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6. Teorias de Enfermagem e sua interface nos processos do cuidado

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Teorias de Enfermagem e sua interface nos 
processos do cuidado	
APRESENTAÇÃO
Para subsidiar as práticas de Enfermagem, o enfermeiro deve utilizar teorias que buscam organiz
ar e sistematizar as ações, com o objetivo de possibilitar a mudança da realidade. As teorias part
em da concepção de que há um modelo conceitual em comum que permite a construção de teori
as que respondam às necessidades cotidianas dos estabelecimentos de saúde a partir da adoção d
e determinada visão de mundo.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá algumas teorias de Enfermagem, as quais bus
cam possibilitar maior segurança para a prática profissional do enfermeiro e da equipe.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar as teorias de Enfermagem.•
Descrever as teorias de Enfermagem e sua interface nos processos de cuidado.•
Discutir as estratégias de cuidado, relacionando-as com as teorias de Enfermagem.•
DESAFIO
A Teoria de Enfermagem Transcultural parte do pressuposto de que as diferenças culturais impa
ctam o processo de cuidar. Assim, é fundamental que o enfermeiro apresente empatia para acolh
er a diversidade cultural e oportunizar o melhor cuidado.
Analise a situação hipotética descrita a seguir:
Diante desse contexto, responda: como você poderia organizar a intervenção de Enfermagem, te
ndo como referencial a Teoria Transcultural?
INFOGRÁFICO
As teorias e as práticas de Enfermagem são interdependentes, uma vez que a atuação do enferme
iro deve ter como embasamento algum marco teórico, com vistas a organizar a assistência ao pa
ciente, acompanhar e mensurar os resultados, que devem responder às necessidades de saúde ide
ntificadas. Para o desenvolvimento de uma teoria, deve-se compreender que há a pertinência de 
escolha de um modelo conceitual e de um marco filosófico – que, combinados, possibilitarão ate
nder a uma lacuna no cotidiano dos serviços de saúde em que a equipe de Enfermagem atua.
No Infográfico, você vai saber mais sobre os elementos que possibilitam a emersão das teorias.
CONTEÚDO DO LIVRO
Para identificar as necessidades de saúde e prover cuidados que garantam resolubilidade, qualida
de e segurança, o enfermeiro tem à disposição as Teorias de Enfermagem. Estas foram desenvol
vidas por estudiosas da área, diante de lacunas existentes na realidade que limitavam a atuação d
a equipe de Enfermagem. Nesse sentido, é imprescindível que o enfermeiro conheça as teorias e 
as incorpore na prática profissional, uma vez que elas subsidiam o desenvolvimento de competê
ncias que agregam valor ao cuidado de Enfermagem.
No capítulo Teorias de Enfermagem e sua interface nos processos do cuidado, da obra Conheci
mento e métodos do cuidar em Enfermagem, que é base teórica desta Unidade de Aprendizage
m, você vai compreender a dualidade entre teoria e prática e aprofundar o debate sobre a Teoria 
das Necessidades Humanas Básicas, de Wanda Aguiar Horta; do Autocuidado, de Dorothea Ore
m; do Cuidado Transpessoal, de Jean Watson; e do Cuidado Transcultural, de Madeleine Leinin
ger.
COHECIMENTO E 
MÉTODOS DO 
CUIDAR EM 
ENFERMAGEM 
Alexandra Bulgarelli do Nascimento
Teorias de enfermagem 
e sua interface nos 
processos do cuidado
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar as teorias de enfermagem.
  Descrever as teorias de enfermagem e sua interface nos processos 
de cuidado.
  Discutir as estratégias de cuidado, relacionando-as com as teorias 
de enfermagem.
Introdução
A relação teoria e prática pode inicialmente remeter ao ideário de que 
são aspectos incomunicáveis e que muito do que se teoriza não pode 
ser colocado em prática. Entretanto, este texto tem a responsabilidade 
de desmistificar essa ideia, uma vez que a prática do cuidado de enfer-
magem pressupõe que ela esteja ancorada em alguma teoria da área 
da Enfermagem.
