Buscar

0 1 - Direito Diplomático e Consular

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 101 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 101 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 101 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO DIPLOMÁTICO 
E CONSULAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Arthur Augusto Garcia 
 
 
2 
TEMA 1 – RELAÇÕES INTERNACIONAIS E RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS 
1.1 Relações diplomáticas 
A diplomacia, em seu desenvolvimento, se confunde com a atividade 
internacional que os Estados, ao longo dos séculos, promoveram na consecução 
dos interesses nacionais, principalmente no âmbito da política externa, sempre 
realizada por seus cônsules e diplomatas. 
Desde a mais remota antiguidade, a diplomacia foi – e é até hoje – um 
importante instrumento de promoção dos interesses dos Estados, consolidando-
se como relevante mecanismo que tem como objetivo a solução pacífica de 
controvérsias nas relações internacionais. Dessa forma, desempenha um papel 
significativo no desenvolvimento das atividades comerciais, que originalmente, 
constitui o objeto de proteção diplomática. 
Essa proteção encontrou na doutrina clássica as primeiras delimitações, 
como, por exemplo, na obra de Emer de Vattes (1758) intitulada O direito das 
gentes. Ali, é fácil identificar as primeiras referências em relação à matéria de 
proteção diplomática, que é essencial como direito do Estado. Essa perspectiva, 
no âmbito moderno da doutrina, perdurou por séculos e se incumbiu de colocar o 
indivíduo como objeto da proteção diplomática, e não vice-versa. 
No decorrer do século XX, a doutrina e a jurisprudência ajustaram o 
conceito tradicional de proteção diplomática à realidade do mundo pós-moderno, 
visto que a maior parte dos investimentos estrangeiros estava ligada à atividade 
desenvolvida por pessoas jurídicas. Passou-se também a questionar o papel do 
indivíduo como objeto de tal proteção. Baseando-se nesses novos 
questionamentos e visões, surgiram as teorias que defendem o indivíduo como 
destinatário do direito internacional, as quais veremos mais adiante. 
O direito diplomático tem como premissa básica a soberania dos Estados, 
o que acarreta maior dificuldade na aplicação das normais jurídicas. Ao contrário 
do que ocorre no ordenamento interno dos países, em que os indivíduos estão 
subordinados a regras constitucionais e ao poder estatal, na ordem internacional 
não há força superior que determine tais condutas. Dessa forma, é possível dizer 
que os Estados soberanos se encontram no mesmo nível hierárquico e que as 
relações entre eles são manifestadas conforme a coordenação que advém de 
acordos de vontade. 
 
 
3 
Como não existe um poder supranacional que detenha poder para definição 
de regras e aplicação de sanções sem a concordância dos indivíduos envolvidos, 
o direito diplomático tem sido, ao longo dos anos, objeto de diversas críticas, uma 
vez que a ausência de normas abrangentes e coercitivas poderia trazer uma 
invalidade a essa grande área do direito internacional. 
Posto isso, os Estados soberanos são submetidos apenas às obrigações 
que tiverem assumido dentro dos parâmetros que considerem razoáveis. A 
ausência de uma força externa e superior exige que o direito diplomático tenha 
algum evento de vinculação entre as partes e que este seja capaz de atribuir 
obrigações e conferir direitos recíprocos entre elas. 
Um dos princípios que garantem a coerência do tecido normativo 
internacional é conhecido como pact sunt servanda, que pode ser traduzido como 
“o pacto deve ser observado e cumprido”. Esse princípio está inteiramente ligado 
à boa-fé, mediante a qual uma parte se compromete a cumprir as regras que 
aceitou, considerando a expectativa de que a outra parte proceda da mesma 
forma. 
Assim, o vínculo formado entre os Estados normalmente é consolidado com 
a celebração de um tratado, documento que representa o acordo de vontades 
soberanas e que se destina a estabelecer parâmetros recíprocos de ação 
conforme os desejos dos signatários. Há também, como efetivação desse 
princípio, a aceitação de costumes dotados de validade jurídica e que possuem 
grande relevância em razão do baixo nível de codificação do direito internacional. 
Portanto, o direito diplomático pode ser definido como um conjunto de 
princípios e regras, pautados na boa-fé e na soberania, reunidos em normas 
escritas e não escritas voltadas a regular as relações entre os Estados soberanos 
e os organismos internacionais. 
1.2 Relações internacionais 
As relações internacionais são conceituadas como o ramo do direito cuja 
finalidade é regulamentar as relações jurídicas existentes entre os sujeitos do 
direito internacional dentro de uma sociedade internacional. A relação 
internacional é constituída pelos fluxos produzidos pelos humanos que 
atravessam as fronteiras entre os Estados e os espações considerados comuns, 
como a Antártida, os oceanos, o espaço sideral etc. 
 
 
4 
Tais fluxos podem ser materiais e imateriais, legais e ilegais, abrangendo 
todas as relações de poder, trocas comerciais, finanças, turismo, tráfico de 
drogas, pessoas, culturas, notícias, esportes, infraestrutura etc. Nesse sentido, as 
relações internacionais são consideradas como um campo de estudo 
interdisciplinar o qual analisa esses fluxos. 
1.3 Diferenciações 
Um dos fluxos mais importantes é o relacionamento formal e informal, 
regular ou esporádico, que os Estados possuem entre si e que se dá por meio da 
diplomacia (direito diplomático). Tal direito envolve a acreditação de 
representantes oficiais dos Estados soberanos, como embaixadores, funcionários 
etc., bem como o relacionamento com as organizações internacionais que 
promovem as relações pacíficas e os canais de diálogo, conforme estabelecido 
pela Convenção de Viena, firmada em 19611. 
Nesse sentido, o direito diplomático traz uma dimensão da política externa 
dos Estados, manifestando-se por meio de negociações, representação e 
informação lícita. Por esse motivo, desde 1961 há uma clara separação entre 
direito diplomático e relações internacionais, ficando vedado aos diplomatas, por 
exemplo, realizarem atividade de espionagem e/ou o controle de fontes humanas 
nos países nos quais estão acreditados. 
São instrumentos diplomáticos arbitragem, conferências, mediações e 
negociações, tendo como resultado direto a formação de regimes internacionais. 
TEMA 2 – AS ORIGENS E FONTES DO DIREITO DIPLOMÁTICO 
Estruturado e desenvolvido durante séculos, desde a mais remota 
antiguidade, o direito diplomático se confunde com seu tempo histórico. Há 
registros de sua existência desde o surgimento da história escrita, manifestando-
se por meio de tratados ocorridos nas mais diversas partes do mundo. 
O tratado mais antigo do mundo do qual se tem registro surgiu na 
Mesopotâmia, realizado entre Eannatum (soberano da cidade de Lagash) e a 
cidade de Umma. Ele foi escrito em língua suméria e fixava os limites de fronteiras. 
Há também registros de práticas diplomáticas na China, funcionando como um 
 
1 No Brasil, a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados está formalizada desde 2009, com 
a promulgação do Decreto n. 7.030. 
 
 
5 
dos meios mais eficazes de diálogos e contenção de conflitos entre os povos 
vizinhos. 
Há que se destacar aqui a influência confuciana entre os povos vizinhos do 
império do meio, que desenvolveram importantes institutos diplomáticos, como a 
criação de carreiras públicas mediante concursos periódicos de recrutamento, 
conforme registros da Dinastia Lý, no atual Vietnã. 
Além desses aportes, houve também, no desenvolvimento histórico da 
diplomacia, influência dos povos islâmicos, que contribuíram para os institutos que 
norteiam a diplomacia em sua totalidade, por exemplo a inviolabilidade dos 
embaixadores e respeito ao cumprimento das obrigações convencionais. Já entre 
os gregos, se encontram as instituições conhecidas até hoje como direito dos 
agentes, como tratados, arbitragem e inviolabilidade dos arautos. 
A partir do século XV, houve a necessidade de institucionalizare criar uma 
convivência pacífica entre os estados italianos. Foi assim que nasceu o interesse 
no desenvolvimento da diplomacia, com o surgimento da figura do embaixador, o 
que possibilitou uma relevante instauração institucional e um consequente 
fortalecimento do instituto, desenvolvendo um papel crucial no período de 
instabilidade na península italiana. 
Esse fortalecimento do direito diplomático e de suas instituições influenciou 
diversos pequenos Estados – que não dispunham de muita força militar – a 
empregarem técnicas diplomáticas na resolução de conflitos e barganhas 
internacionais. Um exemplo disso foi o domínio de Veneza sobre a República de 
Ragusa (atual Dubrovnik), que contribuiu para o desenvolvimento do direito e 
instituições diplomáticas. Vale lembrar que, no século XIII, a Ragusa já detinha 
cortes especializadas, uma cível e outra criminal, adquirindo então, por meio da 
diplomacia, certa independência em relação aos impérios que a cercavam, tal 
como o Império Otomano. 
Dessa forma, a influência entre os estados italianos, no que diz respeito ao 
direito diplomático institucionalizado foi essencial para a implementação dos 
embaixadores residentes em toda a Europa e tornou-se um parâmetro de 
organização diplomático no decorrer dos séculos. 
2.1 Fontes 
As fontes jurídicas, encarregadas pela formação das normas diplomáticas, 
são de extrema importância para entendermos o direito diplomático em sua 
 
