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Trypanosoma Cruzi Beatriz Stella Homenagem ao cientista brasileiro Carlos Chagas (1879-1934) que descreveu o ciclo de vida do parasita causador da doença: o protozoário flagelado Trypanosoma cruzi em 1909. Doença de Chagas O T. cruzi é um protozoário unicelular e parasita. Possui um único flagelo e uma única mitocôndria, alongada e terminada num cinetoplasto, que contêm o DNA mitocondrial. Morfologia formato de C e flagelado, forma infectante. forma flagelada encontrada apenas no vetor, com capacidade reprodutiva. forma intracelular, sem flagelo, encontrada no hospedeiro vertebrado com capacidade reprodutiva. Amastigota Epimastigota Tripomastigota Morfologia Ciclo evolutivo A espécie possui um ciclo evolutivo heteroxênico, com hospedeiros vertebrados e invertebrados. Em função desse ciclo digenético, desenvolveu mecanismos adaptativos que permitem que o parasita sobreviva às diversas mudanças físico-químicas na passagem de um hospesdeiro para outro. Hospedeiros invertebrados Os hospedeiros invertebrados são insetos da subfamília Triatominae, distribuída por todo o mundo. Mais de 72 espécies foram encontradas com infecção natural por Trypanosoma cruzi. Cinco espécies são consideradas as mais notórias na transmissão da doença de Chagas, pela capacidade de colonizar e adaptar-se às habitações humanas. Triatoma infestans Triatoma brasiliensis triatoma dimidiata panstrongylus megistus Rhodnius prolixus Hospedeiros vertebrados T. cruzi tem um amplo espectro de hospedeiros, sendo reportada a infecção em mais de 150 espécies de mamíferos. Todos os mamíferos são considerados susceptíveis à infecção, enquanto aves e répteis aparentemente não são susceptíveis. Alguns animais são reservatórios silvestres, morcegos, tatu e capivara são exemplos. cães, gatos, ratos e camundongos atuam como reservatórios domésticos. Fase 1 do ciclo Um inseto vetor triatomíneo infectado ao alimenta-se de sangue, elimina pelas fezes, tripomastigotas próximo do local da picada. Os tripomastigotas entram no hospedeiro através do ferimento da picada ou por mucosas intactas. Fase 2 do ciclo Dentro do hospedeiro, os tripomastigotas invadem células próximas ao ponto de entrada onde diferenciam-se nas formas intracelulares, os amastigotas. Fase 3 do ciclo Os amastigotas multiplicam-se por divisão binária. Fase 4 do ciclo Então diferenciam-se em tripomastigotas e são liberados na circulação sanguínea. Os tripomastigotas infectam células de uma grande variedade de tecidos e transformam-se em amastigotas intracelulares, num ciclo infectante contínuo. Fase 5 do ciclo O triatomíneo infecta-se ao ingerir sangue de um hospedeiro vertebrado contendo parasitas circulantes. Fase 6, 7 e 8 do ciclo 6. Os tripomastigotas ingeridos transformam-se em epimastigotas no intestino médio do vetor. 7. Multiplicando-se por divisão binária. 8. No intestino posterior o parasita se diferencia na forma infectante, o tripomastigota. Trypanosoma cruzi aderindo-se à célula muscular; Trypanosoma cruzi penetrando uma célula do miocárdio; Trypanosomas cruzi já sem flagelo, alojados no músculo cardíaco. Transmissão -Clinico; Laboratorial: Fase aguda: Pesquisa do parasito Sorológico Fase crônica: Pesquisa do parasito (Xenodiagnóstico); Hemocultura; Inoculação em camundongos; Sorológico Pelo vetor; - Transfusão de sangue; - Congênita; - Acidentes de laboratório; - Oral; - Transplante. Diagnóstico Patogênia - infecção aguda A infecção aguda por T. cruzi em áreas endêmicas normalmente ocorre na infância e pode ser assintomática. Quando apresenta sintomas, estes se iniciam 1 a 2 semanas após a exposição. Lesão de pele endurecida e eritematosa (chagoma) aparece no local de entrada do parasita. Quando o local de inoculação é a conjuntiva, edema periocular unilateral e palpebral com conjuntivite, Romaña. Patogênia - infecção crônica ind. Pacientes com infecção crônica indeterminada têm evidências parasitológicas e/ou sorológicas de infecção por T. cruzi, mas não têm sintomas, achados físicos anormais nem evidências de envolvimento cardíaco ou gastrintestinal. Patogênia - infecção crônica A doença de Chagas crônica se desenvolve em 20 a 30% dos pacientes depois da fase crônica indeterminada, que pode perdurar por anos ou décadas. Os parasitas possivelmente estão presentes na doença crônica; Doença cardíaca geralmente se manifesta com anormalidades na condução. Em geral, a miocardiopatia crônica é seguida por dilatação flácida de todas as câmaras, aneurisma apical e progressão das lesões no sistema de condução. Patogênia - infecção crônica O megaesôfago de Chagas apresenta-se com disfagia e pode conduzir a infecções pulmonares por aspiração ou por desnutrição grave. Megacólon pode resultar em períodos prolongados de obstipação e vólvulo intestinal. Tratamento O tratamento antiparasítico para todos os casos de doença de Chagas aguda, congênita ou reativada e para infecção crônica indeterminada em crianças com até 18 anos de idade. Quanto mais jovem for o paciente e mais precoce o início do tratamento, maior a probabilidade do tratamento levar à cura parasitológica. A eficácia do tratamento diminui à medida que a duração