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Tcc Direito - Bruno Felipe - A responsabilidade Civil no Âmbito do Abandono Afetivo Inverso

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Prévia do material em texto

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
BRUNO FELIPE LOPES ROCHA 
 
 
 
 
 
 
A RESPOSABILIDADE CIVIL NO ÂMBITO DO ABANDONO AFETIVO INVERSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teresina (PI) 
2020 
 
 
 
 
BRUNO FELIPE LOPES ROCHA 
 
 
 
 
 
 
 
A RESPOSABILIDADE CIVIL NO ÂMBITO DO ABANDONO AFETIVO INVERSO 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de 
Graduação Apresentado ao Centro de Ensino 
Superior Vale Do Parnaíba- CESVALE, 
como requisito para a obtenção do grau de 
Bacharel/especialista em Direito. 
Orientador: Rozemberg Pierson de Araújo 
Sousa 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teresina (PI) 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos os professores e alunos do 
curso de Direto da Faculdade Cesvale, que participaram na 
minha formação acadêmica. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 A Deus, por sempre me guiar e me amparar nos bons e maus momentos, e saber que 
nele tudo posso, principalmente nos momentos em pensei que não seria capaz e não teria forças 
para prosseguir. 
 À minha mãe, Aurilene, minha luz neste mundo, que nunca terei palavras para agradecê-
la por tudo que já me deu e fez por mim. Eu te amo. 
 Aos meus avós, José Maria Lopes e Isabel Alves Lopes, pois vocês foram a minha base 
e a minha maior inspiração de uma vida justa. 
 Aos meus amigos que me deram suporte nos dias estressantes, e que em todos esses 
anos nunca me abandonaram e sempre me apoiaram a seguir em busca de realizar meus sonhos. 
 A todos os meus colegas de curso, pela companhia nesses anos, em Especial, Dáblia, 
Raylana, Maria e Marcilene, pelo apoio, incentivo e amizade. 
 De coração, muito obrigado! 
 
 
RESUMO 
O presente trabalho traz uma análise acerca da responsabilidade civil nos casos de abandono 
afetivo inverso, que se caracteriza pelo abandono afetivo dos pais idosos por parte dos filhos. 
Há possibilidade de responsabilização civil do filho quando se caracteriza o abandono afetivo 
inverso? Na busca pela resposta ao problema, elegeu-se como objetivos geral: analisar o 
abandono afetivo inverso no contexto do direito brasileiro; e específicos: observar as situações 
em que se caracteriza as modalidades do abandono afetivo do idoso e analisar os reflexos 
familiar no dever de indenização e as consequências. As ferramentas metodológicas utilizadas 
na elaboração deste trabalho foram as pesquisas descritiva, qualitativa e bibliográfica. Os 
resultados encontrados demonstram que há sim a possibilidade de responsabilização civil dos 
filhos pelo abandono afetivo dos pais idosos, pois como restou demonstrado, este abandono 
pode trazer inúmeros problemas a saúde e principalmente no campo psicológico ao idoso. 
 
Palavras-chaves: Idoso. Abandono. Afeto. Responsabilidade Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The present work presents an analysis about civil liability in cases of inverse affective 
abandonment, which is characterized by the affective abandonment of elderly parents by their 
children. Is there a possibility of civil liability for the child when reverse affective abandonment 
is characterized? In the search for the answer to the problem, the following general objectives 
were chosen: to analyze the reverse affective abandonment in the context of Brazilian law; and 
specific: observe the situations in which the modalities of affective abandonment of the elderly 
are characterized and analyze the family reflexes in the indemnity duty and the consequences. 
The methodological tools used in the preparation of this work were descriptive, qualitative and 
bibliographic research. The results found demonstrate that there is a possibility of civil liability 
of the children for the emotional abandonment of the elderly parents, because as shown, this 
abandonment can bring numerous health problems and mainly in the psychological field to the 
elderly. 
 
Keywords: Elderly. Abandonment. Affection. Civil responsibility. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................07 
1.1 OBJETIVOS.......................................................................................................................08 
1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................................................08 
1.3 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................10 
1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA....................................................................................11 
2 DESENVOLVIMENTO........................................................................................................12 
2.1 DA RESPONSABILIDADE CIVIL...................................................................................12 
2.1.1 DAS ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL......................................................14 
2.1.2 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL.................................................14 
2.2 DO ABANDONO AFETIVO INVERSO...........................................................................17 
2.2.1 DO DANO MORAL CAUSADO PELO ABANDONO AFETIVO INVERSO............18 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................20 
REFERÊNCIAS.................................................................................................................. ......21 
 
 
 