 
6 
totalidade. Elas são a base para toda e qualquer compreensão sobre esse 
instituto, que é responsável por reger as relações entre os Estados soberanos 
mundialmente. 
As fontes do direito diplomático podem ser divididas em: 
• Próprias – são aquelas que agem diretamente sobre o sistema de normas 
jurídicas internacionais, ou seja, criam, modificam ou extinguem as regras 
existentes; estão englobados aqui os costumes, os princípios gerais do 
direito e os tratados. 
• Impróprias – consistem em um ponto de referência para que possamos 
estabelecer as criações, modificações e extinções das normas, seja esta 
nova, seja antiga; também são utilizadas para verificar qual o alcance 
jurídico de uma norma já existente, desde que interpretadas corretas. Estão 
abarcados aqui o estudo da doutrina e a criação de jurisprudências, isto é, 
em âmbito nacional há as leis internas de cada país. 
TEMA 3 – OS COSTUMES COMO FONTES DO DIREITO DIPLOMÁTICO 
Grande parte das regras referentes ao direito diplomático como vemos hoje 
foi formada progressivamente ao longo dos séculos, especificamente entre o 
Renascimento e o Congresso de Viena (1815), utilizando-se da prática legislativa, 
diplomática e jurisprudencial dos estados europeus; ou seja, a fonte originária de 
tais normas é de natureza costumeira. 
Esses costumes internacionais, conforme traz grade parte da doutrina, são 
um comportamento uniforme e que possuem constância entre os Estados, com o 
objetivo de estabelecer com convicção da obrigatoriedade e da necessidade 
deles. 
As fontes desse Direito são caracterizadas entre a diuturnitas e a opinio 
juris sive necessitatis. A primeira tem natureza material e é prolongada na 
constante reiteração comportamental, e a segunda é constituída por uma natureza 
psicológica, ou seja, é a convicção de cumprimento de um preceito jurídico com o 
objetivo de uma necessidade social. 
Conforme observa a doutrina, a consolidação dos costumes em matéria 
diplomática sofreu influência de dois elementos importantes: a rede de 
convenções bilaterais entre os estados europeus e os outros países, remetendo-
se geralmente ao “direito das gentes” ou ao “direito internacional geral” 
 
 
7 
desenvolvendo, entretanto, uma função de especificação a forma escrita de tal 
direito, e por vezes, até prevendo um tratamento mais favorável ao direito geral. 
Todavia, em outro viés, a reciprocidade foi um importante elemento na 
formação das normais baseadas em costumes. Como observa Salmon (1994), é 
de interesse de todos os membros da comunidade internacional que as próprias 
missões no exterior gozem de um estatuto favorável para o cumprimento 
harmonioso de suas funções. 
Imperioso é destacar que o costume diplomático – de caráter obrigatório – 
deve ser distinto dos simples usos da cortesia, do protocolo ou de expedientes 
diplomáticos, conforme salienta Maresca (1969). Dessa forma, não há derivação 
precisa das obrigações jurídicas comitas gentium ou cortesia internacional, razão 
por que a inobservância dela não origina os chamados ilícitos internacionais, ou 
seja, não comprometem os Estados e suas responsabilidades. Entretanto, a 
cortesia internacional é uma das fontes inesgotáveis de critérios e preceitos 
utilizados para facilitar o eficaz desenvolvimento das relações internacionais. 
Com o passar do tempo, essas normas pautadas na cortesia internacional 
foram ganhando status de regras jurídicas verdadeiras. Um exemplo disso é o 
caso daquela que define que os chefes e outros membros das missões 
diplomáticas sejam aprovados (agréement), estabelecido na Convenção de Viena 
de 1961 (art. 4º, parágrafo 1º): “1. O Estado acreditante deverá certificar-se de 
que a pessoa que pretende nomear como Chefe da Missão perante o Estado 
acreditado obteve o Agrément do referido Estado” (Brasil, 2009). 
Dentro da categoria de normas que podem ser reportadas aos costumes, 
existem os princípios gerais do direito internacional, que constituem uma categoria 
sui generis de normas internacionais, as quais são aplicadas por parte dos 
Estados dos respectivos ordenamentos jurídicos internos. 
Já em relação a opinio juris sive necessitatis, se encontram particularmente 
as regras de justiça e lógicas jurídicas consideradas por todos os órgãos dos 
Estados como tendo um valor universal; portanto, são aplicáveis a qualquer 
ordenamento jurídico interno ou internacional. Dessa forma, em se tratando de 
relações diplomáticas, os princípios gerais não desenvolvem um papel primário, e 
sim os costumes. 
A norma consuetudinária tem persistente importância, conforme 
Nascimento e Silva (1978) aduzem que o processo de produção jurídica no 
sistema diplomático é confirmado, de modo geral, pelas recentes convenções que 
 
 
8 
codificam o direito diplomático, e, de modo particular, pela Convenção de Viena 
de 1961, citada anteriormente, sobre as relações diplomáticas, cujo preâmbulo 
determina: “as normas de Direito Internacional consuetudinário devem continuar 
regendo as questões que não tenham sido expressamente reguladas nas 
disposições da presente Convenção”. 
Dessa forma, a doutrina ressalta que o costume tem determinadas 
vantagens, como a flexibilidade e, por consequência, a possibilidade de 
adaptação fácil às mudanças das circunstâncias na sociedade internacional onde 
está inserido. Entretanto, não se pode esquecer que os costumes apresentam 
alguns importantes inconvenientes, como o fato de serem sempre indeterminados, 
e sobretudo, a sua reconhecida dificuldade de comprovação existencial. 
TEMA 4 – TRATADOS 
Com o passar do tempo, especificamente a partir da metade do século XIX, 
os Estados soberanos perceberam que havia necessidade de procurar algo que 
pudesse lhes oferecer garantias maiores em relação à segurança jurídica 
constantes nas normais consuetudinárias diplomáticas. Dessa forma, o tratado 
era o instrumento que melhor dava conta dessa tarefa e, corroborava, ao mesmo 
tempo, buscar o maior número possível de consentimentos. 
Os tratados estão previstos na Convenção de Viena sobre o Direito dos 
Tratados, especificamente em seu art. 2°, parágrafo 1°, alínea “a”: “tratado 
significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo 
Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais 
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”. Dessa 
forma, dependendo do número de Estados soberanos participantes, ostratados 
podem ser divididos em dois tipos: bilaterais e multilaterais. Ambos serão 
conceituados adiante. 
É de suma importância que conheçamos os principais tratados de direito 
diplomático existentes e que embasam toda a legislação moderna sobre o 
assunto. Entre eles, podemos citar: Regulamento sobre a Classe entre os Agentes 
Diplomáticos, anexo ao Tratado de Viena de 1815; Convenção de Havana de 
1928 sobre funcionários diplomáticos; Convenção de Viena de 1961 sobre 
relações diplomáticas; Carta das Nações Unidas de 1945; e outros. 
 
 
9 
TEMA 5 – TRATADOS BILATERAIS E MULTILATERAIS NO DIREITO 
DIPLOMÁTICO 
Como vimos acima, os Estados soberanos perceberam que, após o século 
XIX, havia necessidade de positivar as regras inerentes ao direito diplomático. 
Assim o fizeram, com base nos tratados, que podem ser bilaterais ou multilaterais, 
dependendo do número de Estados soberanos envolvidos. 
5.1 Tratados bilaterais 
Os tratados bilaterais concluídos, dentro do direito diplomático, têm como 
objetivo o estabelecimento em primeiro lugar das relações diplomáticas e, 
consequentemente, a instituição de uma missão diplomática de caráter 
permanente. Em segundo lugar, podem modificar le rang de uma relação para a 
de uma embaixada ou, ainda, atribuir um tratamento mais favorável a determinado 
Estado em relação aos outros que se encontram acreditados em dado território. 
Um tratado tido como bilateral pode criar uma obrigação para um Estado 
quando este conceder determinado tratamento às missões diplomáticas 
estrangeiras que, acreditadas no outro Estado, encontram-se em seu território. 
Assim, se reconhece que, mesmo numerosos, os tratados bilaterais não possuem 
tanta importância no que tange às fontes do direito diplomático, em parte porque 
há recorrente falta de precisão e de detalhes, e a maioria deles se remetem a 
normas e princípios reconhecidos pelo direito internacional. 
5.2 Tratados multilaterais 
Dentro do sistema de fontes do direito diplomático, o acordo pode ser 
firmado para cumprir uma função geral e diferente daquela que estabelece 
normais que regulam questões particulares entre dois estados ou um grupo 
restrito deles. Assim, dentro de um tratado multilateral há a participação de três 
ou mais Estados soberanos. 
É por meio desses tratados que se forma a segurança jurídica na forma 
escrita, ou seja, os costumes adquirem uma forma escrita com uma roupagem de 
segurança jurídica. Dessa forma, a função de codificação do acordo pode ser 
cumprida com base em dois critérios distintos: declarativo e progressivo. O 
primeiro é formado pela escrita das normas consuetudinárias – derivadas dos 
 
 
10 
costumes. Já o segundo não se limita tão somente a estabelecer os costumes 
existenciais, mas sim desenvolvê-los, trazendo as exigências mutáveis da 
comunidade internacional. 
Ao contrário dos tratados bilaterais, os multilaterais possuem maior 
relevância dentro do cenário internacional do direito diplomático, menos 
numerosos. 
 
