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gestão empresarial negócios internacionais A IntegrAção econômIcA nA AmérIcA LAtInA 14 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Participar e discutir a integração econômica, social e polí- tica da América Latina. Conhecer as propostas da Cepal. Discutir a formação dos blocos econômicos. COmpetênCias Buscar entender a diferença entre os blocos econômicos formados em toda América Latina. Habilidades Definir o papel dos países latinos no contexto do comér- cio internacional, passível do entendimento de diferen- ças sociais e econômicas. Negócios iNterNacioNais A IntegrAção econômIcA nA AmérIcA LAtInA ApresentAção Em termos geográficos, alguns países estão muito dis- tantes um dos outros. Mas, existem outros que estão bem próximos e que resolvem fazer acordos comerciais entre eles. Esse processo conduz a formação de blocos regionais. A criação destes blocos contribui para as relações entre os países membros, considerando que, são compostos de países vizinhos. Esta Unidade aborda o assunto regio- nalismo econômico e formação de blocos econômicos. pArA ComeçAr Vimos em Unidades anteriores sobre a globalização, o que é Globalização e como ela está presente no nosso dia a dia. Qual o seu entendimento da imagem acima? Antes de abordarmos o tema da América globalizada, saiba que há uma grande dificuldade para integração dos países, quer sejam por tipos de colonizações diferen- tes, por falar línguas diferentes e até mesmo por perfis econômicos diferentes. Você sabia que dentro do processo da globalização os países buscaram se fortalecer, criando blocos ou acordos... pode ser que você já tenha ouvido falar no Mercosul e nos outros blocos formados nas Américas você conhece? Além do Mercosul nós temos a ALADI, CARICOM e MCCA. Você sabia também que em meados da década de 1950 a ONU criou uma comissão para discutir os proble- mas específicos da América Latina, denominada CEPAL, que teve brasileiros ilustres como participantes, entre eles Celso Furtado e FHC. A intenção desta Unidade é apresentar os blocos in- tegrantes da América Latina e mostrar como os mesmos se comportam. Negócios Internacionais / UA 14 A Integração Econômica na América Latina 4 Atenção A formação de blocos econômicos tem conceito diferente de zonas de comércio ou mercados comuns. 1. integraçãO... qUandO tUdO COmeçOU... Uma característica marcante das últimas décadas é a crescente integração mundial em diversos aspectos. Para Krugman e Obstfeld, (1999, p. 224), globalização é um processo econômico e social que estabelece uma inte- gração entre os países e pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam ideias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro can- tos do planeta. A integração confirmou-se no final da década de 1990, logo após a que- da do socialismo no Leste Europeu e na União Soviética. O neoliberalismo, que ganhou força na década de 1970, impulsionou o processo de globali- zação econômica. Com os mercados internos saturados, muitas empresas multinacionais buscaram conquistar novos mercados consumidores, especialmente dos países recém-saídos do socialismo. A concorrência fez com que as empre- sas utilizassem cada vez mais recursos tecnológicos para baixar os preços e também para firmarem contatos comerciais e financeiros de maneira rápida e eficiente. Neste contexto, utiliza-se de Internet, das redes de computadores, dos meios de comunicação via satélite etc. Outra característica relevante no processo de integração é a busca do barateamento do processo produtivo pelas indústrias. Muitas delas pro- duzem suas mercadorias em vários países com o objetivo de diminuir os custos. Preferem países onde a mão de obra, a matéria-prima e a energia são mais baratas. Um tênis, por exemplo, pode ser projetado nos Estados Unidos, produzido na China, com matéria-prima do Brasil, e comercializa- do em diversos países do mundo. Para facilitar as relações econômicas, as instituições financeiras (ban- cos, as casas de câmbio, financeiras) criaram um sistema rápido e eficien- te para favorecer a transferência de capital. Investimentos, pagamentos e transferências bancárias, podem ser efeitos em questões de segundos através da Internet ou de telefone celular. A América Latina possui uma longa história de tentativas de construir uma integração econômica regional. Desde os tempos da independência das colônias americanas se houve discutir a integração dos países latino- -americanos. No entanto, esse sonho à medida que iam ocorrendo às Negócios Internacionais / UA 14 A Integração Econômica na América Latina 5 independências destas colônias alcançadas, sobretudo nos séculos XVIII e XIX, ia ficando cada vez mais longe de se realizar. 