7 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
O Direito Civil brasileiro é marcado por constante evolução devido aos avanços da 
sociedade brasileira, o atual código que data do ano de 2002 possui uma influência ainda maior 
da constitucionalização dos códigos, e por isso está intimamente ligado aos institutos 
fundamentais trazidos pela Constituição Federal de 1988, tendência esta já presente nos demais 
códigos legislativos pátrios. 
A tendência Constitucional de proteção aos Direitos Fundamentais baseia-se nos 
compromissos dogmáticos propostos pela Carta Magna ou Lei Maior, que são, pois, 
características de uma evidente evolução legislativa nacional. (BARROSO, 2013). 
Nesse sentido tanto a esfera privada quando social dos indivíduos são passiveis de 
legislação, respeitando claro os limites dos direitos individuais. É dentro deste cenário 
específico que o age o direito de família, cuidando sempre de não se extrapolar o limiar do 
excesso de legislação. 
A sociedade brasileira tem seguido a tendência mundial, devido as melhorias nas 
condições de vida, avanços tecnológicos na área da medicina e maior acesso a esses serviços, 
o fenômeno de uma maior expectativa de vida e de maior envelhecimento da sua população. O 
que não deve ser mal visto, mas sim observado que, do ponto de vista social, a maior interação 
entre diferentes faixas etárias proporciona evolução nas discussões sociais. Um estado que 
respeita e preserva seus idosos também o faz com sua história. 
É nesse contexto que nos âmbitos do judiciário e do legislativo têm sido cada vez mais 
explorados, a fim de corresponderem ao compromisso firmando à proteção do idoso pela 
Constituição Federal de 1988, e suas previsões sociais mais do que necessárias. O Estado 
também tem que intervir no que concerne a vida privada dos brasileiros a um limite que estes 
proporcionem uma vida de qualidade para seus idosos. 
Embora haja a tentativa de se acompanhar as mudanças sociais, nem sempre o 
legislador age em tempo sobre questões que são mais sensíveis às questões sociais, tendo por 
consequências a defasagem entre o fato legislado e as relações sociais, é nesse instante que o 
uso do judiciário nos casos específicos se faz eficaz. 
Apesar de ser visto e tratado juridicamentecom mais amplitude o abandono afetivo 
relacionado no sentido dos pais sobre os seus filhos, também é possível que esta situação ocorra 
no sentido inverso, e assim como o Estatuto da Criança e do Adolescente existe para proteger 
o ser incapaz, o idoso por suas características próprias acaba por se tornar também uma figura 
frágil e que demanda de proteção. 
8 
 
 
Assim, até mesmo pela existência do Estatuto do Idoso se faz necessário entender que 
tipos de consequências tal relação de abandono afetivo, tão ou mais danosa quanto o abandono 
material, pode proporcionar, além de entender quais mecanismos o direito brasileiro possui para 
minimizar tal situação tão dolorosa. 
Nesta toada esta pesquisa se alicerça na possibilidade de que existe sim a probabilidade 
de responsabilização civil do adulto capaz, que por negligência abandona o idoso de seu círculo 
familiar, que está a seus cuidados, de maneira a gerar dano no campo afetivo. Partimos do 
entendimento que além disso é possível que se ajuíze um pedido de danos morais, não em busca 
de enriquecimento ilícito, mas como compensação pelo sofrimento psicológico causado. 
 
1.1 OBJETIVOS 
Objetivo Geral 
 O objetivo geral do presente trabalho é a análise do abandono afetivo inverso no 
contexto do direito brasileiro. Por se entender que a legislação pátria, através da Constituição 
de 1988, reservou um compromisso dogmático e principiológico de se proteger aos idosos. 
Podendo-se, assim, salvaguardar essa parcela de indivíduos tanto no âmbito constitucional 
quanto cível. 
 
Objetivos Específicos 
 Os objetivos específicos consistem em: 
 observar as situações em que se caracteriza tal modalidade de abandono 
 analisar os reflexos da relação familiar no dever de indenização e as 
consequências. 
 
1.2 JUSTIFICATIVA 
A importância de se estudar o abandono afetivo inverso no Brasil, e suas 
consequências, se dá à medida que o envelhecimento populacional caminha na mesma 
velocidade em que as relações familiares brasileiras passam por períodos de fragmentação. 
A responsabilidade parental já é um instituto legislado através do Estatuto da Criança 
e do Adolescente, onde se reconhece que, nos artigos 3º e 4, crianças e adolescentes gozam de 
proteção integral a seus direitos fundamentais tanto no âmbito familiar quanto social. 
9 
 