Dessa forma, para que o cuidado de enfermagem se concretize e se 
traduza em qualidade assistencial ao paciente, é indispensável que o en-
fermeiro se utilize das teorias de Enfermagem para subsidiar a sua prática.
Neste capítulo, a definição de teoria e a sua relação com a prática 
profissional serão tópicos trazidos para debate juntamente à apresentação 
de algumas teorias de Enfermagem e seus respectivos estudiosos, como 
a Teoria Ambientalista, de Florence Nightingale, a Teoria das Necessidades 
Humanas Básicas, de Wanda Aguiar Horta, a Teoria do Autocuidado, de 
Dorothea Orem, a Teoria do Cuidado Transpessoal, de Jean Watson, e a 
Teoria do Cuidado Transcultural, de Madeleine Leininger.
Teoria e prática de enfermagem
A construção do conhecimento de enfermagem é produto da observação 
da realidade a partir da adoção de uma visão de mundo capaz de explicar e 
intervir nessa realidade.
Para que essa construção seja possível, parte-se da concepção de teorias, 
as quais devem ter como premissa um modelo conceitual aceito na área e 
que serão testadas a partir de hipóteses preestabelecidas, visando a anali-
sar a potencialidade da teoria desenvolvida impactar a realidade (Figura 1) 
(MCEWEN; WILLS, 2016).
Em linhas gerais, o desenvolvimento de uma teoria deve atender alguns 
elementos. Observe a seguir.
  Antecedente do estudioso, que deve ser sólido e comprometido com o 
produto que a sua teoria propõe.
  Fundamentos filosóficos claros e de acordo com a visão de mundo que 
o estudioso adota em sua teoria.
  Principais pressupostos, conceitos e relações. A teoria proposta deve 
explicitar quais são os pressupostos, ou seja, a partir do que o estudioso 
propõe a sua teoria, bem como quais serão os conceitos por ele utilizados 
e as relações que a sua teoria traz para impactar a realidade.
  Utilidade. A teoria concebida deve ser útil para a prática, portanto, 
esse elemento deve ser argumentado e articulado pelo estudioso que 
desenvolveu a teoria.
  Testabilidade significa que a teoria deve ser passível de ser testada a 
partir de hipóteses ou de categorias de análise da realidade em que 
deverá ser aplicada.
  Valor. Esse item significa que a teoria deve obrigatoriamente agregar 
valor à área do conhecimento, ou seja, para o desenvolvimento e reco-
nhecimento da Enfermagem como ciência.
Teorias de enfermagem e sua interface nos processos do cuidado2
É imprescindível, portanto, compreender que a teoria tem a responsabilidade 
de influenciar a realidade por meio de ações práticas que se configuram como 
instrumentos ou mecanismos para possibilitar a transformação da realidade.
Figura 1. Elementos que subsidiam a concepção e a adoção de teorias. 
Fonte: Adaptada de MayaViko/Shutterstock.com.
Transformação 
da Realidade
Exemplo: Ao 
considerar que as 
ações sanitaristas 
geraram impacto, 
reduzindo a 
taxa de infecção 
e de mortalidade, 
houve mudança 
da realidade, o que 
implica a adoção 
de novas práticas 
e a consolidação 
da teoria.
Modelo 
Conceitual Aceito
Exemplo: A 
transmissão de 
doenças infecciosas 
exige a presença 
de um agente 
etiológico, 
um hospedeiro 
e um vetor.
Teoria
Ambientalista
Exemplo: Defende 
o pressuposto de 
que o cuidado de 
enfermagem deve 
ocorrer visando 
a romper a tríade 
agente, hospedeiro e 
vetor por meio de ações 
sanitaristas, como a 
higienização das mãos 
e a classi�cação e 
separação dos 
pacientes devido 
à internação hospitalar.
Hipóteses
Exemplo: 
Ao adotar as 
ações sanitaristas, 
espera-se que as 
taxas de infecção 
e de mortalidade 
diminuam.
Teste das Hipóteses 
Exemplo: As 
ações sanitaristas 
propostas são 
implementadas 
e os seus resultados 
são monitorados por 
meio de indicadores.
Uma técnica de enfermagem atuante em uma unidade de internação de Clínica Médica 
assumiu o plantão às 13 h. Em um dos quartos privativos dessa unidade, há uma 
paciente acamada com rebaixamento de nível de consciência e sem acompanhante.
