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Curso Técnico em Secretaria Escolar Relações Interpessoais Micheline Xavier de Moura Curso Técnico em Secretaria Escolar Relações Interpessoais Micheline Xavier de Moura Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Educação a Distância Recife 2.ed. | Setembro 2022 Catalogação e Normalização Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129) Diagramação Jailson Miranda Coordenação Executiva George Bento Catunda Renata Marques de Otero Kátia Karina Paulo dos Santos Coordenação Geral Maria de Araújo Medeiros Souza Maria de Lourdes Cordeiro Marques Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Gerência de Educação a distância Professor Autor Micheline Xavier de Moura Revisão Micheline Xavier de Moura Coordenação de Curso Iracema Cristina Batista da Silva Coordenação Design Educacional Deisiane Gomes Bazante Design Educacional Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Helisangela Maria Andrade Ferreira Izabela Pereira Cavalcanti Jailson Miranda Roberto de Freitas Morais Sobrinho Descrição de imagens Sunnye Rose Carlos Gomes Sumário Introdução .................................................................................................................................... 5 1.Competência 01 | Aprender a lidar com os diversos tipos de personalidades ............................. 6 1.1 Conceito de personalidade ........................................................................................................................ 6 1.2 Teorias da personalidade .......................................................................................................................... 8 1.3 Personalidade no ambiente de trabalho ................................................................................................. 10 1.4 Inteligência emocional ............................................................................................................................ 14 2.Competência 02 | Saber resolver os conflitos no ambiente de trabalho .................................... 19 2.1 Conflito .................................................................................................................................................... 19 2.2 Tipos de conflito ...................................................................................................................................... 23 2.3 Conflito na escola .................................................................................................................................... 25 2.4 A comunicação no ambiente de trabalho ............................................................................................... 28 2.5 Mediação de conflitos no ambiente escolar ........................................................................................... 29 2.6 Mediador ................................................................................................................................................. 32 2.7 Perfil do mediador ................................................................................................................................... 33 3.Competência 03 | Desenvolver a capacidade de compreender e incentivar pessoas, para o trabalho individual e em grupo .................................................................................................... 35 3.1 Capacidade de compreender .................................................................................................................. 35 3.2 Empatia ................................................................................................................................................... 38 3.3 Motivação ................................................................................................................................................ 41 3.4 Trabalho individual e em grupo .............................................................................................................. 46 4.Competência 04 | Compreender a importância da boa relação interpessoal para construção de uma gestão escolar democrática ................................................................................................. 50 4.1 Relação interpessoal ............................................................................................................................... 50 4.2 Gestão democrática na escola ................................................................................................................ 55 4.3 O papel do gestor escolar ........................................................................................................................ 59 5. Competência 05 | Entender a importância de cada segmento da comunidade escolar para o bom convívio com a diversidade ......................................................................................................... 64 5.1 O papel da escola .................................................................................................................................... 65 5.2 Preconceito, racismo e discriminação ..................................................................................................... 67 5.3 A importância de cada segmento ............................................................................................................ 70 5.4 Diversidade na escola .............................................................................................................................. 74 Conclusão .................................................................................................................................... 78 Referências ................................................................................................................................. 81 Minicurrículo do Professor .......................................................................................................... 86 5 Introdução Caro(a) estudante, Com alegria que lhes são dadas as boas vindas à disciplina de Relações Interpessoais, a qual consiste em um estudo do âmbito da Sociologia e da Psicologia, que implica nas relações sociais estabelecidas entre duas ou mais pessoas no contexto em que estão inseridas, seja na família, na escola, no trabalho ou na comunidade. Com esta disciplina você terá a oportunidade de desenvolver habilidades que te ajudarão a lidar com diferentes tipos de personalidades, sendo essa a temática abordada na Competência 1, que dará início ao seu estudo e na qual você aprenderá o conceito de personalidade e as teorias da personalidade; assim como a diferenciar os diferentes tipos de personalidade que podem ser encontrados no ambiente de trabalho, além de lhes serem trazidos esclarecimentos pertinentes acerca da inteligência emocional. Já na Competência 2 é feita uma abordagem sobre a resolução de conflitos no ambiente de trabalho, diante da qual você aprenderá acerca dos conflitos e dos diferentes tipos de conflitos que podem surgir no ambiente de trabalho, tendo-se de modo mais específico aquele que ocorre no ambiente escolar. Você também estudará acerca da importância da comunicação no ambiente de trabalho e da mediação dos conflitos no ambiente escolar, tendo como foco a figura do mediador e o seu perfil. Com a Competência 3 lhes serão passados subsídios para o desenvolvimento da capacidade de compreender e incentivar as pessoas para o trabalho individual e coletivo, diante da qual você estudará não só a acerca da importância de se compreender o outro, mas também do autoconhecimento dentro das relações interpessoaisno ambiente de trabalho, bem como do uso da empatia e da motivação. Já na Competência 4 será mostrada a importância de um bom relacionamento interpessoal para a construção de uma gestão escolar democrática. Por fim, espera-se que com a Competência 5 você passe a entender sobre a importância de cada segmento da comunidade escolar para o estabelecimento de um bom convívio com a diversidade. E aí, está preparado(a) para dar início a essa jornada de conhecimentos? Então, vamos lá! 6 1.Competência 01 | Aprender a lidar com os diversos tipos de personalidades Olá! Agora você dará início a mais uma jornada de conhecimentos. Preparado(a)? Nesta competência você vai estudar acerca dos diferentes tipos de personalidades. Mas antes de você iniciar o processo de aprendizagem veja o seguinte questionamento: A fim de te ajudar a responder a essa pergunta, dar-se início a este estudo apresentando algumas considerações acerca do conceito de personalidade. Vamos lá?! 1.1 Conceito de personalidade Quanto à sua origem, a palavra “personalidade” vem do latim “persona” e refere-se às máscaras utilizadas pelos atores, na Antiguidade, com a finalidade de dar voz e representar um determinado personagem. Logo, ao se reportar para a Grécia Antiga você verificará que na encenação de seus papeis o uso de máscaras pelos atores dava-se com o objetivo de tornar claro que as características do personagem por eles encenadas não eram suas, mas sim do personagem. Figura 1 – Máscaras teatrais da Grécia Antiga Fonte: https://culturalizando.blog/2019/10/09/teatro-na-grecia-antiga-o-inicio-de-tudo/ O que é personalidade para você? 7 Descrição: Nesta figura é visto, ao fundo e com destaque, uma parede onde se encontram expostas diversas máscaras denotando diferentes emoções (medo, alegria, raiva, angustia, desdém, entre outros), assim como alguns quadros talhados em pedra, e, na frente desta parede visualizam-se diversos tipos de estatuas, todas elas retratando a parcela da história do teatro na Grécia antiga. Assim, ao se