentes, dependendo do tipo de forma farmacêutica (FERREIRA, 2011).
Ainda, nas emulsões, podem ser empregados os agentes de consistência 
e os emolientes. Os agentes de consistência são empregados para aumentar a 
consistência da formulação. A consistência está diretamente relacionada à viscosidade, 
e, como já vimos, poderá influenciar no comportamento reológico. Os emolientes são 
ingredientes com característica oleosa, como óleo mineral, parafina ou óleos vegetais 
(AULTON; TAYLOR, 2016).
Os tensoativos se organizam formando micelas (Figura 10). Na figura, temos 
primeiramente a estrutura de um tensoativo, formado poruma cabeça polar e uma 
cauda lipofílica. Depois, temos a organização propriamente dita desse tensoativo em 
micelas. A cabeça polar fica sempre orientada para o meio aquoso, enquanto a cauda 
fica orientada para o meio lipofílico. Então, se houver uma emulsão O/A, a cauda lipofílica 
ficará voltada à fase interna oleosa, enquanto a cabeça hidrofílica ficará direcionada 
para o meio externo aquoso (AULTON; TAYLOR, 2016).
FIGURA 10 – FORMAÇÃO DE MICELAS
FONTE: <https://shutr.bz/3wCnLFv>. Acesso em: 13 dez. 2021.
115
A organização de tensoativos em micelas ocorre também com os detergentes 
de cozinha, que são tensoativos mais agressivos que os tensoativos comumente usados 
em produtos farmacêuticos. Você já deve ter percebido que, ao lavar as mãos com esses 
detergentes, elas ficam secas. Isso ocorre porque é um detergente mais agressivo. 
Compreende-se assim que os tensoativos são usados com a finalidade de limpeza, 
pois eles estão presentes nos detergentes de cozinha e em sabonetes líquidos, por 
exemplo, mas os tensoativos são também ingredientes importantes para a estabilização 
de emulsões (FERREIRA, 2011).
Basicamente, as emulsões contêm uma fase aquosa, em que estão ingredientes 
solúveis em água, e uma fase oleosa, em que estão presentes ingredientes insolúveis 
em água. Umectantes são adicionados na fase aquosa, ao passo que agentes de 
consistência são adicionados na fase oleosa. Apesar de anfifílicos, os tensoativos têm 
uma maior hidrofilia (solubilidade em água) ou lipofilia (solubilidade em óleo). O valor de 
EHL, o equilíbrio hidrófilo-lipófilo, informa sobre a maior lipossolubilidade (solubilidade 
em óleo) ou hidrossolubilidade (solubilidade em água) dos tensoativos. Quanto menor o 
valor de EHL, mais lipofílico é um tensoativo e quanto maior o EHL, mais hidrofílico é o 
tensoativo (AULTON; TAYLOR, 2016).
Na Tabela 3, você viu uma pequena amostra de tensoativos de origem sintéti-
ca. No entanto, há ainda outros de origem natural, tais como lecitinas e metilcelulose e 
vários outros tensoativos sintéticos não descritos na tabela. Então, como selecionar e 
determinar a quantidade de cada tensoativo a compor uma emulsão? Através do cálculo 
do EHL. Sabendo o EHL requerido para uma emulsão, pode-se calcular as quantidades 
a serem pesadas de cada um dos tensoativos desde que também se saiba o EHL indi-
vidual de cada tensoativo (AULTON; TAYLOR, 2016). O Quadro 6 traz a equação para o 
cálculo do EHL. 
QUADRO 6 – CÁLCULO DO EHL
EHL mistura= x EHLa + (1-x) HLBb
FONTE: Aulton e Taylor (2016, p. 431)
O EHL de uma emulsão é obtido através do somatório do EHL dos tensoativos 
que o compõem. Além disso, alguns óleos também têm valor de EHL definido em 
literatura. O EHL total de uma emulsão é obtido através da mistura do EHLa, que é o 
tensoativo hidrofílico, e o EHLb, que é o tensoativo lipofílico e o x é a concentração 
percentual de cada tensoativo. Imaginemos então o polissorbato 80, que tem EHL 
de 15, e o span 80, que tem EHL de 4,3. Assim, o polissorbato é hidrofílico e o span 
80 é lipofílico. Se fôssemos calcular o EHL para uma emulsão contendo esses dois 
tensoativos, precisaríamos ter a informação do EHL ideal da emulsão (EHL mistura) para 
então calcular a quantidade necessária de cada um deles (AULTON; TAYLOR, 2016).
 
116
Os emulsionantes reduzem a tensão interfacial que existe entre o óleo e a água 
de uma emulsão e por isso a deixam estável. No entanto, ainda assim, as emulsões 
apresentam problemas de instabilidade físicos ou químicos. Os físicos incluem 
sedimentação, coalescência e cremagem. Já os químicos são reações que ocorrem pela 
mistura de ingredientes incompatíveis, como quando em uma emulsão há tensoativos 
aniônicos e catiônicos. Se misturarmos esses ingredientes, ocorrerá o que se chama de 
‘quebra da emulsão’ (AULTON; TAYLOR, 2016).
Com relação às instabilidades físicas, as emulsões são suscetíveis à sedimen-
tação, à coalescência e à cremagem. Assim como as suspensões, as emulsões tam-
bém têm tendência à sedimentação. A diferença é que nas emulsões ocorre a deposição 
de gotículas (e não de partículas) no fundo do frasco. A coalescência ocorre quando as 
gotículas da fase interna vão se unindo de forma sucessiva até o momento em que há a 
separação completa da fase oleosa e da fase aquosa, ocorrendo o que se denomina de 
quebra da emulsão. Esse processo é irreversível, ou seja, não existe como revertê-la. Já 
a cremagem ocorre quando as gotículas se unem e se concentram no sobrenadante, 
formando o que se chama de nata (AULTON; TAYLOR, 2016).
Não confunda sedimentação com cremagem. Na sedimentação, as 
gotículas se depositam no fundo de um frasco, enquanto na cremagem 
as gotículas se depositam na superfície.
ATENÇÃO
Conforme já abordamos, medicamentos fitoterápicos contendo extratos ou 
tinturas podem ser preparados. Enquanto forma semissólida, os extratos moles são 
aqueles em que há a remoção parcial do solvente extrator. No entanto, essas formas 
são pouco empregadas devido a sua baixa estabilidade (SIMÕES et al., 2017). Assim, o 
usual é adicionar tinturas (que são formas líquidas) ou extratos (líquidos ou sólidos) em 
formas semissólidas diversas, como géis, emulsões e pomadas (BRASIL, 2021).
2.3 FORMAS DE PREPARAÇÃO EM NÍVEL MAGISTRAL
As emulsões podem ser empregadas para uso oral, tópico ou ainda para nutrição 
parenteral. Para via oral, é importante adicionar flavorizantes, que devem ser preferen-
cialmente adicionados na fase externa da emulsão, pois adicionados nessa fase terão 
maior capacidade de mascarar o sabor (FERREIRA, 2011). Importante destacar que nem 
todos os tensoativos podem ser empregados por via oral e também por via tópica. O lauril 
sulfato de sódio é usado por via tópica para obter emulsões O/A. O emulsionante natural 
metilcelulose é usado para obter emulsões O/A de uso oral (AULTON; TAYLOR, 2016).
117
A preparação de emulsões consiste em preparar duas fases: uma oleosa e outra 
aquosa. Os componentes da fase oleosa são submetidos a aquecimento até a fusão 
dos componentes sólidos. Destaca-se que, às vezes, ceras são usadas e elas devem ser 
fundidas para que seja possível preparar as formulações. À parte, os componentes da 
fase aquosa (umectantes, antioxidantes, alguns conservantes e água) são submetidos 
ao aquecimento até a sua solubilização. Adiciona-se uma fase sobre a outra. Deve haver 
uma agitação vigorosa para a formação da emulsão (FERREIRA, 2011).
A depender da consistência da emulsão preparada, sobretudo se for um creme, 
após a sua preparação, será necessário usar a espátula para a sua remoção do gral, 
como mostrado na Figura 11. Normalmente, os ingredientes oleosos são adicionados no 
gral para fusão e os ingredientes da fase aquosa são aquecidos em béquer. Dentre os 
ingredientes oleosos estão as ceras, os emolientes e os agentes de consistência. Além 
do exposto, essências, corantes, vitaminas e qualquer ingrediente termoinstável devem 
ser adicionados somente depois que a emulsão pronta estiver em uma temperatura de 
30 °C ou inferior (FERREIRA, 2011).
FIGURA 11 – VIDRARIAS EMPREGADAS NA PREPARAÇÃO DE CREMES
FONTE: <https://bit.ly/3qnXBSD>. Acesso em: 13 dez. 2021.
As emulsões O/A e A/O têm características diferentes devido à fase externa 
ser diferente. Nesse sentido, as emulsões cuja fase externa é aquosa costumam ter 
uma rápida absorção, ao passo que emulsões com fase externa oleosa têm sensorial 
oleoso (FERREIRA, 2011). A definição se haverá a formação de uma emulsão O/A ou A/O 
dependerá dos tensoativos usados. Dessa forma, emulsionantes, como lauril sulfato de 
sódio, cetrimida e metilcelulose, formam emulsões O/A, enquanto o monoestearato de 
glicerila forma emulsões A/O (AULTON; TAYLOR, 2016).
118
Para melhor compreendermos a preparação e a composição dessas formas 
farmacêuticas, veremos agora alguns exemplos. Primeiramente, temos uma loção de 
benzoato de benzila, cuja fórmula foi retirada do Formulário Nacional da Farmacopeia 
Brasileira e encontra-se apresentadano Quadro 7. O benzoato de benzila é um agente 
antiácaro, indicado para uso externo, que pode ser usado na concentração de 10% 
ou 25%, ou seja, 10 g ou 25 g em 100 mL de loção. Como há duas possibilidades de 
concentração, deve-se selecionar a adequada para o caso (BRASIL, 2012).
QUADRO 7 – LOÇÃO DE BENZOATO DE BENZILA A 10% OU 25%
Benzoato de benzila 10 g ou 25 g 
Loção aniônica q.s.p. 100 mL 
FONTE: Brasil (2012, p. 62)
Observe que a loção apresentada no Quadro 7 é líquida, pois consta unidade 
de volume (mL). Conforme já exposto, emulsões podem ser mais ou menos viscosas. 
As loções têm baixa viscosidade e são líquidas, ao passo que cremes têm viscosidade 
maior e são semissólidos (BRASIL, 2019). Constatamos também que na fórmula 
aparece somente loção aniônica, de modo genérico. Isso é comum nas farmácias. Os 
prescritores não especificam qual tipo de loção ou de creme usar. Já nos referimos a 
isso anteriormente. A definição dos excipientes a serem usados cabe ao farmacêutico. 
No entanto, por se tratar de fórmula do Formulário Nacional, existe a descrição 
da loção aniônica em uma monografia específica deste documento (BRASIL, 2012), 
cuja fórmula se apresenta no Quadro 8. As fórmulas básicas de cremes, loções e géis 
estão apresentadas no sumário do Formulário Nacional como: Bases para o preparo de 
formulações. Essas bases são as bases galênicas, que já explanamos na Unidade 1. Para 
cada ingrediente da loção aniônica do Quadro 8, são designadas a sua função e a fase 
em que é adicionada para a preparação do creme. 
A loção é dita aniônica por causa do tensoativo, que tem carga elétrica 
negativa. O mesmo raciocínio vale para qualquer emulsão catiônica ou não iônica, 
que recebe o nome de catiônica e não iônica, pois contém tensoativo catiônico e não 
iônico, respectivamente. Para a preparação, deve-se pesar os ingredientes sólidos em 
balança. Os ingredientes da fase aquosa são adicionados em um béquer e submetidos a 
aquecimento: EDTA, propilenoglicol, solução de parabenos e água. Os componentes da 
fase oleosa são adicionados em gral: cera autoemulsionante aniônica, BHT e estearato 
de octila. Após a solubilização dos componentes de cada fase, verte-se a fase aquosa 
na fase oleosa e realiza-se a agitação com o auxílio do pistilo (BRASIL, 2012).
119
QUADRO 8 – LOÇÃO ANIÔNICA
Ingrediente Quantidade Função
EDTA (fase aquosa) 0,1 g Quelante
Estearato de octila (fase oleosa) 6 g Emoliente
Propilenoglicol (fase aquosa) 10 g Umectante
Cera autoemulsionante aniônica 
(álcool cetoestearílico e cetearilsulfato de sódio 
9:1) (fase oleosa)
10 g
Tensoativo 
aniônico
Butil-hidroxitolueno (BHT) (fase oleosa) 0,05 g Antioxidante
Solução conservante de parabenos 
(fase aquosa)
3,3 g Conservante
Solução conservante de imidazolidinilureia a 50% 
(fase complementar)
0,6 g Conservante
Ciclometicone (fase complementar) 2 g Emoliente
Água purificada (fase aquosa) q.s.p. 100 g Veículo
FONTE: Brasil (2012, p. 184)
Na fórmula da loção aniônica, ainda consta uma fase complementar. Essa 
fase complementar é composta por ingredientes que não devem ser submetidos a 
aquecimento. Neste caso, o ciclometicone e a solução conservante de imidazodinilureia. 
O ciclometicone é um tipo de silicone. Os silicones são muito usados em formulações 
de uso tópico devido as suas características de melhorar o sensorial da formulação, 
relacionada com a percepção do paciente em relação a vários aspectos, como 
espalhabilidade, pegajosidade etc. (CHORILLI et al., 2009). 
Ressalta-se ainda que a solução conservante de parabenos e de imidazodinilureia 
tem fórmulas também descritas no Formulário Nacional. No caso da solução de parabe-
nos, consta metilparabeno, propilparabeno e propilenoglicol. A solução de imidazodinilu-
reia contém a imidazodinilureia (que é um conservante) e água purificada (BRASIL, 2012).
É preciso destacar que, para um ingrediente fazer parte da fase oleosa ou 
aquosa, dependerá da sua solubilidade. Normalmente, umectantes são adicionados na 
fase aquosa, pois são solúveis em água. Ingredientes cerosos e óleos são adicionados na 
fase oleosa, pois são insolúveis em água. Comumente, os tensoativos são adicionados 
na fase oleosa. Se houver um tensoativo sólido, ele é adicionado na fase oleosa para que 
ocorra a sua fusão e que seja possível a sua homogeneização na formulação, caso que 
ocorre para o tensoativo do Quadro 8. 
120
3 GÉIS E PASTAS
Os géis, as pomadas e as pastas são outras formas semissólidas com 
características diferentes e algumas similaridades a outras formas farmacêuticas 
já apresentadas (FERREIRA, 2011). Os géis são sistemas dispersos, assim como as 
emulsões e as suspensões. Nas emulsões, há duas fases líquidas imiscíveis, uma oleosa 
e outra aquosa. Nas suspensões, há uma fase sólida formada pelo fármaco e uma 
fase líquida formada pelo veículo. Nos géis, há uma fase sólida formada pelo agente 
espessante, que é interpenetrado por um líquido (AULTON; TAYLOR, 2016). O líquido 
usado em géis é a água, o etanol ou uma mistura de água e etanol (FERREIRA, 2011).
 As pastas são tipos de pomadas que contêm proporção de 25% ou mais de 
ingredientes sólidos. As pomadas podem ser uma dispersão e nesse sentido apresentam 
similaridades com emulsões, suspensões e géis. No entanto, as pomadas podem 
ser soluções e nesse caso se assemelham às características obtidas para as formas 
farmacêuticas soluções. Como já foi explanado, para se obter uma solução, é primordial 
que haja a solubilidade dos ingredientes. No caso de pomadas, os ingredientes devem 
ser solúveis em uma base de pomada (BRASIL, 2019).
3.1 FORMULAÇÃO DE GÉIS
Os géis apresentam comportamento reológico plástico (FERREIRA, 2011), 
têm aplicação tópica (ALLEN; POPOVICH; ANSEL, 2003) e aspecto translúcido, tal 
como mostrado na Figura 12. O álcool gel é constituído por etanol, carbômero 980, 
trietanolamina e água. O carbômero é o agente espessante, a fase sólida, enquanto a 
água é a fase líquida. A trietanolamina é o ingrediente-chave na formulação de géis de 
carbômero, cujo nome comercial é Carbopol® (BRASIL, 2012). Vários tipos de Carbopol 
estão disponíveis comercialmente, incluindo o Carbopol 980® e o Carbopol Ultrez®. Cada 
um deles tem características diferentes, sendo o Ultrez® um dos mais recentes, com a 
vantagem de possibilitar a rápida dispersão do carbômero em água, que em outros tipos 
pode demorar algumas horas (FERREIRA, 2011).
Outros espessantes que podem ser empregados para a obtenção de géis 
são os derivados de celulose, como a carboximeticelulose sódica (CMC-Na) e a 
hidroxietilcelulose (HEC). O gel contendo CMC-Na é aniônico, enquanto o gel de 
HEC é não iônico. Da mesma forma, como já exposto, para emulsões, ingredientes 
catiônicos e aniônicos são incompatíveis. Assim, em um gel de CMC-Na não se pode 
adicionar ingredientes com carga elétrica positiva. Já o gel de HEC, por ser não iônico, é 
compatível com grande quantidade de ingredientes e é bastante utilizado para preparar 
géis de uso tópico. Ademais, de acordo com o que já foi mencionado, esses derivados de 
celulose também podem ser empregados como agentes suspensores em suspensões 
(FERREIRA, 2011). 
121
FIGURA 12 – ÁLCOOL GEL
FONTE: <https://bit.ly/3NdY6sl>. Acesso em: 14 dez. 2021.
Além do exposto, cada tipo de gel tem um pH de estabilidade. Assim, deve-se 
ter ciência do pH do ingrediente a ser aditivado, pois caso contrário, haverá alteração 
da estabilidade do gel, podendo ocorrer perda da sua viscosidade (BERMAR, 2014). Um 
outro tipo de base comum em farmácias magistrais é o gel creme. Embora haja o termo 
gel em seu nome, o gel creme nada mais é que uma emulsão e por isso é constituído de 
óleo e água. Contém uma proporção maior de água do que de óleo e, em função disso, 
tem sensorial mais agradável e com melhor aceitabilidade (FERREIRA, 2011).
Você sabe o que é a aditivação? A aditivação é quando são adicionados os 
ingredientes desejados em uma base galênica previamente preparada.
ATENÇÃO
Mais recentemente,alternativas têm surgido a fim de que a preparação de 
géis ocorra de forma mais rápida. Um desses exemplos é o Aristoflex®, o qual não 
necessita da dispersão prévia, diferentemente dos carbômeros. Além disso, é uma 
alternativa interessante para aditivar insumos com pH variando entre 4 e 9 e tem 
um sensorial agradável, o que faz com que haja uma maior adesão do paciente ao 
tratamento (PHARMASPECIAL, 2021). O gel de Aristoflex® é, por exemplo, usado para 
ácidos, tais como o ácido glicólico, muito utilizado em peelings químicos. Outro exemplo 
de aplicação desse agente espessante é na obtenção de máscara para pele sensível 
contendo os extratos de calêndula e de camomila (BATISTUZZO; ITAYA; YUKIKO, 2018). 
122
Veja mais sobre o uso de formas semissólidas para veicular extratos 
vegetais em:
https://www.scientiaplena.org.br/sp/article/view/1914.
DICA
Você se recorda de que estudamos várias classificações das soluções? Em 
géis, também há mais de uma classificação. A Tabela 5 apresenta essas classificações. 
Segundo a natureza das fases coloidais, os géis podem ser classificados em hidrogéis 
ou organogéis. Os hidrogéis são aqueles constituídos por espessantes hidrofílicos, 
ou também chamados de gelificantes, no caso específico de géis. É o caso de géis de 
carbômeros e derivados de celulose, como o CMC-Na. Os organogéis são géis contendo 
gelificantes lipofílicos, tal como o gel de plastibase. O gel de plastibase contém vaselina 
e óleo mineral (ALLEN; POPOVICH; ANSEL, 2013) e por isso é uma base apropriada para 
veicular fármacos lipofílicos (FERREIRA, 2011).
TABELA 5 – CLASSIFICAÇÃO DOS GÉIS
Classificação Tipos Exemplos
Natureza da fase
Hidrogel
Gel de carbômeros, 
gel de CMC-Na
Organogel Gel de plastibase
Natureza da fase coloidal
Inorgânico Gel de bentonita
Orgânico Gel de carbômeros
FONTE: Bermar (2014, p. 28)
Segundo a natureza coloidal do gel, pode-se ter gel inorgânico ou orgânico. 
Os orgânicos têm uma única fase e por isso são denominados de monofásicos. Os géis 
inorgânicos têm duas fases e por isso são bifásicos. Os géis de carbômeros e de bentonita 
são respectivamente monofásicos e bifásicos (BERMAR, 2014). Recorde-se de que 
mencionamos a bentonita em suspensões. Tendo em vista que a bentonita aumenta 
a viscosidade, ela pode tanto ser empregada em suspensões ou em géis (ALLEN; 
POPOVICH; ANSEL, 2013). Ressalta-se ainda que os géis bifásicos têm comportamento 
tixotrópico, cujas características já abordamos (THOMPSON; DAVIDOW, 2013).
