Buscar

Unidade 1 - part 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Economia política brasileira
Apresentação
A economia política brasileira, nos últimos 60 anos, foi marcada por momentos de prosperidade e 
de recessão, de equilíbrio e de desequilíbrio, de autoritarismo e de populismo. Esse período reflete 
o pós-Segunda Guerra Mundial até os dias atuais, em que o Brasil viveu um momento de economia 
política liderada pelo partido dos trabalhadores. Nesse sentido, o Brasil viveu uma série de políticas 
econômicas, implementou diferentes planos monetários, controlou a inflação de múltiplas maneiras, 
ampliou e reduziu o Estado de várias formas e mudou o regime de desenvolvimento para se ajustar 
aos tempos modernos. 
 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar seis décadas da economia política brasileira, do 
milagre econômico à crise da dívida externa dos anos 1970, do desequilíbrio inflacionário dos anos 
1980 à reforma neoliberal dos anos 1990 e a ruptura dos trabalhadores nos anos 2000.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Analisar o Brasil de 1964-1984: do milagre econômico à crise da dívida externa.•
Esquematizar o Brasil de 1985-2002: do desequilíbrio inflacionário à reforma neoliberal.•
Explicar o Brasil pós-2003: rompendo com a descontinuidade dos trabalhadores.•
Infográfico
Veja no Infográfico a economia política brasileira sob a influência do regime militar, que durou de 
1964 até 1984. Nesse período, o Brasil investiu em diferentes infraestruturas, mas sofreu 
paralelamente com inflação, aumento da dívida e desigualdade de renda.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/fe7972bd-775f-4fe6-bda5-88e6d5a6b5ca/db1daf46-a751-4875-9a36-040ca745d3dc.jpg
 
Conteúdo do livro
Nas últimas seis décadas, a economia política brasileira passou do milagre econômico à crise da 
dívida externa, do desequilíbrio inflacionário à reforma neoliberal, da nova economia dos 
trabalhadores à crise econômica. Nesse contexto, a economia política brasileira já viveu períodos de 
prosperidade e de recessão, de equilíbrio e de desequilíbrio, de autoritarismo e de populismo.
No capítulo Economia política brasileira, da obra Economia política, você vai estudar os três 
momentos da economia política brasileira: (1) de 1964-1984, em que o Brasil vai do 
milagre econômico à crise da dívida externa; (2) de 1985-2002, em que o Brasil sai do desequilíbrio 
inflacionário e realiza as reformas neoliberais; e (3) o Brasil pós-2003, em que ocorrem a ruptura 
dos trabalhadores e nova crise econômica.
 
ECONOMIA
POLÍTICA
Filipe Prado 
Macedo da Silva
Revisão técnica:
Gustavo da Silva Santanna
Bacharel em Direito
Especialista em Direito Ambiental Nacional 
e Internacional e em Direito Público
Mestre em Direito
Professor em cursos de graduação 
e pós-graduação em Direito
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB -10/2147
S586e Silva, Filipe Prado Macedo da.
Economia política [ recurso eletrônico ] / Filipe Prado 
Macedo da Silva, Ariel Dutra Birnkott, Jaíza Gomes Duarte 
Lopes; [revisão técnica: Gustavo da Silva Santanna]. – Porto
Alegre: SAGAH, 2018.
ISBN 978-85-9502-408-3
1. Política econômica. I. Birnkott, Ariel Dutra. II. Lopes, Jaíza 
Gomes Duarte. III.Título.
CDU 338.2
Livro_Economia_Politica.indb 2 24/04/2018 11:11:37
Economia política brasileira
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Analisar o período que vai do “milagre econômico” à crise da dívida 
externa: o Brasil de 1964–1984.
  Esquematizar o período que vai do desequilíbrio inflacionário à re-
forma neoliberal: o Brasil de 1985–2002.
  Explicar o Brasil pós-2003: rompendo com a ruptura “dos trabalhadores”.
Introdução
A economia política brasileira, nos últimos 60 anos, foi marcada por mo-
mentos de prosperidade e de recessão, de equilíbrio e de desequilíbrio, 
de autoritarismo e de populismo. Essa situação reflete o pós-Segunda 
Guerra Mundial e se estende até recentemente, em que o Brasil viveu um 
período de economia política liderada pelo Partido dos Trabalhadores 
(PT). Nesse sentido, o Brasil passou por uma série de políticas econômicas, 
implementou diferentes planos monetários, controlou a inflação de 
múltiplas maneiras, ampliou e reduziu o Estado de várias formas e mudou 
o regime de desenvolvimento para se ajustar aos tempos modernos.
Neste capítulo, vamos analisar seis décadas da economia política 
brasileira: do “milagre econômico” à crise da dívida externa dos anos 1970, 
do desequilíbrio inflacionário dos anos 1980 à reforma neoliberal dos 
anos 1990, culminando na ruptura que levou um governo de esquerda 
ao poder nos anos 2000.
Do “milagre econômico” à crise 
da dívida externa
De 1964 até 1984, o Brasil viveu o período do regime militar, com cinco 
presidentes militares: Humberto Castello Branco (1964–1966), Arthur da 
Costa e Silva (1967–1969), Emílio Garrastazu Médici (1969–1973), Ernesto 
C09_Economia_politica_brasileira.indd 1 21/03/2018 12:50:37
Geisel (1974–1978) e João Figueiredo (1979–1984). O regime de exceção e o 
alinhamento militar permitiram certa continuidade no terreno político e no 
modelo de política econômica.
