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Apostila Instrumentos Utilizados no Processo Avaliativo Sumário: Introdução 1. Concepções Históricas da Avaliação na Aprendizagem Escolar 2. Critérios e Instrumentos Avaliativos 3. Dificuldades no Aprendizado e a Avaliação Neuropsicológica Bibliografia – Literatura Complementar Introdução A avaliação dentro da escola é um exercício didático importante e permanente no trabalho cotidiano do educador. A avaliação deve acompanhar todo o processo de ensino e aprendizagem. É pela avaliação que vão sendo comparados os resultados da aprendizagem obtidos no processo do trabalho conjunto do educador com os alunos de acordo com os objetivos propostos, a fim de conferir progressos e orientar o educador para as adequações necessárias. O educador e a escola devem e podem utilizar diversos instrumentos na avaliação escolar, que poderão garantir maior credibilidade nos resultados. A avaliação não deve ser pontual, eventual e realizada somente no final do período letivo. Por ser um processo, a avaliação deve possibilitar ao educador acompanhar o aluno diariamente na escola, apontando seus progressos, as suas dificuldades e as suas habilidades. Assim sendo, a avaliação escolar, pode permitir ao professor uma constante adequação das atividades aplicadas em sala de aula para uma otimização do desenvolvimento dos alunos. É uma ferramenta fundamental e de grande importância para garantir ao educador o direcionamento das atividades em suas aulas. Uma avaliação escolar bem planejada e bem desenvolvida oferece ao educador um panorama mais seguro para desenvolver suas atividades, não apenas através da intuição, mas dispondo assim, de parâmetros seguros para orientar os comportamentos, os estudos e toda a vida escolar de seus alunos. A avaliação pode integrar o processo de ensino e aprendizagem como um todo. Assim, o professor que deseja superar o problema da avaliação precisa ter como ponto de partida uma autocrítica, rever a sua metodologia de ensino e modificar a sua postura mediante os resultados obtidos na avaliação. A convivência com o aluno e a observação direta possibilitam o uso de instrumentos variados para analisar características diferenciadas do desempenho do aluno, fornecendo ao educador orientações para a tomada de https://pt.wikipedia.org/wiki/Did%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino https://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizagem https://pt.wikipedia.org/wiki/Resultado https://pt.wikipedia.org/wiki/Aluno decisão. O educador pode utilizar ferramentas como roteiros de observação do caderno, seminários de classe, portfólios, questionários, bem como a aplicação de testes, entre outros instrumentos. Entretanto, os modelos de avaliação do processo de ensino e aprendizagem escolar devem ser construídos e adaptados em cada escola, respeitando cada particularidade escolar assim como as necessidades de cada aluno. Por sua vez a avaliação neuropsicológica tem o papel de averiguar se há existência de alterações cognitivas e consequentemente avaliar a amplitude destas alterações por intermédio de uma análise quantitativa e qualitativa das principais funções mentais, quando um aluno apresenta algum distúrbio na aprendizagem. Sendo assim auxilia no diagnóstico médico, neurológico ou neuropsiquiátrico, assim como, aponta um prognóstico, indicações e readequações terapêuticas e também medicativas. Na maioria dos casos os métodos utilizados em uma avaliação psicopedagógica incluem entrevista inicial, com os pais ou responsáveis pelo aluno, verificação do material escolar, aplicação de diversas modalidades de atividades e testes para avaliar o desenvolvimento do aluno e também as habilidades e dificuldades manifestadas. A avaliação psicopedagógica tem o objetivo de fazer uma análise global da maneira de aprender do aluno e detectar as dificuldades que estão ocorrendo no processo de aprendizagem. No processo avaliativo ocorre uma contribuição de uma equipe multidisciplinar para formar o diagnóstico e procurar a intervenção mais adequada para cada caso, já que cada aluno precisa ser considerado na sua totalidade e individualidade. 