 
 
11 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Decreto n. 7.030, de 14 de dezembro de 2009. Diário Oficial da União, 
Poder Executivo, Brasília, 15 dez. 2009. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7030.htm>. 
Acesso em: 16 nov. 2019. 
BRASIL. Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços. 
Acordos dos quais o Brasil é parte. [S.d.]. Disponível em: 
<http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/negociacoes-internacionais/796-
negociacoes-internacionais-2>. Acesso em: 17 nov. 2019. 
SALMON, J. Manuel de Droit Diplomatique. Bruxelles: Bruylant, 1994. 
http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/negociacoes-internacionais/796-negociacoes-internacionais-2
http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/negociacoes-internacionais/796-negociacoes-internacionais-2
 
 
12 
ANEXO 
CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS 
Os Estados Partes na presente Convenção, 
Considerando que, desde tempos remotos, os povos de todas as Nações 
têm reconhecido a condição dos agentes diplomáticos; 
Conscientes dos propósitos e princípios da Carta das Nações unidas relativos à 
igualdade soberana dos Estados, à manutenção da paz e da segurança 
internacional e ao desenvolvimento das relações de amizade entre as Nações; 
Estimando que uma Convenção Internacional sobre relações, privilégios e 
imunidades diplomáticas contribuirá para o desenvolvimento de relações 
amistosas entre as Nações, independentemente da diversidade dos seus regimes 
constitucionais e sociais; 
Reconhecendo que a finalidade de tais privilégios e imunidades não é 
beneficiar indivíduos, mas, sim, a de garantir o eficaz desempenho das funções 
das Missões diplomáticas, em seu caráter de representantes dos Estados; 
Afirmando que as normas de Direito internacional consuetudinário devem 
continuar regendo as questões que não tenham sido expressamente reguladas 
nas disposições da presente Convenção; 
Convieram no seguinte: 
Art. 1 
Para os efeitos da presente Convenção: 
1) "Chefe de Missão" é a pessoa encarregada pelo Estado acreditante de agir 
nessa qualidade; 
2) "Membros da Missão" são o Chefe da Missão e os membros do pessoal da 
Missão; 
3) "Membros do Pessoal da Missão" são os membros do pessoal diplomático, 
do pessoal administrativo e técnico e do pessoal de serviço da Missão; 
4) "Membros do Pessoal Diplomático" são os membros do pessoal da Missão 
que tiverem a qualidade de diplomata; 
5) "Agente Diplomático" é o Chefe da Missão ou um membro do pessoal 
diplomático da Missão; 
 
 
13 
6) "Membros do Pessoal Administrativo e Técnico" são os membros do 
pessoal da Missão empregados no serviço administrativo e técnico da 
Missão; 
7) "Membros do Pessoal de Serviço" são os membros do pessoal da Missão 
empregados no serviço doméstico da Missão; 
8) "Criado particular" é a pessoa do serviço doméstico de um membro da 
Missão que não seja empregado do Estado acreditante; 
9) "Locais da Missão" são os edifícios, ou parte dos edifícios, e terrenos 
anexos, seja quem for o seu proprietário, utilizados para as finalidades da 
Missão inclusive a residência do Chefe da Missão. 
Art. 2 
O estabelecimento de relações diplomáticas entre Estados e o envio de 
Missões diplomáticas permanentes efetua-se por consentimento mútuo. 
Art. 3 
1. As funções de uma Missão diplomática consistem, entre outras, em: 
a) representar o Estado acreditante perante o Estado acreditado; 
b) proteger no Estado acreditado os interesses do Estado acreditante e de 
seus nacionais, dentro dos limites permitidos pelo direito internacional; 
c) negociar com o Governo do Estado acreditado; 
d) inteirar-se por todos os meios lícitos das condições existentes e da 
evolução dos acontecimentos no Estado acreditado e informar a esse 
respeito o Governo do Estado acreditante; 
e) promover relações amistosas e desenvolver as relações econômicas, 
culturais e científicas entre o Estado acreditante e o Estado acreditado. 
2. Nenhuma disposição da presente Convenção poderá ser interpretada 
como impedindo o exercício de funções consulares pela Missão 
diplomática. 
Art. 4 
1. O Estado acreditante deverá certificar-se de que a pessoa que pretende 
nomear como Chefe da Missão perante o Estado acreditado obteve 
o Agrément do referido Estado. 
2. O Estado acreditado não está obrigado a dar ao Estado acreditante as 
razões da negação do "agrément". 
 
 
14 
Art. 5 
a) O Estado acreditante poderá depois de haver feito a devida notificação aos 
Estados creditados interessados, nomear um Chefe de Missão ou designar 
qualquer membro do pessoal diplomático perante dois ou mais Estados, a 
não ser que um dos Estados acreditados a isso se oponha expressamente. 
b) Se um Estado acredita um Chefe de Missão perante dois ou mais Estados, 
poderá estabelecer uma Missão diplomática dirigida por um Encarregado 
de Negócios ad interim em cada um dos Estados onde o Chefe da Missãonão tenha a sua sede permanente. 
c) O Chefe da Missão ou qualquer membro do pessoal diplomático da Missão 
poderá representar o Estado acreditante perante uma organização 
internacional. 
Art. 6 
Dois ou mais Estados poderão acreditar a mesma pessoa como Chefe de 
Missão perante outro Estado, a não ser que o Estado acreditado a isso se oponha. 
Art. 7 
Respeitadas as disposições dos artigos 5, 8, 9 e 11, o Estado acreditante 
poderá nomear livremente os membros do pessoal da Missão. No caso dos adidos 
militar, naval ou aéreo, o Estado acreditado poderá exigir que seus nomes lhes 
sejam previamente submetidos para efeitos de aprovação. 
Art. 8 
a) Os membros do pessoal diplomático da Missão deverão, em princípio, ter 
a nacionalidade do Estado acreditante. 
b) Os membros do pessoal diplomático da Missão não poderão ser nomeados 
dentre pessoas que tenham a nacionalidade do Estado acreditado, exceto 
com o consentimento do referido Estado, que poderá retirá-lo em qualquer 
momento. 
c) O Estado acreditado poderá exercer o mesmo direito com relação a 
nacionais de terceiro Estado que não sejam igualmente nacionais do 
Estado acreditante. 
Art. 9 
f) O Estado acreditado poderá a qualquer momento, e sem ser obrigado a 
justificar a sua decisão, notificar ao Estado acreditante que o Chefe da 
 
 
15 
Missão ou qualquer membro do pessoal diplomático da Missão é 
persona nongrata ou que outro membro do pessoal da Missão não é 
aceitável. O Estado acreditante, conforme o caso, retirará a pessoa em 
questão ou dará por terminadas as suas funções na Missão. Uma Pessoa 
poderá ser declarada nongrata ou não aceitável mesmo antes de chegar 
ao território do Estado acreditado. 
g) Se o Estado acreditante se recusar a cumprir, ou não cumpre dentro de um 
prazo razoável, as obrigações que lhe incumbem, nos termos do parágrafo 
1 deste artigo, o Estado acreditado poderá recusar-se a reconhecer tal 
pessoa como membro da Missão. 
Art. 10 
1. Serão notificados ao Ministério das Relações Exteriores do Estado 
acreditado, ou a outro Ministério em que se tenha convindo: 
a) a nomeação dos membros do pessoal da Missão, sua chegada e partida 
definitiva ou o termo das suas funções na Missão; 
b) a chegada e partida definitiva de pessoas pertencentes à família de um 
membro da missão e, se for o caso, o fato de uma pessoa vir a ser ou deixar 
de ser membro da família de um membro da Missão; 
c) a chegada e a partida definitiva dos criados particulares a serviço das 
pessoas a que se refere a alínea a) deste parágrafo e, se for o caso, o fato 
de terem deixado o serviço de tais pessoas; 
d) a admissão e a despedida de pessoas residentes no Estado acreditado 
como membros da Missão ou como criados particulares com direito a 
privilégios e imunidades. 
2. Sempre que possível, a chegada e a partida definitiva deverão também ser 
previamente notificadas. 
Art. 11 
1. Não havendo acordo explícito sobre o número de membros da Missão, o 
Estado acreditado poderá exigir que o efetivo da Missão seja mantido 
dentro dos limites que considere razoável e normal, tendo em conta as 
circunstâncias e condições existentes nesse Estado e as necessidades da 
referida Missão. 
 
 
16 
2. O Estado acreditado poderá igualmente, dentro dos mesmos limites e sem 
discriminação, recusar-se a admitir funcionários de uma determinada 
categoria. 
Art. 12 
O Estado acreditado não poderá, sem o consentimento expresso e prévio 
do Estado acreditado, instalar escritórios que façam parte da Missão em 
localidades distintas daquela em que a Missão tem a sua sede. 
Art. 13 
1) O Chefe da Missão é considerado como tendo assumido as suas funções 
no Estado acreditado no momento em que tenha entregado suas 
credenciais ou tenha comunicado a sua chegada e apresentado as cópias 
figuradas de suas credenciais ao Ministério das Relações Exteriores, ou ao 
Ministério em que se tenha convindo, de acordo com a prática observada 
no Estado acreditado, a qual deverá ser aplicada de maneira uniforme. 
2) A ordem de entrega das credenciais ou de sua cópia figurada será 
determinada pela data e hora da chegada do Chefe da Missão. 
Art. 14 
1) Os Chefes de Missão dividem-se em três classes: 
a) Embaixadores ou Núncios acreditados perante Chefes de Estado, e outros 
Chefes de Missões de categoria equivalente; 
b) Enviados, Ministro ou internúncios, acreditados perante Chefe de Estado; 
c) Encarregados de Negócios, acreditados perante Ministros das Relações 
Exteriores. 
2) Salvo em questões de precedência e etiqueta, não se fará nenhuma 
distinção entre Chefes de Missão em razão de sua classe. 
Art. 15 
Os Estados, por acordo, determinarão a classe a que devem pertencer os 
Chefes de suas Missões. 
 
 
 
17 
Art. 16 
1) A precedência dos Chefes de Missão, dentro de cada classe, se 
estabelecerá de acordo com a data e hora em que tenham assumido suas 
funções, nos termos do art. 13. 
2) As modificações nas credenciais de um Chefe de Missão, desde que não 
impliquem mudança de classe, não alteram a sua ordem de precedência. 
3) O presente artigo não afeta a prática que exista ou venha a existir no 
Estado acreditado com respeito à precedência do representante da Santa 
Sé. 
Art. 17 
O Chefe da Missão notificará ao Ministério da Relações Exteriores, ou a 
outro Ministério em que as partes tenham convindo, a ordem de precedência dos 
Membros do pessoal diplomático da Missão. 
Art. 18 
O Cerimonial que se observe em cada Estado para recepção dos Chefes 
de Missão deverá ser uniforme a respeito de cada classe. 
Art. 19 
1) Em caso de vacância do posto de Chefe da Missão, ou se um Chefe de 
Missão estiver impedido de desempenhar suas funções, um Encarregado 
de Negócios ad interim exercerá provisoriamente a chefia da Missão. O 
nome do Encarregado de Negócios ad interim será comunicado ao 
Ministério das Relações Exteriores do Estado acreditado, ou ao Ministério 
em que as partes tenham convindo, pelo Chefe da Missão ou, se este não 
poder fazê-lo, pelo Ministério das Relações Exteriores do Estado 
acreditante. 
2) Se nenhum membro do pessoal diplomático estiver presente no Estado 
acreditado, um membro do pessoal administrativo e técnico poderá, com o 
consentimento do Estado acreditado, ser designado pelo Estado 
acreditante para encarregar-se dos assuntos administrativos correntes da 
Missão. 
 