pensar em um conceito de personalidade pode-se colocar: Com isso você poderá compreender que a personalidade envolve um conjunto de características particulares de cada ser humano, as quais influenciam não só o seu comportamento, mas também que o torna um ser único. Você também poderá verificar que a personalidade é formada pelas características inerentes de cada pessoa, envolvendo sua forma de agir, de pensar e de sentir, bem como seus valores morais e seus traços emocionais, entre outros aspectos. Sendo este conjunto de elementos o que o diferencia das demais pessoas e torna cada indivíduo um ser único e complexo diante do contexto em que vive. Também é importante saber que a formação da personalidade ocorre gradualmente durante toda a vida do indivíduo, indo desde a sua infância – quando a criança passa a ter seus primeiros contados com o mundo (família, escola, comunidade) – e segue por toda a sua existência, de forma que o processo de formação da personalidade recebe influência da genética, do meio em que o indivíduo encontra-se inserido e das experiências que ele tem ao longo da vida. Respondendo a esta questão pode-se afirmar que o conjunto de características da personalidade de cada pessoa, isto é, de sentimentos, expectativas, medos, projetos, decisões e Personalidade: Conjunto de características marcantes de um indivíduo, força ativa que ajuda a determinar o relacionamento das pessoas tendo-se por base seu padrão de individualidade pessoal e social, referente à sua forma de pensar, sentir e agir (SIGNIFICADOS, 2021). Com estas explicações, pode surgir a seguinte dúvida: Personalidade é o mesmo que comportamento? 8 anseios é capaz de criar determinadas respostas que se refletem em seu comportamento, isto é, o comportamento de uma pessoa, nada mais é do que a exteriorização de sua personalidade. Assim, você poderá verificar que quando se trata da personalidade, se está tratando da individualidade de cada pessoa e de características que lhes são próprias, ou seja, é aquilo que você é, que é formado por seus valores e visão de mundo. Já o comportamento relaciona-se com aquilo que você faz, de como a sua essência impacta naquilo que você faz. Logo, “não se pode mudar quem se é, mas é possível alterar a forma com a qual se comporta” (MARQUES, 2018). O que você está achando deste estudo sobre o que é personalidade? Você já é capaz de traçar o seu próprio conceito de personalidade? Agora, aprofundando um pouco mais os seus conhecimentos faz-se importante esclarecer que existem diferentes definições de personalidades, que, por sua vez, refletem as diferentes teorias que envolvem essa questão. Assim, para melhor entender essa questão, lhes serão apresentadas as diferentes teorias da personalidade. Preparado(a)? Então, vamos lá! 1.2 Teorias da personalidade Existem diferentes teorias abordando a questão da personalidade e, diante deste fato, pode-se afirmar que não se pode falar na existência de uma teoria completamente certa ou errada, uma vez que as mesmas tratam de abordagens distintas, de exploração de diferentes pontos da personalidade humana. Deste modo, no quadro 1 são mostradas as principais teorias da personalidade e seus defensores. Com estes esclarecimentos, convidamos você para assistir ao vídeo abaixo, para aprender e fixar um pouco mais os seus conhecimentos sobre o conceito de personalidade: https://www.youtube.com/watch?v=QmnQ-p7JHa4 9 TEORIA PSICANALÍTICA De autoria de Freud, defende que todo o comportamento humano pode ser explicado e suas causas podem ser identificadas. Segundo essa teoria a conduta humana é motivada por impulsos e desejos reprimidos e a personalidade é formada por três elementos: a) O Id (ligado aos desejos básicos, que nascem com o indivíduo, como a busca pelo prazer e outros instintos); b) O Superego (oposto do Id, refere-se à moral e aos valores do indivíduo); e c) O Ego (elemento de equilíbrio entre o Id e o Superego, onde os elementos primitivos e os valores morais equilibram a mente). Para Freud a sexualidade possuía papel de grande importância e a personalidade correspondia a um conjunto dinâmico, constituído por elementos em conflito e dominado por forças inconscientes. TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE Teve a contribuição dos autores Jung, Eysenck e Cattell, cujas pesquisas tiveram como foco a mensuração de traços, que foram descritos como padrões habituais de comportamento, de atitudes e de emoções, considerados como responsáveis por influenciar a personalidade e o comportamento humano. Vejamos o que cada um destes teóricos defendia: ü Teoria de Dois Tipos, de Jung: Jung defendia a existência de dois tipos distintos de atitudes cujos impactos influenciam diretamente na maneira que cada indivíduo reage às circunstâncias da vida, a extroversão e a introversão. O extrovertido corresponde ao indivíduo que age com maior ousadia, sem medo de se mostrar; já o introvertido age de forma mais comedida e prefere se concentrar em seu mundo interior. Jung também defendia que em paralelo a extroversão e a introversão, a personalidade podia ser dividida em quatro fases (a infância, a juventude, a middle age e a old age); e que o inconsciente se dividia em duas entidades diferentes (o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo). ü Teoria das Três Dimensões, de Eysenck: a personalidade não pode ser determinada apenas pela extroversão ou introversão; mas também pela estabilidade emocional (neuroticismo) e pelo controle dos impulsos (psicoticismo). Este autor também defendia que os fatores biológicos, assim como os ambientais eram capazes de influenciar a personalidade das pessoas. ü Modelo dos Cinco Grandes Fatores, de Cattell: Define a personalidade a partir da pontuação de cinco elementos: (1) a abertura(considera a intensidade da vontade de aprender, de ter novas ideias e uma mente aberta); (2) a conscienciosidade (refere-se ao grau de responsabilidade, organização, persistência e motivação para o alcance de metas e objetivos); (3) a extroversão (mede o quanto se é sociável e assertivo ao agir); (4) a simpatia (liga-se à forma que cada indivíduo age em relação aos demais); e (5) o neuroticismo (leva em consideração a instabilidade emocional do indivíduo). TEORIAS SOCIAIS COGNITIVAS De acordo com estas teorias o desenvolvimento da personalidade encontra-se sujeito ao conhecimento adquirido pelo indivíduo por meio de suas interações sociais, de suas experiências e dos estímulos externos. Seus estudos enfatizam as influências ambientais e sociais, as diferenças 10 Quadro 1 – Teorias da personalidade Fontes: Marques (2018) e Baptista (2010) Com o passar dos tempos a personalidade passou a ganhar importância em outros domínios da psicologia, como é o caso da inteligência e da emoção, e neste enfoque tem-se a abordagem de Daniel Coleman acerca da Teoria de Inteligência Emocional, sobre a qual você estudará ao final desta competência. Agora, após essas explanações acerca das teorias da personalidade, você passará a ver de que maneira poderá lidar com os diferentes tipos de personalidade dentro do ambiente de trabalho. 1.3 Personalidade no ambiente de trabalho Ampliando um pouco mais seus estudos acerca das relações interpessoais no ambiente de trabalho e tendo-se por foco os diferentes tipos de personalidades que se pode encontrar neste ambiente, lembre-se: de personalidade inatas, a genética e as qualidades humanas internas. São duas as principais teorias sociais cognitivas: ü A Teoria Cognitiva Social, de Bandura, defende que cada indivíduo possui um conjunto de processos cognitivos que lhes permite observar, analisar e regular seu comportamento. E sugere que as pessoas são capazes de julgar a eficácia de seu comportamento através daquilo que eles provocam, assim atitudes que são vistas como positivas são reforçadas e mantidas. ü O Lócus de Controle, de Rotter, afirma que o comportamento e a personalidade das pessoas são influenciados pelo grau de controle que elas possuem em relação aos acontecimentos de suas vidas. Assim, aquele indivíduo que se sente capaz de controlar seu destino, possui o chamado lócus de controle interno; já o possuidor do lócus de controle externo é aquele que acredita que os acontecimentos são fatores alheios a sua vontade ou pessoa. HIERARQUIA DAS NECESSIDADES De autoria de Maslow, defende que a personalidade é moldada pela tentativa do indivíduo de alcançar um conjunto hierarquizado de necessidades humanas. Segundo essa teoria, o indivíduo só atingirá plenamente a autorrealização em sua forma mais elevada através da satisfação de suas necessidades de ordem inferior. Segundo Maslow, essa hierarquia é composta por: a) Necessidades fisiológicas (como oxigênio, água e alimentos); b) Segurança e proteção (seja por estar em um ambiente seguro, ou por ter uma vida estável); c) Amar e pertencer (incluindo, sobretudo, família e relacionamentos); d) Autoestima (através do reconhecimento e valorização das suas qualidades); e e) Autorrealização (considerada a forma mais elevada, onde o indivíduo passa a reconhecer todo o seu potencial). O homem é um ser social por natureza, e em seu convívio com o outro ele precisa aprender a lidar com diferentes tipos de personalidade. Todavia, a condução das relações interpessoais nem sempre é fácil, sobretudo, diante das diferenças existentes no modo de ser, que distinguem uma pessoa de outra. 