2. integraçãO eCOnômiCa, mas afinal, O qUe é issO? A integração é um processo estimulado, principalmente, pelos interesses econômicos das partes envolvidas no acordo e/ou no tratado de integra- ção. Em economia a integração pode ser entendida como a somatória ou unificação de iniciativas que afetarão positiva ou negativamente diferen- tes circuitos produtivos regionais fronteiriços ou duas ou várias econo- mias nacionais, ou então como o incremento ou a intensificação das rela- ções produtivas e comerciais preexistentes. Porém, a integração assume diferentes significados segundo o grau de interpenetração das economias nacionais ou regionais postas em jogo. A integração econômica é vista como um projeto de maior inserção na economia internacional, como atrativo para novos investimentos e, em alguns casos, como eventual instrumento na negociação com os demais blocos econômicos existentes. “O diálogo do futuro não será entre Na- ções-Estado, e, sim, entre blocos e regiões econômicas.” (MAIA, 2004, p. 177) A formação de blocos econômicos regionais de comércio representa esforços em escala regional com o objetivo de formar uma zona de livre comércio onde as empresas possam operar em um espaço protegido. 2.1. Etapas do procEsso dE intEgração Os processos pacíficos de integração seguem etapas definidas. São elas: a Zona de Livre Comércio (ZLC), a União Aduaneira (UA), o Mercado Comum e depois as Uniões Econômicas e Monetárias. A Zona de Livre Comércio é o estabelecimento, pela via de tratados internacionais, da livre circulação das mercadorias sem barreiras ou res- trições quantitativas ou aduaneiras, conservando os Estados integrantes total liberdade nas relações com terceiros países, inclusive em matérias relacionadas com importação e exportação. A união aduaneira é um passo além da zona de livre comércio cujo elemento característico da livre circulação de mercadorias incorpora, completando-o com a adoção de uma Tarifa Externa Comum (TEC), “eli- minando” os complexos problemas da definição das regras de origem. Estabelecida a alíquota comum, normalizados os procedimentos de im- portação e exportação em face dos países de fora da zona aduaneira, os produtos circulam livremente no seu interior, onde recebem a proteção possível pela via da tarifa única e da dimensão do mercado abrangido (GUEDES, 2007). Negócios Internacionais / UA 14 A Integração Econômica na América Latina 6 O Mercado Comum é a terceira etapa do processo integracionista, que ultrapassa e contém a união aduaneira, acrescentando-lhe a livre circu- lação de pessoas, bens, serviços e fatores de produção. Em termos de teoria econômica, o Mercado Comum almeja estimular a integração inter- nacional das corporações produtivas e financeiras no interior do bloco. A quarta etapa de integração a ser atingida é a União Econômica, que compreende o Mercado Comum aliado a um sistema monetário comum a todos os países-membros. Em uma definição mais esclarecida: A União Econômica e monetária é um mercado comumacrescido de uma moeda única. No seu interior, as moedas nacionais, seriam substi- tuídas por uma divisa comunitária, emitida e controlada por um banco central supranacional. 3. O merCOsUl e a abertUra COmerCial brasileira 3.1. o MErcosul No início da década de 1990, surgiram três blocos de comércio importan- tes, sediados nas Américas e na Europa Ocidental. O Mercosul foi o ter- ceiro bloco que surgiu, formado por países da América do Sul. A partir de 1991, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai começaram a eliminar tarifas e outras barreiras ao comércio intrarregional. O segundo estágio do desenvolvimento do Mercosul, iniciado no final de 1994, envolveu a criação de uma união alfandegária para impor uma tarifa comum ao comércio externo, ao mesmo tempo em que aplicava tarifas uniformes e mais baixas ao comércio dentro do grupo. Até o mo- mento, o Mercosul tem sido mais bem-sucedido do que imagina seus fun- dadores. Sua importância no longo prazo provavelmente dependerá da disposição do Congresso dos Estados Unidos de superar sua relutância em estender o Nafta a toda a América Latina. Os países do Mercosul representam também mais da metade do PIB total da América Latina e isso faz com que tenham destaque. As empresas norte-americanas poderão beneficiar-se com a formação do Mercosul e do mercado único europeu, mas somente se estiverem preparadas. Terão de oferecer um conjunto desejável de produtos a um conjunto diversifica- do de consumidores, estar preparadas para tirar proveito de uma varie- dade de moedas e de mercados e instrumentos financeiros. 