 
 
18 
Art. 20 
A missão e seu Chefe terão o direito de usar a bandeira e o escudo do 
Estado acreditante nos locais da Missão, inclusive na residência do Chefe da 
Missão e nos seus meios de transporte. 
Art. 21 
1) O Estado acreditado deverá facilitar a aquisição em seu território, de acordo 
com as suas leis, pelo Estado acreditado, dos locais necessários à Missão 
ou ajudá-lo a consegui-los de outra maneira. 
2) Quando necessário, ajudará também as Missões a obterem alojamento 
adequado para seus membros. 
Art. 22 
1) Os locais da Missão são invioláveis. Os Agentes do Estado acreditado não 
poderão neles penetrar sem o consentimento do Chefe da Missão. 
2) O Estado acreditado tem a obrigação especial de adotar todas as medidas 
apropriadas para proteger os locais da Missão contra qualquer intrusão ou 
dano e evitar perturbações à tranquilidade da Missão ou ofensas à sua 
dignidade. 
3) Os locais da Missão, em mobiliário e demais bens neles situados, assim 
como os meios de transporte da Missão, não poderão ser objeto de busca, 
requisição, embargo ou medida de execução. 
Art. 23 
1) O Estado acreditante e o Chefe da Missão estão isentos de todos os 
impostos e taxas, nacionais, regionais ou municipais, sobre os locais da 
Missão de que sejam proprietários ou inquilinos, excetuados os que 
representem o pagamento de serviços específicos que lhes sejam 
prestados. 
2) A isenção fiscal a que se refere este artigo não se aplica aos impostos e 
taxas cujo pagamento, na conformidade da legislação do Estado 
acreditado,incumbir as pessoas que contratem com o Estado acreditante 
ou com o Chefe da Missão. 
 
 
 
19 
Art. 24 
Os arquivos e documentos da Missão são invioláveis, em qualquer 
momento e onde quer que se encontrem. 
Art. 25 
O Estado acreditado dará todas as facilidades para o desempenho das 
funções da Missão. 
Art. 26 
Salvo o disposto nas leis e regulamentos relativos a zonas cujo acesso é 
proibido ou regulamentado por motivos de segurança nacional, o Estado 
acreditado garantirá a todos os membros da Missão a liberdade de circulação e 
trânsito em seu território. 
Art. 27 
1) O Estado acreditado permitirá e protegerá a livre comunicação da Missão 
para todos os fins oficiais. Para comunicar-se com o Governo e demais 
Missões e Consulados do Estado acreditante, onde quer que se encontrem, 
a Missão poderá empregar todos os meios de comunicação adequados, 
inclusive correios diplomáticos e mensagens em códigos ou cifra. Não 
obstante, a Missão só poderá instalar e usar uma emissora de rádio com o 
consentimento do Estado acreditado. 
2) A correspondência oficial da Missão é inviolável. Por correspondência 
oficial entende-se toda correspondência concernente à Missão e suas 
funções. 
3) A mala diplomática não poderá ser aberta ou retida. 
4) Os volumes que constituam a mala diplomática deverão conter sinais 
exteriores visíveis que indiquem o seu caráter e só poderão conter 
documentos diplomáticos e objetos destinados a uso oficial. 
5) O correio diplomático, que deverá estar munido de um documento oficial 
que indique sua condição e o número de volumes que constituam a mala 
diplomática, será, no desempenho das suas funções, protegido pelo Estado 
acreditado. 
6) O Estado acreditante ou a Missão poderão designar correios diplomáticos 
"ad hoc". Em tal caso, aplicar-se-ão as disposições do parágrafo 5 deste 
artigo, mas as imunidades nele mencionadas deixarão de se aplicar, desde 
 
 
20 
que o referido correio tenha entregado ao destinatário a mala diplomática 
que lhe fora confiada. 
7) A mala diplomática poderá ser confiada ao comandante de uma aeronave 
comercial que tenha de aterrissar num aeroporto de entrada autorizada. O 
comandante será munido de um documento oficial que indique o número 
de volumes que constituam a mala, mas não será considerado correio 
diplomático. A Missão poderá enviar um de seus membros para receber a 
mala diplomática, direta e livremente, das mãos do comandante da 
aeronave. 
Art. 28 
Os direitos e emolumentos que a Missão perceba em razão da prática de 
atos oficiais estarão isentos de todos os impostos ou taxas. 
Art. 29 
A pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser objeto de 
nenhuma forma de detenção ou prisão. O Estado acreditado tratá-lo-á com o 
devido respeito e adotará todas as medidas adequadas para impedir qualquer 
ofensa à sua pessoa, liberdade ou dignidade. 
Art. 30 
1) A residência particular do agente diplomático goza da mesma 
inviolabilidade e proteção que os locais da missão. 
2) Seus documentos, sua correspondência e, sob reserva do disposto no 
parágrafo 3 do artigo 31, seus bens gozarão igualmente de inviolabilidade. 
Art. 31 
1) O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado 
acreditado. Gozará também da imunidade de jurisdição civil e 
administrativa, a não ser que se trate de: 
a) uma ação real sobre imóvel privado situado no território do Estado 
acreditado, salvo se o agente diplomático o possuir por conta do Estado 
acreditado para os fins da missão. 
b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a título privado e 
não em nome do Estado, como executor testamentário, administrador, 
herdeiro ou legatário. 
 
 
21 
c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial 
exercida pelo agente diplomático no Estado acreditado fora de suas 
funções oficiais. 
2) O agente diplomático não é obrigado a prestar depoimento como 
testemunha. 
3) O agente diplomático não está sujeito a nenhuma medida de execução a 
não ser nos casos previstos nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo 1 deste 
artigo e desde que a execução possa realizar-se sem afetar a 
inviolabilidade de sua pessoa ou residência. 
4) A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado 
não o isenta da jurisdição do Estado acreditante. 
Art. 32 
1) O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus 
agentes diplomáticos e das pessoas que gozam de imunidade nos termos 
do artigo 37. 
2) A renúncia será sempre expressa. 
3) Se um agente diplomático ou uma pessoa que goza de imunidade de 
jurisdição nos termos do artigo 37 inicia uma ação judicial, não lhe será 
permitido invocar a imunidade de jurisdição no tocante a uma reconvenção 
ligada à ação principal. 
4) A renúncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações civis ou 
administrativas não implica renúncia a imunidade quanto às medidas de 
execução da sentença, para as quais nova renúncia é necessária. 
Art. 33 
1) Salvo o disposto no parágrafo 3 deste artigo, o agente diplomático estará 
no tocante aos serviços prestados ao Estado acreditante isento das 
disposições sobre seguro social que possam vigorar no Estado acreditado. 
2) A isenção prevista no parágrafo 1 deste artigo aplicar-se-á também aos 
criados particulares que se acham ao serviço exclusivo do agente 
diplomático, desde que: 
a) Não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência 
permanente; e 
b) Estejam protegidos pelas disposições sobre seguro social vigentes no 
Estado acreditado ou em terceiro estado. 
 
 
22 
3. O agente diplomático que empregue pessoas a quem não se aplique a 
isenção prevista no parágrafo 2 deste artigo deverá respeitar as obrigações 
impostas aos patrões pelas disposições sobre seguro social vigentes no 
Estado acreditado. 
4. A isenção prevista nos parágrafos 1 e 2 deste artigo não exclui a 
participação voluntária no sistema de seguro social do Estado acreditado, 
desde que tal participação seja admitida pelo referido Estado. 
5. As disposições deste artigo não afetam os acordos bilaterais ou 
multilaterais sobre seguro social já concluídos e não impedem a celebração 
ulterior de acordos de tal natureza. 
Art. 34 
O agente diplomático gozará de isenção de todos os impostos e taxas, 
pessoais ou reais, nacionais, regionais ou municipais, com as exceções seguintes: 
a) os impostos indiretos que estejam normalmente incluídos no preço das 
mercadorias ou dos serviços; 
b) os impostos e taxas sobre bens imóveis privados situados no território do 
Estado acreditado, a não ser que o agente diplomático os possua em nome 
do Estado acreditante e para os fins da missão; 
c) os direitos de sucessão percebidos pelo Estado acreditado, salvo o 
disposto no parágrafo 4 do artigo 39; 
d) os impostos e taxas sobre rendimentos privados que tenham a sua origem 
no Estado acreditado e os impostos sobre o capital referentes a 
investimentos em empresas comerciais no Estado acreditado. 
e) os impostos e taxas que incidem sobre a remuneração relativa a serviços 
específicos; 
f) os direitos de registro, de hipoteca, custas judiciais e imposto de selo 
relativos a bens imóveis, salvo o disposto no artigo 23. 
Art. 35 
O Estado acreditado deverá isentar os agentes diplomáticos de toda 
prestação pessoal, de todo serviço público, seja qual for a sua natureza, e de 
obrigações militares tais como requisições, contribuições e alojamento militar. 
 