 
As famílias são vistas como núcleos embrionários do que é se estar em sociedade, 
preparando os pequenos indivíduos para sobreviverem fora do ambiente familiar, com os 
desconhecidos que terá de se relacionar futuramente. 
Sendo assim, o papel social das famílias é incomensurável, pois se a partir deste 
pequeno núcleo germinar as noções de respeito aos direitos fundamentais e tolerância o 
resultado será a manutenção de uma estrutura social digna para todos. 
O respeito aos direitos fundamentais no seio familiar proporciona consequências 
internas e externas, e por isso o princípio da paternidade responsável sustenta a e norteia o 
Direito de Família. 
É nesse contexto que nasce o princípio do respeito à afetividade, que se dá ao se 
reconhecer que o vínculo criado entre dois indivíduos foi forte o suficiente para gerar 
expectativas e responsabilidade. É justamente nesse sentido que recentemente a legislação 
brasileira reconheceu o instituto da união estável. 
Voltando aos idosos, se faz necessário entender que o avanço desta faixa na população 
é gigantesco, segundo o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatísticas, entre os anos de 2012 e 
2017 houve um aumento de 18% no número de idosos no BRASIL, passando de 30 milhões 
para 34,8 milhões. Além de prever que até o ano de 2060 25,5% da população brasileira será 
composta por idosos. 
No que compete ao abandono afetivo inverso se dá ao se desrespeitar a socio 
afetividade, que é um conceito não ligado às barreiras biológicas, mas sim a área sentimental 
interna, de cuinho psicológico. A proteção desse sentimento se dá por conta do princípio da 
dignidade da pessoa humana. Princípio este tão necessário, abrangente e felizmente privilegiado 
no texto constitucional brasileiro. 
Quando um idoso é abandonado, por aqueles com quem teve a maior relação de estima 
durante toda sua vida, depois de ter servido ao seu papel social, é como se toda a sociedade o 
abandonasse. Ressalte-se que no Brasil ainda há uma mentalidade arcaica ligada a percepção 
de que a figura do idoso é algo desprezável, por não terá mais serventia, em sentido contrário 
às sociedades orientais, como o Japão, em que é função social forte o cuidar do idoso. 
Através do art. 230 da Constituição Federal, se dispõe a responsabilidade da família, 
da sociedade e do Estado em amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na 
comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar, inclusive garantindo-lhes o direito à vida, 
em respeito ao princípio da segurança jurídica. 
10 
 
 
A presente pesquisa visa amparar-se na situação prevista de proteção constitucional, 
civil e do ECA, das relações parentais, onde a responsabilidade do cuidar extrapola o âmbito 
da casa, bem como não tem por definição quando será seu fim. Sendo assim, por analogia, e 
por se entender que o dano psicológico para o filho abandonado é gravíssimo, devido a própria 
natureza de fragilidade daquele indivíduo. O abandono do idoso assim poderia ser tratado. 
O dano moral que poderia decorrer do abandono afetivo inverso seria por produzir 
efeitos semelhantes aos do abandono parental, com sequelas psicológicas fortes, que poderiam 
piorar ou desencadear um quadro de enfermidade, que poderá ser fatal ao idoso desamparado. 
Assim, o impacto social de se garantir essa proteção especifica ao idoso, e busca 
compensatória é de grande valia do ponto de vista jurídico e legislativo, de onde será buscado 
quais os atuais entendimentos, sobre esta demanda, pelo sistema jurídico brasileiro. 
 
1.3 REVISÃO DA LITERATURA 
O ramo do direito de família é por certo um dos mais complexos, possuindo estudo e 
legislação própria dentro do Direito Civil Brasileiro. Em parte, por esmiuçar a esfera privada 
dos indivíduos, e por isso o limiar entre ao abuso e a necessidade legislativa é mínimo. 
No que se refere ao abandono parental e suas consequências é um instituto já 
conhecido dos legisladores e teóricos brasileiros. Primordialmente estuda a relação de filiação, 
as questões biológicas envolvidas e as consequências destas, como ensina LOBO (2011, p. 216) 
é “a relação de parentesco que se estabelece entre duas pessoas, umas das quais nascida da 
outra, ou adotada, ou vinculada mediante posse de esta’, e isto independe se por filiação ou no 
uso de inseminação artificial heteróloga”. 
Nesse mesmo sentido se discute a afetividade, e suas consequências, como discorre 
DIAS (2006, p. 61): 
[...] os laços de afeto e de solidariedade derivam da convivência familiar, não do 
sangue. Assim, a posse do estado de filho nada mais é do que o reconhecimento 
jurídico do afeto, com o claro objetivo de garantir a felicidade, como um direito a ser 
alcançado. O afeto não é somente um laço que envolve os integrantes de uma família. 
 
A afetividade também é citada por TARTUCE (2012): “Afeto quer dizer interação ou 
ligação entre pessoas, podendo ter carga positiva ou negativa. O afeto positivo, por excelência, 
é o amor; o negativo é o ódio. Obviamente, ambas as cargas estão presentes nas relações 
familiares.” 
11 
 
 
É por essa sensação de compromisso afetivo, que pressupõe o cuidar e jamais 
abandonar que se discute a responsabilização civil do fato. Responsabilidade civil que é descrita 
da seguinte forma por GONÇALVES (2010. p. 19): 
(...) responsabilidade exprime ideia de restauração de equilíbrio, de contraprestação, 
de reparação de dano. Sendo múltiplas as atividades humanas, inúmeras são também 
as espécies de responsabilidade, que abrangem todos os ramos de direito e extravasam 
os limites da vida jurídica, para se ligar atodos os domínios da vida social. Coloca-
se, assim, o responsável na situação de quem, por ter violado determinada norma, vê-
se exposto às consequências não desejadas decorrentes de sua conduta danosa, 
podendo ser compelido a restaurar o statu quo ante. 
 
