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ENTREGA TRABALHO DE ADAPTAÇÃO - DIREITO EMPRESARIAL IV

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1º- Tema proposto: Pedido de falência baseado no art. 94, i, da lei 11.101/05. 
com protesto sem ser especial (juntar acordão na integra com tal 
fundamentação). 
 
 
Inicialmente, importante esclarecer quais são as duas possibilidades que 
o credor portador de um título executivo certo, líquido e exigível, possui para ver 
seu crédito satisfeito. A primeira é a ação de execução de título extrajudicial, na 
qual o credor (exequente) requer a execução do título executivo, ou seja, tem o 
intuito de obrigar o devedor (executado) a cumprir com o direito consolidado, 
podendo se valer de medidas expropriatórias para satisfazer seu crédito. 
A segunda via possível é o procedimento de decretação de falência 
solicitado pelo credor. Tal instituto está disposto na Lei de Recuperação e 
Falência (Lei nº 11.101/2005) e, para o caso apresentado, qual seja, portador de 
título executivo, apresenta alguns requisitos essenciais para a propositura da 
ação. 
O artigo 94 da Lei nº 11.101/05 dispõe acerca dos casos em que é 
possível a decretação da falência do devedor, vejamos: 
 
 Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
I – Sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
II – Executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à 
penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação 
judicial: 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou 
fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da 
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos 
os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a 
legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens 
livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar 
os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local 
de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de 
recuperação judicial. 
§ 1o Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para 
o pedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo. 
§ 2o Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de falência os créditos que nela não se 
possam reclamar. 
§ 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído 
com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9o desta Lei, 
acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim 
falimentar nos termos da legislação específica. 
§ 4o Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído 
com certidão expedida pelo juízo em que se processa a execução. 
§ 5o Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, o pedido de falência descreverá os 
fatos que a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que 
serão produzidas. 
 
Em relação ao inciso I do referido artigo, ora analisado, trata-se da 
hipótese do pedido de falência fundado na impontualidade injustificada. Quer-se 
se dizer que quando o devedor, de forma infundamentada e com obrigação 
líquida (título), deixa de pagar o credor na data acordada, é possível a abertura 
do procedimento. 
Ocorre que para fins de ajuizamento de ação de falência, a soma da dívida 
materializada em um ou mais títulos executivos – deve ultrapassar a quantia de 
40 salários-mínimos. Importante salientar que essa medida se deve ao fato de o 
procedimento falimentar ser oneroso, com inúmeras despesas decorrentes de 
depositários, peritos e demais colaboradores. 
Já em relação ao protesto do(s) título(s), a finalidade dele é justamente 
marcar a impontualidade, e para isso até mesmo os títulos não passíveis de 
protestos devem sê-los, como por exemplo, a sentença judicial. De outro modo, 
o protesto possui algumas particularidades, ou seja, deverá nele conter 
especificamente que se trata de protestos para fins falimentares, conforme §3º 
do artigo acima mencionado: 
 
“Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
§3º Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será 
instruído com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9º desta 
Lei, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto 
para fim falimentar nos termos da legislação específica.” (grifado) 
Ainda em relação ao protesto, o STJ sumulou o entendimento a respeito 
do recebimento do protesto. Relevante mencionar, também, que a jurisprudência 
do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul considera imprescindível 
a identificação das pessoas que receberam a notificação do protesto: 
 
“SÚMULA Nº 361 
 
A notificação do protesto, para requerimento de falência da empresa 
devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu.” 
A jurisprudência é clara ao afirmar que para se autorizar o processamento 
do pedido de falência, é necessário que a prova da impontualidade demonstre 
de maneira inequívoca a certeza de que a notificação ao devedor foi feita. 
Todavia, em alguns casos, pode ocorrer de o devedor não ser encontrado. 
Nesses casos é preciso esgotar todos os meios e diligências necessárias para 
apuração do endereço atualizado do devedor, antes de efetuar a notificação 
acerca do protesto por edital. 
Somado a isso, verificou-se que o Superior Tribunal de Justiça, bem como 
o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul entendem não bastar a 
inadimplência para pedidos de falência fundados na impontualidade injustificada. 
Diante desses casos deve haver também a insolvabilidade da empresa. 
A insolvência se configura no momento em que a impontualidade 
denuncia a incapacidade da empresa em cumprir regularmente com as suas 
próprias obrigações. A iliquidez momentânea, por si só, não basta, podendo ser 
afastada por prova em contrário, como por exemplo, com o depósito elisivo – 
depósito do quantum devido, realizado em juízo, demonstrando a solvência do 
devedor. A consequência deste ato é a retirada do pedido falimentar, uma vez 
que o requisito da insolvabilidade da empresa não foi preenchido. 
Salienta-se que a impontualidade, por si só, não preenche o requisito da 
insolvabilidade, ou seja, quando essa impontualidade é momentânea ela não é 
considerada para fins de provimento do pedido de falência. 
De outro modo, é relevante mencionar que o Superior Tribunal de Justiça 
entende não ser legal a utilização do processo de falência com o propósito 
coercitivo, ou seja, apenas para que seja satisfeito o crédito não adimplido. Nota-
se que nos casos em que é verificada que a ação de falência foi empregada com 
esse fim, ela foi julgada improcedente. 
Nesse sentido, o procedimento para a decretação de falência com base 
no inciso I do artigo 94 da Lei nº 11.101/2005, possui os seguintes requisitos 
indispensáveis para a propositura da ação: 
 
