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Botânica Professora Cíntia Zani Fávaro Polonio Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira 2022 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2022 Os autores Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP P778b Polonio, Cíntia Zani Fávaro Botânica / Cíntia Zani Fávaro Polonio. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 105 p. : il. Color. 1. Botânica. 2. Angiosperma. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD : 23 ed. 581 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTORA Professora Cíntia Zani Fávaro Polonio Olá alunos (as), me chamo Cíntia Zani Fávaro Polonio, sou professora, formada em Ciências Biológicas pela UNIPAR e em Pedagogia pela UniCesumar, especialista em Biotecnologia pela UEM, Atendimento Educacional Especializado e Psicopedagogia pela UniCesumar e mestra em Biologia Comparada pela UEM. Atualmente sou pesquisadora pelo Cnpq na Universidade Estadual de Maringá realizando estudos relacionados com fungos endofíticos associados à nanoparticulas como sendo possíveis biorremediadores de corantes têxteis e metais pesados. Além disso, atuo como professora de apoio pela pre- feitura municipal de Maringá, auxiliando alunos que possuam TEA (Transtorno do Espectro Autista) e outras dificuldades de aprendizagem. Possuo experiência na área de ensino em todas as fases, desde o infantil até pós-graduação, como professora e conteúdista em diversas faculdades, além de orientadora de TCC pela UniCesumar. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7098722908193878 http://lattes.cnpq.br/7098722908193878 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Queridos (as) alunos (as), sejam muito bem-vindos (as) a nossa disciplina de Botânica. Durante nossos estudos, vocês terão acesso a um mundo que se esconde aos nossos olhos, pois por mais que vejamos as belezas exteriores das plantas, não imaginamos o quanto são ainda mais surpreendentes diante de toda a complexidade que existe em seu interior. As plantas apresentam uma infinidade de estruturas e de mecanismos aos quais parecem nem mesmo acontecer, pois elas não são dinâmicas como os demais seres vivos que se movimentam todo o tempo, mas, veremos o quanto elas realizam em silêncio. Em nossa primeira unidade, vamos entender sobre os caminhos percorridos durante todos os anos até que as plantas chegassem no status que apresentam hoje, tudo isso graças a evolução. Para que tenhamos um melhor entendimento, precisamos conhecer as plantas de dentro para fora, por isso vamos conhecer sobre sua estrutura celular, os tecidos vegetais e apreciar um pouco sobre a fisiologia vegetal. Durante a segunda unidade, adentraremos em três dos quatro grupos que existem para classificar as plantas, sendo elas as briófitas, as pteridófitas e as gimnospermas, e iremos conhecer as principais características que as definem além de entender sobre como se reproduzem. Já na terceira unidade, vamos explorar o quarto e mais diversos grupos, que são as angiospermas, e diante de todas as informações, iremos saber o porquê de tamanha diversificação dessas plantas. Em nossa quarta e última unidade, vamos ver sobre as interações entre o homem e as plantas, destacando o quanto nós somos dependentes delas. Também será evidenciado como que a agronomia foi implementada e qual sua importância para que nossa sociedade se tornasse como conhecemos hoje. Por fim, iremos compreender mais sobre as aplicações biotecnológicas das plantas e todas as inovações que elas oferecem para nós. SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 4 Botânica UNIDADE II ................................................................................................... 29 Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas UNIDADE III .................................................................................................. 55 Angiospermas UNIDADE IV .................................................................................................. 80 Aplicações 4 Plano de Estudo: ● Evolução das Plantas; ● Estrutura Celular; ● Tecidos Vegetais; ● Fisiologia das Plantas. Objetivos da Aprendizagem: ● Compreender a evolução das plantas ● Entender sobre as células vegetais e sua composição; ● Conceituar as funções das organelas; ● Conhecer os tecidos vegetais; ● Compreender de uma maneira geral a Fisiologia Vegetal. UNIDADE I Botânica Professora Cíntia Zani Fávaro Polonio 5UNIDADE I Botânica INTRODUÇÃO Olá alunos (as), sejam muito bem-vindos (as) a disciplina de Botânica! Em nossa primeira unidade, vamos compreender mais sobre como as plantas evoluíram desde o primórdio até apresentarem a grande diversidade de espécies que encontramos atualmente, com as mais variadas formas, tamanhos, cores e nos mais diferentes ambientes. Cada planta apresenta uma infinidade de funções, sistemas e uma complexidade muito maior do que podemos ver enquanto contemplamos ela, porém, quando passamos a conhecer profundamente toda a engrenagem existente para que uma planta seja da maneira que ela é, entendemos a dimensão e o quanto são majestosas e imponentes, por mais pequenas que possam ser. Também vamos conhecer sobre as estruturas celulares presentes nas plantas e entender que estão ali para desempenhar diversos processos importantes, permitindo com que várias funções ocorram, pois elas são as engrenagens que não param. Isso é possível por conta de várias peças que a compõe, sendo elas chamadas de organelas, e cada uma delas desempenham um papel fundamental para a planta. Além disso, possuem uma organela única que é chamada de cloroplasto, responsável pelo grande sucesso evolutivo por esses organismos que fabricam seu próprio alimento, chamados de autótrofos, que é a fotossíntese. Essas células que possuem diversas funções específicas, quando se agrupam formam os chamados tecidos vegetais. Vamos ver que nas plantas, existem os sistemas de tecidos, agrupamentos maiores de células que são classificados em três grupos: fundamental,dérmico e vascular. Cada um deles vão ser muito importantes para que a planta tenha a estrutura e forma que podemos contemplar em nosso dia-a-dia. Portanto, precisamos compreender essas características para que assim tenhamos todas as ferramentas necessárias para abranger todos os grupos existentes entre as plantas, que se diferem entre si por conta dessas características. Sabendo disso, passamos para o próximo passo, que é compreender as funções desempenhadas por cada estrutura, e nesse ponto iremos falar sobre a fisiologia vegetal. Os hormônios que garantem o desenvolvimento da planta em vários níveis, a fotossíntese importante para a produção da energia, a nutrição que é fundamental para o desenvolvimento da planta, e outras diversas situações que vão garantir a planta todo o suporte para que se desenvolva e cresça da melhor forma possível. 6UNIDADE I Botânica Nesse primeiro momento, vamos compreender o mais íntimo da planta para que tenhamos todas as ferramentas necessárias e entender o todo. Por isso, nunca se esqueçam de sempre buscar mais informações em locais seguros, tendo como guia nosso material. Através da leitura e da exploração desse tema tão amplo e magnífico, que sempre terá muito a ser compreendido, você terá o que precisa para aprender muito sobre o mundo das Plantas. 7UNIDADE I Botânica 1. EVOLUÇÃO DAS PLANTAS As plantas são essenciais para os seres humanos e permeiam suas vidas das mais diversas formas como sendo fonte de alimento, de renda, utilizada medicinalmente e na ornamentação como alguns exemplos. Mas o seu papel vai muito além disso, elas são importantes para que o equilíbrio do nosso meio ambiente ocorra, e através dos ciclos biogeoquímicos, que são processos que ocorrem na natureza para a manutenção de diversos elementos como a água, o nitrogênio, oxigênio e carbono, da fotossíntese e até mesmo na formação dos solos através das interações existentes entre ambos, as plantas modificam e moldam ambientes (CLARKE; WARNOKE e DONOGHUE, 2011). Mas, para que tudo isso que vivemos no presente acontecesse, houve uma longa jornada evolutiva, com diversas mudanças e aperfeiçoamentos por parte das plantas. O início de tudo é alvo de muitas teorias que são desenvolvidas com base em muitas informações relacionadas com o caos inicial de nosso planeta, em que muitas interações entre gases, moléculas orgânicas, descargas elétricas em forma de relâmpagos, chuva foram se acumulando no decorrer do tempo nas águas dos oceanos, e então as moléculas ali presentes foram se agrupando por afinidade até formarem pequenos moldes para que as células primárias fossem formadas, as chamadas microsferas de proteinoides. Alguns estudos ainda apontam que essas moléculas podem ter sido fonte de energia para as formas de vida iniciais, sendo que a energia é crucial para que um organismo possa conduzir variadas ações, entre elas se reproduzir, passando adiante todas as características que foram adquirindo conforme evoluíram. 