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APLICABILIDADE DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABANDONO AFETIVO INVERSO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNORTE CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
ANNY KAROLLINE VASCONCELOS FERNANDES DE MEDEIROS DANIELA FERREIRA SILVA
CRISTIANO BARBOSA
APLICABILIDADE DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABANDONO AFETIVO INVERSO
MONTES CLAROS – MG 2022
ANNY KAROLLINE VASCONCELOS FERNANDES DE MEDEIROS DANIELA FERREIRA SILVA
CRISTIANO BARBOSA
APLICABILIDADE DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABANDONO AFETIVO INVERSO
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Curso de graduação em Direito do Centro Universitário FUNORTE como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito
Orientador: Ms. Cristiano Barbosa. cristiano.barbosa@soufunorte.com.br anny.medeiros@soufunorte.com.br daniela.ferreira@soufunorte.com.br.
MONTES CLAROS – MG 2022
RESUMO
Introdução: a responsabilidade civil é um instituto jurídico que evoluiu ao longo dos séculos até que fosse recepcionado no contexto do direito brasileiro no código civil, em que é indicado que aquele que gera dano a alguém tem o dever de reparação. Primeiramente essa responsabilização civil se dava muito no contexto do dano material, porém na discussão doutrinária passou-se a entender também que é possível uma responsabilização quando envolve dano moral. Somado a isso se deve salientar que a responsabilização civil não era tratada no contexto das relações familiares. Partindo dessa percepção e considerando a existência do abandono afetivo inverso, que é o fato dos filhos abandonarem os pais idosos na velhice quando estes dependem dos cuidados dos mesmos, criou-se então, a ideia de possibilidade de responsabilização civil dos filhos pelo abandono afetivo inverso. Assim como também se tem a discussão doutrinária sobre a possibilidade de aplicação de indenização em razão do abandono afetivo inverso. Em face do exposto foi estabelecido como seguinte problema de pesquisa: existe ou não possibilidade de responsabilização civil por abandono afetivo inverso e qual seria a finalidade e o parâmetro aplicado quando há indenização decorrente desse desprezo afetivo? Objetivo: analisar a responsabilidade civil por abandono afetivo inverso, e o dever, parâmetro e finalidade da indenização aplicada ao que abandona. Metodologia: o trabalho fará uso das pesquisas exploratórias como forma de obter maior familiaridade com o tema, estabelecer problema e objetivos. Também fará uso da pesquisa descritivo relativo às visões doutrinárias, normativas a partir das visões de julgados de tribunais superiores, consecutivamente, dados documentais e bibliográficos o que se complementará com a efetivação da pesquisa de campo como forma de entender a percepção de familiares sobre a responsabilização civil em caso de abandono afetivo, já que não há impedimentos metodológicos para usos das pesquisas indicadas de modo conjunto.
Palavras-chave: Responsabilidade Civil. Relação Familiar. Abandono Afetivo Inverso. Indenização. Punir.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	5
Objetivos	9
Objetivo geral	9
Objetivos específicos	9
Justificativa	9
METODOLOGIA PROPOSTA	13
Caracterização do estudo…	13
Cenário/População/Amostra	14
Instrumentos	14
Procedimentos	14
Tratamento de dados/Apresentação de Resultados	16
Cuidados éticos	16
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO	18
ORÇAMENTO	19
REFERÊNCIAS	20
ANEXO…	22
APÊNDICE - Questionário semi-estruturado para pesquisa de campo	26
1 INTRODUÇÃO
A responsabilidade civil é um instituto jurídico, aplicado quando ocorre um dano material ou moral para alguém provocado por outrem, seja por imprudência, negligência ou imperícia. Nesse contexto, ao serem consideradas as relações sociais, incluindo às familiares, como nos casos de abandono afetivo direto ou inverso, surgem questionamentos sobre o dever de reparação, o parâmetro indenizatório utilizado e a finalidade da indenização. Contudo, há discussões sobre a real finalidade da aplicação de responsabilização civil frente a abandonos afetivos.
No intento de discutir a percepção mencionada convém que seja apresentado os aspectos conceituais. A palavra responsabilidade origina-se do latim, spondeo, que na época do direito romano se referia ao devedor dos contratos (GONÇALVES, 2013). Além disso, tem-se que,
A responsabilidade exprime ideia de restauração de equilíbrio, de contraprestação, de reparação de dano. Sendo múltiplas as atividades humanas, inúmeras são também as espécies de responsabilidade, que abrangem todos os ramos de direito e extravasam os limites da vida jurídica, para se ligar a todos os domínios da vida social. Coloca-se, assim, o responsável na situação de quem, por ter violado determinada norma, vê-se exposto às consequências não desejadas decorrentes de sua conduta danosa, podendo ser compelido a restaurar o statu quo ante. (GONÇALVES, 2013, p. 19).