No governo de Castello Branco, os principais objetivos da política 
econômica eram o combate gradual à inflação, a expansão das exportações 
e a retomada do crescimento. Na prática, esses três objetivos duraram até 
1973 — sendo que a retomada do crescimento só foi concretizada a partir 
de 1967.
Apesar dos problemas políticos do regime militar — como a forte repressão social —, 
a agenda econômica não encontrava resistência formal da sociedade, em especial do 
setor produtivo, que viu os seus lucros se expandirem.
Segundo Hermann (2011b), o período de 1964 a 1973 ilustra um caso de 
nítida ausência de correlação entre democracia e desenvolvimento e de alta 
correlação entre autoritarismo e reforma econômica. O período de 1964 a 
1973 pode ser dividido em duas fases: 
1. 1964–1967, o período de ajuste conjuntural e de ajuste estrutural da 
economia, buscando enfrentar o desequilíbrio inflacionário, o dese-
quilíbrio externo e o quadro de estagnação econômica; 
2. 1968–1973, o período que se caracterizou por uma política monetária 
do tipo expansionista e por um vigoroso crescimento da atividade 
econômica (média de 11% ao ano), com a gradual redução da inflação 
e do desequilíbrio externo.
Na primeira fase, 1964–1967, a economia operou com o Plano de Ação 
Econômica do Governo (PAEG), e na segunda fase, 1968–1973, com o Plano 
Estratégico de Desenvolvimento (PED). O PAEG tinha a finalidade de imple-
mentar um processo de estabilização dos preços de inspiração ortodoxa. Esse 
processo era acompanhado por importantes reformas estruturais do sistema 
financeiro, da estrutura tributária e do mercado de trabalho (IANNI, 1971).
As metas do PAEG para a inflação indicavam uma inflação gradualista. 
Ou seja, a ideia não era eliminar o processo inflacionário em curto prazo, 
Economia política brasileira2
C09_Economia_politica_brasileira.indd 2 21/03/2018 12:50:37
apenas atenuá-lo ao longo de três anos. O diagnóstico do PAEG era de que, 
entre os preços da economia, apenas os salários não estavam defasados — 
sendo estes apontados como uma das principais causas da inflação. Assim, 
a correção das tarifas públicas e da taxa de câmbio era apontada como uma 
medida necessária para o ajuste fiscal e o ajuste do balanço de pagamentos.
Foi nesse período que a economia brasileira passou a conviver com a 
“mágica” conciliação dos preços, ou a chamada correção monetária. Somente 
duas décadas depois é que o governo brasileiro e a sociedade começariam a se 
dar conta da contradição inerente a esse modelo de estabilização dos preços.
Nesse contexto, a tarefa era “arrumar a economia” a fim de viabilizar a 
rápida retomada do crescimento econômico — que a princípio deveria ocorrerainda no governo de Castello Branco. Contudo, o PAEG acabou sendo um 
plano anti-inflacionário muito restritivo da atividade econômica e, ao final, 
foi pouco eficaz no combate à inflação. Os dados mostram que a inflação foi 
significativamente reduzida, mas não eliminada, já que era alimentada pela 
inflação corretiva e pela generalização da correção monetária dos ativos e 
dos contratos (HERMANN, 2011b).
Além do mais, o período de 1964 a 1967 foi marcado por uma política 
econômica de restrição fiscal e de restrição monetária. Esse conjunto de 
condições macroeconômicas acabou inviabilizando uma recuperação eco-
nômica sólida ainda no período 1964–1967. Talvez o maior êxito econômico 
desse período tenha ocorrido na área fiscal: os déficits foram reduzidos e a 
reforma financeira na dívida pública possibilitou condições mais duradouras 
de financiamento não monetário (IANNI, 1971).
Por sua vez, o PED tinha um propósito muito mais desenvolvimentista 
do que o PAEG. Assim, o governo de Costa e Silva beneficiou-se em parte 
das dificuldades herdadas do governo Castello Branco. A percepção da 
ineficácia da política econômica, no sentido de promover o crescimento 
econômico, levou o governo Costa e Silva (1967–1969) a “afrouxar” a política 
monetária e a promover ações de investimentos públicos e políticas propícias 
à recuperação dos investimentos privados.
Assim, o PED conduziu a economia brasileira de 1968 até 1973, com a 
continuidade do plano pelo governo de Médici. É nesse período que acontece 
o “milagre econômico”. Esse “milagre” consiste na combinação da expansão 
econômica com a redução das taxas de inflação e a total eliminação dos déficits 
do balanço de pagamentos. Esse período de elevado crescimento econômico 
só foi possível graças a algumas condições econômicas e políticas favoráveis 
e à habilidade do governo no aproveitamento das oportunidades que essa 
conjuntura oferecia — entre os anos 1968 e 1973.
3Economia política brasileira
C09_Economia_politica_brasileira.indd 3 21/03/2018 12:50:37
Milagre econômico foi a alcunha usada para descrever o acelerado crescimento 
econômico do Brasil entre 1968 e 1973 (HERMANN, 2011b).
Essencialmente, os alicerces do “milagre econômico” brasileiro — entre 
1968 e 1973 — foram:
  o quadro de ampla liquidez no mercado internacional;
  a capacidade ociosa na economia, fruto da debilidade do cenário eco-
nômico do período anterior;
  o regime autoritário vigente, que facilitava a implementação das po-
líticas do governo;
  a simpatia americana pelo regime militar brasileiro.
No campo econômico, o “milagre” se revelou em diversos aspectos, como:
  na adoção do controle de preços, inclusive os salários;
  na política de juros tabelados (em níveis baixos);
  na política cambial de minidesvalorizações, estimulando as exportações; 
  na política deliberada de captação de recursos no exterior para o controle 
do câmbio e o financiamento da expansão econômica.