8UNIDADE I Botânica A endossimbiose primária foi o primeiro passo para que os cloroplastos surgissem. Nesse processo, um organismo eucarioto (que já possui um núcleo delimitado por uma membrana) engloba um endossimbionte, que no caso das plantas seria uma cianobactéria procarionte (sem núcleo delimitado), que foram os primeiros organismos a realizarem fotossíntese. Mesmo estando dentro de outra célula, ambos formaram uma relação cujo todos se beneficiaram, resultando no estabelecimento e proliferação dessa informação para as demais gerações. Esses organismos que continham agora continham um cloroplasto passaram a desenvolver a capacidade de capturar a luz solar, e transformá-la em energia, se tornando assim seres autotróficos. Estudos complementares indicam que essa primeira endossimbiose ocorreu em algas verdes, vermelhas e nas glaucótitas (MAGALHÃES e NAUER, 2018, RAVEN; EVERT e EICHHORN, 2014). Analises filogenéticas que utilizam caracteres genéticos, indicam que as plantas evoluíram a partir de algas streptophytas (Figura 1). Essas mudanças que ocorreram para que a grande diversidade que conhecemos pudesse acontecer, foram possíveis por processos que mudavam as informações a partir da alteração de sequências dos nucleotídeos, no número de cromossomos ou ainda em sua estruturação, sendo denominadas de mutações. Quando as plantas terrestres surgem, existem indícios de que ocorreu também um aumento de maneira gradual dos níveis de Oxigênio (O2) e a redução de dióxido de Carbono (CO2), culminando no resfriamento do planeta (VRIES e ARCHIBALD, 2018; VEASEY et al. 2011). FIGURA 1 – ALGAS VERDES SIMILARES AS STREPTOPHYTAS 9UNIDADE I Botânica A evolução é muito importante, pois é por meio dela que podemos compreender o presente. Assim como a história conta o passado da humanidade, a evolução conta como que as plantas evoluíram até que conquistasse todos os tipos de ambientes, as mais diversas formas, tamanhos, maneiras de se reproduzirem e até mesmo de interagir entre si e com tudo o que está ao seu redor, além de compreender também as classificações que iremos ver durante os nossos estudos na Botânica. Embora nosso foco não esteja na evolução em si, é fundamental que tenhamos esse conhecimento básico para que então todo o nosso estudo tenha uma sequência que fará com que todas as informações futuras sejam compreendidas. Então, como vimos, por meio do processo evolutivo surgiram células que continham novas estruturações, sendo uma delas o cloroplasto. A partir de agora, vamos conhecer toda maquinaria existente dentro de uma célula vegetal, compreendendo as funções de cada uma delas e também qual a sua importância, mesmo sendo tão pequena, para que o todo aconteça. 10UNIDADE I Botânica 2. ESTRUTURA CELULAR A célula é classificada como sendo procarióticas, sem envoltório nuclear e que ocorre nas bactérias, e eucarióticas, quando o núcleo é organizado, separando o material genético das demais estruturas. Dentre as plantas, existe um número de diversidade celular menor do que em outros organismos, contudo, elas são altamente especializadas para desempenhar funções que serão importantes para a planta como um todo. Elas são organizadas de acordo com os tecidos que serão componentes, sendo eles classificados em três grupos: tecidos vasculares, de sustentação e dérmicos. Vamos entender um pouco sobre as diferenças entre elas para então, conhecermos a estrutura como um todo da célula vegetal. Os tecidos vasculares são aqueles constituídos por células alongadas variadas, que irão compor os vasos condutores (xilema e floema) responsáveis pelo transporte de nutrientes e de água pela planta toda. Nos tecidos de sustentação, existem três tipos de células presentes, as células do parênquima, do esclerênquima e as células do colênquima, tendo como principal característica a parede celular mais espessa, fornecendo assim a sustentação estrutural da planta. E por último, os tecidos dérmicos, que são compostos por células epidérmicas, revestindo a planta como uma camada protetora, e que irá permitir a absorção dos mais variados nutrientes (COOPER e HAUSMAN, 2016). 11UNIDADE I Botânica 2.1 Compreendendo a célula vegetal A célula vegetal é composta por diversas estruturas, e cada uma desempenha funções importantes e vitais para o desenvolvimento da planta. Como podemos observar na Figura 2, diversas são as estruturas que compõem uma célula, e agora, vamos compreender sobre as suas funções para dessa maneira entender o quanto ela é fundamental. FIGURA 2 - ESTRUTURAS DE UMA CÉLULA VEGETAL Fonte: Cooper e Hausman (2016, p. 11). ● Parede Celular: essa estrutura envolve o conteúdo celular, que chamamos de protoplasto (contém o citoplasma e o núcleo). Não é rígida, assim como também não é muito fluída, mas que molda e da forma a célula, passando a ser denominado de exoesqueleto de celulose. Existe um endoesqueleto que é chamadode citoesqueleto, que contém filamentos de actina e microtubos, sendo que ainda nas plantas existe um citoesqueleto adicional nos plastídeos. Nessa estrutura, existem canais que as atravessam e ligam as células umas às outras, os chamados plasmodesmos. ● Citoplasma: é o local em que estão imersas as organelas, tem consistência gelatinosa, que é o plasma fundamental, cujo também é mantido o chamado meio iônico, com bombas de íons que consomem energia em forma de ATP (Adenosina-Trifosfato), equilibrando o pH do citoplasma, tornando-o ideal para que todas as reações metabólicas, como por exemplo a síntese de proteínas, ocorram adequadamente. 12UNIDADE I Botânica ● Membranas plasmáticas: envolvem o protoplasto em seu interior, e ela apresenta uma característica muito relevante que é a seletividade, permitindo passar moléculas não carregadas e água, e excluindo outras substâncias não necessárias. Essa ação é realizada pelas proteínas de transporte que estão presentes em sua composição. Agora, iremos conhecer as organelas, que são as peças fundamentais para o funcionamento da célula através das funções que cada uma desempenha. ● Ribossomos: são pequenas partículas, compostas por subunidade maior e subunidade menor, que podem estar dispersas no citoplasma ou agregadas ao retículo endoplasmático rugoso, que são ribossomos reunidos chamados de polissomos. Eles são complexos ribonucleoproteico, locais em que ocorrem as biossínteses das proteínas e ainda contém RNA. ● Retículos Endoplasmáticos: podem ser classificados em dois tipos, um deles é denominado Retículo Endoplasmático Rugoso, e são complexos parecidos com “sacos achatados”, as cisternas, local onde as proteínas são armazenadas. Já a organela que secreta lipídios é chamada de Retículo Endoplasmático Liso (sem polissomos), e tem um formato mais tubular. ● Complexo de Golgi: estão organizadas em pilhas pequenas de “bolsas”, deno- minados cisternas de Golgi, local em que são recebidos os produtos advindos do Retículo Endoplasmático Rugoso. ● Vacúolos: são grandes compartimentos com formato arredondado, e armazena grande parte do suco celular, além de substâncias que precisam ser armazenadas, pigmentos, metabólitos secundários, produtos tóxicos e resíduos. ● Peroxissomos: vesículas que contém em seu interior enzimas capazes de degradar o peroxido de hidrogênio resultante de reações metabólicas. ● Cloroplastos são compostos por numerosas cisternas que contém clorofila e carotenoides. Nesse local é cujo ocorre a fotossíntese, através da conversão da energia advinda do sol em energia química, sendo que um dos produtos gerados através desse processo é o ATP (Adenosina Trifosfato), fundamental para que a célula funcione de maneira eficaz. 13UNIDADE I Botânica ● Mitocôndrias: são responsáveis pela respiração celular, e possui as chamadas cristas, que são dobras presentes na membrana interna, aumentando assim o local onde as enzimas estarão presentes, e consequentemente todas as reações referentes a elas. ● Núcleo: é a maior das organelas, possui um duplo envoltório que contém poros, mas seu interior é livre para que todo o material genético esteja armazenado ali. Também estão presentes os nucléolos, em que são constituídos os precursores de ribossomos (RAVEN; EVERT e EICHHORN, 2014; BRESINSKY et al., 2012). Depois de compreendermos um pouco mais sobre a estrutura de uma célula vegetal, vamos ver o que acontece quando elas se organizam e, através de suas especialidades, constituam os tecidos vegetais. 14UNIDADE I Botânica 3. TECIDOS VEGETAIS Quando as células se associam entre si de diferentes maneiras, formam estruturas especializadas e funcionais, que denominados por Tecidos. Essas organizações são diversas, mas nas plantas vasculares (que apresentam vasos condutores) algumas delas se sobrepõem e podem ser visíveis. Esses sistemas de tecidos são classificados em três grupos que são muito bem evidenciados nas raízes, caule e folhas (Figura 2). Mas, para que esses sistemas sejam desenvolvidos enquanto a planta ainda é um embrião, inicialmente são antecedidos pelos meristemas primários: prododerme, procâmbio e meristema fundamental, respectivamente originando os sistemas dérmico, vascular e fundamental (sustentação), que vamos conhecer agora. FIGURA 3 - TIPOS DE TECIDOS VEGETAIS 15UNIDADE I Botânica No Sistema Dérmico estão agrupados os tecidos da epiderme, que reveste o corpo externo da planta em seu crescimento primário, e depois no crescimento secundário em que é denominado de periderme. A epiderme (Figura 4) reveste folhas, frutos, sementes e partes das flores. Em raízes e caule elas estão presentes até que seu crescimento alcance o segundo estágio. A disposição das células que compõem os tecidos da epiderme ocorre de maneira compacta, o que garante uma proteção de ações mecânicas. Nas partes aéreas, essas células possuem uma camada que recobre sua parede celular, que é a cutícula, e seu principal papel é garantir uma menor perca de água pelas folhas. Um dos principais constituintes da cutícula é a cera, que garante o aspecto mais brilhante nos frutos e nas folhas. Uma das características mais interessantes é que a epiderme possui uma sensibilidade de perceber a presença e a ausência da luz, controlando os movimentos relacionados ao ciclo circadiano existente na planta, e assim, quando a fotossíntese ocorrerá. FIGURA 4 – EPIDERME Outra célula que compõe esse sistema, são as células-guarda (Figura 5) que regulam os estômatos (estruturas que regulam as trocas gasosas) que se apresentam em maior abundancia na parte aérea da planta. 