Ao entrar nesse quarto, a técnica de enfermagem se deparou com todas as janelasvedadas, o que impedia que a luz natural adentrasse no local. Dessa forma, a profissional 
se dirigiu às janelas e abriu as vedações, de modo a permitir que a luz solar iluminasse 
o ambiente.
3Teorias de enfermagem e sua interface nos processos do cuidado
Teorias de enfermagem
Para subsidiar a prática, várias teorias de enfermagem foram desenvolvidas a 
partir do advento da Enfermagem moderna com as contribuições de Florence 
Nightingale, no século XIX.
Entre as estudiosas que desenvolveram o arcabouço teórico-prático da 
Enfermagem, compreendida como Ciência, destacam-se: Florence Nightingale, 
Virgínia Henderson, Faye G. Abdellah, Dorothea E. Orem, Dorothy Johnson, 
Betty Neuman, Myra E. Levine, Barbara M. Artinian, Helen C. Erickson, 
Evelyn M. Tomlin, Mary Ann P. Swain, Imogene M. King, Callista Roy, Jean 
Watson, Martha E. Rogers, Margaret Newman, Rosemarie Parse e a brasileira 
Wanda Aguiar Horta. 
As diferentes teorias desenvolvidas por elas são:
  Teoria Ambientalista, de Florence Nightingale;
  Teoria das Necessidades Humanas Básicas, de Wanda Aguiar Horta;
  Teoria do Autocuidado, de Dorothea Orem;
  Teoria do Cuidado Transpessoal, de Jean Watson;
  Teoria do Cuidado Transcultural, de Madeleine Leininger.
Teoria Ambientalista
A Teoria Ambientalista, desenvolvida por Florence Nightingale, foi fundamen-
tada, ao longo da segunda metade do século XIX, a partir das observações 
realizadas por ela durante as suas intervenções nos serviços de saúde por onde 
transitou, bem como pela sistematização que fez dessas observações, o que 
lhe permitiu consolidar os resultados e implementar práticas contributivas 
para melhorar o cuidado em saúde (Figura 2) (MCEWEN; WILLS, 2016). 
Nessa situação, é possível perceber que a atitude da técnica de enfermagem, ao 
viabilizar a entrada de luz natural no quarto em que a paciente está, foi modulada por 
uma teoria da enfermagem, a qual preconiza que os ambientes assistenciais devem ser 
arejados e permitirem a entrada de luz durante o dia, na medida em que essas práticas 
potencializam a recuperação da condição de saúde do paciente.
Com isso, pode-se perceber que teoria e prática são elementos conjugados e, para 
que o cuidado de enfermagem seja oferecido com qualidade e segurança, as teorias 
devem ser obrigatoriamente empregadas, visando a sistematizar a prática.
Teorias de enfermagem e sua interface nos processos do cuidado4
Em detrimento de ainda não se ter total conhecimento científico acerca 
da concepção unicausal do processo saúde-doença no século XIX, Florence 
Nightingale, ao adotar medidas sanitaristas no tratamento dos pacientes in-
ternados, percebeu que havia algo na realidade que, ao submetê-los às ações 
de saneamento do ambiente, estas eram mitigadas.
Figura 2. Práticas utilizadas na atualidade que sofreram influência da Teoria Ambientalista. 
Fonte: apicha.panoram/Shutterstock.com; Suwin/Shutterstock.com; AppleZoomZoom/Shutterstock.com.
5Teorias de enfermagem e sua interface nos processos do cuidado
A Teoria Ambientalista, de Florence Nightingale, é tão importante para as 
práticas de enfermagem que atualmente muito do que ela descobriu observando 
a realidade e estudando a partir do conhecimento científico que tinha — em 
meados do século XIX — e das práticas que implementou está amplamente 
presente no cotidiano dos serviços de saúde (MCEWEN; WILLS, 2016).
Essa teoria compreende o processo de cuidar como processual, sendo ele 
organizado por meio de atividades a serem realizadas pela equipe de enfer-
magem, as quais são embasadas a partir da observação e do acompanhamento 
dos resultados, permitindo, dessa forma, o seu monitoramento e a aplicação 
contínua na prática.
