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Questão 1 Toda exegese bíblica é construída a partir de um “modelo interpretativo”. Existem e existiram ao longo dos anos diferentes formas ou diferentes métodos de abordar o texto bíblico. A primeira escola de interpretação bíblica parece ter sido a de Alexandria, que afirmava que o sentido do texto bíblico está oculto e ele deveria ser entendido alegoricamente. Em resposta à posição alexandrina, surgiu a escola de Antioquia, cuja ênfase era o sentido literal do texto bíblico. Depois disto surgiu o método histórico- gramatical, histórico-crítico, crítica da forma, crítica da redação, crítica da narrativa, dentre outros métodos. O foco do curso de Teologia da ULBRA é aprender sobre e com estes e outros métodos, porém, a proposta é fazer exegese a partir do método histórico-gramatical. Leia as asserções abaixo e depois marque a resposta certa com base no material estudado nesta disciplina. I. Dentre os motivos que podem ser elencados, para defender a interpretação histórica-gramatical, um deles é de que a Bíblia é um livro de história, a história da salvação; II. Outra razão favorável ao método histórico-gramatical é que cada texto está inserido dentro de um contexto maior na história da salvação e é necessário respeitar os interesses e os propósitos dos agiógrafos; III. O método histórico-gramatical também se sustenta a medida em que o texto bíblico deve servir como uma janela de acesso a questões culturais, sociais e psicológicas no seu processo de elaboração; IV. Lutero defendeu o método histórico-gramatical, uma vez que na Escritura há um só sentido e ela deve ser mantida em seu significado mais simples possível, e compreendida de acordo com seu sentido gramatical e literal, a menos que o contexto claramente o impeça; V. Outros métodos de interpretação devem ser usados para que passagens obscuras possam ser entendidas com base naquelas de sentido mais claro, fazendo como que o texto bíblico se interprete a si próprio; As asserções I e IV não são certas; As asserções III e V são verdadeiras; Apenas a asserção IV é falsa; As asserções I, II e IV são falsas; Verdadeiras são as asserções I, II e IV; Questão 2 Ao deparar-se com uma narrativa no Antigo Testamento, um teólogo deve prestar atenção em algumas considerações sobre a natureza deste gênero literário. Isto porque as narrativas geralmente registram o que aconteceu e não o que deveria ter acontecido ou o que deve acontecer todas as vezes, como se pudéssemos tirar lições desse gênero literário. Isto porque o que pessoas fazem nas narrativas não é necessariamente um bom exemplo para ser seguido. Por isso, é importante se ater a alguns princípios importantes sobre esse gênero literário nos exercícios exegéticos. Esses princípios são essenciais para a compreensão das narrativas, porque deixam em aberto as questões que Deus não quis revelar e ao mesmo tempo resolvem algumas aparentes contradições na palavra de Deus. Leia as asserções abaixo e em seguida marque a resposta certa. I. Geralmente, uma narrativa do Antigo Testamento não ensina diretamente uma doutrina, mas revela verdades sobre Deus e sobre os seres humanos; II. Uma narrativa do Antigo Testamento usualmente ilustra uma doutrina ou doutrinas ensinadas de modo proposicional noutros lugares; III. A grande parte dos personagens nas narrativas do Antigo Testamento tem traços de perfeição, como pessoas e em suas ações; IV. Todas as narrativas são completas e todos os dados relevantes são fornecidos; V. As narrativas não são escritas para responderem a todas as nossas perguntas teológicas e seus propósitos são limitados, específicos e particulares, deixando algumas questões para serem tratadas em outros lugares e de outras formas; Apenas as asserções III e IV são verdadeiras; As asserções I, II e V são verdadeiras; Apenas as asserções I e II são falsas; As asserções I, II e V são falsas; Somente a asserção V é falsa; Questão 3 “Depois dessas coisas, Deus pôs Abraão à prova e lhe disse: — Abraão! Este lhe respondeu: — Eis- me aqui! Deus continuou: — Pegue o seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá à terra de Moriá. Ali, ofereça-o em holocausto, sobre um dos montes, que eu lhe mostrar” (Gênesis 22.1,2). Neste episódio a palavra habraica nisah provém da raiz nasah, que significa “provar”, “testar”, “experimentar”. Será que Deus estava falando sério com Abraão? O que Deus estava querendo de fato? Independentemente de qualquer coisa, Abraão demonstrou sua prontidão ao afirmar “eis-me aqui!”