11 É no ambiente de trabalho, onde geralmente as pessoas passam a maior parte de seu tempo, que as diferenças de personalidade precisam ser respeitadas. Pois, neste ambiente, a manutenção de boas relações se faz fundamental, uma vez que a convivência diária com pessoas de diferentes personalidades, tanto pode proporcionar experiências agradáveis e construtivas, quanto pode provocar sentimentos desgastantes, estresse ou frustações, e, assim, podem afetar a motivação das pessoas para a realização de suas tarefas. Também não se pode ignorar que relações, atitudes e comportamentos humanos influenciam e são influenciados pelas atitudes e comportamento dos indivíduos com quem se convive. E saber lidar com pessoas de diferentes personalidades e comportamentos é fundamental para a construção de um ambiente de trabalho tranquilo e harmonioso. Figura 2 – Diferentes tipos de personalidades Fonte: https://pt.depositphotos.com/vector-images/personalidades.html Descrição: A figura é formada por nove personagens, cada um deles expressa na face expressões de: tranquilidade, pressa, amor, cansaço, indecisão, malícia, de quem acabou de ter uma ideia, de raiva e de desconfiança. Assim, em um ambiente de trabalho é preciso que haja um relacionamento amigável entre todos que trabalham nele, sobretudo, quando se trata de um ambiente escolar, onde todos precisam trabalhar em harmonia a fim de se atender aos objetivos institucionais de ensino. Pois, quando se está inserido para trabalhar na área educacional é preciso saber lidar com as diferenças entre todos os que compõem a escola (funcionários, educadores, gestores, estudantes e seus responsáveis e comunidade) para se evitar conflitos e desentendimentos. 12 Ressalta Santos (2017) que, no convívio com pessoas de personalidades diferentes é preciso aprender a entender o lado do outro, não se deve julgar e deve-se procurar ajudar sempre que possível. Para isso, faz-se necessário o desenvolvimento de três importantes qualidades, quais sejam: Exemplo: Ao se deparar com um colega cujas atitudes e ações tornam o ambiente de trabalho ruim, devido às suas atitudes grosserias e às péssimas maneiras de relacionamento, busque entender o que está acontecendo. Chame-o para conversar, demonstre que se preocupa com ele e que o seu comportamento não está de acordo com o que você pensa para o estabelecimento de um bom ambiente de trabalho. Todavia, você pode perguntar: O que fazer para saber lidar com diferentes tipos de personalidade? A empatia é considerada a arte de se colocar no lugar do outro, de procurar enxergar as coisas pelo ponto de vista do outro. Ter empatia Não se deve julgar ninguém, pois cada pessoa tem sua forma de ver e de se comportar no mundo. Assim, o não julgamento e a empatia farão com que você fortaleça seu relacionamento com as pessoas que o cercam. Evitar julgamentos 13 Figura 3 – Frase motivacional chamando a atenção para o não julgamento do outro Fonte: https://aminoapps.com/c/verbalizando/page/blog/nao-julgue/r0a0_o0DseudGjjZn5dKbo4ean42a8gLWW Descrição: Na figura acima ler-se a frase “Há uma história detrás de cada pessoa, há uma razão pela qual cada um é como é. Pense nisso antes de julgar alguém...”. E logo abaixo a essa frase existe o desenho de oito pessoas, todas elas cabisbaixas e com expressões tristonhas no rosto. Existem ainda outras atitudes que podem ser adotadas e assim ajudar a enfrentar os pontos negativos surgidos nas relações interpessoais no trabalho e a manter um clima de harmonia dentro do ambiente laboral. São elas: • Respeite a história do outro, pois todos trazem sua própria história, e o caminho para que se tenha a sua história respeitada começa com o respeito à história do outro; • Seja prestativo e educado com todos, inclusive com aquelas pessoas que despertam em você qualquer tipo de antipatia. E isto deve acontecer principalmente no ambiente escolar, onde todos que trabalham devem estar imbuídos por objetivos semelhantes e/ou complementares e cujo contexto requer um clima de cordialidade; • Invista no autoconhecimento, pois este é um poderoso instrumento de melhoriasocial. Além disso, ao desenvolver a si mesmo, você passará a enxergar as coisas e Não deixe que a parte ruim do outro contamine você, ou seja, não deixe que o mau humor ou a tristeza do outro, atrapalhe a sua alegria. Não se deixe contaminar pelas coisas ruins trazidas pelo outro. Seja confiante o bastante para seguir suas próprias crenças e valores. Ser imune 14 situações com mais objetividade e será capaz de fazer as mudanças necessárias para a melhoria de suas relações interpessoais; • Demonstre que se importa com as pessoas, uma vez que esse tipo de atitude faz com que você (e suas ideias) seja acolhido(a) de forma mais receptiva; • Saiba fazer e receber feedback positivo, pois isso possibilita a construção de uma ambiente de confiança e de parceria. Todavia, lembra-se que: feedback não é crítica e não deve ser colocado como punição ou constrangimento para quem o está recebendo, mas sim uma contribuição para o desenvolvimento do outro. Assim, quando for falar de algo que precisa ser melhorado, não o faça em público; • Desenvolva sua inteligência emocional, que é uma habilidade relacionada à compreensão de suas próprias emoções (ASPECTUM, 2019), sendo este um tema que você passará se aprofundar de modo mais específico a seguir. 1.4 Inteligência emocional Em nosso dia a dia e, sobretudo, no ambiente de trabalho nossos relacionamentos interpessoais podem afetar diretamente nossas emoções. Então, questiona-se: Pois é, a capacidade de conseguir administrar as emoções e usá-las em seu benefício com o fim de superar adversidade, de transpor barreiras e de amadurecer é fundamental para que se possa prosperar seja no campo profissional ou pessoal. Lembre-se: Você sabe lidar com as emoções que são despertadas pelo convívio com o outro de forma positiva e altruísta? As emoções são a base das nossas experiências interpessoais, pois elas se desenvolvem e nos preparam para lidar rapidamente com os eventos essenciais de nossa vida. 15 Veja na tabela abaixo os temas universais/gatilhos que podem ser desencadeados pelas emoções. Emoção Tema universal/gatilho Raiva Reação a ataque, defesa dos próprios interesses Medo Sensação de ameaça iminente Tristeza Perda de algo de valor Nojo Violação aos gostos ou preferenciais pessoais Surpresa Alguma novidade que se apresenta Alegria Presença ou percepção de algo de valor Tabela 1 – Temas universais/gatilhos desencadeados pelas emoções Fonte: Gonzaga e Rodrigues (2018) De acordo com Gonzaga e Rodrigues (2018) estes temas/gatilhos disparadores de emoções foram adquiridos pelo homem durante seu processo evolutivo e são ativados por mecanismos automáticos de avaliação de mundo, os quais têm como resultado emoções básicas, como: raiva, medo, tristeza..., conforme mostrado na tabela acima. Todavia, essas emoções podem variar de diferentes formas ou intensidade de uma pessoa para outra, conforme suas experiências pessoais e as influências trazidas por fatores externos, como a cultura, o ambiente, a sociedade em que se está inserido. E, para que se possa aprender a lidar com as emoções, é preciso, conforme esclarecido por Goleman1 (2012), aprender a gerenciá-las e para isso se contam com duas mentes: a mente racional (mente consciente, capaz de gerir, ponderar e refletir) e a mente emocional (é impulsiva e possui grande poder sobre o ser). E, no campo profissional, é fundamental saber gerir as emoções e identificar aquilo que se está sentindo, uma vez que, só quem é capaz de entender o significado de cada emoção será capaz de entender de que forma estas podem afetar tanto o seu desempenho, quanto o desempenho de seus colegas de trabalho. Para a psicologia a INTELIGÊNCIA EMOCIONAL consiste na capacidade que o indivíduo tem de compreender e gerenciar suas emoções, e de aprender a lidar com as emoções e sentimentos 1 Idealizador da Teoria da Inteligência Emocional 16 das pessoas que o cerca, com o objetivo de alcançar resultados positivos, seja em seu campo de vida pessoal ou profissional. Figura 4 – Saber equilibrar emoção e razão = Inteligência emocional Fonte: https://aminoapps.com/c/verbalizando/page/blog/nao-julgue/r0a0_o0DseudGjjZn5dKbo4ean42a8gLWW Descrição: Nas tirinhas acima você verifica que, nas duas primeiras tirinhas, à esquerda encontra-se o desenho de um coração irritado, sentado de um lado de uma gangorra, apontando o dedo e gritando em defesa da emoção, e, à direita, está o desenho de um cérebro também demonstrando irritação e apontando o dedo defendendo a razão (e nas duas figuras os dois personagens encontram-se no alto da gangorra). Já na terceira tirinha verifica-se um lápis marcando o ponto de equilíbrio da gangorra, e em posições iguais estão o coração e cérebro com caras de surpresa, e do alto vem uma voz que grita: – Mais equilíbrio pessoal... Mais equilíbrio... O modelo de Inteligência Emocional de Goleman (2012) considera duas dimensões de ação da inteligência emocional: • A dimensão intrapessoal, que engloba as competências emocionais e é composto pela: • Autoconsciência: capacidade de perceber a influência das diferentes emoções em seu rendimento cognitivo e em seu desempenho profissional; e de reconhecer os sinais dos próprios sentimentos, quando esses ocorrem. • Autogerenciamento: capacidade de ser flexível para lidar com diferentes pessoas e situações, de se desconectar das emoções negativas e perceber o lado positivo de tudo, e assim atingir melhores resultados. • A dimensão interpessoal, que engloba as competências sociais e é composto pela: 17 • Consciência social: capacidade de ter empatia pelos sentimentos das outras pessoas e de entender o que pode estar por trás de seus comportamentos e atitudes. • Gestão dos relacionamentos: capacidade de resolver conflitos e de influenciar positivamente as pessoas, de se interessar pelo seu desenvolvimento