123
3.2 FORMULAÇÃO DE POMADAS E PASTAS
Se uma pessoa pensar em uma pomada, provavelmente virá a sua mente uma 
forma de cor esbranquiçada em um frasco metálico, tal como demonstrado na Figura 
13. Esse sem dúvida é o exemplo clássico desse tipo de formulação, que muitas vezes 
é acondicionada em embalagens metálicas, a fim de aumentar a sua estabilidade. Mais 
adiante abordaremos as embalagens usadas em farmácias magistrais. Embora seja 
comum que as pomadas e as pastas tenham ingredientes oleosos, pomadas hidrofílicas 
também podem ser preparadas (ALLEN; POPOVICH; ANSEL, 2013).
FIGURA 13 – EXEMPLO DE POMADA
FONTE: <https://bit.ly/3L7wFyt>. Acesso em: 14 dez. 2021.
As pomadas hidrofóbicas contêm componentes graxos ou oleosos em sua 
composição, sendo empregadas para uma ação emoliente na pele. São, por exemplo, 
incluídas nessas pomadas a vaselina. As pomadas hidrofílicas contêm polietilenoglicol 
(PEG). Ademais, emulsões A/O ou O/A podem ser empregadas como pomadas. No caso 
de ser necessária uma maior remoção pela água, deve-se optar por pomadas de PEG ou 
emulsões O/A. No entanto, se houver necessidade de que haja uma maior durabilidade 
da formulação na pele, pode-se optar pelas pomadas hidrofóbicas (ALLEN; POPOVICH; 
ANSEL, 2013).
Um tipo de pomada bastante comum é a usada para assaduras contendo retinol 
e ergocalciferol, cuja fórmula se encontra no Quadro 9 (BRASIL, 2012). Pelo fato de 
conter PEG, esta é uma pomada hidrofílica (ALLEN; POPOVICH; ANSEL, 2013). Repare 
que, para o retinol (vitamina A) e o ergocalciferol (vitamina D), as concentrações estão na 
forma de unidades internacionais. Consoante o que vimos em cálculos farmacêuticos, 
as vitaminas costumam ser apresentadas nesse tipo de unidade (FERREIRA, 2011).
A base de pomada de PEG é anidra, pois não contém água. Apesar de não conter 
água por ser uma base hidrossolúvel, é facilmente removida com a água. A desvantagem 
é que não confere uma hidratação tão grande quanto uma base hidrofóbica, pois não é 
oclusiva. A oclusão é o efeito que ocorre quando uma pomada hidrofóbica é aplicada na 
124
pele, formando um filme sobre ela, o que se reflete no aumento da hidratação (THOMPSON; 
DAVIDOW, 2013). Além disso, como o PEG é higroscópico (tem a propriedade de absorver 
água), ele pode acabar desidratando a pele em certas situações (BRASIL, 2012).
QUADRO 9 – POMADA DE ASSADURAS
Ingrediente Concentração 
Retinol 100.000 UI
Ergocalciferol 40.000 UI
Óxido de zinco 10 g
Talco 5 g
Pomada de polietilenoglicol q.s.p. 100 g
FONTE: Brasil (2012, p. 137)
No Quadro 10, há a fórmula da base de PEG a ser usada para a preparação da 
fórmula para assaduras (BRASIL, 2012). Veja que há o polietilenoglicol 400 e o polie-
tilenoglicol 4000. Os vários PEG disponíveis comercialmente são classificados com 
números. O PEG 400 é líquido e o 4000 é sólido. Uma vez que o PEG 4000 é solido, 
ele contribui de forma significativa para o aumento da consistência e viscosidade das 
pomadas. Assim, bases de pomadas de PEG costumam associar vários PEG diferen-
tes, de modo a se ter a viscosidade e a consistência desejadas (ALLEN; POPOVICH; 
ANSEL, 2013).
QUADRO 10 – BASE DE POMADA DE PEG
Ingrediente Concentração
Polietilenoglicol 400 33,3 g
Polietilenoglicol 4000 33,3 g
Propilenoglicol 33,3 g
FONTE: Brasil (2012, p. 190)
O Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira estabelece que as pomadas 
lipofílicas ou hidrofóbicas são as de cera branca e de petrolato. Já o cold cream e o 
petrolato branco (petrolato é sinônimo de vaselina) são pomadas denominadas de bases 
de absorção (BRASIL, 2012). Essas bases são emolientes, mas têm poder de oclusão 
menor que as bases lipofílicas e são classificadas em emulsões O/A ou A/O (ALLEN; 
POPOVICH; ANSEL, 2013). A base de cold cream, por ser A/O, é insolúvel em água e de 
difícil remoção da pele. Já a emulsão de petrolato branco, por ser O/A, é solúvel em água 
e de remoção mais fácil por conter água na fase externa (BRASIL, 2012).
125
O cold cream é uma emulsão A/O que contém vários ingredientes, como 
cera de abelha, petrolato líquido, BHT, metilparabeno e propilparabeno.
NOTA
Vamos relembrar um pouco de cálculos farmacêuticos usando como base a 
fórmula da pasta de lassar, descrita no Quadro 11. Antes de adentrarmos nos cálculos, 
vamos entender que nesse caso temos uma pasta. Lembre-se de que toda pasta é uma 
pomada, mas nem toda pomada é uma pasta. Veremos que na fórmula há somente 
ingredientes sólidos, pois para todos há a unidade de medida de massa (g). A definição 
de pasta é que deve haver quantidade de sólidos maior ou igual a 25% (BRASIL, 2012). 
Nesse caso, atende-se a esse requisito, pois a quantidade de sólidos é de 75,5%. 
QUADRO 11 – PASTA DE LASSAR
Ácido salicílico 2 g
Óxido de zinco 24,5 g
Amido 24,5 g
Petrolato líquido 24,5 g
Petrolato branco q.s.p. 100 g
FONTE: Brasil (2012, p. 129)
Para chegar ao valor de 75,5% de sólidos, você precisa saber que devemos con-
tabilizar nesse cálculo todos os ingredientes menos aquele designado como “q.s.p”. 
Além disso, é preciso recordar o uso do percentual como forma de expressar concen-
trações. Como a quantidade total da fórmula é de 100 g, teremos 24,5% (que é o mesmo 
que 24,5 g) de óxido de zinco, de amido e de petrolato líquido. O ácido salicílico, por sua 
vez, está em concentração de 2%, pois há 2 g em 100 g total de pomada (BRASIL, 2012).
Voltando aos cálculos, quais seriam as quantidades necessárias de cada um 
dos ingredientes para preparar 25 g de pasta delassar? Temos que aplicar a regra de 
três e depois somar as quantidades de ácido salicílico, de óxido de zinco, de amido e de 
petrolato líquido e subtrair a quantidade total da formulação (25 g) desse somatório para 
termos a quantidade de petrolato branco. As quantidades de ácido salicílico, óxido de 
zinco, amido e petrolato líquido são, respectivamente: 0,5 g, 6,125 g, 6,125 g e 6,125 g. O 
somatório desses ingredientes é de 18,875 g. Assim, a quantidade de petrolato branco 
é de 6,125 g.
126
Agora, vamos a um exemplo de medicamento fitoterápico. Consideremos que 
uma farmácia deva preparar uma pomada contendo tintura da semente de Aesculus 
hippocastanum (cujo nome popular é a castanha-da-Índia) de acordo com a fórmula 
descrita no formulário de fitoterápicos. 20 mL de tintura de semente de Aesculus 
hippocastanum deverão ser adicionados em quantidade suficiente de pomada de vaso-
lanolina para completar 100 g total de formulação. Nesse sentido, se fôssemos preparar 
100 g de formulação, precisaríamos de 80 g de pomada. 
Como preparar a pomada de vaso-lanolina? Podemos seguir a fórmula descrita 
na página 183 do Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira. Em sua composição, 
destacam-se a lanolina, o BHT, o petrolato líquido e o petrolato branco. A lanolina é um 
excipiente usado tanto em cremes como em pomadas, extraída da lã de ovelha. Devido 
a sua miscibilidade com a vaselina (ou petrolato), é comum a associação de lanolina e 
vaselina. Além disso, devido à tendência à oxidação da lanolina, o BHT é importante 
(FERREIRA, 2011).
É importante ressaltar que as pomadas e pastas têm aplicação na pele ou em 
mucosas. Assim, elas se direcionam ao uso tópico, com ação localizada no local onde 
são aplicadas (ALLEN; POPOVICH; ANSEL, 2013). A Tabela 6 resume as características 
das bases de pomadas. As pomadas com conteúdo mais oleoso, como as hidrofóbicas 
e de absorção A/O, são oclusivas. Já as pomadas com conteúdo não oleoso não têm 
característica oclusiva, caso das bases de absorção O/A e hidrofílicas. No entanto, 
apesar de não oclusivas, elas são emolientes (THOMPSON; DAVIDOW, 2013).
TABELA 6 – CARACTERÍSTICAS DAS BASES DE POMADAS
Tipo de base Características Exemplos
Hidrofóbicas
Emoliente, oclusiva, 
insolúvel em água, não 
lavável
Cera branca, petrolato
Base de absorção A/O
Emoliente, protetora, 
oclusiva, insolúvel em 
água, não lavável
Vaso-lanolina, Cold 
cream
Base de absorção O/A
Não oclusiva, emoliente, 
insolúvel em água, lavável
Petrolato branco
Hidrofílica
Não oclusiva, emoliente, 
solúvel em água, lavável
PEG
FONTE: Thompson e Davidow (2013, p. 296)
127
Ainda, as pomadas hidrofóbicas, embora tenham o poder oclusivo, importante 
para o efeito farmacológico, costumam ter um sensorial não muito bem aceito pelos 
pacientes, justamente devido à característica oleosa delas. Apesar disso, de modo geral, 
as pomadas e as pastas apresentam baixo custo e não são irritantes, sendo, portanto, 
alternativas interessantes para tratamentos tópicos (THOMPSON; DAVIDOW, 2013).
3.3 PREPARAÇÃO EM NÍVEL MAGISTRAL DE GÉIS, 
POMADAS E PASTAS
A preparação de géis depende da característica do agente gelificante. Para géis 
de carbopol, é preciso a adição de um agente alcalinizante, como a trietanolamina ou 
hidróxido de sódio, para que haja a formação do gel (FERREIRA, 2011). Já para géis 
contendo derivados de celulose, como HEC ou CMC, deve-se levar em consideração a 
solubilidade do derivado de celulose, ou seja, se o gelificante é mais solúvel em água 
fria ou em água quente (THOMPSON; DAVIDOW, 2013). No caso do gel de HEC, pode-se 
prepará-lo mediante agitação magnética (BRASIL, 2012). No Quadro 12, há a composição 
dos géis de Carbopol®, um dos géis mais comuns em farmácia (BRASIL, 2012).
QUADRO 12 – FORMULAÇÃO DE GÉIS
Ingrediente Quantidade
Fase A
Carbômero 980
1 g
Água purificada q.s.p. 100 g
Fase B
Edetrato dissódico 
0,05 g
Propilenoglicol 5%
Solução conservante de imidazolidinilureia a 50% 0,5 g
Fase C
Solução de trietanolamina a 50% q.s.p. H 6,5 - 7,0
FONTE: Brasil (2012, p. 181)
Inicialmente, deve-se pesar todos os ingredientes sólidos descritos no Quadro 
12. Após, solubilizar os ingredientes da Fase B em parte de água. Nessa fase, adicionar 
o carbômero. O carbômero deve estar completamente disperso em água, sem presença 
de grumos. A dispersão pode ser feita mediante o contato do carbômero com água 
por 24 horas. Ou, para acelerar a dispersão do carbômero, pode-se usar agitador 
magnético. Após a completa dispersão do carbômero, realiza-se a neutralização com a 
128
trietanolamina em quantidade suficiente até pH entre 6,5 e 7,5 (BRASIL, 2012). Destaca-
se que a adição do agente alcalinizante é chamada de neutralização e que o pH entre 
6,5-7,5 é aquele em que ocorre a formação do gel (FERREIRA, 2011).
As pomadas e as pastas têm uma preparação similar, sendo empregada a fusão 
para preparar a base de pomadas, sejam elas hidrofílicas, lipofílicas ou de absorção. No 
tópico de operações farmacêuticas, vimos que a levigação é um subtipo de trituração 
empregada para pomadas para reduzir o tamanho de partícula de um sólido. Para isso, 
usa-se um agente levigante. Essa levigação ocorre em gral ou através de espatulação em 
placa (FERREIRA, 2011). Dentre os agentes levigantes estão a glicerina, o propilenoglicol, 
o PEG, a vaselina etc. Lembre-se de que a trituração tem por finalidade homogeneizar o 
tamanho de partícula, e, para pomadas, isso é muito importante, para que se evite uma 
pomada com sensorial arenoso (THOMPSON; DAVIDOW, 2013).
Para a aditivação de fármacos em bases de pomadas previamente preparadas, 
tem-se um procedimento diferente a depender do estado físico do fármaco. Se for 
sólido, deve ocorrer a levigação. No entanto, se o fármaco for líquido, o processo é mais 
simples, bastando misturá-lo à base pronta (FERREIRA, 2011). Então, para preparar 
a pomada de assadura descrita no Quadro 10, precisamos primeiro preparar a base 
(Quadro 11), mediante pesagem de todos os ingredientes e aquecimento até fusão, 
homogeneizando a seguir. 
Para obter a pomada de assaduras tendo como base a pomada de PEG já 
preparada, pesam-se o óxido de zinco, o talco, o retinol, o ergocalciferol e a quantidade 
de base necessária. Realiza-se a trituração do óxido de zinco e do talco. A seguir, 
adiciona-se, nessa mistura, o propilenoglicol, que é o agente levigante. Então, adiciona-
se essa mistura na base de PEG já preparada. Por fim, o retinol e o ergocalciferol são 
adicionados (BRASIL, 2012). Para obter pastas como a de lassar (Quadro 11), funde-se 
o petrolato em gral. Nesse petrolato fundido, adiciona-se a mistura de óxido de zinco, 
ácido salicílico e amido previamente pulverizados.
Sintetizando, neste tópico, elucidamos as características, as formas de prepa-
ração e a reologia de emulsões, géis, pomadas e pastas. Para essas formas farmacêu-
ticas, tem-se comportamento não newtoniano, que pode ser plástico, pseudoplásti-
co, tixotrópico, reopéxico ou dilatante. As emulsões e os géis são dispersões, sendo as 
emulsões formadas por duas fases líquidas. Em géis, há uma fase sólida e uma fase 
líquida. As pomadas e as pastas são formas semissólidas constituídas de ingredientes 
lipofílicos ou hidrofílicos. As pomadas, as emulsões e os géis são destinados à aplica-
ção tópica. Diferentemente, as emulsões podem ser usadas por via oral. As fórmulas de 
emulsões, géis, pomadas e pastas têm excipientes em comum, tais como conservantes 
e antioxidantes.
129
Em emulsões, é preciso utilizar os tensoativos, fundamentais para a estabilização 
dessas formas farmacêuticas, e a sua preparação é baseada na divisão dos seus 
componentes em duas fases. Os géis são formados por gelificantes e a sua preparação 
depende da característica do agente, sendo na sua maioria hidrogéis. Já as pastas 
diferem-se das pomadas somente por terem uma maior quantidade de ingredientes 
sólidos. Independentemente de ter-se pomada ou pasta, a preparação envolve fusão 
e aditivaçãodos fármacos líquidos e/ou sólidos. De modo geral, as pomadas têm ação 
emoliente e as pomadas hidrofóbicas são também oclusivas.
130
RESUMO DO TÓPICO 2
 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A classificação dos produtos farmacêuticos de acordo o seu comportamento reológico. 
As formas farmacêuticas semissólidas têm comportamento não newtoniano, para 
as quais a viscosidade varia dependendo da tensão e da taxa de cisalhamento. 
Para formas farmacêuticas com comportamento pseudoplástico ou tixotrópico, há 
a diminuição da viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento. 
Produtos com comportamento reopéxico apresentam aumento da viscosidade com 
elevação da taxa de cisalhamento. Para situações de comportamento plástico, tal 
como ocorre para géis, existe ainda uma tensão de cisalhamento mínima que precisa 
ser excedida para que o produto escoe.
• A formulação básica de emulsões e a sua preparação através de fusão da fase 
oleosa e aquecimento da fase aquosa. Este tipo de forma farmacêutica é constituído 
por ingredientes oleosos, como emolientes e ceras, e ingredientes aquosos, como 
umectantes e alguns conservantes. Além disso, na sua composição, há os tensoativos, 
que podem ter um baixo ou alto EHL, importante para selecionar as quantidades 
necessárias de tensoativos para obter uma emulsão estável. As emulsões de uso oral 
são classificadas como O/A e as de uso tópico podem ser A/O ou O/A. 
• As características dos géis e suas formas de preparação. Os géis podem ser hidrogéis 
ou organogéis, dependendo do agente gelificante usado. Dentre os hidrogéis, que 
são géis formados por agentes hidrofílicos, são importantes os géis de Carbopol, de 
HEC e de CMC-Na, que também são classificados como géis orgânicos. Os géis de 
Carbopol precisam ser previamente dispersos em água e neutralizados com agente 
alcalinizante para que haja a formação do gel. Os géis contendo derivados de celulose 
têm a sua preparação dependente da solubilidade em água. Diferentemente, os 
organogéis são géis lipofílicos.
• As características das bases de pomadas e pastas, que podem ser mais ou menos 
oclusivas e com maior ou menor facilidade de remoção com água dependendo da 
sua composição. Dentre essas bases, estão as hidrofóbicas, as hidrofílicas e as bases 
de absorção, sendo estas últimas emulsão O/A ou A/O. Na preparação de pomadas 
e pastas, realizam-se a fusão dos componentes da base e a aditivação de fármacos 
sólidos ou líquidos, sendo que a aditivação de sólidos é realizada através de levigação 
mediante o uso de um agente levigante.
131
RESUMO DO TÓPICO 2
1 Uma preparação contendo 2% de cetoconazol em quantidade suficiente de emulsão 
para 100 g de creme deve ser feita. A farmácia tem preparada uma base de cera 
autoemulsionante para aditivar o cetoconazol. Nessa base, há álcool cetoestearílico 
e lauril sulfato de sódio. Considerando o tipo de forma farmacêutica a ser 
preparado, pode-se afirmar que a base galênica que a farmácia dispõe apresenta 
menores problemas de compatibilidade que uma base de creme contendo cera 
autoemulsionável não iônica? Justifique.
2 Uma pomada de cânfora, mentol e eucalipto tem a fórmula designada no quadro a 
seguir:
AUTOATIVIDADE
Ingrediente Concentração
Cânfora 5 g
Mentol 5 g
Eucalipto 5 g
Cera branca 10 g
Manteiga de cacau 10 g
Vaselina branca q.s.p. 100 g
Para a preparação de 30 g dessa pomada, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Seria necessário pesar 19,5 g de vaselina sólida, uma base não oclusiva e solúvel 
em água.
b) ( ) Seria necessário pesar 19,5 g de vaselina sólida, uma base oclusiva e insolúvel 
em água.
c) ( ) Seria necessário pesar 18,5 g de vaselina sólida, uma base oclusiva e insolúvel 
em água.
d) ( ) Seria necessário pesar 18,5 g de vaselina sólida, uma base não oclusiva e solúvel 
em água.
3 O equilíbrio hidrófilo-lipófilo é um importante parâmetro de determinação do 
grau de hidrofilia ou lipofilia de um tensoativo. Assinale a alternativa que contém, 
respectivamente, a característica de tensoativo com EHL de 3,8 e tensoativo com 
EHL 17:
132
a) ( ) Hidrossolúvel e lipofílico.
b) ( ) Lipofílico e lipossolúvel.
c) ( ) Lipofílico e hidrossolúvel.
d) ( ) Hidrossolúvel e lipossolúvel.
4 Uma formulação semissólida foi avaliada em relação ao comportamento reológico 
mediante determinação da tensão de cisalhamento e viscosidade, cujos valores de 
viscosidade foram dependentes do tempo. Os valores de viscosidade e de tensão de 
cisalhamento dessa formulação estão apresentados na tabela a seguir. Considere 
que as unidades de tensão de cisalhamento e viscosidade são Pascal/Segundo (Pa.s) 
e Pascal (Pa).
Viscosidade aparente 
(Pa)
Tensão de cisalhamento 
(Pa.s)
1,5 20
2 10
1,2 21
Assinale a alternativa que contém o comportamento reológico adequado para essa 
formulação:
a) ( ) Pseudoplástico.
b) ( ) Dilatante.
c) ( ) Tixotrópico.
d) ( ) Reopéxica.
5 Os hidrogéis são formas de uso tópico que podem ser empregados para ingredientes 
vegetais e sintéticos. Considerando-se a necessidade de uma prescrição de 
urgência, a ser atendida dentro do prazo de 24h a partir do recebimento do 
pedido pela farmácia, qual opção de gel-base poderia ser empregada para a 
aditivação do fármaco constante na prescrição? A farmácia tem em estoque gel de 
hidroxietilcelulose, gel de carboximetilcelulose e carbômero 980 para a preparação 
prévia de gel de carbômero 980.