Partindo dessa ideia inicial, percebe-se que a responsabilidade civil evolui a partir do direito romano em que havia uma penalidade física para aquele que gerava o dano, passando então a ser adotada a imposição de uma penalidade pecuniária para o que pratica tal ato. Já no contexto do direito Brasileiro, a responsabilidade civil foi introduzida no Código Civil de 2002, pregando que o ato de negligência, imprudência ou imperícia poderia gerar um dano a alguém e, consequentemente, um dever de indenização, conforme pode ser depreendido de Amorim Junior (2017) e Instituto Ítalo Ibero Brasileiro de Estudos Jurídicos (2018) e dos artigos 186 e 187 do dispositivo normativo indicado.
Diante da visão sintética apresentada, e considerando que a responsabilização civil, como já mencionado, se tratar de reparação por haver violação de um dever jurídico ter-se-ia que, havendo idosos na família, ela deve tomar todas as providências para fazer valer e cumprir a determinação constitucional contida no artigo 229, que se não efetivada criar-se-ia, a partir do confronto do artigo com as visões de Cavaliere Filho (2009),
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Amorim Junior (2017) e Instituto Ítalo Ibero Brasileiro de Estudos Jurídicos (2018), o dever de reparação de eventuais danos por negligência, imprudência, imperícia perante o idoso. Deve ser destacado que o abandono do mesmo poderia, também, ser visto como uma forma de negligência, ainda que no contexto afetivo, bem como na seara do direito penal no artigo 133 do Código Penal/1940, se tornando passível de penalização com pena de reclusão de 1 a 12 anos conforme a gravidade do resultado do abandono.
Ao serem consideradas regras aplicáveis aos idosos, poderia ser considerado que no aspecto material, entre os principais artigos que tratam do direito dos idosos, destacam-se os seguintes dispositivos:
Artigo 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1º. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2º. Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
Artigo 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Artigo 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
Artigo 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
Artigo 1.698. Se o parente que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demaisser chamadas a integrar a lide.
Artigo 1.699. Se, fixados os alimentos, sobreviver mudança na situação financeira de quem os supre, ou de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo (BRASIL, 2002).
De acordo com os artigos percebe-se o dever de prestar assistência material, o que coadunaria com o artigo 229 da Constituição Federal/1988. Porém, ao tratar de idosos e menores é sabido, segundo visão empirista e doutrinária que o dever vai para além do atendimento de necessidades materiais. É necessário também haver o cumprimento do dever dar atenção, cuidado afetivo, apesar de que não se pode obrigar e não se consegue impor aos indivíduos ter afeto ou passar a
amar alguém, ainda que este seja seus genitores.
Tem-se ainda o artigo 230 da Constituição Federal/1988, que reforça mais uma vez o dever da família em prestar suporte à pessoa idosa:
Artigo 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. § 1º - Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares. § 2º - Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. (BRASIL, 1988).
Paralelamente, as indicações dos artigos e visões doutrinárias apresentadas, importa destacar que a evolução da responsabilidade civil gerou ampliação na forma de interpretação de fatos passiveis de aplicação do instituto, levando-o a ser discutida na doutrina, podendo ser aplicada também para os casos de dano moral, que gerou uma ampliação da aplicabilidade desse instituto jurídico a outros fatos e não meramente aos que envolvem o aspecto material. Gonçalves (2013, p.19) destaca que o grande objetivo da responsabilidade é “restaurar o equilíbrio moral e patrimonial provocado pelo autor do dano”.
É perceptível que essa responsabilização civil apesar de estar mais ligada ao contexto material, existe também uma discussão se a mesma poderia ser aplicada nas relações familiares quando há ocorrência de abandono afetivo, já que se tem percebido empiricamente o fato de idosos serem abandonados tanto materialmente, quanto afetivamente pelos seus filhos, consecutivamente os idosos têm direitos violados, segundo Instituto Brasileiro de Direito de Família (2021), que informa ter ocorrido 36 mil casos de violação de direitos de idosos em 2021.
Tais violações, no contexto da responsabilização civil geraria o dever de reparação, e por isso, envolveriam danos de cunho moral, representados em certa medida, também, pelo abandono afetivo inverso. Nesse sentido, poderia ser considerada a visão de Lôbo (2013) na qual o mesmo destaca a relação que a responsabilidade civil tem dentro do direito das famílias decorrente da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
A responsabilidade na família é pluridimensional e não se esgota nas consequências dos atos do passado, de natureza negativa, que é o campo da responsabilidade civil. Mais importante e desafiadora é a responsabilidade pela promoção dos outros integrantes das relações familiares e pela realização de atos que assegurem as condições de vida digna nas atuais e futuras gerações, de natureza positiva. A família, mais