e de compartilhar tarefas e atividades em grupo. E estas habilidades vêm sendo bastante requeridas dentro das organizações, o que não é diferente dentro das escolas, uma vez que o atributo da inteligência emocional denota um profissional que sabe: expressar-se de forma clara; ouvir seus colegas de trabalho; trabalhar em equipe; inspirar a confiança de todos; contribuir para um ambiente saudável; e contornar situações desagradáveis. Para te ajudar a responder essa pergunta e ao mesmo tempo auxiliá-lo no desenvolvimento de sua inteligência emocional, sugere-se que você: • Conheça suas emoções. Este é o primeiro passo para o desenvolvimento do autocontrole emocional, sobretudo no que se refere ao ambiente de trabalho, onde é preciso lidar com pessoas de diferentes personalidades e comportamentos; • Aprenda a lidar com suas emoções. Pois não basta saber identificar as emoções e as situações em que determinadas emoções podem ser desencadeadas, é preciso aprender e saber lidar com as emoções e sentimentos que são gerados pelas relações interpessoais. E isto não significa dizer suprir esses sentimentos e emoções, mas sim aprender a equilibrá-los, a dosá-los corretamente; • Desenvolva a empatia. Já se falou sobre a importância dessa qualidade nas relações interpessoais de trabalho. O individuo que é capaz de entender as emoções e de se colocar no lugar do outro é possuidor de alto nível de inteligência emocional; Então, pergunta-se: Você acredita ser possível desenvolver sua inteligência emocional? 18 • Mantenha-se motivado. Pois existe uma relação bem próxima entre a automotivação e a inteligência emocional, isto porque a automotivação impulsiona os indivíduos a darem sempre o seu melhor, a fazer o seu melhor dentro do ambiente de trabalho (INSTITUTO BRASILEIRO DE COACHING, 2018). Assim, chega-se ao fim desta competência, não se esqueça de assistir sua vídeo aula, e napróxima semana você dará início ao estudo da resolução dos conflitos no ambiente de trabalho. Até mais! Por fim, sugere-se que você assista ao filme disponibilizado no link abaixo, e assim complemente seus estudos acerca da inteligência emocional: https://www.youtube.com/watch?v=QmnQ-p7JHa4 19 2.Competência 02 | Saber resolver os conflitos no ambiente de trabalho Olá, caro estudante! E ai, preparado para dar continuidade a sua jornada de conhecimentos desta semana? Nesta competência você aprenderá acerca dos conflitos que podem surgir no ambiente de trabalho e o que é possível fazer para a resolução dos mesmos. Lembrando um pouco sobre o que você estudou na competência passada, foi visto que, no dia a dia de trabalho, o convívio com pessoas de diferentes personalidades e temperamentos é comum, de forma que para construção de um ambiente saudável de trabalho é preciso aprender a respeitar as diferenças e a desenvolver determinadas habilidades/qualidades, como: ter empatia; evitar julgar o outro; e não se deixar contaminar pelo que o outro diz ou faz. Todavia, o convívio com o outro nem sempre se dá de forma saudável, principalmente devido à existência de diferentes fatores, como: choque de opiniões; falta de escuta; falta de empatia; disputa por posições de destaque; diferenças de interesses; e tantas outras situações o que torna comum nestes tipos situações a geração de conflitos. Diante disso, para dar continuidade ao seu processo formativo, a partir de agora você passará a aprender um pouco mais sobre a resolução dos conflitos no ambiente de trabalho, e, para isso, inicia-se esta competência trazendo para você algumas considerações acerca do que vem a ser o conflito propriamente dito. Vamos lá! 2.1 Conflito A palavra conflito é originária do latim conflictus, que remete os seguintes significados: choque entre duas coisas, embate de pessoas ou grupos opostos que lutam entre si ou embate entre duas forças contrárias (CARVALHO, 2019). 20 E, quando você procura o significado desta palavra em um dicionário, poderá verificar que o vocábulo Conflito é um substantivo masculino, que denota significados diversos, dos quais se têm: Significado de Conflito Substantivo masculino Luta armada entre países conflitantes; guerra: o conflito entre Palestina e Israel. Ausência de concordância, de entendimento; oposição de interesses, de opiniões; divergência: conflito entre capitalistas e socialistas. [Por Extensão] Choque violento: conflito entre policiais e traficantes. Discussão intensa; altercação: vivia criando conflitos com os alunos. Oposição mútua entre as partes que disputam o mesmo direito, competência ou atribuição. [Psicologia] Condição mental de quem apresenta hesitação ou insegurança entre opções excludentes; estado de quem expressa sentimentos de essência oposta. [Teatro] Elemento a partir do qual a progressão narrativa tem seu início. [Literatura] Oposição, choque de interesses, entre personagens, normalmente entre o protagonista e forças externas ou até consigo mesmo. (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, 2021). Se você observar os significados acima poderá perceber que para que um conflito aconteça é preciso que as partes envolvidas interpretem uma determinada situação de formas opostas ou diferentes, ou ainda que haja incompatibilidade de pensamentos. Para Amado e Freire (2002) o conflito envolve uma situação entre duas ou mais pessoas em que ocorre uma diferença/divergência, seja de critério, de interesses ou de oposição pessoal. Veja o exemplo da figura abaixo: A palavra conflito é originária do latim conflictus, que remete os seguintes significados: choque entre duas coisas, embate de pessoas ou grupos opostos que lutam entre si ou embate entre duas forças contrárias (CARVALHO, 2019). 21 Figura 5 – Tirinhas de Mafalda sobre geração de conflito por causa de pontos de vista diferentes Fonte: https://www.vestibulandoweb.com.br/educacao/enem/simulado-enem-tirinhas-charges/ Descrição: Na figura acima se visualizam quatro tirinhas. Na primeira, Mafalda, encontra-se sentada no meio de dois amigos, os quais estão sentados um a frente do outro. E ela pergunta: “ – Para onde acham que a humanidade está indo”. Na segunda tirinha, os dois amigos apontam cada um para sua frente e respondem ao mesmo tempo e sem finalizar a frase: “– Para a frente é cla...”, e a cabeça de Mafalda é duplicada, dando a entender que ela está olhando para um amigo e para o outro rapidamente. Na terceira tirinha, os dois amigos alterados, em pé, gritam apontando cada um para sua frente: “– a frente é pra lá!. E Mafalda ainda sentado no meio dos dois faz uma cara de exclamação. E na quarta tirinha é mostrado Mafalda indo embora e exclamando “– Estou começando entender por que é tão difícil a humanidade ir para frente”, ao mesmo tempo em que os dois amigo, que agora já não aparecem na tirinha, continuam sua discussão: “– Lá não é frente!” “– A tua frente não é a minha frente!” “– Mas é a minha frente!” “– Não!”. Na figura você pode perceber que muitas vezes os conflitos interpessoais ocorrem pelo simples fato de que as partes não conseguem abrir mão de suas opiniões e acreditam que apenas o seu ponto de vista está certo. Refletindo sobre este fato é importante ter em mente que todos os ambientes são passíveis de acontecer algum tipo de conflito, de divergência, uma vez que, as pessoas são diferentes umas das outras, e assim podem possuir pontos de vista diferentes sobre determinadas questões e que nem sempre a troca de opiniões entre elas acontece de forma amigável. Todavia, apesar do fato de muitos conflitos gerarem situações ruins e/ou sentimentos negativos, a sua ocorrência em um ambiente onde existem mais de uma pessoa, seja na família, no trabalho, na comunidade, na escola, entre outros locais, é inevitável. O importante é como se reage diante desses acontecimentos. Assim, a existência de um conflito pode até ser útil na medida em que as divergências surgidas consigam promover alterações positivas nas atitudes das pessoas. Logo, 22 Portanto, com as explanações realizadas sobre o que vem a ser um conflito você poderá perceber que, nem sempre a existência do mesmo é algo necessariamente negativo, ele faz parte das relações interpessoais, e que o importante é a forma como os mesmos são enfrentados. O conflito faz parte das relações interpessoais, o enfrentamento do mesmo é que irá direcionar se o mesmo trará resultados positivos ou negativos. Neste sentido, veja o que Crispiano (2007) tem a ensinar acerca dos conflitos: Com isso, você, então, pode questionar: E Crispiano (2007) traz resposta a este questionamento ao apontar as seguintes vantagens que os conflitos podem trazer: • Ajuda a regular as relações sociais; • Ensina a ver o mundo pela perspectiva do outro; A existência dos conflitos pode trazer benefícios na medida em que estimule a inovação e a criatividade dos comportamentos, das atitudes e das aprendizagens (JESUS, 2012). O conflito também pode ser visto como uma manifestação natural e, desta forma, necessária às relações entre pessoas, grupos sociais, organismos políticos e Estados. E, por ser algo inevitável nas relações interpessoais, não deve haver motivos para evitá-los, pois, a sua existência pode trazer inúmeras vantagens que, muitas vezes, não são percebidas por aqueles que veem no conflito algo para ser combatido. Mas que tipo de vantagem pode resultar dos conflitos? 23 • Permite o reconhecimento das diferenças, que não são ameaça, mas resultado natural de uma situação em que há recursos escassos; • Ajuda a definir as identidades das partes que defendem suas posições; • Permite perceber que o outro possui uma percepção diferente; • Racionaliza as estratégias de competência e de cooperação; • Ensinaque a controvérsia é uma oportunidade de crescimento e de amadurecimento social (CHRISPINO, 2007, p. 17). Diante de todas estas explanações verifica-se a existência de diferentes tipos de conflitos, e é exatamente sobre essa questão que você passará a estudar a partir de agora. Pronto(a) para aprender um pouco mais sobre essa temática? 