16UNIDADE I Botânica FIGURA 5 - CÉLULAS-GUARDA O Sistema Vascular (Figura 6) é composto pelos tecidos condutores, o xilema e o floema. O xilema é o responsável pelo transporte de água e sais minerais, além de estar relacionado com a sustentação e o armazenamento de algumas substâncias. As células que se destacam na composição do xilema são os elementos traqueais, sendo divididos em elementos de vaso que apresentam perfurações e os traqueídes, células alongadas que possuem pontuações em suas paredes. O floema é o tecido que conduz substâncias orgânicas como hormônios, aminoácidos, lipídios e sacarose, além do transporte de moléculas sinalizadoras, fundamentais para que todas as informações necessárias se desloquem de um ponto a outro na planta. As células que o compõe em sua grande maioria são os elementos crivados, composto pelas células crivadas e pelos elementos de tubo crivado, e possuem esse nome pois apresentam um conjunto de poros denominados por área crivada, e elas se diferenciam em plantas sem sementes (gimnospermas) e com sementes (angiospermas), pois nas plantas sem sementes as células crivadas são as únicas que conduzem as substâncias orgânicas, enquanto que nas plantas com sementes são encontrados apenas os tubos crivados, que são mais especializadas. Associadas as células crivadas estão as células albuminosas e aos tubos crivados, estão relacionadas as células companheiras, que aparentemente possuem a função de nutrir os elementos crivados (SILVEIRA, 2004). 17UNIDADE I Botânica FIGURA 6 – VASOS CONDUTORES PRESENTES NAS PLANTAS Os Tecidos Fundamentais (sustentação) são compostos por três tipos, o parênquima, o esclerênquima e o colênquima. O parênquima (Figura 7) é o tecido mais predominante dentre os três, possuindo diversas formas e tamanhos, estando presente desde o corpo primário da planta. Essas células podem possuir apenas uma parede primária, sendo que nesses casos são extremamente importantes para a cicatrização e na regeneração, assim como são responsáveis pela origem das raízes adventícias (que nascem nos caules por exemplo). Além disso, elas apresentam a capacidade de totipotencia, quando as células apresentam a capacidade de se transformarem em células embrionárias, capazes de originarem uma nova planta inteira.Também, são capazes de transportar substâncias nutritivas e movimentar a água, até mesmo especializando-se em algumas plantas Cactaceas, para reserva da mesma. 18UNIDADE I Botânica FIGURA 7 – PARÊNQUIMA EM PERSPECTIVA LONGITUDINAL E TRANSVERSAL As células que compõem o esclerênquima (Figura 8) podem se desenvolver em qualquer local da planta, tanto em seu corpo primário quanto no secundário, e como característica principal possui a presença de parede celular secundária, muito espessa e constituída por lignina, o que as configura como sendo de extrema importância para a resistência e a sustentação em locais em que o alongamento já não ocorre mais. Essas células podem ser classificadas como esclereides, quando possuem formas diversificadas e as ramificadas, mais curtas, sendo frequentemente encontradas nos envoltórios de cascas de algumas oleaginosas como as nozes ou no caroço da azeitona como exemplos. As fibras são outro tipo de células, mais alongadas e afiladas, dispostas em feixes. 19UNIDADE I Botânica FIGURA 8 – ESCLERÊNQUIMA EM PERSPECTIVA LONGITUDINAL E TRANSVERSSAL O colênquima (Figura 9) possui células alongadas que contém paredes primárias, espessas, mas de maneira desigual e sem lignina, flexíveis e macias. Esse tecido é encontrado nas proximidades das nervuras em folhas, nos pecíolos e nos caules, sendo que no corpo primário da planta se adapta para que haja uma sustentação, conferindo flexibilidade para que o desenvolvimento da planta ocorra. Elas estão presentes principalmente em tecidos jovens e que estão permanecerão durante o seu desenvolvimento (RAVEN; EVERT e EICHHORN, 2014). FIGURA 9 - COLÊNQUIMA EM PERSPECTIVA LONGITUDINAL E TRANSVERSSAL 20UNIDADE I Botânica 4. FISIOLOGIA DAS PLANTAS 4.1 Fisiologia Vegetal Aprendemos sobre as células vegetais e que quando se organizam entre si formam estruturas as quais chamamos de tecidos, sendo que sua disposição é a base para a formação dos órgãos, que nas plantas são as raízes, caule e folhas. Todos esses componentes vão ser responsáveis por funções que serão importantes para o desenvolvimento da planta, como as trocas gasosas, a fotossíntese, a expressão gênica, entre outros diversos. Essas ações são enquadradas na chamada fisiologia, e agora vamos descobrir um pouco mais sobre ela, para que dessa forma possamos compreender todas as nuances da botânica. Para que a planta cresça, são necessários alguns elementos, como os minerais, a luz solar, a água e do dióxido de carbono presente no ar. Tudo isso permite com que ela se desenvolva de maneira efetiva e não apenas em massa e tamanho, mas também se diferenciando por meio de suas células, tecidos e órgãos. Tudo isso se deve pelas interações que a planta realiza, tanto por fatores externos quanto por fatores internos. A fisiologia está associada a diversas reações, que podem estar relacionadas ao metabolismo por meio da assimilação de nitrato e sulfato, e após, seu transporte através do floema para toda planta; o ganho energético através da decomposição de carboidratos – glicólise, respiração celular e fermentação; a formação de lipídeos de reserva e estruturais, sua mobilização e reserva; a fabricação de metabólitos secundários – possuem características que podem inibir predadores ou atrair polinizadores; a nutrição mineral que garante o desenvolvimento e a propagação das plantas; as relações hídricas, importantes 21UNIDADE I Botânica para que diversos mecanismos aconteçam e principalmente regulando o crescimento da planta, tendo em vista que a agua é grande parte de seu componente; a fotossíntese que é crucial para que a planta, através da sintetização de compostos orgânicos utilizando a energia solar, seja caracterizada como autótrofa (produz seu próprio alimento) como já mencionado. FIGURA 10- FOTOSSÍNTESE E RESPIRAÇÃO CELULAR. A fisiologia está relacionada também ao desenvolvimento, através da diferenciação e do crescimento, que acontecem através de sinais químicos que são chamados de hormônios. Eles podem ser produzidos em tecidos específicos, mas são transportados para os demais que irão gerar respostas fisiológicas altamente especificas, mas também podem ser utilizados nos mesmos tecidos em que são produzidos. Os principais hormônios vegetais são a auxina, o etileno, o ácido abscísico, as giberelinas e as citocininas (Tabela 1). 22UNIDADE I Botânica TABELA 1- PRINCIPAIS HORMÔNIOS VEGETAIS, ORIGEM, LOCAL DE SÍNTESE, COMO SÃO TRANSPORTADOS E QUAIS SUAS PROPRIEDADES 23UNIDADE I Botânica Fonte: Raven, Evert e Eichhorn. (2014, p. 1.195). Todas essas reações que ocorrem na planta são altamente complexas, com inúmeras reações e envolvem diversas interações que são minimamente detalhadas na disciplina de Fisiologia Vegetal. Aqui, pudemos compreender de maneira mais superficial, algumas das atividades que serão muito evidenciadas na disciplina de Botânica. 24UNIDADE I Botânica SAIBA MAIS Para que possamos estar cada vez mais atualizados e agregar cada vez mais informações relevantes ao nosso conhecimento relacionado tanto a Botânica quanto aos demais assuntos, é importante que saibamos onde buscar. Por isso, vamos conhecer o Google Acadêmico, uma plataforma em que você terá acesso aos mais diversos trabalhos de relevância e fonte segura. Acesso o site pelo seguinte link: https://scholar.google.com.br/?hl=pt REFLITA As plantas possuem muitas características similares, tanto em sua composição celular quanto em suas funções fisiológicas. Contudo, elas podem se adaptar ou não aos mais diversos ambientes, desde o mais árido até mesmo na água. Isso se deve a toda a história evolutiva, onde seus descendentes tiveram que se adequar as adversidades que lhes eram conferidas, e assim, todas as estruturas necessárias para a sua sobrevivência foram repassadas pelo seu material genético. Fonte: A autora (2022). https://scholar.google.com.br/?hl=pt 25UNIDADE I Botânica CONSIDERAÇÕES FINAIS Após adquirirmos alguns conceitos básicos, podemos compreender um pouco mais sobre como as plantas conseguem se desenvolver. Vimos nesta primeira unidade como que uma célula pode ser capaz de realizar diversas funções, graças as organelas que a compõe. Mas, também conhecemos um pouco sobre a trajetória da célula até que ela se tornasse parte de um ser vivo, algo que levou milhares de anos para que fosse possível, por meio de muitas interações e adaptações que quando bem-sucedidas se mantiveram e perpetuaram para as novas gerações. Diante das diferenciações que foram acontecendo, graças as mutações, novas formas foram tomando e a diversificação foi se constituindo até o ponto em que novos organismos surgiram. Por meio de uma célula microscópica, a imensidão pode ser vista, com toda a sua maquinaria que exerce atividades a todo o momento, mas que nós nem nos damos conta. Sem essa silenciosa e minúscula, porém frenética e intensa nada teria acontecido. E quando elas se unem, formam algo ainda mais grandioso, que são os tecidos, tomando uma dimensão muito maior e com mais especialidades fundamentais para a sobrevivência da planta, sendo base para a proteção, para a nutrição e para a sustentação. A formação dos órgãos é o ápice dessa escala que conhecemos até o momento, e que podemos contemplar como sendo as raízes, caules e folhas. Então, a fisiologia nos permite compreender mais sobre todas as funções que ocorrem no interior da planta para que seja realizada a manutenção de toda a sua estrutura. Vimos de maneira sucinta um pouco da composição das plantas de uma maneira geral para que possamos nos aprofundar na diversidade existente dentro da botânica, mas há muito além disso, por isso ressalto mais uma vez, se apropriem do conhecimento através da leitura e da aquisição de informações em locais confiáveis. Bons estudos e até a próxima unidade. 