i. O inadimplemento da obrigação; 
ii. A dívida materializada em título executivo; 
iii. O valor do(s) título(s) ultrapasse o equivalente a 40 salários-mínimos; 
iv. Impontualidade injustificada, comprovada com o protesto do(s) título(s) conforme 
artigo 94, inciso I, §3º, da Lei nº 11.101/2005 e a Súmula nº 361,do STJ; 
v. Aparente insolvabilidade da empresa; 
 
Assim, muito embora o credor possua a faculdade em ajuizar a ação de 
falência com base no inciso I do artigo 94 da Lei de Recuperação e Falência com 
o intuito de ver seu crédito adimplido, a procedência final não é garantida, uma 
vez que devem estar plenamente configurados os requisitos acima 
mencionados. 
Entretanto, vale consignar que, em alguns casos, é possível que o 
devedor ao receber o protesto para fins falimentares ou o ajuizamento de ação 
de Falência veja-se mais inclinado a pagar de imediato o débito, através do 
depósito elisivo ou até mesmo compor. Contudo, acaso tenha a intenção de 
continuar em litígio, a ação prosseguirá e, como visto, se não preenchidos os 
requisitos, não terá êxito, fazendo com que o credor tenha de ajuizar nova 
demanda, a ação executiva. Vejamos acórdão na íntegra de uma apelação cível, 
tratando desse tema, com voto relator desembargador Cleber Ghelfenstein: 
 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA QUARTA 
CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº 0044462-75.2016.8.19.0002 APELANTE: 
LECCA CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. APELADO: NITJAP 
COMÉRCIO DE MOTOS LTDA. RELATOR: DESEMBARGADOR CLEBER 
GHELFENSTEIN 
 
EMPRESARIAL. REQUERIMENTO DE FALÊNCIA. 
SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM 
RESOLUÇÃO DE MÉRITO POR AUSÊNCIA DE 
CONDIÇÃO ESPECÍFICA DE PROCEDIBILIDADE FACE 
A AUSÊNCIA DA INTIMAÇÃO DO PROTESTO NA 
PESSOA DO REPRESENTANTE LEGAL DA EMPRESA 
RÉ. APELO AUTORAL, BUSCANDO A REFORMA 
INTEGRAL DO JULGADO. PRECEDENTE DO E. STJ. 
VERBETE Nº 361 DA SÚMULA DA JURISPRUDÊNCIA 
DA CORTE INFRACONSTITUCIONAL. PROVIMENTO. 
Na espécie, o pedido de decretação de falência encontra-
se fundamentado no artigo 94, I, da Lei Nacional nº 
11.101/2005 “[(...) Art. 94. Será decretada a falência do 
devedor que: I – sem relevante razão de direito, não paga, 
no vencimento, obrigação líquida materializada em título 
ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do 
pedido de falência; (...)]”. Na mesma sorte, na notificação 
do protesto, para fins falimentares, consta a identificação 
da pessoa que a recebeu. Verbete nº 361 da Súmula da 
Jurisprudência da Corte Infraconstitucional, segundo o 
qual a notificação do protesto, para requerimento de 
falência da empresa devedora, exige a identificação da 
pessoa que a recebeu. Precedentes do E. STJ acerca da 
pacificação do entendimento de que, na intimação do 
protesto para requerimento de falência, faz-se necessária 
a identificação da pessoa que o recebeu, e não a intimação 
na pessoa do representante legal da pessoa jurídica 
devedora. Ademais, a empresa devedora não apresentou 
plano de recuperação judicial nem realizou o depósito 
elisivo, nas formas e nos prazos de que dispunha (artigos 
51, 95, 96, VII, e 98, parágrafo único, todos da Lei Nacional 
nº 11.101/2005). Reforma da sentença que se impõe. 
Provimento do apelo autoral para, reformando o julgado, 
determinar o prosseguimento do feito, dando-se vista ao 
Ministério Público, na forma da lei. 
 
