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DOUTO JUÍZO DA ... VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SIGMA Associação Municipal de Moradores, entidade constituída e em funcionamento há dois anos e que tem por finalidade institucional, dentre outras, a proteção dos usuários de transporte público, inscrita no CNPJ nº ..., com sede em..., endereço eletrônico ..., devidamente representada pelo seu Presidente (mandato de representação anexo), vem, por seu advogado (procuração anexa), o qual exerce as atividades profissionais em..., com fundamento no art. 1º, inciso VIII, da Lei nº 7.347/85, perante Vossa Excelência, ajuizar AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR Em face da Sociedade Empresária Leva e Traz, pessoa jurídica de direito privado, prestadora de Serviço Público de Transporte Coletivo Urbano, CNPJ nº ..., com sede em... e do Município Sigma, poder concedente, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede em..., pelas razões de fato e de direito que passa a expor: 1) DOS FATOS A sociedade empresária Leva e Traz explora, via concessão, o serviço público de transporte de passageiros no município Sigma, conhecido pelos altos índices de criminalidade. A ré encontra dificuldade em contratar motoristas para seus veículos. A solução por ela encontrada foi contratar profissionais sem habilitação para a direção de ônibus. Em paralelo, a ré, que utiliza ônibus antigos (mais poluentes) e em péssimo estado de conservação, acertou informalmente com todos os funcionários que os veículos não deveriam circular após as 18 horas, dado que, estatisticamente, a partir desse horário, os índices de criminalidade são maiores. Antes, por exigência do réu, os ônibus circulavam até meia- noite. Os jornais da cidade noticiaram amplamente a precária condição dos ônibus, a redução do horário de circulação e a utilização de motoristas não habilitados para a condução dos veículos. Seis meses após a concretização da mencionada situação e da divulgação das respectivas notícias, só resta à autora, socorrer-se ao Poder Judiciário para compelir o poder concedente e a concessionária a regularizarem a atividade em questão. Há urgência, pois no último semestre a qualidade do serviço público caiu drasticamente. 2. DO CABIMENTO E DA LEGITIMIDADE ATIVA O Art 1º, inciso VIII, da Lei nº 7.347/85, prevê o cabimento da Ação Civil Pública para responsabilização por danos morais e patrimoniais causados ao patrimônio público e social. Sendo o transporte um direito fundamental social, previsto no art. 6º, da CF/88, compreendido está na noção de patrimônio social. Para a defesa deste patrimônio social, a Lei nº7.347/85, em seu art. 5º, inciso V, confere legitimidade ativa para a Associação que, concomitantemente, esteja constituída a mais de 1 ano e que possua entre suas finalidades institucionais a defesa do patrimônio social, o que se evidencia claramente na parte autora. 3. DO MÉRITO O art. 6º, § 1º, da Lei nº 8.987/95, prevê que incumbe à concessionária a prestação de serviço público adequado, competindo ao poder concedente a respectiva fiscalização. O serviço é considerado adequado, quando atende a alguns princípios elencados no citado parágrafo. No caso em análise, resta evidenciada afronta ao princípio da segurança, uma vez que utilizando motoristas não habilitados, os réus colocam em risco a segurança não apenas dos usuários do transporte coletivo, mas também dos não usuários, infringindo o disposto no art. 6º, § 1º, da Lei nº. 8.987/95. Ademais, ao utilizar frota antiga, poluente, tendo outros meios disponíveis no mercado, infringe também os réus o princípio da atualidade, igualmente previsto no mesmo dispositivo legal. Não bastasse isso, os réus também afrontam os princípios da regularidade e da continuidade do serviço público, ao interromperem, por conta própria, a circulação do transporte coletivo urbano, a partir das 18 horas, afrontando, portanto, também o disposto no art. 6º, § 1º, da lei nº 8.987/95. 4. DA MEDIDA LIMINAR Estabelece o art. 12, da Lei nº 7.347/85, que poderá o juiz conceder a medida liminar para ação que tenha como propósito a obrigação de fazer ou não fazer. Para tanto, é necessária a demonstração da probabilidade do direito e o risco de dano ao resultado útil do processo ou dano irreparável. Veja-se que a probabilidade do direito é evidenciada na relevância da fundamentação, que demonstra a inadequação do serviço público prestado. O perigo da demora, encontra-se evidente pelas péssimas condições e piora da prestação do serviço no último semestre, o que vai se agravar, caso não seja concedida a medida liminar. Ante o exposto, impera a concessão da liminar, para que seja determinado aos réus a imediata regularização do serviço, atendendo- se os princípios legais do art. 6º, § 1º, da lei 8987/95, sob pena de multa diária a ser fixada por esse juízo, nos termos do art. 11, da Lei nº 7.347/85. 5. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: 1) A concessão da medida liminar, para que os réus sejam compelidos a regularizar imediatamente a prestação do serviço público, atendendo aos princípios da segurança, atualidade, regularidade e continuidade dos serviços públicos; 2) A citação dos réus para, querendo, contestar a presente ação no prazo legal de 15 dias; 3) A Juntada da prova documental e a produção de todos os meios de provas não defesos em lei; 4) A intimação do membro do Ministério Público para que emita as suas considerações como fiscal da lei; 5) A fixação de multa diária a ser imposta por esse juízo, em caso de descumprimento da obrigação de fazer determinada; 6) A procedência da ação, para, em definitivo, confirmar a liminar, para compelir os réus a realizar a adequação da prestação do serviço público; e 7) A condenação dos réus em custas e honorários advocatícios, bem como a isenção da parte autora, nos termos do art. 18 da lei nº 7347/85. Manifesta, desde já, o desinteresse pela audiência de conciliação e mediação. Dá-se, a causa, o valor de R$... Nestes termos, pede deferimento. Local... data... Advogado... OAB...