. Dentre as promessas que tinham sido feitas a Abraão, estava a de um filho e a de uma imensa posteridade (Gn 15.4-5). Isaque, portanto, era fruto de uma promessa divina e dele dependia a “grande posteridade” de Abraão. Pode-se imaginar a dor no coração de um pai que ama o seu filho e que agora recebe o pedido para sacrificá-lo. O texto não relata a reação imediata de Abraão, mas este deve ter derramado muitas lágrimas. A narrativa também não informa se este projeto foi ou não compartilhado com a mãe do menino, Sara. O que se sabe através de Hebreus 11.19, é que ele confiava que Deus o poderia ressuscitar dos mortos. “Abraão considerou que Deus era poderoso até para ressuscitar Isaque dentre os mortos, de onde também figuradamente o recebeu de volta”. Afinal, qual era o propósito de Deus com essa “prova”? Como é preciso interpretá-la?! Leia as asserções abaixo e depois marque a resposta certa. I. O propósito dessa “prova” de Abraão é mais bem compreendido quando o episódio é analisado como um todo e quando se tem em vista o contexto amplo da Escritura Sagrada; II. Ao olhar a revelação completa da Escritura Sagrada, será possível perceber que Deus não precisa disto e que é ele quem oferecerá o seu próprio filho em sacrifício, que na narrativa está prefigurado no Anjo do SENHOR e no cordeiro preso pelos chifres e que veio “substituir” o holocausto de Isaque; III. O texto do “quase” holocausto de Isaque somente é compreensível a partir do evento e da pessoa de Jesus Cristo. Entende-se o que Lutero afirmava que a abordagem gramatical e histórica não tem um fim em si mesma, mas seu objetivo é apontar para Cristo; IV. Essa narrativa ilustra o fato de que Deus costuma e precisa testar a fé daquelas pessoas que ele escolhe para determinadas missões e não podia ser diferente com Abraão; As asserções I e II são falsas; Apenas a asserção III é falsa; As asserções I e III são falsas; As asserções I, II e III são verdadeiras; Somente a asserção IV é verdadeira; Questão 4 Texto 1: “Mas do céu o Anjo do Senhor o chamou: — Abraão! Abraão! Ele respondeu: — Eis-me aqui! Então lhe disse: — Não estenda a mão sobre o menino e não faça nada a ele, pois agora sei que você teme a Deus, porque não me negou o seu filho, o seu único filho” (Gênesis 22.11,12); Texto 2: “Abraão ergueu os olhos e viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos. Abraão pegou o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho. E Abraão deu àquele lugar o nome de ‘O Senhor Proverá’. Daí dizer-se até o dia de hoje: ‘No monte do Senhor se proverá’” (Gênesis 22.13,14); Texto 3: “Então do céu pela segunda vez o Anjo do Senhor chamou Abraão e disse: — Porque você fez isso e não me negou o seu filho, o seu único filho, juro por mim mesmo, diz o Senhor, que certamente o abençoarei e multiplicarei a sua descendência como as estrelas dos céus e como a areia que está na praia do mar. Sua descendência tomará posse das cidades dos seus inimigos. Na sua descendência serão benditas todas as nações da terra, porque você obedeceu à minha voz. Então Abraão voltou para onde estavam os seus servos, e, juntos, foram para Berseba, onde fixou residência” (Gênesis 22.15-19) Com base nestes três textos bíblicos, é possível fazer as seguintes asserções: I. O Anjo do Senhor trata-se do “Cordeiro de Deus”, o “Filho Único”, que foi imolado pelos nossos pecados e que intervém afirmando a não