2.2 Tipos de conflito Nesta etapa de seu estudo você passará a ter uma visão mais clara sobre os diferentes tipos de conflitos, e, assim, perceberá que, o conflito pode ser classificado de diferentes formas. No quadro 2, você vai encontrar os principais tipos de conflito. TIPO DE CONFLITO CARACTERÍSTICAS Conflito Social Surge como consequência do grau de complexidade e implicação social. Vive- se em uma sociedade muito evoluída do ponto de vista social e tecnológico, todavia, ao mesmo tempo esta se encontra muito precária quando se trata de habilidades de negociações. E, neste contexto, historicamente, a violência aparece como um instrumento/resultado dos conflitos sociais, conforme se observa nos casos das guerras entre nações, grupos sociais, facções, etc. Conflito Tradicional Reúne indivíduos ao redor dos mesmos interesses, fortalecendo a solidariedade. Estes aparecem por três razões distintas: a competição entre as pessoas, por recursos disponíveis, mas escassos; a divergência de alvos entre as partes; pela busca de autonomia ou libertação de uma pessoa em relação à outra. E podem ser desencadeados por fatores, como: a) direitos não atendidos ou não conquistados; b) mudanças externas acompanhadas por tensões, ansiedades e medo; c) lutas por poder; d) necessidade de adquirir status; e) exploração de terceiro (manipulação); f) desejo de êxito econômico; g) necessidades individuais não atendidas; h) carências de informação, tempo ou tecnologia; i) escassez de recursos; j) diferenças culturais e individuais; k) divergências de metas; l) tentativa de autonomia; m) emoções não expressas 24 e/ou inadequadas; n) obrigatoriedade de consenso; e o) meio ambiente adverso e preconceitos. Quadro 2 – Tipos de conflitos Fonte: Portal da Educação (2021) Você também encontrará a divisão dos tipos de conflitos por categorias, dentre os quais se tem: • Conflito intrapessoal: ocorre no interior do indivíduo, pelas lutas que ele trava dentro de si mesmo (tem um teor mais psicológico e individual), como acontece quando se tem dúvidas como: ir/não ir, fazer/não fazer, falar/não falar, comprar/não comprar, vender/não vender, etc. • Conflito interpessoal: ocorre entre duas ou mais pessoas em decorrência de choque de personalidades, de hostilidades, da não cooperação ou da conspiração; • Conflito intragrupal: ocorre entre membros de um mesmo grupo; • Conflito intergrupal: ocorre entre dois ou mais grupos distintos; • Conflitos interorganizacionais: ocorre entre organizações. Outros tipos de classificação de conflitos que você poderá encontrar dentro das organizações e que podem interferir nas relações interpessoais, são: • Conflitos latentes: aqueles não declarados, em que não existe por parte dos indivíduos envolvidos uma consciência clara de sua existência; • Conflitos percebidos: aqueles percebidos racionalmente pelos indivíduos envolvidos, apesar de não haver uma manifestação aberta de sua existência; • Conflito sentido: aquele que atinge os envolvidos ao nível da emoção e de forma consciente; • Conflito manifesto: aquele que já atingiu ambas as partes e já é percebido por terceiros, podendo interferir na dinâmica da organização (SEBRAE, 2017). Agora que você já conhece os diferentes tipos de conflitos, passará a estudar de modo mais específico sobre os conflitos que ocorrem dentro do ambiente escolar. 25 2.3 Conflito na escola Passando a tratar acerca dos conflitos que ocorrem no ambiente escolar, lembre-se que, neste ambiente, assim como qualquer outro em que existem pessoas de diferentes personalidades e comportamento, a sua ocorrência é algo que pode surgir naturalmente, como consequência das próprias relações ali surgidas. O importante é não esquecer que, você, quando estiver na posição de funcionário de uma escola, não importa em que função for, você também é um educador, e como tal, precisa estar preparado para lidar e buscar soluções para as situações de conflitos que possam surgir. O conflito escolar surge como resultado da diferença de opinião ou de interesses de pelo menos duas pessoas ou dois conjuntos de pessoas dentro do universo escolar, e, geralmente ocorre devido à dificuldade de comunicação, de assertividade entre as pessoas e/ou de condições para o estabelecimento do diálogo (CHRISPINO, 2007). Vejamos a figura abaixo: E, neste contexto, é importante que você consiga identificar os seguintes pontos: Como se dá o conflito nas escolas? E quem são os seus atores? Estudantes Professores Ges tore s Pais/responsáveis Com uni dad e Funcionários 26 Figura 6 – Os atores do conflito escolar Fonte: Figura montada a partir de imagem retirada do site https://br.pinterest.com/pin/753508581385060693/ Descrição: Nesta figura visualiza-se ao centro uma escolar, e a sua frente, do seu lado esquerdo, ver-se uma mulher levando uma menina para escola e do outro lado um homem fazendo o mesmo com um menino. Acima ler-se: Conflitos na Escola. E ao seu redor têm-se 6 (seis) setas azuis claro, onde, em cada tem escrito em seu interior o nome de um ator da escola, sendo eles: pais/responsáveis, alunos e comunidade (ao seu ado esquerdo) e gestores, professores e comunidade (ao seu lado direito). Então, veja, no quadro 3, quais são os conflitos que ocorrem com mais frequência dentro do ambiente escolar e suas principais causas. PERSONAGENS DO CONFLITO PRINCIPAIS CAUSAS Entre docentes • Falta de comunicação; • Interesses pessoais; • Questões de poder; • Conflitos anteriores; • Valores diferentes; • Busca de “pontuação” (posição de destaque); • Conceito anual entre docentes; • Não-indicação para cargos de ascensão hierárquica; • Divergência em posições políticas ou ideológicas. Entre estudantes e docentes • Não entender o que explicam; • Notas arbitrárias; • Divergência sobre critério de avaliação; • Avaliação inadequada (na visão do estudante); • Descriminação; • Falta de material didático; • Não serem ouvidos (tanto estudante quanto docentes); • Desinteresse pela matéria de estudo. Entre estudantes • Mal entendidos; • Brigas; • Rivalidade entre grupos; • Descriminação; • Bullying; • Uso de espaços e bens; • Namoro; • Assédio sexual; • Perda ou dano de bens escolares; 27 • Eleições (de variadas espécies); • Viagens e festas. Entre pais, docentes e gestores • Agressões ocorridas entre estudantes e entre os professores; • Perda de material de trabalho; • Associação de pais e amigos; • Cantina escolar ou similar; • Falta ao serviço pelos professores; • Falta de assistência pedagógica pelos professores; • Critérios de avaliação, aprovação e reprovação; • Uso de uniforme escolar; • Não-atendimento aos requisitos “burocráticos” e administrativos da gestão. Quadro 3 – Conflitos mais frequentes no ambiente escolar e suas principais causas Fonte: Chrispino (2007, p. 21). Neste momento não se pode deixar de chamar sua atenção para alguns conflitos considerados inadmissíveis em uma escola e que infelizmente fazem parte do cotidiano de algumas instituições de ensino, que são as ameaças, a falta de respeito e as agressões entre estudantes, entre estudantes e professores e vice-versa, as quais geram um clima de violência que precisa ser combatido a todo custo para que a escola não perca a suas características e as funções essenciais de educação, de socialização e de promoção à cidadania e ao desenvolvimento pessoal. E todos os que fazem parteda escola possuem a responsabilidade de construir e manter um ambiente de paz e respeito. É certo que os conflitos sempre existirão, todavia, quando são trabalhados da maneira correta eles podem ser transformados em instrumentos promotores de cidadania na construção de uma escola democrática. Assim, diante de situações de conflitos que podem ser geradoras de violência a busca de estratégias pacificadoras se faz imprescindível. Para isso, é preciso saber como e porque elas ocorrem, e desta maneira lidar com elas da melhor forma; e, neste processo ter uma boa comunicação é fundamental, conforme você poderá ver no tópico a seguir. 28 2.4 A comunicação no ambiente de trabalho Frente ao que você viu no decorrer deste estudo pode-se dizer que a ocorrência de conflitos no ambiente de trabalho não significa que algo ruim está de fato acontecendo. Os conflitos fazem parte das relações interpessoais, ninguém é obrigado a pensar igual ao outro e os diferentes pontos de vista e de opiniões podem ser muito engrandecedores para as relações. O problema não consiste nos conflitos em si, mas sim na forma como estes são enfrentados, isto é, na forma como são geridos no ambiente de trabalho. Deste modo, você poderá perceber que um dos fatores fundamentais para a gestão dos conflitos no trabalho, sobretudo, quando se trata do ambiente educacional é a utilização do diálogo, ou seja, a utilização da comunicação como instrumento útil para pedir opiniões, dar e receber informações, partilhar sentimentos, reunir esforços, encontrar alternativas para os problemas que surgem, entre outros (JESUS, 2012). Além disso, a forma como a comunicação acontece entre as pessoas é um importante caminho para que os conflitos não se transformem em desavenças, discórdias ou até mesmo em algum tipo de violência (seja física, verbal ou psicológica), o que faz da empatia e do respeito ao outro fundamental. Logo, o processo de comunicação precisa ser transformador, e o respeito às emoções e aos sentimentos devem ser a base do diálogo, pois este último é o melhor modo na busca de soluções geradoras de vínculos favorecedores às relações entre as pessoas (DIOGO; RIBEIRO, 2016). Neste ponto também é preciso levar em consideração que, nos tempos atuais, quando se trata de comunicação não se pode deixar de lado os aplicativos de celular cujo uso tem sido cada vez mais comum a todos e vem transformando a maneira como as pessoas se comunicam e interagem com o mundo, como é o caso do WhatsApp. Pois, diante dos avanços tecnológicos, não se pode LEMBRE-SE: Um processo de comunicação eficaz estimula as pessoas a agirem, a interagirem e a se organizarem no ambiente de trabalho, e, desta forma, atuar positivamente no combate a situações de conflitos. 