3.2. abErtura coMErcial brasilEira Até a década de 1990 o Brasil era considerado um país com economia fechada. Nos últimos anos, os países começaram a reduzir as barreiras ao comércio em decorrência das negociações empreendidas no GATT Negócios Internacionais / UA 14 A Integração Econômica na América Latina 7 (Acordo Geral de Tarifas). Com a abertura comercial, a tendência que haja uma equalização dos preços, com um aumento do preço relativo do bem intensivo em trabalho menos qualificado no país em desenvolvimento e um movimento na direção oposta do país desenvolvido. A economia brasileira até 1985 encontrava-se fortemente protegida em relação à concorrência internacional na medida em que a tarifa legal média superava 130%, sem considerar uma extensa lista de proibição de importações, que só não envolvia petróleo e bens de capital. Em 1988, iniciou-se um processo gradual de abertura que foi fortemente aprofun- dado, embora existisse um cronograma de redução de tarifas compreen- dendo o período de Jan/91 à Dez/94, a utilização da abertura comercial como um dos mecanismos de controle da inflação levou à antecipação das datas de redução. Em 1994 com o surgimento do Plano Real, a tarifa média passou a representar 15%; já em 1995 em virtude da deterioração das contas ex- ternas, o governo brasileiro passou a recuar na diminuição do Mercosul, principalmente de bens duráveis, incluindo-os na lista de exceção à tarifa comum ou impondo restrições não tarifárias. A partir do segundo semestre de 1996 com a retomada do fluxo de capitais externo e as pressões da Organização Mundial do Comércio, ocorreu a flexibilização das restrições não tarifárias no setor automoti- vo, ocorrendo, assim, a conciliação do processo de Abertura Comercial, no mesmo período, as mudanças no mercado de trabalho brasileiro vem também acompanhada por programas de privatização de empresas esta- tais, desregulamentação de setores e planos de estabilização econômica, buscando criar um ambiente para o aumento da competitividade da eco- nomia brasileira. 4. bem qUe a amériCa latina tentava Com o surgimento do Mercado Comum Europeu, em 1950, a América Latina buscou a necessidade de alcançar meios para a concretização da integração econômica na região. Esse fato se deve ao temor gerado pela possibilidade da Europa, unida, se tornar uma superpotência, interferindo nas relações comercias de todo o mundo e aumentar o grau de protecio- nismo para com os países não membros. A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina), órgão ligado a ONU (Organização das Nações Unidas), foi a instituição que mais lutou para a integração econômica regional. A CEPAL propunha à industrializa- ção como base para o desenvolvimento latino-americano. A CEPAL des- mentia os benefícios de uma política econômica de fronteiras abertas e sustentava em contraposição um papel regulador dos governos a fim de Negócios Internacionais / UA 14 A Integração Econômica na América Latina 8 reestruturar as economias nacionais. A principal recomendação foi a de promover a substituição de importações através da proteção das indús- trias nascentes, política que foi amplamente adotada. Até certo ponto, as recomendações da CEPAL foram seguidas pelos governos latino-america- nos e efetivamente houve uma melhoria econômica, embora limitada, nos anos cinquenta e sessenta. 4.1. o tratado dE MontEvidéu E a criação da alalc A ALALC (Associação Latino-Americana de Livre Comércio, foi criada em 18 de fevereiro de 1960 pelo chamado Tratado de Montevidéu. Esse tra- tado previa o estabelecimento gradual de um mercado comum, prepara- do pela constituição de uma zona de livre comércio. Inicialmente contava com sete integrantes que são: Argentina, Brasil, Chile, Peru, Paraguai, Mé- xico e Uruguai. Posteriormente também recebeu a adesão da Colômbia, do Equador, da Venezuela e da Bolívia. A ALAC não provocou profundas mudanças na economia e no comércio da região. Houve um significativo aumento das trocas comerciais entre os países-membros do tratado, mas não a ponto de provocar alterações e diversificações nas atividades econômicas na zona de livre comércio. No entanto, problemas locais e externos limitaram a atuação da ALALC. 4.2. o Mcca (MErcado coMuM cEntro- aMEricano) E o pacto andino Os países da porção ístmica da América Central (Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua e Costa Rica) constituíram o MCCA em 1960, com sede na cidade de Manágua – na Nicarágua. O MCCA surgiu para inte- grar as economias e incentivar os investimentos industriais nos países do istmo centro-americano, que buscavam o seu lugar no contexto interna- cional de desconcentração geográfica da indústria. Entretanto, as crises políticas, as lutas armadas entre grupos e a fragilidade das economias desses países limitaram a atividade do MCCA. O Pacto Andino foi instituído em 1969 pelo Acordo de Cartagena (Co- lômbia), com o objetivo de promover a cooperação entre os países andi- nos e o desenvolvimento regional, além de atuar como órgão consultivo em questões políticas relativas à região. Membros: Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. O Chile retirou-se do pacto Andino em 1977. 