Teoria das Necessidades Humanas Básicas
A Teoria das Necessidades Humanas Básicas foi desenvolvida, na década de 
1960, pela enfermeira brasileira Wanda Aguiar Horta (1926–1921).
Horta se utilizou da Teoria da Motivação Humana, de Abraham Maslow, 
que foi adaptada para o processo de trabalho em enfermagem ao considerar 
que o ser humano tem diferentes necessidades, as quais podem ser hierarqui-
zadas em fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de autorrealização.
Diante disso, propõe-se que o processo de enfermagem ocorra tendo o 
paciente como um elemento ativo no processo de cuidar, sendo compreendido 
de forma holística, tendo em vista a sua individualidade e suas singularidades 
(CORREIA et al., 2017).
Essa preocupação de entender o ser humano como único se deve à resposta 
aos cuidados de enfermagem decorrente de fatores como idade, sexo, cultura, 
escolaridade, fatores socioeconômicos, história das doenças ou agravos e 
ambiente, por exemplo (CORREIA et al., 2017).
A partir dessa compreensão, o processo de enfermagem foi proposto nas 
fases de investigação, diagnóstico, intervenção e avaliação, cujo objetivo é 
identificar as necessidades de saúde, levando em consideração as necessidades 
fisiológicas, de segurança/emocional, de amor e estiva, de autorrealização 
e espirituais, para em seguida propor diagnósticos, fatores relacionados, 
resultados esperados e intervenções.
Teoria do Autocuidado
A Teoria do Autocuidado foi desenvolvida por Dorothea Orem, enfermeira 
estadunidense que viveu entre 1939 e 2007. Após uma sólida trajetória pro-
fi ssional como enfermeira e professora de diversas universidades, no início 
Teorias de enfermagem e sua interface nos processos do cuidado6
da década de 1970, ela propôs a Teoria do Autocuidado (MCEWEN; WILLS, 
2016). Nessa teoria, considera-se que o processo de cuidar ocorre por meio 
de um sistema integrado, no qual é esperado que o paciente e sua rede de 
apoio — compreendida como familiares e grupo social — relacionem-se de 
tal forma que a autonomia individual e coletiva seja preservada.
Entretanto, havendo importante incapacidade, a Enfermagem, vista por 
Orem como uma área do conhecimento altamente especializada na provisão de 
cuidados, interveio, auxiliando o indivíduo no seu restabelecimento por meio 
do autocuidado delegado ao próprio paciente e aos familiares/acompanhantes 
(MCEWEN; WILLS, 2016). 
O indivíduo é, portanto, compreendido como um ser que está inserido 
em um contexto familiar, cultural e social, sendo assim, para atingi-lo, o 
enfermeiro se utiliza de um sistema educativo de apoio, visando a fortalecer 
as práticas de autocuidado para preservar sua autonomia e a sobrevivência 
(MCEWEN; WILLS, 2016). 
Ao admitir os pacientes de uma unidade de internação geriátrica, o enfermeiro busca 
identificar os familiares e a rede de apoio do idoso, questionando-os sobre a dinâmica 
familiar (p. ex., quais cuidados eram realizados junto ao paciente antes da internação 
hospitalar e se essas pessoas irão se organizar para continuar provendo os cuidados 
necessários ao paciente após a alta hospitalar).
A partir dessa coleta de dados, o enfermeiro mapeia os pacientes e seus respectivos 
acompanhantes que demandam intervenção em relação à realização de cuidados 
específicos que estão sendo providos e que continuarão presentes após a alta do 
serviço de saúde, como, por exemplo, auxílio com a alimentação oral, banho em 
cadeira, administração de medicamento por via oral, mobilização, locomoção, higiene, 
conforto, entre outros.
A atuação desse enfermeiro visa a orientar e a corresponsabilizar o paciente e seus 
acompanhantes em relação à execução correta desses cuidados, bem como informá-los 
sobre os meios de acesso aos medicamentos, o acompanhamento profissional em 
domicílio, a locação ou a compra de equipamentos acessórios, entre outros. 