26UNIDADE I Botânica LEITURA COMPLEMENTAR Para que possamos nos aprofundare compreender mais sobre a Fisiologia das Plantas, vamos realizar a leitura de alguns trabalhos que nos evidenciam de maneira detalhada sobre alguns dos pontos mais importantes para o desenvolvimento e proteção da planta: a produção de Metabólitos secundários, a Fotossíntese e a Nutrição Mineral. Já parou para pensar como uma planta pode se defender de seus inimigos naturais, competir com as outras plantas pelos recursos que precisam, enfrentar situações que afetam sua sanidade, sendo que elas não conseguem se movimentar e buscar por proteção ou recursos? Essa resposta vem através dos Metabólitos Secundários, e vamos conhecer mais sobre esse fascinante recurso que as plantas utilizam para garantir sua sobrevivência. Fonte: VIZZOTTO, Márcia; KROLOW, A. C. R.; WEBER, Gisele Eva Bruch. Meta- bólitos secundários encontrados em plantas e sua importância. Embrapa Clima Tempera- do-Documentos (INFOTECA-E), 2010. Link de acesso: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/886074/1/documento316.pdf A Fotossíntese, como vimos em nossos estudos, foi a mais importante evolução que ocorreu em células vegetais, garantindo que as mesmas produzam seu próprio alimento. Contudo, para que isso aconteça, existe uma séria de etapas com diversos mecanismos, e são todos esses detalhes que vamos conhecer com a leitura do artigo abaixo. Fonte: KLUGE, Ricardo Alfredo; TEZOTTO-ULIANA, Jaqueline V.; SILVA, Paula P. M. da. Aspectos fisiológicos e ambientais da fotossíntese. Revista virtual de química, v. 7, n. 1, p. 56-73, 2015. Link de acesso: https://rvq-sub.sbq.org.br/index.php/rvq/article/view/996/531 A Nutrição mineral é importante para que diversos mecanismos aconteçam, e assim, o funcionamento dos componentes de uma planta não sejam comprometidos. Para compreender um pouco mais sobre esses minerais, vamos realizar a leitura do artigo abaixo. https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/886074/1/documento316.pdf https://rvq-sub.sbq.org.br/index.php/rvq/article/view/996/531 27UNIDADE I Botânica Fonte: COSTA, Alexandra. Nutrição mineral em plantas vasculares. Escola de Ciência e Tecnologia da Universidade de Évora. Portugal, 2014. Link de acesso: https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/12007/1/NUTRI%- c3%87%c3%83O%20MINERAL%20DAS%20PLANTAS%20VASCULARES.pdf https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/12007/1/NUTRI%c3%87%c3%83O%20MINERAL%20DAS%20PLANTAS%20VASCULARES.pdf https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/12007/1/NUTRI%c3%87%c3%83O%20MINERAL%20DAS%20PLANTAS%20VASCULARES.pdf 28UNIDADE I Botânica MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Tratado de Botânica de Strasburger Autor: Andreas Bresinsky et al. Editora: Artmed Sinopse: Neste livro é possível compreender de maneira aprofundada sobre as células vegetais e suas organelas, com detalhamento de todas as atividades executaras por elas. Os processos relacionados com a Fisiologia são muito bem discutidos com todas as funções e como ocorrem. FILME/VÍDEO 1 Título: Como surgiram as plantas (fotossíntese) Ano: 2020. Sinopse: Nesse vídeo é possível compreender sobre como a fotossíntese contribui para que o planeta Terra fosse habitat de tantas vidas. Aqui, será possível entender como esse processo tão complexo e importante iniciou e revolucionou tudo. Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=b9sfQZrK8jQ FILME/VÍDEO 2 Título: De onde vem as células (eucariotos) Ano: 2019. Sinopse: Breve histórico de como as células eucarióticas (com envoltório nuclear) foram constituídas. Nesse vídeo é possível aprofundar mais no assunto Evolução, de uma maneira dinâmica e de fácil entendimento. Link de acesso: youtube.com/watch?v=vSpsk4F3muU 29 Plano de Estudo: ● Briófitas – Características gerais e ciclo reprodutivo; ● Pteridófitas – Características gerais e ciclo reprodutivo; ● A evolução das sementes; ● Gimnospermas – Características gerais e ciclo reprodutivo. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar as sementes; ● Compreender os grupos de plantas: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas; ● Estabelecer a importância desses grupos e das sementes. UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas Professora Mestra Cíntia Zani Fávaro Polonio 30UNIDADE I Botânica 30UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas INTRODUÇÃO Olá alunos (as), sejam bem-vindos (as) a nossa segunda unidade da disciplina de Bo- tânica! Em nossa unidade anterior, compreendemos diversos conceitos essenciais para que possamos nos aprofundar nos grupos de plantas existentes. Ao todo, são quatro categorias que englobam plantas com características similares, sendo elas as: Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas. Em um primeiro momento, vamos conhecer mais sobre os três primeiros grupos, como é a composição de cada uma, como elas se reproduzem e todos os atributos que as classificam como sendo pertencentes a essas classes. As briófitas são consideradas, através dos estudos evolutivos, muito similares as primeiras plantas existentes no planeta Terra, o que evidencia sua grande importância na compreensão de como ocorreram todas as adaptações necessárias para que novas características fossem surgindo e assim, pudessem delinear todo o curso evolutivo que garantiu a grande diversidade presente em todos os locais possíveis. As pteridófitas se destacam por serem as primeiras a apresentarem o aparecimento dos vasos condutores, o xilema e o floema, e são consideradas o segundo grupo diante da escala evolutiva, permitindo com que pudessem atingir tamanhos muito maiores do que as briófitas. Pensando nessa sequência, precisamos nos aprofundar e conhecer mais sobre o surgimento das sementes, que ocorre a partir das plantas agrupadas como gimnospermas. Essa característica é um divisor de águas no modelo reprodutivo das plantas, que será totalmente diferente das briófitas e das pteridófitas. Já as angiospermas serão apresentadas a vocês em nossa próxima unidade, tendo em vista as muitas mudanças evolutivas apresentadas por esse grupo. Esses grupos são ainda classificados como criptógamas e fanerógamas. As criptógamas são assim denominadas pois não apresentam estruturas reprodutivas de maneira visível, sendo possível sua visualização apenas com o auxílio de microscópio, sendo chamados de vegetais intermediários, e seus representantes são as briófitas e as pteridófitas. Já as fanerógamas apresentam suas estruturas reprodutivas muito aparentes, e são chamadas de vegetais superiores, e nessa classificação estão presentes as gimnospermas e angiospermas. 31UNIDADE I Botânica 31UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas Sendo assim, vamos agora conhecer mais sobre esses três grupos de plantas e todas as suas características. Nos aprofundar nesses aspectos é importante para que possamos compreender sobre a diversidade, o papel ecológico e como podemos utilizar essas plantas de maneira consciente e sustentável, para contribuir com a humanidade sem impactar de maneira negativa nosso ecossistema. As plantas são essenciais para o equilíbrio da natureza, e podem apresentar soluções para diversos problemas existentes, por isso precisamos ter a consciência de como devem ser utilizadas e preservadas, sem que ocorram explorações desenfreadas e que podem ser irreversíveis, causando grandes danos ao planeta como um todo. 32UNIDADE I Botânica 32UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 1. BRIÓFITAS - CARACTERÍSTICAS GERAIS E CICLO REPRODUTIVO 1.1 Briófitas – Características gerais e ciclo reprodutivo As briófitas são também conhecidas como plantas talosas (não é possível diferenciar o cauloide do folóide - vamos conhecer esses conceitos em breve) ou folhosas (apresentam uma estrutura diferenciada com caules e folhas não verdadeiras). Essas plantas possuem uma importância muito grande, pois armazenam uma quantidade muito significativa de gás carbônico, apresentandoum papel fundamental no ciclo do carbono. Existem também algumas plantas que apresentam propriedades antibióticas, como a briófita hepática Marchantia polymorpha, e outras plantas consideradas medicinais. Existem evidências que apontam semelhanças entre as briófitas e as primeiras plantas a aparecerem no planeta. Características como a retenção de água que pode ser até 12 vezes maior do que o peso seco dessas plantas, permitem com que a germinação de sementes que caem em solos em que as briófitas estão presentes, isso porque o processo de germinação, que será elucidado ainda neste capítulo, em sua grande maioria necessita da presença de água. Esse pode ter sido um dos requisitos fundamentais para o desenvolvimento e a diversificação das plantas superiores. Ainda, através dessa característica advém um papel ecológico, pois através dessa absorção de água há um retardo no processo erosivo dos solos, podendo ser utilizada em locais onde tal evento ocorra ou que tenham características favoráveis a ele como solos argilosos e arenosos. 