 
 
23 
Art. 36 
1) De acordo com leis e regulamentos que adote, o Estado acreditado 
permitirá a entrada livre do pagamento de direitos aduaneiros, taxas e 
gravames conexos que não constituam despesas de armazenagem, 
transporte e outras relativas a serviços análogos: 
a) dos objetos destinados ao uso oficial da missão; 
b) dos objetos destinados ao uso pessoal do agente diplomático ou dos 
membros da sua família que com elevivam, incluídos os bens destinados 
à sua instalação. 
1) A bagagem pessoal do agente diplomático não está sujeita a inspeção, 
salvo se existirem motivos sérios para crer que a mesma contém objetos 
não previstos nas isenções mencionadas no parágrafo 1 deste artigo, ou 
objetos cuja importação ou exportação é proibida pela legislação do Estado 
acreditado, ou sujeitos aos seus regulamentos de quarentena. Nesse caso 
a inspeção só poderá ser feita em presença de agente diplomático ou de 
seu representante autorizado. 
Art. 37 
1) Os membros da família de um agente diplomático que com ele vivam 
gozarão dos privilégios e imunidade mencionados nos artigos 29 e 36, 
desde que não sejam nacionais do Estado acreditado. 
2) Os membros do pessoal administrativo e técnico da missão, assim como 
os membros de suas famílias que com eles vivam, desde que não sejam 
nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente, 
gozarão dos privilégios e imunidades mencionados nos artigos 29 a 35 com 
ressalva de que a imunidade de jurisdição civil e administrativa do Estado 
acreditado, mencionado no parágrafo 1 do artigo 31, não se estenderá aos 
atos por eles praticados fora do exército de suas funções; gozarão também 
dos privilégios mencionados no parágrafo 1 do artigo 36, no que respeita 
aos objetos importados para a primeira instalação. 
3) Os membros do pessoal de serviço da Missão, que não sejam nacionais 
do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente, gozarão de 
imunidades quanto aos atos praticados no exercício de suas funções, de 
isenção de impostos e taxas sobre os salários que perceberem pelos seus 
serviços e da isenção prevista no artigo 33. 
 
 
24 
4) Os criados particulares dos membros da Missão, que não sejam nacionais 
do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente, estão 
isentos de impostos e taxas sobre os salários que perceberem pelos seus 
serviços. Nos demais casos, só gozarão de privilégios e imunidades na 
medida reconhecida pelo referido Estado. Todavia, o Estado acreditado 
deverá exercer a sua jurisdição sobre tais pessoas de modo a não interferir 
demasiadamente como o desempenho das funções da Missão. 
Art. 38 
1) A não ser na medida em que o Estado acreditado conceda outros privilégios 
e imunidades, o agente diplomático que seja nacional do referido Estado 
ou nele tenha residência permanente gozará da imunidade de jurisdição e 
de inviolabilidade apenas quanto aos atos oficiais praticados no 
desempenho de suas funções. 
2) Os demais membros do pessoal da Missão e os criados particulares, que 
sejam nacionais do Estado acreditado ou nele tenham a sua residência 
permanente, gozarão apenas dos privilégios e imunidades que lhes forem 
reconhecidos pelo referido Estado. Todavia, o Estado acreditado deverá 
exercer a sua jurisdição sobre tais pessoas de maneira a não interferir 
demasiadamente como o desempenho das funções da Missão. 
Art. 39 
1) Toda a pessoa que tenha direito a privilégios e imunidades gozará dos 
mesmos a partir do momento em que entrar no território do Estado 
acreditado para assumir o seu posto ou, no caso de já se encontrar no 
referido território, desde que a sua nomeação tenha sido notificada ao 
Ministério das Relações Exteriores ou ao Ministério em que se tenha 
convindo. 
2) Quando terminarem as funções de uma pessoa que goze de privilégios e 
imunidades, esses privilégios e imunidades cessarão normalmente no 
momento em que essa pessoa deixar o país ou quando transcorrido um 
prazo razoável que lhe tenha sido concedido para tal fim mas perdurarão 
até esse momento mesmo em caso de conflito armado. Todavia a 
imunidade subsiste no que diz respeito aos atos praticados por tal pessoal 
no exercício de suas funções como Membro da Missão. 
 
 
25 
3) Em caso de falecimento de um membro da Missão os membros de sua 
família continuarão no gozo dos privilégios e imunidades a que têm direito 
até a expiração de um prazo razoável que lhes permita deixar o território 
do Estado acreditado. 
4) Em caso de falecimento de um membro da Missão, que não seja nacional 
do Estado acreditado nem nele tenha residência permanente, ou de 
membro de sua família que com ele viva, o Estado acreditado permitirá que 
os bens móveis do falecido sejam retirados do país com exceção dos que 
nele foram adquiridos e cuja exportação seja proibida no momento do 
falecimento. Não serão cobrados direitos de sucessão sobre os bens 
móveis cuja situação no Estado acreditado era devida unicamente à 
presença do falecimento no referido Estado, como membro da Missão ou 
como membro da família de um membro da Missão. 
Art. 40 
1) Se o agente diplomático atravessa o território ou se encontra no território 
de um terceiro Estado, que lhe concedeu visto no passaporte quando esse 
visto for exigido, a fim de assumir ou reassumir o seu posto ou regressar 
ao seu país, o terceiro Estado conceder-lhe-á inviolabilidade e todas as 
outras imunidades necessárias para lhe permitir o trânsito ou o regresso. 
Esta regra será igualmente aplicável aos membros da família: que gozem 
de privilégios e imunidades, que acompanhem o agente diplomático quer 
viagem separadamente. Para reunir-se a ele ou regressar ao seu país. 
2) Em circunstâncias análogas às previstas no parágrafo 1 deste artigo, os 
terceiros Estados não deverão dificultar a passagem através do seu 
território dos membros do pessoal administrado e técnico ou de serviço da 
Missão e dos membros de suas famílias. 
3) Os terceiros Estados concederão à correspondência e a outras 
comunicações oficiais em trânsito inclusive às mensagens em código ou 
cifra a mesma liberdade e proteção concedida pelo Estado acreditado. 
Concederão aos correios diplomáticos a quem um visto no passaporte 
tenha sido concedido quando êsse visto fôr exigido bem como às malas 
diplomáticas em trânsito a mesma inviolabilidade e proteção a que se acha 
obrigado o Estado acreditado. 
4) As obrigações dos terceiros Estados em virtude dos parágrafos 1, 2 e 3 
deste artigo serão aplicáveis também às pessoas mencionadas 
 
 
26 
respectivamente nesses parágrafos, bem como às comunicações oficiais e 
às malas diplomáticas quanto as mesmas se encontrem no território do 
terceiro Estado por motivo de força maior. 
Art. 41 
1) Sem prejuízo de seus privilégios e imunidade todas as pessoas que gozem 
desses privilégios e imunidades deverão respeitar as leis e os 
regulamentos do Estado acreditado. Têm também o dever de não se 
imiscuir nos assuntos internos do referido Estado. 
2) Todos os assuntos oficiais que o Estado acreditante confiar à Missão para 
serem tratados com o Estado acreditado deverão sê-lo com o Ministério 
das Relações Exteriores ou por seu intermédio ou com outro Ministério em 
que se tenha convindo. 
3) Os locais da Missão não devem ser utilizados de maneira incompatível com 
as funções da Missão tais como são enunciadas na presente Convenção 
em outras normas de direito internacional geral ou em acordos especiais 
em vigor entre o Estado acreditado. 
Art. 42 
O agente diplomático não exercerá no Estado acreditado nenhuma 
atividade profissional ou comercial em proveito próprio. 
Art. 43 
As funções de agente diplomático terminarão, inter-alia: 
a) pela notificação do Estado acreditante ao Estado acreditado e que as 
funções do agente diplomático terminaram; 
b) pela notificação do Estado acreditado ao Estado acreditante de que, nos 
termos do parágrafo 2 do artigo 9, se recusa a reconhecer o agente 
diplomático como membro da Missão. 
Art. 44 
O Estado acreditado deverá, mesmo no caso de conflito armado, conceder 
facilidades para que as pessoas que gozem de privilégios e imunidades e não 
sejam nacionais do Estado acreditado, bem como os membros de suas famílias, 
seja qual for a sua nacionalidade, possam deixar o seu território o mais depressa 
possível. Especialmente, deverá colocarà sua disposição se necessário, os meios 
de transporte indispensáveis para tais pessoas e seus bens. 
 
 
27 
Art. 45 
Em caso de ruptura das relações diplomáticas entre dois Estados ou se 
uma Missão é retirada definitiva ou temporariamente: 
1) o Estado acreditado está obrigado a respeitar e a proteger, mesmo em caso 
de conflito armado, os locais da Missão bem como os seus bens e arquivos; 
2) o Estado acreditante poderá confiar a guarda dos locais da Missão bem 
como de seus bens e arquivos a um terceiro Estado aceitável para o Estado 
acreditado; 
3) o Estado acreditante poderá confiar a proteção de seus interesses e dos 
de seus nacionais a um terceiro Estado acreditado. 
Art. 46 
Com o consentimento prévio do Estado acreditado e a pedido de um 
terceiro Estado nele não representado, o Estado acreditante poderá assumir a 
proteção temporária dos interesses do terceiro Estado e de seus nacionais. 
Art. 47 
1) Na aplicação das disposições da presente Convenção, o Estado acreditado 
não fará nenhuma discriminação entre Estado. 
2) Todavia, não será considerada discriminação: 
a) o fato de o Estado acreditante aplicar restritivamente uma das disposições 
da presente Convenção, quando a mesma for aplicada de igual maneira à 
sua Missão no Estado acreditado; 
b) o fato de os Estados em virtude de costume ou convênio se concederem 
reciprocamente um tratamento mais favorável do que o questionado pelas 
disposições da presente Convenção. 
Art. 48 
A presente Convenção ficará aberta para assinatura de todos os Estados 
Membros das Nações Unidas de uma organização especializada bem como dos 
Estados Partes no Estatuto da Corte Internacional de Justiça e de qualquer outro 
Estado convidado pela Assembleia Geral das Nações Unidas a tornar-se Parte na 
Convenção, da maneira seguinte: até 31 de outubro de 1961, no Ministério Federal 
dos Negócios Estrangeiros da Áustria e, depois, até 13 de marco de 1962, na sede 
das Nações Unidas, em Nova York. 
 
