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NEGOCIAÇÃO INTERNACIONAL AULA 5 Prof. Leonardo Mèrcher 2 CONVERSA INICIAL A presente aula tenta expor as principais dinâmicas de negociação no âmbito privado, ou seja, entre empresas e no comércio internacional. Dessa forma, os conteúdos a serem tratados, respectivamente, são: interesses privados; comércio exterior; diplomacia empresarial; internacionalização; e questões de negociação privada. Com isso, o objetivo é fazer com que você possa ampliar sua percepção sobre negociações para além de compra e venda, englobando atitudes e frentes distintas de atuação profissional. Esperamos que esta aula possa auxiliar em sua formação profissional no âmbito da negociação. Portanto, os objetivos gerais em sua aprendizagem neste momento são: identificar e compreender os principais conceitos da negociação privada; compreender a negociação na diplomacia empresarial e na internacionalização; e desenvolver a percepção crítica sobre o papel do negociador no mercado. Bons estudos! TEMA 1 – ASPECTOS RELATIVOS AO INTERESSE PRIVADO O interesse privado em negociação é sempre definido por um indivíduo ou um grupo que organiza uma estratégia para alcançar interesses particulares, ou seja, o processo não trará necessariamente resultado positivos diretos a toda comunidade. Isso não significa que negociações de interesse privado não possam beneficiar a sociedade – mas esse não é o seu objetivo principal. Quase sempre compreendemos interesses privados como advindos de empresas que buscam lucros a serem compartilhados por sócios e colaboradores. A negociação privada aqui não se refere à negociação sigilosa, mas significa que os interesses atenderão a um grupo específico de indivíduos. Existe uma infinidade de personalidades de interesse privado, como: empresas de serviços; indústrias; holding; cooperativas etc. Em cada uma, a estrutura interna de funcionamento e a gestão das negociações podem ser diferentes. Porém, todas buscam o lucro, devendo respeitar as leis e a ordem pública. No âmbito internacional, é comum ver dinâmicas de negociação entre empresas produtoras, exportadoras, de logística, seguradoras, financeiras, e atualmente, as de dinâmicas virtuais e tecnologia em inovação. Como futuro profissional que será envolvido por esse mundo de negociação privada, é importante identificar a qual setor você vai pertencer e como representar os 3 interesses de um grupo privado, para que tenha sucesso em sua carreira internacional. TEMA 2 – COMÉRCIO EXTERIOR Importar e exportar bens e serviços exige do negociador o domínio de logística e custos, tais como: conhecer os modais; conhecer os impostos; conhecer a burocracia; e conhecer a concorrência. Na negociação comercial, é preciso ter em mente que sempre iremos receber um pedido para alcançar um ganho absoluto; no entanto, teremos que negociar em diversas frentes os ganhos relativos efetivamente possíveis. Para que alcancemos o melhor resultado, como já mencionado, precisamos dominar estratégias para evitar desgastes, bem como lidar com nossa distância psíquica do mercado externo, lidar com a ética empresarial e moral do negociador e buscar o cumprimento das normas e do que tenha sido acordado. O comércio exterior exige domínio de protocolos, como a língua franca da negociação. Da mesma forma, é possível se aplicar o método Harvard (e outros) nas relações interpessoais. Com esses pontos em mente, o negociador pode se preparar melhor para a rodada de negociação internacional. Contudo, lembre- se: no comércio exterior, é preciso informar ao Siscomex ou Siscoserv de suas atividades para que não haja problemas com a Receita Federal do Brasil. Além disso, é importante observar a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul e a de outros blocos na hora de importar ou exportar produtos. Resumindo, é preciso verificar todos os trâmites burocráticos necessários para que não haja problemas com a Receita Federal do Brasil. O cálculo das despesas e a utilização de códigos corretos para a identificação de produtos e serviços, bem como de quem será responsável pelos Incoterms e pela entrega de carga, devem ser acordados na mesa de negociação. Além disso, é importante definir as formas de pagamento (carta de crédito, por exemplo) e as cláusulas de proteção (especificações sobre os produtos/serviços, como características físicas, sabores, qualidades, quantidades, licenças etc.) que permitirão evitar ou solucionar mais rapidamente controvérsias nos resultados da transição final (entrega). Recomenda-se ainda conhecer a burocracia e os impostos dos mercados estrangeiros em que se irá negociar. Deve-se também demonstrar as capacidades de sua empresa de ofertar ou pagar tudo o que for negociado. Finalmente, não assuma 4 responsabilidades se não tem certeza de suas capacidades para atender a demanda das partes. TEMA 3 – DIPLOMACIA EMPRESARIAL OU CORPORATIVA Além do comércio exterior, é possível identificar outro setor que cresce bastante com a globalização: a diplomacia empresarial (ou corporativa). Ela assume frentes como negociação com governos, com a sociedade civil e com outras empresas. A diplomacia empresarial ou corporativa proporciona a realização de negócios, protocolos, acordos e alianças estratégicas que conduzirão à "conquista de mercados", à internacionalização da empresa e à consequente geração de riquezas. A Diplomacia Empresarial (ou corporativa), por sua vez, tem por base a representação, a informação e a negociação. Na representação e na informação, as práticas giram em torno da comunicação da empresa com o mercado. Já na negociação, é preciso criar "pontes" para aproximar interessados diretos (negociadores ou comerciais) e construir "caminhos" para a facilitação de negócios envolvendo políticos, bancários, despachantes, empresários ou altos quadros executivos, quanto ao