4.3. a associação latino-aMEricana dE intEgração (aladi) Os governos da Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Méxi- co, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela “persuadidos” de que a integração econômica regional constitui um dos principais meios para que os países Negócios Internacionais / UA 14 A Integração Econômica na América Latina 9 da América Latina possam acelerar o seu desenvolvimento econômico e social; decididos a renovar o processo de integração latino-americano, apostam em uma nova tentativa de integração – a ALADI (Associação Lati- no-Americana de Integração). O novo tratado possui metas menos ambiciosas e mais flexíveis, mes- mo conservando o princípio multilateralista de criação de um mercado comum, não estabelecendo prazos ou cronogramas para a realização des- sas metas. Esse novo tratado abandonou os antigos objetivos para criar uma zona de livre comércio, aceitando a criação de uma área de prefe- rências econômicas. A ALADI, mais flexível do que a ALALC aceitava pactos parciais entre dois ou mais países, de acordo com a realidade regional,o nível de desenvolvimento dos países. 5. a integraçãO eCOnômiCa e Os planOs da Cepal O interesse pelo tema “integração econômica regional” tem crescido nos últimos anos. Além do “modismo” em torno da palavra globalização, tem contribuído para tal interesse a consolidação da União Europeia como uma verdadeira união monetária e o surgimento de importantes acor- dos regionais como o Acordo de Livre Comércio da América do Norte – NAFTA e o Mercado Comum do Sul – MERCOSUL, dentre outros, acordos estes que têm trazido tanto para o meio acadêmico quanto para o meio político inúmeras questões econômicas, políticas e sociais decorrentes dos processos de integração na atual configuração das relações econô- micas internacionais. Na América Latina, diversas tentativas de integração têm sido observa- das ao longo das últimas décadas, cuja influência da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe – CEPAL é marcante. Entretanto, o desta- que dado a CEPAL pela sua contribuição teórica à integração econômica regional é bastante tímido na literatura econômica sobre economia inter- nacional. Em geral, o “pensamento econômico da CEPAL” é relacionado ao processo de substituição de importações e aos fenômenos da deteriora- ção dos termos de troca e da inflação estrutural. 5.1. o quE é a cEpal? A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) foi criada em 25 de fevereiro de 1948, pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), através da Resolução 106 (VI), com objetivo básico de ajudar os governos latino-americanos a fomentar o desenvolvimento eco- nômico de seus países e elevar o nível de vida de seus povos, e tem sua sede em Santiago, Chile. Negócios Internacionais / UA 14 A Integração Econômica na América Latina 10 A CEPAL é uma das cinco comissões econômicas regionais das Nações Unidas (ONU). Foi criada para coordenar as políticas direcionadas à pro- moção do desenvolvimento econômico da região latino-americana, coor- denar as ações encaminhadas para sua promoção e reforçar as relações econômicas dos países da área, tanto entre si como com as demais na- ções do mundo. Posteriormente, seu trabalho ampliou-se para os países do Caribe e se incorporou o objetivo de promover o desenvolvimento so- cial e sustentável. Suas críticas foram construídas a partir do que se convencionou cha- mar de “pensamento cepalino”, a CEPAL deslanchou liderada pelo argenti- no Raúl Prebisch, talvez o maior economista que a América Latina já teve. Todos os países da América Latina e do Caribe são membros da CE- PAL, junto com algumas nações desenvolvidas, tanto da América do Norte como da Europa, que mantêm fortes vínculos históricos, econômicos e culturais com a região. No total, os Estados-membros da Comissão são 43 e 8 membros associados, condição jurídica acordada para alguns territó- rios não-independentes do Caribe. Desde os seus primórdios, a CEPAL tem buscado promover o desen- volvimento econômico e social e a cooperação entre os países, mediante vários trabalhos que, sem ignorar as contribuições genéricas da análise econômica, contemplam as características particulares e os problemas específicos das nações da América Latina e do Caribe. Atenção