133
TÓPICO 3 - 
CONTROLE DE QUALIDADE DE 
MEDICAMENTOS E MATERIAL DE 
ACONDICIONAMENTO
1 INTRODUÇÃO
Nos tópicos anteriores, discorremos sobre as formulações farmacêuticas 
líquidas e semissólidas manipuladas em farmácias, bem como os seus métodos de 
obtenção. Neste momento, adentraremos em aspectos relacionados ao controle 
de qualidade e ao material de acondicionamento, isto é, a embalagem em que será 
adicionada a formulação. Não basta somente ter conhecimento sobre os métodos de 
preparação ou selecionar os excipientes adequados, o controle de qualidade e o tipo 
de embalagem são muito importantes, pois eles influenciarão a estabilidade de uma 
formulação farmacêutica. 
A estabilidade de uma formulação influencia diretamente no seu prazo de 
validade, sendo a adequada seleção do material de embalagem fundamental, sobretudo 
a embalagem primária, que é a que está diretamente em contato com a formulação. 
Assim, veremos que a estabilidade é classificada em física, química, microbiológica, 
terapêutica e toxicológica e que, dependendo da compatibilidade entre os ingredientes 
e dos ingredientes com a embalagem, diferentes prazos de validade devem ser fixados. 
Quanto às embalagens, as de plástico são as mais usadas para o acondicionamento de 
preparações farmacêuticas. 
Anteriormente, estudamos algumas exigências sobre o controle de qualidade 
para matérias-primas e produtos farmacêuticos definidas pela Resolução de Boas 
Práticas de Manipulação. Neste tópico, contemplaremos com mais detalhes o controle 
de qualidade de matérias-primas vegetais e reveremos os ensaios de qualidade exigidos 
para formas líquidas e semissólidas. Ademais, também entenderemos como deve ser 
a rotulagem de produtos manipulados, seguindo as exigências da Resolução Diretora 
Colegiada nº 67/2007.
UNIDADE 2
2 CONTROLE DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS 
LÍQUIDOS E SEMISSÓLIDOS
Você já compreende que o controle de qualidade é composto por vários ensaios 
diferentes que são realizados dependendo do tipo de forma farmacêutica (BRASIL, 
2007). Esses ensaios são classificados em físico-químicos e microbiológicos. Os 
ensaios microbiológicos têm por intuito verificar a presença de bactérias e fungos 
134
na formulação. Uma vez que a maioria dos produtos preparados em farmácias não é 
estéril, eles têm naturalmente presença de alguns microrganismos. Os ensaios físico-
químicos englobam análise de pH, características organolépticas, peso, pH e volume 
(COELHO et al., 2021). Segundo abordaremos no tópico de boas práticas de manipulação, 
a contagem microbiológicadeve ser realizada para bases galênicas que compõem o 
estoque mínimo (BRASIL, 2007). 
A qualidade de um produto, seja ele magistral ou industrial, é assegurada através 
de um sistema de garantia de qualidade, que engloba a definição do prazo de validade 
de manipulados, a investigação de desvios de qualidade, a existência de procedimentos 
operacionais padrão (POP) para todas as atividades, entre outros itens. A investigação 
de desvios tem por objetivo identificar as causas, saná-las e aplicar medidas adequadas 
para que o desvio não se repita (ANFARMAG, 2012). Recordemos que devem existir POP 
para todas as atividades que a farmácia executa, incluindo não somente as atividades 
de manipulação, mas também atividades administrativas (FERREIRA, 2011). 
2.1 CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO
As preparações já devidamente finalizadas e prontas para serem dispensadas 
ao paciente devem ser analisadas em relação a alguns aspectos, independentemente 
de serem medicamentos fitoterápicos ou sintéticos. Lembre-se de que já exploramos os 
ensaios requeridos para as formas farmacêuticas semissólidas e para as formas líquidas 
(BRASIL, 2007). Uma vez que também já temos conhecimento de quais são as formas 
semissólidas e quais são as líquidas, poderemos então recapitular todas essas infor-
mações (Quadro 13). As loções podem ser emulsões, soluções e suspensões (BRASIL, 
2019). No entanto, para fins do Quadro 13, considere loção como uma emulsão fluida. 
Leia sobre o controle de qualidade físico-químico de suspensões em: 
https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/cienciasmedicas/
article/view/1876.
DICAS
A descrição, o aspecto e as características organolépticas são exigências 
para qualquer forma farmacêutica líquida ou semissólida. O pH, por sua vez, é exigido 
para líquidos e quando aplicável para semissólidos. Isso ocorre, pois formas semissólidas 
anidras não têm água e nesses casos não se realiza a determinação de pH. Portanto, 
a medida de pH só é válida quando a formulação é aquosa. Se tivermos um creme O/A 
135
e uma pomada de petrolato branco, podemos realizar a medida de pH para ambos? 
A resposta é não! A determinação de pH somente é indicada para o creme, já que a 
pomada é anidra.
QUADRO 13 – CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO DE FF LÍQUIDAS E SEMISSÓLIDAS 
Formas farmacêuticas Peso Volume pH Aspecto
Características 
organolépticas
Descrição
Líquidas
Soluções
Suspensões
Emulsões
Semissó-
lidas
Cremes
Loções
Pomadas
Géis
FONTE: A autora
 Outra informação importante é que a determinação do pH pode ser realizada 
em potenciômetros ou em tiras universais de pH (Figura 14). A tira muda de cor ao entrar 
em contato com o produto para o qual se deseja conhecer o pH. A partir da comparação 
da cor obtida na fita com um padrão que acompanha essas tiras, consegue-se ter uma 
estimativa do pH. Portanto, essas tiras não fornecem o valor exato do pH. Para situações 
em que se precisa conhecer o pH com exatidão, deve-se empregar os potenciômetros 
ou também conhecidos como pHmetros (Figura 15).
FIGURA 14 – FITA UNIVERSAL DE pH
FONTE: <https://shutr.bz/37LAbQL>. Acesso em: 16 dez. 2021.
136
A diferença em relação às fitas universais é que os pHmetros devem ser calibrados 
antes do seu uso, da mesma forma como vimos que balanças também precisam de 
calibração. Além disso, o pHmetro só é apropriado para formulações pouco viscosas. 
Então, para semissólidos, recomenda-se diluir uma quantidade da formulação em água, 
para que haja uma formulação passível de leitura neste instrumento. Importante destacar 
que, independente de se empregar as tiras universais ou o pHmetro, a formulação deve 
estar bem homogênea, sem presença de grumos, pois, do contrário, o valor de pH obtido 
não será válido.
FIGURA 15 – pHMETRO
FONTE: <https://bit.ly/3iuhraK>. Acesso em: 16 dez. 2021.
As formas semissólidas devem ser analisadas em relação ao seu peso em 
balança. Já as líquidas podem ser analisadas em relação ao peso ou ao volume antes 
do envase no frasco que será dispensado ao paciente (BRASIL, 2007). Nesse caso, por 
termos fórmulas líquidas, é admitida a determinação de volume. Assim, cabe à farmácia, 
mais especificamente ao farmacêutico do estabelecimento, definir qual dessas análises 
será a mais apropriada. Como existe uma grande versatilidade nos tipos de produtos 
manipulados, a Resolução de Boas Práticas de Manipulação permite que seja selecionado 
o ensaio mais adequado dependendo do tipo de formulação.
As bases galênicas do Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira necessitam 
ser também analisadas com relação às mesmas características físico-químicas dos 
produtos acabados, com algumas diferenças em relação à necessidade de determinação 
de teor, dissolução, densidade, viscosidade e grau alcoólico. A dissolução corresponde 
à determinação do quanto de princípio ativo se dissolve em um determinado tempo. A 
quantidade que deve estar dissolvida e o tempo para essa dissolução são definidos nas 
monografias de cada princípio ativo.
Findos os aspectos relativos aos produtos acabados, agora focaremos no 
controle de qualidade de matérias-primas vegetais. Lembre-se de que os ensaios de 
controle de qualidade de matérias-primas sempre antecedem ao início da manipulação, 
pois a qualidade da matéria-prima é um dos vários fatores relacionados à qualidade do 
137
produto acabado. Como já exposto, fatores, como a higiene do manipulador e a qualidade 
da água usada para a manipulação são outros aspectos fundamentais. A Tabela 7 
apresentará os ensaios exigidos pela Resolução de Boas Práticas de Manipulação para 
matérias-primas vegetais.
Os ensaios apresentados na Tabela 7 são aqueles exigidos pela Resolução de 
Boas Práticas de Manipulação, sendo a maioria deles exigidos para matérias-primas 
sólidas, pois o estado sólido é o mais comum para matérias-primas vegetais. Exceção é o 
caso da densidade, que somente se aplica a matérias-primas vegetais líquidas (BRASIL, 
2007). A análise macroscópica se aplica a matérias-primas vegetais que passaram por 
processo de pulverização e por isso têm tamanho de partícula inferior à planta inteira 
ou a sua parte (BRASIL, 2019). A abordagem sobre a contaminação microbiológica será 
feita no subtópico de controle de qualidade microbiológico. 
TABELA 7 – CONTROLE DE QUALIDADE DE MATÉRIAS-PRIMAS VEGETAIS
Ensaios Matéria-prima vegetal
Teor de umidade Sólida
Contaminação microbiológica Sólida
Características organolépticas Sólidas e líquidas
Características macroscópicas Sólidas 
Características microscópicas Planta inteira ou rasurada
Teor de cinzas Sólidas 
Material estranho Sólidas 
Densidade Líquidas 
FONTE: A autora
A caracterização microscópica consiste na análise histológica da planta ou 
parte da planta em microscópio (BRASIL, 2019). A análise em microscópio somente é 
realizada para plantas, as quais costumam apresentar uma dimensão muito maior que 
aquela da droga. A caracterização macroscópica é uma análise visual de cor e consis-
tência, podendo-se usar uma lupa para essa análise (SIMÕES et al., 2017), que deve 
ser realizada pela farmácia, já que esse ensaio não requer que ela possua uma grande 
estrutura de equipamentos para a sua execução. 
Consideremos a Figura 16, de folhas secas de sálvia. Primeiramente, precisamos 
coletar as folhas de sálvia (Salvia officinalis), que é a planta medicinal, que será 
submetida à estabilização, à secagem e à pulverização, para assim obter-se a droga 
138
vegetal. Os extratos e as tinturas são obtidos quando princípios ativos da droga vegetal 
ou da planta medicinal são extraídos mediante o uso de solventes adequados (BRASIL, 
2014). Lembre-se de que extratos podem ser líquidos, secos ou moles e que as tinturas 
são sempre líquidas (BRASIL, 2019). 
FIGURA 16 – FOLHAS SECAS DE SÁLVIA 
FONTE: <https://bit.ly/3JFud1R>. Acesso em: 16 dez. 2021.
Não confunda os conceitos de extratos, tinturas, drogas vegetais 
e planta medicinal. Os extratos e as tinturas são soluções extrativasobtidas a partir da planta medicinal ou da droga vegetal. As drogas são 
a planta inteira ou parte dela que passou por tratamentos visando à 
diminuição da quantidade de água e à redução da atividade enzimática.
ATENÇÃO
Para ensaios que requerem equipamentos mais complexos, os quais muitas 
vezes a farmácia não dispõe, aceitam-se os resultados obtidos do certificado de análise 
do fornecedor, desde que esteja devidamente qualificado pela farmácia. Constate, 
portanto, a importância da qualificação do fornecedor! Esses ensaios são: determinação 
de cinzas, determinação de umidade e características microscópicas. Não havendo a 
qualificação do fornecedor, a farmácia poderá terceirizar a execução dessas análises 
(BRASIL, 2007).
O teor de matéria-estranha corresponde a qualquer componente que não 
deveria fazer parte da composição da matéria-prima vegetal, podendo ser proveniente 
da própria planta que deu origem à matéria-prima ou não. Os ingredientes e os 
componentes que fazem parte da composição de uma matéria-prima vegetal são 
aqueles que constam na sua monografia na Farmacopeia. No volume 1 da Farmacopeia, 
139
é estabelecido que o máximo de material estranho é de 2% (p/p). Vale lembrar que esse 
percentual significa a quantidade em gramas de material estranho em 100 g de matéria-
prima vegetal (BRASIL, 2019).
A determinação da quantidade de água é realizada através de diferentes 
métodos: método gravimétrico, azeotrópico ou volumétrico. O primeiro consiste em 
submeter a droga vegetal a aquecimento até se obter uma massa inalterável da droga. 
O segundo é uma destilação com tolueno, em que a água contida na droga é extraída. 
O último, o Karl Fischer, é o mais complexo, pois exige equipamento específico. Neste 
método, a quantidade de água é determinada através de reações químicas entre os 
ingredientes que fazem parte do reagente de Karl Fischer (FONSECA; MARQUELE-
OLIVEIRA, 2019).
O teor de cinzas corresponde ao material inorgânico que permanece na droga 
após a sua incineração. Neste procedimento, submete-se a droga a aquecimento a 600 
°C, havendo a incineração de toda a matéria-orgânica. O material que permanece serve 
como controle de qualidade, indicando, inclusive, adulterações, como a presença de 
terra, que é um material estranho não proveniente da planta (FONSECA; MARQUELE-
OLIVEIRA, 2019).
As especificações dos ensaios para as drogas vegetais são encontradas na 
Farmacopeia, no volume 1, que contém especificações gerais, ou no volume 2. Citando 
o exemplo da monografia de arnica, disponível no volume 2 de plantas medicinais 
da Farmacopeia Brasileira, deve-se realizar a determinação de água pelo método 
gravimétrico, sendo admitido o máximo de 10% de água. O máximo permitido de cinzas 
e de material estranho é de 5% e 10%, respectivamente. Perceba que anteriormente 
vimos que o limite de material estranho é de 2%. O que acontece é que para algumas 
drogas existe uma especificação diferente em monografia própria. O valor de 2% é uma 
especificação geral, válida para qualquer droga. Neste caso, usa-se o limite definido pela 
monografia própria da arnica, que é de 5% (BRASIL, 2019).
2.2 CONTROLE DE QUALIDADE MICROBIOLÓGICO
Em preparações farmacêuticas elaboradas em farmácias, é exigida a análise 
microbiológica de matérias-primas vegetais e de bases do estoque mínimo. Com relação 
às matérias-primas vegetais, a farmácia poderá empregar o resultado de contagem 
microbiológica do certificado de análise do fornecedor, desde que este esteja qualificado. 
No entanto, não estando o fornecedor qualificado, a farmácia necessita realizar este 
ensaio, que poderá ser feito em laboratório terceirizado (BRASIL, 2007). Devido à origem 
das drogas vegetais, elas podem estar contaminadas com fungos e bactérias, as quais 
podem afetar a qualidade do produto acabado (FONSECA; MARQUELE-OLIVEIRA, 2019).
140
A contagem microbiológica, isto é, de bactérias e fungos, e a ausência de 
bactérias patogênicas em matérias-primas vegetais são cruciais. Para isso, é 
requerida uma maior estrutura física por parte da farmácia. No entanto, nem sempre a 
farmácia tem condições financeiras para fazer uma adequação necessária para poder 
realizar estes testes. Assim, para facilitar, a Resolução permite a sua terceirização ou 
admite que seja utilizado o resultado do laudo de análise de fornecedor previamente 
qualificado (BRASIL, 2007).
Você sabia que a presença de água em um insumo farmacêutico 
favorece a contaminação microbiológica? É por essa razão que as 
drogas vegetais são submetidas ao procedimento de secagem.
ATENÇÃO
Além da especificação físico-química, a Farmacopeia também estabelece as 
especificações microbiológicas para matérias-primas vegetais, apresentadas no Quadro 
14. A contagem de bactérias e fungos é apresentada como unidade formadora de 
colônia (UFC) por grama ou por mL, dependendo se o meio de cultura usado é líquido 
ou sólido. O produto deve ser inoculado em um meio de cultura para fungos e em um 
meio de cultura para bactérias e mantido sob uma determinada temperatura e tempo de 
incubação, determinados pela Farmacopeia. Após esse período, realiza-se a contagem 
de bactérias e fungos (BRASIL, 2019).
QUADRO 14 – LIMITES MICROBIOLÓGICOS PARA MATÉRIA-PRIMA VEGETAL E SOLUÇÕES EXTRATIVAS
Ensaio Especificação MP vegetal ou solução extrativa
Contagem total de 
bactérias (UFC/g ou 
UFC/mL)
107
Droga vegetal sem tratamento de redução 
de microrganismos
105
Droga vegetal que não será submetida a 
tratamento posterior de redução de carga 
microbiológica
104 Extrato seco, extrato fluido e tinturas
141
Contagem total de 
fungos
(UFC/g ou UFC/mL)
104
Droga vegetal sem tratamento de redução 
de microrganismos
103
Droga vegetal que não será submetida a 
tratamento posterior de redução de carga 
microbiológica
102 Extrato seco, extrato fluido e tinturas
Ausência de 
Escherichia coli
0 em 1 g Drogas vegetais, extratos, tinturas
Ausência de 
Salmonella
0 em 10 g Drogas vegetais, extratos, tinturas
FONTE: Brasil (2019, p. 414-415)
As soluções extrativas são aquelas em que deve haver menor contagem 
de bactérias e fungos. Já para as drogas vegetais, é permitida uma quantidade um 
pouco maior de microrganismos. A droga vegetal que será submetida posteriormente 
a tratamento para reduzir a carga microbiana poderá ter um maior número de UFC de 
bactérias ou fungos. No entanto, a droga que não passará por tratamento para a redução 
da carga de microrganismos deverá ter um menor número de UFC por gramas ou por 
mL tanto para bactérias como para fungos. Ainda, deve-se ter ausência de Escherichia 
coli e de Salmonella, que são bactérias patogênicas, seja para as drogas vegetais, 
tinturas ou extratos (BRASIL, 2007).
Apesar de a farmácia terceirizar os ensaios de controle de qualidade microbio-
lógica, ela não está dispensada de conhecer os limites microbiológicos estabelecidos na 
Farmacopeia. Além disso, é sua reponsabilidade enviar ao laboratório terceirizado o ma-
terial em embalagem apropriada e assegurar condições adequadas de transporte, para 
que nem o transporte e nem a embalagem afetem negativamente o resultado da análise. 
 
Por fim, ainda sobre o controle microbiológico, as bases galênicas precisam ser 
analisadas, uma vez que essas bases ficam armazenadas na farmácia, é um indicativo 
da adequabilidade das condições de armazenamento dessas bases na farmácia. Em 
caso de não estar, isso representa um desvio de qualidade, que deve ser devidamente 
investigado, em consonância com o que já discutimos. 
Os limites microbiológicos para as bases galênicas são também estabelecidos 
pela Farmacopeia Brasileira, devendo ser de no máximo 103 UFC/g ou mL de bacté-
rias e 102 UFC/g ou mL, que é o mesmo que 1.000 UFC/g ou mL para bactérias e 100 
UFC/g ou mL para fungos. Além disso, é obrigatória a ausência de Escherichia coli 
e Salmonella. Para fins de análise, mensalmente, deve ser analisada pelo menos um 
base galênica por um sistema de rodízio em relação ao tipo debase e ao manipulador. 
142
Agora, trataremos da rotulagem de fórmulas magistrais, oficinais e fitoterápicas. 
Muito embora não se enquadrem como ensaios de qualidade, a rotulagem inadequada 
representa um desvio. A Resolução de Boas Práticas de Manipulação explicita todos 
os itens que devem compor essas fórmulas. Então, a existência de rótulos com itens 
obrigatórios faltando é inaceitável. O Quadro 15 trará de forma resumida os itens que 
devem compor o rótulo de produtos preparados em farmácias.
Analisando o Quadro 15, podemos perceber que muitos dos itens são obrigatórios, 
independentemente do tipo de produto, incluindo posologia, data de manipulação, prazo 
de validade, endereço e cadastro nacional de pessoa jurídica (CNPJ) da farmácia. Já 
comentamos que a farmácia é uma empresa e por isso precisa de CNPJ. Além desses 
itens, são obrigatórios também o nome do farmacêutico e o seu respectivo registro no 
Conselho Regional de Farmácia (CRF) do estado onde a farmácia está localizada. Sobre 
a formulação em si, devem constar a descrição dos componentes e as quantidades da 
fórmula, bem como a quantidade total em peso ou volume (ANFARMAG, 2016).
QUADRO 15 – RÓTULO DE PRODUTOS MAGISTRAIS
Item
Fórmula 
magistral
Fórmula 
oficinal
Fórmula 
fitoterápica
Nome do prescritor X X
Nome do paciente X X
Posologia X X X
Denominação 
farmacopeica
X
Data de manipulação X X X
Prazo de validade X X X
Endereço da farmácia X X X
CNPJ da farmácia X X X
Nome e número de 
registro no CRF do 
farmacêutico 
X X X
Descrição da formulação X X
Com classificação 
botânica
Peso ou volume da 
fórmula
X X 
FONTE: A autora
143
Fazendo um comparativo entre os itens necessários nas formulações, consta-
tamos que o nome do prescritor é obrigatório na fórmula magistral, visto que essa se 
caracteriza por ser preparada a partir de uma prescrição. No que concerne à fórmula 
oficinal, deve constar a denominação farmacopeica, tendo em vista que ela se baseia 
em produtos que constam em compêndios oficiais, tais como o Formulário Nacional 
da Farmacopeia Brasileira. Por último, para produtos fitoterápicos, sendo produtos de 
origem vegetal, é essencial a classificação botânica, ou seja, o nome científico da droga 
vegetal (ANFARMAG, 2016).
