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Introdução à Bíblia - Completa

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INTRODUÇÃO 
O Universo não é uma ideia minha. A minha ideia de universo é que é uma ideia minha. 
Alberto Caieiro 
Alberto Caieiro é um heterônimo, uma espécie de personagem, do poeta português radicado 
no Brasil, Fernando Pessoa. O trecho em destaque foi extraído do poema intitulado Verdade. É 
sobre isso que trata os pressupostos que queremos apresentar aqui. Queremos apresentar a 
verdade. 
É um engano pensarmos que existe outro Deus para além do Deus que se revela na Palavra e 
pela Palavra, em Cristo, no poder do Espírito Santo. Por isso o poema de Caieiro é tão 
oportuno. 
Para reconhecer sua relevância, basta que substituamos a palavra “universo” pela palavra 
“Deus” para enxergarmos a profunda dimensão do que estamos dizendo: “Deus não é uma 
ideia minha. A minha ideia de Deus é que é uma ideia minha”. Ou seja, existe um deus que é a 
expressão daquilo que eu penso que esse deus é; e existe um Deus, que de fato é, para além 
de eu pensá-lO ou senti-lO. Que existe e é, independente de mim. Esse Deus não é criado por 
mim. É o Deus que me criou. Existem tantos deuses para criar quanto queiram a cobiça e a 
vaidade humana. Cada um é capaz de criar seu próprio deus segundo sua imagem e 
semelhança. 
Por isso se fala tanto em “espiritualidade” nesse nosso século. Por isso há tanta confusão em 
nosso meio e tantos sistemas religiosos são colocados à nossa disposição, conforme o nosso 
gosto. É isso que tem criado tanta relatividade de opiniões, fazendo com que daí prevaleça 
uma noção de respeito que privilegia apenas o homem em sua capacidade criativa. O que deve 
ser respeitado é a opinião, não Deus! 
Toda essa relatividade quanto a Deus possui apenas uma causa: a nossa completa falta de 
referência de verdade. Se somos cristãos ou nos esforçamos para sê-lo, só deveria existir um 
caminho e uma verdade: aquela que está expressa na Palavra de Deus. Tudo que dEle se pode 
conhecer ou pensar, está contido ali, do Gênesis ao Apocalipse. Digo deveria porque muitos de 
nós, mesmo gente igrejada, erguemos nossos altares cotidianos para deuses abomináveis. 
Só existe um poder capaz de destruir esses altares: o poder do Deus que existe independente 
de mim, que se sustenta independente da minha fé; o único fiel e verdadeiro que Se deu a 
conhecer aos homens pela criação e por Seu amado Filho, Jesus, o Cristo, que morreu e 
ressuscitou por amor de nós. A Ele seja a honra, a glória, o poder e o domínio para todo 
sempre. Amém! 
Este é o único Deus que deve ser adorado. É a Ele que devemos conhecer. E a única fonte 
segura de conhecimento do Deus da nossa fé é a Sua palavra. E não devemos ultrapassar esse 
limite (1Co 4.6). Mas como ultrapassar ou não limites que sequer sabemos que existem? 
Conhecer a Palavra Deus é sempre urgente e necessário. 
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Nossa proposta aqui é apresentar uma visão ampla e geral a respeito desse instrumento 
poderoso de Deus chamado Bíblia. Mas ainda assim, mesmo sendo ampla e geral essa visão, o 
nosso objetivo é que seja despertado em seu coração um profundo e genuíno desejo por Deus 
na reflexão de Sua maravilhosa Palavra. Se a partir dessas páginas e dessas aulas você for 
despertado para o Deus da Palavra que se revela em Cristo, então o que é raso se tornará 
profundo e o complexo se descomplicará; o amor, antes frio, arderá como chama 
inextinguível, fazendo com que o outro se transforme em próximo e os muros de separação se 
despedacem na vida dos muitos filhos que, se encontrando, se abraçam como irmãos na 
incontável família de Deus, tão numerosa como a areia do mar. 
 
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1. A BÍBLIA – APRESENTAÇÃO GERAL 
A Bíblia é disparado o livro mais lido e mais traduzido da história da humanidade. Não se trata 
exatamente de um livro, mas de uma coleção de livros condensados em um único volume. O 
nome “Bíblia” tem sua origem no grego biblos. Esse nome era usado para se referir à casca de 
um papiro, uma folha muito usada para escrever e ou pintar. 
A Bíblia, como a conhecemos, é, portanto, uma coleção de livros que compõem, por assim 
dizer, duas bibliotecas: uma chamada de Antigo Testamento, ou Primeira Aliança; outra 
chamada de Novo Testamento, ou Última Aliança. 
O Antigo Testamento foi escrito pela comunidade judaica e, também por ela, foi preservado 
um milênio ou mais antes da era de Jesus. O Novo Testamento foi composto pelos discípulos 
de Cristo ao longo do século I d.C. 
Toda a Bíblia é composta de 66 (sessenta e seis) livros, dos quais 39 (trinta e nove) são do 
Antigo Testamento e 27 (vinte e sete) do Novo Testamento. Essa contagem tem em mente a 
Bíblia protestante. A Bíblia Católica tem uma diferença: o Antigo Testamento deles possui 46 
(quarenta e seis) livros (mais adiante focaremos um pouco mais nessa questão) e o Novo 
Testamento possui os mesmos livros. 
As divisões em capítulos e versículos não existem nos originais. Essas divisões são recursos 
introduzidos para facilitar seu uso. A divisão em capítulos foi desenvolvida no século XIII 
(1214), pelo arcebispo Estevan Langton. Sua intenção era facilitar a localização do livro e do 
capítulo do livro. A divisão em versículos foi aparecer somente três séculos depois, em 1551. 
O tipógrafo francês Robert Estienne fez a divisão do Novo Testamento. Teodoro de Beza, 
reformador protestante calvinista, gostou da ideia e aplicou a divisão em versículos a todos os 
livros da Bíblia, em 1565. O objetivo era facilitar o manejo da palavra ao permitir que as 
passagens pudessem ser facilmente encontradas, não importando em qual língua a Bíblia fosse 
traduzida. 
Os textos bíblicos originais foram escritos em três línguas: hebraico (Antigo Testamento), 
aramaico e grego (Novo Testamento). Quanto às traduções para o português da versão 
protestante da Bíblia, queremos deixar registrado apenas as quatro mais importantes: A 
Almeida Revista e Atualizada (ARA), a Almeida Revista e Corrigida (ARC), a Nova Tradução na 
Linguagem de Hoje (NTLH) e a Nova Versão Internacional (NVI). 
Temos inúmeras Bíblias disponíveis no mercado: Bíblia da Mulher, do homem, do menino, da 
menina, do idoso, do pastor, da pastora, do Thales Roberto, do obreiro, da obreira etc. Enfim, 
tudo produto para abarrotar as prateleiras das livrarias e os bolsos de seus donos. O que 
importa é a tradução. Essa infinidade de Bíblias trazem notas e rodapés e textos direcionados 
para o tema a que se propõe, ou seja, se é a Bíblia da Mulher, ela trará texto direcionados para 
a mulher e assim por diante. As Bíblias de Estudo geralmente jogam luz sobre passagens 
“obscuras” e ajudam a elucidar algum texto específico. 