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 0044462-
75.2016.8.19.0002, em que é apelante LECCA CRÉDITO FINANCIAMENTO E 
INVESTIMENTO S.A. e é apelada NITJAP COMÉRCIO DE MOTOS LTDA., 
Acordam os Desembargadores que compõem a Décima Quarta Câmara Cível do 
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, em 
conhecer do apelo e dar-lhe provimento, nos termos do voto do Exmo. Des. Relator. 
 
VOTO DO RELATOR 
De início, esclareço que se encontram presentes os requisitos de admissibilidade 
recursal, devendo, pois, ser conhecido o presente apelo. 
Trata-se de apelo autoral interposto contra sentença de extinção do processo sem 
resolução de mérito por ausência de condição específica de procedibilidade para 
prosseguimento do pedido falimentar. 
Em verdade, a sentença merece reforma. Vejamos, objetivamente. Na espécie, o pedido 
de decretação de falência da empresa ré encontra-se fundamentado no artigo 94, I, da 
Lei Nacional nº 11.101/2005 (lei que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a 
falência do empresário e da sociedade empresária), in verbis: 
 
“(...) Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: I – 
sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, 
obrigação líquida materializada em título ou títulos 
executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente 
a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de 
falência; (...)” 
 
Pelo que se extrai dos autos do processo, a empresa ré é devedora da parte autora, 
pois, sem relevante razão de direito, não pagou, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título executivo protestado (Cédula de Crédito Bancário e respectivo 
protesto: fls. 47/53-000046, 55/58-000054, 68-000067, 70- 000069 e 72-000071) cuja 
soma ultrapassa o equivalente a 40 (quarenta) salários mínimos na data do pedido de 
falência, já que a dívida é de R$ 619.204,08 (seiscentos e dezenove mil duzentos e 
quatro reais e oito centavos). 
 A empresa credora não teve o mérito do seu pedido apreciado em razão de o juízo de 
piso ter entendido pela ausência de condição específica de procedibilidade para 
prosseguimento do pedido falimentar em virtude da Página 3 de 6 ausência da intimação 
do protesto na pessoa do representante legal da empresa ré ou de quem o tenha 
poderes para recebê-lo. 
 Tal entendimento foi fundamentado no documento na fl. 70-000069 (certidão de 
protesto da Cédula de Crédito Bancário em comento), no qual consta que a intimação 
do referido protesto foi recebida por Marcelo Pereira Rocha, portador do documento de 
identidade nº 09283542-0, expedido pelo IFP/RJ, sendo que a empresa devedora afirma 
desconhecer tal pessoa (fls. 89/90-000086). 
 No entanto, a sentença de extinção do processo sem resolução do mérito, por ausência 
de condição específica de procedibilidade para prosseguimento do pedido falimentar, 
deve ser reformada. 
 Ao contrário do que afirma a empresa devedora, e do entendimento do juízo 
sentenciante, na notificação do protesto, para fins falimentares, consta a identificação 
da pessoa que a recebeu, sendo certa a desnecessidade de que tal notificação se dê 
na pessoa do representante legal da empresa devedora ou de quem o tenha poderes 
para recebê-la. 
Esta é a inteligência do precedente expresso no Verbete nº 361 da Súmula da 
Jurisprudência da Corte Infraconstitucional, segundo o qual a notificação do protesto, 
para requerimento de falência da empresa devedora, exige a identificação da pessoa 
que a recebeu. Eis o teor do referido enunciado: 
 
Verbete nº 361 do STJ “A notificação do protesto, para requerimento 
de falência da empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a 
recebeu.” 
 
Na mesma sorte, há precedentes também do E. STJ acerca da pacificação do 
entendimento de que, na intimação do protesto para requerimento de falência, faz-se 
necessária a identificação da pessoa que a recebeu, e não a intimação na pessoa do 
representante legal da pessoa jurídica devedora. Veja-se o julgado: 
 
AgInt nos EDcl no REsp 1386738 / CE 
AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL 
Relator(a): Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA 
Órgão Julgador: TERCEIRA TURMA 
Data do Julgamento: 04/05/2017 
Data da Publicação/Fonte: DJe 19/05/2017 
Ementa: 
AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE 
FALÊNCIA. NOTIFICAÇÃO DO PROTESTO. 
IDENTIFICAÇÃO DA PESSOA. SÚMULA Nº 361/STJ. 
FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. 
1. Esta Corte já pacificou o entendimento de que, na 
intimação do protesto para requerimento de falência, é 
necessária a identificação da pessoa que o recebeu, e não 
a intimação na pessoa do representante legal da pessoa 
jurídica. Inteligência da Súmula nº 361/STJ. 
2. A tese jurídica referente à ausência donome completo 
e do registro de identidade da pessoa que assinou a 
notificação de protesto não foi apreciada pelo acórdão 
recorrido, o que encontra óbice na Súmula 282/STF. 
3. Agravo interno não provido. 
 