Essas orientações fortalecem a autonomia do paciente e seus familiares/cuidadores 
e contribuem de forma significativa para a melhora da condição de saúde do paciente, 
sendo adequadas à sua história de vida.
7Teorias de enfermagem e sua interface nos processos do cuidado
Teoria do Cuidado Transpessoal
A enfermeira Jean Watson tem uma sólida formação, atuação e contribuição na 
construção da Ciência da Enfermagem. Desde a décadade 1970, ela trabalha 
na Teoria do Cuidado Transpessoal, a qual foi revisada em meados dos anos 
2000 (MCEWEN; WILLS, 2016).
Essa teoria parte da ideia de que o ser humano transcende o corpo biológico 
e é formado também por energia cósmica. Isto fez com que ela, pela primeira 
vez, apontasse a dimensão espiritual do ser humano como objeto a ser con-
siderado no processo de cuidar da enfermagem (MCEWEN; WILLS, 2016).
Nesse sentido, Watson defende que há aspectos transpessoais que impac-
tam o resultado do cuidado. Esses aspectos se referem, segundo ela, à fé, à 
sensibilidade, à confiança, às emoções, etc.
Diante desse novo elemento para atuação da equipe de enfermagem, o 
espaço do cuidado se reconfigura, pois o poder dos profissionais da saúde 
deve ser abolido e mecanismos de comunicação assertiva e escuta ativa devem 
ser utilizados para captar e responder às necessidades de saúde do paciente.
Para tanto, em sua prática profissional, o enfermeiro deve desenvolver uma 
postura profissional composta por comportamentos que Watson chamou de 
fatores caritativos, os quais compreendem que o enfermeiro deve ter:
  sistema de valores humanísticos e altruístas;
  fé e esperança;
  sensibilidade para si e para os outros;
  desenvolvimento de relações de ajuda, confiança e cuidado;
  expressão de sentimentos e emoções positivas e negativas;
  processo de cuidado criativo e individualizado de solução de problemas;
  ensino e aprendizado transpessoais;
  ambiente protetor;
  assistência às necessidades humanas;
  forças existencial-fenomenológicas e espirituais.
Em uma última análise, a Teoria Transpessoal oportuniza o resgate da ideia 
de cuidado, considerando a necessidade da presença de afeto entre o profissional 
de enfermagem e o paciente, compreendendo que esse inter-relacionamento 
pessoal proporciona melhores resultados à condição de saúde do indivíduo.
Teorias de enfermagem e sua interface nos processos do cuidado8
Teoria do Cuidado Transcultural
Entre as décadas de 1960 a 1970, a enfermeira estadunidense Madeleine 
Leininger (1925–2012) desenvolveu a Teoria do Cuidado Transcultural. Nela, 
defende-se que o enfermeiro deve ter competências para reconhecer e valorizar 
a diversidade entre as culturas dos diferentes povos na organização do processo 
de trabalho e nos cuidados de enfermagem (VILELAS; JANEIRO, 2012).
Uma enfermeira atuante em uma empresa de atendimento domiciliar (home care) 
precisa realizar a avaliação de um paciente internado com indicação de continuidade 
dos cuidados em casa.
Ela então se dirigiu ao hospital e, ao consultar o prontuário do paciente e conversar 
com os membros da equipe de enfermagem, foi informada que o paciente é de 
origem muçulmana e que a família não permite que ele seja cuidado por profissionais 
do sexo feminino.
Frente a esse cenário, a enfermeira reportou o ocorrido à empresa que representava, 
a qual precisou encaminhar um enfermeiro para a avaliação, bem como dispor de 
profissionais do sexo masculino para a provisão de cuidados na casa do paciente 
quando este fosse transferido.
Esse caso demonstra que aspectos etnoculturais impactam o planejamento dos 
cuidados de enfermagem, exigindo, dos profissionais envolvidos nesse processo, 
competências para lidar com esse contexto. 
Para promover a transculturalidade nos cuidados de enfermagem, Leininger 
defende a necessidade de o enfermeiro desenvolver competências comporta-
mentais específicas, como empatia, carinho e flexibilidade, visando a realizar 
uma avaliação cultural colaborativa para oportunizar cuidados que respondam 
às necessidades de saúde do paciente e de sua rede de apoio.