3 MATERIAL DE ACONDICIONAMENTO DE MEDICAMENTOS
O material de acondicionamento é o material de embalagem em que será 
acondicionada a formulação. Uma vez que essas embalagens protegem o produto 
farmacêutico, é primordial a sua adequada seleção. Vamos nos recordar dos conceitos 
de embalagem primária e secundária. A embalagem primária é aquela que acondiciona 
diretamente a formulação, enquanto a embalagem secundária acondiciona a embalagem 
primária. Em farmácias, não é comum o uso de embalagens secundárias, sendo mais 
usadas na indústria farmacêutica (AULTON; TAYLOR, 2016).
Como a embalagem tem a finalidade de proteção, ela influencia diretamente na 
estabilidade do produto nela contido. Por sua vez, uma adequada estabilidade permite 
entender o prazo de validade de um produto, definido como período de tempo no 
qual ele mantém as mesmas características que possuía logo após a sua preparação. 
Naturalmente, os medicamentos tendem a sofrer alterações ao longo do tempo e 
justamente por esse motivo é que eles não devem ser utilizados após o vencimento do 
prazo de validade (FERREIRA, 2011). 
3.1 ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS
A estabilidade de um medicamento é influenciada por fatores extrínsecos e 
intrínsecos. Os fatores extrínsecos são fatores externos ao medicamento, incluindo 
condições ambientais, como temperatura e umidade do ambiente, incidência de luz 
e oxigênio. Os fatores intrínsecos são aqueles relacionados propriamente ao produto, 
como incompatibilidade entre os ingredientes da fórmula ou entre ingredientes da 
fórmula e o material de embalagem. Nos fatores intrínsecos, podemos citar reações 
químicas diversas, que podem acontecer dependendo das características do fármaco e 
excipientes, como oxidação, redução e hidrólise (ANFARMAG, 2014). 
Sobre os fatores extrínsecos, é importante destacar que a temperatura influencia 
muito na estabilidade, pois à medida que ocorre o aumento da temperatura, aumenta 
a velocidade de reações químicas, o que impacta na estabilidade. A incidência de luz é 
uma circunstância negativa para princípios ativos fotoinstáveis, que sofrem alterações 
144
quando expostos à luz. Isso ocorre, por exemplo, com as vitaminas A e E. No que diz 
respeito à umidade, ela favorece as reações de hidrólise, que requerem a presença de 
água (ANFARMAG, 2014).
Acerca dos fatores intrínsecos, a Tabela 8 apresenta alguns exemplos de 
fármacos suscetíveis à oxidação, à hidrólise e à fotólise. Cabe ressaltar que outras 
reações químicas também podem ocorrer, mas neste tópico focaremos nessas três 
reações. A hidrólise é uma reação que necessita de água para ocorrer. Dessa forma, 
para os fármacos suscetíveis, uma das estratégias é o controle da quantidade de água, 
mediante o uso de embalagens herméticas ou contendo agentes dessecantes, que 
absorvem a água. Além disso, visto que altas temperaturas favorecem a hidrólise, outra 
estratégia é o controle da temperatura de armazenamento (FERREIRA, 2011).
TABELA 8 – FÁRMACOS SUSCETÍVEIS À HIDRÓLISE E À OXIDAÇÃO
Reação Exemplos de fármacos
Hidrólise Ácido acetilsalicílico, fenitoína
Fotólise Nifedipino, hidrocortisona
Oxidação Captopril, ácido retinoico
FONTE: A autora
A oxidação é uma reação que necessita de oxigênio. Logo, são empregados, 
nesse caso, antioxidantes que previnem a oxidação. Além disso, controla-se a 
temperatura de armazenamento, visto que altas temperaturas favorecem a oxidação. 
Há também o controle do pH da formulação, pois pHs alcalinos facilitam esse tipo de 
reação. Quanto à fotólise, é uma reação química de degradação em presença de luz. 
Então, são adotadas embalagens âmbar que protegem o produto da exposição direta à 
luz (FERREIRA, 2011). A Figura 17 apresenta um exemplo de embalagem de vidro âmbar.
FIGURA 17 – EMBALAGENS ÂMBAR
FONTE: <https://bit.ly/3JDuylT>. Acesso em: 17 dez. 2021.
145
A estabilidade de uma preparação farmacêutica é importante para a definição 
do prazo de validade adequado. Em farmácias, a definição do prazo de validade é 
determinada a partir do conhecimento das compatibilidades ou incompatibilidades entre 
ingredientes e entre ingredientes e embalagem. A estabilidade também é importante 
para recomendar ao paciente condições especiais de armazenamento do produto. Por 
exemplo, um medicamento que contém algum fármaco termolábil deve ser armazenado 
sob refrigeração (FERREIRA, 2011). 
Diferentemente da indústria, que necessita conduzir estudos de estabilidade 
para os produtos fabricados, para a farmácia realizar estes estudos é mais complexo, 
devido a sua menor condição financeira, a sua menor estrutura física e a uma maior 
diversidade de produtos quando comparada à indústria farmacêutica. De modo geral, 
formulações anidras têm um prazo de validade maior que formulações aquosas. 
Segundo o que já vimos, formulações semissólidas e líquidas têm validade de 3 meses 
e sólidas têm validade de 6 meses. Importante destacar que a validade de 3 meses para 
fórmulas semissólidas e líquidas aquosas só é válida se houver conservantes na fórmula 
(FERREIRA, 2011). 
Ademais, a estabilidade de um produto está relacionada as suas caracterís-
ticas físicas e químicas, à presença de microrganismos, à manutenção da ação far-
macológica e à ausência de efeito tóxico. Assim, temos a estabilidade física, química, 
terapêutica, toxicológica e microbiológica influenciando diretamente o produto, con-
forme demonstrado no Quadro 16. A estabilidade física é aquela em que o produto 
mantém a aparência que tinha originalmente. A estabilidade química se refere à 
manutenção da ação dos ingredientes da fórmula, sejam eles excipientes ou fármacos 
(FERREIRA, 2011).
Você sabia que apesar de os excipientes serem descritos como inertes, 
eles têm ações importantes?Eles são fundamentais para a manutenção 
da estabilidade, para as características da forma farmacêutica e podem 
até mesmo impactar no efeito farmacológico.
INTERESSANTE
146
QUADRO 16 – TIPOS DE ESTABILIDADE
FONTE: A autora
A estabilidade microbiológica se refere à inexistência de microrganismos no 
caso de produtos estéreis. Para um produto não estéril, a contaminação microbiológica 
deve estar de acordo com as especificações farmacopeicas. Anteriormente, vimos 
as especificações microbiológicas para as bases galênicas, mas há também limites 
microbiológicos para produtos sintéticos e semissintéticos, para os quais há a 
necessidade de ausência de bactérias patogênicas (BRASIL, 2019).
Um exemplo clássico de interação ocorre entre o polissorbato 80 (ten-
soativo não iônico) e os parabenos (conservantes, como metilparabeno 
e propilparabeno). Quando esses ingredientes são misturados, ocorre a 
perda da ação conservante dos parabenos. Essa situação é totalmente 
desfavorável, pois a contaminação por microrganismos é facilitada.
INTERESSANTE
No que concerne à estabilidade terapêutica, ela está relacionada ao efeito 
farmacológico do fármaco, sendo, portanto, de extrema importância para a eficácia do 
medicamento. A manutenção de estabilidade química poderá impactar na estabilidade 
terapêutica. Vamos imaginar que há uma alteração de estabilidade química de um fármaco 
de uma preparação. Essa alteração de estabilidade poderá se refletir na perda de efeito 
farmacológico ou poderá ocasionar efeito tóxico. Assim, a estabilidade toxicológica, 
que é a ausência de efeito tóxico, também está relacionada às estabilidades terapêutica 
e química (FERREIRA, 2011).
147
3.2 MATERIAIS EMPREGADOS NA EMBALAGEM PRIMÁRIA 
E SECUNDÁRIA
Os plásticos são hoje o principal material de embalagem para acondiciona-
mento de embalagens primárias devido a sua versatilidade e ao seu custo, inferior às 
embalagens de vidro. Os plásticos apresentam diferentes graus de transparência, de 
permeabilidade ao oxigênio e resistência à umidade. Então, por exemplo, se uma for-
mulação contiver um fármaco suscetível à hidrólise, poderia ser empregado um material 
plástico resistente à umidade. Por outro lado, se na formulação contiver um fármaco 
que se oxida, caso se opte pela embalagem de plástico, o ideal seria selecionar aquela 
que tem baixa permeabilidade ao oxigênio (FERREIRA, 2011).
Uma infinidade de opções de frascos de plástico está disponível, tal como 
exemplificado na Figura 18. Estas embalagens apresentam diferentes capacidades, 
com boca mais larga e podem ser empregadas para formulações na forma de spray e 
contendo gotejadores (FERREIRA, 2011). Assim, cabe à farmácia adquirir aquelas que 
melhor atendam às características do produto e também às necessidades do paciente.
FIGURA 18 – EMBALAGENS DE PLÁSTICO
FONTE: <https://bit.ly/3JGVXTO>. Acesso em: 19 dez. 2021.
A Figura 19 apresenta exemplos de frascos de plástico empregados para 
semissólidos e líquidos. Observa-se também que essas embalagens de plástico são 
primárias. Logo acima delas, estão localizadas as embalagens secundárias. Note que 
nas embalagens primárias há o rótulo, no qual devem constar informações obrigatórias, 
dependendo se há uma formulação oficinal, magistral ou fitoterápica, conforme também 
já abordamos. Comumente, a embalagem secundária é de papel. A embalagem de papel 
tem um custo menor. No entanto, ela não é apropriada como embalagem primária.
148
FIGURA 19 – EMBALAGENS PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS DE MEDICAMENTOS
FONTE: <https://bit.ly/3D7TJua>. Acesso em: 17 dez. 2021.
A embalagem de vidro costuma ser impermeável e inerte, ou seja, que não 
interage quimicamente com a formulação. Em função dessa característica, ela é comum 
em medicamentos injetáveis. O vidro é classificado em quatro categorias: vidro tipo I, 
vidro tipo II, vidro tipo III e vidro tipo IV. O tipo I é o mais inerte de todos e também o com o 
maior custo. O tipo II é similar ao tipo I. O tipo III é usado para acomodar grandes volumes 
de líquidos. O tipo IV é o vidro não parenteral, usado para preparações não injetáveis 
(AULTON; TAYLOR, 2016), sendo então o tipo de vidro usado pelas farmácias quando o 
plástico não pode ser empregado. 
A embalagem de metal é impermeável à umidade e ao oxigênio. Nesse 
quesito, então, é apropriada para formulações que contenham insumos ativos 
fotolábeis (fármacos que se degradam na presença de luz) ou que sofram hidrólise. No 
entanto, devido à presença de metal, que poderá reagir com a formulação, deve haver 
um revestimento nesse tipo de material (FERREIRA, 2011). O metal apresenta um custo 
maior que alguns plásticos, mas inferior ao do vidro (AULTON; TAYLOR, 2016).
O papel é a embalagem mais barata, obtida a partir da madeira. No entanto, é 
sensível contra a umidade. Basta pensarmos que um material desse tipo é molhado 
facilmente. Ainda que o produto farmacêutico não tenha tendência à hidrólise, o contato 
com a água pode alterar as suas características físicas, químicas e terapêuticas. Ademais, 
o papel também pode ser contaminado por bactérias e fungos e sua higienização é 
difícil, diferentemente de outros materiais, como o vidro e o plástico, que podem ser 
higienizados ou sanitizados (AULTON; TAYLOR, 2016).
 
O Quadro 17 resume as características dos materiais usados como embalagem 
primária. É possível concluir que para os plásticos algumas propriedades variam. A 
sua vantagem é o fato de serem leves. Os vidros são os materiais de embalagem mais 
pesados e de maior custo. No entanto, é compatível com a formulação, pois é inerte e 
resistente a altas temperaturas, motivo pelo qual pode ser submetido à esterilização na 
obtenção de medicamentos estéreis (AULTON; TAYLOR, 2016).
149
QUADRO 17 – PROPRIEDADES DOS MATERIAIS DE EMBALAGEM PRIMÁRIA 
Propriedade Vidro Metal Plástico
Compatibilidade com a 
formulação
Sim Varia
Varia dependendo do 
plástico
Peso Mais pesado Leve Leve
Impermeabilidade a vapor 
d’água, gases
Sim Sim Depende do plástico
Reciclável Sim Sim Sim
Custo Alto Intermediário Depende do plástico
Estabilidade em alta 
temperatura
Sim Sim Depende do plástico
FONTE: Aulton e Taylor (2016, p. 780)
Os metais, assim como os plásticos, têm uma compatibilidade variável com a 
formulação. O vidro e o metal são suscetíveis à reciclagem, um aspecto importante, 
sobretudo atualmente, com a preocupação acerca da sustentabilidade e da redução 
de impactos ambientais. Considerando a impermeabilidade das embalagens, o vidro 
e o metal têm essa propriedade. Portanto, não existe uma embalagem com todas as 
propriedades ideais. Deve-se selecionar aquela que atende à maioria das propriedades 
necessárias para acondicionar a formulação (AULTON; TAYLOR, 2016).
Idealmente, para uma farmácia, a embalagem deve ter o menor custo possível, 
ao mesmo tempo em que seja compatível com os fármacos e excipientes mais usuais. 
Importante mencionar que, por vezes, as farmácias preparam formulações totalmente 
personalizadas, para as quais não existem formulações industriais semelhantes. Nessa 
situação, é importante conhecer a suscetibilidade da formulação a reações químicas, 
como oxidação ou hidrólise, e ainda a sua compatibilidade com a embalagem selecionada 
(FERREIRA, 2011).
Visto que os plásticos têm propriedades variáveis de permeabilidade, de custo 
e de compatibilidade, veremos agora mais informações desses materiais. Eles podem 
ser transparentes ou opacos. Obviamente que aqueles opacos são os mais apropriados 
para proteger um produto da exposição à radiação. No entanto, a embalagem opaca 
não possibilita visualizar o seu conteúdo, o que pode ser menos atrativo aos olhos do 
consumidor (AULTON; TAYLOR, 2016).
150
Os plásticos podem ser categorizados em polietileno de alta densidade 
(HDPE), polietileno de baixa densidade (LDPE), polipropileno (PP), poliestireno (PS), 
politereftalato de etileno (PET) e cloreto de polivinila (PVC). O PET, por exemplo, é uma 
embalagem muito comum para refrigerantes,enquanto que o PVC é bastante usado 
para encanamentos residenciais. Para aplicação farmacêutica, a embalagem de PVC 
foi substituída pela embalagem de PET (AULTON; TAYLOR, 2016). A Figura 20 traz um 
exemplo de embalagem de HDPE.
FIGURA 20 – EMBALAGEM DE POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE (HDPE)
FONTE: <https://bit.ly/3izyyrE>. Acesso em: 17 dez. 2021.
Falamos sobre a permeabilidade dos materiais de embalagem, mas 
você sabe por que ela é importante? Porque em uma embalagem per-
meável, os gases, o vapor de água e os odores podem passar e atingir 
a formulação. Se a formulação for passível de oxidação ou hidrólise, 
devemos usar uma embalagem impermeável ou pouco permeável.
IMPORTANTE
O polietileno de alta densidade é uma embalagem com baixa permeabilidade 
ao vapor d’água, alta permeabilidade ao oxigênio e muito resistente à umidade. A alta 
permeabilidade ao oxigênio significa que muito oxigênio passa através da embalagem, 
enquanto a baixa permeabilidade ao vapor d’água significa que pouco vapor d’água 
passa através dele (FERREIRA, 2011). Essa embalagem é bastante usada para formas 
farmacêuticas sólidas, tal como as cápsulas (AULTON; TAYLOR, 2016). A Tabela 9 
apresenta algumas propriedades dos plásticos mais usados em farmácia.
151
TABELA 9 – PROPRIEDADES DOS PLÁSTICOS
Propriedade HDPE LDPE PP PS PET
Permeabilidade 
ao vapor d’água
Baixa Muito baixa Muito baixa Alta Baixa
Permeabilidade 
ao oxigênio
Alta
Moderadamente 
alta
Moderadamente 
alta
Alta Baixa
Grau de 
transparência
Leitoso Transparente Transparente Transparente Transparente
Resistência ao 
calor
Sim Moderada Sim Baixa Não
Resistência à 
umidade
Sim Inferior à HDPE Sim Sim Sim
FONTE: Ferreira (2011, p. 476); Aulton e Taylor (2016, p. 782-783)
A única embalagem leitosa das apresentadas na Tabela 9 é a de HDPE. Todos 
eles apresentam resistência à umidade, apesar de o LDPE ser menos resistente à 
água do que o HDPE. Além disso, o PET apresenta baixa resistência ao calor, pois ele 
se deforma se submetido a aquecimento. No entanto, em farmácias, a maioria das 
preparações magistrais não é estéril. Assim, a embalagem não precisa de aquecimento 
para a esterilização. 
No entanto, o calor pode ser importante quando o produto precisa ser transpor-
tado. Em farmácias, o mais comum é que o próprio paciente retire o produto na farmácia 
e, em alguns casos de pedidos on-line, o produto será transportado por alguns quilô-
metros. Assim, a resistência ao calor acaba sendo mais relevante para as embalagens 
usadas pela indústria farmacêutica do que pelas farmácias com manipulação (AULTON; 
TAYLOR, 2016).
No que se refere à permeabilidade ao oxigênio, as embalagens de politereftalato 
de etileno são as ideais para formulações sensíveis ao oxigênio, pois são as embalagens 
com menor permeabilidade a esse gás. Quanto à permeabilidade, o polipropileno de 
alta densidade (HDPE), o polipropileno de baixa densidade (LDPE) e o PET são opções 
quando se deseja que haja uma baixa passagem de vapor d’água, diferentemente do 
poliestireno (PS) (AULTON; TAYLOR, 2016).
Assim, imaginamos a situação hipotética de uma farmácia precisar preparar um 
xarope e nesse produto há fármaco fotoinstável, qual a embalagem ideal? Não podemos 
empregar embalagens transparentes. Com isso, excluímos algumas embalagens 
descritas no Quadro 17. Podemos usar uma embalagem de vidro âmbar ou embalagens 
152
de plástico leitoso, tal como o HDPE. Avaliando o custo da embalagem, o vidro, mesmo 
sendo do tipo NP, será mais caro que o plástico. Portanto, opta-se pelo plástico de 
HDPE. Vale ressaltar que alguns plásticos podem também ter cor âmbar e poderiam ser 
empregados nessa situação, tal como os mostrados na Figura 21.
FIGURA 21 – FRASCOS DE PLÁSTICO ÂMBAR
FONTE: <https://bit.ly/3qz5IMh>. Acesso em: 17 dez. 2021.
Você deve ter percebido que as siglas das embalagens plásticas não 
correspondem exatamente ao seu nome por extenso. Isso ocorre porque a sigla é 
dada para o nome em inglês. Assim, HDPE é a sigla de high density polipropilene e 
LDPE é a sigla de low density polipropilene. Ademais, os plásticos recebem um número 
padronizado que os identifica, demonstrado na Figura 22. Por exemplo, se um produto 
farmacêutico tiver na sua embalagem plástica o número 2, significa que se trata do 
polietileno de alta densidade (HDPE). Se um outro produto farmacêutico estiver contido 
em uma embalagem plástica identificada com o número 4, teremos o polietileno de 
baixa densidade (LDPE). No que diz respeito ao número 7, ele é empregado para todos 
os plásticos que não se enquadram nas outras categorias.
FIGURA 22 – PADRONIZAÇÃO DOS PLÁSTICOS
FONTE: <https://bit.ly/36JiEYU>. Acesso em: 19 dez. 2021.
Sumarizando, neste tópico, você foi apresentado a alguns aspectos impor-
tantes relacionados ao controle de qualidade, à estabilidade, ao prazo de validade e 
ao material de embalagem de medicamentos líquidos e semissólidos. Alguns ensaios 
específicos precisam ser feitos para matérias-primas vegetais, como a quantidade de 
cinzas, a determinação de material estranho e o teor de água, ensaios que são im-
portantes para evitar adulterações e restringir a contaminação microbiológica nessas 
153
matérias-primas. Por outro lado, os produtos acabados são analisados em relação 
às características físico-químicas, como pH, peso e volume. Já as bases galênicas 
devem ser analisadas pelo menos uma vez ao mês quanto a sua carga microbiana e 
também em relação aos aspectos físico-químicos, devendo obedecer aos limites de-
finidos na Farmacopeia Brasileira.
A estabilidade de um produto é afetada por condições externas, como tem-
peratura e umidade e por interações entre os ingredientes da formulação ou entre os 
ingredientes da formulação e o material de embalagem. Assim, podem ocorrer modifi-
cações físicas e químicas em função dessas interações, podendo o produto perder a 
sua eficácia ou ficar mais suscetível à contaminação microbiológica. Nesse sentido, as 
embalagens, principalmente as primárias, por protegerem o produto, são fundamentais. 