que qualquer outro organismo social, carrega consigo o compromisso com o futuro, por ser o mais importante espaço dinâmico de realização existencial da pessoa humana e de integração de gerações. (LÔBO, 2013, on-line)
Por tal fato, tem-se paralelamente ao aspecto de responsabilização civil, o fato de que no contexto de relações familiares é sabido que existe o chamado abandono afetivo. Comumente tem-se discutido por meio de doutrinas e normas o abandono afetivo direto em que os pais abandonam os filhos sem prestar-lhes as devidas assistências, tanto financeiras quanto emocionais e psicológicas. A discussão em relação aos idosos ainda tem tomado corpo e se ampliado em face do envelhecimento da população mundial, incluindo a brasileira que passa a demandar cuidados, atenção, amor e afeto por parte dos familiares.
É sabido que é considerado idoso aquele indivíduo que possui acima de 60 anos, assim como prevê o estatuto do idoso, contudo existe uma divergência normativa para a definição de quem realmente é idoso. Alguns institutos consideram acima de 70 anos, outros acima de 65 anos. Independente desse aspecto tem-se que tais indivíduos ao chegarem nessa fase da vida normalmente necessitam de assistência material e física, sendo imprescindível a presença de entes familiares a partir dos 60 anos. Assim, o art. 1º da Lei 10.741, apregoa que, “É instituído o Estatuto da Pessoa Idosa, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.” (BRASIL, 2003).
Porém, ocorre que em alguns casos os familiares abandonam os idosos a sua própria sorte, gerando ferimento a regras constitucionais que dispõe sobre o dever dos filhos adultos cuidarem dos pais idosos na velhice. Diante da indicação constitucional, quando os filhos deixam de prestar assistência, incluindo a emocional e não se fazem presentes ao lado desses idosos, configura o abandono afetivo inverso, contribuindo para agravar o estado de saúde ao gerar efeitos emocionais e psicológicos no idoso que tende a ser mais fragilizado, conforme poderia ser depreendido de Silva (2019).
O artigo 229 da Constituição Federal explicita que "os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade". Caso não haja o amparo necessário, cria-se a possibilidade de responsabilização e nesse sentido, é entendido por Dias (2011, p.34) que:
Houve a repersonalização das relações familiares na busca do atendimento aos interesses mais valiosos das pessoas humanas: afeto, solidariedade, lealdade, confiança, respeito e amor. Ao Estado, inclusive nas suas funções
legislativas e jurisdicionais, foi imposto o dever jurídico constitucional de implementar medidas necessárias e indispensáveis para a constituição e desenvolvimento das famílias.
Neste contexto, o que se discute atualmente também é a possibilidade de seremaplicados a aqueles filhos e demais parentes que abandonam os idosos afetivamente a regrada responsabilização civil com a aplicação de indenização decorrente do abandono afetivo. Porém, há quem discorde da responsabilização, especialmente em casos de idosos portadores de sérias comorbidades, como por exemplo, demência, uma vez que o valorindenizatório nem sempre seria utilizado em seu benefício, mas sim, desviado por aqueleque diz cuidar do idoso, ou seja, o curador-tutor.
Para tanto foi estabelecido como problema de pesquisa se existe ou não possibilidade de responsabilização civil por abandono afetivo inverso e qual seria a finalidade e o parâmetro aplicado quando há indenização decorrente dessa forma de abandono.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Analisar a responsabilização civil por abandono afetivo inverso e o dever, parâmetro e finalidade da indenização.
1.1.2 Objetivos específicos
· Apresentar os aspectos da responsabilidade civil segundo norma e doutrina;
· Discutir abandono afetivo inverso e as suas modalidades;
· 	Avaliar possibilidade de responsabilização por abandono afetivo inverso e o dever indenizatório;
· 	Analisar o parâmetro indenizatório e a finalidade da indenização, se aplicada;
· 	Confrontar a percepção dos entrevistados sobre abandono afetivo inverso com as indicações normativas e doutrinárias.
1.2 Justificativa
Considerando a temática que envolve responsabilidade civil e abandono afetivo inverso o tema se justifica no contexto jurídico porque a responsabilidade civil evoluiu do passado até cominar no tempo presente de modo a ter sido recepcionado no código civil, indicando que aquele que gera dano a alguém por ação ou omissão, negligência, imprudência ou imperícia tem o dever dereparação. Nesse contexto a discussão temática vai mostrar que a responsabilização e a reparação civil se dão num contexto material, mas, na discussão doutrinária e jurisprudencial poderia envolver outras formas de danos.