 
 
28 
Art. 49 
A presente Convenção será ratificada, os instrumentos de ratificação serão 
depositados perante o Secretário-Geral das Nações Unidas. 
Art. 50 
A presente Convenção permanecerá aberta à adesão de todo o Estado 
pertencente a qualquer das quatro categorias mencionadas no artigo 48. Os 
instrumentos de adesão serão depositados perante o Secretário-Geral das 
Nações Unidas. 
Art. 51 
1) A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo dia que se seguir à 
data do depósito perante o Secretário-Geral das Nações Unidas do 
vigésimo-segundo instrumento de ratificação ou adesão. 
2) Para cada um dos Estados que ratificarem a Convenção ou a ela aderirem 
depois do depósito do vigésimo segundo instrumento de ratificação ou 
adesão, a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia após o depósito, 
por esse Estado, do instrumento de ratificação ou adesão. 
Art. 52 
O Secretário-Geral das Nações Unidas comunicará a todos os Estados 
pertencentes a qualquer das quatro categorias mencionadas no artigo 48: 
a) as assinaturas apostas à presente Convenção e o depósito dos 
instrumentos de ratificação ou adesão nos termos dos artigos 48, 49 e 50; 
b) a data em que a presente Convenção entrara em vigor, nos termos do 
artigo 51. 
Art. 53 
O original da presente Convenção, cujos textos em chinês, espanhol, 
francês, inglês e russo, fazem igualmente fé, será depositado perante o 
Secretário-Geral das Nações Unidas, que enviará cópias certificadas conforme a 
todos os Estados pertencentes a qualquer das quatro categorias mencionadas no 
artigo 48. 
Em fé do que, os plenipotenciários os assinados, devidamente autorizados 
pelos respectivos Governos assinaram a presente Convenção. Feito em Viena, 
aos dezoito dias do mês de abril de mil novecentos e sessenta e um. 
AULA 2 
DIREITO DIPLOMÁTICO 
E CONSULAR
Prof. Arthur Garcia 
2 
TEMA 1 – O ESTABELECIMENTO E AS MODALIDADES DAS RELAÇÕES 
DIPLOMÁTICAS PERMANENTES ENTRE OS ESTADOS 
A Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas de 1961 
estabelece em seu art. 3°, entre outras coisas, as funções das missões 
diplomáticas. 
Essas funções consistem em representar o Estado acreditante perante o 
Estado receptor, proteger os interesses do país e dos seus nacionais no Estado 
acreditador; negociar com o Estado acreditador; inteirar-se por todos os meios 
lícitos das condições existentes e da evolução dos acontecimentos no Estado 
acreditador; promover relações amistosas e desenvolver as relações econômicas, 
culturais e científicas entre o País e o Estado acreditador. 
Todavia, antes de estudarmos especificamente essas funções, é 
necessário ter alguns conceitos básicos em mente. 
1.1 O conceito de missão diplomática 
A expressão missão diplomática pode ser utilizada com vários significados, 
dependendo da situação, e todos são juridicamente válidos, segundo a doutrina. 
Alguns são ligados à pessoa física do agente diplomático, já em outros 
conceitos se referem ao órgão diplomático no qual o agente diplomático é 
preposto. 
Inicialmente, o termo missão diplomática é empregado como indicação das 
várias e complexas incumbências que o Estado acreditante concede ao seu 
agente diplomático, que é exercida junto ao Estado no qual o agente encontra-se 
acreditado, indicando o período de tempo no qual o agente diplomático 
permanece nesse Estado. 
Em outra visão, a expressão missão diplomática pode indicar um conjunto 
orgânico de pessoas preposto à função diplomática dentro de um Estado 
estrangeiro. Esses indivíduos são compostos pelos membros do pessoal da 
missão diplomática, ou seja, os membros do pessoal administrativo, técnico e do 
pessoal que está a serviço desta missão diplomática. 
Há o conjunto de missões diplomáticas que, em um determinado momento 
estão acreditadas em uma capital, formando o Corpo Diplomático. 
Já em uma terceira abordagem, a missão diplomática nada mais é que o 
órgão administrativo formado por uma instituição de caráter permanente, que fica 
 
 
3 
estabelecida no Estado estrangeiro, em que há a contribuição de várias pessoas 
para sua composição. 
Importante mencionar que esse órgão administrativo tem como objetivo 
assegurar e manter as boas relações entre os Estados, bem como tem a função 
de proteger os direitos e interesses do respectivo país. Isso porque, na instituição 
diplomática contemporânea, a mais importante modificação foi a constatação que 
a ação diplomática passou da pessoa do Chefe da Missão para a Missão 
Diplomática em si. 
No anteprojeto sobre as relações diplomáticas do ano de 1957, elaborado 
pela Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas, os trabalhos se 
orientaram no sentido de dar à missão diplomática a verdadeira importância que 
era concedida à pessoa do agente diplomático. 
Com efeito, a Convenção de Viena de 1961 sobre Relações Diplomáticas 
leva em consideração o pressuposto acima mencionado, tanto é que definiu a 
missão diplomática como uma entidade distinta, mesmo que para alguns, não o 
suficiente. 
1.2 Como se dá a criação de uma missão diplomática 
Tradicionalmente e essencialmente, o instrumento para o desenvolvimento 
e uma vida de relações, e sobretudo a manutenção da paz e segurança 
internacional entre os membros de uma sociedade internacional, é representado 
pelo estabelecimento de relações internacionais, que se dá por meio do envio de 
missões diplomáticas entre um Estado e outro. 
O doutrinador italiano Giuliano (1983) aduz que, entre outras atribuições, o 
Estado tem por obrigação excluir cada exercício da sua autoridade sobre o 
território de outro Estado, e, consequentemente, este Estado é titular da pretensão 
jurídica (direito subjetivo) correspondente. 
Tal obrigação é caracterizada por uma qualificação: a penetração e a ação 
autorizada de agentes diplomáticos de um Estado no território de outro Estado. 
Desse modo, sempre que uma permanência de um agente diplomático de 
um Estadoem outro for autorizada, o soberano territorial não pode colocar 
nenhum obstáculo para que o agente diplomático exerça sua missão diplomática. 
Neste sentido, é claro o art. 2° da Convenção de Viena de 1961 sobre 
relações diplomáticas ao afirmar que “o estabelecimento de relação diplomáticas 
 
 
4 
e o envio de missões diplomáticas permanentes se efetuam por consentimento 
mútuo” (1961). 
Por esse motivo é que a criação de uma missão diplomática advém de um 
acordo entre o Estado que envia e o Estado que recebe tal missão. 
Uma análise dos pressupostos jurídicos necessários para a criação das 
missões diplomáticas é de extrema importância, pois alguns são pacificados pela 
doutrina, como, por exemplo, a personalidade jurídica internacional, 
reconhecimento, acordo dos Estados, entre outros; porém, alguns pontos são 
extremamente controvertidos entre os doutrinadores da diplomacia, como, por 
exemplo, o direito de legação. 
Assim, analisaremos no próximo tópico as contradições e pacificações 
doutrinárias a respeito destes pressupostos jurídicos. 
TEMA 2 – OS PRESSUPOSTOS JURÍDICOS NA INSTITUIÇÃO DE UMA MISSÃO 
DIPLOMÁTICA PERMANENTE 
Como analisamos anteriormente as missões diplomáticas são 
conceituadas como a indicação de várias e complexas incumbências que um 
Estado soberano concede ao seu agente diplomático, que irá aplicá-los em um 
outro Estado soberano, conhecidos respectivamente como Estado acreditado e 
Estado acreditante. 
Todavia, as missões diplomáticas passam por um processo de criação, e 
neste são analisados alguns pressupostos jurídicos de validade, que veremos 
abaixo. 
2.1 Personalidade jurídica Internacional 
Seja interno ou internacional, um sistema jurídico tem como característica 
a existência de um conjunto de normas, e consequentemente, os destinatários 
dessas normas são considerados como sujeitos de direito. Dessa forma, uma 
norma jurídica atribui direitos e deveres aos entes aos quais se destina. Assim, 
ser um sujeito de direito é ter normas atribuídas, adquirindo com isso direitos e 
deveres. 
A missão diplomática somente poderá ser criada entre sujeitos de direito 
internacional, pois nas relações diplomáticas há o atributo de um sujeito de direito 
internacional. 
 
 
5 
Mas quem são esses sujeitos de direito internacional? Conforme observa 
Nascimento e Silva (1978), no art. 2° da Convenção de Viena de 1961, sem 
maiores detalhes, citam-se apenas os “Estados”. Portanto, a questão sobre a 
determinação dos Estados com direito de estabelecer relações diplomáticas foi 
debatida na Comissão de Direito Internacional. 
Muito se debateu que determinadas entidades, como às vezes os 
chamados protetorados, Estados membros de uma federação, não tinham o 
direito de instituir missões diplomáticas, conforme suas constituições, e seria 
errado permitir que tais Estados firmem, simplesmente por mútuo consentimento, 
relações diplomáticas com outros Estados. 
A determinação de quais Estados poderiam estabelecer relações 
diplomáticas sempre foi objeto de controvérsias dentro da doutrina e da prática 
diplomáticas; todavia, uma expressiva parte da doutrina saliente que apenas a 
referências “Estados” na Carta das Nações Unidas é a melhor orientação, mesmo 
que breve, sendo necessária para que seja analisado os diferentes tipos de 
sujeitos que têm o direito de estabelecer as relações diplomáticas entre si. 
2.2 Os Estados 
Primeiramente é necessário mencionar que todo Estado, soberano ou 
independente, possui o direito de estabelecer relações diplomáticas, bem como o 
de trocar missões diplomáticas com os demais sujeitos da comunidade 
internacional. Esses Estados, compreendidos aqui como uma população que 
reside de forma estável em um território determinado e está sujeita ao mesmo 
sistema político, é sem sombra de dúvidas o natural e primeiro titular da qualidade 
de sujeito diplomático. 
Fato é que os Estados possuem vários órgãos que tratam das relações 
internacionais que o direito diplomático engloba, mas nem todos os Estados são 
titulares das qualidades jurídicas exigidas pela diplomacia. Existem alguns, com 
raríssimas exceções, que se encontram em um status incompatível com o direito 
de exercício de suas capacidades jurídicas. Claros exemplos disso, que 
ocorreram no passado, são os países vassalos que viviam sob uma tutela e 
mandato de tipo “A”, os protetorados, os Estados tributários em administração 
fiduciária etc., pois não eram soberanos ou não eram independentes. 
Assim, nem sempre os Estados possuem a qualidade jurídica de modo 
pleno, em decorrência de situações de caráter excepcional ou temporário, para 
 