1. Concepções Históricas da Avaliação na Aprendizagem Escolar Dentro da escola o aluno aprende a estar constantemente preparado para ser avaliado, classificado e rotulado. No entanto, há uma problemática a respeito da avaliação e da maneira como algumas práticas avaliativas são legitimadas e mantidas dentro da cultura escolar. Historicamente diversas concepções sobre a avaliação foram incorporadas e praticadas dentro das escolas e, ainda influenciam na forma como se pensa e se faz a avaliação atualmente. Ao se analisar as práticas dos educadores, é possível identificar que há pouca, ou mesmo nenhuma diferença entre os critérios avaliativos contemporâneos dos de uma avaliação tradicional. Compreender a constituição histórica da avaliação da aprendizagem escolar até que se possa entender a avaliação como um processo que objetiva os melhores resultados possíveis, significa observá-la dentro do projeto educacional e social do qual está a serviço. Assim, é importante que se compreenda o papel de determinada concepção de educação e avaliação para o projeto social assumido em um determinado momento histórico. A história da educação escolar brasileira tem seu início no séc. XVI, dentro do modelo educacional jesuítico. A função da avaliação da aprendizagem naquele período da história destinou-se a conceder mérito aos estudantes em relação ao conhecimento, moralidade, piedade e comportamento. Os resultados cumpriam a função de parâmetro para promoção entre as séries e, outra característica de destaque, é a premiação aos estudantes que alcançassem os escalões definidos como ideais. O processo de premiação teve naquele momento, como consequência, a existência de estudantes focados em estudar apenas para receberem os almejados méritos através dos exames. O uso da avaliação como ferramenta de controle se manteve ainda no Séc. XVIII, mesmo com a introdução do uso de testes padronizados para medir a inteligência e o desempenho. No Séc. XX, os testes continuaram sendo usados na avaliação formal, atribuindo-se ao processo de avaliação um caráter meramente instrumental. A definição de um padrão a ser atendido é específica do entendimento de avaliação ocorrido nas décadas de 1920 e 1930. Os testes médico- psicológicos, para avaliar os alunos que não correspondiam às exigências escolares, também foram usados para explicar o rendimento escolar através do diagnóstico das diferenças individuais. Havia objetivos educacionais claros para serem aplicados como parâmetros comparativos, sendo assim, os comportamentos eram comparados àqueles considerados os ideais. Tal perspectiva objetivista, foi expandida por meio de estudos nos quais educadores e investigadores, de diversas universidades norte-americanas, liderados por Benjamin S. Bloom, concentraram seus trabalhos na distinção entre os conceitos de medir, avaliar, testar e valorar. Como resultado destes trabalhos surgiu no ano de 1956 a obra “Taxonomia de Bloom”, na qual os objetivos não eram centrados apenas nos resultados finais, mas em cada etapa do processo educacional, funcionando como um controle de qualidade para garantir a eficácia da prática pedagógica. A “Taxonomia de Bloom”, também conhecida como Taxonomia dos objetivos educacionais, consiste em uma estrutura de organização hierárquica dos objetivos educacionais, orientada por uma classificação que dividiu as oportunidades de aprendizagem em três domínios principais: ➢ Cognitivo: trata da aprendizagem intelectual. ➢ Afetivo: trata dos aspectos de sensibilização e gradação de valores. ➢ Psicomotor: trata das habilidades de execução de tarefas quedependam do aparelho motor. Cada um destes domínios apresenta vários níveis de profundidade de aprendizagem, por este motivo a classificação de Bloom é considerada uma hierarquia. O que significa que cada nível é mais complexo e mais especifico que o outro. No entanto, destes três domínios apenas o primeiro foi implementado em sua totalidade. Bloom alega a importância na definição dos objetivos, não apenas na definição de currículos para disponibilizar informações aos docentes, mas para que os próprios estudantes possam acompanhar seu processo de aprendizagem, permitindo um encaminhamento individual, respeitando ritmo e forma apropriados de ensino a cada estudante. Outro fator a ser abordado é sobre a inserção, no contexto escolar, da avaliação padronizada do rendimento escolar, embasada através nos sistemas de ensino, seja Federal, Estadual ou Municipal. Este modelo avaliativo, difundido a partir da década de 1980 nos Estados Unidos e no Reino Unido, associa a regulação do Estado e a lógica de mercado. No Brasil a partir do ano de 1990, foi criado o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e também os sistemas equivalentes em estados como Minas Gerais e São Paulo. Muitos