Ocorre também que a responsabilidade civil passou a ser utilizada para danos no contexto moral e em razão desse fato existem discussões se ela poderia ser aplicada às relações familiares. Em face desse aspecto é que o tema revela sua importância tanto no aspecto jurídico-normativo, quanto no viés social, já que o estudo pretende abordar dois institutos jurídicos: a responsabilidade civil e o abandono afetivo inverso, tentando conciliar a aplicação do primeiro ao segundo demonstrando a pertinência jurídica, cientificam e social da temática.
No contexto social e a partir de dados empíricos e estudos científicos sobre evolução do indivíduo em termos etários é sabido que a população mundial tende a envelhecer e que a quantidade de pessoas jovens que são responsáveis pelos cuidados desses idosos, talvez não tenham condições de assumi-los de modo amplo por tal fato. Importa salientar que no contexto social e jurídico a constituição indica que é dever dos filhos mais velhos (maiores) cuidar dos pais na velhice, entretanto é sabido que na pratica no cotidiano existem famílias que os idosos são abandonados não só materialmente mais também afetivamente, pois os filhos se afastam dos idosos e pode gerar uma serie de consequências para esse idoso como, por exemplo, piora do seu quadro de saúde física e mental, conforme pode ser depreendido de Nunes; Oliveira (2018).
Em razão desse aspecto, se houve um abandono afetivo dos filhos em relação aos pais, há o entendimento de que houve uma ação por parte do(s) filho(s) e essa ação se gerarem dano aos idosos, pela lógica jurídica da responsabilização civil contida no código civil geraria o direito do idoso exigir a reparação do dano, quando da possibilidade de aplicação da teoria do desamor na responsabilidade civil. Por tal fato, o desenvolvimento do estudo se justifica, pois, possibilitará a avaliação da relação: responsabilização civil e abandono afetivo inverso.
Ao ser efetivado o estudo, o mesmo contribuirá para demonstra a partir da
discussão jurídica, o fato de que a reparação nesse contexto enquadrar-se-ia muito provavelmente à figura do dano moral, e em razão desse aspecto também é que o tema se justifica, pois ele possibilitará a discussão se a indenização resolveria o abandono afetivo, o que culminaria na justificativa no viés social, pois, o resultado do estudo poderia ser disponibilizado para a sociedade interessada na temática ou até mesmo como forma de esclarecimento e instrução, bem como no viés cientifico, contribuir para uma discussão acadêmica sobre a temática.
Pelo exposto o desenvolvimento do estudo se mostra pertinente ante a sua característica atual e contextual, já que uma vez ocorrido o abandono afetivo, a ideia que se tem de punir aquele que abandona o idoso seria de reparar, de restaurar a relação afetiva. Contudo no contexto prático e psicológico é sabido que não se pode impor a alguém gostar de outrem ou ter afeto por outrem, ou ter carinho e respeito por outrem. Então nesse caso, o desenvolvimento do estudo no campo jurídico, cientifico, acadêmico e social poderia revelar que a imposição da responsabilização civil e a aplicação de uma pena indenizatória talvez não restabeleceria o afeto, seria apenas uma recompensa ou uma indenização pelo dano gerado, quanto ao afastamento e o prejuízo dado ao idoso em relação aos cuidados que este deveria ter e que não tem em razão da ausência da assistência dos filhos.
Por isso o tema se justifica, e se mostra atual já que a população está se envelhecendo e demandando maiores cuidados. Se os filhos não cuidam como que fica a situação desse idoso? A temática vem então mostrar e reforçar a sua pertinência social, jurídica e acadêmico científica, pois possibilitará como já dito a discussão dos institutos jurídicos de responsabilização civil aplicando-os nas relações familiares no dever de cuidado que os filhos e a família devem ter em relação ao idoso.
Academicamente o texto após a sua concretização poderá servir de consulta aos interessados na temática, revelando e esclarecendo que a relação familiar pode ser também objeto de ações, em seu aspecto jurídico discutirá a finalidade de uma reparação indenizatória, o parâmetro empregado para estabelecer o valor indenizatório e se ela realmente restabeleceria a relação afetiva, se esse seria apenas uma compensação pelo abandono afetivo, ou ainda uma punição a aquele que age abandonando os pais, ou seja, impor uma responsabilização a aqueles que têm o dever jurídico de efetivar cuidados e não o fazem.
Reforça a importância e pertinência do desenvolvimento do tema o fato de que os resultados da pesquisa de campo poderão mostrar no viés social, como os entrevistados entendem a responsabilidade civil por abandono afetivo e se já houve ou não algum acionamento judicial envolvendo o abandono afetivo inverso. O levantamento possibilitará confrontar a visão normativa, jurídica com a percepção social da temática proposta para o estudo. Por isso, sua pertinência e importância.
Sabe-se como dito que o afeto não é imposto, mas não se pode abandonar o idoso à sua própria sorte.
2 METODOLOGIA PROPOSTA
2.1 Caracterização do estudo