33UNIDADE I Botânica 33UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas A característica que agrupa essas plantas é por serem avasculares, ou seja, elas não possuem os vasos condutores – xilema e floema, e por conta disso apresentam um tamanho reduzido, atingindo o máximo de 30 centímetros. Contudo, elas apresentam estruturas em suas células que permitem a condução de água e nutrientes que são os plasmodesmos, composto por um desmotúbolo. A sua morfologia é constituída por fílidios – semelhante as folhas; caulídeos – semelhante aos caules e rizoides – semelhante a raízes. A seta é importante pois eleva a cápsula (armazena os esporos) para que os esporos possam ser dispersos de maneira mais eficaz (CHAN et al., 2022). FIGURA 1 – ESTRUTURA BÁSICA DAS BRIÓFITAS A reprodução sexuada (quando há a formação de um zigoto a partir da fecundação de um gameta feminino por um gameta masculino) também é diferenciada, pois ela depende da água para acontecer. Isso porque o gameta masculino, denominado por anterozoide (produzido no órgão anterídio) possui um flagelo em sua estrutura, e sua locomoção precisa ser no ambiente aquático. O gameta feminino das briófitas se chama oosfera (produzido no órgão arquegônio), quando se unem, formam um zigoto que irá se multiplicar e formar os esporófitos. Essa primeira fase é denominada por haplodiplobionte pois cada gameta possui a metade do número de cromossomos (haploides) e ocorre de maneira independente. Assim que isso ocorre, a próxima fase se inicia, sendo chamada de esporofítica, com a união dos gametas, o zigoto terá o número total de cromossomos necessários para o desenvolvimento (diploide), essa mudança de fases se chama alternância de geração. 34UNIDADE I Botânica 34UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas FIGURA 2- CICLO REPRODUTIVO DAS BRIÓFITAS Sua distribuição ocorre em diversos locais do mundo, tendo preferência por locais úmidos e com sombra, em muros de casas que tenham essa condição por exemplo são muito comuns, mas também em locais de altitude muito elevada, até mesmo em baixíssimas temperaturas, demonstrando o quanto podem ser adaptáveis aos mais diversos locais. Existem cerca de 20.000 espécies de briófitas em todos o mundo, que são distribuídos em três grupos, sendo eles: os Antóceros, as Hepáticas e os Musgos. Vamos compreender mais sobre as características que diferenciam essas plantas. 1.2 Antóceros (Anthocerotophyta) Esse grupo é constituído por aproximadamente 300 espécies distribuídas em 11 gêneros. São multilobados e talosos, sendo que seu esporófito é permanente com crescimento que não cessa, além do mais, não apresentam as setas. A característica que evidência esse grupo é a morfologia dos esporos, que apresenta uma ornamentação diferenciada dos demais. 35UNIDADE I Botânica 35UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas FIGURA 3 - ANTÓCEROS 1.3 Hepáticas (Marchantiophyta) Essas plantas apresentam tamanhos pequenos e esse nome, hepática, remete a semelhanças entre o gametófito com a forma de fígado. Existem aproximadamente 5.200 espécies, com três tipos principais e que são agrupadas de acordo com suas estruturas em dois clados. Em um deles, estão as hepáticas talosas simples e folhosas e o outro são as hepáticas talosas complexas com diferenças nos tecidos internos, e seus talos crescem paralelos ao solo. FIGURA 4 - HEPÁTICAS 36UNIDADE I Botânica 36UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 1.4 Musgos (Bryophyta) Essa é a maior classe das briófitas, com mais de 10.000 espécies divididas em três grupos que possuem estruturas de formas, gametófitos e tamanhos variados, sendo eles: Andreaidae (musgos-de-granito); Brydiae (musgos verdadeiros) e Sphagnidae (musgos- de-turfeira). FIGURA 5 - MUSGOS 37UNIDADE I Botânica 37UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 2. PTERIDÓFITAS - CARACTERÍSTICAS GERAIS E CICLO REPRODUTIVO 2.1 Pteridófitas – Características gerais e ciclo reprodutivo Essas plantas, diferentemente das briófitas, apresentam vasos condutores (xilema e floema), mas não possuem sementes, frutos e flores. Atualmente, a nomenclatura Pteridófita não é difundida no âmbito científico, pois, para fins de organização existem parâmetros relacionados a evolução. Esse grupo de plantas é considerado parafilético, isso significa que elas não possuem um ancestral comum (monofilético), dessa forma, atualmente são denominadas por Licófitas e Samambaias. Contudo, como essa é uma mudança relativamente nova, vamos tratar em nossos estudos como sendo Pteridófitas, mas sabendo que existe uma nova denominação. A distribuição geográfica dessas plantas ocorre em praticamente todos os ambientes, contudo, conforme a área está mais próxima aos trópicos há um aumento muito grande na diversidade de espécies em comparação com outros locais onde elas estão presentes. Uma grande diferenciação entre essas plantas e as briófitas, é o surgimento dos vasos condutores, xilema e floema, o que permite uma nova dinâmica de distribuição tanto dos nutrientes, quanto de outras substâncias por toda a planta. As plantas mais conhecidas deste grupo são as avencas, licopódios, samambaias e cavalinhas, sendo esta última considerada um “fóssil vivo”, pois são extremamente antigas e praticamente não se modificaram durante o processo evolutivo. A morfologia das samambaias e das licófitas se baseiam em raiz, folhas (frondes) e rizoma (caules), mas possuem diferenças entre si que serão destacadas nos tópicos referentes a cada uma delas. 38UNIDADE I Botânica 38UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas Como já vimos, quanto a distribuição ambiental, ambas podem ser encontradas nos mais diversos tipos de clima, dando preferência a locais em que se tenha acesso facilitado a água. O ciclo reprodutivo de ambas é semelhante, o que as diferencia é o posicionamento dos esporângios – licófitas apresentam entre o caule e as folhas (axila) e as samambaias apresentam um aglomerado desses esporângios os quais chamamos de soros, embaixo de sua folha (Figura 6). FIGURA 6 - CONJUNTO DE ESPORÂNGIOS (SOROS) EM SAMAMBAIAS A reprodução em samambaias e licófitas é sexuada (envolve troca de gametas) e ocorre de maneira diplobionte a partir da alternância de geração, com uma fase gametofítica e outra fase esporofítica. O esporófito, que é a estrutura formada da planta, quando madura produz os esporângios que contém em seu interior os esporos, e essas “bolsas” possuem uma estrutura chamada de ânulo (células que formam uma linha espessa). Quando há uma mudança climática relacionada com a umidade, essas células se comprimem pela falta de água, e então são rompidas, liberando os esporos que serão distribuídos pela ação dos ventos, e poderão germinar quando o ambiente apresentar as característicaspropícias, formando o protalo que ao se desenvolver se tornará o gametófito. Esses gametófitos possui um tamanho pequeno e contém as estruturas sexuais (Femininos- arquegônio que 39UNIDADE I Botânica 39UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas produz as oosferas (n). Masculino- anterozoide que produz os anterozoides (n)), podendo apresentar ambas estruturas ou apresentar apenas uma delas. Essa fase é chamada gametofítica, pois envolvem os gametas e necessita de água para ser bem-sucedida, isso porque os anterozoides possuem flagelos que permitem sua locomoção até atingir a oosfera. Quando a fecundação acontece, forma-se o zigoto (2n), e o gametófito permanecerá até que as primeiras folhas se desenvolvam e depois morre. O zigoto passa por diversas divisões mitóticas forma um novo esporófito composto por raiz, folhas e rizomas. FIGURA 7 - CICLO REPRODUTIVO LICÓFITAS E SAMAMBAIAS Algumas plantas podem apresentar reprodução assexuada por meio da propagação vegetativa ou por apomixia. A propagação vegetativa ocorre através da formação de gemas que se desenvolvem e originam uma nova planta idêntica a planta mãe, e quando são dispersas no solo tornam-se independentes e se desenvolvem. Já a apomixia ocorre de maneira mais ampla em plantas que não possuem acesso a água. Nesses casos, os esporos já são diploides e quando germinam formam o gametófito que já produz um esporófito composto por raiz, folhas e rizoma (PEREIRA, 2003). Vamos conhecer agora mais sobre esses dois grupos que apresentam algumas características diferentes entre si. 40UNIDADE I Botânica 40UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 2.2 Licófitas (Lycopodiaceae) As licófitas apresentam microfilos, que são folhas diminutas e em formato espiralado, dotadas de apenas um esporângio por microfilo (homosporada), que está localizado em sua superfície. Essas folhas estão interligadas ao caule que é composto por vasos condutores (xilema e floema). São aproximadamente 1.338 espécies distribuídas em três grupos: Isoetales, Lycopodiales e Selaginellales. Algumas espécies possuem características medicinais, como Lycopodyum clavatum que pode combater infecções urinárias por exemplo (CHAN et al., 2022). FIGURA 8 - LICÓFITA 2.3 Samambaias (Monilophyta) Nesse agrupamento existem cerca de 10.578 espécies, sendo a ordem Polypodiales detentora da maior parte de plantas. A morfologia das samambaias é muito característica, pois suas folhas são grandes (megafilos), em que encontram-se os esporângios (em grandes quantidades em uma única folha), contendo ramificações de nervuras, e estão unidas ao caule. Essas folhas nascem espiraladas e