 
6 
exemplificar essa afirmação. Pensemos na condição do Estado sujeito a 
ocupação bélica (occupatio bellica) por parte de outro Estado. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha ocupou belicamente o 
território de alguns governos, tais como o da Polônia (atacada em setembro de 
1939), a Dinamarca (abril de 1940), a Noruega (abril de 1940), a Bélgica (maio de 
1940), a Holanda (maio de 1940), a França (maio de 1940), a Iugoslávia (abril de 
1941), a Grécia (abril de 1941) e Luxemburgo (maio de 1940). 
Tais governos foram obrigados, em virtude do conflito bélico, a deixar o 
próprio país e se instarem na Grã-Bretanha, passando a serem tratados como 
governos em exílio. Todavia, a Grã-Bretanha acredita grande parte da doutrina, 
que por motivações políticas e de modo muito gracioso, os equiparou aos outros 
Estados concedendo a estes governos em exílio privilégios e imunidades 
diplomáticas. 
Assim o desaparecimento de um Estado implica, automaticamente, no fim 
de suas capacidades jurídicas diplomáticas, e sem ela não é possível estabelecer 
relações diplomáticas. 
2.3 As confederações de Estados 
A finalidades das confederações é a defesa comum, são uniões 
internacionais entre os Estados, aglomerados em assembleias, com amplos 
poderes no que tange a política externa e a representatividade de todos os demais 
membros, em que cada Estado continua sendo titular das qualidades de sujeito 
de direito diplomático, assim conservando o direito de representação própria – 
tanto os Estados membros quantos os demais Estados. 
Entretanto, é importante mencionar que um órgão da federação pode ter a 
mesma capacidade diplomática dos Estados. 
 
 
 
7 
2.4 As federações 
São compostas pela união perpétua nos quais os integrantes transferem o 
exercício da soberania externa para um organismo central, porém mantendo a 
autonomia relativa. 
Importante mencionar que a situação jurídica dos Estados membros de 
uma federação, embora o ordenamento constitucional conceda a eles um alto 
grau de autonomia no âmbito legislativo, administrativo e judiciário, não dá a eles 
titularidade de personalidade jurídica diplomática, pois tais entes são os Estados, 
Regiões, Cantões etc. 
Portanto um Estado Federal é o único sujeito de direito internacional idôneo 
capaz de estabelecer e conduzir as relações internacionais. 
TEMA 3 – O RECONHECIMENTO DE UM ESTADO 
3.1 Reconhecimento de um novo Estado ou um novo governo 
O reconhecimento do Estado é um dos pressupostos de existência de uma 
missão diplomática, e é por meio desse ato, que é unilateral e discricionário, que 
um Estado admite a existência de outro, permitindo como consequência a 
manifestação do desejo de realizar as missões diplomáticas. 
Em direito internacional existem várias teorias sobre o reconhecimento de 
Estados, entre as quais o efeito atributivo/constitutivo e a do efeito declarativo. 
A teoria do efeito atributivo declara que um Estado apenas passa a existir 
para os demais Estados, como uma pessoa internacional, depois de ter sido 
reconhecido. Já no que tange a teoria do efeito declarativo, que é a teoria 
reconhecida pela doutrina majoritária, o reconhecimento é o “ato livre pelo qual 
um ou mais Estados reconhecem a existência, em um território determinado, deuma sociedade humana politicamente organizada, independentemente de 
qualquer outro Estado existente e capaz de observar as prescrições do Direito 
Internacional” (Nascimento e Silva; Accioly, 2012). 
O reconhecimento de um novo Estado ou um novo governo pode resultar 
na retirada de uma missão diplomática acreditada em outro Estado ou governo. 
Esse resultado é obrigatório quando um Estado realiza o reconhecimento de um 
governo revolucionário que luta contra um governo legítimo, ocorrido, por 
exemplo, durante a Guerra Espanhola (1936 a 1939), na qual diversos Estados 
 
 
8 
reconheceram o governo do General Franco e retiraram as missões diplomáticas 
acreditadas no governo republicano em Madrid. 
Importante mencionar que a retirada das missões diplomática não é algo 
que ocorre automaticamente, uma vez que cabe ao Estado legítimo analisar a 
julgar o reconhecimento do Estado beligerante, analisando se tal reconhecimento 
é constituído por um ato não amigável que resulte e justifique o rompimento das 
relações diplomáticas. 
A retirada então de uma missão diplomática nem sempre significa a retirada 
do reconhecimento, da mesma forma que o reconhecimento de um novo Estado 
ou um novo governo não resulta no estabelecimento de uma missão diplomática: 
tais atos são analisados caso a caso. 
3.2 Consentimento mútuo 
O envio de missões diplomáticas permanentes entre os Estados como 
objetivo de estabelecimento das relações diplomáticas é rigorosamente 
subordinado ao chamado mútuo consentimento. Aqui, significa dizer que o 
Estado, uma vez formado, adquire a capacidade de concluir acordo internacionais 
em geral, e como consequência, acordos de estabelecimentos de relações 
diplomáticas em particular (jus contrahendi). Assim, nenhum Estado é obrigado a 
estabelecer relações diplomáticas contra a própria vontade, efetivando então o 
mútuo consentimento. 
A não obrigatoriedade de firmar acordos internacionais é clara, todavia, 
mesmo que não sejam os Estados obrigados a tal, são necessárias negociações 
sobre determinadas questões. Dessa forma, a missão diplomática permanente se 
torna o principal instrumento dos relacionamentos entre os Estados, ao menos no 
que diz respeito à manutenção da paz e da segurança internacional. 
A necessidade e a não obrigatoriedade do estabelecimento de relações 
diplomáticas consiste em como um Estado, membro da Comunidade Internacional 
e que pertencesse, como ocorre com quase todos os Estados, às Nações Unidas, 
agiria de maneira muito estranha se se recusasse a iniciar relações diplomáticas 
com outro Estado, ressalvados os casos excepcionais e temporários como o de 
não reconhecimento. 
Dessa forma, a não obrigatoriedade do estabelecimento das relações 
diplomáticas é finalmente reconhecida pela Convenção de Viena de 1961 sobre 
Relações Diplomáticas, cujo art. 2º determina que “o estabelecimento de relações 
 
 
9 
diplomáticas e o envio de Missões Diplomáticas permanentes se efetuam por 
consentimento mútuo” (1961). 
TEMA 4 – OS DIFERENTES TIPOS DE MISSÃO DIPLOMÁTICAS 
As relações diplomáticas entre os Estados não se concretizam apenas por 
meio do consentimento mútuo, mas também por meio da instituição de um órgão 
idôneo, ou seja, a missão diplomática permanente. 
No ponto de vista jurídico, as referidas missões ou representações 
diplomáticas, que são criadas convencionalmente entre os Estados, podem 
possuir várias denominações, as quais veremos agora. 
4.1 As embaixadas 
As embaixadas são as missões diplomáticas permanentes com o maior 
grau de importância dentro do direito diplomático, pois são dotadas da classe mais 
elevada. O titular de uma embaixada, o chefe da missão, é um embaixador. 
O embaixador é um agente diplomático que pertence à primeira classe, 
conforme nos traz o Regulamento de Viena de 1815. As embaixadas, até o final 
do século XX, eram instituídas apenas entre as grandes potências, conforme o 
diferente peso político, militar e econômico que representavam dentro da 
comunidade internacional. 
Após a Segunda Guerra Mundial houve um crescente número de 
embaixadas criadas em virtude de vários fatores, entre eles se destaca a 
intensificação das relações entre os países, que se uniram pela resistência 
comum contra a Alemanha nazista, e também em virtude da multiplicação do 
número de novos Estados, consequência do processo de descolonização, que 
tinham como objetivo único a paridade ou igualdade jurídica relativa aos Estados 
de antiga formação. 
4.2 As nunciaturas 
Primeiramente é necessário entender que a nunciatura consiste em um 
órgão diplomático permanente crido pela Santa Sé em outros sujeitos de direito 
internacional que objetivavam a manutenção das relações internacionais. 
Da mesma forma que as embaixadas possuem o embaixador como chefe, 
as nunciaturas possuem a pessoa do núncio, que, de acordo com o Regulamento 
 
 
10 
de Viena de 1961, também faz parte da primeira categoria de agentes 
diplomáticos. 
Conforme consta no art. 14 da Convenção de Viena de 1961, a nunciatura 
pode ter como titular tanto o núncio quanto o pró-núncio, sendo este último uma 
criação recente, datada de 1965. A Santa Sé se utiliza dessa figura diplomática 
em países onde a religião católica não é predominante. 
De forma geral, o núncio é um arcebispo, e de acordo com o Direito 
Canônico, algumas nunciaturas são conhecidas como “apostólicas cardinalícias” 
pois ao final da missão seu titular é elevado à dignidade cardinalícia. 
Em sua atividade, se comparada às demais missões diplomáticas, a 
nunciatura tem, além da representação da Santa Sé em outros Estados, a 
prerrogativa de realizar o próprio poder jurisdicional sobre a hierarquia eclesiástica 
do local, devido ao primado do Romano Pontífice. 
4.3 Os altos comissariados 
Consiste em uma missão diplomática de um Estado em outro, ambos 
conectados por vínculos especiais, como é o caso do Commonwealth britânico ou 
na Comunidade Francesa. 
O titular desta missão é o chamado alto comissário (high commissioner), 
sendo este um agente diplomático de primeira categoria, pois nas relações onde 
era típico haver um país colonizador e suas colônias, o alto comissário representa 
a figura do governador. Por exemplo, na Commonwealth os Estados membros são 
representados em Londres pelo alto comissário e, reciprocamente, há na colônia 
um agente da mesma categoria representando o Reino Unido. 
Importante não confundir a figura do embaixador e a do alto comissário, já 
que o segundo não apresenta credenciais, pois o Estado que envia e os que 
recebem têm o mesmo chefe de Estado. No exemplo da Commonwealth, o chefe 
de Estado do Reino Unido é o mesmo que o chefe da Commonwealth. 
4.4 As legações 
As legações são missões diplomáticas permanentes que, mesmo 
desenvolvendo as mesmas funções de uma embaixada, são dirigidas por um 
ministro ou um ministro residente, sendo que era classificada como de segunda 
classe. 
 