No entanto, há que se verificar previamente a compatibilidade da embalagem com a 
formulação, além de outras propriedades da embalagem. Em nível magistral, são usa-
das principalmente as embalagens de plástico. As embalagens metálicas ou de vidro 
também são empregadas, embora de forma minoritária.
154
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE CREMES LANETTE® PRODUZIDOS E 
COMERCIALIZADOS POR FARMÁCIAS DE MANIPULAÇÃO DE VISCONDE
DO RIO BRANCO, MG 
Marciano Augusto da Silva Flaviano
Bruno de Andrade Pires
Geovane Elias Guidini Lima
Maurílio Martins Lopes
Renata Cristina de Almeida Bianchini Campos
RESUMO 
A farmácia de manipulação é um estabelecimento com a finalidade de elaborar 
preparações magistrais e oficinais. As emulsões são largamente utilizadas em 
formulações farmacêuticas graças a sua excelente capacidade de solubilização. A 
avaliação da qualidade deve obedecer à farmacopeia e à legislação vigentes apropriadas. 
O estudo objetivou avaliar os aspectos microbiológicos de Cremes Lanette® produzidos 
e comercializados em farmácias magistrais da cidade de Visconde do Rio Branco, MG. 
Foi adquirida uma amostra de Creme Lanette® de cada farmácia do município. Foram 
realizadas diluições seriadas para a contagem de bactérias mesófilas, bolores e leveduras. 
As amostras foram enriquecidas para posterior avaliação de presença dos patógenos 
Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus. Os dados foram registrados e 
analisados estatisticamente. Não houve crescimento bacteriano, nem presença de 
patógenos específicos em nenhuma das amostras em ambos os tempos. A contagem 
de bolores e leveduras não ultrapassou os limites estipulados pela legislação. Através 
dessas análises, pode-se afirmar que os Cremes Lanette® manipulados pelas farmácias 
deste município não apresentaram crescimento microbiano dos microrganismos 
analisados além do estipulado por legislação, tampouco a presença de microrganismos 
patogênicos, que devemestar ausentes. Com base nos resultados obtidos no escopo do 
estudo, pode-se concluir que estes estabelecimentos estão de acordo com a legislação 
e seguem a RDC nº 67/2007 no aspecto microbiológico. 
Palavras-chave: Farmácia Magistral. Creme Lanette. Controle de Qualidade.
LEITURA
COMPLEMENTAR
155
INTRODUÇÃO
A farmácia magistral é um estabelecimento que envolve um conjunto de opera-
ções farmacotécnicas com a finalidade de elaborar preparações magistrais e oficinais e 
fracionar especialidades farmacêuticas para uso humano (BRASIL, 2007). Atualmente, 
as farmácias compõem produtos aromatizados, produtos livres de corantes, produtos 
sem alérgenos específicos, agentes quimioterápicos, formulações não comerciais e ou-
tros produtos customizados para o paciente (GUHAROY et al., 2013).
 
Dentre as fórmulas farmacêuticas, as emulsões óleo em água (O/A) e água em 
óleo (A/O) são largamente utilizadas em formulações tanto farmacêuticas como cosmé-
ticas graças a sua excelente aceitabilidade de aplicação e capacidade de solubilização 
de ingredientes lipofílicos e hidrofílicos (CHAPPAT, 1994; HUNTER et al., 2008; OTTO; 
PLESSIS; WIECHERS, 2009). Essas formulações, por razão de suas características, po-
dem ser conferidas de valor adicional, como de ingredientes ativos com efeitos especí-
ficos (SMAOUI et al., 2017). As emulsões O/A são mais adequadas para a confecção da 
maioria dos hidratantes para pele oleosa e para cuidados diários (KORAĆ et al., 2014).
O Creme Lanette® é uma base farmacêutica comercialmente conhecida, 
sendo uma emulsão aniônica óleo em água (O/A) branca com alta viscosidade e pH 
entre 5,0 e 6,5, que apresenta baixa irritabilidade e oleosidade, absorção rápida e que 
proporciona sensação de frescor (em razão da fase externa aquosa estar em contato 
com a pele). É compatível com fármacos, como hidroquinona, di-hidroxiacetona, 
resorcina, ureia, entre outros (BERMAR, 2014; FIRMINO et al., 2011; LANG, 2018).
A RDC nº 67/2007 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) trata 
das Boas Práticas de Manipulação (BPMs) em farmácias magistrais. Essa legislação 
define os critérios para a aquisição e o armazenamento de embalagens e matéria-
prima, a água utilizada para a manipulação, os manipuladores, além de detalhar os 
cuidados essenciais a todo tipo de manipulação, tais como os equipamentos e as 
instalações, a limpeza e a sanitização das áreas e materiais etc. (BRASIL, 2007).
As farmácias magistrais podem manipular produtos estéreis e não estéreis, 
contanto que sigam as Boas Práticas de Manipulação e as especificações da legislação 
vigente (BRASIL, 2007; 2019). A avaliação microbiológica desses produtos se torna 
pertinente, partindo do fato de que a contaminação microbiana pode alterar as 
propriedades químicas, físicas e organolépticas dos medicamentos, assim como 
o conteúdo dos ingredientes ativos, sendo capaz de reduzir ou mesmo eliminar o 
seu efeito terapêutico. Os microrganismos presentes nesses produtos apresentam 
periculosidade por poderem causar infecções ou até convertê-los em produtos tóxicos. 
Os métodos utilizados para a avaliação desses produtos e os resultados obtidos devem 
estar em conformidade com as especificações e os critérios descritos na farmacopeia e 
legislação vigentes apropriadas (RATAJCZAK et al., 2015; BRASIL, 2019).
156
Os testes para a contagem de bactérias mesófilas e bolores e leveduras são 
aplicados para avaliar se as matérias-primas ou produtos não estéreis estão em acordo 
com os valores aceitáveis estipulados por legislação (BRASIL, 2019). A Farmacopeia 
Brasileira estipula os limites microbianos para os produtos de uso tópico, sendo 
que para estes não serem considerados impróprios, devem apresentar as seguintes 
características: contagem total de bactérias aeróbias não mais que 102 UFC/g ou mL; 
contagem total de fungos não mais que 101 UFC/g ou mL; ausência de Pseudomonas 
aeruginosa em 1 g ou 1 mL e ausência de Staphylococcus aureus em 1 g ou 1 mL de 
produto analisado (BRASIL, 2019).
Diante do exposto, o presente estudo se justifica pela escassez de trabalhos na 
região sobre o assunto, além da necessidade de avaliar a qualidade microbiológica dos 
produtos de farmácias magistrais. Assim, o presente trabalho teve por objetivo avaliar 
os aspectos microbiológicos de cremes do tipo Lannete® produzidos e comercializados 
em farmácias de manipulação da cidade de Visconde do Rio Branco, MG.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo laboratorial que analisou amostras de creme Lanette®. 
Para isso, as amostras foram adquiridas de duas farmácias magistrais de Visconde 
do Rio Branco, MG, respeitando as respectivas formulações que cada um oferecia. As 
amostras foram identificadas como “A” e “B”. Os cremes estavam dentro do prazo de 
validade, sendo que o vencimento do creme A estava datado em março de 2020 e do 
creme B em dezembro de 2019. Os produtos estavam armazenados em temperatura 
ambiente, abrigados da luz, do calor, da umidade e de agentes externos até a data da 
análise. Os ensaios microbiológicos foram realizados no Laboratório de Microbiologia 
de Alimentos, Departamento de Ciências e Tecnologia, IFSUDES-TE-MG - Campus 
Rio Pomba a partir do dia 2 de setembro até o dia 8 de outubro. As amostras foram 
armazenadas em temperatura ambiente durante os dias de duração da análise, sendo 
os testes realizados no tempo zero (T0) e no tempo de trinta dias (T30).
Os meios de cultura foram preparados conforme instrução do fabricante. O 
meio de cultura Ágar Cetrimida, seletivo para Pseudomonas aeruginosa, foi adquirido 
de empresa terceirizada para as análises do T0. Foi retirado de cada amostra 1 g para 
ser diluído com 9 mL tampão fosfato pH 7,2 estéril na proporção de 1:10 no T0 e T30, 
de forma a obter uma suspensão. Para a contagem total de bactérias mesófilas, foram 
realizadas diluições seriadas da suspensão de forma a obter diluições também nas 
escalas 1:100 e 1:1000. Cada diluição foi inoculada em duplicata no meio Ágar Caseína-
Soja pelo método de profundidade. Para a contagem total de fungos e leveduras, as 
diluições 1:10 e 1:100 foram inoculadas em duplicata no meio Ágar Sabouraud Dextrose 
(SDA) pela técnica de espalhamento por superfície. 
157
As placas de Ágar Caseína-Soja foram incubadas em estufa a 35 ºC por 5 dias 
e as placas de SDA a 25 ºC por 7 dias. Após o crescimento, foi calculado o número 
de Unidade Formadora de Colônia (UFC) em cada placa (BRASIL, 2019). A pesquisa do 
patógeno Pseudomonas aeruginosa foi realizada adicionando 1 mL da suspensão com a 
amostra em 9 mL de Caldo Caseína-Soja (caldo de enriquecimento), o qual foi incubado 
em estufa a 35 ºC por 24 horas. Após o período de incubação, houve estriamento 
do caldo de enriquecimento no meio seletivo Ágar Cetrimida. As placas então foram 
incubadas em estufa a 35 ºC por 72 h e avaliadas quanto à presença ou ausência de 
colônias (BRASIL, 2019). 
A Farmacopeia estipula que o meio de cultura seletivo para a identificação 
do patógeno Staphylococcus aureus a ser utilizado seja o Ágar Sal de Manitol, mas 
permite a utilização de outros meios seletivos, contanto que apresentem os mesmos 
resultados (BRASIL, 2019). A pesquisa deste microrganismo aconteceu adicionando 1 
mL da suspensão com a amostra em 9 mL de Caldo Caseína-Soja para enriquecimento, 
o qual foi incubado em estufa a 35 ºC por 24 horas. Após o período de incubação, 
houve estriamento do caldo de enriquecimento no meio seletivo Ágar Baird-Parker 
suplementado com suspensão de gema de ovo pasteurizada 5% e telurito de potássio 
1%, meio de cultura utilizado no lugar do Ágar Sal de Manitol. As placas foram incubadas 
em estufa a 35 ºC por 48h e avaliadas quanto à presença ou ausência de colônias 
(BRASIL, 2019).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela a seguir apresenta os resultados das análises. 
TABELA 1 – CONTAGEM DE MICRORGANISMOS E AVALIAÇÃO DE PATÓGENOS
Amostras Tempo
Bactérias 
UFC/g
Fungos 
leveduras 
UFC/g
Staphylococcus 
aureus
Pseudomonas 
aeruginosaA T0 <1,0 x 101 1,0 x 101 Ausente Ausente
T30 <1,0 x 101 1,0 x 101 Ausente Ausente
B T0 <1,0 x 101 4,0 x 101 Ausente Ausente
T30 <1,0 x 101 2,0 x 101 Ausente Ausente
158
A farmácia magistral trabalha com medicamentos personalizados em doses 
individualizadas com número de registro da formulação no Livro de Receituário, o que 
inviabiliza a análise tanto de montantes como os de lotes (BRASIL, 2007). No presente 
trabalho, não houve crescimento bacteriano algum em nenhuma das amostras nos dois 
tempos de análise. Em análises de produtos farmacêuticos magistrais de uso tópico, 
em que foram selecionadas uma amostra de cada tipo de produto, também não houve 
crescimento de bactérias em meios de cultura para a contagem desse microrganismo 
(LUCENA, 2014). Os valores obtidos da contagem bacteriana dos produtos analisados vão 
de encontro a outros estudos em que os Cremes Lanette® analisados não apresentaram 
valores para crescimento bacteriano acima do permitido (FIRMINO et al., 2011; MORAIS 
et al., 2018). Rosa et al. (2015) encontraram em suas análises 30% das amostras de 
creme condicionador para uso infantil com contagem bacteriana superior ao estipulado 
por legislação. 
A contagem de bolores e leveduras dos produtos não ultrapassou os limites 
da legislação, tendo maior crescimento na amostra B. Ikejiri e Ferrarini (2014), tendo 
utilizado uma amostra de cada tipo de produto formulado por uma Farmácia Escola, 
observaram que 30% de suas amostras manipuladas apresentaram contagem total de 
fungos e leveduras além dos limites estipulados, sendo elas: creme hidratante corporal, 
gel secativo para acne e gel pós-sol. No mesmo creme, a contagem total de bactérias 
aeróbias totais também se encontrou elevada para a legislação. 
O crescimento fúngico foi superior ao crescimento bacteriano nas amostras. 
As bactérias são microrganismos mais exigentes, que se desenvolvem melhor em um 
pH aproximado da neutralidade. Já os fungos têm melhor desenvolvimento em pH 
levemente ácido (PINTO; KANEKO; PINTO, 2015). Não houve crescimento de patógenos 
específicos, que devem estar ausentes em 1 g ou 1 mL de produto (BRASIL, 2019), o 
que corrobora com os resultados apresentados em análises de creme Lanette®, de 
xampu de cetoconazol e gel peróxido de benzoíla (MORAIS et al., 2018; SILVA; SILVA, 
2017). No estudo de Bonfílio et al. (2013), em que 836 amostras de bases galênicas de 
farmácias magistrais foram analisadas, uma quantidade insignificante da amostragem 
se encontrou contaminada com Pseudomonas aeruginosa. Em outros trabalhos, em 
produtos de uso tópico, Staphylococcus coagulase negativa foram encontrados em 
30% das amostras, além da presença de Staphylococcus aureus em cremes de confrei 
(IKEJIRI; FERRARINI, 2014; ROSA et al., 2015).
Como limitações do estudo, pode-se dizer que, com os resultados apresen-
tados no escopo do trabalho, não se pode afirmar que os produtos estão livres de 
contaminantes, pois não foram realizados testes para a presença de Salmonella spp. 
e Escherichia coli, patógenos que podem estar presentes em produtos não estéreis e 
são responsáveis por diversas infecções (TRABULSI; ALTERTHUM, 2015). 
159
O estudo avaliou apenas as características da qualidade microbiológica dos 
produtos e não pode garantir a sua total qualidade, pois não foram realizados ensaios 
físico-químicos, além de que o processo de garantia envolve outras diversas ações 
sistemáticas planejadas na garantia da qualidade que promovem um produto seguro e 
eficiente (ISO, 1994).
CONCLUSÃO
Através dessas análises, pode-se afirmar que os Cremes Lanette® manipula-
dos pelas farmácias deste município não apresentaram crescimento microbiano dos 
microrganismos analisados além do estipulado por legislação, tampouco a presença 
de microrganismos patogênicos, que devem estar ausentes em 1 g ou 1 mL. Com base 
nos resultados obtidos no escopo do estudo, pode-se concluir que estes estabele-
cimentos estão de acordo com a legislação e seguem a RDC nº 67/2007 no aspecto 
microbiológico.
FONTE: <https://www.bjhp.crfmg.org.br/crfmg/article/view/109/73>. Acesso em: 7 mar. 2022.
160
RESUMO DO TÓPICO 3
 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O controle de qualidade físico-químico e microbiológico de matérias-primas vegetais 
englobando a determinação do teor de água, de cinzas, de material estranho e 
aspectos macro e microscópicos. O teor de cinzas e o teor de material estranho são 
importantes parâmetros para a verificação de possíveis adulterações. Com relação 
ao controle microbiológico, há um limite máximo aceitável de bactérias e fungos 
em drogas vegetais, extratos e tinturas. Simultaneamente, é exigida a ausência de 
bactérias patogênicas. A legislação permite que a farmácia use os resultados de 
laudos do fornecedor qualificado para alguns desses ensaios.
• Os ensaios de qualidade exigidos para cremes, emulsões, pomadas, pastas, géis, 
soluções e suspensões incluindo a análise visual de características do produto, pH 
para formas semissólidas líquidas ou semissólidas aquosas, peso para semissólidos, 
volume ou peso para líquidos. As bases galênicas precisam ser analisadas em relação 
às características físico-químicas e à contagem microbiológica de bactérias, fungos 
e ausência de bactérias patogênicas de modo similar às matérias-primas vegetais. A 
análise microbiológica poderá ser realizada em laboratório terceirizado. 
• A relação entre a estabilidade de um produto farmacêutico e o seu prazo de validade. 
Os fatores externos, os fatores intrínsecos e a interação da formulação com o material 
de embalagem interferem na estabilidade. Assim, o armazenamento de formulações 
deve ser realizado em ambiente com temperatura controlada. A depender das 
características da formulação e da tendência do fármaco a reações químicas, podem 
ser necessários a ação de antioxidantes e/ou o uso de embalagens âmbar ou leitosas. 
• As embalagens mais comuns em farmácias magistrais. Devido a sua versatilidade 
e vantagens em relação ao custo e ao peso quando comparado ao vidro, o plástico 
é muito usado. Apesar disso, os vidros são usados em situações nas quais as 
embalagens de plástico não são adequadas. As embalagens de metal são vantajosas 
devido a sua baixa permeabilidade, característica também dos vidros. No entanto, as 
embalagens metálicas requerem um revestimento para evitar incompatibilidades.
161
1 O resultado do teor de cinzas, de contagem de bactérias, de fungos e de material 
estranho de um lote de folhas de capim-limão se encontra no quadro a seguir.
AUTOATIVIDADE
Ensaio Resultado
Cinzas 5,0%
Bactérias 104 UFC/g
Fungos 103 UFC/g
Material estranho 3%
Considere que a droga será submetida a tratamento posterior de redução de carga 
microbiana e que a monografia especifica o teor de cinzas de 4%, analisando somente 
os resultados dos ensaios apresentados no quadro, explique o motivo pelo qual o lote 
estaria reprovado.
2 Um paciente se dirige a uma farmácia a fim de solicitar a preparação de creme 
antifúngico solicitado pelo seu médico dermatologista. Para a preparação, será usada 
uma base de creme que compõe o estoque mínimo da farmácia. Considere que a 
farmácia tem em estoque uma base galênica, sobre as especificações microbiológicas 
dessa base, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Na análise mensal, caso a base apresentasse 10.000 UFC/g de bactérias, estaria 
aprovada, considerando a especificação farmacopeica. 
b) ( ) Na análise mensal, caso a base apresentasse 1.000 UFC/g de fungos, estaria 
aprovada, considerando a especificação farmacopeica. 
c) ( ) Na análise mensal, caso a base apresentasse 10 UFC/g de fungos, estaria 
aprovada, considerando a especificação farmacopeica. 
d) ( ) Na análise mensal, caso a base apresentasse 10.000 UFC/g de fungos, estaria 
aprovada, considerando a especificação farmacopeica.
3 Sobre a embalagem mais adequada para uma formulação magistral contendo fár-
maco fotolábil e considerando também o custo da embalagem,assinale a alternativa 
CORRETA: 
a) ( ) Vidro âmbar tipo II.
b) ( ) Bisnaga metálica.
c) ( ) Vidro âmbar tipo I.
d) ( ) Pote de LDPE.
162
4 Um estabelecimento recebeu a fórmula de solução oral de prednisolona para prepa-
ração. Considerando que o fármaco prednisolona sofre oxidação e degradação frente 
à luz, analise as assertivas a seguir:
I- O uso de antioxidante e de embalagem âmbar é dispensável.
II- O uso de antioxidante e de embalagem âmbar é indispensável
III- O controle do ambiente de preparação do medicamento é dispensável. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Apenas a assertiva I está correta.
b) ( ) Apenas a assertiva II está correta.
c) ( ) Apenas a assertiva III está correta.
d) ( ) As assertivas I e III estão corretas.
5 Uma determinada prescrição magistral tem um prazo de validade de 6 meses. No 
entanto, há pelo menos duas reclamações de pacientes relatando alteração de 
aspecto, com deposição de partículas no fundo do frasco após 30 dias de uso, 
apesar da recomendação da farmácia de armazenar o produto em geladeira. Qual 
a conduta adequada que a farmácia pode adotar com relação ao problema relatado 
pelos pacientes? 
163
REFERÊNCIAS
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liberação de fármacos. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
ANFARMAG. Guia de Boas Práticas de Manipulação em Farmácia. 2. ed. São Paulo: 
Associação Nacional de Farmácia Magistral, 2012.
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Associação Nacional de Farmácia Magistral, 2014.
ANFARMAG. Guia orientativo para rotulagem de preparações magistrais, análise 
fiscal e amostras para controle de qualidade. São Paulo: Associação Nacional de 
Farmácia Magistral, 2016.
AULTON, M. E.; TAYLOR, K. M. G. Delineamento de formas farmacêuticas. 4. ed. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2016.
BATISTUZZO, J. A. de; ITAYA, M.; YUKIKO, E. Formulações magistrais em 
dermatologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2018.
BERMAR, K. C. de O. Farmacotécnica: técnicas de manipulação de medicamentos. 
São Paulo: Érica, 2014.
BRASIL. Resolução – RDC n° 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas 
Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano 
em farmácias. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 8 out. 