necessidadede Abraão entregar o seu único filho; II. Uma lição importante desse episódio é de que, em última análise, é o ser humano que precisa fazer algum tipo de sacrifício para agradar a Deus a fim de ser redimido; III. O carneiro preso nos arbustos demonstra que Abraão profetizou, por fé, ao afirmar que “Deus proverá”. Um carneiro foi propiciado em lugar do seu filho, mostrando que o carneiro preso pelos chifres é uma prefiguração do Messias Sofredor, Jesus, que morreria pela humanidade; IV. Quando o Anjo do SENHOR fala pela segunda vez a Abraão, reiterando a promessa da posteridade e afirmando que nele “serão benditas todas as famílias da terra”, de fato, a bênção foi estendida a todos os povos e na sua descendência nasce Jesus, o Cristo; As asserções I e III são falsas; Apenas a asserção IV é falsa; As asserções I, III e IV são verdadeiras; As asserções III e IV são falsas; Somente a asserção II é verdadeira; Questão 5 Se, por um lado, as narrativas bíblicas não visam ser normativas de conduta, por outro, os códigos legais têm essa exata pretensão. Não há razões para se escrever um código de leis caso não se deseje que ele seja seguido. Para o cristão, no entanto, a questão não é tão simples assim. Sabendo que o Antigo Testamento corresponde à Antiga Aliança, fica a pergunta por aquilo que continua sendo aplicável a nós que estamos sob a égide do Novo Testamento. Geralmente se considera que Deus tenha efetuado quatro alianças com a humanidade: 1ª) a primeira aliança foi feita com Adão, no estado de pré pecaminosidade; 2ª) a segunda aliança foi feita com Noé e trata da promessa de Deus em não mais destruir a terra pelo dilúvio. Esta aliança ainda está em vigor, pois o arco-íris é o sinal de sua perpetuidade; 3ª) a terceira aliança foi feita com o povo de Israel, tendo seu início com as promessas feitas a Abraão e concretizada em seus pormenores com Moisés no monte Sinai; 4ª) a quarta aliança foi feita mediante a encarnação, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Na maior parte do Antigo Testamento a referência central é a terceira aliança. No Novo Testamento a referência é a quarta aliança. Pelo fato de que estas duas são alianças centrais no processo de salvação da humanidade, geralmente são conhecidas como primeira e segunda alianças. Como cada uma destas alianças tem estipulações próprias e objetivos distintos, é incorreto transpor elementos de uma para a outra, a menos que a Escritura Sagrada explicitamente exija tais condições. A terceira aliança foi feita com o povo de Israel e a ele coube o cumprimento de suas exigências. A quarta aliança é dada ao novo povo de Deus, aos cristãos, e estes devem atentar para ela em seus preceitos. É importante lembrar que parte da terceira aliança foi renovada no Novo Testamento e, portanto, ela continua tendo validade para os cristãos. Mais especificamente é o próprio Jesus que a renova. “Entretanto, os fariseus, sabendo que Jesus havia silenciado os saduceus, reuniram-se em conselho. E um deles, intérprete da Lei, querendo pôr Jesus à prova, perguntou-lhe: — Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Jesus respondeu: — ‘Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: ‘Ame o seu próximo como você ama a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas. Com base no texto acima de Mateus 22.34-40, é correto afirmar: I. Amar a Deus acima de todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo é resumo dos dez mandamentos, logo, o decálogo repassado a Moisés continua tendo validade para os cristãos; II. Essa validade do Decálogo para os cristãos tem seus limites, como é o caso do “sábado”, pois “O Filho do Homem é senhor do sábado” (Lucas 6.5) e assim, sábado, enquanto descanso no Senhor teve seu cumprimento em Cristo; III. Como o cumprimento das leis sabáticas fazem parte da segunda aliança, feita com Israel, também renovada no Novo Testamento, seu cumprimento continua sendo obrigatório; IV. Quando Jesus disse: “Porque em verdade lhes digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra” (Mateus 5.18), estava fazendo referência ao cumprimento de todas as leis instituídas no Antigo Testamento e por isto todas, inclusive o sábado, devem ser guardadas; As assertivas I e II são verdadeiras; As assertivas I e II são falsas; As assertivas III e IV são verdadeiras; Apenas a assertiva II é falsa; Apenas a assertiva IV é verdadeira; Questão 6 Sem leis não existe comunidade humana, visto que elas organizam as relações sociais e permitem a coexistência. As leis do Decálogo, não são apenas leis humanas e temporais, mas são divinas. É errado compreender as leis da aliança como um “peso” a ser carregado pelo povo. O desejo de Deus para todo ser humano é que este seja feliz, por isso ele lhe revela a lei que está ofuscada em seu coração, embora em outros tempos, antes da queda, ela fosse clara e perfeitamente compreensível e praticável. “Logo, para que é a lei? Ela foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador. Ora, o mediador não é de um só, mas Deus é um só. Seria, então, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, então a justiça seria, de fato, procedente de lei. Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, a promessa fosse concedida aos que creem” (Gálatas 3.19-22); “Porque ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei, pois pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Romanos 3.20). Com base no que foi exposto nesta questão, é correto afirmar: Que o papel da lei continua o mesmo que no Antigo Testamento, somente orientar a conduta moral dos crentes em Cristo; Que a instituição da lei é para organizar as sociedades humanas em sua perspectiva exterior; Que após a queda em pecado, a lei cumpre o papel de denúncia e condenação da pecaminosidade humana; Que a lei foi adicionada para diferenciar o povo de Deus do Antigo Testamento e a igreja do Novo Testamento de outras instituições culturais; Que as leis do Antigo Testamento são temporais, tem caráter transitório e por não se constituem em preceitos divinos; Questão 7 “Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o Senhor, seu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, mas faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos” (Êxodo 20.5,6). Num primeiro momento, este texto parece afirmar que Deus pune o pecado dos filhos por causa do pecado dos pais. Além disso, o texto assim contradiz o que está em Ezequiel 18.19,20: “Mas vocês perguntam: ‘Por que o filho não paga pela iniquidade do pai?’ Porque o filho fez o que era justo e reto. Ele guardou todos os meus estatutos e os praticou. Por isso, certamente viverá. A pessoa que pecar, essa morrerá. O filho não pagará pela iniquidade do pai, nem o pai pagará pela iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele, e a maldade do ímpio cairá sobre este”. Como pode se resolver isto? Veja as assertivas abaixo e depois marque a resposta certa. I. A palavra de Deus é inerrante, mas não deixa de se contradizer em alguns detalhes. É preciso reconhecer que Deus não compactua com a idolatria e que ela traz consequências para os filhos cujos pais foram idólatras; II. Em segundo lugar, há um exagero intencional contrastando as “três” ou “quatro” gerações de castigo contra as “mil” gerações de misericórdia. O amor de Deus é amplo e seu desejo é infinitamente maior em que o ser humano seja salvo ao invés de ser castigado ou condenado; III. Também cabe atentar para o fato de que Ezequiel 18.19,20 está falando desalvação, de maneira que a “alma que pecar, esta morrerá”, não trazendo consequências salvíficas para os demais membros da família; IV. O texto de Êxodo 19.5,6 fala de um “visitar” que tem a conotação de castigar, mas também pode significar “examinar”, “guardar”, o que significa que Deus está atento a estes atos em todas as gerações; V. Por ser um Deus justo e que examina, guarda e disciplina as pessoas de todas as gerações, o texto dá