estados adotam hoje a proposta e criam seus próprios sistemas de avaliação fundamentados nas diversidades regionais previstas na LDB e, assim, se estabelece o que se pode denominar de padronização da diversidade. No entanto, a avaliação deve promover o diagnóstico das situações de maneira a proporcionar avanços e, ainda, de orientar os caminhos a serem percorridos e apoiar o educador na tomada de decisões. A avaliação, nesta perspectiva, possibilita um olhar mais abrangente dos alunos em processo de aprendizado. É possível compreender que a transformação da avaliação está em um contexto mais extenso do que a técnica educativa. A partir do momento que se ultrapassa o modelo da avaliação classificatória e excludente, a avaliação permite uma ação mais reflexiva, na qual o educador venha a ser cada vez mais capaz de recolher indícios, de chegar a níveis de complexidade na interpretação de seus significados, e de introduzi-los como eventos necessários para o processo de ensino e aprendizagem. 2. Critérios e Instrumentos Avaliativos A avaliação da aprendizagem escolar, é relacionada aos dados a respeito da aprendizagem, ou seja, a dimensão mais palpável da aquisição do conhecimento adquirida pelos alunos. O processo avaliativo permite que, após aulas e exercícios, os educadores procedam com atividades para que os estudantes possam expressar o que compreenderam e expor as assimilações do conteúdo, bem como as habilidades incorporadas na escola. Considerando a definição de que a avaliação significa emitir um juízo de valor a respeito do sujeito avaliado, e que tal juízo pode variar conforme se aumenta ou diminui o padrão ideal almejado, a intencionalidade ou apenas a definição do nível em que se quer chegar, é necessário que a dimensão técnica se apresente coerente com as concepções e objetivos propostos no começo do processo de ensino. Portanto, a avaliação demanda, antes mesmo da definição do objetivo em que se quer chegar, que o professor defina os critérios, para posteriormente, selecionar os procedimentos, mesmo aqueles a respeito da coleta de dados, comparados e postos em prova com o contexto e a maneira em que foram elaborados. Ainda falando da intencionalidade da avaliação, é evidente em algumas situações a dificuldade do professor em obter a totalidade das informações da aprendizagem dos estudantes. Sendo assim, é imprescindível que o educador se programe de forma a adquirir dados relevantes a respeito da realidade para a tomada de decisões. Para avaliar a aprendizagem de um aluno em adição com números inteiros, por exemplo, deve-se coletar apenas os dados sobre os números inteiros. Seria irrelevante, para tal finalidade, se coletar dados sobre o desempenho do aluno em fatoração, por exemplo. É apenas relevante aquilo que é essencial para permitir o juízo de qualidade da aprendizagem. Portanto, os critérios que orientam o processo avaliativo estão estreitamente vinculados ao conteúdo, ou seja, resultam dos objetivos pelos quais o conteúdo compõe o currículo escolar. A definição objetiva do que realmente é necessário ser avaliado é vantajosa para alunos e docentes. Uma avaliação mais criteriosa poderá diminuir as interferências subjetivas no processo avaliativo, simplificará a formulação dos instrumentos que irão evitar a definição arbitrária de fragmentos do conteúdo trabalhado e otimizar o monitoramento e análise do processo de aprendizagem dos alunos. Como base para o julgamento da qualidade dos desempenhos, os critérios são princípios compreendidos não apenas como meios de execução de uma tarefa, mas como mobilização de uma sequência de atributos que convergem para uma qualidade no desempenho. Os critérios preliminarmente definidos são indispensáveis para a otimização da formação do estudante, considerando que o aluno poderá conhecer efetivamente o que se averiguará na avaliação e poderá definir o que é primordial ou secundário, e assim poderá empenhar seu tempo de estudo nos aspectos que realmente são importantes dentro do conteúdo. Tais critérios orientam a escolha do melhor instrumento a ser usado para se obter as informações da aprendizagem do estudante sobre o conteúdo. Considerando então a importância da definição de critérios objetivos, o professor pode selecionar os instrumentos mais apropriados para adquirir os dados relevantes sobre a aprendizagem dos seus alunos. Portanto, os instrumentos de avaliação são recursos usados para se coletar e analisar os dados dos estudantes dentro do