9Teorias de enfermagem e sua interface nos processos do cuidado
O enfermeiro não precisa conhecer todos os costumes e crenças das diferentes culturas, 
mas é mandatório que ele tenha uma postura profissional colaborativa que possibilite 
compreender, de forma empática, solidária e flexível, as diferentes formas das pessoas 
existirem e compreenderem o mundo. 
Diante do apresentado, as teorias de enfermagem têm a finalidade de 
direcionar e amparar a prática profissional, o que reforça a obrigatoriedade de 
os enfermeiros se apropriarem das diferentes teorias e relacioná-las à realidade 
dos serviços de saúde.
Teorias de enfermagem e sua interface nos processos do cuidado10
CORREIA, S. R. et al. Cuidados de enfermagem prestados à parturiente adolescente sob 
a luz da teoria de Wanda Horta. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, v. 9, 
n. 3, p. 857−866, 2017. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/5057/505754116032.
pdf. Acesso em: 15 jun. 2019.
MCEWEN, M.; WILLS, E. M. Bases teóricas de enfermagem. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
VILELAS, J. M. da. S.; JANEIRO, S. I. D. Transculturalidade: o enfermeiro com competência 
cultural. Revista Mineira de Enfermagem, v. 16, n. 1, p. 120−127, 2012. Disponível em: http://
www.reme.org.br/artigo/detalhes/509. Acesso em: 15 jun. 2019.
Leituras recomendadas
ANDRADE, C. A. et al. Requisitos de autocuidado de mulheres transexuais em uso de 
hormônios sexuais, segundo Teoria de Orem. Cogitare Enfermagem, v. 23, n. 3, p. e55748, 
2018. Disponível em: http://www.saude.ufpr.br/portal/revistacogitare/wp-content/
uploads/sites/28/2018/08/55748-239432-1-PB.pdf. Acesso em: 15 jun. 2019.
MARCOLLI, A. M. et al. Aplicação do processo de Enfermagem, baseado na Teoria de 
Wanda Horta e no Diagnóstico de Enfermagem de Carpenito, em uma criança com 
Síndrome de Edwards: estudo de caso. Revista Uningá, n. 3, p. 69−80, 2005. Disponível em: 
http://revista.uninga.br/index.php/uninga/article/view/376/42. Acesso em: 15 jun. 2019.
OLIVEIRA, P. P. et al. A humanização da assistência na ótica de profissionais de enfer-
magem que cuidam de idosos. Investigación en Enfermería: Imagen y Desarrollo, v. 
20, n. 2, 2018. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=145256681005. 
Acesso em: 15 jun. 2019.
SILVA, A. G. I. et al. Enfermagem e a diversidade transcultural amazônica: um relato de 
experiência. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 19, p. 1−4, 2018. Disponível em: https://
acervocientifico.com.br/index.php/saude/article/view/212/123. Acesso em: 15 jun. 2019.
11Teorias de enfermagem e sua interface nos processos do cuidado
DICA DO PROFESSOR
A Teoria das Necessidades Humanas Básicas foi desenvolvida por Wanda Aguiar Horta para po
ssibilitar aos enfermeiros a sistematização do processo de cuidar. Nessa teoria, as necessidades s
ão hierarquizadas em: fisiológicas, de segurança emocional, de amor e estima, de autorrealizaçã
o e espirituais. O enfermeiro tem importante atuação em supri-las ou mediar o seu atendimento.
Na Dica do Professor, saiba mais sobre essa teoria a partir da análise de um caso prático da vivê
ncia do enfermeiro.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
EXERCÍCIOS
1) Madeleine Leininger, em meados do século XX, propôs a Teoria Transcultural – a qu
al considera que o enfermeiro deve apresentar competências inter-relacionais robusta
s para atender de forma satisfatória às necessidades das pessoas, considerando o siste
ma cultural e de crenças e valores em que estão inseridas. 
Nesse sentido, uma teoria deve atender ao preceito da utilidade, o que significa que a 
teoria desenvolvida deve:
A) 
ser passível de testes.
B) 
agregar valor.
C) 
atender às lacunas da prática.
D) 
ter fundamento filosófico.