Recomendamos (de forma pessoal, não como igreja) sempre a leitura apenas da Bíblia, num 
primeiro momento, ou seja, apenas de seu texto, sem comentários ou estudos. Entendemos 
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que é importante que todo cristão comece sua relação com Deus na Palavra, sem qualquer 
tipo de influência. Dizemos influência porque as Bíblias de Estudo, em geral, seguem 
orientações doutrinárias específicas. 
Não se preocupem nunca se estão ou não entendendo o texto. O que hoje não está claro, 
amanhã estará. Deus usará uma pregação, uma situação ou circunstância, um livro, um ensino 
etc para trazer luz sobre o texto, a seutempo. Não estamos dizendo que você não deva ler 
uma Bíblia de Estudo ou qualquer outra dessas bíblias citadas. Estamos apenas sugerindo que 
as primeiras leituras sejam entre você e Seu Pai. O importante é que você se dedique à leitura 
da Palavra santa de Deus, todos os dias. Ela passou por muita coisa para chegar como chegou 
às suas mãos. Vamos entender um pouco sobre isso aqui. 
2. A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS? 
Essa é uma questão de fé. Não adianta querer ultrapassar esses limites. O escritor de Hebreus 
vai nos dizer que pela fé entendemos que o mundo foi criado pela palavra de Deus (11.2). 
João, da sua parte, nos diz que essa Palavra é o próprio Deus: 
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele 
estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio 
dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. (Jo 1.1-3) 
As duas passagens se complementam, uma lançando luz sobre a outra. E, intencionalmente 
falo primeiro da passagem de Hebreus porque é ela que nos dá a conhecer que é pela fé que 
nos apropriamos dessa verdade. Isso não tem a ver exatamente com deduções lógico-
racionais. 
Mas por que devo crer nisso? Por que devo crer nessa verdade a respeito da Bíblia e não no 
que está escrito no Alcorão (Islamismo), no Evangelho Segundo o Espiritismo ou ainda no 
Cânone Pali (Budismo)? Por que a Bíblia? 
O Deus que dizemos crer é um Deus pessoal; que não apenas tem consciência, como também 
fala, se comunica, tem vontade etc. Dizemos ainda que Ele escreveu um livro ao qual foi dado 
o nome de Bíblia Sagrada. Ainda que afirmemos essas verdades nos domínios da fé, devemos 
entender que, nas palavras de John Stott, crer é também pensar. Significa dizer que tenho 
razões para crer nas coisas que creio. 
Quando o pastor reformado Ariovaldo Ramos foi convidado a apresentar suas razões para sua 
crença de que a Bíblia é um livro divino, o fez de uma forma que podemos aproveitar para 
esclarecer o que significa dizer que tenho razões para crer no que creio. 
Segundo ele, se partirmos do princípio de que existe um Deus, devemos nos perguntar se esse 
Deus quer ser ou não encontrado; se ele quer se comunicar ou não. Se ele não quer se 
comunicar ou não quer ser encontrado, todo esforço humano de tentar encontrá-lo ou 
entendê-lo seria no mínimo absurdo e inútil, uma vez que a capacidade humana não alcança o 
divino. Se ele não se der a conhecer é inútil buscar conhecê-lo. Perda de tempo! 
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Se esse Deus quer ser encontrado e quer se comunicar, necessariamente esse Deus deve ter se 
revelado de alguma forma. Como Ele fez isso? Onde Ele se manifesta? Isso acontece em todo 
lugar, em toda cultura, a toda gente? Se entendermos que Ele Se revela em todo lugar, 
igualmente em todas as tradições religiosas ou de espiritualidade, estamos diante de um Deus 
que, além de irônico, é cruel e patético, uma vez que fica brincando com a raça humana: uma 
hora sussurra algo no budismo, outra no islamismo, outra no judaísmo, outra no cristianismo e 
mais um tanto no hinduísmo. 
Se cremos em um Deus e que Ele quer ser encontrado e que Ele se revela, Ele o fez em um 
local específico e de uma forma específica. Por isso dizemos que esse Deus escreveu um livro, 
que aponta para uma pessoa, Jesus Cristo, a exata expressão de Deus, criador dos céus e da 
terra. 
Portanto, reiteramos, ainda que desenvolvamos toda uma argumentação racional, estamos no 
domínio da fé. Porque aqui, a razão me sugere que essa mesma argumentação poderia valer 
para o espiritismo, o hinduísmo ou quantos ismos quisermos criar. 
Quanto a isso, fica a quem queira a reflexão do filósofo e teólogo dinamarquês Søren 
Kierkegaard, a fé começa onde a razão termina! Isso não quer dizer que repudiamos a razão e 
exaltamos uma fé inconsequente e cega. Apenas estamos dizendo que a fé vem primeiro e que 
a razão é um de seus instrumentos. Creio e tenho razões para tal. 
3. DUAS BÍBLIAS UM SÓ DEUS 
Na perspectiva evangélica, a Bíblia é uma coleção de livros, sessenta e seis no total, dos quais 
trinta e nove compõe a coleção do Antigo Testamento e vinte e sete compõe a coleção do 
Novo Testamento. A grande questão é: como foi que se chegou a esse número, ou melhor, a 
esses livros? 
A fé protestante, ou reformada, crê que o texto original da Bíblia está fiel e precisamente 
reproduzido nas traduções-padrão da nossa língua. Crê ainda que nenhum dos livros da versão 
original da Bíblia está ausente nessas traduções. 
Acreditamos também que o cânon (essa coleção ou lista de livros do Antigo e do Novo 
Testamento) está completo, ou seja, que nos sessenta e seis livros da Bíblia está toda a 
verdade que Deus quis revelar à humanidade acerca de quem Ele é, quem nós somos, quais 
são os Seus propósitos e o que está por vir. Sendo assim, defendemos que não é desejo de 
Deus acrescentar qualquer outro livro ao cânon. 
Canônico é todo livro que foi inspirado por Deus (veremos mais adiante o que isso significa). 
Em relação ao cânon do Novo Testamento há uma unanimidade hoje quanto à sua 
composição. O mesmo não pode ser dito em relação aos livros que compõem o Antigo 
Testamento. 
Em relação a este cânon, o Concílio de Trento (uma reunião da liderança católica que 
aconteceu na cidade de Trento, na Itália, em 1546 d.C), marcou uma posição que colocou o 
catolicismo e o protestantismo em lados opostos. Este concílio entendeu que, além dos trinta 
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e nove livros do cânon protestante, outros onze livros (sete livros mais quatro partes de 
outros) também são inspirados e infalíveis. A tradição reformada os tem por apócrifos (falso, 
sem inspiração divina, destituído de autoridade), enquanto que a tradição católica, sobretudo 
depois desse concílio, os recebeu como deuterocanônicos, ou seja, os recebeu como um 
segundo cânon, ou como livros considerados canônicos tardiamente. 
Depois de reconhecidos tais livros, o Concílio de Trento asseverou a seguinte posição a 
respeito desses livros: 
Se alguém, entretanto, não aceitar os referidos livros como sagrados e 
canônicos, por inteiro e com todas as suas partes [...] e se de forma 
consciente e deliberada esta pessoa condenar a tradição supramencionada, 
que seja anátema [eternamente amaldiçoado]. 
