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Conflito aparente de normas Dá-se o conflito aparente de leis penais quando a um único fato se revela possível, em tese, a aplicação de dois ou mais tipos legais, ambos instituídos por leis de igual hierarquia e originárias da mesma fonte de produção, e também em vigor ao tempo da prática da infração penal. – Cleber Masson. Nas palavras de Cleber Masson: unidade de fato; Pluralidade de Normas; Aparente aplicação de todas as normas ao mesmo tempo; Efetiva aplicação de apenas uma delas. Portanto, para que haja conflito aparente de normas será necessário: princípio da especialidade; princípio da subsidiariedade; princípio da consunção; princípio da alternatividade. Este conflito aparente de normas, decorre do princípio non bis in idem, segundo o qual não pode haver duas punições pelo mesmo fato. Sendo assim, deverá o operador do direito se valer de alguns princípios para capitular corretamente o fato ocorrido no caso concreto, como por exemplo: princípio da especialidade; princípio da subsidiariedade; princípio da consunção; princípio da alternatividade. Este conflito aparente de normas, decorre do princípio non bis in idem, segundo o qual não pode haver duas punições pelo mesmo fato. Sendo assim, deverá o operador do direito se valer de alguns princípios para capitular corretamente o fato ocorrido no caso concreto, como por exemplo: Princípio da especialidade Norma especial se sobrepõe sobre a norma geral. Como é o caso do homicídio (art. 121, CP) e o infanticídio (art. 123), os dois visam proteger o mesmo bem jurídico (vida), pois estão geograficamente alocados no capítulo dos crimes contra a vida. Nota-se que o crime de infanticídio é específico, enquanto o homicídio é regra geral. Homicídio = matar alguém Infanticídio = homicídio + “estado puerperal” + “logo após o parto” IMPORTANTE O conflito aparente de normas não possui previsão em lei, mas trata-se de uma construção doutrinária. Princípio da subsidiariedade Entre a norma principal e a subsidiária (soldado reserva) se aplica a principal. Se a lei define um fato como criminoso e outra lei também define outro fato como criminoso, aplica-se a que tem maior abrangência, que neste caso será a principal. Um clássico exemplo utilizado pela doutrina é dos delitos de Ameaça (art. 147, CP) e Constrangimento ilegal (art. 146). Vejamos a norma: Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Perceba que o crime de constrangimento ilegal é mais amplo, e dentro dele tem o verbo ameaçar, ou seja, as duas normas em exemplo trazem a prática de ameaça. O crime de constrangimento é mais amplo e portanto seria aplicado em solução ao suposto conflito com o crime de ameaça. Subsidiariedade expressa: quando o próprio tipo penal traz a ressalva. Exemplo do artigo 15 da Lei 11.343 (disparo de arma de fogo) Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime. Veja que neste caso a lei foi clara em dizer, “salvo se” ou seja, foi expressa. Subsidiariedade tácita: quando é implícito no sistema, sem que exista no tipo alguma menção à subsidiariedade, o que dependerá da análise do operador, como foi o caso dos arts. 147 e 146 analisados. Princípio da consunção/absorção Aqui o fato mais abrangente absorve o de menor abrangência. Em outras palavras, o crime fim absorve o crime meio, por exemplo, o estelionato absorve a falsidade, como ensina a maioria da doutrina. Veja também o que diz a sumula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, e por este absorvido. destaquei E o que isso quer dizer? Bom, se alguém falsifica um documento (art. 297 ou 298, CP) para obter vantagem ilícita em meio prejuízo alheio, ou seja, para praticar estelionato (art. 171, CP), essa pessoa não responderá pelo crime falsificação + estelionato, mas somente por este último, visto que para praticar o estelionato foi necessário falsificar o documento, que tem menor abrangência, este será absolvido pelo crime mais abrangente que é o estelionato. Retornando ao que foi dito no início, o crime fim (estelionato) absorve o crime meio (falsificação). Princípio da alternatividade Aplica-se aos crimes de conteúdo múltiplo ou variado ou plurinuclear ou tipo plurinuclear (tipo no qual integra se várias condutas). Neste caso o tipo penal contém mais de um verbo que são alternativos, ou seja, basta praticar uma das condutas, para que o crime se configure, sem necessidade de que outra das condutas descritas sejam praticadas. Um bom exemplo é o crime de tráfico de drogas, (art. 33, Lei 11.343/2006): Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Veja que este artigo possui 18 verbos, tratando-se, portanto, de um crime plurinuclear. Caso a pessoa pratique apenas um deles, responderá por trafico de drogas, se praticar mais de um responde da mesma forma pelo crime de trafico de drogas.
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