Historicamente, a herança que o período de 1964–1973 deixou ao governo 
Geisel (1974–1979) foi um misto de vantagens e problemas econômicos (HER-
MANN, 2011b). Porém, nesse contexto, é fundamental que você perceba que 
o aspecto econômico mais relevante era o fato de que não era mais possível 
continuar o ritmo acelerado de crescimento do período do “milagre”.
Além do novo cenário externo, a economia brasileira já vivia um esgo-
tamento do modelo de crescimento. Os grandes problemas foram a correção 
monetária, com os seus efeitos perversos sobre a dinâmica dos preços, e a 
excessiva dependência externa do País em dois setores: industrial (bens de 
capital, petróleo e derivados) e financeiro (bancos e investimentos). Essas 
condições se agravaram com o primeiro choque dos preços do petróleo em 
fins de 1973 (BAER, 1988).
O choque dos preços do petróleo, em 1973–1974, inaugurou uma longa 
fase de dificuldades econômicas para o Brasil, expressa pelo prolongado 
Economia política brasileira4
C09_Economia_politica_brasileira.indd 4 21/03/2018 12:50:37
quadro de restrições externas. Logo, o período de 1974 até 1984 foi intenso 
politicamente e turbulento economicamente. Politicamente, foi o período em 
que aconteceram as principais pressões e mudanças políticas no sentido da 
redemocratização. Esse cenário influenciou muito as decisões de política 
econômica do governo Geisel.
Já no contexto econômico, o período de 1974 a 1984 marca o auge e o 
esgotamento do modelo econômico de crescimento vigente no Brasil desde 
os anos de 1950, isto é, o modelo de industrialização por substituição de 
importações, comandado pelo Estado e pelo endividamento externo.
A partir da segunda metade dos anos 1970, o mundo começa a consolidar um novo 
modelo de desenvolvimento, mais liberal, mais global e cada vez mais competitivo 
em suas relações internacionais.
Assim, as dificuldades da economia brasileira ocorrem em meio a um 
cenário externo adverso, marcado por vários choques. Entre esses choques, 
você pode considerar dois aumentos do preço do petróleo no mercado inter-
nacional (1973 e 1979) e o aumento dos juros norte-americanos entre 1979 
e 1982, reduzindo a liquidez internacional. Assim, a estrutura produtiva e a 
dependência externa do Brasil já eram incompatíveis com o grave e conturbado 
contexto internacional. Daí, inicia-se a crise da dívida externa.
Para lidar com as dificuldades, o governo Geisel lançou o II PND (Plano 
Nacional de Desenvolvimento) para completar o processo de substituição 
das importações iniciado na era Juscelino Kubitschek. O modelo de ajuste 
estrutural tinha a finalidade de mudar o estágio de desenvolvimento industrial 
da economia brasileira, internalizando, em larga medida, os setores de bens 
de capital e insumos industriais (CASTRO, 1985).
No final do período, observou-se que o ajuste estrutural foi bem-sucedido, 
já que reduziu a dependência externa do País em relação aos bens de capital 
e insumos cruciais ao crescimento econômico. Entretanto, o lado financeiro 
desse ajuste ficou demasiadamente comprometido. As dívidas estrangeiras 
e a dependência financeira externa mantiveram a necessidade de frequentes 
rodadas de ajuste externo, exigidas sempre que o mercado internacional parecia 
pouco receptivo às exportações e/ou à rolagem da dívida.
5Economia política brasileira
C09_Economia_politica_brasileira.indd 5 21/03/2018 12:50:37
Após o segundo choque do petróleo, em 1979, o governo brasileiro mo-
dificou, gradativamente, a análise do desequilíbrio externo do País. Em 
vez de propor mais crescimento econômico a partir de investimentos, o 
governo passou a adotar uma estratégia de ajuste recessivo. Em outras 
palavras, o crescimento vigoroso do período do “milagre econômico” foi 
substituído por um ajuste de preços relativos e pelo controle da demanda 
interna (HERMANN, 2011a).
Assim, o governo Figueiredo, de 1979 a 1984, herdou um forte aumento 
da inflação e a deterioração das contas públicas e externas. Isso tudo si-
nalizava ainda o esgotamento do modelo de crescimento do II PND. Nesse 
contexto, a correção de preços foi a tônica do modelo de ajuste externo do 
período 1979–1984. Naquele momento, crescia a ideia de que o desequilíbrio 
externo brasileiro refletia uma situação de excesso de demanda (BAER, 
1988; CASTRO, 1985).
Os registros históricos mostram que os anos de 1981 a 1984 confirmam 
esse prognóstico de forma mais dramática: desequilíbrio no balanço de pa-
gamentos, aceleração inflacionária e forte desequilíbrio nas contas públicas. 
Essas dificuldades marcam o início de um longo período de estagnação na 
economia brasileira, que, com raras e curtas interrupções, estendeu-se até 
meados da década de 1990. Em suma, os anos 1980 são, na economia brasileira, 
a chamada “década perdida” (HERMANN, 2011a).
Do desequilíbrio inflacionário 
à reforma neoliberal
Nos registros históricos, o curto período da chamada Nova República (1985–
1989) fi cou guardado na lembrança dos brasileiros como um conjunto de 
experiênciasmalsucedidas de estabilização da infl ação. Ao longo dos cinco 
anos do governo de José Sarney, foram lançados três planos monetários (CAS-
TRO, 2011a):
  Plano Cruzado, em 1986;
  Plano Bresser, em 1987;
  Plano Verão, em 1989.