A lista dos livros é a que se segue: 
1. Sabedoria de Salomão 
2. Eclesiástico 
3. Tobias 
4. Judite 
5. 1 Macabeus 
6. 2 Macabeus 
7. Baruque 
8. Carta de Jeremias (Br 6) 
9. Acréscimos a Ester 
10. Oração de Azarias (Dn 3) 
11. Susana (Dn 13) 
12. Bel e o Dragão (Dn 14) 
 
Apesar de o cânon católico romano possuir onze livros a mais que a Bíblia protestante, 
somente sete desses livros estão identificados no índice das bíblias católicas, de modo que ele 
é composto de quarenta e seis livros, sete livros a mais (são os livros em negrito na lista 
acima). 
Os demais livros ou obras literárias que não aparecem no índice são os que não estão 
negritado: O Carta de Jeremias é frequentemente colocado no final do livro de Baruque, 
acrescentando-lhe mais um capítulo. Este seria um acréscimo do acréscimo. O Acréscimos a 
Ester foi colocado no final do livro de Ester (Et 10.4ss.); o Oração de Azarias, inserido entre 
Daniel 3.23 e 24 do Antigo Testamento hebraico (o que estende o livro de Daniel para Daniel 
3.24-90, nas bíblias católicas romanas); Susana, que é colocado no final do 12º capítulo do livro 
de Daniel, nas versões judaica e protestante, e se transforma no capítulo 13 de Daniel na 
versão católica; e Bel e o Dragão (capítulo 14 de Daniel). 
Este cânon tem origem em uma tradução que foi feita do Antigo Testamento hebraico para o 
grego. Essa tradição é conhecida como Septuaginta (LXX) ou Tradução dos Setenta, numa 
referência aos setenta e dois rabinos que trabalharam em sua tradução. Essa tradução 
introduziu os livros mencionados na lista acima. Ocorre que esses livros não faziam parte dos 
originais hebraicos. 
A tradiçãocatólica seguiu o cânon grego. A tradição reformada seguiu o cânon hebraico. 
O argumento que fundamenta essas orientações pode ser resumido da seguinte maneira: o 
que conhecemos hoje como Antigo Testamento não estava fechado de forma unânime nos 
tempos do Novo Testamento. Havia unanimidade em relação ao Pentateuco (os 5 primeiros 
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livros), aos livros históricos e em relação aos livros poéticos, contudo, faltava fechar a lista dos 
livros proféticos. Se olharmos para a lista acima dos livros que constam na bíblia católica, 
veremos que todos eles fazem parte do rol dos livros proféticos. Esse cânon foi fechado 
posteriormente pela comunidade judaica depois de Cristo. A igreja católica não aceitou a 
autoridade judaica para determinar o que era ou o que não era canônico nos livros proféticos. 
E não aceitou pelo fato de que, segundo eles, com o advento de Cristo, a Igreja, e não a 
comunidade judaica é que tinha a autoridade para determinar quais livros eram ou não 
inspirados. 
A comunidade judaica excluiu todos os acréscimos da versão grega e fechou o cânon do Antigo 
Testamento no formato que encontramos hoje em qualquer bíblia protestante. A igreja 
católica ficou com a versão grega (Septuaginta) e seus acréscimos. 
Seguimos a comunidade judaica em relação ao cânon do Antigo Testamento por entendermos 
que, no tocante à primeira aliança, ao Antigo Testamento, os oráculos de Deus foram 
confiados aos judeus, não à igreja (Rm 3.1-3). À Igreja cumpre agora a revelação de Cristo, não 
a inclusão de livros na antiga aliança. 
E qual a importância disso afinal de contas? Simples: essa discussão a respeito do cânon bíblico 
é importante na medida em que a Palavra de Deus traduz as verdades pelas quais nutrimos e 
fortalecemos nossa vida espiritual. Não sem razão Moisés deu a seguinte direção ao povo de 
Deus ao se referir às palavras da lei: 
Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós, para 
que as recomendeis a vossos filhos, para que tenham cuidado de cumprir 
todas as palavras desta lei. Porque esta palavra não vos é vã, antes é a vossa 
vida. (Dt 32.46,47) 
Acrescentar ou subtrair seja o que for à Palavra de Deus implica em impedir o povo de Deus de 
obedecer plenamente a “todas as palavras desta lei”, ou seja, implica em impedir as pessoas 
de servir ou se relacionar com Deus de forma devida porque, ao excluir um mandamento, seria 
retirado do povo a possibilidade de conhecê-lO e conhecer o que Ele orienta para que 
façamos; e ao acrescentar seria exigido desse mesmo povo que ele obedecesse a uma ordem 
ou direção que Deus não deu. 
Não sem razão Paulo, ensinando aos Coríntios, faz a seguinte exortação: 
Ora, irmãos, estas coisas eu as apliquei figuradamente a mim e a Apolo, por 
amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, de 
modo que nenhum de vós se ensoberbeça a favor de um contra outro. (1Co 
4.6 – destaque nosso) 
4. A ESTRUTURA DA BÍBLIA 
Esclarecido esse aspecto a respeito dos tipos de bíblias que encontramos, precisamos agora conhecer 
sua estrutura e quais livros fazem parte do cânon. Mas, antes, precisamos entender rapidamente os 
critérios que foram adotados para determinar quais livros deveriam compor o cânon bíblico e que livros, 
finalmente entraram nessa lista. Foram pelo menos 6 os critérios utilizados na identificação desses 
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livros. Neste Capítulo trataremos apenas de 5 critérios, o sexto, que não quer dizer que seja o último, 
será tratado em um capítulo à parte. Adotamos essa abordagem por acharmos que aproveitaremos 
mais o ensino e sua dinâmica para tornar melhor o aprendizado. 
Critérios de canonicidade 
1. Autoridade: Cada livro da Bíblia traz uma reivindicação de autoridade 
frequentemente observada em expressões tais como “Assim diz o Senhor”, “Veio a 
mim a Palavra do Senhor” ou “O Senhor me disse”. Sempre existe também alguma 
direção a respeito do que o crente deve fazer, de forma explícita, ou ainda 
implícita quando se observa os atos de Deus no curso da história da formação de 
Seu povo. 
Depois foram Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o Senhor, o Deus 
de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto. (Ex 
5.1) 
Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, tu habitas 
no meio da casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê, e tem ouvidos para 
ouvir e não ouve; porque é casa rebelde. (Ez 12.1,2) 
2. Caráter profético: Esse é um aspecto extremamente importante uma vez que 
TODOS, absolutamente TODOS, os autores bíblicos ou eram profetas ou eram 
revestidos de autoridade profética. 
Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos 
pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem 
constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo; (Hb 
1.1,2) 
Paulo exortou ao povo de Deus a aceitar suas cartas pelo fato de ele ser um 
apóstolo, enviado da parte de Deus e por Ele ministrado na doutrina. Tamanha era 
sua autoridade que chegou a dizer que até mesmo se um anjo do céu viesse 
pregando um evangelho diferente daquele que ele vinha pregando, que fosse esse 
anjo amaldiçoado (Gl 1. 8,9). A natureza profética de um livro foi o alicerce de todo 
o processo de reconhecimento de canonicidade de um livro. 
3. Confiabilidade: Todo e qualquer livro que apresentasse erros doutrinários ou 
contradições de fato não poderia ser considerado como vindo da parte de Deus. 