E) 
ser relacional.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/23b277e896a0cd95de452ac642a61c48
2) As práticas de Enfermagem estão alicerçadas sobre teorias – as quais têm o objetivo 
de sustentar a execução das atividades realizadas pelos profissionais. 
Sabendo disso, quando a equipe de Enfermagem atuante numa Unidade de Terapia I
ntensiva afere os sinais vitais dos pacientes a cada duas horas, compreende-se que ela 
está sob forte influência da Teoria:
A) 
Ambientalista.
B) 
do Autocuidado.
C) 
Transcultural.D) 
Transpessoal.
E) 
de Orem.
3) Wanda Aguiar Horta, durante o século XX, estudou a Teoria da Motivação Humana 
de Abraham Maslow e desenvolveu uma teoria de Enfermagem que se utilizou dos pr
eceitos propostos pelo psicólogo. 
Essa teoria de Horta foi denominada:
A) 
Ambientalista.
B) 
das Necessidades Humanas Básicas.
C) 
do Autocuidado.
D) 
Transcultural.
E) 
Transpessoal.
4) O enfermeiro de uma clínica de reabilitação psicossocial para dependentes químicos f
oi acionado por um dos pacientes, que desejava conversar com algum profissional de
vido à sua desmotivação para continuar o tratamento – pois se sentia angustiado e de
scrente da possibilidade de conseguir superar o vício. 
Para subsidiar a prática profissional desse enfermeiro, ele pode se utilizar da teoria d
e:
A) 
Nightingale.
B) 
Watson.
C) 
Leininger.
D) 
Orem.
E) 
Rogers.
5) Uma parturiente de origem indígena foi admitida numa maternidade. Após o parto, a 
mãe e o seu bebê foram acomodados no alojamento conjunto e, durante a visita dos fa
miliares, estes acenderam uma espécie de cachimbo e exalaram, por uma única vez, a 
fumaça sobre a criança que estava no berço. A enfermeira do setor viu o que estava o
correndo e repreendeu a família, embora lhe explicassem que a fumaça espantava os 
maus espíritos, trazendo saúde e prosperidade para a criança. 
Diante desse relato, é possível afirmar que a enfermeira precisa conhecer e se apropri
ar da Teoria:
A) 
Transpessoal.
B) 
Transcultural.
C) 
das Necessidades Humanas Básicas.
D) 
do Autocuidado.
E) 
Ambientalista.
NA PRÁTICA
Para que o processo de trabalho em Enfermagem ocorra de forma organizada, buscando atender 
às necessidades de saúde das pessoas, é pertinente que o enfermeiro conheça as diferentes teoria
s de Enfermagem disponíveis e escolha a que melhor se adapta à sua realidade.
Acompanhe o caso descrito a seguir:
E.C.P., sexo feminino, 30 dias de vida, cor branca, peso de 2.340g, nasceu de parto normal, com 
idade gestacional de 34 semanas. Após o nascimento, detectaram-se sopro sistólico 6+/6+ e sínd
rome de Edwards, confirmada após exame de cariótipo. 
A criança permaneceu internada por 45 dias, recebendo alta hospitalar. 
Pouco tempo depois, os pais procuraram novamente atendimento, referindo que, em casa, a cria
nça apresentou gemência importante, choro intenso, boca seca e hipoatividade. No pronto atendi
mento, a criança foi encaminhada para a Unidade de Pediatria, onde evoluiu com piora do quadr
o respiratório, sendo transferida para a UTI pediátrica, com necessidade de entubação e suporte 
ventilatório mecânico. 
Os pais estão aceitando bem a condição de doença da filha, mas se sentem frustrados diante de s
ua piora clínica.
Confira agora como deve ser a atuação do profissional de Enfermagem a partir da Teoria das Ne
cessidades Humanas Básicas, de Wanda Aguiar Horta:
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Portanto, o uso de uma teoria de Enfermagem é fundamental para o direcionamento da prática pr
ofissional do enfermeiro. 
Assim, caberá a ele se apropriar dos escopos e das aplicações das diferentes teorias de Enfermag
em, com vistas a ter propriedade para escolher o referencial teórico que melhor se adapte ao seu 
cotidiano.
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo
r:

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