Partindo-se do pressuposto de que a responsabilidade familiar é pluridimensional, não 
é restrita as passagens de tempo, portanto a ideia de responsabilização existe sobre o agora, e o 
que já ocorreu, pode-se explicitar a possibilidade da responsabilização por abandono afetivo 
inverso, como explana NETO (2007, p. 19): 
A responsabilidade Civil expande-se por todos os ramos do direito civil e também 
transita pelo Direito de Família, tanto em seus aspectos pessoais de vínculo familiar, 
como na esfera patrimonial das relações insurgentes do estado familiar. No campo da 
violência familiar, é perceptível quão fértil e importante é encontrar amparo às lesões 
graves, pelas quais já não é aceito reine o temor sobre o silencio reverencial do parente 
ofendido. 
 
Portanto há arcabouço e estudo teórico acerca do abandono afetivo inverso no Brasil, 
usando-se inclusive vários institutos que possibilitaram outros tipos de responsabilização 
afetiva no brasil, seja em relação aos filhos e pais, ou relação do ponto de vista marital. 
 
1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA 
A metodologia utilizada para o presente estudo, partirá do que Gil (2008) denomina de 
pesquisa bibliográfica, como sendo o tipo de pesquisa que se desenvolve com base em material 
pré-elaborado por autores e doutrinadores respaldados, como: artigos, teses, dissertações e 
livros, focando no estudo as razões apresentadas como embasadoras da possível indenização 
por conta do abandono afetivo inverso, bem como se este é possível. 
A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o 
sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que 
não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de 
significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Esta não requer o uso de métodos 
e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador 
é o instrumento-chave. Tal pesquisa é descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados 
12 
 
 
indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem. 
(PRODANOV; FREITAS. 2009, p. 54). 
A pesquisa bibliográfica é aquela elaborada a partir de material já publicado, 
constituído principalmente de livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, 
jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o 
objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o assunto 
da pesquisa. Em relação aos dados coletados na internet, devemos atentar à confiabilidade e 
fidelidade das fontes consultadas eletronicamente. Na pesquisa bibliográfica, é importante que 
o pesquisador verifique a veracidade dos dados obtidos, observando as possíveis incoerências 
ou contradições que as obras possam apresentar. (PRODANOV; FREITAS. 2009, p. 54) 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 O presente trabalho tem como fundamento o abandono efetivo do idoso pelos seus 
familiares, na busca por uma responsabilidade/reparação civil, e até mesmo o direito de pleitear 
o dano moral decorrente de tal abandono. Tais direitos não estão elencados expressamente na 
Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003(Estatuto do idoso), razão pela qual o estudo, com enfoque 
no Código Civil de 2002 e na constituição federal de 1988. 
 No que concerne o tema faz-se necessário um novo retrato das pessoas idosas. O idoso 
hoje, representa uma parcela significativa da população brasileira e o Brasil já não é mais 
considerado um país de jovens, pois está um acelerado processo de envelhecimento. Devido a 
melhor qualidade de vida, as pessoas estão se tornando cada vez mais longevas. 
 Dados do IBGE, informam que o país velozmente caminha para perfil demográfico, 
cada vez mais de pessoas idosas: 
O índice de envelhecimento aponta para mudanças na estrutura etária da população 
brasileira. Em 2008, para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos, existem 24,7 
idosos de 65 anos ou mais. Em 2050, o quadro muda e para cada 100 crianças de 0 a 
14 anos existirão 172,7 idosos. 
2.1 DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
 A responsabilidade civil no determinado assunto parte do pressuposto que houve uma 
violação de um dever jurídico originário, através de um ato considerado ilícito e podendo ser 
13 
 