processo de ensino e aprendizagem, buscando otimizar a aprendizagem. Sob a perspectiva técnica e científica da prática avaliativa, se o educador deseja saber se o aluno aprendeu o que efetivamente foi trabalhado em sala de aula, deve elaborar um instrumento que abranja todo o conteúdo essencial, que o aluno efetivamente precisa saber para o seu desenvolvimento na fase escolar em que se encontra. Na elaboração do instrumento para a obtenção das informações importantes a respeito do ensino e da aprendizagem, o educador deve levar em conta os aspectos contextuais e técnicos. Em relação aos aspectos contextuais é recomendado que a formulação de um instrumento adequado de avaliação seja consequência de uma reflexão orientada através de questionamentos como: ➢ Por que e para que lançar mão da avaliação? ➢ O que será avaliado no aluno? ➢ Quais serão os critérios de avaliação? ➢ Qual o tempo que será disponibilizado para a avaliação? ➢ Como atentar para a qualidade dos instrumentos? ➢ Qual será o uso das informações adquiridas? A preocupação com os aspectos técnicos que se apresentam na formulação dos instrumentos de avaliação está associada à qualidade do instrumento. No entanto, é importante que o educador tenha clareza de que a preocupação não finda no instrumento, mas na utilização que se faz das informações obtidas. Contudo, é importante que o professor tenha em mente que o instrumento de avaliação precisa estar a serviço da promoção e da otimização da aprendizagem, possibilitando reformulações fundamentais para que possa garantir a aprendizagem dos seus alunos. A escolha e construção do instrumento de avaliação não deve ser aleatória, mas sim ser realizada através de uma metodologia que considere todo o conteúdo essencial que foi ensinado. Desta maneira, os instrumentos devem ser muito bem planejados e apresentados em uma linguagem clara e objetiva. A escolha do instrumento deve considerar o conteúdo que será posto em prova, a maneira que o conhecimento será trabalhado, ou seja, mental ou prática, e também as respostas que serão esperadasdos alunos. A escolha e a formulação dos instrumentos não devem ser ocasionais, pois não há a possibilidade do professor avaliar a argumentação em uma prova objetiva através de questões de múltipla escolha, da mesma forma que não há a possibilidade do professor perceber a apropriação do conhecimento de cada aluno em atividades de produção coletiva. A escolha mais apropriada do instrumento se encontra na certeza do que o professor intenciona observar, qual a serventia de cada instrumento e de que maneira os dados serão usados. Portanto, qual, dentre os instrumentos normalmente utilizados na escola, poderia de forma mais adequada coletar informações que mostrem ao educador se o aluno atingiu o objetivo que se esperava? A seguir estão alguns dos instrumentos de avaliação mais tradicionais dentro da cultura escolar: Prova escrita dissertativa Este modelo de instrumento traz uma gama de questões e temas que os estudantes deverão responder conforme o seu conhecimento. A prova escrita dissertativa deve ser precisa na habilidade mental que se pretende mobilizar, o educador pode solicitar ao estudante apresentar argumentos contra ou a favor, relacionar, sintetizar, comparar, descrever, entre outras perspectivas. Através dos dados apresentados, pode ser possível o professor observar a organização das informações, a clareza de expressão, a autenticidade, a capacidade do aluno de realizar relações entre conceitos e fatos e a capacidade da utilização do conhecimento, mesmo para questões que envolvam o raciocínio lógico. Ainda, como aspectos relevantes da prova escrita dissertativa, há a possibilidade de o educador analisar o processo de reflexão efetuado pelo aluno e os seus erros, sem desconsiderar a subjetividade e individualidade do mesmo. No entanto, para que se obtenham informações relevantes a respeito da aprendizagem, é importante que o educador tenha muito cuidado na elaboração dos enunciados que orientam as respostas dos estudantes. Tipos de questões dissertativas: ➢ Relacionar ou enumerar - Embora demande somente a memória e a recordação, adequa-se como uma questão dissertativa por ser uma maneira simplificada de resposta livre; ➢ Organizar - Procura-se estruturar os elementos conforme os critérios previamente selecionados, como ordem cronológica e importância gradual, por exemplo. Desta maneira não se restringe a memória dos fatos; ➢ Selecionar – Presume a escolha orientada