2007. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2007/
rdc0067_08_10_2007.html. Acesso em: 11 nov. 2021.
BRASIL. Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira. 2. ed. Brasília, DF: Ministério 
da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2012. Disponível em: https://www.
gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/formulario-nacional/arquivos/8065json-
file-1. Acesso em: 9 dez. 2021.
BRASIL. Resolução – RDC n° 26, de 13 de maio de 2014. Dispõe sobre o registro 
de medicamentos fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos tradicionais 
fitoterápicos. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 13 maio 
2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/
rdc0026_13_05_2014.pdf. Acesso em: 11 nov. 2021. 
164
BRASIL. Farmacopeia Brasileira. 6. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde. Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária, 2019. 2 v. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/
pt-br/assuntos/farmacopeia/farmacopeia-brasileira/arquivos/7985json-file-1. Acesso 
em: 9 dez. 2021.
BRASIL. Medicamentos: conceitos e definições. Brasília, DF: Ministério da Saúde. 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/
anvisa/pt-br/acessoainformacao/perguntasfrequentes/medicamentos/conceitos-e-
definicoes/conceitos-e-definicoes. Acesso em: 12 dez. 2021.
BRASIL. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. 2. ed. Brasília, DF: 
Ministério da Saúde, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/
farmacopeia/formulario-fitoterapico/arquivos/2021-fffb2-final-c-capa2.pdf. Acesso 
em: 8 dez. 2021.
CHORILLI, M. et al. Avaliação sensorial de formulações fotoprotetoras contendo filtro 
solar de amplo espectro. Latin American Journal of Pharmacy, [s. l.], v. 28, n. 
3, p. 383-392, 2009. Disponível em: http://www.latamjpharm.org/trabajos/28/3/
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CLARK, M. A. et al. Farmacologia ilustrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. p. 111-191.
COELHO, A. G. et al. Controle de qualidade em farmácia de manipulação: uma revisão 
sistemática. In: PESSOA, D. L. R. (org.). Fármacos, medicamentos e produtos 
biotecnológicos. Ponta Grossa: Atena, 2021. p. 73-90. Disponível em: https://sistema.
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dez. 2021.
PHARMASPECIAL. Literatura Aristoflex®. [S. l.]: [s. n.], 2021. Disponível em: https://
www.pharmaspecial.com.br/media/produtos/5_lit_aristoflex_avl.pdf. Acesso em: 14 
dez. 2021.
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PRISTA, N. L. Técnica farmacêutica e farmácia galena. 3. ed. Lisboa: Fundação 
Calouste, 1990. v. 1.
SIMÕES, C. M. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: 
Artmed, 2017.
SOUZA, G. B. Formulário farmacêutico magistral. 2. ed. São Paulo: Medfarma, 2017.
THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. A prática farmacêutica na manipulação de 
medicamentos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
166
167
PREPARAÇÃO DE FORMAS 
FARMACÊUTICAS 
HOMEOPÁTICAS
UNIDADE 3 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• reescrever os princípios básicos da homeopatia;
• sintetizar a preparação de formas farmacêuticas derivadas e de dispensação;
• distinguir medicamentos homeopáticos de medicamentos alopáticos;
• comparar as exigências regulatórias de medicamentos homeopáticos e alopáticos.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – ASPECTOS TEÓRICOS DA HOMEOPATIA
TÓPICO 2 – FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA
TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE EM FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
168
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UNIDADE 3!
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169
TÓPICO 1 — 
ASPECTOS TEÓRICOS DA HOMEOPATIA
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, até a Unidade 2 nos detivemos no estudo dos medicamentos alo-
páticos, que agem combatendo os sintomas relatados pelo paciente. A partir de agora 
focaremos nas características e na preparação de medicamentos homeopáticos, cujo 
mecanismo está baseado na prescrição de medicamento que cause em uma pessoa 
sadia os mesmos sinais e sintomas que o paciente apresenta. Por esse motivo é que 
se denomina homeopatia: “homeo”, que significa igual, e “patia”, que significa doença. 
Imagine então um paciente com inflamação. Seguindo a alopatia, seria prescrito um 
medicamento anti-inflamatório. Já na homeopatia, seria prescrito um medicamento 
que cause inflamação. 
Assim, para que um medicamento seja considerado homeopático, ele deve 
obedecer a alguns princípios, que estudaremos neste tópico, incluindo o princípio dos 
semelhantes, o remédio único e dinamizado e a experimentação no homem são. Para 
além do estudo da farmacologia homeopática, isto é, o mecanismo de ação, abordare-
mos também um pouco acerca da filosofia homeopática, pois existe uma compreensão 
diferenciadade saúde e doença, na qual o doente é visto como um todo. Perceba já de 
antemão a diferença de homeopatia e alopatia. Na alopatia, é normal que o doente seja 
visto de forma setorizada, objetivando-se tratar órgãos e tecidos específicos. 
É muito comum que as pessoas confundam medicamentos fitoterápicos e 
medicamentos homeopáticos. O que acontece é que os fitoterápicos provêm de plantas, 
assim como grande parte dos medicamentos homeopáticos, por isso a confusão. 
No entanto, os fitoterápicos seguem os princípios da alopatia. De acordo com o que 
veremos, a homeopatia é uma terapia diversa da alopatia, cuja preparação envolve 
procedimentos diferentes do que estudamos até então. Dentre esses procedimentos 
estão a diluição e a sucussão, esta última importante para que seja gerada a energia 
medicamentosa, fundamental para a efetividade da homeopatia.
2 FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS
A homeopatia nasceu na Alemanha e foi criada por um médico alemão chamado 
Samuel Hahnemann. Ele abandonou a medicina tradicional da época devido ao fato 
de ter sido ineficaz no tratamento dos seus pacientes. No ano de 1810, ele publica o 
Organon da arte de curar, um livro básico que descreve os fundamentos da homeopatia 
e a farmacotécnica homeopática, isto é, a preparação de medicamentos homeopáticos. 
Apesar de antiga, ainda atualmente sofre muito preconceito, pois há céticos que 
170
afirmam que a homeopatia é somente placebo, pois muitas vezes os medicamentos são 
muito diluídos, chegando em um determinado momento em que não há mais qualquer 
princípio ativo na formulação. Com essa alta diluição, gera-se o que se denomina de 
doses infinitesimais (CESAR et al., 2012).
A homeopatia é uma terapia complementar na qual os medicamentos homeo-
páticos são usados por via externa ou interna e a sua preparação é realizada de acordo 
com a farmacopeia homeopática brasileira. Você se recorda de que vimos anteriormen-
te que existe uma farmacopeia geral para medicamentos? Para homeopáticos, existe 
a farmacopeia homeopática, disponível para download gratuito na página da ANVISA 
(BRASIL, 2011). Da mesma forma como existe o Formulário Nacional de Fitoterápicos e o 
Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira, há também um Formulário Homeopático 
(BRASIL, 2019a).
2.1 FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA HOMEOPATIA
Os medicamentos homeopáticos têm uma apresentação diferente dos alopá-
ticos, sendo descritos pelo nome em latim e conforme o método de preparação, como 
você pode ver na Figura 1. Os nomes das drogas homeopáticas são descritos em latim 
seguindo uma padronização específica, a fim de que a farmácia não tenha dúvidas so-
bre qual droga a prescrição se refere. Por exemplo, pode-se simplesmente designar 
Lycopodium para o Lycopodium clavatum, pois esta é uma droga comum. Isso significa 
que se a farmácia receber uma prescrição de Lycopodium, ela deve entender que se 
trata do Lycopodium clavatum (BRASIL, 2011). 
FIGURA 1 – MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS
FONTE: <https://shutr.bz/3qtPaFF>. Acesso em: 27 dez. 2021.
Ainda pela Figura 1, observa-se que há o Gelsemium, que se trata do Gelsemium 
sempervirens. Por fim, os medicamentos homeopáticos também recebem descrição 
conforme o método de preparação. Na Figura 1, vê-se que, ao lado do nome das 
drogas, há: 30 c, que significa 30 CH – CH centesimal hahnemanniano –, um método 
de preparação de medicamentos homeopáticos no qual se emprega uma diluição 1:100.
171
Acadêmico, existem diversos métodos de preparação de medicamentos 
homeopáticos. Por isso, o método deve estar discriminado na prescrição.
IMPORTANTE
Outro detalhe importante é a diferenciação entre fitoterapia e homeopatia. 
A fitoterapia é uma terapia alopática que emprega princípios ativos vegetais em sua 
composição. A homeopatia, por outro lado, pode empregar drogas de origem vegetal, 
animal ou mineral na sua composição. Outra diferença em relação à fitoterapia é que 
a homeopatia emprega doses infinitesimais (doses muito diluídas) ou ponderais. A 
fitoterapia, assim como qualquer terapia alopática, emprega doses ponderais (KOSSAC-
ROMANACH, 2003).
A homeopatia tem os seguintes princípios: lei dos semelhantes, experimentação 
no homem são, remédio único e doses mínimas. A lei dos semelhantes diz respeito ao 
uso de medicamentos que causem os mesmos sinais e sintomas apresentados pelo 
paciente, mas como se sabe que o medicamento causa esses sintomas? Por causa do 
princípio da experimentação no homem são. Através desse princípio, os medicamentos 
são testados em pessoas sadias, acompanhando-se o quadro clínico dessas pessoas 
(CESAR et al., 2012; KOSSAC-ROMANACH, 2003).
Não confunda o conceito de sinais e sintomas. A diferença está na 
possibilidade de uma terceira pessoa conseguir mensurar o que o 
paciente está sentindo. Um sinal pode ser mensurado, ao passo que 
um sintoma não pode. Assim, a temperatura corporal é definida como 
um sinal, pois pode ser mensurada.
ATENÇÃO
O remédio único consiste no uso de medicamento contendo um único 
medicamento. No entanto, os prescritores podem optar pela prescrição de medicamentos 
contendo a associação de duas ou mais drogas homeopáticas. Embora adotado por 
Hahnemann, a prescrição de medicamento único exige um amplo conhecimento por 
parte do prescritor (CESAR et al., 2012).
 
172
As doses mínimas se referem ao uso de medicamentos diluídos. Isso ocorre, 
pois quando Hahnemann, o pai da homeopatia, testou os medicamentos, observou que 
houve uma piora do quadro clínico do paciente. Isso ocorreu devido à combinação dos 
sinais e sintomas causados pela doença com os sinais e sintomas causados pelo medi-
camento. Para reduzir essa piora do quadro, ele passou a diluir os medicamentos com 
insumo inerte (mistura de água e álcool, na maioria dos casos). A Figura 2 traz de forma 
esquemática o fenômeno de piora do quadro, chamado de agravação homeopática.
FIGURA 2 – AGRAVAÇÃO HOMEOPÁTICA
FONTE: A autora
A agravação homeopática se deve à soma dos efeitos da doença (denominados 
de naturais) e dos sintomas ocasionados pelo próprio medicamento (denominados 
de artificiais). Mesmo um medicamento devidamente selecionado poderá ocasionar 
agravação. No entanto, esta agravação não depende da forma farmacêutica do 
medicamento, nem da frequência de uso da dose (KOSSAC-ROMANACH, 2003). Sobre 
as formas farmacêuticas homeopáticas, os glóbulos são os mais usados (CESAR et al., 
2012). A Figura 3 mostra essa forma farmacêutica.
FIGURA 3 – GLÓBULOS
FONTE: <https://bit.ly/3IB1N7R>. Acesso em: 26 dez. 2021.
Os glóbulos são formas constituídas de sacarose e lactose e estão disponíveis 
comercialmente para aquisição pelas farmácias magistrais, contendo cada glóbulo um 
peso de 30 mg, 50 mg ou 70 mg (BRASIL, 2011). Assim, a droga homeopática deverá 
ser adicionada nos glóbulos previamente adquiridos de fornecedores qualificados. 
173
Anteriormente, já abordamos a importância de qualificar o fornecedor. Ainda, tendo 
em vista que nessa forma farmacêutica há açúcar, ela é contraindicada para pacientes 
diabéticos. Por outro lado, é bastante utilizada para pacientes pediátricos.
 
Se o medicamento está muito diluído, como ele age? Devido às sucussões, 
uma técnica usada em homeopatia para despertar a energia do medicamento com a 
intenção de estimular o próprio organismo do paciente a combater a doença. Assim, um 
medicamento é submetido a várias dinamizações, que é o nome que se dá ao conjunto 
de diluições e sucussões. Usamos também o conceito de potência, que corresponde ao 
número de dinamizações a que um medicamento foi submetido (CESAR et al., 2012).
Voltando ao exemplo da Figura 1, vemos o Gelsemium 30 c, que se trata do 
Gelsemium sempervirens 30 CH. O número 30 se refere à potência e ao número de 
dinamizações. Então, esse medicamento foi submetido a 30 diluições e sucussões. 
Importante destacar que as sucussões ocorrem após as diluições. Os demais 
medicamentos mostrados na Figura 1 também estão na mesma potência. Quanto mais 
diluído um medicamento, maiora sua potência e significa que este passou mais vezes 
pelo processo de dinamização.
Diferentemente dos alopáticos, que apresentam doses ponderáveis (que po-
dem ser detectadas), dependendo da potência do medicamento homeopático, não é 
possível a sua detecção. Por isso o controle de qualidade de homeopáticos é diferente 
do controle de alopáticos, para os quais a quantificação do fármaco é sempre realizada 
através de equipamentos, tais como a cromatografia líquida de alta eficiência, mostrada 
na Figura 4.
FIGURA 4 – CROMATÓGRAFO DE ALTA EFICIÊNCIA
FONTE: <https://bit.ly/3Nh68AN>. Acesso em: 3 jan. 2022.
Embora o HPLC seja um método muito usado para a quantificação de fármacos 
e capaz de detectar quantidades pequenas, para medicamentos alopáticos em alta 
potência, ele não se aplica, pois o medicamento está tão diluído que já não é possível 
quantificar nenhuma droga em sua composição. Assim, o controle de qualidade de 
174
homeopáticos envolve, principalmente, ensaios físico-químicos, como pH, viscosidade, 
peso etc. (BRASIL, 2007). A Figura 5 mostra um exemplo de tintura-mãe de arnica, para 
a qual deve-se fazer análise de teor.
FIGURA 5 – TINTURA-MÃE DE ARNICA
FONTE: <https://bit.ly/36uGrvX>. Acesso em: 3 jan. 2022.
As tinturas-mãe, sejam elas de arnica ou de qualquer outra droga, são o ponto 
de partida para a preparação de medicamentos homeopáticos e devem ser analisadas 
em relação ao teor, pois nesta situação há doses ponderáveis da droga. Para fins de 
preparação magistral, não é permitido às farmácias prepararem as tinturas-mãe, 
sendo permitida somente a preparação de medicamentos a partir de tinturas-mãe, que 
são produzidas industrialmente. A tintura-mãe deve ser adquirida de um fornecedor 
qualificado. Recorde-se de que já vimos a importância da qualificação de fornecedores 
para medicamentos alopáticos. 
Leia mais sobre os princípios da homeopatia em:
https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/647.
DICAS
De acordo com o formulário homeopático, a tintura-mãe de Arnica é usada para 
contusões e dores musculares para o tratamento tópico, mediante adição da tintura de 
Arnica em géis, pomadas ou cremes. Já exploramos na Unidade 2 a preparação dessas 
formas farmacêuticas (BRASIL, 2019a). Prepara-se a forma farmacêutica de interesse 
(gel, creme ou pomada) anteriormente e adiciona-se nessa formulação 10% da tintura. 
Então, se o objetivo for preparar 30 g de pomada, deve-se adicionar 3 mL de tintura. 
Perceba que aqui falamos na unidade mL, pois as tinturas homeopáticas são líquidas.
175
2.2 FILOSOFIA HOMEOPÁTICA
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como o estado de bem-
estar físico, mental, social e espiritual. Para a homeopatia, a saúde está suscetível a 
variações, que podem, por vezes, ocasionar a doença. Essas variações perturbam a 
energia vital que existe dentro de nossos organismos, responsável pela manutenção 
da vida. O estudo da energia vital dentro da filosofia homeopática é denominado de 
vitalismo (CESAR et al., 2012).
A energia vital é a responsável pelo estado de saúde. Segundo a visão 
homeopática, a doença se desenvolve devido a alterações na energia vital. Portanto, 
os medicamentos homeopáticos devem ser capazes de restabelecê-la. Para além 
disso, essa energia mantém um indivíduo em equilíbrio com os níveis físico, mental e 
emocional (CESAR et al., 2012).
A homeopatia integra as práticas integrativas e complementares do 
Sistema Único de Saúde.
INTERESSANTE
O prescritor homeopata vê o indivíduo como um todo, devendo detectar todos ou 
a maioria dos sinais e sintomas do paciente, sejam eles físicos ou mentais. Isso difere da 
alopatia, pois os sintomas mentais, por exemplo, são mais importantes para um médico 
psiquiatra. Na homeopatia, acredita-se que os sintomas físicos são um mecanismo de 
exteriorização de sintomas mentais. Assim, a presença de lesões na pele é enxergada 
como o resultado de um sintoma ou sinal de origem mais profunda (CESAR et al., 2012). 
Como existe a interligação entre o mental, o emocional e o físico, é fundamental 
que o prescritor tenha a capacidade de detectar os sinais e os sintomas do paciente de 
forma adequada. Os sinais e os sintomas são a base para a definição do medicamento 
ideal para o paciente, chamado de similimum. Quando todos os sintomas forem 
abrangidos pelo similimum, será possível alcançar a cura. Do contrário, quando somente 
parte dos sintomas for contemplada, não haverá um medicamento similimum e poderá, 
inclusive, ocorrer uma piora do quadro clínico (DIAS, 2001). 
Nesse momento, talvez você esteja se perguntando como o prescritor consegue 
detectar esses sinais e sintomas e como ele sabe qual o similimum. A detecção de 
sinais e sintomas requer treinamento e uma boa anamnese e por esse motivo é que 
176
os homeopatas devem ter curso de especialização em homeopatia. Neste curso e em 
conjunto com a experiência profissional, eles se tornam cada vez mais capacitados a 
selecionarem o similimum. Já para selecionar os medicamentos, o prescritor utiliza duas 
obras: a matéria médica e o repertório (CESAR et al., 2012). 
A matéria médica é a obra na qual constam as patogenesias, isto é, a relação 
de todos os sinais e sintomas observados na experimentação no homem são para cada 
droga homeopática. O repertório, por outro lado, tem uma apresentação diferente: para 
a relação dos sinais e sintomas, são apresentadas as prováveis drogas. Como existem 
vários sinais e sintomas relatados nessas obras, o prescritor deve ter a habilidade de 
selecionar os sintomas mais relevantes (CESAR et al., 2012). O Quadro 1 discrimina 
matéria médica e repertório.
QUADRO 1 – MATÉRIA MÉDICA E REPERTÓRIO
MATÉRIA MÉDICA REPERTÓRIO
Drogas  Sintomas Sintomas  Drogas
FONTE: Cesar et al. (2012, p. 35)
Assim, a matéria médica é organizada conforme as drogas, na qual para cada 
droga há os sinais e sintomas relatados na experimentação. O repertório é organizado 
por sinais e sintomas, em que para cada sinal ou sintoma é apresentada a relação de 
drogas que causaram esses sintomas quando da experimentação no homem sadio. 
Dessa forma, o repertório é um documento de consulta rápida para o prescritor, a fim 
de detectar rapidamente a droga ideal. No entanto, em um segundo momento, este 
deve consultar a matéria médica, pois ela é um documento mais completo, contendo, 
inclusive, patogenesias não relatadas no repertório (CESAR et al., 2012).
Além disso, um conjunto de observações clínicas pode ajudar o prescritor a ava-
liar a evolução do paciente em direção à cura: melhora da dor seguindo uma sequência 
de cima para baixo, reaparecimento de sintomas antigos e desaparecimento de sintomas 
de órgãos mais importantes antes do desaparecimento de lesões cutâneas. Nesse sen-
tido, a pele é um órgão menos importante (DIAS, 2001). Quando o paciente não evolui de 
acordo com essas premissas, ocorre o desaparecimento parcial dos sintomas, o que se 
denomina de supressão. O Quadro 2 resume algumas causas de supressão homeopática.
QUADRO 2 – SUPRESSÃO HOMEOPÁTICA
Uso de medicamentos tópicos
Procedimentos cirúrgicos
Medicamentos alopáticos ou homeopáticos
FONTE: A autora
177
A supressão homeopática pode ocorrer pelo uso de medicamentos tópicos, visto 
que, sendo a pele e as mucosas órgãos menos importantes, a supressão de sintomas 
nesses locais pode ter efeito somente paliativo, o que dificulta a cura completa. A 
realização de procedimentos cirúrgicos, por tratar de sintomas físicos, também pode 
comprometer a eficácia do tratamento, e, ainda, o medicamento homeopático, se 
inadequado, também pode levar à supressão. Quanto aos medicamentos alopáticos, 
eles podem ser prescritos pelos homeopatas, mas também podem levar à supressão 
(DIAS, 2001). 