Isso pelo simples fato de que Deus não pode mentir (Tt 1.2) e que também não é 
um Deus de confusão (1Co 14.33). Foi este critério que possibilitou os crentes de 
Bereia aceitarem os ensinos de Paulo depois de o confrontarem com a revelação 
de Deus no Antigo Testamento: 
Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam 
a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver 
se as coisas eram, de fato, assim. (At 17.11) 
4. Dinamismo: esse critério trata da capacidade que o texto tem ou não de 
transformar vidas. Se ele é vivo e eficaz (Hb 4.12), a consequência necessária é que 
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ele pode ser usado para ensinar, para repreender, para corrigir e instruir em justiça 
(2Tm 3.16). Isso só pode ser feito tendo como pressuposto a verdade. E quem a 
conhece é liberto. Um ensino falso não pode libertar e nem transformar ninguém. 
Somente a verdade possui esse poder emancipador no homem: 
Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus 
discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Jo 8.31,32) 
5. Aceitação: Por fim, para que um livro fosse aceito como divino, ele deveria ser 
assim reconhecido por todo o povo para o qual foi destinado. Se esse povo o 
recebesse e o usasse como uma obra de Deus, ficava comprovada também sua 
canonicidade. Isso explica também o porquê de o reconhecimento definitivo por 
toda a igreja cristã, dos 66 livros das Escrituras Sagradas, ter exigido tanto esforço 
e tantos anos. Esses livros não podiam ser enviados por e-mail ou compartilhados 
no Facebook para apreciação. 
O Cânon do Antigo Testamento 
Diante do exposto, ficamos com a longa tradição reformada quando entende que o cânon 
judaico-protestante, composto por trinta e nove livros, equivalente à Bíblia hebraica, excluídos 
os livros apócrifos católicos, é o cânon verdadeiro do Antigo Testamento 
Para efeito didático, apresentamos a estrutura do Antigo Testamento tal qual a que se segue 
abaixo. Essa forma de estruturar os livros foi apresentada pelo pastor Bruce Wilkinson. Com 
ela fica fácil visualizarmos como os livros foram estruturados. 
 
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O que vemos aqui é uma divisão bastante simples e direta que nos permite enxergar o Antigo 
Testamento em toda sua estrutura de um modo bastante fácil de entendê-lo em sua 
organização e método. 
Agora que identificamos sua estrutura podemos nomear os 39 livros do Antigo Testamento: 
 
 
Do ponto de vista de sua estruturae conteúdo, toda a história do povo de Deus, o que 
aconteceu, os fatos, as narrativas é contada nesses 17 primeiros livros da coluna esquerda, de 
Gênesis a Ester. 
Os livros poéticos revelam os sentimentos das pessoas que viveram essa história. Não apenas 
isso, neles estão contidos a sabedoria, a poesia, os louvores, a liturgia, as expressões de 
adoração, as orações, os lamentos das pessoas que viveram a história. Ou seja, eles refletem a 
subjetividade das personagens bíblicas: o que pensavam, o que sentiam, como discerniam e 
compreendiam o mundo ou, noutras palavras, como se relacionavam com esse mundo. 
Os livros proféticos vão trazer os sermões, exortações e admoestações que Deus lançou sobre 
os personagens que viveram essa história. Então, a história do povo está toda contada nessa 
coluna direita, nos 17 primeiros livros, os 5 do Pentateuco e os 12 históricos. Numa visão 
panorâmica resumimos a coluna da direita da seguinte maneira: 
Visão Panorâmica da História do Povo de Deus 
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Em Gênesis temos a criação, a queda e expulsão do paraíso, esse povo começa a viver de seu 
trabalho e, mais a frente, vemos que a terra está cheia, não apenas de pessoas, mas também 
de iniquidade. Deus envia um dilúvio. A terra é renovada, o povo cresce novamente e acontece 
a confusão e dispersão das línguas no episódio de Babel. Deus então separa um homem, 
Abraão, e faz aliança com ele, a aliança abraâmica. Aqui, propriamente, começa a história do 
povo hebreu. Daqui vêm os patriarcas, Abraão, Isac e Jacó e, alguns afirmam, José. Gênesis é 
basicamente isso. Termina com esse povo descendo para o Egito. 
No Egito vemos a escravidão de 420 anos do povo até que Deus levanta novamente um 
homem, Moisés, com quem eles celebram pela primeira vez uma páscoa e então são 
libertados da escravidão e conduzidos para Canaã. A caminho dessa terra prometida eles 
param no Sinai e é estabelecida uma nova aliança com esse povo, a aliança mosaica. Eles 
recebem as tábuas da lei, os dez mandamentos, as orientações sobre os levitas, os sacerdotes 
e o tabernáculo. A viagem do Egito para a terra prometida demora 3 meses. 
Chegando lá são estabelecidos 12 espias com a função de trazer um relatório de como é a 
terra. Eles levam 40 dias para ir e voltar com o relatório. Dez deles dizem para o povo não 
entrar nessa terra porque ela está ocupada de gigantes que os destruirão se eles tentarem 
entrar. Dois deles, Josué e Calebe, dizem que eles devem entrar, porque Deus havia prometido 
que lhes daria aquela terra. O povo segue o conselho desastroso dos dez. Deus então diz ao 
povo que, porque não creram, como Josué e Calebe, eles andarão em círculo pelo deserto por 
40 anos, um ano para cada dia que os espias andaram pela terra prometida. 
Nesse período morre toda aquela geração incrédula. Menos Josué e Calebe. Tudo isso está em 
Êxodo, Levítico e Números. A nova geração sai do deserto e para às portas de Canaã. Mas 
antes de entrarem, Deus renova com eles a lei do sinai, dada por intermédio de Moisés no 
deserto do Sinai. Por isso temos os dez mandamentos de Êxodo 20 e os dez mandamentos em 
Deuteronômio 5. Deuteronômio é a nova lei. Nova no sentido de uma repetição da anterior. 
Porque a lei anterior foi dada à geração que morreu no deserto. Essa nova lei, essa repetição 
da lei, é dada agora à nova geração que herdará a terra. Portanto, o Deuteronômio é uma 
rememoração do projeto de nação que Deus quer estabelecer. 
Eles entram na terra, conquistam-na e a dividem em onze partes, segundo as tribos do povo, 
12 no total, uma para cada patriarca. A décima segunda tribo, a tribo de Levi, não herda terra 
alguma, porque vivia das ofertas, dízimos e contribuições das outras onze tribos. Estamos no 
livro de Josué. 
Essas doze tribos que se instalam nessa terra possui um governo. Elas são governadas por 
juízes. Temos, portanto, até aqui, Gênesis mostrando a criação, a queda e expulsão do paraíso, 
dilúvio, babel e Abraão. Contou também a história dos patriarcas até entrarem no Egito. Ali os 
descendentes se multiplicam, são escravizados e libertados por Moisés. No deserto, recebem 
as leis, rejeitam a Deus e perecem no deserto. A lei é repetida a uma nova geração e eles 
entram na terra, dividem-na e passam a ser governados por juízes estabelecidos por Deus. 
O último juiz é conhecido como Samuel. Ele recebe uma comitiva do povo que lhe diz que não 
querem mais ser governados por juízes, mas por um rei, como as demais nações da terra. Ele 
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vai consultar a Deus e se sente rejeitado como governante. Deus explica a Samuel que o povo 
não o está rejeitando como juiz, mas rejeitando a Deus como Deus. 