Ademais, a empresa devedora não apresentou plano de recuperação judicial nem 
realizou o depósito elisivo, nas formas e nos prazos de que dispunha, conforme previsão 
nos artigos 51, 95, 96, VII, e 98, parágrafo único, todos da Lei Nacional nº 11.101/2005. 
É ver: 
 
“(...) Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será 
instruída com: 
 I – a exposição das causas concretas da situação 
patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-
financeira; 
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) 
últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente 
para instruir o pedido, confeccionadas com estrita 
observância da legislação societária aplicável e compostas 
obrigatoriamente de: a) balanço patrimonial; b) 
demonstração de resultados acumulados; c) 
demonstração do resultado desde o último exercício 
social; d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua 
projeção; 
III – a relação nominal completa dos credores, inclusive 
aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação 
do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o 
valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o 
regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos 
registros contábeis de cada transação pendente; 
IV – a relação integral dos empregados, em que constem 
as respectivas funções, salários, indenizações e outras 
parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de 
competência, e a discriminação dos valores pendentes de 
pagamento; 
V – certidão de regularidade do devedor no Registro 
Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as 
atas de nomeação dos atuais administradores; 
VI – a relação dos bens particulares dos sócios 
controladores e dos administradores do devedor; VII – os 
extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de 
suas eventuais aplicações financeiras de qualquer 
modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em 
bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições 
financeiras; 
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na 
comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde 
possui filial; 
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações 
judiciais em que este figure como parte, inclusive as de 
natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos 
valores demandados. 
(...) Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor 
poderá pleitear sua recuperação judicial. Art. 96. A falência 
requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, 
não será decretada se o requerido provar: 
(...) 
VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no 
prazo da contestação, observados os requisitos do art. 51 
desta Lei; (...) Página 5 de 6 
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação 
no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. Nos pedidos 
baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei, o 
devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o 
valor correspondente ao total do crédito, acrescido de 
correção monetária, juros e honorários advocatícios, 
hipótese em que a falência não será decretada e, caso 
julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o 
levantamento do valor pelo autor. 
(...)” 
 
A jurisprudência do E. STJ alicerça o presente posicionamento, inclusive no sentido de 
não ser exigível do autor do pedido de falência a apresentação de indícios da insolvência 
ou da insuficiência patrimonial do devedor: 
 
REsp 1532154 / SC 
RECURSO ESPECIAL 
Relator(a): Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO 
Órgão Julgador: TERCEIRA TURMA 
Data do Julgamento: 18/10/2016 Data da 
Publicação/Fonte: DJe 03/02/2017 
Ementa: 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO FALIMENTAR E 
PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE FALÊNCIA. 
IMPONTUALIDADE DO DEVEDOR. INDEFERIMENTO 
DA PETIÇÃO INICIAL. UTILIZAÇÃO DO PROCESSO 
FALIMENTAR COM FINALIDADE DE COBRANÇA. NÃO 
OCORRÊNCIA. DÍVIDA DE VALOR CONSIDERÁVEL. 
DESNECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE INDÍCIOS 
DE INSOLVÊNCIA DA DEVEDORA. PRECEDENTE 
ESPECÍFICO DO STJ. 
1. Controvérsia acerca do indeferimento da petição inicial 
de um pedido de falência instruído com título executivo 
extrajudicial de valor superior a um milhão de reais. 
2. Aplicação do disposto no art. 94, I, da Lei 11.101/2005, 
autorizando a decretação da falência do devedor que, 
"sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, 
obrigação líquida materializada em título ou títulos 
executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente 
a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de 
falência". 
3. Doutrina e jurisprudência desta Corte no sentido de não 
ser exigível do autor do pedido de falência a apresentação 
de indícios da insolvência ou da insuficiência patrimonial 
do devedor. 
4. Não caracterização no caso de exercício abusivo do 
direito de requerer a falência pelo devedor. 
 5. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
 