 
também um ato lícito, que consequentemente aparece o dever de recompor o prejuízo que foi 
causado pelo não cumprimento da obrigação imposta pelo Estado. Em pauta de esclarecimento, 
toda obrigação há um bem jurídico originário, enquanto na responsabilidade há um dever 
jurídico que é sucessivo. Ou seja, a responsabilidade civil é o entendimento de não prejudicar 
o outro. 
 Atualmente, a Reparação Civil, segue atrelada à ideia de tentativa de ressarcimento de 
um dano, seja ele de cunho moral ou patrimonial, ou ainda, de contraprestação. Nas palavras 
de Fábio Ulhoa Coelho: “A responsabilidade civil é a obrigação em que o sujeito ativo pode 
exigir o pagamento de indenização do passivo por ter sofrido prejuízo imputado a este último” 
(COELHO, Fábio Ulhoa, 2012). 
 Com o advento e inovação da constituição federal de 1988, o conceito de família foi 
inovado, gerando assim obrigações equiparada para homens e mulheres, a responsabilidade 
civil tem uma aplicação imprescritível, segundo Roberto Senis a “responsabilidade civil é o 
dever de reparação do dano sofrido imposto a seu causador. Como relação obrigacional que a 
responsabilidade possui por objeto o ressarcimento” (LISBOA, Roberto Senise, 2008, p 135). 
 Porém, para que haja o direito de indenizar de forma subjetiva, é essencial que tenha 
esses pressupostos; ato de ação ou omissão voluntaria, e o ato ilícito de abuso de direito, 
fundamentados nos artigos 186 e 187 do código civil de 2002, respectivamente. Esses 
pressupostos dividem-se em: culpa, que se refere que se confirma quando o autor não queria o 
resultado, porém agiu com negligencia, imperícia e negligencia; o nexo de causalidade no que 
se refere a conduta do agente e o dano suscitado, ou seja, é necessário que esta conduta tenha 
dado causa ao dano. 
 Por sua vez, o dano trata-se do prejuízo moral ou material causado à vítima em razão da 
conduta comissiva ou omissiva praticada pelo ofensor. Os conceitos doutrinários de dano giram 
em torno do mesmo ponto: a perda ou a lesão a um bem jurídico. Neste sentido, tem-se o 
conceito elaborado por Sergio Cavalieri Filho: 
 
“Conceitua-se, então, o dano como sendo a subtração ou diminuição de um bem 
jurídico, qualquer que seja sua natureza, quer se trate de um bem patrimonial, quer se 
trate de um bem integrante da própria personalidade da vítima, como a sua honra, a 
imagem, a liberdade etc.” 
 
14 
 
 
 É certo, que para o direito civil o primeiro pressuposto de qualquer responsabilidade 
civil é a conduta, o ato humano, comissivo ou omisso, que para o direito adquire importância 
quando dela originarem os efeitos jurídicos. 
 
2.1.1 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL 
 Responsabilidade Civil Subjetiva 
 
 A responsabilidade civil subjetiva é aquela que se caracteriza pela culpa, ou seja, neste 
tipo de responsabilidade a culpa é um elemento imprescindível para que se torne configurada. 
 De acordo com DINIZ (2007) a responsabilidade subjetiva esta fundada na culpa ou no 
dolo, sendo consequência de algum tipo de ação ou omissão e está representada no artigo 927 
do Código Civil. “Aquele que por ato ilícito (artigos. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo”. Deste modo, pode-se afirmar que na responsabilidade civil subjetiva a 
culpa é o fundamento. 
 Segundo GONÇALVES (2007,p 31), “a responsabilidade civil subjetiva deve ser 
encarada como norma, pois o indivíduo deve ser responsabilizado, em princípio por sua ação 
ou omissão, culposa ou dolosa”. Na responsabilidade civil subjetiva é a que a existência de 
culpa é indispensável para que fique caracterizada. 
 Responsabilidade Civil Objetiva 
 
 Diferente da responsabilidade civil subjetiva, em que a existência de culpa é 
imprescindível, na responsabilidade civil objetiva a comprovação de culpa não é necessária, 
sendo algumas das situações em que esta pode ocorrer explicitadas no artigo 927, parágrafo 
único do código civil de 2002. 
 Segundo RODRIGUES (2002, p, 11). “a responsabilidade civil objetiva está baseada na 
teoria do risco. Segundo essa teoria, aquele que através de sua atividade, cria um risco de dano 
para terceiros deve ser obrigado a repará-lo, ainda que sua atividade e seu comportamentos 
sejam isentos de culpa”. 
 
2.1.2 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 Reis (2011, p. 4) explica o que é necessário para que haja obrigação de indenizar: 
 
Para configurar a responsabilidade civil são necessários três requisitos indispensáveis, 
a saber: ação ou omissão, o dano, a culpa e o nexo de causalidade. 
15 
 
 
[...] Portanto, a conjugação desses quatro elementos essenciais é que serão geradores 
do dever de indenizar e que deverão ser devidamente demonstrados no curso do 
processo indenizatório. 
 
 Os elementos citados acima por Reis são conhecidos como pressupostos da 
responsabilidade civil e serão abordados um a um na sequência. 
 
 AÇÃO OU OMISSÃO 
 
 Refere-se a um tipo de conduta ativa ou omissiva que venha a causar dano a outrem. 
Segundo Cavalieri Filho (2005, p. 48), “a ação é a forma mais comum de exteriorização de 
conduta, porque, fora do domínio contratual, as pessoas estão obrigadas a abster-se da 
prática de atos que possam lesar seus semelhantes”. 
 No entendimento de Diniz (2008, p. 38-39): 
A ação, elemento constitutivo da responsabilidade, vem a ser o ato humano, comissivo 
ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente 
ou de terceiros, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause danos a outrem, 
gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado. A ação, fato gerador da 
responsabilidade, poderá ser ilícita ou lícita. A responsabilidade decorrente de ato 
ilícito baseia-se na ideia de culpa, e a responsabilidade sem culpa funda-se no risco, 
que se vem impondo na atualidade, principalmente ante a insuficiência da culpa para 
solucionar todos os danos. O comportamento do agente poderá ser uma comissão ou 
uma omissão. A comissão vem a ser a prática de um dever de agir ou da prática de 
certo ato que deveria realizar-se. 
 