 
11 
Consoante a igualdade entre os Estados, instituída após a Segunda 
Grande Guerra, e também em consequência da descolonização, as legações 
foram transformadas, paulatinamente em embaixadas, alcançando então a 
primeira classe. 
4.5 As internunciaturas 
Essa missão foi extinta em meados de 1970, transformadas em 
nunciaturas, que tinham a mesma classe das legações. O titular desse posto era 
o chamado internúncio, e pertencia à segunda categoria que representava a Santa 
Sé nos Estados que não possuíam Nunciaturas. 
TEMA 5 – OS LOCAIS DAS MISSÕES DIPLOMÁTICAS E SUA ESTRUTURA 
Uma das questões mais debatidas pela doutrina diplomática é a 
localização, propriedade e dimensão das missões diplomáticas permanentes, o 
que evidenciou a necessidade de uma regulamentação a respeito. 
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, discussões sobre a obtenção de 
locais para a sede das missões ou para a residência dos agentes diplomáticos 
exerceu pressão na adoção, pela Convençãode Viena de 1961, dessas 
regulamentações. 
Desse modo, a Convenção de Viena menciona em várias oportunidades a 
missão diplomática, como por exemplo, no art. 1°, alínea i, consta que “os 
edifícios, ou parte dos edifícios, e terrenos anexos, seja qual for o proprietário, 
utilizadas para a finalidade da missão, inclusive a residência do Chefe da missão” 
(1961). 
Importante mencionar aqui que, em se tratando de edifício, a expressão 
abrange também o respectivo terreno e acréscimos, inclusive o jardim e o 
estacionamento de automóveis. 
Há também a figura da residência do chefe da missão, que consiste na 
habitação pessoal do chefe da missão e da própria família; abrange também o 
apartamento reservado aos hóspedes de honra; e pelo complexo dos locais (salas 
de representações) destinados às várias manifestações da função representativa 
da missão diplomática, considerada em um dos seus aspectos mais 
característicos. 
 
 
12 
Na residência do chefe da missão é possível que seja hasteada a bandeira, 
pregado o escudo com suas respectivas armas, direito este trazido também pela 
Convenção de Viena de 1961 em seu art. 20, tendo por objetivo a salvaguarda e 
da integridade das mesmas nos momentos de agitação ou manifestações 
populares. 
A sede da missão e os escritórios, normalmente, localizam-se na capital do 
Estado acreditado, mas não faltam exemplos de missões instaladas fora da 
capital, sendo que para isso é necessária a autorização do Estado acreditado (art. 
12 da Convenção de Viena de 1961). 
5.1 Estrutura das missões diplomáticas permanentes 
A missão diplomática permanente, como órgão das relações externas de 
um Estado, é composta por uma pluralidade de seções que correspondem à 
especialização dos indivíduos que a compõem, as quais veremos a seguir. 
5.1.1 A chancelaria 
Consiste no órgão central e principal da missão, onde é concentrado o 
trabalho burocrático das demais seções. Aqui são conservados os arquivos 
gerais, confidenciais, ostensivos, bem como os materiais criptografas, bibliotecas, 
registros, selos, material de expediente oficial, atos relativos aos nacionais do 
Estado acreditante, tais como os atos de estado civil, passaportes etc. 
O administrador direto dessa seção é o chamado conselheiro, seguido 
hierarquicamente das figuras do primeiro secretário, segundo secretário e terceiro 
secretário. 
5.1.2 O setor econômico-comercial 
Esse setor tem como principal função o desenvolvimento das relações 
comerciais entre Estado acreditante e acreditado, ou seja, o conhecimento da 
situação econômica do país acreditado, o estudo das exigências, dos recursos e 
das efetivas possibilidades do mercado no que diz respeito à importação e à 
exportação, à análise da política dos direitos aduaneiros e alfandegários etc. 
O titular do setor econômico-comercial é o adido comercial, cuja 
preocupação principal é a coleta e a análise de informações em determinadas 
 
 
13 
matérias. O adido comercial ainda prepara e negocia os tratados de comércio, 
além de vigiar sua efetiva aplicação. 
5.1.3 O setor militar 
O setor militar pode compreender também o setor naval e do ar, 
dependendo da importância da missão diplomática na qual o setor militar está 
inserido. 
Esse setor é gerenciado pelo adido militar de proveniência dos quadros do 
exército do Estado acreditante, muito embora tenha contato com o próprio ministro 
da Defesa, e de possuir um grau superior ao do chefe da missão, o adido militar 
continua submetido hierarquicamente às instruções deste último. 
As funções dos adidos militares podem ser divididas da seguinte forma: 
observação e coleta de informações, por meio lícito, sobre a situação local em 
matéria de instituições militares e dos armamentos do Estado acreditado; busca 
contínua por colaboração com as autoridades militares locais em matéria de troca 
de informações, fornecimento de material bélico e de treinamento especializado; 
representação do Estado acreditante nas cerimônias oficiais do Estado acreditado 
por meio da participação em festas nacionais, recepções, paradas, manifestações 
etc. 
5.1.4 O setor cultural 
Por meio do setor cultural, a missão proporcionalizara um ambiente 
propício para a difusão da cultura nacional. Este setor é chefiado pelo adido 
cultural, cujas funções principais são o preparo de acordos culturais entre o Estado 
acreditado e acreditante, autorizar bolsas de estudo, organização de sistemas de 
intercâmbio de estudantes dos países interessados e organizar conferências 
literárias e científicas e de exposições artísticas, bem como a criação de escolas 
para difundir o ensinamento do idioma nacional. 
5.1.5 O setor de imprensa 
Este é o setor responsável, por meio do adido de imprensa, pela análise 
das notícias reportadas na imprensa local com ênfase naquelas sobre o próprio 
Estado, pela redação de um boletim de uso interno da missão sobre a situação 
política, militar, econômica do Estado acreditado, e é também o centro de relação 
 
 
14 
e de informações para a imprensa local sobre o Estado acreditante. Realiza a 
redação de um boletim de uso externo à missão, para informar e esclarecer 
determinas notícias a respeito do Estado acreditante. 
5.1.6 A chancelaria consular 
Por fim, esse é o setor responsável por responder a uma exigência prática 
e econômica da missão, prevista no art. 3°, parágrafo 2°, da Convenção de Viena 
de 1961, e foi criado para suprir a falta de um consulado na capital onde a missão 
se encontra acreditada. 
A chancelaria consular tem como titular um agente diplomático da missão, 
que, mesmo desempenhado funções tipicamente de um cônsul, continua gozando 
dos mesmos privilégios e imunidades diplomáticas. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
NASCIMENTO E SILVA, G. E. do. A Convenção de Viena sobre relações 
diplomáticas. Brasília: IBGE, 1978. 
NASCIMENTO E SILVA, G. E. do; ACCIOLY, H. Manual de direito 
internacional público. São Paulo: Saraiva, 2002. 
AULA 3 
DIREITO DIPLOMÁTICO 
E CONSULAR 
Prof. Arthur Augusto Garcia 
2 
TEMA 1 – PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES DAS RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS 
Para que haja um bom funcionamento e execução das missões 
diplomáticas, são concedidos certos privilégios e certas imunidades aos membros 
dessas missões, que têm como função subtrair determinadas pessoas da 
autoridade e da competência judiciária do Estado acreditado, assunto este que 
trataremos de forma aprofundadas nos tópicos que se seguem. 
1.1 Fundamentos jurídicos das imunidades diplomáticas 
Sem que o Estado acreditado garantisse a liberdade, o decoro e, 
sobretudo, a independência, não seria possível à segurança da missão 
diplomática a execução de suas funções pelos membros que compõem aquele 
complexo diplomático. 
As imunidades baseiam-se no direito internacional e têm a finalidade de 
destituir certas competências judiciarias do Estado acreditado sobre membros 
permanentes de uma missão diplomática que vivem em seu território. 
Uma parte da doutrina considera como sinônimas as expressões 
imunidades e privilégios no que tange às missões diplomáticas, contudo outra 
parte da doutrina as considera expressões distintas. 
Sob o ponto de vista jurídico de Pellet e Daillet (2002, citado por Sicari, 
2007, p. 124), existe distinção entre as expressões, vejamos: 
Somente as imunidades, por exemplo as imunidades jurisdicionais, se 
baseariam diretamente no direito internacional; somente elas, 
constituiriam ataques a soberania dos Estado acreditado e se imporiam 
como tal a eles. Ao contrário, os privilégios dependeriam exclusivamente 
do direito interno do Estado acreditado que teria plena competência para 
“autorizá-los” ao Estado acreditante. Conforme Fauchille, os privilégios 
variam “segundo o prazer dos diferentes Estados, uns os acordam mais 
largamente, os outros mais estritamente. Outros autores, como 
Verdross, recusam cada distinção; eles sustentam que privilégios e 
imunidades são termos

Continue navegando