enroladas, podendo ter formatos 41UNIDADE I Botânica 41UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas diferentes depois de seu desenvolvimento (reticuladas, lineares ou furcadas), sendo essa uma característica utilizada para poder identificar qual a espécie da samambaia. Essas plantas se desenvolvem muito bem em locais no qual a vegetação é muito densa, e essa é uma característica que surgiu por conta da evolução também. Com o estabelecimento de novas plantas e a formação de florestas, o acesso das samambaias a locais em que a incidência solar é alta não foi mais algo facilmente acessível, dessa forma, elas passaram a se desenvolver a sombra das demais plantas, onde estabeleceu seu habitat (CHAN et al., 2022). FIGURA 8 – SAMAMBAIAS PRESENTES DENTRO DA FLORESTA 42UNIDADE I Botânica 42UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 3. A EVOLUÇÃO DAS SEMENTES 3.1 A evolução das sementes Como vimos, o surgimento dos vasos condutores é um grande marco para as plantas, permitindo com que as mesmas pudessem ter mudanças fisiológicas e anatômicas que as favorece no ambiente onde estão inseridas. Com o passar das evoluções, algumas plantas vasculares, que apresentam xilema e floema, começaram a apresentar uma nova forma de reprodução, a partir das sementes. Essa é uma característica que garantiu uma maior dispersão das plantas que as possui, e consequentemente uma quantidade de plantas mais elevada, culminando em uma dominância das mesmas em diversos ambientes. Isso se deve principalmente porque as sementes possuem estruturas muito bem delineadas e com o objetivo primordial de proteger e nutrir o embrião que abriga, muito diferente das plantas que se reproduzem por esporos como vimos até esse momento. As sementes podem permanecer em estado de latência até que o ambiente estar de acordo com todas as necessidades que ela necessita para germinar, nesse caso é utilizado o termo “dormência”, e quando a semente inicia o processo de germinação, diz-se que houve uma “quebra de dormência”, que pode ser induzida de diversas formas, estando associadas principalmente ao ambiente em que a planta está inserida. A água é um dos recursos mais importantes nesse momento, mas algumas sementes precisam de outros fatores como o frio, o fogo ou até mesmo por escarificação mecânicas. Algumas precisam ser ingeridas por animais (pássaros e mamíferos como morcego, anta, cotia). 43UNIDADE I Botânica 43UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas Mas então, o que acontece de diferente no processo reprodutivo para que as sementes sejam formadas? Todas as plantas possuem órgãos reprodutivos feminino e masculino, podendo estar presentes na mesma planta ou separadas. Aqui, os megagametófitos dão origem aos gametófitos femininos e os microgametófitos originam os gametófitos masculinos, dessa forma classificamos essas plantas como heterosporadas, ou seja, os gametófitos se desenvolvem na parede dos esporos. No quadro 1, podemos observar quais foram os eventos responsáveis pela evolução desses óvulos. FIGURA 9 - SEMENTES QUADRO 1 - EVOLUÇÃO DO ÓVULO Fonte: Raven e Susan. (2014. p. 812). ● Retenção dos megásporos no interior do megasporângio, que carnoso e chamado de nucelo nas plantas com semente – em outras palavras, o megasporângio não libera os esporos; ● Redução do número de células-mãe de megásporo para uma em cada megasporângio; ● Sobrevivência de apenas um dos quatro megásporos produzidos pela célula-mãe de esporo, deixando um único megásporo funcional dentro do megasporângio; ● Formação de um megagametófito no interior do único megásporo funcional – ou seja, formação de um megagametófito endospórico (dentro da parede do esporo), que não é mais de vida livre e fica retido dentro do megasporângio; ● Formação de um tegumento que recobre completamente o megasporângio, exceto por uma abertura no seu ápice chamada de micrópila; ● Modificação do ápice do megasporângio para receber micrósporos ou grãos de pólen. 44UNIDADE I Botânica 44UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas As plantas que apresentam essas características são classificadas como sendo epermatófitas, englobando as gimnospermas e angiospermas. Dessa forma, as sementes vão apresentar algumas características que diferenciam ambos os grupos, como a localização dos óvulos que nas gimnospermas está presente no saco embrionário, e nas angiospermas no arquegónio. As sementes em gimnospermas são nuas pois não possuem frutos, já nas angiospermas as sementes são protegidas, pois se localizam dentro dos frutos. Agora, vamos conhecer mais sobre as gimnospermas e posteriormente sobre as angiospermas (Capítulo 3), e durante nossos estudos novas informações sobre as sementes serão complementares. O que precisa ser entendido é que as sementes são consideradas uma evolução muito importante para o estabelecimento da diversidade das plantas. 45UNIDADE I Botânica 45UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 4. GIMNOSPERMAS - CARACTERÍSTICAS GERAIS E CICLO REPRODUTIVO 4.1 Gimnospermas – Características gerais e ciclo reprodutivo As gimnospermas são plantas que apresentam como característica principal e que confereo nome ao grupo (gimnós – nu; sperma – semente) seus óvulos e sementes expostas, ou seja, essas estruturas não estão protegidas por um envoltório, que chamamos de fruto. Dessa forma, a organização dessas plantas é dividida em quatro filos: Ginkgophyta, Gnetophyta, Cycadophyta e Coniferophyta. FIGURA 10 – CICLO REPRODUTIVO DAS GIMNOSPERMAS, COM A REPRESENTANTE CONIFEROPHYTA. GINKGOPHYTA E CYCADOPHYTA APRESENTAM ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADAS QUE SERÃO DESTACADAS POSTERIORMENTE 46UNIDADE I Botânica 46UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas A reprodução nessas plantas apresenta evoluções a partir do que conhecemos das briófitas e pteridofitas. Uma delas é a independência de água para que a fecundação ocorra, isso porque o microgametófito, ainda não completamente desenvolvido e chamado então de grão de pólen, é integralmente carregado (em sua grande maioria pelo vento) até o megagametófito (dentro do óvulo), a esse processo chamamos de polinização. Depois disso, o microgametófito que já está próximo de seu alvo, irá produzir o chamado tubo polínico, uma extensão, chegando até ao megagametófito que possui uma abertura tegumentar (micrópila) onde ocorrerá a fecundação. O ciclo de vida das gimnospermas possui alternância de gerações (diplobionte), então temos aqui uma fase gametofítica (haploide (n)) e outra fase esporofítica (diploide (2n). O megagametófito (gametófito feminino) se desenvolve a partir de um megásporo funcional, localizado dentro de um megasporângio. Os elementos responsáveis pela reprodução são organizados em estruturas chamadas estróbilos (cones), e pode ser composto por um eixo de esporofilos (estróbilo simples) ou formado por escamas ovulíferas (estróbilo composto). FIGURA 11 – ESTRÓBILOS SIMPLES E COMPOSTO A estrutura dessas plantas é dividida em raiz, caule e folhas e como já vimos algumas dessas folhas são modificas para a formação dos estróbilos, assim como vasos condutores (xilema e floema). 47UNIDADE I Botânica 47UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas FIGURA 12 - ESTRUTURA DAS GIMNOSPERMAS A partir de agora, vamos conhecer os grupos que compõem as gimnospermas: Ginkgophyta, Gnetophyta, Cycadophyta e Coniferophyta. 4.1.1 Ginkgophyta O representante deste grupo que ainda está presente na natureza é a espécie Ginko biloba, sendo que há um vasto registro fóssil de outras plantas que foram extintas. Essas plantas são encontradas em maior abundância nos ambientes no Japão e na China, mas pode se desenvolver em outros locais. É uma árvore ramificada, decídua (perdem suas folhas em determinada estação), com folhas em formato de leque, podendo alcançar grandes alturas, dioicas (sexos separados). A fecundação dos óvulos ocorre a partir da sua liberação pela planta e os microgametófitos formam um sistema haustorial com ramificações, que se desenvolvem a partir do tubo polínico, e onde são formadas as estruturas saculiformes que quando maduras apresentam dois gametas masculinos, e quando rompida essa estrutura, ambos nadam até atingirem a oosfera e assim ocorre a fecundação. Essa planta é muito difundida no âmbito medicinal, principalmente na China. 