29 ignorar que a formação de grupos de conversas por este aplicativo, tem se tornado uma prática cada vez mais comum. Todavia, este instrumento deve ser utilizado com cautela, uma vez que, apesar de tornar a comunicação mais rápida e eficaz, sua utilização também pode deflagrar conflitos devido à forma como a comunicação acontece, sobretudo, quando nos referimos aos grupos são formados por diferentes pessoas (pais, gestores, professores e alunos), cada uma delas trazendo suas personalidades, valores, desejos, opiniões, objetivos, entre outros. Com estes esclarecimentos, no tópico que segue você aprofundará um pouco mais seus conhecimentos acerca da resolução de conflitos na escola e aprenderá acerca de sua mediação. Pronto(a) para dar seguimento a sua jornada de estudo? Então, siga em frente nesta sua jornada! 2.5 Mediação de conflitos no ambiente escolar Pois bem, você aprendeu que a ocorrência de conflitos, seja no ambiente escolar ou em qualquer outro local, faz parte das relações entre as pessoas, o importante é, quando eles acontecem, sobretudo quanto tratamos do ambiente educacional, a forma como lidamos com eles. Neste contexto, a mediação de conflitos aparece como importante ferramenta para se trabalhar os conflitos que surgem na escola. Assim, antes de finalizar este tópico é sugerida como complemento de seus estudos a leitura da matéria sobre o uso do aplicativo WhatApp na comunicação escolar disponibilizada no site: https://www.classapp.com.br/artigos/whatsapp-escola E você já ouviu falar da mediação de conflitos? Sabe do que se trata? 30 Em muitos casos, em situações de conflitos, as pessoas envolvidas não se mostram dispostas a abrir mão de seu ponto de vista e a entrar em um acordo, tornando preciso a intervenção de uma terceira pessoa, um intermediador, que, de forma neutra, seja capaz de conduzir os envolvidos no conflito à sua solução. Logo, você poderá perceber que: Veja, na figura abaixo, situações que podem ser beneficiadas pela mediação: Figura 7 – Situações beneficiadas pela mediação de conflitos Fonte: https://www.sinpeem.com.br/sites/arquivos/downloads/05-12e19052018-cursopresencial- mediacaodeconflitos-patricia.pdf Descrição: O fluxograma tem escrito em um retângulo verde centro: “Situações beneficiadas pela mediação de conflito”. Ligados a este retângulo encontram-se outros 13 retângulos, onde estão escritas as seguintes situações: agressão física, rixa, discriminação, danos patrimoniais, perturbação do sossego, constrangimento, roubos e furtos, desentendimentos, preconceitos, ofensa, ameaça, outros. E no universo escolar a mediação pode ser utilizada em diferentes situações, como nos conflitos que ocorrem entre seus diversos atores (estudantes, professores, família, gestão, funcionários, ou quaisquer outros membros que compõem a comunidade escolar); bem como em A MEDIAÇÃO corresponde a um método de resolução de conflitos onde um mediador imparcial e neutro atua como facilitador da comunicação entre as pessoas envolvidas no conflito, com o objetivo de buscar uma solução para o problema (GOUVEIA NETO, 2017). 31 casos de indisciplina e bullying, de atos infracionais de menor gravidade e de violência (GOUVEIA NETO, 2017). De acordo com Jares (2002) para que o processo de mediação aconteça de modo eficaz é preciso: • Favorecer e estimular a comunicação entre as partes em conflito, com o fim de controlar as interações destrutivas; • Levar os envolvidos a compreenderem o conflito de maneira global e não apenas através de seu ponto de vista; • Ajudar os envolvidos a realizarem uma análise das causas do conflito, separando os interesses dos sentimentos; • Buscar forma de converter as diferenças em formas criativas de resolução do conflito; • Observar, sempre que viável, as feridas emocionais existentes entre os envolvidos no conflito. • • Como forma de propor ações novas e eficazes, pois as ações punitivas não têm se mostrado muito efetivas na solução ou redução dos conflitos e da violência nas escolas; • Com o fim de construir relações interpessoais cuja convivência seja pautada pelo diálogo, pelo respeito e pela cooperação. Com estas explicações você poderá perceber que diante das situações de conflitos que podem ocorrer dentro do ambiente escolar, a mediação aparece como uma ferramenta importante de pacificação e democratização; além de ser uma excelente oportunidade de aprendizagem para o desenvolvimento da cidadania. E você, na posição de funcionário ou de futuro funcionário de uma instituição de ensino, deve estar preparado não só para lidar com situações de conflito, como também para intervir de forma positiva diante delas. E porque é importante fazer uso da mediação escolar? 32 • Dentre os objetivos da mediação escolar, tem-se: 1. Construir um sentido mais forte de cooperação e comunidade com a escola; 2. Melhorar o ambiente na aula por meio da diminuição da tensão e da hostilidade. 3. Desenvolver o pensamento crítico e habilidades para asolução de problemas; 4. Melhorar as relações entre os estudantes e os professores; 5. Aumentar a participação dos estudantes e desenvolver habilidades de liderança; 6. Resolver as disputas menores entre as pessoas que interferem no processo de educação; 7. Favorecer o aumento da autoestima dos membros da comunidade escolar; 8. Facilitar a comunicação e as habilidades para a vida cotidiana (GOUVEIA NETO, 2017). Então, você poderá questionar quem seria esse personagem que se coloca como pacificador de conflitos, ou seja, o mediador. Assim, para dar continuidade aos seus estudos, o próximo tópico discorre um pouco mais sobre esse personagem. Vamos lá! 2.6 Mediador O mediador é um profissional imparcial, que tem a função de facilitar a comunicação entre as partes envolvidas no conflito, com o objetivo de ampliar as alternativas para a resolução dos impasses existentes, diminuindo o conflito a níveis administráveis e construindo acordos mutuamente aceitáveis. Então, quais seriam os objetivos da mediação escolar? 33 Figura 8 – Mediação de conflitos Fonte: Escola de Mediadores (2002, p. 09) Descrição: A figura ilustra o processo de mediação. Ao lado esquerdo, ver-se uma menina cuja fala é representada por estrelas; e do lado direito outra que tem a sua fala representada por luas. É visto que o conflito foi gerado pela diferença de opiniões relaci onadas a uma boneca que se encontra no chão entre as duas. Ao centro tem-se a mediadora, uma terceira menina, que aponta para as duas em conflito e cuja fala engloba a lua e as estrelas, na busca de solução para o empasse que se estabelece naquele momento. O mediador é um facilitador e, como tal, não deve interferir na tomada de decisão das partes envolvidas. Ele facilita o diálogo, levando os envolvidos no conflito a resolverem junto suas desavenças, e as partes envolvidas tornam-se autoras da solução do conflito. E quando isso acontece às relações são transformadas em vínculo de solidariedade (ESCOLA DE MEDIADORES, 2002). Na escola o mediador pode ser um estudante, um professor, um pai ou responsável, o gestor ou qualquer outro funcionário da escola que esteja disposto a assumir esse papel e disponha das qualidades necessárias para fazê-lo. Deste modo, a seguir você passa a aprender sobre como dever ser o perfil do mediador. 2.7 Perfil do mediador Para ser considerado um bom mediador escolar é preciso: • Ser um bom ouvinte, saber escutar e entender o que o outro diz, sem fazer nenhum tipo de julgamento ou análise de valor; • Saber estabelecer o diálogo, deixando as pessoas confortáveis para falar, sem que se sintam julgadas ou que estão sendo apontadas como culpadas; 34 • Ser sociável, saber se aproximar dos membros da comunidade escolar e conquistar a sua confiança; • Agir com imparcialidade, não tomar partido, ser neutro diante da situação; • Ter competência e capacidade de comandar o processo de mediação, sendo preciso ter passado por algum tipo de capacitação para o exercício deste papel, e estar preparado tanto psicologicamente, quanto metodologicamente para assumi- lo. Além disso, um bom mediador deve ter uma postura ética e pacificadora, para que no momento da mediação consiga não apenas entender, mas atender as necessidades das partes em conflito, envolvendo todos a fim de que possam identificar o que está acontecendo e construírem juntos melhores formas de resolução dos conflitos. Com estas explanações finaliza-se esta competência e em breve você passará a estudar acerca da capacidade de compreender e incentivar as pessoas no ambiente de trabalho. Até lá! 35 3.Competência 03 | Desenvolver a capacidade de compreender e incentivar pessoas, para o trabalho individual e em grupo Como vai, caro estudante? Nesta semana como ilustrado acima você irá estudar sobre a capacidade de compreender e incentivar as pessoas no ambiente de trabalho. Preparado(a) para mais uma semana de aprendizagem? 