Economia política brasileira6
C09_Economia_politica_brasileira.indd 6 21/03/2018 12:50:37
Apesar do fracasso no combate à inflação, o período de 1985 a 1989 foi 
relativamente positivo do ponto de vista do crescimento econômico, mas isso 
custou o equilíbrio das contas fiscais e externas. Tudo isso — as dificuldades 
do lado econômico — potencializou o lado político da redemocratização, que 
foi capitaneada pelo movimento das Diretas Já.
Além de restaurar as liberdades e os direitos políticos, as Diretas Já 
revelavam o sentimento de que, com a redemocratização, o lado econô-
mico seria resolvido, da inflação até o retorno do crescimento, passando 
pela solução dos problemas sociais do País. Do ponto de vista político, a 
transição para a democracia foi dentro das expectativas, apesar dos contra-
tempos criados com a morte de Tancredo Neves. O seu vice, José Sarney, 
acabou se tornando o novo presidente do Brasil, que sem a legitimidade 
das urnas — das eleições indiretas — buscou a legitimidade das ruas com 
o Plano Cruzado.
Após amargar uma recessão em 1981–1983, a economia brasileira pa-
recia, em 1984, ter reencontrado a trajetória de crescimento que marcou a 
década de 1970. A economia em 1984 tinha bons resultados de crescimento, 
contas externas e contas fiscais. Contudo, a inflação continuava sendo um 
problema de destaque da economia brasileira, superando, em 1984, mais de 
224% (CASTRO, 2011a).
Assim, o propósito do Plano Cruzado era atacar duramente a inflação. 
Esse plano monetário foi geralmente referido como um plano “heterodoxo” 
em contraposição ao diagnóstico inflacionário dos “ortodoxos”. As teses 
heterodoxas de inflação no Brasil admitiam a possibilidade teórica de in-
flação de demanda, em que, acima do pleno emprego, as expansões fiscais 
provocariam a inflação. Além disso, observa-se que, em economias em 
desenvolvimento — como o caso brasileiro —, em que a mobilidade dos 
fatores de produção é menor e há gargalos de oferta, existem também infla-
ções de custos. Essas inflações, por sua vez, se transformam em processos 
inflacionários pela existência do conflito distributivo — alimentado pela 
indexação contratual.
7Economia política brasileira
C09_Economia_politica_brasileira.indd 7 21/03/2018 12:50:37
Uma das principais características dos planos monetários implementados no Brasil era 
a sua orientação ideológica sobre a origem da inflação. Em 1984, ficaram manifestas 
três maneiras de interpretar o processo inflacionário no Brasil. Em última instância, elas 
influenciavam as formas e as medidas dos governos e dos economistas desses governos. 
O primeiro grupo era dos proponentes do “pacto social”. Eles defendiam que a inflação 
no Brasil era o resultado de uma disputa entre os diversos setores da sociedade por 
uma participação maior na renda nacional, ou seja, existia um conflito distributivo.
O segundo grupo eram os chamados “ortodoxos”. Baseados na teoria quantitativa 
da moeda, eles defendiam que a inflação no Brasil não tinha nada de peculiar, mas 
era causada pela excessiva expansão monetária e por um governo que gastava além 
da sua capacidade de arrecadar receitas. Em síntese, a causa da inflação no Brasil era 
o excessivo gasto público em uma economia em que o Estado crescera demais.
Enquanto isso, o grupo dos “heterodoxos”, baseados em estudos econométricos, 
mostravam que a inflação era realimentada pela inflação passada (inflação inercial) e 
pelas variações no hiato do produto. Nesse sentido, a inflação inercial era a principal 
responsável pela inflação nacional — alimentada pelas cláusulas de indexação que a 
sociedade brasileira tinha adotado de maneira generalizada. Assim, o fim da inflação 
passaria pela desindexação da economia.
O sucesso inicial do Plano Cruzado foi visível. Ele foi capaz de levar, já 
em 1986, a inflação para zero. Entretanto, a economia brasileira começou a 
apresentar outras dificuldades. Por exemplo, por causa de uma demanda muito 
aquecida, começaram a surgir sinais de desabastecimento da economia. Isso 
porque o Plano Cruzado congelou uma série de preços — o que resultou no 
desaparecimento desses produtos das prateleiras. Começaram a surgir filas 
com cada vez maior frequência, bem como o fenômeno do ágio.
Soma-se a isso a piora das contas externas, como consequência do cenário 
econômico internacional com menor liquidez. Isso levou o País a decretar, 
em 1987, a moratória dos juros externos, o que diminuiu ainda mais a entrada 
de recursos externos para financiar a dívida e/ou rolá-la com os credores. O 
resultado foi o fim do congelamento dos preços e o fim do Plano Cruzado.
No mesmo ano (1987), o governo anunciou o Plano Bresser, um novo 
plano de estabilização. Nesse sentido, o Plano Bresser objetivava, funda-
mentalmente, promover um choque deflacionário na economia, evitando os 
erros do Plano Cruzado. Logo, a inflação foi diagnosticada como inercial e 
de demanda e, em consequência, o plano foi concebido como híbrido, com 
elementos heterodoxos e ortodoxos.
Economia política brasileira8
C09_Economia_politica_brasileira.indd 8 21/03/2018 12:50:38
O Plano Bresser teve certo sucesso inicial na redução da inflação, apesar 
de não a reduzir a zero. Além do mais, após o fracasso do Plano Cruzado com 
o congelamento dos preços, no Plano Bresser, o congelamento pretendido 
pelo governo não foi respeitado. Diante do temor de um novo congelamento, 
a sociedade já realizou remarcações preventivas de preços, que aumentaram 
ainda mais os desequilíbrios entre os preços relativos da economia (CASTRO, 
2011a).