 
 Por fim, a ação ou omissão constitui o primeiro pressuposto para que se configure a 
responsabilidade civil, sendo a ação um ato em si que acaba gerando dano a outrem, 
enquanto a omissão uma conduta omissiva que leva a geração de dano. 
 
 DANO 
 
 O dano constitui o elemento caracterizador da responsabilidade civil, visto que só 
haverá reponsabilidade de indenização se o ato ilícito causar dano (VENOSA, 2003). 
16 
 
 
 Diniz (2007, p. 62) conceitua dano como “a lesão (diminuição ou destruição) que, 
devido a determinado evento, sofre uma pessoa, contra sua vontade, em qualquer bem ou 
interesse jurídico, patrimonial ou moral”. 
 Acerca o conceito de dano, Gagliano e Filho (2015, p.82) ensinam: 
 
Nestes termos, poderíamos conceituar o dano ou prejuízo como sendo a lesão a um 
interesse jurídico tutelado –patrimonial ou não -, causado por ação ou omissão do 
sujeito infrator. 
Note-se, neste conceito, que a configuração do prejuízo poderá decorrer da agressão 
a direitos ou interesses personalíssimos (extrapatrimoniais), a exemplo daqueles 
representados pelos direitos da personalidade, especialmente o dano moral. 
 
 Por fim, o dano é um pressuposto essencial e caracterizador da responsabilidade civil e 
da obrigação de indenizar. Não havendo o dano, não nasce a obrigação de indenizar. 
 
 NEXO CAUSAL 
 
 Pode ser definido como a relação existente entre o ato ilícito e o dano, em outras palavras 
entre a conduta e o resultado. De maneira simplificada, segundo o autor, o nexo causal nada 
mais é que o elo entre a conduta do agente e o dano. 
 Para Gonçalves (2015, p.359): “um dos pressupostos da responsabilidade civil é a 
existência de um nexo causal entre o fato ilícito e o dano produzido. Sem essa relação de 
causalidade não se admite a obrigação de indenizar”. 
 Tartuce (2015, p. 387) afirma que o nexo causa é a ligação entre os dois primeiros 
pressupostos: “o nexo de causalidade ou nexo causal constitui o elemento imaterial ou virtual 
da responsabilidade civil, constituindo a relação de causa e efeito entre a conduta culposa ou o 
risco criado e o dano suportado por alguém”. 
 Por fim, de maneira simplificada, pode-se dizer que o nexo causal constitui o elo entre 
a conduta culposa e o dano causado que levam a responsabilização civil e obrigação de 
indenizar. 
 
 CULPA 
 No ordenamento jurídico brasileiro, como regra geral, o dever de indenizar ou ressarcir 
o dano é decorrente da culpa, ou seja, o ato ilícito é qualificado pela culpa. Segundo Diniz 
(2007, p. 39) “não havendo culpa, não haverá, em regra, qualquer responsabilidade”. 
17 
 
 
 Segundo Gonçalves (2015, p. 325): 
 
Se a atuação desastrosa do agente é deliberadamente procurada, voluntariamente 
alcançada, diz-se que houve culpa lato sensu (dolo). Se, entretanto, o prejuízo da 
vítima é decorrência de comportamento negligente e imprudente do autor do dano, 
diz-se que houve culpa stricto sensu. 
 
 Por fim, a culpa é caracterizada pelo desvio de conduta e, esse juízo de reprovação 
quando há a prática da conduta, desvia-se do comportamento considerado aprovável. 
 
2.2 DO ABANDONO AFETIVO INVERSO 
 
 Quem abandona um idoso, principalmente quando se trata dos pais, deve responder 
perante o Estado e perante a sociedade por esta conduta desonrosa. Caso ocorra, deve reparar o 
dano e ser penalizado de acordo com a gravidade da lesão. Não se trata de obrigar ou não alguém 
a amar um idoso, mas de apurar as responsabilidades de um ato omissivo que causou lesão a 
um bem protegido, a dignidade da pessoa humana. 
 A Constituição Federal, em seus artigos 229 e 230 traz que os filhos maiores têm o dever 
de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade; assim como de defender sua 
dignidade e bem-estar, garantindo-lhe o direito à vida, reconhecendo ser seu dever, bem como 
da sociedade e do Estado. Além disso, o dever de cuidado com o idoso também se encontra 
previsto no artigo 98 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso). 
 Não obstante o dever legal previsto no nosso ordenamento jurídico, persiste o dever 
moral e afetivo, que não tem sido respeitado, gerando os transtornos psíquicos e agravamento 
de doenças nos idosos. 
 Sendo bastante comum atualmente se deparar com as pessoas em casas de idosos, 
aquelas em que os filhos pagam um valor mensal para que terceiros cuidem de seus pais. É 
claro, que não se pode generalizar, que todo filho que coloca seus pais em asilo comete 
abandono. Mas não se pode negar que muitos são os casos em que os filhos usam o dinheiro da 
própria aposentadoria dos pais pra pagar o valor mensal à clínica ou asilo e nunca mais 
aparecem para visitá-los, usando como desculpa a vida corrida para não lhes dar assistência. 
 O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) considera a ocorrência de Abandono Afetivo 
quando: “[...] caracterizada a indiferença afetiva de um genitor em relação a seus filhos, ainda 
18 
 