3.1 Capacidade de compreender Ao falar do comportamento humano e da capacidade de conhecer o outro, você vai verificar que essa temática encontra-se muito ligada ao autoconhecimento. E o motivo é simples: para entender o outro, é preciso primeiro aprender a olhar para si mesmo. Se você é incapaz de saber o que move as suas ações, fica mais difícil se relacionar com as pessoas e se colocar no lugar delas antes de apenas julgar. Da mesma forma, evoluir como pessoa ou profissionalmente depende de reconhecer os pontos a corrigir e as virtudes a explorar. Veja, então, o conceito de autoconhecimento: Partindo desse conceito você poderá perceber que, o conhecimento do “eu” é um projeto de vida, é resultado de muito esforço, o qual se processa no decorrer de toda a vida e demanda tempo e reflexão, mas que é imprescindível na relação com o outro. Autoconhecimento - Consta no Dicionário o seguinte significado: conhecimento de si mesmo, das próprias características, sentimentos, inclinações, etc., que caracterizam o indivíduo por si próprio (PERFTRACKER, 2021). 36 Figura 8 – Autoconhecimento, uma habilidade fundamental na vida em sociedade Fonte: PERFTRACKER (2021). Descrição: Verifica-se o desenho da parte superior de uma cabeça com um corte lembrando o formato de uma piscina, onde se vê um trampolim e em cima deste um boneco vestido com trajes brancos de mergulhador. Assim, é possível compreender que: ter consciência do que se passa com você e de como isso interfere em sua vida, traz uma maior clareza acerca de suas forças e fraquezas, e ao mesmo tempo pode te manter focado, em todos os níveis, inclusive no profissional. Ter ciência de quais hábitos e pensamentos são ruins para você facilita a administração dos mesmos, de forma que estes hábitos e pensamentos passam a tornar-se menos frequentes e a ter menos poder sobre suas escolhas. Uma boa forma para se exercitar o autoconhecimento é através da Matriz Swot (termo em inglês strengths, weaknesses, opportunities, threats)2, por meio da qual se torna possível avaliar de modo global suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. A Matriz Swot foi criada na década de 1960 na Universidade de Stanford, por Albert Humphrey, visando a melhoraria das estratégias empresariais, que se transformou em um exercício muito utilizado pelas grandes empresas do mundo, e com o passar dos tempos também passou a ser 2 Que em português pode ser traduzida como Matriz FOFA ou Análise FOFA (Força, Fraqueza, Oportunidade e Ameaça). Você, então, poderá perguntar: Do que se trata essa Matriz Swot? 37 utilizada no processo de conhecimento pessoal, como mecanismo para o autoconhecimento (OLIVEIRA, 2018). Deste modo, por meio da Matriz Swot é possível estabelecer uma visão a nível micro (ao identificar os seus pontos fortes e fracos) e a nível macro (ao perceber os pontos externos que podem oportunizar ou ameaçar os pontos internos), isto porque, o desenvolvimento do autoconhecimento vem com o exercício da reflexão sobre suas ações e na prática de novos e melhores hábitos de vida. Veja, no quadro abaixo, como utilizar a Matriz Swot visando seu autoconhecimento; ANÁLISE SWOT PESSOAL Fatores Positivos Fatores Negativos Análise Interna O que está no seu controle, que depende apenas de você (capacidades, competências e conhecimentos), e que você pode desenvolver com treinamento, estudo e treino. Forças O que você faz bem? Fraquezas O que você pode melhorar? Análise Externa Tudo aquilo que foge de seu controle, pois você não controla seu ambiente externo. Oportunidade O que você pode fazer para diminuir as suas fraquezas? Ameaça O que pode te prejudicar? Quadro 4 – Matriz Swot pessoal Fonte: Cabrera (2020) Com a Matriz Swot pode-se acelerar o processo de autoconhecimento a partir do momentoque você passa a refletir sobre a própria vida e consequentemente a levantar questionamentos que precisarão ser respondidos. Esse processo de reflexão e questionamento ininterrupto faz parte da construção de toda uma vida. A cada dia novas situações podem surgir e é preciso estar atento para identificar o momento em que se faz necessária a mudança de determinados hábitos e pensamentos que não fazem bem. Para isso, é preciso ter a mente aberta e estar disposto a mudar de opinião, a aceitar novas ideias, a desconstruir antigos conceitos. 38 A importância da Matriz Swot para o autoconhecimento é a relação que se trava com o outro a partir daí, pois quanto mais você se conhece, mais empático você se torna, e a capacidade de compreender o outro está intrinsicamente relacionada ao autoconhecimento. É a partir dele que o homem se torna capaz de melhorar sua qualidade de escuta e de observação. Portanto, lembre-se: Assim, na busca de trazer um maior aprofundamento em relação aos seus estudos, você está convidado a estudar um pouco mais acerca da empatia. Pronto(a) para mais essa aventura? Então, vamos lá! 3.2 Empatia Conforme você já viu, já se falou sobre empatia em tópicos passados e, a partir de agora, você irá se aprofundar um pouco mais a respeito desta questão. De acordo com o Dicionário, empatia é uma palavra de origem grega, que significa ter a habilidade de entender a necessidade do outro, de sentir o que uma pessoa está sentindo, de se colocar em seu lugar e de ver o mundo pela sua perspectiva (DICIONÁRIO ON LINE DE PORTUGUÊS, 2021). Assim, você poderá entender a empatia como sendo a capacidade que uma pessoa tem de vivenciar a dor e a alegria de outra, sendo que para isso é preciso ter em mente que cada ser humano é único e passa por situações distintas, que acabam formando sua personalidade. Assim, seja Com estas explicações você, também poderá questionar: Que relação tem tudo isso com o que se propõe este tópico que trata acerca da capacidade de compreender? “A escuta é um ato de atenção para com o outro, de respeito com relação a sua pessoa, de abertura ao seu mundo. [...] isto só é possível se estivermos dispostos a suspender provisoriamente as nossas próprias vozes, a calá-las ou, no mínimo, moderá-las. Escutar é um ato de hospitalidade” (TORRALBA apud PROGRAMA CULTURA DE PAZ, 2021) 39 nas relações pessoais ou profissionais, faz-se fundamental aprender a importância de se valorizar as diferenças entre as pessoas, pois é a multiplicidade de olhares que favorece a aprendizagem, a inovação e o progresso da sociedade. A primeira atitude é aprender a fazer escolhas sustentáveis, é ter qualidade na escuta e na observação. Falar em escolhas sustentáveis significa dizer que não deve distinguir/separar o que é bom para si e o que é bom para o mundo, mas unicamente, unir o que é bom para você e para o mundo. Aceitar as diferenças é se abrir para novos aprendizados, consiste em se mostrar receptivo para compreender e aceitar as diferenças existentes entre você e o outro. Lembre-se: sua interpretação é sempre parcial e influenciada por suas crenças pessoais, por isso, faz-se necessário procurar modificar seus hábitos de atenção e comunicação. E ai, você gostou do vídeo? Consegue se imaginar em alguma das situações apresentadas? Então, chegou o momento de buscar treinar o seu olhar para evitar distorções na interpretação dos fatos. Lembre-se: em uma escuta empática, ouvimos sem interromper, sem interrogar, sem opinar, sem aconselhar e, sobretudo, sem julgar. Esta consiste em um espaço exclusivo para o outro dizer aquilo que o preocupa, que acha importante, que precisa e, de modo geral, sobre a forma como está interpretando a situação. Então, pense: O que é preciso para desenvolver empatia nos diferentes ambientes? Diante disso, você está convidado para assistir ao vídeo abaixo, o qual apresenta, de forma cômica, situações em que o primeiro julgamento dificulta o entendimento real da situação. Eis o link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=RXuh7cEzxlA 40 Veja, então, o que o exemplo da figura abaixo tem a ensinar. Figura 9 – Exemplo do uso de empatia no ambiente de trabalho Fonte: Programa Cultura de Paz (2021) Descrição: Os dois quadrinhos mostram situações distintas ocorridas em um local de trabalho, com três personagens (um homem que está sentado em frente a um computador em sua mesa de trabalho e duas mulheres, que se encontram a frente da, uma está em pé, com um leque na mão abanando a outra que, sentada, passa mal devido ao calor). No quadro 1, você visualiza que não há o uso da empatia por parte do homem, que reclama do que ocorre, dizendo que além de ter que aguentar o calor, também precisa lidar com as interrupções de seu trabalho devido à situação. Já no quadro 2, ver-se o uso da empatia por parte deste, que se preocupa com a mulher, observando ser a terceira vez que ela passa mal devido ao calor e se propõe a ajudá-la. Você pode observar que, na primeira situação o cidadão não tem um olhar empático, reclamando da cena que se desenrola em sua frente de forma individualista; já na segunda este consegue se colocar no lugar do outro. E, diante destes quadros você poderá verificar que, com o uso da empatia, cria-se um espaço democrático e livre para o outro existir com suas forças e vulnerabilidades, além de se ampliar a visão de mundo, favorecendo o reconhecimento das diferenças, das infinitas formas de enxergar e das condições possíveis para lidar com os conflitos, evidenciando que cada ser humano é único. A verdadeira empatia é aquela que possibilita a compreensão das situações a partir da perspectiva do outro. Com estas explanações, você está convidado agora para dar seguimento de seus estudos e aprender um pouco mais acerca da motivação e de sua importância para o trabalho. Preparado(a)? Então, vamos lá! 1 2 41 3.3 Motivação A palavra motivação deriva do termo latino moverè, tendo como significado: força motor ou força interna que impulsiona o homem a ter uma determinada atitude ou a realizar uma determinada tarefa (SARDINHA, 2013). Assim, você poderá compreender a motivação como aquela energia capaz de impulsioná- lo a buscar a realização de seus sonhos. Portanto, focar em pontos específicos, no que se quer e em como alcançar objetivos e sonhos, permite que o homem se aproxime mais de seus propósitos, tornando-o mais satisfeito consigo mesmo, ou seja, o torna mais motivado e pessoas motivadas são mais entusiasmadas e propensas a se arriscar, são mais proativas, têm iniciativa e capacidade de contagiar as pessoas que o cercam, isto sem se deixar contaminar pelo desamino. Reflita, então, acerca da mensagem passada na seguinte quadrinha: Figura 10 – O desânimo de Miguelito perante a vida Fonte: http://www.emdialogo.uff.br/node/3543 Descrição: Neste quadrinho Mafalda questiona Miguelito, por não entender, o porquê de ele ficar ali sentado esperando alguma coisa da vida e quando ele responde que é aquilo mesmo que vai ficar fazendo ela se afasta questionando se não é pelo fato de existirem muitas pessoas como Miguelito que o mundo se encontra como está. E, sobre essa questão, você sabia que os sonhos estão diretamente relacionados com um propósito de vida, um objetivo a ser atingido, entre diversos outros fatores? 