Em 1988, o fato mais relevante foi a aprovação da nova Constituição do 
Brasil, finalizando a ruptura em relação ao regime militar. O ponto mais 
relevante da nova Constituição foi a prioridade dada aos direitos sociais, em 
especial à saúde, à educação, à dignidade no trabalho, ao direito de greve, 
entre outros.
Apesar dos diversos avanços em relação aos direitos sociais, do ponto de vista eco-
nômico, a nova Carta Magna do Brasil afetou severamente a capacidade de controlar 
as finanças públicas. Isso ocorreu porque foram elaborados três mecanismos para as 
contas públicas:
1. crescimento da vinculação de receitas do governo;
2. redução da participação dos gastos federais no total do gasto público, reduzindo 
a capacidade de controlar as despesas;
3. incremento das despesas com a Previdência Social.
Tudo isso levou o Plano Bresser, após dois anos, ao insucesso (do gradua-
lismo no combate à inflação). A solução foi a radicalização das propostas de 
desindexação da economia brasileira, com a implementação do Plano Verão. 
Segundo Castro (2011a), foram extintos todos os mecanismos de indexação, 
inclusive a Unidade de Referência de Preços (ou URP), que, ao atrelar os 
salários aos preços, com defasagem, era uma grande força de contenção da 
aceleração inflacionária.
Em 1989, o Plano Verão foi anunciado também como um plano híbrido, que 
tinha elementos ortodoxos (como a redução de despesas de custeio, a reforma 
do Estado, a restrição de crédito, etc.) e heterodoxos (como o congelamento 
de preços e salários). Como o Plano Cruzado, o Plano Verão mudou a moeda 
na economia. Essa nova moeda — Cruzado Novo — foi estabelecida como 
equivalente ao dólar. Nesse sentido, não foram decretadas novas regras de 
9Economia política brasileira
C09_Economia_politica_brasileira.indd 9 21/03/2018 12:50:38
indexação dos preços, sendo o congelamento de preços anunciado por tempo 
indeterminado (CASTRO, 2011a).
Todavia, em 1989, as eleições presidenciais dificultaram a estabilidade 
fiscal das contas públicas. Além do mais, os elevados juros praticados foram 
incapazes de conter o movimento de antecipação do consumo, movido pelo 
temor de explosão dos preços após o fimdo congelamento (CASTRO, 2011a). 
O resultado foi que a inflação aumentou fortemente, atingindo mais de 80% 
no começo de 1990.
Nesse contexto, foi eleito, pelo voto direto, o presidente Fernando Collor de 
Melo. Para vencer as eleições, Collor exibiu um discurso centrado na denúncia 
da corrupção, na assistência às camadas mais desfavorecidas da sociedade 
e em promessas de mudanças profundas na economia do Brasil (CASTRO, 
2011a). As reformas propostas por Collor, de fato, introduziram uma ruptura 
agressiva com o modelo brasileiro de crescimento com elevada participação do 
Estado e proteção tarifária. Logo, dois aspectos dessa reforma eram cruciais: 
as privatizações — e a consequente redução do tamanho do Estado — e a 
abertura econômica.
Essas reformas iniciadas por Collor em 1990 seriam aprofundadas no governo 
seguinte, de Fernando Henrique Cardoso (FHC), a partir de 1994. No campo 
econômico, o governo Collor lançou dois planos de estabilização a fim de 
combater a inflação, naquele momento um problema econômico desenfreado.
Assim, foram lançados os Planos Collor I e Collor II. Na prática, esses dois 
planos fracassaram em reduzir a inflação, resultando em recessão econômica e 
perda de credibilidade das instituições governamentais, em especial em razão 
do confisco das poupanças. Soma-se a isso uma série de escândalos e esquemas 
de corrupção que minaram o governo de Collor, levando ao impeachment.
Com a posse de Itamar Franco, em 1992, deu-se continuidade ao processo 
de reformas neoliberais. E, o mais importante, foram lançadas as bases do 
programa de estabilização que daria fim à hiperinflação no País. Nesse sentido, 
o novo programa de estabilização incluiria uma nova moeda (o Real), a taxa 
de câmbio de âncora para os preços e os elevados juros básicos da economia. 
Essas estratégias tinham o objetivo de dar equilíbrio à demanda na economia 
brasileira e “quebrar” o comportamento indexador dos agentes.
A consequência negativa foi o desempenho ruim da economia no que tange 
ao crescimento econômico. Na realidade, entre 1990 e 1994, o crescimento da 
economia brasileira foi bastante variado, com uma média de 1,3% ao ano. É 
importante você notar que, além das turbulências econômicas, nesse período, 
o Brasil passou também por várias turbulências políticas — frutos de uma 
redemocratização ainda em curso.
Economia política brasileira10
C09_Economia_politica_brasileira.indd 10 21/03/2018 12:50:38
De acordo com Castro (2011b), de fato, o sequestro de liquidez realizado no 
Plano Collor I, em 1990, gerou uma forte retração na economia brasileira — 
queda de 4,3% do produto interno bruto (PIB). Em 1992, o PIB voltou a cair, só 
que apenas 0,5%. Já em 1993–1994, a economia apresentou uma recuperação, 
com taxas de crescimento até expressivas, de 4,9% e 5,9%, respectivamente. 
Mas esse crescimento era fortemente puxado pelo bom resultado da agrope-
cuária, que alavancava as exportações do País. Contudo, a crise mexicana, no 
final de 1994, conteve o crescimento econômico na sequência.