 
que não exista abandono material e intelectual, pode ser constatado, na Justiça, o abandono 
afetivo”. (CNJ, 2015) 
 Percebe-se que o abandono afetivo é um instituto de difícil delimitação, sendo também 
difícil sua comprovação, além de a questão ser objeto deresistência por grande parte dos 
operadores do Direito. Ainda acerca do tema, Azevedo (2004, p. 14) afirma que: 
 
O descaso entre pais e filhos é algo que merece punição, é abandono moral grave, que 
precisa merecer severa atuação do Poder Judiciário, para que se preserve não o amor 
ou a obrigação de amar, o que seria impossível, mas a responsabilidade ante o 
descumprimento do dever de cuidar, que causa o trauma moral da rejeição e da 
indiferença. 
 
 Já na visão de Cunha (2009), a noção de abandono afetivo está diretamente atrelada à 
“ausência de afeto entre pais e filhos, em que estes buscam por intermédio do judiciário a 
reparação desta lacuna de afetividade existente em sua vida”. 
 Compreendendo o que significa abandono afetivo, que está relacionado à falta de afeto, 
a negligência no dever de cuidado que deveria existir entre às pessoas, de maneira especial entre 
os parentes da mesma família, visto que o dinheiro não é suficiente para garantir a vida a 
qualquer pessoa, pois há coisas na vida que tem maior importância, como carinho, amor, 
cuidado, dedicação e respeito, compreende-se também o abandono afetivo inverso, aquele que 
ocorre quando os filhos abandonam seus pais, negando-lhes e privando-lhes de afetividade. 
 
2.2.1 DO DANO MORAL CAUSADO PELO ABANDONO AFETIVO INVERSO 
 
 Como já mencionado anteriormente, a responsabilidade civil existirá quando uma 
pessoa, por ação ou omissão, causar algum tipo de dano à outra, tendo então que repará-la. No 
caso específico do tema abordado neste artigo, não se está diante de um dano material, ou seja, 
aquele dano que atinge de maneira direta o patrimônio da vítima; está-se diante de um caso de 
dano moral ou imaterial, que se caracteriza pelo dano que não pode ser mensurado ou avaliado 
para fins econômicos, atingindo o interior e o psicológico da vítima. 
 Como já mencionado, é dever dos filhos amparar os pais idosos, provendo sustento, 
lazer e uma vida digna, prestando-lhes auxílio econômico e emocional. Quando há omissão 
desse suporte por parte dos filhos, está configurado o ato ilícito, que configura o dano moral. 
19 
 
 
 Cavalieri Filho (1998, p. 60), explica que o dano moral está intimamente ligado à 
dignidade do indivíduo: 
 
Temos hoje o chamado direito subjetivo constitucional à dignidade. E dignidade nada 
mais é do que a base de todos os valores morais, a síntese de todos os direitos do 
homem. O direito à honra, à imagem, ao nome, à intimidade, à privacidade, ou 
qualquer outro direito da personalidade, todos estão englobados no direito à 
dignidade, verdadeiro fundamento e essência de cada preceito constitucional relativo 
aos direitos fundamentais 
 
 Quanto à responsabilização dos filhos nos casos de abandono afetivo inverso, esta torna-
se plenamente cabível, fundamentada nos mesmos preceitos do abandono afetivo filial, ao 
considerarmos que o idoso, assim como o menor, pode ser considerado vulnerável e requer 
adoção de cuidados especiais para com ele, sendo então plenamente possível que se 
responsabilize um filho por inobservância do dever de cuidado a quem lhe devia prestar. 
 Vale ressaltar que não basta apenas a existência das circunstâncias do abandono afetivo, 
vez que, os danos afetivos podem ser presumidos em relação à existência, mas não em relação 
à extensão do dano. Cabe à vítima provar a intensidade do abalo sofrido e suas consequências 
desastrosas, o que, com base no estudo, percebe-se que é tarefa árdua, em razão da dificuldade 
de comprovação. 
 A indenização por danos morais está cada vez mais presente no ordenamento jurídico 
brasileiro e nos seus julgados, porém a dificuldade é, de imputar uma responsabilidade civil nas 
relações familiares, uma vez que o amor, afeto, carinho, são coisas que não se compram, o que 
mais se preocupa é essa comercialização do afeto. 
 Tartuce (2007) explica que nos casos de abandono afetivo o principal argumento 
jurídico a favor da admissibilidade da reparação dos danos morais seria o enquadramento da 
hipótese ao art. 186 do Código Civil o qual estabelece que “aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito” (BRASIL, 2002). O ato ilícito, neste caso, estaria 
caracterizado pela violação do dever de assistência moral aos idosos assegurado pela legislação 
brasileira. Seguindo essa linha de raciocínio Silva (2014, p. 8), afirmar que: 
 