O presente projeto de pesquisa busca estabelecer uma relação entre responsabilidade civil, abandono afetivo inverso e o dever de indenização, pautado também na pesquisa de campo. Tal pesquisa se dará por meio de entrevistas semiestruturadas através de uma amostra não probabilística, de caráter qualitativo e realizado por acessibilidade. Ademais, associada a essa técnica, também serão utilizadas a pesquisa bibliográfica, exploratória, descritiva e pesquisa de diagnostico que versa dizer se existe a possibilidade de responsabilização civil dos filhos que abandonam afetivamente os pais, se há o dever de indenizar, qual será a finalidade da indenização, apontando se a mesma é ou não efetiva, bem como, levantar a percepção de entrevistados sobre o tema indicado.
Em conformidade com o objetivo geral, o método adotado é o hipotético dedutível, vez que foi criada a hipótese primária de que a reparação civil nos casos de abandono afetivo inverso é possível e que a eficiência ou efetividade da indenização não restaura a relação afetiva, sendo somente uma forma de compensação financeira/material da ausência afetiva em relação aos seus genitores idosos. Já a hipótese secundária supõe-se que os entrevistados desconhecem a responsabilização civil por abandono afetivo e que há praticas de abandono inverso cometidos ou pelos próprios entrevistados ou membros da família.
No que diz respeito a pesquisa bibliográfica, será realizado um levantamento de dados utilizando textos materiais que versa sobre a temática responsabilidade civil e abandono afetivo inverso e a conjugação dos dois assuntos na mesma situação, para isso serão levantadas a visão de doutrinadores, normas, julgados e outros aspectos pertinentes na análise a ser efetuada.
Paralelamente a essa pesquisa bibliográfica, será utilizada uma pesquisa exploratória, estabelecendo uma maior compreensão e associação das ideias relativas as duas temáticas, de modo a permitir a construção do problema de pesquisa a ser respondido, bem como a definição dos objetivos.
Tratando-se da pesquisa descritiva, método este que foi adotado por possibilitar a abordagem baseando nas descrições das visões teóricas dos doutrinadores, permitindo inclusive identificar as que são idênticas e as que são
divergentes, contribuindo de forma indireta para a revisão da literatura.
2.2 Cenário/População/Amostra
O cenário em que será desenvolvida a pesquisa de campo se caracteriza pelo ambiente familiar em que a população pesquisada será de pessoas que possuem idosos na sua formação, com a finalidade de coletar informações sobre a percepção dos mesmos sobre responsabilização civil por abandono afetivo e identificara forma de relação afetiva e a possibilidade de responsabilização do agente que abandono os pais a sua própria sorte. Destaca-se que a amostra será composta por acessibilidade, no modo não probabilístico.
2.3 Instrumentos
O instrumento de coleta de dados na pesquisa de campo envolverá entrevista através de questionário semiestruturado, em que haverá perguntas chaves a partir das quais no curso da entrevista poderão os pesquisadores efetivar ajustes e perguntas complementares com a intenção de obter respostas ao problema de pesquisa.
Também será realizada pesquisa em obras escritas e bases de dados eletrônicos, empregando palavras-chave sobre a temática com vistas ao levantamento das referências a serem utilizadas.
Soma-se a essa forma de levantamento o uso de pesquisa documental através da busca em sites oficiais que possuam dados sobre abandono afetivo, responsabilização por abandono afetivo inverso, julgados, entre outros que se mostrarem pertinentes ao confronto com os dados coletados via pesquisa de campo.
2.4 Procedimentos
O procedimento para realização do estudo proposto envolverá duas vertentes. A primeira pautada ao levantamento bibliográfico por meio da pesquisa bibliográfica, exploratória utilizando base de dados das bibliotecas virtuais que contenham materiais escritos artigos, livros científicos publicados sobre as duas temáticas; utilizando as seguintes palavras-chave de maneira isolada e/ou
associadas: responsabilidade civil, abandono afetivo inverso, dever de indenização na responsabilidade civil, dever de indenização na situação de abandono afetivo inverso, responsabilização por abandono afetivo inverso, abandono afetivo inverso e responsabilização civil, finalidade da indenização em casos de abandono afetivo inverso, parâmetro indenizatório em casos de abandono afetivo inverso.
Através do procedimento indicado será feito o levantamento bibliográfico aplicando-se então a pesquisa exploratória que acontecerá entre setembro/2022 até outubro/2022, podendo ser complementada em fases posteriores através de novos levantamentos.
O critério de adoção para seleção do material será o seguinte: materiais publicados em sites científicos (Scielo, Google Acadêmico, Portal Periódicos CAPES, Portal das faculdades e universidades brasileiras que tenham Domínio Público) e sites governamentais que versem e que disponham materiais sobre legislação, doutrinas, jurisprudências relacionadas com a temática responsabilidade civil nos casos de abandono afetivo inverso, assim como, sites de revistas cientificas disponíveis na internet. Serão excluídos os materiais que não possuem relação com o objetivo e problema de pesquisa que não estejam dispostos de forma completa e que não estejam disponíveis em língua vernácula.