Deus atende o pedido do povo e agora começa um novo tempo na história do povo de Deus 
conhecido como Reino Unido. Eles vivem mais ou menos 400 anos na terra de Canaã sem um 
rei. Agora a 12 tribos vivem unidas sobre o governo de um único rei, Saul. Depois vem Davi e 
então, Salomão, o terceiro rei. Cada um reina 40 anos. São, portanto, 120 de reino unido. 
Israel é um reino só, um povo só, um governo só. 
Quando Salomão morre, seu filho Roboão herda o trono e, rejeitando o conselho dos anciãos e 
ouvindo o conselho de seus amigos mais novos, dá início a um governo muito mais duro e 
pesado que o de seu pai. Diante disso, surge um homem chamado Jeroboão que lidera uma 
rebelião contra o rei. Isso faz com que o reino, antes unido, se divida. 10 tribos seguem 
Jeroboão e 2 tribos seguem Roboão. Temos então dois reinos, o reino do norte e o reino do 
sul. O reino do norte, composto das 10 tribos vai se chamar Israel. O reino do Sul, com suas 
duas tribos, vai se chamar Judá. A capital do reino do norte é Samaria e a capital do reino do 
sul é Jerusalém. Esse período se segue por 400 anos. 
Nesse período é que surgem os profetas. Aqui eles começam a pregar a reis perversos que 
conduziram o povo ao pecado e a idolatria. O reino do sul teve 20 reis dos quais oito foram 
fiéis a Deus. O reino do norte teve 19 reis, nenhum deles fiel a Deus. 
Em 722 a.C a Assíria, cuja capital era Nínive, invade o reino do Norte, Israel, e manda todo 
mundo embora. Os profetas vão para o reino do sul e começam a pregar para o povo a partir 
do que aconteceu com o reino do norte; começam a exortá-los a abandonarem o pecado e a 
idolatria, chamando-os ao arrependimento. 
Depois disso, em 587 a.C, a Babilônia se levanta contra Judá, o reino do sul, toma sua capital, 
Jerusalém, destrói o templo de Salomão e leva para seu cativeiro o povo da cidade. A Assíria 
tinha como política de expansão, ocupar um lugar e desterrar o seu povo. A política da 
Babilônia era conquistar o lugar, tomar o seu povo e o levar dominado. O reino ficava 
completamente desolado. O cativeiro babilônico dura 70 anos. 
Por fim, vêm os persas, cuja política expansionista era diferente dos demais. Eles não queriam 
nem ocupar o lugar e muitos menos levar cativo seu povo. Os persas conquistavam o lugar e 
colocavam os nativos para continuar fazendo as mesmas coisas, mas com a condição de 
enviarem as riquezas produzidas para seus conquistadores. 
Essa política tem efeito imediato e faz com que os que estavam no cativeiro babilônico 
retornem para sua terra. Aqui é o pano de fundo de histórias marcantes, como a de Ester, 
rainha da Pérsia. Ela exerce papel fundamental como rainha para fazer esse povo voltar. Por 
isso Mordecai, tio de Ester vai dizer a ela: Foi para esse tempo que Deus colocou você aí nesse 
palácio (Et 4.14). 
Zorobabel, governador de Judá, vai reconstruir o templo de Salomão que fora destruído. 
Neemias reconstruirá os muros de Jerusalém. Esdras ficará responsável por fazer a renovação 
da aliança do povo quando ele se reestabelece de novo no sul. 
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Essa é “toda” a história representada na estrutura do Antigo Testamento. Depois disso, temos 
400 anos de silêncio de Deus, representado por essa página em branco que encontramos em 
nossas bíblias, separando o Antigo Testamento do Novo Testamento.Depois desse período o 
silêncio é rompido quando um novo profeta surge e diz: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o 
pecado do mundo. O desejado de todas as nações acaba de pisar em Israel. O messias 
chegou”. E uma Nova e Eterna Aliança é anunciada. 
O Cânon do Novo Testamento 
Quanto ao Cânon do Novo Testamento não encontraremos grandes problemas ou dificuldades 
como as divergências de livros da lista católica e protestantes que tratamos anteriormente. 
Ambos são unânimes em afirmar o cânon que temos em nossas bíblias hoje. Não importa qual 
seja a versão ou quantas traduções da Bíblia estejam espalhadas pelo mundo, a lista é sempre 
a mesma aqui. O cânon do Novo Testamento encontrou consenso geral no seio da igreja 
universal e apresenta a seguinte estrutura: 
 
 
Essa estrutura nos ensina basicamente que o Novo Testamento está construído em cima de 
cartas. No total, temos 22 cartas. Aqui estamos considerando o livro do Apocalipse também 
como uma carta. Quanto ao número de livros, temos duas colunas de 9 livros na vertical e 
mais uma de nove, quando somamos os livros históricos com as cartas de Paulo endereçadas 
não às igrejas, mas a indivíduos. 
Isso dito, podemos agora expor os 27 livros dentro dessa estrutura: 
 
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O Novo Testamento foi escrito em grego, a “língua oficial” da época e seus 27 livros 
representam uma ampla diversidade de temas, personalidades, formas e empreendimentos 
literários, cenários e propósitos, de modo que cada livro tem uma singular contribuição a 
fazer. 
Os três primeiros evangelhos são chamados de evangelhos sinóticos. Essa palavra “sinóticos” – 
sin=mesma; ótica=olhar – quer dizer que podemos ler o texto dos três evangelhos sobre o 
mesmo olhar. Isto é, podemos colocar os evangelhos em três colunas, e perceber as 
semelhanças ou diferenças do texto. 
Para termos uma noção do que isso significa, 76% do conteúdo de Marcos pode ser lido em 
Mateus e Lucas. De conteúdo exclusivo, que só lê em cada livro específico, temos o seguinte: 
Marcos tem 3% de conteúdo exclusivo, Lucas 35% e Mateus 20%. 
E o livro de João? Apesar de ser também uma biografia de Jesus, João relata a história de Jesus 
de um modo diferente. Essa diferença na narrativa o distancia do caráter sinótico dos demais 
evangelhos. Isso porque boa parte de seu conteúdo não se encontra nos demais evangelhos. 
Mas o que torna singular cada evangelho é a forma como o Cristo é apresentado: Mateus 
apresenta o Cristo como o Rei Messiânico de Israel; Marcos O apresenta como o Servo que 
deu a sua vida em favor de muitos; Em Lucas Jesus é o perfeito Filho do Homem cuja missão 
era buscar e salvar o que se havia perdido; por fim, João vai apresentar Jesus como o eterno 
Filho de Deus, que ofereceu a vida eterna a todo aquele que NEle cresse. 
Em linhas gerais, vamos encontrar nos Livros Históricos os eventos-chave na vida de Cristo, na 
fundação da igreja e na difusão inicial do cristianismo. O Antigo Testamento antecipou a 
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pessoa e as obras do Messias de múltiplas formas, e a esperança dos profetas se vê encarnada 
na pessoa de Jesus Cristo. Ele cumpre um amplo ministério ensinando a respeito de quem Ele 
e Deus são, operando milagres, fazendo discípulos e os enviando para fazer o mesmo que Ele 
fez. Essa missão de pregar a todos tem início propriamente em Atos dos Apóstolos, sobretudo 
depois da forte perseguição que a igreja sofreu. Isso fez com que os cristãos fossem 
espalhados por várias regiões. E por onde foram, cumpriram com o mandado de Cristo e as 
igrejas foram sendo estabelecidas. 