Com as reformas neoliberais e a abertura econômica, a balança de pagamen-
tos foi positiva no começo de 1990, mas depois as importações aumentaram 
continuamente ao longo de todo o período. Em suma, o País passou a ter ofertas 
(de produtos) de todo o mundo, mudando a estrutura de preços internos. Já os 
fluxos de capital para o Brasil mudaram drasticamente, com os investimentos 
líquidos em carteira (muito de capital para especulação) predominando frente 
aos investimentos diretos. Na prática, os elevados juros domésticos favoreciam 
os investimentos especulativos no Brasil (GIAMBIAGI, 2011a).
Com relação à dívida externa, entre 1995 e 1998 houve um desgaste dos 
indicadores de endividamento. A âncora cambial do Plano Real ficou muito 
desgastada com a crise da Ásia em 1997 e entrou em colapso com a crise da 
Rússia em 1998. Em todas elas, o Brasil foi seriamente afetado pelo “efeito 
contágio”, com a redução dos fluxos de capitais para o País e, em algumas 
situações, a própria fuga dos capitais que aqui já estavam (CASTRO, 2011b).
Em 1999, a reeleição de FHC possibilitou a continuidade de um Brasil 
neoliberal. Com a crise, o câmbio fixo foi modificado para câmbio flutuante 
— e um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) deu fôlego ao 
País para renegociar os seus débitos com o resto do mundo. A desvalorização 
cambial do Real foi a tônica do segundo mandato de FHC.
Nesse cenário, o governo tomou novas medidas para elevar a taxa de 
juros básica. Além disso, consolidou os estudos para a adoção do sistema 
de metas de inflação, que há anos vinha sendo implementado em diversos 
países. O País, então, iniciou um processo de retomada de crescimento que 
só viria a ser abortado — mais uma vez — pela combinação de crises em 
2001 (GIAMBIAGI, 2011a).
Em 2001, a economia brasileira foi fortemente afetada por uma combinação 
de eventos, incluindo a crise de energia, a crise argentina e os atentados terro-
ristas de 11 de setembro. Nesse cenário, o crescimento do País foi prejudicado, 
comprometendo o desempenho econômico do segundo governo de FHC. Em 
2002, a derrota do candidato do governo nas eleições presidenciais se refletiria 
em novos tempos para o Brasil.
11Economia política brasileira
C09_Economia_politica_brasileira.indd 11 21/03/2018 12:50:38
O Brasil pós-2003
A partir de 2003, o Brasil viveu um novo período político-ideológico, com 
a posse de Lula e a ascensão da esquerda ao poder, por meio do Partido dos 
Trabalhadores (PT). Esse período perduraria até 2015, ou seja, até o impeach-
ment de Dilma Rousseff — totalizando três mandatos (2003–2006, 2007–2010, 
2011–2014) e meio (2015) do PT. 
Do ponto de vista econômico, a perspectiva de um governo do PT servia 
como um teste importante para a economia brasileira, em razão das críticas ao 
modelo neoliberal e à dependência dos financiamentos do Fundo Monetário 
Internacional (FMI). Em 2002, o mercado financeiro ficou muito preocu-
pado com a ascensão de Lula nas pesquisas para a presidência da República 
(GIAMBIAGI, 2011b).
Em que pesem análises que procuravam fugir do pessimismo, muitos 
analistas internacionais temiam que o governo decretasse de alguma forma 
uma moratória da dívida externa em 2003, já que muitos julgavam que o PT 
adotaria políticas populistas e extremamente contra o mercado. Era o momento 
histórico em que os trabalhadores poderiam implementar um novo projeto de 
poder e de sociedade.
Entretanto, à medida que o PT governava o Brasil — a partir de 2003 —, 
as suas perspectivas de poder e de sociedade iam se aproximando do centro 
político, o que levou ao abandono de algumas ideias “radicais” de política 
econômica, como a “defesa da moratória da dívida externa” (GIAMBIAGI, 
2011b). Ou seja, houve uma moderação no discurso do partido de esquerda 
que, naquele momento, ocupava o poder no Brasil.
O PT, ao longo dos governos de Lula e Dilma Rousseff, passou a mensagem de que 
o partido tinha rompido com a ideia de “ruptura” do modelo de desenvolvimento 
econômico implementado com o Plano Real. Na prática, existia uma clara continuidade 
na condução da economia política brasileira. Isso quer dizer que, por exemplo, a política 
macroeconômica “radical” de esquerda foi abandonada.
Assim, o Brasil pós-2003 manteve um conjunto de medidas econômicas — 
conjunturais e estruturais — que eram mais alinhadas ao modelo neoliberal 
Economia política brasileira12
C09_Economia_politica_brasileira.indd 12 21/03/2018 12:50:38
do que ao modelo de esquerda. Portanto, além de continuar o pagamento 
da dívida externa, o PT deu sequência ao sistema de metas inflacionárias. 
O partido também continuou respeitando os limites de endividamento, o 
superávit primário e a manutenção dos indicadores econômicos conforme as 
recomendações do mercado e dos organismos internacionais.
Na prática, o modelo de desenvolvimento econômico implementado pela 
esquerda do PT preservou a estabilidade macroeconômica forjada com oPlano Real. Contudo, as políticas públicas restritivas foram substituídas por 
políticas públicas expansionistas, em que o propósito era que o gasto público 
chegasse às classes sociais efetivamente mais necessitadas.
Isso significa que existiu, por parte dos governos Lula e Dilma Rousseff, um 
esforço para levar o Brasil ao crescimento e ao desenvolvimento econômico. 