Emprega-se, portanto, a seguinte frase: o homeopata ainda nem iniciou a 
sua história clínica quando o alopata já terminou. Isso está baseado no fato de que a 
presença do sintoma físico pelo homeopata indica a presença de algum sintoma mais 
profundo(de origem mental ou emocional) que necessita ser tratado. Assim, na consulta 
homeopática, é papel do homeopata buscar o máximo de informações possíveis sobre 
esse paciente (incluindo sintomas mentais e emocionais) (CESAR et al., 2012).
Vejamos o caso clínico a seguir:
“Menina, 5 anos, irritada, com febre há 2 dias e dor de ouvido. A mãe 
refere que há 1 ano a criança apresenta este mesmo quadro todos os 
meses”. Para um médico não homeopata, esta história é suficiente 
para fazer o diagnóstico de “otite média recorrente”, e instituir a 
terapia (antibiótico). Um homeopata, depois de uma investigação 
mais aprofundada, descobrirá que essas infecções de ouvido 
começaram desde o nascimento do novo irmãozinho da paciente e 
que o problema é sempre no ouvido esquerdo. Ela voltou a “fazer xixi 
na cama e chupar o dedo”, segundo o relato da mãe. Seus pés e mãos 
são frios. Não gosta de alimentos quentes. Durante a consulta ela 
ficou agarrada na roupa da mãe (BARBOSA NETO, 2006). 
Os sintomas são classificados em comuns, constitucionais e individuais. Os 
comuns são menos relevantes e são sintomas físicos. Já os constitucionais são mais 
importantes que os comuns e envolvem sentimentos e personalidade do paciente. Os 
sintomas individuais são os mais relevantes, pois são características individuais do 
paciente, podendo ser mentais, emocionais ou locais. Para entender melhor os sintomas, 
veja o exemplo do caso clínico a seguir:
Mulher, 50 anos, queixa-se de dor de cabeça desde os 20 anos. Vê 
pontos brilhantes antes das crises de dor. Sente-se cansada todos 
os dias. Dores nas mamas durante as menstruações. Desde que 
sua mãe morreu, sonha com ela e tem a sensação de ver seu rosto. 
Tem medo do escuro e de que algo ruim possa acontecer. Deseja 
alimentos salgados e peixes (BARBOSA NETO, 2006).
Nesse caso clínico, podemos verificar que a dor de cabeça é um sintoma comum 
e por isso pouco relevante. Já o desejo por sal e peixes é um sintoma geral, enquanto o 
medo, as ilusões e os sonhos são sintomas individuais. Esses sintomas individuais são 
os mais importantes e devem ser considerados para que o prescritor possa selecionar 
178
o similimum, baseando-se na matéria médica e no repertório. Ressalta-se que, 
atualmente, com a evolução tecnológica, existem softwares que auxiliam o prescritor 
na seleção da droga ou do conjunto de drogas para o paciente (BARBOSA NETO, 2006).
Observe como a conduta clínica do medicamento homeopata difere da conduta 
do alopata. Os sintomas emocionais são de extrema importância, pois ajudam a 
caracterizar melhor o paciente. Uma anamnese inadequada poderá solucionar apenas 
parcialmente os sintomas e poderá gerar a supressão homeopática (BARBOSA NETO, 
2006). Portanto, a habilidade do homeopata em detectar, questionar e observar seu 
paciente é muito importante. 
2.3 CONCEITOS BÁSICOS EM HOMEOPATIA
Agora, você precisa conhecer conceitos importantes acerca de homeopatia, 
os quais foram retirados da farmacopeia homeopática brasileira: droga, tintura-mãe, 
matriz, insumo ativo e insumo inerte, diluição, escala, método, formas farmacêuticas de 
dispensação e sucussão. Os conceitos de potência, diluição e dinamização, que também 
são importantes, já abordamos anteriormente (BRASIL, 2011). A Figura 6 relacionará os 
conceitos de droga, tintura-mãe, matriz, insumo ativo e insumo inerte.
A droga corresponde à matéria-prima de origem mineral, vegetal e animal 
usada para a obtenção do medicamento homeopático. A droga, por sua vez, pode ser 
empregada para obter tinturas-mãe vegetal ou animal, mediante o uso de solventes 
capazes de extrair os seus princípios ativos. Para drogas de origem mineral, tinturas-mãe 
não são preparadas. Ressalta-se que as tinturas-mãe são preparadas a partir da técnica 
de maceração ou percolação, em que o princípio de maceração já foi anteriormente 
exposto (BRASIL, 2011).
FIGURA 6 – DROGAS HOMEOPÁTICAS E TINTURAS-MÃE
FONTE: A autora
A matriz é um produto estocado na farmácia usado como ponto de partida para 
preparar o medicamento prescrito. Perceba que, em homeopatia, deve-se sempre ter 
um ponto de partida para preparar o medicamento. Podem ser consideradas matrizes 
179
os medicamentos que a farmácia tenha em seu estoque. A seguir veremos com mais 
detalhes como as matrizes são usadas para preparar os medicamentos homeopáticos. 
A respeito do insumo ativo, ele é a droga homeopática que está contida em uma tintura-
mãe ou matriz. 
Os insumos ativos e os insumos inertes compõem a fórmula de um medica-
mento de dispensação (aquele que será dispensado ao paciente). O insumo inerte pode 
ser uma mistura de água e etanol e, na maioria dos casos, usa-se solução hidroalcoó-
lica a 30% ou a 70%. Contudo, outros insumos inertes são empregados: os tabletes, os 
glóbulos, a sacarose etc. A lactose é empregada sobretudo para drogas insolúveis, que 
veremos em farmacotécnica homeopática (BRASIL, 2011).
A escala se refere à proporção que existe entre insumo inerte e insumo ativo 
durante as dinamizações. Ela pode ser do tipo centesimal, decimal ou cinquenta 
milesimal. A escala centesimal é aquela na qual há 1 parte de insumo ativo e 99 partes 
de insumo inerte. Na escala decimal, existe 1 parte de insumo ativo e 9 partes de insumo 
inerte. Já a escala cinquenta milesimal contém 1 parte de insumo ativo e 49.000 partes 
de insumo inerte. O grau de diluição deve ser informado na prescrição do medicamento 
para que o medicamento apropriado possa ser preparado.
A sucussão é o movimento ritmado que é realizado após a diluição do insumo 
ativo com o insumo inerte através de um anteparo semirrígido. Alternativamente, para 
drogas insolúveis, a sucussão é substituída por trituração com gral e pistilo. Você se 
recorda deles? Eles também são importantes na homeopatia. Para esses casos, a 
farmacopeia homeopática recomenda o uso de gral e pistilo de porcelana. Então, na 
preparação de um medicamento homeopático, haverá sempre diluições seguidas de 
sucussão e/ou trituração.
As sucussões são realizadas após a diluição quando a forma farmacêutica for 
líquida. A cada diluição deverão ser realizadas 100 sucussões. A trituração é realizada 
após a diluição somente para drogas insolúveis, ou seja, drogas que apresentam baixa 
solubilidade em água e em álcool. A trituração, nesse caso, substitui a sucussão. Em 
alguns casos, durante a preparação do medicamento, ocorrerão os dois processos: 
sucussão e trituração.
O método é a forma de preparação de medicamentos, que pode ser: 
hahnemanniano, Korsakov e Fluxo contínuo. Alguns métodos têm escala, enquanto 
outros não. O método hahnemanniano, desenvolvido por Hahnemann, tem três escalas: 
centesimal, decimal ou cinquenta milesimal. Os métodos Korsakov e Fluxo contínuo não 
têm escalas. Embora os métodos Korsakov e Fluxo contínuo possam ser empregados, o 
mais usual é o método hahnemanniano (BRASIL, 2011). A Tabela 1 apresentará exemplos 
de medicamentos homeopáticos, suas origens, métodos, escalas e potência.
180
O método hahnemanniano, abreviado com a letra H, é o mais empregado pelos 
homeopatas e, em função disso, o mais importante em uma farmácia homeopática 
e será objeto deste livro. Os métodos Korsakov e de Fluxo contínuo são abreviados, 
respectivamente, com as letras K e FC, sendo menos comuns. O Fluxo contínuo é uma 
forma de obtenção rápida de altas potências, mas requer um equipamento específico 
para a sua preparação. 
TABELA 1 – EXEMPLOS DE MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS
Medicamento Origem Método Escala Potência
Belladonna 10 CH Vegetal Hahnemanniano Centesimal 10ª
Argentum metallicum 
5 DH
Mineral Hahnemanniano Decimal 5ª
Apis mellifica 300 CH Animal Hahnemanniano Centesimal 300ª
Calcarea carbonica 
35 K
Mineral Korsakov Sem escala 35ª
Phosphorus 100 FC Mineral Fluxo contínuo Sem escala 100ª
Pulsatilla nigricans 6 
LM
Vegetal Hahnemanniano
Cinquenta 
milesimal
6ª
FONTE: A autora
O método de Korsakov foi um método alternativo desenvolvido por um russo de 
sobrenome Korsakov, quetem a vantagem de permitir a preparação de medicamento 
homeopático usando um único frasco, diferentemente do método hahnemanniano, que 
requer vários frascos. Na prática, quer dizer que a farmácia tem que ter a sua disposição 
vários frascos de vidro âmbar se empregar o método hahnemanniano. Para a obtenção 
dos medicamentos de dispensação e de matrizes, usam-se frascos de vidro âmbar, 
conforme Figura 7.
FIGURA 7 – VIDROS ÂMBAR USADOS PARA MEDICAMENTOS DE DISPENSAÇÃO E DE MATRIZES
FONTE: <https://bit.ly/3iwyJEb>. Acesso em: 5 jan. 2021.
181
Analisando os medicamentos apresentados na Tabela 1, observamos que há a 
Belladonna 10 CH, que por ter a letra C significa que se trata de método hahnemanniano. 
A letra C indica a escala centesimal. Portanto, para este medicamento obtido a partir de 
Atropa Belladonna, um vegetal, tem-se método hahnemanniano e escala centesimal. 
O Argentum metallicum 5 DH é um mineral que apresenta método hahnemanniano e 
escala decimal. O Apis mellifica 300 CH é obtido a partir da abelha (Apis mellifica) e 
preparado pelo método hahnemanniano na escala centesimal. 
Comparando esses medicamentos preparados pelo método hahnemanniano, 
o medicamento contendo Apis mellifica é muito mais diluído que os demais, pois está 
na 300ª potência. Recordemos que a potência reflete a dinamização, que é a soma das 
diluições e sucussões (ou trituração, no caso de drogas insolúveis). Como nesse caso 
o medicamento já está muito diluído, já não existe a droga Apis mellifica presente no 
medicamento, mas ainda assim é eficaz.
Na Tabela 1, ainda temos a Calcarea Carbonica 35 K e Phosphorus 100 FC, sendo 
ambos obtidos através de minerais, e a Pulsatilla nigrans 6 LM. O medicamento contendo 
Calcarea Carbonica está na 35ª potência do método korsakov. O Phosphorus está na 
100ª potência do método Fluxo contínuo. A Pulsatilla nigrans é obtida de vegetal, assim 
como a maioria dos medicamentos homeopáticos. O número 6 indica a sua potência e 
o grau de dinamização e as letras LM indicam que a escala de diluição é de 1:50.000 (1 
parte de insumo ativo em 49.000 partes de insumo inerte) (CESAR et al., 2012).
Conhecendo como identificar as potências e os métodos, você pode estar se 
questionando então se a Apis mellifica é mais diluída que o Phosphorus 100 FC. A resposta 
é que não podemos fazer esse tipo de comparação, pois não existe correspondência 
entre os métodos. Com relação aos medicamentos Belladona, Argentum metallicum e 
Apis mellifica, que foram todos preparados pelo mesmo método, qual é o mais diluído? 
Só podemos fazer comparações para medicamentos preparados pelo mesmo método e 
mesma escala, ou seja, para a Belladona e Apis mellifica.
Pela maior potência da Apis mellifica, fica claro que ela é mais diluída. Por exem-
plo, se uma farmácia tivesse em estoque as matrizes de Belladona 8 DH e Belladona 6 
CH, qual delas seria adequada para a Belladonna 10 CH? A matriz de Belladona 6 CH, 
pois tem o mesmo método e escala do medicamento a ser preparado. Logo, a farmácia 
precisa ter, obrigatoriamente, uma matriz no mesmo método e escala (se for o caso, pois 
em alguns métodos não há escala) do medicamento a ser dispensado.
3 FARMACOLOGIA HOMEOPÁTICA
Em homeopatia, há quatro fatores importantes em relação ao medicamento: 
similaridade do medicamento com o doente, potência e frequência de administração. 
A palavra dose, muito utilizada em alopatia, corresponde à frequência com que o 
medicamento é administrado ao paciente. A potência, lembre-se, refere-se ao grau de 
182
dinamização. Quanto à frequência, o medicamento pode ser prescrito em dose única 
(o paciente utilizará o medicamento uma única vez) ou doses repetidas (o paciente 
utilizará o medicamento várias vezes, conforme a prescrição) (BARBOSA NETO, 2006).
3.1 FARMACOLOGIA DOS SEMELHANTES E DOS CONTRÁRIOS
A potência se refere ao grau de dinamização. Não há consenso entre os 
homeopatas acerca desse tema. Os homeopatas, então, empregam as diferentes 
potências usando as premissas a seguir:
a) De acordo com alguns autores, as potências baixas são usadas para estimular a 
reação na esfera física do organismo. Já as potências mais altas são utilizadas para 
provocar reação na esfera mental.
b) Para outros autores, se o medicamento foi corretamente indicado, então, independente 
da potência e da dose, o medicamento provocará mudanças na totalidade do doente.
c) A terceira premissa classifica as potências em baixas, ótimas e altas. Uma potência é 
considerada alta quando o medicamento indicado (ainda que seja adequado) provoca 
agravação dos sintomas. Uma potência baixa é aquela quando o medicamento está 
corretamente indicado, mas não se percebe alteração nos sintomas do paciente. Por 
outro lado, a potência é classificada como ótima quando é prescrito o similimum e 
este promove a cura do doente sem agravação dos sintomas (BARBOSA NETO, 2006).
De acordo com a farmacologia homeopática, os medicamentos apresentam 
ação primária ou secundária. Os medicamentos alopáticos apresentam ação primária, 
enquanto os homeopáticos apresentam ação secundária. A ação primária é definida 
como uma ação que desarmoniza a energia vital causando um conjunto de sintomas. 
O efeito primário (ou ação primária) é aquele provocado pela presença da droga no 
organismo, agindo através dos conceitos de farmacologia alopática (através da interação 
com receptores). A ação secundária corresponde a um conjunto de sintomas que se 
opõe à ação primária (CESAR et al., 2012).
O Quadro 3 traz um comparativo acerca da farmacologia de homeopáticos, 
alopáticos e fitoterápicos. De acordo com o que já foi explanado, os medicamentos 
fitoterápicos obedecem aos princípios da alopatia e, por isso, tanto medicamentos 
alopáticos como fitoterápicos apresentam doses ponderáveis e agem de acordo com 
a farmacologia dos contrários. Já os medicamentos homeopáticos podem apresentar 
doses ponderáveis ou imponderáveis, dependendo da potência do medicamento, e 
agem pela farmacologia dos semelhantes (KOSSAC-ROMANACH, 1999).
183
QUADRO 3 – FARMACOLOGIA DE MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS, ALOPÁTICOS E FITOTERÁPICOS
Medicamentos alopáticos
Medicamentos 
fitoterápicos
Medicamentos 
homeopáticos
Doses ponderáveis Doses ponderáveis
Doses ponderáveis ou 
imponderáveis
Ação específica Ação específica Ação inespecífica
Ação primária Ação primária Ação secundária
FONTE: Kossac-Romanach (1999, p. 26)
Outra diferença ocorre em relação à especificidade de ação. Os medicamentos 
alopáticos e fitoterápicos agem em receptores e por isso têm uma ação específica, 
direcionada a algum órgão ou tecido específico. Os homeopáticos não têm afinidade 
por nenhum receptor específico e por isso sua ação é inespecífica. O que ocorre é uma 
especificidade do medicamento ao doente em função do princípio da semelhança 
(KOSSAC-ROMANACH, 1999).
Na concepção homeopática, a alopatia está relacionada ao efeito rebote, pois 
a ação primária ocorre somente quando a droga ainda está presente no organismo. 
Imaginemos uma pessoa com febre que use um medicamento analgésico (alopático). 
Logo que houver a administração desse medicamento ocorrerá a ação primária, por se 
tratar de um medicamento alopático. Assim, ocorrerá uma ação primária de diminuição 
da temperatura corporal. No entanto, como acontece naturalmente para qualquer 
medicamento, este será eliminado do organismo, ocorrendo, assim, a ação secundária. 
A ação secundária se opõe à primária, tendo-se, portanto, o aumento da temperatura 
corporal (CESAR et al., 2012).
Consideremos o tratamento de um paciente com sintomas de diarreia com alo-
patia ou com homeopatia. Se usarmos a alopatia, adotaremos o princípio dos contrá-
rios, já que a alopatia combate os sintomas. O Quadro 4 traz de maneira esquemática o 
tratamento com alopatia. Nessa situação, usaríamos um antidiarreico. Em um primeiro 
momento, tem-se a ação primária, que ocorre sempre enquanto houver a presença de 
fármaco ou droga no organismo. A sua durabilidade é dependentedas fases de elimina-
ção e metabolização, que fazem parte da farmacocinética. Para a maioria dos fármacos, 
a metabolização ocorre de forma majoritária no fígado, enquanto a eliminação ocorre, 
sobretudo, através dos rins.
184
QUADRO 4 – TRATAMENTO DE PACIENTE COM ALOPATIA
FONTE: A autora
Em alopatia e em homeopatia, usamos, respectivamente, os termos fármaco 
e droga. A partir do momento em que o fármaco ou droga é metabolizado e eliminado 
do organismo, desenvolve-se a ação secundária. A ação secundária se opõe à primária. 
Portanto, haverá o retorno do quadro diarreico, que é o efeito entendido como rebote. 
Assim, novas doses precisam ser administradas para que a ação primária seja assegurada 
(KOSSAC-ROMANACH, 2003).
Você sabia que fármacos alopáticos podem produzir efeito rebote? 
É o que ocorre com a codeína, por exemplo. Embora ela tenha ação 
analgésica, o efeito rebote ocorre com o retorno do quadro clínico de dor.
INTERESSANTE
Agora, se usarmos esse mesmo exemplo de paciente com diarreia e fizermos o 
tratamento com alopatia, poderá haver a cura se o similimum for selecionado. O Quadro 5 
resume o tratamento desse paciente com homeopatia. Inicialmente, pela ação primária, 
que ocorre por ação química (presença da droga no organismo), poderá haver uma piora 
do quadro de diarreia (agravação). Lembre-se de que a piora do quadro ocorre pela 
soma dos efeitos da doença e dos efeitos artificiais da droga. Vimos também que essa 
agravação pode ser diminuída com a diluição (CESAR et al., 2012).
QUADRO 5 – TRATAMENTO DE PACIENTE COM HOMEOPATIA
FONTE: A autora
185
O desenvolvimento das ações primárias e secundárias está relacionado com a 
dose administrada. Para doses moderadas (ponderáveis), predomina a ação primária, 
exceto se houver repetição da dose administrada. Nesse caso, poderá ocorrer a ação 
secundária (KOSSAC-ROMANACH, 2003). No caso do exemplo já mencionado do 
paciente com diarreia, haverá o retorno do quadro em função da ação secundária.
Usaremos um outro exemplo para melhor compreensão. Consideremos a 
administração do ópio, do qual deriva a morfina. O seu uso ocasiona a diminuição da dor, 
pois o ópio e os seus derivados têm ação analgésica. No entanto, essa ação é primária 
e com a interrupção da administração do ópio, há a sua eliminação completa e, com 
isso, o desenvolvimento do efeito secundário (no qual há retorno da dor) (KOSSAC-
ROMANACH, 2003).
Para doses baixas (imponderáveis), a ação primária passará despercebida 
pelo paciente e, na verdade, esta ação primária é vista como algo desnecessário, pois 
segundo a visão da farmacologia homeopática, o importante é a ação secundária. Por 
sua vez, para doses altas e também ponderáveis, há a presença tanto de ação primária 
como de ação secundária. Pelo fato de a ação secundária ter ação contrária, é requerida 
que haja a administração frequente das doses, a fim de assegurar a manutenção da 
ação primária (KOSSAC-ROMANACH, 2003).
Perceba que para a farmacologia homeopática é mais importante o uso de doses 
mais baixas ou mesmo imponderáveis, pois elas estimulam ou aumentam a atividade 
vital. De acordo com o que você agora já entende, a energia vital é o centro principal que 
mantém o organismo em equilíbrio e que é alterado no caso de alguma doença. Assim, 
os medicamentos homeopáticos devem possuir a capacidade de restabelecê-la a fim de 
que o paciente seja curado e os níveis dinâmicos possam novamente estar em equilíbrio 
(CESAR et al., 2012; KOSSAC-ROMANACH, 2003).
No que concerne à via de administração, os medicamentos homeopáticos não 
devem ser engolidos, a fim de evitar a ação adversa da acidez e das enzimas gástricas. 