48UNIDADE I Botânica 48UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas FIGURA 13 - FOLHAS DE GINKO BILOBA 4.1.2 Gnetophyta As Gnetófitas são representadas por três gêneros, sendo eles Ephedra, Welwitschia e Gnetum, que juntas, totalizam aproximadamente 75 espécies apresentando características morfológicas muito diferentes dos demais grupos, contudo, apesar de serem muito distintas em suas formas, estudos moleculares indicam que todas essas plantas são monofiléticas (possuem apenas um ancestral comum). FIGURA 14 - WELWITSCHIA MIRABILIS É A ÚNICA REPRESENTANTE DO GÊNERO WELWITSCHIA. ELA POSSUI PARTE DO SEU CORPO ENTERRADO, COM APENAS UM DISCO CAULINAR E SUAS FOLHAS EMERGENTES NO SOLO 49UNIDADE I Botânica 49UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 4.1.3 Cycadophyta As cicadófitas são classificadas em 11 gêneros que compreendem aproximadamente 300 espécies. Elas são encontradas em regiões subtropicais e tropicais, e podem alcançar alturas de até 18 metros ou mais. Suas folhas são em sua grande maioria composta e pinada, se assemelhando com algumas palmeiras, e são dioicas (sexos separados). Quanto a reprodução, é semelhante com a as Ginkgophitas, com a formação do hautório a partir do tubo polínico, mas sua polinização ocorre principalmente com a ajuda de insetos. Uma característica muito própria de algumas plantas é o aparecimento das raízes acima do solo (raízes coraloides). Os besouros são os principais polinizadores dessas plantas. FIGURA 15 – EXEMPLO DE CICADÓFITA 50UNIDADE I Botânica 50UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas 4.1.4 Coniferophyta Esse é o grupo das gimnospermas com maior destaque, principalmente do ponto de vista ecológico, pois foram em determinado período as mais abundantes espécies do planeta, e por conta disso apresenta uma importância muito grande para os mais diversos biomas. Possuindo 70 gêneros e cerca de 630 espécies, sua distribuição é muito ampla e diversificada, não estando presente apenas na Antártida. Dentre as plantas vascularizadas, a maior de todas é uma Coniferophyta, a sequoia, que podem atingir até 115 metros de altura. Elas apresentam uma gama muito grande de ramificações foliares, que são simples e organizadas em pequenos ramos. Essas folhas são resistentes as secas, apresentando uma cutícula muito eficaz. Quanto a sua reprodução, elas se defirem por terem o tubo polínico desenvolvido dentro do aparato arquegonial, dessa forma os gametas masculinos já são alocados diretamente na oosfera. FIGURA 16 – SEQUOIAS 51UNIDADE I Botânica 51UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas SAIBA MAIS O que é vigor da semente e qual a sua importância para a agricultura? O vigor está relacionado com a presença de atributos que vão garantir com que a semente consiga germinar, emergir e se estabelecer como uma plântula, nas mais diversas condições ambientais as quais possa estar submetida. Dessa forma, o vigor é importante para a agricultura pois permite um estabelecimento mais rápido e uniforme da população, e então o desempenho da mesma será muito favorável. Fonte: KRZYZANOWSKI, Francisco C.; FRANÇA-NETO, J. B. Vigor de sementes. Londrina: Embrapa Soja, 2001. REFLITA “A germinação, que ocorre quando as sementes estão maduras e se as condições ambientais forem adequadas, é o processo de reativação do crescimento do embrião, culminando com o rompimento do tegumento da semente e o aparecimento de uma nova planta. As condições básicas requeridas para a germinação das sementes são a água, o oxigênio, a temperatura (20°C a 30ºC) e, para algumas espécies, a luz” (FLOWLER e BIANCHETTI, 2000, p. 05). Fonte: FOWLER, A. J. P.; BIANCHETTI, A. Dormência em sementes florestais. Colombo: Embrapa Flo- restas, 2000. 27p. 52UNIDADE I Botânica 52UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste segundo capítulo, pudemos compreender mais sobre as características que são intrínsecas a três grupos de plantas: as briófitas, as pteridófitas e as gimnospermas. A partir dessas informações, é possível entender mais sobre a história da evolução que as plantas sofreram durante muitos anos. As briófitas são plantas que nos remetem a uma fase de desenvolvimento, em que as estruturas presentes vão se adequando as necessidades elementares para a sobrevivência e a sua reprodução. Tudo está interligado, como vimos a morfologia das briófitas são simples e rudimentares, estando compatíveis com todo o seu funcionamento. Elas ainda não apresentam vasos condutores, mas possuem elementos que garantem os mecanismos mais importantes para sua nutrição. Sua reprodução ainda é simplificada, mas funcional na garantiade sua propagação na natureza. As pteridófitas já surgem com uma novidade evolutiva, que são o xilema e o floema, o que conferiu a mesma muitas inovações quanto à sua fisiologia e estruturas celulares. A reprodução das mesmas já possui algumas mudanças e certa complexidade, com a formação de gametas masculinos e femininos, não apresentando uma grande diversidade, pois possui apenas dois grupos. Mas, percebemos muitas evoluções nessas plantas que vão se intensificando com o tempo. O surgimento das sementes é um marco quando se fala sobre o quanto esses organismos foram se especializando e tornando sua sobrevivência, propagação e diversificação cada vez mais incríveis e altamente complexas. As sementes podem parecer tão simples, mas foram capazes de garantir um marco na evolução das plantas, as quais são agrupadas em gimnospermas e angiospermas. As gimnospermas apresentam além do xilema e do floema desenvolvidos como contam com as sementes. Seu ciclo reprodutivo é mais complexo e podem ter diferenças entre os grupos. A diversidade já começa a ser mais evidenciada, ainda mais quando conhecemos um pouco mais sobre as plantas e suas características, algumas contemplando morfologias até mesmo incomuns. Todo conhecimento adquirido neste capítulo é fundamental para que possamos compreender todas as plantas, pois apesar de serem distribuídas em diferentes grupos, a interação que elas possuem é intensa e dinâmica, e vai além de ser entre si, se estendendo aos demais elementos que estão presentes ao seu redor. No próximo capítulo, vamos conhecer as angiospermas que possuem uma diversidade muito grande, assim como sua complexidade. 53UNIDADE I Botânica 53UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas LEITURA COMPLEMENTAR As briófitas são plantas que apresentam uma composição que pode parecer básica, e muitas vezes suas funções não são muito bem conhecidas. Dessa forma, é importante compreender o papel delas na natureza, e o quanto podem contribuir para diversas situações que as vezes passam despercebidas. Fonte: OLIVEIRA, Reggláucia Rodrigues de; ANDRADE, Ivanilza Moreira de. Brió- fitas em unidades de conservação: Uma análise cienciométrica. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, v. 10, n. 8, pág. e4610816940-e4610816940, 2021. Link de acesso: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/16940/15192 Plantas podem ser bioindicadores muito eficientes para a conservação da natureza como um todo, podendo ser utilizadas de muitas maneiras. As pteridófitas são utilizadas como indicadoras de estágios sucessionais, que é a formação de florestas, para licencia- mentos ambientais. Fonte: DELLA, Aline Possamai; FALKENBERG, Daniel de Barcellos. Pteridófitas usadas na legislação como indicadoras de estágios sucessionais no Estado de Santa Ca- tarina, Brasil. Hoehnea, v. 46, 2019. Link de acesso: https://www.scielo.br/j/hoehnea/a/w8KPhLV3vjkGNdzFkDTPk7m/?- format=pdf&lang=pt https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/16940/15192 https://www.scielo.br/j/hoehnea/a/w8KPhLV3vjkGNdzFkDTPk7m/?format=pdf&lang=pt https://www.scielo.br/j/hoehnea/a/w8KPhLV3vjkGNdzFkDTPk7m/?format=pdf&lang=pt 54UNIDADE I Botânica 54UNIDADE II Diversidade: Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Biologia Vegetal Autor: RAVEN, Peter H.; EVERT, Ray F.; EICHHORN, Susan E. Editora: Guanabara Koogan Sinopse: O livro Biologia Vegetal aborda todas as informações necessárias para compreender as plantas de uma maneira aprofundada e completa, desde o início e passando por todas os detalhes da composição de cada grupo. FILME/VÍDEO 1 Título: Bôtanica - Planta Briófita Ano: 2019. Sinopse: Este vídeo mostra um pouco sobre as briófitas e suas características com diversas imagens exemplificando tudo o que vimos em nossos estudos. Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=ecVxpsIK_wc FILME/VIDEO 2 Título: Botânica - Plantas Pteridófitas Ano: 2020. Sinopse: As pteridófitas podem estar presentes em nosso cotidiano, mas, muitas vezes não nos atentamos as caracteríticas que tornam elas únicas. Nesse vídeo vamos observar e entender as pteridófitas. Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=MrowQ8W- z7Es FILME/VIDEO 3 Título: Bôtanica - Plantas Gimnospermas Ano: 2020. Sinopse: As gimnospermas são plantas muito importantes e que apresentam sementes, uma novidade evolutiva muito importante para as plantas. Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=c-c89VU2TjE 55 Plano de Estudo: ● Características gerais e ciclo de vida; ● Evolução das angiospermas; ● Raiz, caule, folha, flor, fruto e semente; ● Polinização e fecundação. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar os grupos de Angiospermas; ● Compreender os tipos de Angiospermas; ● Estabelecer a importância da diversidade em Angiospermas. UNIDADE III Angiospermas Professora Mestra Cíntia Zani Fávaro Polonio 56UNIDADE III Angiospermas INTRODUÇÃO Olá queridos (as) alunos (as), sejam muito bem-vindos (as) ao nosso terceiro capitulo, no qual iremos conhecer mais sobre o quarto e maior grupo de plantas, as angiospermas. Como vimos nos capítulos anteriores, as briófitas, pteridófitas e gimnospermas apresentam características que as agrupam, e isso é possível por conta da complexidade que essas novas estruturas apresentam em cada grupo que vamos conhecendo. As angiospermas são responsáveis pela grande diversidade de plantas que conhecemos, e isso se deve principalmente as novas habilidades adquiridas e repassadas para as próximas gerações. Nesse grupo, surgem as flores e os frutos, sendo esses órgãos fundamentais para a reprodução das angiospermas e para a proteção das sementes. Além disso, existem outras novidades evolutivas que são precursoras da adaptabilidade e do sucesso dessas espécies no planeta terra. Dentre os grupos que representam as angiospermas, estão as plantas mais conhecidas e aquelas que mais são empregadas em atividades relevantes aos seres humanos, como a agricultura e a farmacologia por exemplo. Nesta unidade, além de conhecermos as características gerais, ciclo reprodutivo e diversidades existentes entre as angiospermas, vamos também compreender sobre as estruturas que se destacam nessas plantas, sendo elas as raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes. Entender esses pontos permite com que saibamos de maneira integral como cada parte é importante no funcionamento das plantas, assim como compreendemos também sua relevância ecológica diante de todas as funções executadas. Por fim, a polinização será compreendida de uma maneira superficial, mas destacando toda sua importância para a manutenção da natureza como um todo, pois através dessa interação entre planta e polinizadores, as plantas conseguem ser distribuídas nos mais diversos habitats. Essa função é associada às angiospermas pois os insetos, pássaros e mamíferos que são atraídos pelas majestosas flores. A partir de agora, vamos conhecer mais sobre as angiospermas e todas as suas peculiaridades tão intrigantes e magnificas. 