Nesse sentido, o Estado readquiriu o protagonismo econômico para todos 
os grandes projetos de investimento da economia brasileira, especialmente 
os investimentos em infraestrutura (rodovias, portos, aeroportos, grandes 
instalações, entre outros).
O desempenho da economia brasileira a partir de 2003 foi decisivamente 
influenciado pela evolução da economia internacional e por cumprir, sobretudo, 
o sistema de metas de inflação. De 2003 até 2010, o País superou os efeitos da 
crise de 2002 e avançou no crescimento econômico. Nesse contexto, o Brasil 
inclusive viveu bons momentos econômicos, apesar da crise internacional de 
2008, que colocou os Estados Unidos e a Europa em recessão.
Nessa conjuntura — de 2003 até 2010 —, a economia política brasileira foi 
beneficiada por um conjunto de fatores internos e externos, como:
  o crescimento da economia chinesa;
  a elevada demanda das commodities brasileiras;
  as novas explorações energéticas (especialmente etanol e pré-sal);
  os eventos esportivos globais, como a Copa do Mundo de 2014 e as 
Olimpíadas de 2016.
No mercado doméstico, o Brasil viveu um crescimento acelerado do 
consumo interno. Os aumentos reais do salário mínimo e um conjunto 
de políticas públicas de renda e financiamento permitiram um consumo 
crescente pela sociedade brasileira. Em outras palavras, era uma combi-
nação de recursos fáceis, crescimento econômico acelerado e inf lação 
relativamente baixa.
Isso tudo se completou com a melhoria da distribuição de renda, que 
passou a incluir um contingente populacional antes excluído no mercado 
13Economia política brasileira
C09_Economia_politica_brasileira.indd 13 21/03/2018 12:50:38
de consumo. Esse deslocamento social elevou a popularidade de Lula, que 
passou a ser visto como uma figura emblemática para a política e a popu-
lação brasileiras.
Porém, a partir de 2011, com a posse de Dilma Rousseff, o Brasil passou a 
sentir os efeitos de um novo cenário externo e do esgotamento do Estado como 
protagonista da economia. Primeiro, você deve notar que os efeitos da crise 
internacional de 2008 começaram a chegar no Brasil, sobretudo os efeitos da 
queda dos preços das commodities. Além disso, o Estado brasileiro passou 
a ter problemas para manter o protagonismo na economia, como o agente 
econômico que guia os investimentos públicos e privados.
Recorrentes problemas de déficits e elevados custos de financiamento da máquina 
pública, somados ao retorno da inflação acelerada, interromperam o período da 
esquerda no poder. Assim, o impeachment de Dilma Rousseff foi o auge da crise 
econômica convertida em crise política.
Resumindo, em 2015, o Brasil voltou a um cenário de elevada inflação, 
baixo crescimento econômico, elevado nível de desemprego e piora de diversos 
indicadores sociais. Muitos economistas revelaram que o País, ao menos do 
ponto de vista dos indicadores sociais, havia perdido boa parte das conquistas 
sociais e de renda obtidas entre 2003 e 2014.
O fato é que, mesmo nesse período de crise econômica e política aguda, 
o PT deu continuidade às suas políticas econômicas alinhadas ao mercado, 
confirmando, ao longo de 14 anos, que rompera com a ruptura “dos trabalha-
dores”. No momento em que Dilma Rousseff começou a violar a liberdade do 
mercado, a, com ou sem justificativa, violar o sistema de metas de inflação 
e a desarrumar as contas públicas, o seu governo entrou em rota de colisão 
com os agentes econômicos alinhados à cartilha neoliberal.
O impeachment de Dilma Rousseff abriu um período de transição — 
econômica e política — em que o seu vice, Michel Temer, assumiu o poder 
e passou a restaurar uma agenda neoliberal: com privatizações, ajustes no 
tamanho do Estado, reformas fiscais, trabalhistas e previdenciárias, bem 
como com os “rigores” do tripé macroeconômico (metas de inflação, metas 
fiscais e câmbio flutuante).
Economia política brasileira14
C09_Economia_politica_brasileira.indd 14 21/03/2018 12:50:38
BAER. W. A industrialização e o desenvolvimento econômico do Brasil. Rio de Janeiro: 
FGV, 1988.
CASTRO, A. B. A economia brasileira em marcha forçada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
CASTRO, L. B. Esperança, frustração e aprendizado: a história da Nova República. 
In: GIAMBIAGI, F. et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2010. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2011a. p. 97-127.
CASTRO, L. B. Privatização, abertura e desindexação: a primeira metade dos anos 
1990. In: GIAMBIAGI, F. et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2010. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2011b. p. 131-164.
GIAMBIAGI, F. Estabilização, reformas e desequilíbrios macroeconômicos: os anos 
FHC. In: GIAMBIAGI, F. et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2010. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2011a. p. 165-195.
GIAMBIAGI, F. Rompendo com a ruptura: o governo Lula. In: GIAMBIAGI, F. et al. Eco-
nomia brasileira contemporânea: 1945-2010. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011b. p. 197-237.
HERMANN, J. Auge e declínio do modelo de crescimento com endividamento: o II PND 
e a crise da dívida externa. In: GIAMBIAGI, F. et al. Economia brasileira contemporânea: 
1945-2010. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011a. p. 73-95.
HERMANN, J. Reformas, endividamento externo e “milagre” econômico. In: GIAM-
BIAGI, F. et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2010. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2011b. p. 49-72.
IANNI, O. Estado e planejamento econômico no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Bra-
sileira, 1971.