Destarte, porquanto não examinou com perfeição os fatos, deixando de aplicar 
corretamente o direito, a sentença merece reforma, nos moldes da fundamentação 
supra. 
Em arremate, com a reforma da sentença, os ônus sucumbenciais devem ser 
revertidos em desfavor da empresa ré, no percentual de 10% (dez por cento) sobre o 
valor atualizado da causa. Na mesma toada, respeitando-se a regra prevista no artigo 
85, § 11, do NCPC, circunstância que impõe a fixação de verba honorária em sede 
recursal, fixo-a em 2% (dois por cento) também sobre o valor atualizado da causa. 
Sem mais considerações, voto pelo conhecimento do apelo e por seu provimento 
para, reformando a sentença, considerar válida a intimação do protesto, diante da 
identificação da pessoa que o recebeu, nos termos da Súmula 361 do STJ, 
determinando o prosseguimento do feito, dando-se vista ao Ministério Público, na forma 
da lei, bem como para reverter os ônus sucumbenciais em desfavor da empresa ré, no 
percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, e fixar a verba 
honorária em sede recursal em 2% (dois por cento) também sobre o valor atualizado da 
causa. 
 
 
 
Rio de Janeiro, ___ de ________ de 2018. 
 
 
 
DESEMBARGADOR 
 
 
CLEBER GHELFENSTEIN RELATOR 
 
 
 
 
2º Tema proposto: Recuperação extrajudicial extraordinária 
 
 
 
A recuperação extrajudicial extraordinária, prevista no artigo 163, por sua 
vez, é o mecanismo no qual o plano recuperatório é assinado por credores que 
representam mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de determinado 
grupo (grupo de credores quirografários, por exemplo) e isso vincula a minoria 
do grupo que não aderiu voluntariamente ao plano. Segundo Perin Junior (2011), 
ocorre uma homologação obrigatória, ou seja, a adesão forçada de credores de 
determinada faixa de créditos ao plano de recuperação extrajudicial, desde que 
3/5 (três quintos) de todos os credores de cada espécie tenham aderido 
espontaneamente. Assim, os efeitos irão se alastrar aos demais credores. 
A recuperação extrajudicial extraordinária, prevista no artigo 163, por sua 
vez, é o mecanismo no qual o plano recuperatório é assinado por credores que 
representam mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de determinado 
grupo (grupo de credores quirografários, por exemplo) e isso vincula a minoria 
do grupo que não aderiu voluntariamente ao plano. Segundo Perin Junior (2011), 
ocorre uma homologação obrigatória, ou seja, a adesão forçada de credores de 
determinada faixa de créditos ao plano de recuperação extrajudicial, desde que 
3/5 (três quintos) de todos os credores de cada espécie tenham aderido 
espontaneamente. Assim, os efeitos irão se alastrar aos demais credores. 
 
 
2.1 Etapas procedimentais 
 
 
O procedimento seinicia com a distribuição do pedido, que deverá conter 
o plano de recuperação extrajudicial, sua justificativa e o documento que 
contenha seus termos e condições, devidamente assinado pelos credores 
anuentes ao plano. 
Após o recebimento da referida petição, o juiz ordenará a publicação de 
edital por intermédio de órgão oficial e em jornal de grande circulação nacional. 
Essa publicidade tem a finalidade de possibilitar que os credores com eventuais 
impugnações ao plano recuperatório possam se manifestar e que o devedor, no 
prazo estabelecido no mesmo edital, possa comprovar que enviou as cartas de 
que trata o § 1º do artigo 164 a todos os credores sujeitos ao plano, que através 
dessas cartas serão informados sobre distribuição do pedido, condições do 
plano e prazo de impugnação. 
Como dito, a publicação do edital dá a oportunidade para os credores 
impugnarem o plano, juntando a prova de seu crédito. Essa impugnação poderá 
ser realizada no prazo de trinta dias contados da publicação do edital e apenas 
as seguintes alegações podem ser feitas, com base nos incisos do § 3º do artigo 
164: não preenchimento do percentual mínimo previsto no caput do artigo 163 
da lei; prática de qualquer dos atos previstos no inciso III do art. 94 ou do art. 
130 da lei, ou descumprimento de qualquer requisito presente na mesma; ou 
descumprimento de qualquer exigência legal. 
Após a fase de impugnação, abre-se prazo de cinco dias para que o 
devedor possa se manifestar sobre eventuais impugnações, sendo que após 
isso os autos serão conclusos ao juiz que decidirá, também no prazo de cinco 
dias, se homologa ou indefere o plano, avaliando se existem razões para que o 
pedido seja rejeitado, como: irregularidades; atos fraudulentos por parte do 
devedor; simulação de créditos ou vício de representação dos credores que 
subscreveram o plano. 
Apreciado o plano, o juiz proferirá sua sentença, que caracterizará a 
constituição de uma nova situação, através da homologação do plano, ou 
atestará a inadequação do mesmo, através do indeferimento. Seja qual for o 
conteúdo da sentença (homologação ou indeferimento) cabe o recurso de 
apelação. 
 