A CEPAL é uma das cinco comissões econômicas regionais das Nações Unidas (ONU). Foi criada para coordenar as po- líticas direcionadas à promoção do desenvolvimento econô- mico da região latino-americana. Nos anos recentes, a CEPAL tem-se dedicado particularmente ao estudo dos desafios que propõe a necessidade de retomar o caminho do cresci- mento sustentado, assim como a consolidação de sociedades plurais e de- mocráticas. No marco da proposta geral, conhecida como transformação produtiva com equidade, foram consideradas questões tais como o papel da política social; o tratamento dos aspectos ambientais e demográficos e a estratégia educativa; a necessidade do progresso técnico para inserir-se de maneira competitiva no âmbito global, consolidar a estabilidade das economias da região e dinamizar seu processo de expansão. antena pArAbóliCA Você consegue visualizar ao seu redor, agora, neste exato instante, quantos produtos a sua volta são importados?, onde são fabricados? (muitos provavelmente são chineses), poderiam ser latinos? Faça como reflexão com base no texto abaixo uma pro- posta de setores e empresas que a América latina poderia ser a grande fabricante? O que é preciso para isso ocorrer? Exportações para gigante asiático crescem 12 vezes em uma década.1 China supera sócios tradicionais, como EUA. CARACAS. Da América Latina para a China vão matérias-pri- mas, energia e alimentos. Do país asiático chegam produtos tecnológicos, industrializados, têxteis e projetos de coope- ração. Na última década, as exportações do subcontinente para o gigante econômico aumentaram 12 vezes, enquanto as importações cresceram oito vezes, segundo o Sistema Econômico Latino-Americano (Sela). O intercâmbio supera o comércio que muitos países da área tinham com sócios tradicionais, como os Estados Unidos ou nações vizinhas. O processo é visto por observadores como uma relação semelhante à que o Japão teve com nações próximas entre os anos 1960 e 1990. O país nipônico impulsionou o cresci- mento econômico de seus vizinhos (que elevaram a renda per capita entre 15% e 70%) por meio de seu desenvolvi- mento tecnológico. A China se converteu em um sócio estratégico. Há muitas oportunidades de exportação e investimentos nas áreas de mineração, engenharia, agricultura, infraestrutura, ciência e tecnologia – diz Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comis- são Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). A China já ultrapassou os EUA como sócio principal do Brasil, assim como do Chile, em matéria de importações. Na Venezuela, também superou a Colômbia e Brasil como aliado comercial. O caso do México é especial porque, ain- da que seja um competidor da China para produtos de 1. Fabiola Zerpa – O Globo – 18/12/2011. exportação para EUA e Canadá, o comércio bilateral cres- ceu 2.000% entre 1990 e 2010. Em outras nações, o avanço é evidente: no Uruguai aumentou 40% entre 2010 e os 11 primeiros meses deste ano, enquanto o Equador vende 54% de seu petróleo ao gigante asiático. Alta demanda de produtos primários A importância da China para a região se concentra em sua alta demanda de produtos primários. Para manter seu nível de crescimento – 8% ao ano há uma década – precisa de alimentos, energia e matérias-primas. E a América Latina é a fornecedora. Já os países latino-americanos se beneficia- ram da demanda chinesa por ter elevado os preços de suas matérias-primas no mercado internacional. Analistas eco- nômicos indicam que o crescente intercâmbio produziu um efeito de proteção sobre a região e ajudou a resguardá-la durante a crise financeira nos EUA e na Europa. A Argentina se tornou para a China uma fonte de alimen- tos de longo prazo. E está investindo em terras. Um exem- plo é o acordo entre duas províncias – a argentina Rio Negro e a chinesa Heilongjiang – e a empresa de alimentos Beida Yuang. O objetivo é alugar de proprietários particulares até 200 mil hectares para garantir a plantação de milho, trigo, soja e leite aos habitantes de Heilongjiang durante 20 anos. Em troca, a empresa se comprometeu a investir US$ 1,45 bilhão para irrigar tais terras. A China também planeja comprar terras no Peru. No Uruguai, o único latino-americano que exporta gado em pé para o mercado chinês, os asiáticos também querem comprar terras. O Chile também é um provedor relevante de alimentos para a China. Em 2010, 81% dos pedaços de truta congela- da importados pela China provinham do país sul-americano que também é líder nas importações chinesas de cerejas (75%), ameixas (74%), maçãs (70%), morangos congelados (58%),uvas (51%) e vinho a granel (35%). Venezuela, Equador, Argentina e Brasil são fornecedores- -chave de petróleo. O caso mais