Carregados de forte valor doutrinário e inspirador as Epístolas Paulinas demonstram como o 
evangelho é poderoso para transformar a vida dos crentes. No total, Paulo escreveu nove 
cartas às igrejas. Quatro ele endereçou a indivíduos específicos com o objetivo de instruir, 
corrigir e encorajar os crentes. Seu desejo era que os cristãos baseassem sua vida na realidade 
de sua posição em Cristo. 
Nas demais cartas, ou seja, nas Epístolas Não-Paulinas e no Apocalipse podemos ver como 
Pedro, João, Tiago e o autor dos Hebreus trataram franca e solidamente de uma multidão de 
problemas que começavam a aparecer nessa nova comunidade de crentes. Eles apontavam 
para a pessoa e o poder do Cristo ressurreto como a fonte de vida e piedade dos crentes. Ao 
encerrar o Novo Testamento o livro do Apocalipse aponta para a esperança do regresso de 
cristo, para a defesa da justiça de Deus e para conclusão de seu eterno plano nos novos céus e 
nova terra. 
A esmagadora maioria dos escritos do Novo Testamento foi composta pelos apóstolos de 
Cristo. Estes homens estavam investidos de toda autoridade para o ensino e repreensão. Os 
apóstolos estavam tão convictos de sua autoridade que Paulo chegou a afirmar que as 
palavras que ele ensinava, não as ensinava por sabedoria humana, mas pelo Espírito, 
interpretando coisas espirituais com palavras espirituais (1Co 2.13). Essa inclusive é uma forte 
razão pela qual todos os cristãos deveriam se debruçar e se dedicar mais à leitura e 
compreensão das verdades expressas nesse livro santo. 
Os livros foram o resultado de uma necessidade de orientação para as igrejas, num primeiro 
momento. Num segundo momento foi uma resposta aos números cada vez mais crescentes de 
cartas e narrativas com pretensões de Palavra de Deus que começaram a aparecer no primeiro 
século da era cristã. Isso fica claro na justificativa de Lucas ao redigir seu evangelho: 
Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos 
fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que desde 
o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também a 
mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, 
pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em 
ordem para que conheças plenamente a verdade das coisas em que foste 
instruído. (Lc 1.1-4 – Destaque nosso) 
Ou seja, a multidão de relatos que começaram a aparecer fez com que estes homens, na 
autoridade do Espírito Santo e inspirados por Ele, passassem, também eles, a escrever a 
“segunda parte” da Palavra de Deus, para que os eleitos de Deus pudessem ser instruídos na 
verdade. 
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Podemos ver também em Paulo a preocupação com a autenticidade de suas cartas, quando, 
ao escrever aos irmãos de Tessalônica, não hesitou em deixar bastante claro seu sinal 
distintivo, que estava impresso não apenas em uma carta específica, mas em todas: 
Esta saudação é de próprio punho, de Paulo, o que é o sinal em cada epístola; 
assim escrevo. (2Ts 3.17) 
Outro aspecto importante a respeito do Novo Testamento é que ele vem selar a história do 
povo de Deus, ou seja, tudo aquilo que vinha sendo dito e profetizado no cânon do Antigo 
Testamento encontrava sua confirmação no Novo. Nele, tudo aquilo que vinha sendo 
profetizado a respeito dos planos Deus para a redenção de Seu povo está consumado em 
Cristo agora, nesta nova aliança. 
Toda e qualquer palavra a respeito de Cristo, fosse oral, fosse escrita, era submetida ao ensino 
apostólico, dotado de toda autoridade. Se tal palavra ou obra não pudesse ser comprovada 
pelas testemunhas oculares (Lc 1.2; At 1.21,22), era rejeitada. Os apóstolos eram as únicas 
pessoas que podiam afirmar: “O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos” (1Jo 1.3). 
5. O QUE A BÍBLIA FALA DE SI 
Tendo olhado para a bíblia “do lado de fora”, para alguns aspectos que fazem parte de sua 
história, precisamos agora voltar olhos para o seu interior e entender um pouco mais a 
respeito do seu conteúdo, mas naquilo que ela fala de si. Além disso, aqui conheceremos um 
pouco mais a respeito dos critérios utilizados para estabelecer a bíblia com a Palavra de Deus. 
5. 1 Um Livro Profético 
A primeira coisa que a Bíblia fala de si é que ela é um livro profético. Seu aspecto profético se 
revela, sobretudo, no fato de Deus dar a conhecer, já no Gênesis, o Seu eterno propósito e o 
Seu plano no curso da históriada formação do Seu povo. O aspecto profético mais importante 
no Antigo Testamento está na revelação de que Deus enviaria um Ungido, o Profeta, um Rei 
que reinaria para sempre, o Cristo. Podemos ver isso por todo o Antigo e Novo Testamento. 
5.2 Inspiração - Seu significado 
A Bíblia alega ser um livro de Deus e ter uma mensagem com autoridade divina. Os autores 
bíblicos dizem ter sido impelidos pelo Espírito Santo a expressar as Suas palavras, de forma 
que elas foram sopradas (ou inspiradas) pelo próprio Deus. É assim que devemos entender a 
noção de inspiração divina, como uma direção de Deus na redação de cada palavra. 
Essa noção é confirmada explicitamente em pelo menos duas passagens no Novo Testamento, 
uma na segunda carta de Pedro e outra na segunda carta a Timóteo: 
[...] sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém 
de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por 
vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, 
movidos pelo Espírito Santo. (2Pe 1.20,21 – destaque nosso.) 
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Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, 
para a correção, para a educação na justiça (2Tm 3.16 – destaque nosso.) 
Enquanto Pedro apresenta Deus como origem, a fonte de onde jorra a mensagem através da 
boca de Seus eleitos, Paulo se encarrega de declarar explicitamente sua inspiração. Isso era tão 
sério que Paulo, quando foi instruir os coríntios a respeito de casamento, fez questão de 
separa o que vinha de Deus daquilo que vinha dele mesmo, como homem: 
Todavia, aos casados, mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se 
aparte do marido; se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou se reconcilie 
com o marido; e que o marido não deixe a mulher. Mas aos outros digo eu, 
não o Senhor: Se algum irmão tem mulher incrédula, e ela consente em 
habitar com ele, não se separe dela. (1Co 7.10-12) 
Portanto, quem estabelece e cria Sua Palavra é o próprio Deus. É também Ele que confere a 
Ela autoridade e poder. 
Ao se referir à expressão “Escritura”, nas citações acima, tanto de Pedro como de Paulo, essas 
passagens estão fazendo menção direta às palavras da Primeira Aliança, ou seja, do Antigo 
Testamento. Portanto, estamos diante da confirmação da inspiração do Antigo Testamento a 
partir do Novo. 
Contudo, podemos encontrar várias passagens da velha aliança que se declarem Palavra de 
Deus. 
5.3 O Antigo Testamento Confirma Sua Própria Inspiração 
Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja 
boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. 
(Dt 18.18 – destaque nosso.) 
O Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha 
língua. (2Sm 23.2 – destaque nosso.) 