a entender que “condenará” ou que “suspenderá” a salvação dos filhos por causa dos pecados dos pais até a terceira ou quarta geração; Apenas a assertiva V é verdadeira; As assertivas II e IV são falsas; Somente a assertiva III é falsa; As assertivas I e V são verdadeiras; As assertivas II, III e IV são verdadeiras; Questão 8 Os textos bíblicos estão às vezes sujeitos a falácias exegéticas, ou a transmissão indevida de sentidos. Somos tentados a levar a concepção moderna de alguns termos para dentro de um contexto sociocultural totalmente alheio e diferente à perspectiva atual compreendido pela palavra. Exemplo disto são vocábulos como “igreja” e “bispo”, entre outros. É necessário que o exegeta pergunte pelo sentido original: “O que o escritor bíblico pretendia dizer quando utilizou esta palavra?” Com relação aos textos proféticos a questão não é diferente. Há, no entanto, um agravante: as próprias palavras “profeta” e “profecia” estão carregadas de pressupostos atuais. Em geral utiliza-se o termo “profeta”, no momento presente, como indicativo de alguém que tem poderes sobrenaturais de predição do futuro e “profecia” como o oráculo de algo que acontecerá. É evidente que predições também fazem parte dos oráculos proféticos, mas a função deste servo de Deus é muito mais intensa e vai muito além da vidência. Veja abaixo as definições de profeta segundo o grego e o hebraico: Texto 1: Na língua grega, profeta (profetes), significa basicamente “aquele que fala em nome de um deus e interpreta sua vontade para o homem”. A palavra pode significar ou “falar por, proclamar” ou “falar de antemão, predizer”. Portanto, profeta é tanto quem proclama como quem prediz; ambos os significados estão implícitos e são encontrados na Bíblia (LASOR, 1999, p.238). Texto 2: No hebraico, o termo nabi’, tem origem em uma raiz que tem o sentido básico de “chamar”. Logo, nabi’ significa “alguém chamado”. Profeta é alguém chamado para falar em nome de Deus. A raiz nb’ significa “chamar” e seu padrão vocálico apoia o significado “pessoa chamada”. O profeta, portanto, era alguém chamado por Deus e, como se vê no Antigo Testamento, chamado para falar em nome de Deus. Assim, o termo grego descreve com exatidão o profeta, mesmo não sendo tradução precisa do hebraico (LASOR, 1999, p.239). Com base nestas duas definições, qual é a alternativa que melhor se encaixa na descrição de um profeta segundo seu sentido original e na contemporaneidade? O profeta hoje é alguém que prediz acontecimentos do futuro sob a inspiração divina; Profeta e profecia na Bíblia e hoje é proferir palavras que as pessoas desejam escutar para acalmar seus corações; O papel do profeta e da profecia nos tempos bíblicos precisa ser atualizado para a contemporaneidade e seu significado hoje é predizer o futuro; “Mas o que profetiza fala para as pessoas, edificando, exortando e consolando” (1 Coríntios 14.3) em nome de Deus; Profeta e profecia têm a ver com palavras ditas em nome de Deus e sua fonte está desconectada da Palavra revelada na Bíblia; Questão 9 Amós é o primeiro dos chamados profetas clássicos. De acordo com Amós 1.1, o profeta nasceu em Tecoa, no reino de Judá, à margem do deserto, cerca de 17 km de Jerusalém. É possível que Amós tenha sido um profeta do reino do Sul (Judá), mas que pregava no Norte (Israel). Assim se explicaria a ordem de Amazias: “Depois Amazias disse a Amós: — Saia daqui, vidente! Fuja para a terra de Judá e vá ganhar a vida por lá. Em Judá você pode profetizar” (Amós 7.12). Amós também apresenta diante do sacerdote Amazias a sua profissão: “Amós respondeu e disse a Amazias: — Eu não sou profeta nem discípulo de profeta. Eu cuido de gado e colho sicômoros” (Amós 7.14). Esse texto gerou mui discussões no decorrer da história da interpretação, por isso é necessário atentar para cada uma das partes: À primeira vista, Amós parece pretender distanciar-se do título navî’ (profeta). Poderíamos, com isso, afirmar que ele nunca pretendeu