evidente é o de Caracas, que intensificou o intercâmbio energético com Pequim des- de 2007, quando criaram o Fundo de Cooperação China-Ve- nezuela. O instrumento é fonte de financiamento de obras de infraestrutura pública, a partir de um empréstimo de US$ 4 bilhões desembolsado pelo Banco de Desenvolvimento da China (BDC), cuja amortização foi atrelada ao fornecimento de 100 mil barris diários de combustível pela Petróleos de Venezuela (PDVSA). A China também se converteu na principal financiadora do Equador, após a crise de 2009, que levou à queda nos preços do petróleo. Para se recuperar, Quito assinou com Pequim um primeiro crédito de US$1 bilhão. Atualmente, a dívida é de US$ 6,7 bilhões, quase 12% do PIB, razão pela qual o Equador envia à China 54% de sua produção, nove milhões de barris mensais. No Brasil, energia e mineração representam 90% dos in- vestimentos chineses. O negócio mais importante de 2010 foi a aquisição de 40% da Repsol-Brasil pela Sinopec, estatal chinesa de petróleo e gás, por US$ 7,1 bilhões. Segundo a Câmara de Comércio Brasil-China, este ano os chineses se converteram nos maiores investidores estrangeiros no país, com US$ 30 bilhões. A relação com a China tem custos e benefícios. Chihon Ley, diretor de Programas na Ásia do Centro de Educação Execu- tiva da Universidade Adolfo Ibáñez, no Chile, destaca que no âmbito comercial importadores e consumidores foram be- neficiados por um fácil acesso a produtos chineses a preços convenientes e que dificilmente produtores locais poderiam oferecer. O ponto negativo é que fabricantes locais desses produtos tiveram que mudar de atividade ou fechar. Relação centro-periferia pode voltar à região Sobre sua faceta de exportadora de matéria-prima, o espe- cialista destaca que a América Latina vai se beneficiar de sua relação com a China por 15 a 20 anos – a duração do ciclo virtuoso da demanda sustentada chinesa por esses produ- tos. O que também tem um custo: Os latino-americanos enfrentam o risco de voltar a uma fase primária de produção, focados em artigos sem valor agregado, e de se transformarem em economias extrativas. A América Latina já esteve submetida a uma dinâmica cen- tro-periferia com os EUA. Corremos o risco de repetir essa dinâmica com a China. e AgorA, José? Nesta Unidade vimos como é o processo de integração da América Latina, seja através de formação de acordos, ou de blocos ou de zonas de livre comércio. Não se esqueça da discussão de integração da Améri- ca Latina, vai muito além de formação de blocos, existe todo um cenário histórico, social e cultural a ser ultra- passado. É preciso ser forte, sem deixar um outro país economicamente enfraquecido. Há um forte espírito crítico que deve ser levado em consideração, além da colonização que foi bem dife- rente, enquanto o Brasil teve sua independência anun- ciada, os países de colonização espanhola comemoram a luta de Simon Bolívar como líder de um movimento de independência. Nesse sentido a CEPAL foi quem inseriu na discussão mundial a necessidade de políticas diferenciadas para os países da América Latina e Caribe. Deixo aqui uma pergunta: Esse modelo funciona para a América do Norte? Que diferenciais além da língua fa- lada possuem os países da América do Norte, que dificul- tam a formação de um bloco único? O que é NAFTA? E ALCA? Veremos na próxima unidade de aprendizagem toda a perspectiva dos EUA para a integração econômica. Negócios Internacionais / UA 14 A Integração Econômica na América Latina 15 glossário MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) forma- do por: Argentina, Brasil, Paraguai e Uru- guai e, associados, Bolívia e Chile. ALADI (Associação Latino-Americana de In- tegração), formada por: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Méxi- co, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. CAN (Comunidade Andina), formada por: Bo- lívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. CARICOM (Mercado Comum e Comunidade do Caribe), formado por: Antígua e Bar- buda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Montserrat, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vi- cente e Granadinas, Suriname e Trinidad e Tobago. MCCA (Mercado Comum Centro-Americano), formada por: Costa Rica, El Salvador, Gua- temala, Honduras, Nicarágua. referênCiAs GUEDES, A. L. Negócios internacionais. São Paulo: ThomsonPioneira, 2007. KRUGMAN, P. R. E OBSTFELD, M. Economia In- ternacional: Teoria e política. São Paulo: Makron Books, 1999. MAIA, J. M. Economia internacional e comércio exterior. 9º edição. São Paulo: Atlas, 2004. BAPTISTA, LUIS OLAvO; CASELLA, PAULO BORBA; MERCADANTE, ARAMINTA DE AzEvEDO. 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