da infecção se prolonga, e os efeitos colaterais são mais prováveis em adultos. Depois da manifestação avançada de sinais gastrintestinal ou cardíacos, não se recomenda antiparasitários. É necessário fazer o tratamento dos sintomas. Relato de caso Doença de Chagas congênita por infecção aguda maternal por Trypanosoma cruzi transmitida via oral Uma família composta por quatro pessoas, apresentou-se no Instituto Evandro Chagas (IEC) para atendimento em virtude de uma síndrome febril prolongada. Os quatro membros da família foram acometidos pela doença simultaneamente e sua duração foi de 18 dias. As análises de diagnóstico foram realizadas mediante dois testes sorológicos e três exames parasitológicos. Os achados parasitológicos (cultura de sangue positiva para T. cruzi em dois pacientes), clínicos e sorológicos confirmaram um surto de doença de Chagas aguda (DCA) na família Relato de caso Doença de Chagas congênita por infecção aguda maternal por Trypanosoma cruzi transmitida via oral A investigação epidemiológica não encontrou vetores associados à transmissão entre os membros da família em questão. Além disso, a sua ocorrência em uma área urbana e o aparecimento quase simultâneo dos sintomas nos quatro pacientes sugerem uma associação entre a doença e um alimento (açaí) ingerido por todos eles, porém esse dado não é discutido em detalhes neste estudo. Relato de caso Doença de Chagas congênita por infecção aguda maternal por Trypanosoma cruzi transmitida via oral Todos os pacientes receberam doses diárias de Benzonidazol em janeiro de 2007. A jovem apresentou uma séria intolerância à droga, sofrendo de náuseas, vômitos, dores abdominais e tontura. Consequentemente, devido a uma suspeita de gravidez (amenorreia), o tratamento foi interrompido e a paciente experimentou uma melhora espontânea dos sintomas. Confirmada a gravidez de 12 semanas de idade gestacional, foi feito acompanhamento clínico da paciente durante toda a sua gestação. Relato de caso Doença de Chagas congênita por infecção aguda maternal por Trypanosoma cruzi transmitida via oral Durante toda a gestação, a paciente não apresentou nenhum sintoma de doença de Chagas. Uma ultrassonografia morfológica da 29a semana de gravidez não apontou nenhuma anormalidade. O recém-nascido era do sexo feminino, nasceu prematuramente (34 semanas) no dia 18 de abril de 2007, após cirurgia de cesariana, e apresentou baixo peso (1.850 g), icterícia e sintomas de síndrome do desconforto respiratório (SDR), demandando internação em unidade de terapia intensiva. Durante a internação, a criança foi diagnosticada compneumonia bacteriana. Dois dias após o nascimento, foi submetida a exames parasitológicos e sorológicos visando à detecção de infecção por T. cruzi pelo método da gota espessa, IFI e HAI. Todos esses testes resultaram negativos Relato de caso Doença de Chagas congênita por infecção aguda maternal por Trypanosoma cruzi transmitida via oral Após três semanas, o recém-nascido recuperou-se e não apresentou nenhuma alteração até o quarto mês de vida. Durante uma visita de rotina ao laboratório, aos quatro meses de idade, foram observados esotropia e atraso em seu desenvolvimento psicomotor (não sustentava a cabeça). O exame clínico apontou microcefalia e o fechamento da sutura bregmática. Relato de caso Doença de Chagas congênita por infecção aguda maternal por Trypanosoma cruzi transmitida via oral Durante este período, os resultados da pesquisa por T. cruzi em sangue periférico pelo método de micro-hematócrito, por cultura de sangue para T. cruzi e por xenodiagnóstico indireto permaneceram negativos; no entanto, foi observada uma conversão sorológica positiva por HAI e IFI (IgG anti-T. cruzi: 80) Relato de caso Doença de Chagas congênita por infecção aguda maternal por Trypanosoma cruzi transmitida via oral As imagens de ressonância magnética apontaram anormalidades no cérebro da criança, tais como lesões atróficas caracterizadas por ventrículos dilatados e áreas com encefalomalácia, o que sugere a existência de calcificações intracranianas e lesões císticas Relato de caso Doença de Chagas congênita por infecção aguda maternal por Trypanosoma cruzi transmitida via oral A criança foi tratada com Benzonidazol por 45 dias e o caso foi notificado à Secretaria Municipal de Saúde de Ananindeua. Aos 12 meses de idade, ela permanece sob monitoramento clínico. A mãe foi submetida ao tratamento e os efeitos colaterais foram rigorosamente controlados. Os testes sorológicos da mãe e da criança permaneceram positivos. ADAD, Sheila Jorge. Contribuição ao estudo da anatomia patológica e patogênese do megacólon chagásico. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 30, p. 79-81, 1997. VINHAES, Márcio C.; DIAS, João Carlos Pinto. Doença de chagas no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 16, p. S7-S12, 2000. GALVÃO, Cleber. Vetores da doença de Chagas no Brasil. 2014. PINTO, Ana Yecê das Neves et al. Doença de Chagas congênita por infecção aguda maternal por Trypanosoma cruzi transmitida via oral. Revista Pan-Amazônica de Saúde, v. 2, n. 1, p. 89-94, 2011. Referencias bibliográficas
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