 
2.2 Efeitos 
 
 
O plano de recuperação, em regra, produz seus efeitos em relação aos 
credores signatários após a homologação judicial. Em regra porque pode o plano 
estabelecer produção de efeitos anteriores à homologação, desde que 
exclusivamente em relação à modificação do valor ou da forma de pagamento 
dos credores signatários, como determina a dicção do § 1º do artigo 165. 
A lei aborda ainda que, apesar do pedido de homologação do plano, 
direitos, ações e execuções não se suspendem e que os credores não 
participantes do plano de recuperação extrajudicial não estão impossibilitados 
de pedir a decretação da falência, sendo importante ressaltar que após a 
distribuição do pedido de homologação do plano, os credores não poderão 
desistir da adesão ao plano, salvo com o consentimento expresso dos demais 
signatários. 
A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial 
constituirá título executivo extrajudicial, segundo o artigo 584, III, do Código de 
Processo Civil. 
 
 
2.3 – Considerações finais 
 
A recuperação extrajudicial, enquanto ferramenta do empresário, se 
configura como um mecanismo mais simples, em que o Estado tem função 
acessória, enquanto credores e devedor protagonizam juntos a busca pela 
melhor solução dos problemas. Como bem elucida Gladston Mamede (2012, p. 
204): 
A afirmação da viabilidade jurídica da recuperação extrajudicial da 
empresa, mais do que uma alternativa de solução global da crise econômico-
financeira da empresa, a alcançar toda uma classe de credores, como se 
estudará neste capítulo, é a afirmação da licitude, da viabilidade e da 
regularidade dos procedimentos negociais entre o devedor e seus credores. 
Dessa forma, o que no início era um favor legal concedido ao devedor 
pelo Estado, na antiga concordata, passou a ser viabilização de superação da 
crise, através da participação dos credores, que passaram a ter sua vontade 
considerada nesse procedimento de recuperação extrajudicial. O 
desenvolvimento do instituto coroa, então, a evolução da legislação falimentar, 
através de um plano legitimado por razões de viabilidade que exclui abusos de 
direito do devedor e se firma como solução para satisfação dos interesses dos 
credores e continuidade da empresa. 
 