57UNIDADE III Angiospermas 1. CARACTERÍSTICAS GERAIS E CICLO DE VIDA 1.1 Características gerais e ciclo de vida As angiospermas são plantas que apresentam, além dos vasos condutores e sementes (contidas em um carpelo), uma estrutura reprodutiva exclusiva responsável pela formação destas últimas, que são as flores, e também os frutos. Este é o maior grupo de plantas, contendo aproximadamente 300.000 espécies que apresentam uma grande diversidade de características físicas (árvores de diferentes tamanhos, gramíneas, cactos, arbustos), ambientais, assim como ciclos reprodutivos diferenciados. No entanto, mesmo apresentando essas diferenças, as características chamadas evolutivas (sinapomorfias) estão presentes em todos os membros, dessa forma as angiospermas são um grupo monofilético (derivam de um ancestral comum). 58UNIDADE III Angiospermas FIGURA 1 - FLORES SÃO A PRINCIPAL CARACTERÍSTICADESTE GRUPO As angiospermas são classificadas em quatro grupos: Monocotiledôneas, Eudicotiledôneas, Grado ANA e Magnoliídeas. Antes de nos aprofundar nestes grupos, vamos compreender sobre a reprodução das angiospermas como um todo, destacando as diferenças existentes posteriormente. Essas plantas produzem as sementes com o objetivo de que as mesmas sejam dispersadas e assim germinem em local favorável. O início de tudo ocorre com a formação de células reprodutivas que acontece no interior das flores, mas para que isso ocorra, são necessários vários fatores. FIGURA 2 - CICLO REPRODUTIVO GERAL DAS ANGIOSPERMAS 59UNIDADE III Angiospermas São formadas a princípio, as células reprodutivas nas anteras (microsporogênes) e no ovário (megasporogênese). A massa celular diferenciada que é formada na epiderme da antera vai se diferenciar em quatro outras células que serão férteis, as chamadas esporógenas, que estarão rodeadas por outras células que são estéreis e se desenvolvem na parede do saco polínico, sendo elas uma fonte nutritiva para que os micrósporos possam desenvolver. Quando maduras, as esporógenas vão se tornar diploides (2n) e ao sofrerem meiose (divisão celular que resulta na formação dos gametas), originando outros quatro micrósporos haploides (n). Ao final, a microsporogênese resulta na formação dos grãos de pólen e a microgametogênese vai acontecer a partir de um dos micrósporos que será uninucleado, formando as células geradora e do tubo. Ao mesmo tempo, no interior do megasporângio (óvulo) a megasporogênese acontece formando o funículo, que é uma haste que sustenta o núcleo (possui dois tegumentos e uma região em que há uma pequena exposição chamada de micrópila). Inicialmente, existe apenas um megasporócito diploide, e a partir dele ocorrerá a meiose que resultará em quatro megásporos haploides, sendo que três deles serão desintegrados e um se desenvolverá, gerando o megagametófito iniciando-se assim o seu desenvolvimento. No núcleo do megásporo, vão ocorrer sucessões de mitoses (divisão celular em que uma célula origina outras células idênticas), que resultam em oito núcleos organizados em dois grupos, em que um núcleo de cada grupo migra para o centro do megásporo e assim se formam os núcleos polares. Os demais núcleos formarão a oosfera ou o saco embrionário. Quando as anteras (estrutura presente na porção final do estame nas flores – Figura 3) amadurecem, ocorre a transposição dos grãos de pólen para os estigmas, isso acontece por meio da polinização que veremos durante este capítulo de maneira mais aprofundada. Estando neste local, ocorre a origem do tubo polínico, e o grão de pólen é germinado. Em alguns casos, além do núcleo espermático penetrar a oosfera, um outro se associa com uma célula central, sendo denominada de dupla fecundação (CHAN et al., 2022; RAVEN; EVERT e EICHHOR 2014). 60UNIDADE III Angiospermas FIGURA 3 - ANTERAS NA PONTA DO ESTÍOLO DAS FLORES A partir de agora, vamos conhecer mais sobre os quatro grupos que compõem as angiospermas. 1.1.1 Monocotiledôneas Esse grupo é composto por aproximadamente 60.000 espécies distribuídas em 11 ordens, sendo um dos maiores grupos das angiospermas, e elas habitam os mais diversos lugares, até mesmo ambientes marinhos. Exemplos de plantas deste grupo são a cana-de- açúcar, trigo, gramas, arroz, banana, palmeiras, orquídeas, lírios, entre outros. FIGURA 4 – O LÍRIO É UM DOS REPRESENTANTES DAS MONOCOTILEDÔNEAS 61UNIDADE III Angiospermas As características que mais se destacam são as partes florais em trimeria (três pétalas). O nome monocotiledôneo se refere a quantidade de cotilédone, que são as primeiras folhas de uma planta, que armazenam os órgãos fotossintéticos ou os nutrientes importantes para seu desenvolvimento. A raiz (pivotante pois cresce diretamente para baixo) inicialmente desenvolvida na germinação da semente possui uma vida mais curta, e assim, quando a planta se torna adulta são formadas as raízes adventícias, originarias a partir dos nós (local onde há a união entre folha e caule), para posteriormente serem produzidas as raízes laterais. Os elementos crivados existentes no floema são dispersos e as folhas apresentam uma bainha em sua base. Em sua grande maioria, não apresentam crescimento secundário (CHAN et al., 2022; RAVEN; EVERT e EICHHOR 2014). FIGURA 5 - CARACTERÍSTICAS DAS MONOCOTILEDÔNEAS 1.1.2 Eudicotiledôneas Este é o grupo com maior diversidade, apresentando cerca de 190.000 espécies, e os representantes de destaque são os cactos, feijão, amendoim, plantas frutíferas como a mangueira, cerejeira, árvores como pau-brasil, entre outros. As famílias com uma diversidade maior são as Asteraceae, que ainda são economicamente importantes pois dentre as plantas inclusas estão as Fabaceae, englobando o feijão e a soja. A ordem Caryophyllales possui uma diversidade de espécies muito peculiar, englobando a família Droseraceae que são plantas insetívoras e as Cactaceae, que apresentam características adaptativas para climas desérticos, como o mecanismo CAM (os estômatos se fecham quando está de dia e se abre quando anoitece, evitando que a transpiração ocorra), as folhas que são modificadas em espinhos e um caule suculento. As Rosídeas são também um grupo muito diverso, que apresentam um número de estames muito superior ao número de pétalas, sendo as Malvídeas e as Fabídeas as classes com mais indivíduos dentre todas. As Asterídeas englobam plantas como batatas, cenouras, tomate, margaridas e boca-de-leão. 62UNIDADE III Angiospermas FIGURA 6 - BOCA-DE-LEÃO Quanto as características gerais, os feixes vasculares nessas plantas são distribuídos em um anel, as flores são tetrâmeras ou pentâmeras, e possuem ainda dois cotilédones. Sua raiz não apresenta crescimentos secundários em grande parte das plantas, assim a raiz inicial permanece crescendo, além de ser composta por tecidos primários. As folhas podem ser simples ou compostas, possuindo muitas nervuras, além de possuir estômatos dispostos de maneira aleatória (característica vista microscopicamente) (CHAN et al., 2022; RAVEN; EVERT e EICHHOR 2014). FIGURA 7 - CARACTERÍSTICAS DAS DICOTILEDÔNEAS 63UNIDADE III Angiospermas 1.1.3 Grado ANA Este grupo é composto por três ordens, sendo elas: Austrobaileyales, Amborellales e Nymphaeales, e são assim enquadrados diante das informações genéticas que as agrupam em um único clado (grupo que se origina de um único ancestral comum), sendo assim monofilético (CHAN et al., 2022). As características dessas plantas serão destacadas abaixo de acordo com as ordens que pertencem. ● Austrobaileyales- composta por três famílias, as plantas pertencentes possuem como representante mais conhecido o Anis estrelado (Figura 8), que é uma especiaria muito utilizada; ● Amborellales- possui apenas uma família e espécie, sendo ela a Amborella trichopoda Baill (Figura 9), uma planta lenhosa e que possui somente um traqueíde no xilema, além de ser dioica. ● Nymphaeaceae- com três famílias representantes, podem estar presentes nos mais diversos ambientes, com ocorrência nas águas doces, e uma das representantes mais conhecidas é a vitória-régia (Figura 10). Elas possuem folhas com tamanhos grandes e flores classificadas como polímeras. FIGURA 8 - ANIS ESTRELADO 64UNIDADE III Angiospermas FIGURA 9 - AMBORELLA TRICHOPODA BAILL FIGURA 10 - VITÓRIA RÉGIA 65UNIDADE III Angiospermas 1.1.4 Magnoliídeas Este é um grupo que compartilha de um único ancestral comum (monofilético), e possui aproximadamente 10.000 espécies distribuídas em quatro ordens, sendo elas Magnoliales, Laurales, Canellales e Piperales. As flores destas plantas são ordenadas de maneira espiralada e em muitas plantas apresentam em suas folhas células com capacidade de armazenar óleos voláteis, com destaque para a pimenta do reino e a folha de louro (CHAN et al., 2022). Esses odores são uma tática
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