A inclusão dos materiais será definida a partir da análise dos títulos, resumos e sequencialmente pela leitura do material completo desde que haja correlação a partir da leitura do resumo com a temática proposta para discussão. O levantamento será efetivado entre o período de novembro, dezembro de 2022, janeiro, fevereiro e março de 2023, utilizando preferencialmente materiais publicados nos últimos 5 anos assim como julgados e jurisprudências também publicadas nos últimos 5 anos. Materiais que não tenham relação alguma com a temática não serão utilizados mesmo que selecionados previamente.
No segundo momento será utilizado a pesquisa de campo em que os entrevistadores/pesquisadores tentaram acesso a famílias que possuem idoso, de modo a levantar as percepções que essas famílias e do próprio idoso, caso este tenha condições de responder a entrevista, tem em relação a responsabilização civil e o reconhecimento do desprezo afetivo dos filhos, buscando levantar se os mesmos já possuem alguma ação nesse sentido e, caso tenham, se houve alguma indicação ação de responsabilização, bem como, de compensação indenizatória em relação ao abandono afetivo inverso.
O levantamento dos dados se dará através de pesquisa semiestruturada entre os meses de janeiro a março de 2023.
2.5 Tratamento de dados/Apresentação de Resultados
Os dados coletados bibliograficamente e documentalmente serão apresentados na forma descritiva assim como os dados levantados através da pesquisa realizada com entrevista semiestruturada, podendo ser apresentados tanto em forma de tabela quanto em forma dissertativa, trazendo ou não expressões mencionadas pelos entrevistados sem identificar os mesmos na transcrição das falas.
Ademais, será efetivado o confronto dos dados levantados na pesquisa de campo com as interpretações doutrinarias normativas e jurisprudenciais efetivadas.
2.6 Cuidados éticos
No que tange aos cuidados éticos, a proposta de trabalho será submetida ao Comitê de Ética das Faculdades Unidas do Norte de Minas, conforme o calendário da entidade para a aprovação em tempo hábil e realização do trabalho científico através de sua conclusão com a apresentação do artigo científico.
Serão elaborados de acordo com as normas da instituição os termos de assentimento e termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) para os entrevistados e a instituição de ensino pesquisada. Também terá como cuidado ético a não divulgação de dados que possam identificar os entrevistados, mantendo o sigilo relativo ao mesmo.
Não serão entrevistados menores de idade, ainda que existentes nos locais pesquisados, assim como não serão entrevistados idosos que possuem demência e aqueles indivíduos que não apresentem consentimento em participar da entrevista semiestruturada.
Considerando que toda pesquisa oferece algum tipo de risco, esse estudo apresenta riscos para os participantes. Na hipótese de ser considerado risco o estudo, se assim for entendido como riscos aos entrevistados, poderá fazer o entrevistado recobrar situações que lhe tenham causado sofrimento psíquico e -
emocional, ou seja, para uma minimização da hipótese levantada como risco, a pesquisa será realizada de forma humanizada, respeitando os limites de cada entrevistado, no local e horário que o entrevistado(a) julgar melhor e será garantido o direito de abandonar a pesquisar a qualquer momento.
Quanto a riscos de participação no presente estudo, tem-se que ele não apresenta riscos para os participantes. Na hipótese de ser considerado algum tipo de risco, e se houver ele se volta para o fato de recordações de vivencias passadas. Por tal fato com a finalidade de minimizar alguma eventual hipótese levantada como risco, a pesquisa será realizada de forma humanizada, respeitando os limites de cada entrevistado. Será garantido o direito de abandonar a pesquisar a qualquer momento. Os pesquisadores tomarão precauções no sentido de agendar previamente a entrevista e coleta de informações junto aos que se interessarem em participar da pesquisa.
Sobre eventuais benefícios eles poderão ser apresentados ao se considerar a conscientização sobre os aspectos da temática e esclarecimentos de dúvidas quanto a responsabilização civil por abandono afetivo.
Em relação a devolutiva, a mesma poderá ocorrer ao final com encaminhamnento via email ou outro mecanismo para os entrevistados, no formato PDF para que os participantes saibam a que resultados conclusivos a pesquisa chegou. Também haverá realização de artigo com apresentação no Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso da FUNORTE. Os resultados ainda serão enviados em formato de artigo para uma revista científica e estarão à disposição como referencial teórico para outros profissionais que se interessem pelo assunto.
3 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Quadro 1 – Cronograma da pesquisa referente ao ano de 2022-2023
	Etapas
	Ago
	set
	out
	nov
	dez
	Fev
	Mar
	Abr
	Mai
	Jun
	Jul
	Definição do projeto de
pesquisa.
	X
	X
	X
	X
	