Os filhos têm a obrigação de amparar seus pais na velhice, seja material, seja 
imaterialmente. Ainda que os pais tenham condições econômicas e financeiras de 
20 
 
 
sobreviverem, subsiste o dever dos filhos na prestação de ordem afetiva, moral, 
psíquica. 
 
 No caso específico do abandono afetivo inverso, o abandono gera no idoso um 
sentimento de tristeza e solidão, que refletirá em deficiências funcionais, causando prejuízos 
irreparáveis aos mesmos, já que nessa fase da vida já é comum que haja um isolamento social. 
A falta de relacionamento com os seus, de compartilhamento da vida com as pessoas mais 
jovens de sua família e a pobreza de afetos tendem a desestimular a interação social do idoso 
na sociedade e consequentemente o mesmo acaba perdendo o seu interesse pela própria vida. 
 É fato, contudo, que não é possível obrigar que pais e filhos se amem, por este motivo, 
o que o instituto da indenização busca nos casos de Abandono Afetivo Inverso, é ao menos 
permitir ao prejudicado o recebimento de indenização pelo dano causado. (NAGEL e 
MAGNUS, 2013). 
 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 O presente trabalho apresentou uma análise acerca do abandono afetivo inverso, que se 
caracteriza pelo abandono afetivo dos filhos para com seus pais idosos. Inicialmente foi feito 
um breve histórico sobre o tema estudado, bem como alguns levantamentos acerca da vida dos 
idosos no Brasil e os danos causados pelo abandono afetivo dos filhos em detrimento do 
convívio familiar. 
 Na sequência, abordou-se a responsabilidade civil, caracterizando-a e apresentando seus 
pressupostos e em seguida a responsabilidade civil decorrente do abandono afetivo inverso e a 
ocorrência de dano moral em virtude dele. 
 Adiante, ressaltou os conceitos de afeto e de abandono afetivo, proporcionando, deste 
modo, a compreensão sobre as garantias previstas aos idosos, quando estes se deparam em 
situações de abandono, falta de cuidado e assistência. Neste artigo, o afeto foi tratado como 
uma norma, um dever jurídico que, quando não respeitado, provoca a responsabilidade civil, 
cabendo indenização. 
 Finalmente, cabe destacar que o ordenamento jurídico não pode exigir que exista amor 
nos laços familiares, entre pais e filhos, entretanto possui a importante função de impedir que 
direitos sejam violados e que haja reparação aos danos sofridos, tornando, assim, a sociedade 
mais justa. 
21 
 
 
 Por fim, ao final do presente trabalho, que sim, há a possibilidade de responsabilização 
civil do filho por abandono afetivo do pai idoso, fato que pode trazer danos irreparáveis à vida 
do mesmo. 
 
REFERÊNCIAS 
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Paulo: Editora Saraiva, 2013. 
 
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Paulo: Saraiva, 2010. 
 
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TARTUCE, Flávio. O princípio da Afetividade no Direito de Família. Disponível em: < 
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VCE, Flávio. Manual de Direito Civil. São Paulo: Método, 2007. 
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http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=1272. 
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LISBOA, Roberto Senise. Direito Civil de A a Z. Barueri, SP: Manole, 2008. p. 135. 
 
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2: obrigações: responsabilidade civil. 5ª 
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CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. - 10. ed.- São Paulo: Atlas, 
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___Programa de responsabilidade civil. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2005. 
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DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: Responsabilidade Civil. 17. ed. São 
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___Curso de Direito Civil brasileiro: Direito de Família. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 5. 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: 
Responsabilidade Civil. 13. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2015. v. 3. 
 
 
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http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=1272
	1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................07
	1.1 OBJETIVOS.......................................................................................................................08
	1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................................................08
	1.3 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................10
	1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA....................................................................................11
	2 DESENVOLVIMENTO........................................................................................................12
	2.1 DA RESPONSABILIDADE CIVIL...................................................................................12
	2.1.1 DAS ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL......................................................14
	2.1.2 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL.................................................14
	2.2 DO ABANDONO AFETIVO INVERSO...........................................................................17
	2.2.1 DO DANO MORAL CAUSADO PELO ABANDONO AFETIVO INVERSO............18
	3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................20
	REFERÊNCIAS........................................................................................................................21

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