estabelecimento ou conclusão de contratos, acordos e protocolos. Essas três dinâmicas são demandadas daquele profissional que busca se tornar porta-voz institucional de sua empresa com o mundo. TEMA 4 – INTERNACIONALIZAÇÃO Internacionalizar significa levar sua empresa ao mercado internacional. Isso pode ocorrer: exportando e importando; ao abrir filiais em mercados estrangeiros; criando joint ventures (parcerias empresariais de nações distintas); possibilitando franquias, subsidiárias etc. Com base em explicações teóricas de mercado e em explicações comportamentalistas, cabe a você fazer o juízo de quais variáveis explicam o processo de internacionalização. Ademais, como negociador responsável pela internacionalização, é importante conhecer algumas práticas de sua profissão. Como campo de negociação internacional, a internacionalização exige baixa distância psíquica do negociador; ou seja, é preciso que o negociador saiba, mais do que ninguém, os valores e as dinâmicas mercadológicas e 5 culturais do local onde a sua empresa busca se estabelecer no estrangeiro. Quanto mais souber sobre o local, menor será a sua distância psíquica e maiores as chances de se obter sucesso na empreitada. Logo, cabe ao negociador identificar a melhor estratégia (de mercado e de comunicação), encontrar network que sustente a ação de internacionalização e dominar o mercado a ser investido. Só após esses domínios a negociação poderá ocorrer. Geralmente, a internacionalização ocorre por contatos iniciais de telefones, e-mails e chats virtuais. Por isso, é importante avaliar seus recursos, como por exemplo voz e apresentação (pessoal e virtual da empresa). Desse modo, é importante se adaptar no linguajar e na aparência com povos estrangeiros que possam ter alguma resistência ao seu comportamento. Você nem sempre precisa se modificar para negociar com estrangeiros, mas é importante buscar um caminho do meio, com maior neutralidade ou equilíbrio,sobretudo se busca inserir sua empresa e produtos em um novo mercado. Se possível, busque ouvir quais adaptações seriam as melhores ao seu produto ou quais serviços seriam ideais para aquele novo mercado. TEMA 5 – QUESTÕES PONTUAIS DE NEGOCIAÇÃO PRIVADA Em negociações privadas, é importante apresentar valores, orçamentos e recursos de sua empresa, e também das propostas de negócios. Cuidado com o vazamento das informações por tecnologias abertas! A espionagem empresarial é uma realidade, da mesma forma que outras empresas podem buscar negociar apenas para vender suas informações a terceiros concorrentes. Tente informar só o necessário e averiguar os reais interesses das futuras parcerias. É interessante, nesse caso, pensar em etapas. É bom relembrar que devemos começar na pesquisa das partes e dos principais concorrentes (tanto da sua empresa como das partes em negociação), considerando as atuais dinâmicas de mercado. Prepare perguntas “quebra-gelo”, sobre o interlocutor e outras amenidades. Antecipe o ponto de vista do outro – quanto mais preciso for em reconhecer os desejos e possibilidades das partes, mais rapidamente você terá a melhor estratégia para finalizar a negociação. Uma outra dimensão importante é a relação interpessoal: não se esqueça de que você negocia temas, e não princípios ou pessoas. Lembre-se que a dimensão psicoemocional faz parte de todo indivíduo – e, portanto, também da negociação privada. 6 Estabeleça uma visão de longo prazo e não se deixe levar pelos interesses (ganhos) de momento. Lembre-se, ainda, que a negociação nunca ocorre apenas em uma única frente. É preciso ter em mente os interesses da sua empresa e os interesses das partes que podem ter sido mal representados pelos negociadores. Mesmo que você feche um acordo favorável, caso as partes tenham desobedecido suas respectivas instituições, o resultado pode não ser cumprido – levando a conflitos e controvérsias. NA PRÁTICA Chegou o momento de fixar e praticar o conteúdo da aula. Para compreender um pouco mais sobre negociações, tente exercitar a sua capacidade cognitiva e de análise sobre dinâmicas de negociação com a atividade a seguir: Busque assistir algum filme de temática empresarial e de negócios, como Uma Secretaria de Futuro (1988); Descreva uma cena de negociação; Identifique quais estratégias os negociadores utilizaram e como estão associadas ao sucesso ou ao fracasso da negociação; Registre a atividade como forma de aprimorar a sua comunicação escrita. Com essa análise, você vai aguçar sua percepção estratégica de negócios, ao mesmo tempo em que poderá emitir uma avaliação de valor ético/moral sobre o comportamento das personagens. Bom trabalho! FINALIZANDO Na aula de hoje, estudamos que a negociação de interesse privado é definida por grupos particulares, como sócios de uma empresa e seus gestores. Na negociação, mais do que representar seus interesses particulares, é preciso representar a empresa que lhe confiou essa tarefa. Os interesses privados movimentam a maior parte do comércio internacional; vimos, nesta aula, a importância do profissional de negociação, que se coloca encarregado da diplomacia empresarial e também da internacionalização. Busque ler artigos que analisam casos de internacionalização, além de relatos de experiências de grandes executivos no mercado internacional. Da mesma forma, busque na 7 bibliografia indicada, como em Iamin (2016) e Costa (2013), um aprofundamento sobre o tema aqui tratado. Até a próxima aula! 8 REFERÊNCIAS ANONNI, D. Introdução ao direito contratual no cenário internacional. Curitiba: InterSaberes, 2012. COSTA, H. S. G. Negociando para o sucesso. Curitiba: InterSaberes, 2013. IAMIN, G. Negociação: conceitos fundamentais e negócios internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016. VANIN, J. A. Processos da negociação. Curitiba: InterSaberes, 2013.
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