	
	
	
	
	
	
	Entregada versão final doprojeto
	
	
	
	X
	
	
	
	
	
	
	
	Qualificação do projeto
	
	
	
	X
	
	
	
	
	
	
	
	Envio ao Comitê de Ética
	
	
	
	X
	
	
	
	
	
	
	
	Coleta de dados bibliográficos e
documentais
	
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	
	
	Análise ou
interpretação dos dados
	
	
	
	
	
	X
	X
	X
	X
	
	
	Desenvolvimentoda escritado TCC
	
	
	
	
	
	X
	X
	X
	X
	X
	
	Revisão ortográfica
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	
	Defesa do artigo
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	Envio do relatório ao
Comitê de Ética
	
	
	
	
	X
	
	
	
	
	
	
Fonte: Dados da pesquisa.
4 ORÇAMENTO
Quadro 2 – Orçamento referente às despesas da pesquisa.
	Especificações das despesas
	
Quantidade
	
Valor unitário (R$)
	
Total (R$)
	Revisão Ortográfica
	1
	R$120,00
	R$120,00
	Xerox/Impressões
	400
	R$0,10
	R$40,00
	Banner
	1
	R$70,00
	R$70,00
	Encadernação
	2
	R$5,00
	R$10,00
	Total
	R$240,00
Fonte: Comércio de Montes Claros – MG.
Fonte dos recursos: Próprios autores
REFERÊNCIAS
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SOUSA, L. Abandono afetivo inverso: cabimento da responsabilidade civil e a possibilidade de obter indenização por danos morais no contexto familiar.
Pucgoias.edu.br, 2020.
ANEXO - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA
Título da pesquisa: APLICABILIDADE DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABANDONO AFETIVO
Instituição promotora: Centro Universitário FUNORTE Pesquisador responsável: Cristiano Barbosa
Endereço e Telefone: R. Cel. Joaquim Costa, 491 - Centro, Montes Claros - MG, 39400-049
Caro Participante:
Gostaríamos de convidá-lo(a) a participar, como voluntário(a), da pesquisa intitulada: “APLICABILIDADE DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABANDONO AFETIVO” que se refere a um Trabalho de Conclusão de Curso das acadêmicas Anny Karolline Vasconcelos Fernandes de Medeiros e Daniela Ferreira Silva, orientadas pelo pesquisador responsável, Prof. Cristiano Barbosa, do curso de Graduação em Direito do Centro Universitário FUNORTE.
O objetivo deste estudo é analisar a responsabilização civil por abandono afetivo inverso e o dever, parâmetro e finalidade da indenização. Espera-se que os resultados contribuirão para na conscientização dos entrevistados(as) sobre os aspectos jurídicos da alienação parental, para conscientização dos interessados na temática que tiverem acesso ao resultado da pesquisa ou até mesmo como forma de esclarecimento e instrução. A temática vem então mostrar e reforçar a sua pertinência social, por isso o tema se justifica e se mostra atual já que a população está se envelhecendo e demandando maiores cuidados.
Sua forma de participação consiste em responder um questionário com 17 questões sobre responsabilidade civil, abandono afetivo inverso e o dever de indenização, você demorará cerca de 15 minutos para responder o questionário, por meio de uma entrevista semiestruturada, ou seja, haverá um roteiro prévio, mas abre espaço para que o entrevistado e o entrevistador façam perguntas fora do que havia sido planejado com a intenção de obter respostas ao problema de pesquisa. Serão coletadas informações sobre a percepção de pessoas que possuem idosos na sua formação familiar sobre responsabilização civil por abandono afetivo e identificar a
forma de relação afetiva e a possibilidade de responsabilização do agente que abandono os pais a sua própria sorte, analisando se os mesmosjá possuem alguma ação nesse sentido e, caso tenham, se houve alguma indicação ação de responsabilização, bem como, de compensação indenizatória em relação ao abandono afetivo inverso.
A qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, terá direito a indenização e caso tenha algum gasto relacionado à pesquisa, terá seu ressarcimento. No entanto, inicialmente, não está previsto gasto algum para na execução desta pesquisa, não estando previstos ressarcimentos ou indenizações.
Considerando que toda pesquisa oferece algum tipo de risco, nesta pesquisa, há riscos de hipótese de ser considerado risco o estudo, se assim for entendido como riscos aos entrevistados, poderá fazer o entrevistado recobrar situações que lhe tenham causado sofrimento psíquico e emocional. Para minimizar estes riscos, os pesquisadores garantem a guarda e sigilo das informações, realizando a pesquisa de forma humanizada, respeitando os limites de cada entrevistado(a), no local e horário que o entrevistado(a)julgar melhor e será garantido o direito de abandonar a pesquisar a qualquer momento. Espera-se que os resultados possam contribuir na conscientização dos entrevistados sobre os aspectos jurídicos da alienação parental. E contribuir para conscientização dos interessados na temática que tiverem acesso ao resultado da pesquisa.
Você terá acesso ao resultado dessa pesquisa através de uma cópia do artigo em formato PDF via e-mail, WhatsApp e/ou impresso. Os resultados e versão final do artigo serão apresentados em banner no Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso da FUNORTE e ainda serão enviados em formato de artigo para uma revista científica e estarão à disposição como referencial teórico para outros profissionais que se interessem pelo assunto.
Gostaríamos de deixar claro que sua participação é voluntária e que poderá recusar-se a participar ou retirar o seu consentimento, ou ainda descontinuar sua participação se assim o preferir, sem penalização alguma ou sem prejuízo ao seu cuidado. Seu nome não será utilizado em qualquer fase da pesquisa, o que garante seu anonimato, e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os participantes.