em normas de julgamento ou apreciação que demandam uma análise simplificada, através de um critério preestabelecido; ➢ Descrever – Efetua a exposição das propriedades de um fato, objeto, fenômeno ou processo, e demanda capacidade de observação e de registro das informações adquiridas; ➢ Discutir – Requer uma análise em que o aluno apresente ideias, questione, exiba argumentos a favor ou contra, e fundamente o relacionamento entre conjunturas ou concepções. ➢ Definir – Questões que pedem uma definição requerem que o aluno reconheça e apresente características de um fato ou objeto. A questão pode ser simplificada ou complexa conforme se distância das informações do texto de apoio; ➢ Exemplificar – Pressupõe verificar que algo é verdadeiro através de uma situação que a ilustre, ou seja, o estudante apresenta o conhecimento obtido na formulação do exemplo demonstrando o domínio do que aprendeu; ➢ Explicar- Pretende definir a relação de causa e efeito entre fatos e concepções; ➢ Comparar – Demanda do estudante a análise simultânea de objetos, fatos, processos ou fenômenos, com a intenção de encontrar semelhanças e diferenças e ainda indicar as possibilidades de relações encontradas. A comparação ocorre também quando é solicitada a identificação de vantagens, semelhanças, ou da melhor opção entre outas, solicita ao aluno a organização das ideias, análises e tomadas de decisões; ➢ Sintetizar – Requer do aluno a capacidade de identificar informações importantes para abreviar e resumir uma posição ou assunto; ➢ Esquematizar – Supõe também um resumo, no entanto com a elaboração de tópicos. Este tipo de questão demanda que o estudante apresente uma compreensão extensa do conteúdo para permitir coerência ao esquema, como ocorre também na formulação dos mapas conceituais. ➢ Interpretar – Requer a compreensão de concepções, intenções e conceitos, para efetuar inferências sobre o assunto. A interpretação torna-se complexa ao reunir o conhecimento disposto na fonte de análise com os conhecimentos preliminares e outros conhecimentos adquiridos pelo estudante; ➢ Criticar – Definir um raciocínio mais complexo que englobe a análise crítica, julgamento sobre determinado assunto, avaliação de textos, livros e convicções. O aluno precisa argumentar sobre a proposição a ser discutida. Prova escrita de questões objetivas Neste tipo de avaliação, o estudante precisa escolher uma entre as alternativas disponíveis de resposta. Esse tipo de questão é conhecido também como questões de verdadeiro ou falso, múltipla escolha e preenchimento de lacunas, ou ainda como ordenação, identificação de partes em esquemas ou gráficos. As questões objetivas são usadas para avaliar a amplitude de conhecimentos e habilidades dos alunos. Também são usadas para estabelecer relações simples, para o reconhecimento de terminologias, assim como realizar classificações. Este tipo de avaliação pode ser favorável na medida em que podem englobar um volume de conteúdo maior e anula os fatores subjetivos, tanto do aluno como do educador, na correção que também se dá de modo mais simplificado. No entanto, demanda a elaboração precisa das questões que podem indicar apenas um conhecimento superficial e proporcionar acertos acidentais sem necessariamente representar a aprendizagem dos alunos. Pedir aos alunos que justifiquem suas respostas pode ser uma alternativa para se obter mais informações sobre a aprendizagem. Observação É um Instrumento amplo que permite ao professor obter informações através da observação de seus alunos a respeito do desenvolvimento intelectual, da expressão verbal, da qualidade da escrita, das produções artísticas e em especial a obtenção e utilização do conteúdo ensinado. A observação passa através de todo o processo de ensino e também é usada como avaliação final, ao ser somada com outros instrumentos como fichas e autoavaliações, que permitem o registro e diminuem a interferência subjetiva sobre os resultados. Prova Oral Ela permite avaliar a capacidade reflexiva e crítica dos estudantes. Sendo assim, a oralidade é importante no ensino de línguas, para se avaliar a pronúncia e a fluência. Neste caso, como é sujeita a interferências momentâneas é recomendado que o professor faça uma gravação para poder fazer uma análise posterior, mais cuidadosa. É fundamental que o educador julgue a pertinência deste tipo de instrumento de acordo com a faixa etária dos alunos. Produções individuais ou coletivas Se o professor procura prioritariamente