Leitura recomendada
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
15Economia política brasileira
C09_Economia_politica_brasileira.indd 15 21/03/2018 12:50:39
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
C09_Economia_politica_brasileira.indd 16 21/03/2018 12:50:39
 
Dica do professor
Entre 1986 e 1994, o Brasil implementou cinco planos monetários: Planos Cruzado, Bresser, Verão, 
Collor I e Collor II. Em 1994, o Plano Real foi implementado, estabilizando a economia brasileira.
Veja, no vídeo a seguir, no que consistiram as reformas neoliberais brasileiras realizadas entre 1995 
e 2002.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/aebaeda06ebc312bd4dca56ae12c2bb8
Exercícios
1) Sobre o período do milagre econômico brasileiro, é correto afirmar que:
A) ocorreu no período de 1994-2002, quando FHC governou o país e implementou o Plano Real.
B) o milagre econômico não dependia da mão forte do governo nem da coordenação do governo 
militar; foi uma expansão econômica estritamente privada.
C) um dos alicerces do milagre econômico foi a ampla liquidez do mercado internacional no 
período em questão.
D) o milagre econômico foi alicerçado na capacidade plena da indústria nascente, em especial de 
petróleo e energia.
E) o milagre econômico ocorreu entre 1973-1979, graças aos dois choques do petróleo.
2) Sobre a crise da dívida externa no Brasil, é correto afirmar que:
A) o choque dos preços do petróleo, em 1973 e 1979, inaugurou longa fase de crise da dívida 
externa no Brasil.
B) a crise da dívida externa não criou restrições para novos financiamentos externos.
C) a crise da dívida externa era devido à elevada liquidez internacional.
D) o II PND do governo Geisel resolveu o problema da crise da dívida externa no Brasil e 
produziu crescimento econômico.
E) o governo Figueiredo, de 1979-1984, herdou poucas dívidas externas já que, em 1979, o 
governoGeisel pagou todos os credores internacionais.
3) De 1985 até 1994, a economia política brasileira viveu forte desequilíbrio inflacionário. 
Sobre esse problema econômico, é correto afirmar que:
A) com o congelamento de preços, o Plano Cruzado resolveu a inflação brasileira.
B) quando o Plano Collor I sequestrou as poupanças, a economia brasileira se estabilizou no que 
tange aos preços e salários. A inflação chegou a zero naquele momento.
pamel
Realce
pamel
Realce
C) o Plano Real foi o único plano econômico capaz de solucionar, de fato, o problema da inflação 
no Brasil.
D) o Plano Verão, ao implementar o Cruzado Novo, estabilizou os preços a partir de um modelo 
japonês de indexação dos preços.
E) o Plano Bresser foi elaborado a partir da nova Constituição do Brasil, em 1988, sendo um 
plano econômico constitucionalizado.
4) A partir de 1990, o Brasil iniciou um processo de reformas neoliberais a fim de levar o país a 
outro patamar de desenvolvimento econômico. Sobre as reformas neoliberais, é correto 
afirmar que:
A) começaram no governo militar de Figueiredo.
B) foram iniciadas por Collor, continuadas por Itamar Franco e aprofundadas por FHC.
C) davam sequência ao modelo de desenvolvimento com elevada participação do Estado e 
protecionismo, tendo como única diferença a participação no processo de globalização.
D) o Plano Real marcou a interrupção dessas reformas.
E) incluíam a abertura de novas empresas públicas – com a ampliação do tamanho do Estado, só 
que mais eficiente – e o protecionismo tarifário.
5) Sobre o Brasil pós-2003, é correto afirmar que:
A) o Brasil pós-2003 cresceu somente graças a uma política interna que levou o país ao 
desenvolvimento industrial, científico e econômico.
B) o impeachment de Dilma Rousseff foi apenas resultado de conflito político entre os partidos 
que compõem o governo. Até porque, a economia, a partir de 2011, passou a viver outro 
milagre econômico.
C) quando a esquerda tomou o poder em 2003, implementou uma agenda socialista com o 
redesenho completo do Estado brasileiro, a fim de beneficiar os trabalhadores.
D) o Brasil pós-2003, apesar de crescer, não avançou do ponto de vista social nem melhorou o 
consumo da população em geral.
E) os governos liderados pelo PT não romperam as políticas macroeconômicas implementadas 
pelo Plano Real.
pamel
Realce
pamel
Realce
pamel
Realce
Na prática
O Brasil pós-2003 iniciou um conjunto de rupturas com os trabalhadores. Ou seja, iniciou-se um 
momento histórico em que a ascessão ao poder de um partido de esquerda (o PT) prometia dar 
novo rumo à economia, política e sociedade brasileira.
Para isso, era necessária a ruptura com o atual sistema liberalizante. Contudo, o que ocorreu foi 
uma ruptura com as ideologias dos trabalhadores, passando a aplicar políticas mais brandas na 
economia ou com alguns ajustes. Na Prática, quatro questões podem destacar a ruptura com os 
trabalhadores.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para 
acessar.
 
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/e2b2e251-0da0-4bb9-bd7e-6504de89fe8d/e18b1a37-102c-4d6e-bbff-4ab27a3a294f.jpg
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
A nova política monetária: uma análise do regime de metas de 
inflação no Brasil
Para entender a adoção do regime de meta inflacionária no Brasil, a partir de 1999.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
A lógica perversa da estagnação: dívida, deficit e inflação no 
Brasil
A lógica perversa da estagnação dos anos 1980 no Brasil.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Veja os impactos da ditadura na economia brasileira
Os impactos da ditatura militar na economia brasileira.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/171272/001025002.pdf?sequence=1
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rbe/article/view/516/7645
https://www.youtube.com/embed/AKomtoVyG4Q

Outros materiais