usufruir de tal definição, mas que, a posteridade atribui a ele essa função. No entanto, olhando para a situação cultural e religiosa da época a questão se esclarece. Amós atuou como profeta sob o reinado de Jeroboão II (786-746 a.C.), provavelmente em algum momento entre 760 e 750 a.C. Neste período, eram normais os “círculos proféticos”, onde destacava-se a figura do mestre (do hebraico ’ab, literalmente “pai”), que era o “pai” dos profetas. O discípulo era denominado ben-navî’, que pode ser traduzido por “filhos de profeta”. Era normal que esses profetas atuassem profissionalmente, de maneira que o ganho do pão era oriundo desta função e, inclusive, muitos reis se assessoravam destes para conselhos e predições. Desta maneira, Amós pode ter sido proprietário de gado com relativa quantidade de posse, sendo uma pessoa culta e conhecedora da situação política, econômica, social e religiosa do seu povo. De acordo com Sicre, a compra e venda de animais e o cultivo de sicômoros devem tê-lo obrigado a viagens frequentes. É bem provável que nas viagens até o reino do Norte ele tenha presenciado a corrupção política, religiosa e judiciária, bem como a idolatria e a opressão dos mais pobres, para cuja situação Deus o enviou a proclamar. Com base nessas informações, é possível chegar à qual conclusão que: Amós estava negando seu chamado para ser “boca de Deus”, querendo apenas pregar por conta própria no reino do Norte; Amós declarou que não era profeta, mesmo que o Senhor o tenha chamado, pois queria manter sua profissão original; Amós simplesmente declarou que não era profeta, mesmo que o Senhor o tenha chamado, pois sua intenção era profetizar no reino do Sul; Amós não está negando seu chamado para ser “boca de Deus”, mas ele queria ser reconhecido como “filho” dos profetas; Amós não está negando seu chamado para ser “boca de Deus”, mas está afirmando que não faz disso seu “ganha pão”, pois ele não era um profeta “profissional”; Questão 10 O profeta Amós pregou em nome de Deus no reino do Norte para denunciar pecados como a idolatria, exploração e falsa santidade. No texto a seguir, ele usa a expressão “vacas de basã”. “Ouçam esta palavra, vacas de Basã, vocês que estão no monte de Samaria, que oprimem os pobres, esmagam os necessitados e dizem aos maridos: ‘Tragam vinho, e vamos beber!’ O Senhor Deus jurou pela sua santidade que virão dias em que vocês serão arrastadas com ganchos; até as últimas de vocês serão levadas com anzóis de pesca. Vocês sairão em fila pelas brechas e serão lançadas na direção do monte Hermom”, diz o Senhor” (Amós 4.1-3). Para ajudar na compreensão dessa expressão, o texto de Deuteronômio 32.14 ajuda no sentido de indicar que Basã era uma região fértil. “Alimentou-o com coalhada de vacas e leite de ovelhas, com a gordura dos cordeiros, dos carneiros que pastam em Basã e dos bodes, com o melhor trigo. E vocês beberam o sangue das uvas, o vinho”. Com o passar do tempo ficou conhecida pela qualidade de seus rebanhos engordados em seus pastos. Assim, Basã é sinônimo de “gordura”, de “fartura”. Só que as “vacas de Basã”, gordas e bem alimentadas, mencionadas pelo profeta, estão no “monte de Samaria” e este monte, ao contrário de Basã, não é um local propício para a engorda de rebanhos. O que, então, pode se concluir sobre a expressão “vacas de Basã”, usada por Amós? A imagem usada por Amós teve como objetivo principal insultar às mulheres do Reino do Sul; Amós pretendeu colocar em destaque a profunda corrupção moral das mulheresde Israel; “Vacas de Basã” significa que Amós tem uma palavra apenas condenatória para acusar o povo por suas sérias transgressões; Amós possivelmente foi irônico e quis enfatizar que elas [moradores de Israel] estão engordando em “pasto alheio” (oprimindo classes mais pobres e necessitados); A imagem usada por Amós teve como objetivo principal insultar às mulheres do Reino do Norte, as samaritanas;
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