Este termo foi elaborado em duas vias, o qual deverá ser assinado ao seu término por você e pelo pesquisador responsável, ficando uma via retida com o pesquisador responsável/pessoa por ele delegada. Você ficará com uma via original deste termo e em caso de dúvida(s) e outros esclarecimentos sobre esta pesquisa, bem como seus resultados você poderá entrar em contato com o pesquisador principal Cristiano Barbosa, Rua Geraldina Sarmento Mourão, Jardim São Luiz, Montes Claros - MG - CEP 3940105, telefone: (38) 9 9959-8021. Se houver dúvidas sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da FUNORTE na Av. Osmane Barbosa, 11.111 Bairro JK, Montes Claros - MG, telefone: (38) 2101-9280 ou e-mail: comitedeetica@funorte.edu.br. O comitê de ética é um órgão criado para proceder a análise ética de projetos de pesquisa envolvendo seres humanos no Brasil. Este processo é baseado em uma série de normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), órgão vinculado ao Ministério da Saúde.
Desde já, agradecemos sua atenção e participação e colocamo-nos à disposição para maiores informações.
CONSENTIMENTO
Eu (nome do participante) confirmo que as acadêmicas Anny Karolline Vasconcelos Fernandes de Medeiros, Daniela Ferreira Silva e Prof. Cristiano Barbosa, explicou-me os objetivos desta pesquisa, bem como a forma da minha participação. As alternativas para minha participação também foram discutidas. Eu li e compreendi este Termo de Consentimento, portanto, eu concordo em dar meu consentimento para participar como voluntário desta pesquisa.
Local e data:	,	de	de 20	.
(Assinatura do participante da pesquisa)
Eu,	(nome do membro da equipe que apresentar o TCLE) obtive de forma apropriada e
voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido do participante da pesquisa ou representante legal para a participação na pesquisa.
(Assinatura do membro da equipe que apresentar o TCLE)
Cristiano Barbosa
APÊNDICE - Questionário semi-estruturado para pesquisa de campo
ESCLARECIMENTO AOS ENTREVISTADOS: a presente pesquisa tem como problema de pesquisa se existe ou não possibilidade de responsabilização civil por abandono afetivo inverso e qual seria a finalidade e o parâmetro aplicado quando há indenização decorrente dessa forma de abandono. O objetivo geral é: analisar a responsabilização civil por abandono afetivo inverso e o dever, parâmetro e finalidade da indenização, já os objetivos específicos são: apresentar os aspectos da responsabilidade civil segundo norma e doutrina; discutir abandono afetivo inverso e as suas modalidades; avaliar possibilidade de responsabilização por abandono afetivo inverso e o dever indenizatório; analisar o parâmetro indenizatório e a finalidade da indenização, se aplicada. Confrontar a percepção dos entrevistados(as) sobre abandono afetivo inverso com as indicações normativas e doutrinárias. Por tal fato a finalidade única de identificar a percepção dos entrevistados(as) sobre a responsabilização civil por abandono afetivo inverso, bem como, identificar se há ou não ocorrência de abandono afetivo no grupo familiar do entrevistado, além de conhecer se em situações positivas houve ou não acionamento para responsabilizar os que abandonaram o idoso. A pesquisa não revelará a identidade nem utilizará nenhum outro elemento que permita a identificação do entrevistado, ou de seu grupo familiar. Todos os nomes dos entrevistados serão substituídos por pseudônimos. O levantamento dos dados tem finalidade única e exclusiva de cunho científico. Não serão entrevistados menores de idade, nem pessoas com a cognição comprometida. A pesquisa passará pelo Comité de Ética em Pesquisa Cientifica para aprovação e acompanhamento. As respostas obtidas serão tratadas na forma de percentual ou no modo descritivo. Os entrevistados assinarão o termo de consentimento e assentimento para responder as questões apresentadas. Perguntas complementares poderão ser realizadas com a finalidade de obter informações que respondam ao problema de pesquisa e aos objetivos da mesma. A participação na pesquisa é voluntária e não implicará em pagamento, ou entrega de qualquer benefício ou contraprestação ao entrevistado(a). Responderá a pesquisa quem desejar contribuir como estudo, o que caracteriza a acessibilidade ao entrevistado.
1- Você sabe o que é abandono afetivo?
 	sim	não
2- Você sabe o que é abandono afetivo inverso?
 	sim	não
3- Para você o que seria abandonar afetivamente um individuo?
4- Você sabe o que é responsabilidade civil?
 	sim	não
5- Você conhece alguma família que tenha abandonado afetivamente algum parente idoso?
 	sim	não
6- Você tem pais ou algum parente com idade de 60 anos ou mais?
 	sim	não
7- Como é seu relacionamento com seus pais ou parentes idosos?
8- Como é o relacionamento dos demais membros de sua família com seus pais ou outros parentes idosos?
9- Você tem conhecimento que abandonar afetivamente um genitor, ou outro membro da família idoso, pode ser causa de processo por responsabilização civil decorrente de abandono afetivo inverso?
 	sim	não
10- Em sua família alguém já foi acionado judicialmente por ter abandonado
afetivamente ou materialmente o genitor ou algum outro parente idoso?
 	sim	não
11- Na situação de abandono afetivo de genitores ou parentes idosos você acreditaque a condenação para indenizar o idoso é uma forma de responsabilização civil?
 	sim	não
12- Você acredita que condenar algum parente a indenização por abandono afetivo de genitores ou parentes idosos compensaria o abandono?
 	sim	não
13- Para você, qual seria a finalidade da indenização por abandono afetivo inverso?
14- Você entende ser possível alguém passar a ter afeto por um genitor ou parente idoso, apenas por ter sido processado por abandono afetivo inverso?
 	sim	não
15- Você acredita que processar alguém por abandono afetivo inverso é uma forma de coagir aquele que abandona a ter maior responsabilidade perante o genitor ou parente idoso?
 	sim	não
16- Para você, qual é a finalidade da indenização por abandono afetivo inverso?
17- Qual o valor você entende ser ideal para indenizar o idoso abandonado afetivamente por filhos ou demais parentes?

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