42 Pessoas desanimadas não se encontram propensas ao sucesso. E uma das formas de ter motivação e superar o desânimo é realização de atividades que promovam alegria, que deem a sensação de prazer, de satisfação. E isto também acontece no campo profissional. Para isso, é preciso: • Investir em formação pessoal, pois o aperfeiçoamento pessoal é tão importante quanto qualquer outro setor da vida;• Traçar planos, reconhecendo seu lugar no mundo e aonde você pretende chegar, dessa forma, é possível traçar objetivos e se sentir motivado para alcançá-los, além de trazer maiores perspectivas das coisas que se pode realizar e que dependem unicamente de cada um; • Procurar aprender com histórias motivadoras de pessoas que passaram por situações desafiadoras, e até mesmo por situações semelhantes vivenciadas por você, isso te ajudará a se sentir motivado. A motivação também influencia na produtividade e no desempenho das pessoas, as quais passam a se sentir mais estimuladas a crescer e alcançar metas, pois a motivação faz com que os objetivos sejam atingidos da maneira mais eficaz e estimula o trabalho em equipe, pois é uma força contagiante. O fato é que um indivíduo motivado se compromete mais com a instituição em que trabalha. A motivação no ambiente de trabalho têm se mostrado de extrema importância para incentivar funcionários, para a promoção de uma maior sintonia entre as equipes e para um desempenho melhor em trabalhos individuais. Dessa maneira, algumas formas de recompensa que podem promover a motivação para o trabalho são: • Oferecer horários flexíveis; • Reconhecer o progresso e valorizar o trabalho efetuado; • Permitir que se trabalhe em projetos diferentes; • Escrever recomendações (cartas, linkedin ou e-mail); 43 • Realizar ações descontraídas, através de brincadeiras e dinâmicas, com o objetivo de aliviar o estresse; oferecer sempre acesso para o diálogo, para a troca de ideias e vivências, entre outros. E, no campo da gestão educacional, também atuam na motivação daqueles que trabalham neste setor ações como: a realização de capacitações e de momentos de reflexões; reconhecer e elogiar o trabalho que é desenvolvido, com o fim de elevar a autoestimas dos funcionários; ser otimista e apoiar a equipe diante das dificuldades surgidas; ter sensibilidade diante das dificuldades vivenciadas e contribuir para que as mesmas sejam vencidas; ter ética e agir com equidade; entre outras (SAVIOLI, 2017). Todavia, existem diferentes fatores motivacionais e estes variam de um indivíduo para outro, e o que estimula uma pessoa, pode não ter o mesmo efeito sobre outra. Proposta pelo psicólogo americano Abraham H. Maslow, essa teoria se baseia na ideia de que as necessidades humanas seguem uma hierarquia, que vão das necessidades básicas (que devem ser satisfeitas primeiro) àquelas mais complexas, e de nível mais alto. Seu método foi representado em forma de pirâmide, em que fica estabelecida uma ordem para cada necessidade humana, conforme você poderá observar na figura que segue. Logo, responda: Você já ouviu falar acerca da hierarquia das necessidades de Maslow? 44 Figura 11 – Pirâmide da Hierarquia das Necessidades de Maslow Fonte: http://www.etecregistro.edu.br/unidade/orientacao_pedagogica/teoricos_da_educacao.html Descrição: A figura é formada por um triângulo colorido, dividido em quatro trapézios de tamanhos diferentes e um triângulo ao topo. Em sua base, pintada na cor rosa, estão representadas as necessidades básicas, que ocupam dois trapézios: o primeiro, é o maior, representa as necessidades fisiológicas (respiração, comida, água, sexo, roupa, descanso, homeostasia, excreção) e o segundo representa as de segurança (física, emprego, recursos, saúde, moralidade, família, propriedade). Ao centro, encontram-se representadas as necessidades psicológicas na cor verde, ocupando o terceiro e o quarto trapézios: o terceiro representa as de amor/relacionamento (amizade, família, necessidade sexual, conexão, fazer parte de um grupo) e o quarto, representa as de estima (autoestima, confiança, realização, respeito). E, por fim, no topo, tem-se um triângulo azul representando as necessidades de autorrealização, que são referentes às realizações pessoais (crescimento, autonomia, independência, controle) Você, então, verifica que na base da pirâmide encontram-se os níveis básicos de sobrevivências, já os níveis mais altos referem-se à aceitação social e à autovalorização. Assim, conforme se vão atingindo os níveis mais baixos da pirâmide passa-se a adquirir mais condições e motivações para seguir adiante, e, assim, vencendo etapa a etapa chega-se ao topo, que corresponde à realização pessoal. Também é importante saber que sem motivação as pessoas não sentem vontade de realizar nenhum tipo de tarefa. E para que a motivação ocorra é preciso um estímulo, que pode estar ligado a fatores internos (emoções) ou externos (ambiente). Dai é possível apontar a existência de dois tipos de motivações: uma extrínseca e outra intrínseca. Veja, no quadro que segue o como distinguir uma da outra. 45 MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA Também chamada de motivação externa, encontra-se ligada ao ambiente, às situações e aos fatores externos. No trabalho corresponde ao salário, às premiações, aos treinamentos de aprimoramentos, aos benefícios oferecidos, entre outros. MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA Conhecida como motivação interna, refere-se à força interior, que mantém os indivíduos ativos mesmo diante das adversidades. Está relacionada à realização pessoal, aos interesses individuais (metas, objetivos e projetos pessoais), os quais geram no homem força para se movimentar e conquistar, tornando-se protagonista de sua história. Quadro 5 – Diferenças entre motivação extrínseca e motivação intrínseca Fonte: Instituto Brasileiro de Coaching (2018) Assim, com base nestes dois tipos de motivação, acredita-se importante conhecer outra teoria motivacional: a Teoria dos Dois Fatores de Herzberg, segundo a qual fatores motivacionais e fatores higiênicos são responsáveis pela motivação e satisfação das pessoas no trabalho. E, no quadro seguinte, você poderá visualizar os fatores motivacionais e higiênicos são estes referidos por Herzberg. FATORES MOTIVACIONAIS São aqueles que, quando presentes, causam motivação, e quando ausentes causam insatisfação. Eles têm relação com ações que motivam o funcionário, como: reconhecimento do trabalho realizado, crescimento profissional, autorrealização, promoção de desafios a serem alcançados, crescimento pessoal, liberdade de decisão e para realizar uso pleno das habilidades pessoais. FATORES HIGIÊNICOS São fatores relacionados à empresa, ao ambiente, dentre os quais, têm-se: salário, ambiente de trabalho, política empresarial, clima organizacional, benefícios sociais, condições físicas do ambiente, entre outras. Quadro 6 – Fatores motivacionais e higiênicos segundo Herzberg Fonte: Instituto Brasileiro de Coaching (2019) E ai? Você está gostando do que vem aprendendo? Assim, espera-se que sua aprendizagem esteja se dando de forma proveitosa. E com este desejo, você está convidado para dar início ao estudo da a última etapa desta competência. Está pronto para abrir um pouco mais seus horizontes e estudar acerca do trabalho individual e em grupo? 46 Então, vamos lá! 3.4 Trabalho individual e em grupo Antes de se começar a estudar acerca do trabalho individual ou em grupo acredita-se que é importante traçar umas breves considerações sobre o que vem a ser trabalho. Pode-se afirma que o trabalho faz parte da vida humana, que o homem enquanto ser social necessita do trabalho para viver/sobreviver. Este sempre fez parte da vida dos homens e foi através do mesmo que as civilizações se desenvolveram e alcançaram o nível atualmente alcançado. Deste modo, o trabalho pode ser entendido como qualquer atividade física ou intelectual, realizada pelo homem, com o objetivo de transformar ou obter algo para sua realização pessoal e/ou para seu desenvolvimento econômico (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO PARANÁ, 2021). Assim, uma vez que você já sabe distinguir os diferentes conceitos que envolvem a questão do trabalho, passa-se ao
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