uma elaboração de conceitos pelo estudante ou pelo grupo, e também, uma construção coletiva do conhecimento, ele deve lançar mão das produções individuais e coletivas dos alunos como instrumentos de avaliação. Por meio das produções individuais e coletivas o educador poderá analisar a consistência da argumentação, a compreensão do conteúdo trabalhado e a coerência das fontes consultadas, o que faz com que as produções sejam instrumentos adequados para avaliar uma pesquisa, por exemplo. As produções possibilitam, ainda, que o professor faça uma análise do nível de dificuldade dos alunos perante o conteúdo trabalhado. Para que os dados adquiridos pelo professor sejam relevantes, é recomendado o cuidado na seleção da temática que será trabalhada, já que os estudantes precisam apresentarum conhecimento prévio a respeito do assunto, para que sejam capazes de aprofundar o tema durante a discussão e produção dos trabalhos. Especificamente no que diz respeito às produções coletivas, é importante que o professor tenha cuidado para propor atividades que possam ser realizadas por diferentes integrantes do grupo, com definição de papéis e orientação antecipada para chegarem a um resultado compartilhado. Portfólios Quando o objetivo da avaliação é o acompanhamento individual à longo prazo, procurando observar todo o processo do desenvolvimento, o portfólio vem a ser uma alternativa possível, considerando que a avaliação através de portfólios permite ao professor fazer uma individualização do trabalho pedagógico. Outra característica importante do portfólio é a possibilidade de autoavaliação, na qual os estudantes podem acompanhar seu progresso através de suas produções adequadamente organizadas semelhantes a uma coletânea. Seminários Os seminários correspondem à necessidade de investigação de um problema ou tema para os quais se objetiva um aprofundamento do conhecimento e a apreciação analítica dos estudantes. Uma característica positiva da utilização do seminário é a possibilidade de os estudantes proporem alternativas para a solução das questões apresentadas, desenvolvendo assim a criatividade. Os seminários também quebram a dinâmica da reprodução do conhecimento escolar ao motivar o diálogo analítico e a produção do conhecimento de maneira cooperativa entre os participantes. O educador deve ter cuidado para que o trabalho não seja apenas dividido entre os alunos, mas compartilhado como se espera ou, para que a apresentação não se torne um monólogo sem que haja interação entre os alunos e o professor. Este apresenta um importante papel orientador e organizacional para que consiga avaliar o grupo todo e individualmente de maneira metódica, com critérios coerentemente bem definidos. Perante a identificação de diferentes instrumentos, para fazer a escolha do mais adequado em função das metas educacionais e do que se procura observar da aprendizagem dos estudantes, é pertinente que o educador considere que a avaliação não se finda nesta escolha, já que as informações coletadas deverão proporcionar ao educador e ao aluno conhecer e situar-se na questão da aprendizagem. É importante o professor considerar ainda, que a diversidade de instrumentos de avaliação não se acaba nos exemplos listados neste texto. Outros instrumentos podem e devem ser formulados e desenvolvidos, através da necessidade do educador, da característica da disciplina e dos estudantes. O Conselho de Classe também pode ser concebido como um instrumento avaliativo, considerando que objetiva uma análise coletiva do desenvolvimento do estudante. 3. Dificuldades no Aprendizado e a Avaliação Neuropsicológica A realidade escolar tem apresentado um número crescente de alunos que apresentam dificuldades no aprendizado. Fato que não está isolado, considerando que este tema tem sido foco de muitas preocupações e discussões tanto no Brasil como no mundo todo. Através deste cenário alarmante, pesquisas têm sido feitas, no âmbito nacional e internacional, na busca de compreender esse tema que se caracteriza por ser de difícil solução. Nestes incessantes intentos, é possível se observar que existe uma procura sem resultados de encontrar culpados para o fracasso escolar. Os pesquisadores mostram que se trata de uma problemática multifatorial que vai além de uma relação de causa e efeito. Não se pode atribuir a culpa do fracasso escolar somente à escola, à família ou ao estudante, com suas características e possíveis patologias. A dificuldade de aprendizagem