Quando se tirava o dinheiro que se havia trazido à Casa do Senhor, Hilquias, o 
sacerdote, achou o Livro da Lei do Senhor, dada por intermédio de Moisés. 
(2Cr 34.14 – destaque nosso.) 
Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor: o meu Espírito, 
que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se 
apartarão dela, nem da de teus filhos, nem da dos filhos de teus filhos, não se 
apartarão desde agora e para todo o sempre, diz o Senhor. (Is 59.21 – 
destaque nosso.) 
Sim, fizeram o seu coração duro como diamante, para que não ouvissem a lei, 
nem as palavras que o Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, 
mediante os profetas que nos precederam; daí veio a grande ira do Senhor 
dos Exércitos. (Zc 7.12 – destaque nosso.) 
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Podemos testificar claramente por estas passagens que as palavras que foram gravadas nos 
livros da antiga aliança eram palavras vindas da parte de Deus. Que o Senhor colocava na boca 
de Seus servos para um fim específico. 
Quando estão escrevendo sobre a inspiração de Deus, cada um desses irmãos, não importa em 
qual século ou circunstância escreveu, está escrevendo na qualidade de profeta, ou seja, como 
um porta-voz de Deus, comprometido em não acrescentar nem omitir nenhuma das Suas 
palavras (1Co 4.6). 
A própria natureza de um profeta garante que um escrito profético é exatamente o que Deus 
desejou comunicar à humanidade. Como a Bíblia é apresentada como um escrito profético do 
princípio ao fim, concluímos que o registro escrito das profecias era considerado inspirado por 
Deus. 
6. LIVRO DE DEUS ESCRITO POR MÃOS HUMANAS 
Como vimos, a palavra é de Deus. Contudo, Ele usou cada um dos Seus profetas como 
instrumentos de Sua revelação. Mas não os tratava como autômatos, ou seja, como robôs, 
sem contexto, cultura, personalidade ou emoção. Ele permitia que em cada livro, cada autor 
fosse imprimindo seu estilo e sua cultura. 
Não sem razão encontramos tantos traços de humanidade nas histórias do livro sagrado. Basta 
olharmos os salmos para verificarmos isso. Ou quem sabe o Eclesiastes de Salomão. No Novo 
Testamento encontramos Paulo em suas cartas derramando suas emoções para aqueles por 
quem ele sofria dores de parto, até ver Cristo sendo formado neles (Gl 4.19). 
Os autores humanos não eram simplesmente secretários que anotavam algo que estava sendo 
ditado a eles; a sua liberdade não foi suspensa nem negada. As suas palavras correspondiam 
ao seu desejo, no estilo em que estavam acostumados a escrever. Na sua providência, Deus 
promoveu uma concordância divina entre as palavras deles e as Suas. 
Mas, estas evidências marcadamente humanas, acabaram por fomentar uma crítica que tem 
acompanhado a Bíblia pelos séculos e gerações: se a Bíblia é a Palavra de Deus escrita por 
mãos humanas, decorre daí que ela pode conter erros. Será? 
6.1 Inerrância 
Todas as referências bíblicas à autoridade divina das Escrituras se referem ao que Deus 
concedeu ou “soprou”, que foi o texto original. Ou seja, não existe, no texto original, qualquer 
sombra de erro ou falha. Isso do ponto de vista daquilo que Deus pretendeu que fosse 
registrado para o ensino, repreensão, correção e educação na justiça (2Tm 3.16). 
Insistimos no texto original porque ao longo dos séculos foram feitas inúmeras cópias dos 
manuscritos originais com o objetivo de preservar a Palavra de Deus. As cópias são sem erros 
somente à medida que foram feitas de forma precisa, e elas foram copiadas com um grande 
zelo e profundo grau de precisão. 
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Existem, entretanto, alguns erros menores cometidos por copistas nos manuscritos bíblicos. 
Peguemos por exemplo duas passagens que estão falando a mesma coisa: 
Era Acazias de vinte e dois anos de idade quando começou a reinar e reinou 
um ano em Jerusalém. Sua mãe, filha de Onri, rei de Israel, chamava-se Atalia. 
(2Rs 8.26) 
Era da idade de quarenta e dois anos quando começou a reinar e reinou um 
ano em Jerusalém. E era o nome de sua mãe Atalia, filha de Onri. (2Cr 22.2) 
Estamos diante de um erro de cópia. Ele não poderia ter 42 anos porque ele seria mais velho 
que seu pai, Jeorão, quando começou a reinar. Interessante observar que esse erro inclusive já 
foi corrigido em algumas versões. Se lermos essa mesma passagem nas versões Almeida 
Revisada e Atualizada (ARA), veremos que o texto foi corrigido. Ele também foi corrigido na 
Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH). Contudo ele permanece em algumas versões: 
Almeida Revista e Corrigida (ARC), a Bíblia de Jerusalém (BJ), na Tradução Brasileira (TB) e na 
King James (KJ). 
Outro erro que podemos trazer apenas a título de exemplo: 2 Crônicas 9.25 afirma que 
Salomão tinha quatro mil estrebarias de cavalos, mas 1 Reis 4.26 diz que havia quarenta mil 
estrebarias, o que seria um número absurdamente maior do que o necessário para os seus 
doze mil cavaleiros (1Rs 10.26). 
Como dissemos acima, trata-se de erros menores. Não afetam a autoridade da Bíblia visto que 
Ele não pode mentir (Hb 6.18; Tt 1.2); a Sua lei é “perfeita” ou. imaculada (Sl 19.7). Portanto, 
independentemente dos erros que se encontrem em cópias da Bíblia, estes erros não 
poderiamfazer parte do texto original. Ademais, tais erros não teriam qualquer efeito sobre a 
unidade e inerrância da Bíblia, uma vez que eles não mudariam absolutamente nada em 
relação ao seu conteúdo doutrinário: ainda que o homem esteja sujeito a erro, Deus não está. 
Por isso, mais do que nunca precisamos voltar os nossos olhos e direcionar os nossos esforços 
para o conhecimento de Deus a partir de Sua Palavra. Ela é o prumo que endireita nossa vida, 
clareia nossos pensamentos, guias os nossos passos e nos instrui acerca da verdade. 
7. OS EFEITOS DA PALAVRA DE DEUS EM NÓS 
A Bíblia é acima de tudo um livro de fé. A fé é um poderoso aliado para entendermos a Bíblia a 
partir das revelações que o Espírito Santo pode nos trazer na nossa relação com ela; Afinal, 
importa que aqueles que se aproximam de Deus creiam que Ele existe e que é galardoador dos 
que o buscam (Hb 6.11). 
Devemos olhar para a Bíblia como aquilo que de fato ela é: o poder de Deus para transformar 
todo aquele que nEle crê. Importa que saibamos que ao abrir a Bíblia, o Senhor, criador dos 
céus e da terra, criador de todas as coisas, está presente e quer estabelecer uma relação 
conosco. Quer nos ensinar, nos endireitar, nos purificar e nos preparar para o cumprimento de 
Seus desígnios. E isso nem tem a ver conosco, tem a ver com Ele, Sua sabedoria e governo. 