 
3º tema proposto: Restituição de mercadorias na falência 
 
A ação de restituição é cabível, taxativamente nas seguintes hipóteses: a) 
casos de posse e propriedade sobre a coisa – conforme disposto no art. 
85, caput, da lei 11.101/2005; b) quando a coisa é vendida a crédito e entregue 
ao devedor nos quinze dias anteriores ao requerimento de sua falência – 
conforme o Parágrafo Único do art. 85, da lei 11.101/2005; c) quando a coisa, 
antes sujeita às duas hipóteses anteriores (a e b), não mais existir ao tempo da 
restituição (se tiver sido vendida receberá o requerente o valor resultante da 
venda ou o valor de sua avaliação) – conforme inciso I do art. 86 da lei 
11.101/2005; d) de valores entregues pelo contratante de boa-fé ao devedor, 
cuja falência sobreveio, prejudicando o negócio jurídico – conforme inciso III do 
art. 86 da lei 11.101/2005, somente quando da revogação de ato, por meio de 
ação revocatória a execução da sentença que julgou procedente o pedido, em 
desfavor da massa falida, por meio da ação restituição. e) de valores entregues 
em contrato de adiantamento de câmbio – ACC. 
A primeira hipótese enseja na posse ou propriedade sobre o bem, questão 
probatória específica. 
A segunda hipótese, igualmente restrita, trata-se de má-fé legalmente 
prevista em contrato de compra e venda a crédito. Nesse caso a prova restringe-
se na: a) prova da efetiva entrega da mercadoria nos 15 dias anteriores ao 
requerimento da falência da devedora; b) a não-alienação da mercadoria 
reivindicada a tempo da propositura da ação. 
A terceira hipótese tem caráter indenizatório. Reconhecida a propriedade 
ou posse sobre coisa que se perdeu ou foi alienada ou, ainda, reconhecida a 
subsunção legal do parágrafo único do art. 86 da LRE por meio de sentença, que 
ordenou a sua restituição de coisa que embora existisse ao tempo do pedido se 
perdeu (não sendo encontrada, tendo sido alienada no decurso da ação de 
restituição) deve se proceder a restituição em dinheiro, extraconcursal. 
A quarta hipótese depende tão-somente do título judicial da ação 
revocatória que anulou o ato praticado pela falida ou recuperada. Nessa hipótese 
o pedido de restituição teria natureza puramente executória para a inscrição de 
valor em quadro de créditos extraconcursais. Quando estudamos os contratos 
empresariais nos deparamos com uma enorme quantidade de contratos 
tipificados e atípicos cada um com características particulares. Fugiria ao objeto 
do estudo o esgotamento, nesse trabalho, de todas as hipóteses de relações 
contratuais e comerciais que estariam dentro do âmbito da ação revocatória. 
 A restituição tal como colocada em parágrafo único do art. 85 da lei 
11.101/2005 destina-se a proteção daquele fornecedor que realizou negócio à 
crédito com a falida e efetiva entrega da mercadoria nos 15 dias que 
antecederam seu de falência 
Esse dispositivo tem por objetivo primário a coibição da má-fé por parte 
da falida, que se locupletaria injustamente, recebendo mercadorias às vésperas 
de sua quebra e deixando de efetuar seu pagamento, em razão da transação ter 
sido realizada a crédito. 
O prazo de quinze dias, a que se refere o parágrafo único do art. 85 da lei 
11.101/2005, acima começa a contar da efetiva entrega da coisa (e não remessa 
ou mesmo pedido), eis que deverá estar efetivamente na posse da falida 
(devedora). Isso deverá ser analisado pormenorizadamente quando do elenco 
de documentos essenciais a propositurada ação. 
Ou seja, disso decorre que se a falência sobrevir, estiver provado que a 
falida recebeu a coisa não é necessário que o síndico tenha feito sua necessária 
arrecadação para que a massa seja obrigada a devolver aquilo que recebeu em 
pecúnia, sobre esse caráter indenizatório assim tem se decidido, como adiante 
será estudado. 
A conversão em indenização, restituição em dinheiro, pela perda da coisa 
é possível e recorrente na restituição pelo parágrafo único do art. 85 da LRE por 
dois principais motivos: a) a suposta má-fé da empresa devedora; b) decorre da 
indisponibilidade do art. 91 da LRE (caso a coisa seja arrecada, mas se perca 
no decurso do processo); c) O suposto uso da LRE para lesar credores de boa-
fé, sujeitando-os injustamente a uma execução concursal. 
Observa-se que é recorrente na prática, caso a coisa seja alienada a 
terceiro, não exista mais ao tempo do pedido (caso tenha sido transformada ou 
consumida pela falida, por exemplo), não se pode mais requisitar a restituição 
da res em si. Ou seja, é quando a hipótese do parágrafo único do art. 85 deixa 
de ser uma ação de natureza reivindicatória buscando uma sentença 
executiva lato sensu para ser convertida, a caráter indenizatório, pela perda da 
coisa ainda como encargos da massa. 
Não pode, em hipótese alguma, confundir-se com créditos concursais, eis 
que esses têm fundamento e natureza distinta. Trata-se de créditos 
extraconcursais, ou seja, não estão sujeitos à concorrência, tratam-se encargos 
da própria massa falida. 
Assim ensina Fábio Ulhôa Coelho: 
Sendo a restituição em dinheiro, o requerente deve ser pago pelo 
administrador judicial após o atendimento às despesas de administração da 
falência e antes do pagamento dos credores. A restituição em dinheiro 
representa o último dos pagamentos de crédito extraconcursal a fazer. 
Tal pedido só seria cabível se entendida improcedente a restituição pelo 
juiz, que determinaria também sua classificação no quadro geral de credores em 
posição adequada, se entender haver e restar comprovada a existência de 
crédito. Caso até o crédito seja rivalizado, aí sim, justifica-se a conversão da 
restituição em habilitação / impugnação de crédito em falência. 
A Ação de restituição com fundamento no parágrafo único do art. 85 da 
LRE sobre coisa individualizável, em geral bens afetos à mercantilização ou 
mesmo insumos, entregues quinze dias antes a decretação da falência ou 
declaração de insolvência pode ser entendida nesses termos pelo seguinte 
esquema sinótico: 
 a) Se a coisa foi recebida, comprovadamente, pela empresa insolvente, 
dentro do prazo legal, e arrecadada pelo administrador judicial: A ação é 
reivindicatória e pretende uma sentença executiva lato sensu. Até a prestação 
jurisdicional a coisa ficará indisponível (art. 91 da LRE) e em sendo procedente 
sua restituição será ordenada pelo juízo falimentar. 
b) Se a coisa foi recebida, comprovadamente, pela empresa insolvente, 
dentro do prazo legal, mas não foi arrecadada pelo administrador judicial a 
prestação visará a ação real para sua localização, esgotadas as tentativas e não 
localizado o bem descrito: 
c) Converte-se em indenização, como encargos da massa caso não haja 
prova de sua alienação (entendimento jurisprudencial conforme será estudado 
adiante). 
d) Caso haja prova idônea de sua alienação o crédito pode ser habilitado 
como quirografário. Caso credor entenda que a alienação tem indícios de fraude 
poderá propor ação revocatória para aí então ter seu crédito como encargos da 
massa. 
e) Se a coisa foi enviada pela autora, mas não há comprovação do 
recebimento pela falida, dentro do termo legal, ou notícia de sua arrecadação 
(extingue-se, portanto, a pretensão real): 
f) Havendo necessidade de dilação probatória ou inexistência de quadro 
geral de credores: Conversão em habilitação / impugnação ao crédito, 
condicionada a publicação do edital a que se refere o § 1º do art. 7º da lei 
11.101/2005 e pedido expresso da requerente. 
g) Se não publicado o aludido edital: extinção da ação de restituição com 
fulcro no art. 267, IV do Código de Processo Civil ou, alternativamente, em 
obediência aos princípios de economia e celeridade processual, o 
sobrestamento do feito até que publicado o referido edital para, após, ser dado 
o regular prosseguimento ao feito, sendo julgado como se habilitação de crédito 
fosse. 
h) Se no edital já constar o crédito do requerente, na extensão na qual 
pretende em habilitação de crédito, a qual foi convertida a ação de restituição: 
extinção da ação de restituição com fulcro no art. 267, VI, do Código de Processo 
Civil. 
i) Não havendo necessidade de dilação probatória, já publicado o quadro 
geral de credores e nele omisso o crédito da requerente: Juiz julgará 
improcedente a pretensão real, contudo determinará seja incluso pelo 
administrador judicial o crédito em sua respectiva classificação dentro do quadro 
geral de credores caso nele ainda não conste. 
 