é um tema que deve ser estudado sempre considerando todas as esferas em que o aluno está incluído, seja, a escola, a família, a sociedade, entre outras. Pesquisas realizadas sobre o fracasso escolar têm possibilitado uma nova perspectiva sobre este tema, ficando a cargo da escola rever sua função, assumindo o trabalho de proporcionar ao aluno o que é indispensável à sua formação enquanto ser humano, para que seja capaz de atuar na sociedade, tornar-se um cidadão com seus direitos e deveres e, como profissional, ser capaz de executar suas funções de maneira competente. Tem ocorrido, através destes estudos, uma nova concepção que procura um modelo de escola mais inclusivo e democrático. Há um deslocamento no foco da questão. Este se volta agora para a compreensão da não aprendizagem, não apenas objetivando justificar o fracasso escolar. A avaliação neuropsicológica é um procedimento que traz o propósito de investigar as funções cognitivas, ou seja, os conhecimentos complexos, e as práxicas, que são as atividades motoras finas dos alunos, objetivando decifrar os distúrbios de atenção, de memória e de sensopercepção, além de alterações cognitivas específicas como abstração, capacidade de raciocínio, cálculo e planejamento. Esta complexa avaliação é efetuada por psicólogos e neurologistas capacitados na avaliação das “funções nervosas superiores”. Esta avaliação é realizada através de testes neurológicos e psicológicos específicos, que são padronizados e validados. Estes testes são realizados em etapas sucessivas, baseados em dados comparativos, segundo o esperado para cada idade, nível socioeconômico e escolar. Através da avaliação neuropsicológica, além de se avaliar os resultados psicométricos, objetiva-se também a descoberta de potencialidades e dificuldades do aluno, para que se possa propor intervenções que possibilitem beneficiá-lo no seu desenvolvimento escolar e na aquisição do conhecimento. O objetivo da avaliação neuropsicológica, dentro deste processo é reunir uma amostra de funções mentais superiores associadas a aprendizagem simbólica, as quais estão necessariamente relacionadas com a organização funcional do cérebro. Neste caso, pode ocorrer a constatação de uma disfunção ou lesão cerebral. Identificar uma desta situações poderá auxiliar o professor e a equipe pedagógica consubstancialmente no planejamento para que se promova a reabilitação do aluno para que a aprendizagem possa acontecer. É necessário, no entanto, que o professor saiba fazer uma distinção entre os termos fracasso escolar e dificuldade de aprendizagem, pois estes dois casos não são considerados sinônimos, apesar de existir uma alta correlação de alunos com dificuldades de aprendizagem e fracasso escolar. Mas, no entanto, ocorrem alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem e que não têm fracasso escolar. O conceito de dificuldades de aprendizagem surgiu através da importância de se compreender a razão pela qual alguns alunos, estavam constantemente apresentando um insucesso escolar, principalmente em áreas do conhecimento como a leitura, a escrita e o cálculo. Pressupõe-se que os Distúrbios de Aprendizagem (DA), como desordens intrínsecas aos alunos, são ocasionados por uma disfunção do Sistema Nervoso Central (SNC) e que podem se apresentar no decorrer da vida do indivíduo. Problemas de auto regulação na percepção e interação social podem se manifestar conjuntamente com os distúrbios de aprendizagem. São definidos como desordens em um ou mais processos da letra, da ortografia, da caligrafia, da linguagem falada, procedentes de déficits ou desvios dos processos de aprendizado, e que não são causadas ou impulsionadas por deficiência mental, por privação sensorial ou cultural, ou então, por ausência de habilidades pedagógicas. A caracterização do distúrbio de aprendizagem é efetuada por diversas combinações de déficits na linguagem, memória, percepção, conceituação, atenção, assim como na função motora. Os distúrbios de aprendizagens são provocados por uma desordem no desenvolvimento normal, definido através de algum déficitpsicomotor que, consequentemente, atinge os processos integrativos, receptivos e expressivos na atuação simbólica cerebral. É possível se considerar que os alunos com Distúrbio de Aprendizagem apresentam as seguintes características: ➢ Discrepância considerável entre o seu potencial intelectual estimado e o nível atual de realização. ➢ Desordens básicas nos processos de aprendizagem. ➢ Apresentam ou não uma disfunção do SNC. ➢ Não apresentam sinais de deficiência mental, privação cultural, perturbações emocionais ou privação sensorial. ➢ Revelam dificuldades perceptivas. ➢ Discrepância em vários aspectos do comportamento. ➢ Problemas no processamento da informação, seja em nível receptivo, integrativo ou expressivo. A maior parte dos alunos com distúrbio de aprendizagem apresentam um perfil psicomotor dispráxico, com movimentos excessivos, rígidos e descontrolados. Portanto, a harmonia nos movimentos parece se apresentar afetada nos alunos com distúrbio de aprendizagem. Estes alunos tem dificuldade em selecionar estímulos relevantes e focar a atenção nestes. São normalmente dispersos e geralmente têm a sua atenção atraída por outros sinais irrelevantes. Em relação a habilidade cognitiva, é possível dizer que, nos alunos com distúrbios de aprendizagem, tal capacidade se apresenta fragilmente estruturada e consolidada. A capacidade do aluno em lidar com símbolos abstratos está intimamente ligada às habilidades cognitivas, linguísticas e lexicais. Os problemas de memória também tendem a se revelar nos casos de distúrbios de aprendizagem. Geralmente estão relacionados a memorização, conservação, consolidação, retenção, rememorização e rechamada da informação previamente recebida. Portanto, as funções de atenção e compreensão estão associadas como o processo de memorização. Os problemas comportamentais e de aprendizagem podem se dizer que são uma decorrência destes déficits, previamente descritos, entre outros. A partir destas características apresentadas, é possível compreender a definição de distúrbio de aprendizagem, ou seja: estes distúrbios se caracterizam através de um grupo heterogêneo de desordens. Os alunos que apresentam distúrbios de aprendizado podem ou não apresentar determinadas características, sem que deixem de pertencer a este grupo. No que se refere ao diagnóstico e intervenção, é pertinente dizer que, dada essa heterogeneidade, é justificada a dificuldade de conclusões precisas a respeito. Isso mostra que o professor deve ter uma perspectiva individual para cada aluno com seus déficits e suas conquistas. Além de refletir sobre os recursos internos tanto afetivos como cognitivos e sociais, que possam ser usados para o planejamento das intervenções que possam modificar qualitativamente o aprendizado de seus alunos. Existe uma preferência em se privilegiar, na avaliação e intervenção psicopedagógica, métodos lúdicos. A preferência por estes métodos é bastante positiva para auxiliar as crianças com problemas de aprendizagem ou com deficiências. A ludicidade pode ser complementada com atividades e testes mais tradicionais nas áreas cognitiva, comportamental, social e afetiva, entre outras. Os instrumentos de avaliação são compreendidos como recursos aplicados no processo avaliativo para coletar e analisar os resultados no processo de aprendizagem. Porém não só os instrumentos são importantes no processo avaliativo, pois o tipo de conhecimento que será lançado na avaliação, o tipo de perguntas que será formulado, o tipo de qualidade do conteúdo das perguntas e problemas que serão aplicados, tudo é levado em conta no resultado da avaliação. Se a prática de avaliação for considerada como um processo, não é possível lançar mão de apenas um único instrumento avaliativo. Não há a possibilidade de priorizar somente uma única oportunidade em que o aluno demonstre o nível de sua aprendizagem. Oferecer a oportunidade ao aluno de uma gama de possibilidades de ser avaliado aumenta a possibilidade de assegurar a aprendizagem de uma maneira mais consistente e completa. Diversificar os métodos de avaliação garante a possibilidade de assumir a avaliação, teórica e pratica, como um verdadeiro processo avaliativo. Bibliografia – Literatura Complementar FERNANDES, Domingos. Avaliar para aprender: Fundamentos, práticas e políticas. São Paulo: Editora UNESP, 2008. FERNANDES, Domingos. O papel dos professores no desenvolvimento da avaliação para as aprendizagens. Portugal: SAPIENS 2009 - VIII Congresso Internacional de Educação. 2009, p.36-40. Lock, Jussara Margareth de Paula. Avaliação na escola cidadã. In: ESTEBAN, Maria Teresa (org). Avaliação uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2003. p. 129-142. SANTIAGO, Silvany Bastos. Avaliação: permanente inovação. In: MC DONALD, Brendan Coleman (org). Esboços em avalição educacional. 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