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Por isso, é importante olhamos para Sua Palavra discernindo três coisas básicas: 
7.1 Somos gerados pela Palavra de Deus 
[...[ tendo renascido, não de semente corruptível, mas de incorruptível, pela 
palavra de Deus, a qual vive e permanece. (1Pe 1.23) 
Tal qual no Gênesis, quando tudo era sem forma e vazio, Deus disse haja e houve. Disse faça-
se e tudo se fez. Tudo pela Palavra. Quando também estávamos sem forma e vazio, o Senhor 
nos encontrou na nossa ruína e miséria e nos restaurou. A comparação da Palavra de Deus 
com uma semente nos ensina que embora ela seja pequena em aparência, ainda assim é 
poderosa na operação e na manifestação de seu poder, embora esteja escondida por um 
tempo, ainda assim cresce e produz fruto excelente no final. 
A Palavra de Deus vive e permanece para sempre. Essa Palavra é uma Palavra viva (Hb 4.12). E 
um meio de vida espiritual: serve para iniciá-la e preservá-la, animando e estimulando-nos no 
nosso dever, até que nos conduza à vida eterna. E é permanente; permanece eternamente 
verdadeira, e habita nos corações dos regenerados para sempre. 
7.2 Uma vez gerados pela Palavra, somos nutridos por Ela 
[...] desejai como meninos recém-nascidos, o puro leite espiritual, a fim de por 
ele crescerdes para a salvação, (1Pe 2.2) 
Pedro está nos estimulando a um desejo constante e intenso pela Palavra de Deus, porque ela 
é alimento para nossa alma. E devemos desejá-la como recém-nascidos. Uma vida nova exige 
alimento adequado. Por serem recém-nascidos, novos convertidos precisam desejar o leite da 
Palavra. Os bebês desejam o leite comum, e seus desejos pelo leite são ardentes e frequentes, 
surgindo de uma impaciente percepção de fome, e acompanhados dos melhores esforços de 
que os bebês são capazes. Assim deve ser o desejo dos cristãos pela Palavra de Deus. E isso 
para este propósito: que cresçam por meio dela, para que aumentem na graça e no 
conhecimento do nosso Senhor e Salvador (2Pe 3.18). 
Devemos aprender de uma vez que o forte desejo e a afeição intensa pela Palavra de Deus são 
evidências do nosso novo nascimento. Por isso não poderia haver imagem melhor para falar da 
importância da Palavra de Deus, num primeiro momento, do que a imagem do leite. Porque 
aquele que é gerado precisa ser alimentado. E não pode ser com qualquer tipo de alimento. 
O recém-nascido busca o leito materno como um instinto de sobrevivência. Ainda que ele não 
tenha consciência disso, esse alimento que ele busca com tanta avidez é rico em todos os 
nutrientes que ele precisa para se desenvolver de um modo saudável e correto. É uma imagem 
muito rica da Palavra! A Palavra de Deus, usada corretamente, sempre produzirá força e 
crescimento em nós. 
7.3 Uma vez nutridos, somo fortalecidos 
[...] mas o alimento sólido é para os adultos, os quais têm, pela prática, as 
faculdades exercitadas para discernir tanto o bem como o mal. (Hb 5.14) 
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Os profundos mistérios de Cristo pertencem àqueles que estão um pouco mais avançados na 
escola de Cristo, que aprenderam os primeiros princípios e fizeram bom progresso sobre eles; 
assim que, em virtude do uso, eles têm seus sentidos exercitados para discernir entre o bem e 
o mal, entre submissão e pecado, verdade e erro. 
Há em nós dois tipos de sentidos, os naturais e os espirituais: há um olho espiritual, um apetite 
espiritual, um paladar espiritual; a alma tem os seus sentidos como os tem também o corpo. 
Pelo uso e pelo exercício esses sentidos são aperfeiçoados, tornados mais ativos e fortes para 
provar a doçura do que é bom e verdadeiro, e a amargura do que é falso e perverso. 
Não somente a razão e a fé, mas também o sentido espiritual, fortalecido na Palavra, vão 
ensinar os homens a distinguir entre o que é agradável e o que é provocativo a Deus, entre o 
que é útil e o que prejudicial à nossa alma. O único lugar em que podemos ser devidamente 
exercitados e fortalecidos é na Palavra. 
Quanto mais nos alimentamos dela, tanto mais nosso espírito vai sendo nutrido e fortalecido. 
Com isso ele terá condições de suportar muitas vezes cargas e pressões que a rotina e o 
chamado muitas vezes impõe. Não existe vida cristã na carne. A verdadeira vida cristã só pode 
ser vivida no espírito. E esse espírito está pronto, diz o Senhor. Importa fortalecê-lo na Palavra 
e pela Palavra! 
 
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CONCLUSÃO 
Esse curso não é definitivo e muito menos se propõe a tal. Nosso desejo é um desejo de 
inspiração, no sentido de que o que aqui foi ventilado sirva de motivação para buscar mais a 
respeito do Deus que Se revela pela Sua Palavra. A Bíblia é a autoridade a respeito do 
conhecimento de Deus. Ninguém poderá dizer (e essa é a fé que professamos) que Deus lhe 
revelou algo ou lhe instruiu quanto a algo se o que foi revelado ou instruído choca com o que 
está escrito. Demos várias razões que justificam essa informação. 
Partilho particularmente da conclusão do pastor Ed René Kivitz quando afirma que é 
incompatível para um cristão conjugar numa mesma frase expressões como crenças cristãs e 
livre pensar. A Teologia é diferente da filosofia. A Filosofia é um exercício de especulação da 
razão humana que não tem limites. Está em aberto e é qualificado mais e mais no curso da 
história, mas, reiteramos, está em aberto. Por isso Heidegger pode discordar de Platão. Com a 
Teologia isso não ocorre. Ela é uma tentativa de discernimento das nossas experiências de 
Deus à luz de um Livro. Não está aberto. Não discordamos desse Livro. Ele é para nós 
autoridade preciosa a respeito do objeto de desejo de nossa alma. 
A Bíblia é nossa regra de fé e prática. Assim, as pessoas têm o direito e o dever de pensar e 
usar sua razão, mas tudo que elas produzirem pelo seu esforço intelectual, mesmo que muito 
bem-vindo, será medido pela Palavra. O que cada pessoa faz a partir de sua forma de pensar é 
de responsabilidade individual, mas como igreja, nossa conduta deverá sempre passar pelo 
prumo da verdade. Nossos valores e princípios morais não poderão ser consumidos se 
passados pelo fogo da Palavra; se o forem, não passavam de palha, feno ou madeira. E que 
triste se descobrirmos isso tardiamente. 
Assim, porque cremos em um Deus que quer Se comunicar conosco, Se revelou, Se encarnou, 
esteve entre nós na pessoa de Jesus Cristo de Nazaré, cuja história é relatada em um livro, este 
livro é para nós único, divino e sagrado. Nele está a fonte de todo o conhecimento de Deus. 
Portanto, assim diz o Senhor: 
Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. 
Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; 
volte-se aoSenhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é 
generoso em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos 
pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. 
Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus 
caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais 
altos do que os vossos pensamentos. Porque, assim como a chuva e a neve 
descem dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir 
e brotar, para que dê semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a 
palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o 
que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei. Pois com alegria saireis, 
e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cânticos 
diante de vós, e todas as árvores de campo baterão palmas. Em lugar do 
espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta; o que será 
para o Senhor por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará. (Is 55.6-13) 
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BIBLIOGRAFIA 
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