 
4º Tema proposto: Atos ineficazes e seus efeitos 
 
O legislador previu algumas hipóteses de atos praticados pelo devedor, 
que poderiam ocorrer após a decretação da falência, no curso do termo legal da 
falência ou em período anterior a este. 
O termo legal é definido pelo momento que antecede a decretação da 
falência e caracteriza o estado de falência, sendo determinado por Lei ou pelo 
juiz em sentença. 
De modo que todos os atos empresariais de disposição dos bens do 
devedor, praticados após a decretação da falência, são considerados nulos, pois 
este perde o direito de administrá-los ou deles dispor. 
Quanto aos atos praticados no curso do termo legal e antes deste, o artigo 
29 a Lei de Falências prevê uma lista TAXATIVA de atos 
considerados ineficazes (atenção: não são nulos) perante a massa falida. 
Atos Ineficazes 
De acordo com o artigo 129 da Lei falimentar, são ineficazes em relação 
à massa falida, TENHA OU NÃO o contratante conhecimento do estado de crise 
econômico-financeira do devedor, SEJA OU NÃO intenção deste fraudar 
credores: 
I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro 
do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo 
desconto do próprio título; 
II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo 
legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato; 
III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro 
do termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados 
em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte 
que devia caber ao credor da hipoteca revogada; 
IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 anos antes da decretação 
da falência; 
V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 anos antes da decretação da 
falência; 
VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o 
consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo 
existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu 
passivo; salvo se, no prazo de 30 dias, não houver oposição dos credores, após 
serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos 
e documentos; 
VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre 
vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados 
após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior. 
A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em 
defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do 
processo (art. 129, parágrafo único, Lei 11.101/05). 
ABRÃO, Carlos Henrique. O papel do poder Judiciário na aplicação da Lei n. 
11.101/05. In: OLIVEIRA, Fátima Bayma de (Org). Recuperação de empresas. 
São Paulo: Pear Son Pretice Hall, 2006. 
COELHO, Fábio Ulhôa. Manual de DireitoComercial: Direito de empresa. 1º Ed. 
Em e-book baseada na 28º ed. Impressa. São Paulo: editora Revista dos 
tribunais, 2016. 
CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, São 
Paulo: Método, 2019. 
GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Como elaborar uma resenha de um artigo 
acadêmico ou científico. Revista JRG de Estudos Acadêmicos. Vol. 3, n. 7, p. 
95–107, 2020. 
LÚCIO, Rayane Borba da Silva; GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Lei 11.101/2005: 
procedimentos da falência, recuperação judicial e recuperação extrajudicial de 
empresas. Revista Processus de Estudos de Gestão, Jurídicos e Financeiros. 
Ano XII, Vol.XII, n.42, jan.-jun., 2021. 
NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito empresarial. 9. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019. 
TEIXEIRA, Tarcísio. Direito empresarial sistematizado: doutrina, jurisprudência 
e prática. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: Falência e recuperação de 
empresas. v. 3, 5. Ed. rev. e atual. – São Paulo: Atlas, 2017.

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