Mencionamos anteriormente os glóbulos, que por serem constituídos de sacarose, 
dissolvem-se rapidamente na mucosa bucal, através da qual são absorvidos. Embora 
a via oral sem a deglutição da forma farmacêutica seja a ideal (CESAR et al., 2012), 
medicamentos de uso externo também podem ser usados (BRASIL, 2011).
3.2 ENERGIA DOS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS
A energia dos medicamentos homeopáticos está relacionada à memória da 
água, isto é, a capacidade da água de armazenar a informação medicamentosa ainda 
que a droga já não esteja mais presente devido à alta diluição. Os medicamentos podem 
ser ponderáveis ou imponderáveis, então, como sabemos como cada medicamento 
se enquadra? Através da potência. Medicamentos até a potência 12 CH ou 24 DH são 
186
considerados medicamentos homeopáticos com dose ponderável. Já medicamentos 
com potência acima de 12 CH e 24 DH são considerados medicamentos homeopáticos 
com dose imponderável (infinitesimal) (CESAR et al., 2012).
Leia mais sobre o paradigma da evidência científica da homeopatia no 
artigo intitulado Medicamentos homeopáticos e o paradigma da evidência 
científica, disponível em:
https://jmphc.com.br/jmphc/article/view/550/585.
DICAS
Então, se considerarmos os medicamentos Apis mellifica 15 CH, Apis mellifica 
2 CH, Apis mellifica 5 DH e Apis mellifica 30 DH, para quais desses medicamentos há 
dose ponderável? Resposta: para os medicamentos Apis mellifica 2 CH e Apis mellifica 
5 DH. Para o primeiro medicamento, temos a 2ª potência centesimal (até a 12ª potência 
centesimal o medicamento apresenta dose ponderável). Para o segundo medicamento, 
temos a 5ª potência decimal (até a 24ª potência decimal o medicamento apresenta dose 
ponderável). Os demais medicamentos, Apis mellifica 15 CH e Apis mellifica 30 DH, são 
medicamentos com doses imponderáveis.
Sumarizando, neste tópico, tratamos dos princípios teóricos básicos envolvidos 
na homeopatia, incluindo os princípios da semelhança, da experimentação no homem 
são, do remédio único e de doses mínimas. O princípio da semelhança baseia-se no uso 
de medicamentos que causam no homem sadio os mesmos sinais e sintomas que o 
paciente possui. Uma vez que, para isso, é requerida a experimentação no homem são, 
o princípio da semelhança é dependente do princípio da experimentação no homem 
são. O remédio único preconiza o uso de um único medicamento para o paciente. O 
emprego de doses mínimas diminui a agravação homeopática.
Conceitos importantes também foram apresentados, incluindo alguns que 
você entenderá um pouco melhor no tópico de farmacotécnica homeopática: tintura-
mãe, matriz, formas farmacêuticas de dispensação, sucussão, diluição, método e 
escala. Destaca-se que os métodos e a escala (quando houver) devem constar na 
prescrição do medicamento homeopático, pois há métodos variados de preparação 
de medicamentos e grau de diluição diferentes (indicados pelas escalas). Dentre os 
métodos, o hahnemanniano (H) é o mais comum. Com relação às escalas, a decimal e a 
centesimal pertencem ao método hahnemanniano.
187
A homeopatia diverge da alopatia, tendo em vista que a alopatia é baseada no 
princípio dos contrários, já que se combatem os sinais e os sintomas. Os medicamentos 
homeopáticos, em sua maioria, são de origem vegetal e, por isso, muitas vezes são 
confundidos com fitoterápicos. No entanto, fitoterápicos são medicamentos alopáticos. 
Quanto à farmacologia, você compreendeu que existe a ação primária e a ação 
secundária, e que a ação secundária deve ser estimulada para que a energia vital possa 
ser restabelecida. A ação secundária tem efeitos opostos à primária e está relacionada 
ao efeito rebote e à necessidade de administrações frequentes de medicamentos 
alopáticos (que tem doses ponderáveis).
188
RESUMO DO TÓPICO 1
 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A diferença entre alopatia e homeopatia, bem como a diferença entre homeopatia 
e fitoterapia. A alopatia e a homeopatia são terapias contrárias, na qual a alopatia 
obedece ao princípio dos contrários e a homeopatia ao princípio dos semelhantes. 
A fitoterapia é uma terapia alopática. Em função de os medicamentos fitoterápicos 
serem obtidos de plantas e de muitos homeopáticos terem essa mesma origem, 
fitoterápicos podem ser confundidos com homeopáticos.
• Os princípios básicosda homeopatia: dos semelhantes, da experimentação no ho-
mem são, do remédio único e das doses mínimas. De acordo com o princípio dos 
semelhantes, medicamentos homeopáticos são prescritos baseados na similari-
dade entre os sinais e sintomas que o paciente apresente com os sinais e sinto-
mas observados no homem sadio. A experimentação no homem são diz respeito a 
testes em pessoas sadias, verificando o desenvolvimento de sinais e sintomas. O 
remédio único consiste no uso de uma única droga para o tratamento do paciente. 
O uso de doses mínimas tem por objetivo diluir os medicamentos e diminuir/evitar 
a agravação homeopática.
• A farmacologia homeopática e o vitalismo. A farmacologia homeopática está fun-
damentada no desenvolvimento de efeitos secundários, que são contrários aos 
efeitos primários. Estes efeitos primários são aqueles decorrentes da ação química 
da droga no organismo. Os efeitos secundários se desenvolvem quando a droga é 
eliminada e são responsáveis pela cura. Os alopáticos, por estarem em doses pon-
deráveis, estão relacionados ao desenvolvimento de efeito rebote e à necessidade 
frequente de novas doses.
• Alguns conceitos indispensáveis em homeopatia: potência, diluição, dinamização, 
sucussão, tintura-mãe, matriz e formas farmacêuticas de dispensação. A potência 
se refere ao número de dinamizações, isto é, de diluições seguidas de sucussões e/
ou triturações. A tintura-mãe é o ponto de partida usado para obter medicamentos 
homeopáticos de origem animal ou vegetal. A matriz é o medicamento que 
está estocado na farmácia e também serve como ponto de partida para obter o 
medicamento homeopático. As formas farmacêuticas de dispensação são aquelas 
que se destinam a um paciente. 
189
RESUMO DO TÓPICO 1
1 Considerando a farmacologia e a filosofia homeopática, analise as assertivas a seguir: 
I- A provável evolução para a cura de um paciente pode ser verificada através da 
melhora de sintomas mentais.
II- A supressão é improvável para um medicamento que abrange parcialmente os 
sintomas. 
III- O similimum possibilita o equilíbrio unicamente dos níveis físico e mental.
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) As assertivas I e II estão corretas.
b) ( ) Apenas a assertiva I está correta.
c) ( ) As assertivas I e III estão corretas.
d) ( ) As assertivas I, II e III estão corretas.
2 Leia as informações do caso clínico a seguir:
Paciente masculino, 30 anos, diagnóstico clínico de asma e constipação intestinal. Está 
apresentando crises asmáticas semanais nos últimos meses. Na consulta, o médico 
também descobre que o paciente é facilmente irritável, apresenta muito medo do 
escuro, medo de doenças e enorme ansiedade com relação ao futuro. Está com muita 
dificuldade para se concentrar no trabalho. É, então, instituída alopatia para as crises de 
asma e orientações para a melhora no hábito intestinal. Na consulta seguinte, o médico 
ouve do doente que a asma melhorou muito e que notou alguma melhora também na 
constipação. Questionando um pouco mais, percebe que a irritabilidade do paciente 
piorou, está ainda mais ansioso e agora refere estar muito triste, pois sua dificuldade de 
concentração está o levando a sérios problemas no emprego (BARBOSA NETO, 2006).
Por qual motivo provavelmente houve a piora do quadro clínico do paciente?
3 Uma determinada farmácia tem as seguintes matrizes: Matriz 1: Apis mellifica 20 CH; 
Matriz 2: Apis mellifica 4 K; e Matriz 3: Apis mellifica 400 FC. Descreva as potências, o 
método e a escala dessas matrizes.
4 Com relação à origem e à preparação de medicamentos homeopáticos, julgue os 
itens subsequentes sobre o medicamento Apis mellifica 3 CH:
AUTOATIVIDADE
190
I- É um medicamento de origem animal, assim como a maioria dos medicamentos 
homeopáticos. 
II- Foi preparado pelo método hahnemanniano e apresenta diluição decimal. 
III- Foi submetido a sucussões para estimular a reação orgânica.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Apenas a assertiva I está correta.
b) ( ) Apenas a assertiva II está correta.
c) ( ) Apenas a assertiva III está correta.
d) ( ) As assertivas I e III estão corretas.
5 Um homem de 40 anos apresenta há 10 anos dor de cabeça intensa, com sensação 
de opressão. Ele tem muito medo de alturas e forte desejo por doces. Sente-se 
incompreendido, desamparado e abandonado. O médico homeopata conclui que 
o medicamento mais semelhante ao caso é Argentum nitricum. Dois dias após ter 
tomado o remédio, o doente passa a apresentar sinusite com abundante secreção 
de catarro durante um mês. Todos os outros sintomas melhoraram (BARBOSA 
NETO, 2006). 
Acerca desse caso, analise as assertivas a seguir:
I- A sinusite e o catarro representam a exteriorização dos sintomas.
II- O medo de altura pode ser considerado um sintoma característico.
III- Pode-se concluir que há a tendência de o paciente evoluir para a cura.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As assertivas I e II estão corretas.
b) ( ) As assertivas I e III estão corretas.
c) ( ) As assertivas II e III estão corretas.
d) ( ) As assertivas I, II e III estão corretas.
191
FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA
1 INTRODUÇÃO
Anteriormente, tratamos de aspectos teóricos essenciais em homeopatia. 
Neste Tópico 2, nos dedicaremos à farmacotécnica homeopática, englobando as 
características e as formas de preparação dos medicamentos homeopáticos. De acordo 
com o que já foi exposto, estes medicamentos têm origem mineral, vegetal ou animal. 
Alguns conceitos previamente discutidos, como potência, dinamização e sucussão 
precisam estar bem compreendidos, pois eles são muito importantes na farmacotécnica 
homeopática.
Além das características dos medicamentos, focaremos também nos materiais 
de acondicionamento e nos acessórios que a farmácia deve dispor. Estes medicamentos 
são acondicionados em frascos de vidro, mas algumas outras embalagens também 
podem ser empregadas. Quanto aos acessórios, eles incluem tampas, batoques, 
gotejadores etc. Veremos também os insumos inertes, como tabletes, microglóbulos, 
água e misturas hidroalcoólicas em diferentes proporções.
Ainda, versaremos sobre as tinturas-mãe e a obtenção de formas farmacêuticas 
derivadas e de dispensação. Embora as tinturas-mãe não sejam preparadas em 
farmácias magistrais, é fundamental que o farmacêutico tenha conhecimento sobre a 
sua obtenção. As formas farmacêuticas derivadas e de dispensação são obtidas usando 
os métodos hahnemanniano, Korsakov ou fluxo contínuo. As matrizes e as formas 
farmacêuticas de dispensação são formas farmacêuticas derivadas.
UNIDADE 3 TÓPICO 2 - 
2 MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO
O medicamento homeopático, de acordo com a farmacopeia homeopática 
brasileira, é aquele que se destina ao paciente e é preparado através de procedimentos 
de diluição, sucussão e/ou trituração. Relembremos que a trituração substitui a sucussão 
no caso de drogas insolúveis. O medicamento homeopático tem uso externo ou interno. 
O Quadro 6 apresenta as formas de uso interno (BRASIL, 2011).
192
QUADRO 6 – FORMAS FARMACÊUTICAS DE USO INTERNO 
USO INTERNO
Líquidas: dose única, gotas
Sólidas: glóbulos, tabletes, microglóbulos, dose única, pós
FONTE: A autora
Em conformidade com o que foi citado nas unidades anteriores, as formas 
farmacêuticas são a forma de apresentação dos medicamentos. Isso se aplica também 
aos medicamentos homeopáticos. Tendo em vista que idealmente o medicamento 
homeopático deve abranger totalmente os sintomas do paciente, grande parte desses 
medicamentos tem uso interno. Assim, há formas líquidas, como a dose única (destinada 
a uma única administração) e as gotas (BRASIL, 2011), sendo que a dose única pode 
ser administrada na forma de gotas, se ela for acompanhada de um gotejador, tal qual 
mostrado na Figura 8.
FIGURA 8 – GOTEJADOR
FONTE: <https://bit.ly/36HFHDA>. Acesso em: 7 jan. 2022.
Os dispositivos gotejadores devem acompanhar os medicamentos homeopá-
ticos, cuja prescrição requeira o uso na forma de gotas. Por isso, é crucial a atençãoàs informações contidas na prescrição. Obviamente, as formas sólidas não requerem 
o uso de gotejadores. No entanto, é importante nessa situação que uma embalagem 
adequada seja selecionada, de forma que permita ao paciente retirar a dose necessária 
de medicamento.
193
Acadêmico, a forma farmacêutica de gotas contém álcool em sua 
composição e por esse motivo não é adequada para alcoólatras em 
tratamento e para crianças.
ATENÇÃO
As formas sólidas de uso interno incluem glóbulos (cujas principais 
características já vimos), tabletes, microglóbulos, pós, comprimidos e dose única. 
Os tabletes são formados por lactose (BRASIL, 2011). Os microglóbulos são esferas 
parecidas com os glóbulos, mas com peso menor, sendo empregados especificamente 
para a obtenção de medicamentos na escala cinquenta milesimal (CESAR et al., 2012). 
Os pós são formas sólidas constituídas por insumo ativo e por insumo inerte (como 
amidos e silicatos) (BRASIL, 2011).
A dose única sólida é uma forma usada em uma única administração, podendo 
ser um pó, glóbulo, comprimido ou tablete. Os comprimidos são compostos por lactose 
ou mistura de lactose e sacarose. O Quadro 7 resume as características das formas 
farmacêuticas sólidas. Na coluna à esquerda, temos a relação das formas sólidas e as 
suas respectivas abreviações. No que se refere ao método e/ou à escala, a restrição 
aplica-se somente aos microglóbulos, usados unicamente na escala LM. As demais FF 
podem ser usadas para qualquer método/escala (CESAR et al., 2012; BRASIL, 2011).
QUADRO 7 – FORMAS FARMACÊUTICAS (FF) SÓLIDAS
Forma farmacêutica Composição Método/escala
Glóbulos (glob.) Lactose e sacarose Qualquer um
Tabletes (tabl.) Lactose Qualquer um
Microglóbulos (mcglob) Sacarose e amido Cinquenta milesimal (LM)
Comprimidos (comp.)
Lactose ou mistura de 
lactose e sacarose
Qualquer um
Dose única (D.U.) Conforme a FF sólida Qualquer um
FONTE: A autora
Com relação à composição das formas apresentadas no Quadro 7, podemos 
notar que elas são compostas por dissacarídeos: lactose e/ou sacarose. A dose única 
terá composição dependendo da forma farmacêutica. Se for glóbulos, será composta 
de lactose e sacarose. Se for tablete, terá em sua composição a lactose. Essas formas 
194
sólidas têm em sua composição ingredientes que se dissolvem rapidamente em contato 
com a mucosa bucal, em concordância com o que já foi discutido sobre a necessidade 
da dissolução bucal dessas formas farmacêuticas (CESAR et al., 2012).
Você deve conhecer pessoas intolerantes à lactose ou diabéticos. 
Pacientes com intolerância à lactose não devem usar medicamentos 
na forma glóbulos ou tabletes. Para pacientes diabéticos, devem ser 
evitadas as formas farmacêuticas contendo sacarose.
ATENÇÃO
Além das formas de uso interno, há as formas de uso externo, que assim 
como as de uso interno, são classificadas conforme o estado físico em líquidos, sólidos 
e semissólidos. As formas líquidas de uso externo incluem os linimentos, os pós 
medicinais e as fórmulas nasais e oftálmicas. Dentre os sólidos estão os apósitos e os 
pós medicinais. Entre os semissólidos estão as pomadas, os géis e os cremes (BRASIL, 
2011). O Quadro 8 resume as características dessas formas de uso externo.
QUADRO 8 – FORMAS FARMACÊUTICAS DE USO EXTERNO
Formas farmacêuticas Característica
Líquidas
Linimentos Emulsão ou solução de aplicação tópica 
Solução 
oftálmica
Necessita ajuste de pH e esterilidade
Solução nasal Requer ajuste de pH
Sólidas
Apósitos Gaze, na qual se adiciona o medicamento
Pós
Mistura e pulverização de insumos ativos e 
insumos inertes
Semissólidas
Géis Sistemas contendo polímeros espessantes
Pomadas Bases hidrofóbicas, de absorção e hidrofílicas
Cremes Emulsões O/A ou A/O
FONTE: A autora
195
Os linimentos se destinam à ação tópica, podendo ser soluções ou emulsões 
fluidas. As fórmulas nasais e as oftálmicas requerem ajuste de pH próximo aos fluidos 
nasais e oftálmicos, respectivamente. Ademais, produtos oftálmicos precisam ser 
estéreis e isso exige que a farmácia disponha de infraestrutura adequada para garantir 
a esterilidade. Como já apontado neste livro, poucas farmácias preparam formas 
oftálmicas (BRASIL, 2011).
Os apósitos são formas sólidas, como uma gaze ou algodão, em que é 
adicionado o medicamento na forma líquida, seguido da colocação do apósito 
embebido no medicamento no local indicado. Os pós são formados por insumos ativos 
e inertes, que devem ser devidamente pulverizados. Recorde-se de que já discutimos a 
importância da pulverização para a homogeneidade. Os insumos inertes são os mesmos 
usados para pós de uso interno.
As formas semissólidas empregadas em homeopatia têm as mesmas 
características apresentadas na Unidade 2. Os géis são formados por agentes 
espessantes (ou também chamados de gelificantes), como os carbômeros, os alginatos 
etc. As pomadas têm caráter lipofílico ou mais hidrofílico, dependendo do tipo de base 
usada. Os cremes, por sua vez, são emulsões do tipo A/O ou O/A. Constate que é 
importante você conhecer as bases teóricas envolvidas na preparação dessas formas 
farmacêuticas, as quais foram previamente descritas. Por fim, ressalta-se que formas 
oftálmicas e nasais podem ser também semissólidas. Nestes casos, também são 
necessários o ajuste de pH e a esterilidade para os medicamentos oftálmicos.
Você sabia que os medicamentos homeopáticos são classificados 
conforme a frequência em que são prescritos? Os medicamentos po-
licrestos são aqueles que contêm drogas homeopáticas muito prescri-
tas. Os medicamentos semipolicrestos contêm drogas homeopáticas 
não tão comuns na prática clínica dos homeopatas.
INTERESSANTE
Os medicamentos homeopáticos têm origem vegetal, animal ou mineral ou ainda 
podem ser provenientes de secreções obtidas de pacientes doentes, denominados de 
isoterápicos. Uma vez que existe um risco de biossegurança na coleta do material do 
paciente, a Resolução de Boas Práticas de Manipulação traz algumas exigências para 
farmácias que prepararam isoterápicos (CESAR et al., 2012). A Tabela 2 apresenta alguns 
exemplos de medicamentos homeopáticos e suas origens.
196
TABELA 2 – MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS E SUAS ORIGENS
Medicamento Origem
Belladonna Vegetal (planta inteira)
Calendula officinalis Vegetal (flores)
Ammonium muriaticum Mineral
Argentum metallicum Mineral
Apis mellifica Animal (abelhas vivas)
FONTE: A autora
Os medicamentos de origem vegetal são obtidos de uma parte específica 
dessa planta, assim como ocorre também para os fitoterápicos. Além do exposto, devem 
ser cumpridos requisitos de qualidade para a parte ou para a planta inteira coletada, 
incluindo também o controle microbiológico. Os medicamentos de origem animal 
podem ser preparados a partir de animais vivos ou mortos e do animal inteiro ou parte 
deste. Os medicamentos minerais também são empregados para obter medicamentos 
homeopáticos. Devido a sua insolubilidade, costuma-se empregar a trituração ao invés 
de sucussão nas etapas iniciais de preparação desses medicamentos (BRASIL, 2011).
2.1 CARACTERÍSTICAS E OBTENÇÃO DE TINTURAS-MÃE
A tintura-mãe é abreviada como Tint. mãe, TM ou ø, sendo o ponto de partida 
para a obtenção das formas farmacêuticas homeopáticas de origem animal ou vegetal. 
A partir de dinamizações partindo da TM, obtém-se as diferentes potências. As tinturas-
mãe vegetais são obtidas através do uso de soluções hidroalcoólicas normalmente a 
60%, exceto se a monografia da droga indicar percentual diferente (BRASIL, 2011). 
As tinturas de origem animal usam os seguintes solventes: solução hidro-
alcoólicas entre 65% e 70%, soluções hidroglicerinadas (que contêm água e glicerina), 
soluções contendo etanol e glicerina ou soluções contendo água, etanol ou glicerina 
(BRASIL, 2011). É importante sempre que se verifique na monografia da droga qual o 
solvente adequado a usar e a sua concentração.
Se consultarmos as monografias das drogas Calendula officinalis e Apis melli-
fica, verificaremos que é

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