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FUNDAMENTOSDE RITMICA E DANCA

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FUNDAMENTOS 
DE RÍTMICA 
E DANÇA
PROFESSORA
Dra. Meire Aparecida Lóde Nunes
Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo 
Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. 
O download do aplicativo está disponível nas plataformas:
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
Google Play App Store
2 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação 
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; 
NUNES, Meire Aparecida Lóde.
Fundamentos de Rítmica e Dança. Meire Aparecida Lóde Nunes.
Maringá - PR.:Unicesumar. Reimpresso 2022.
212 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Educação Física. 2. Rítmica. 3.Dança. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-1869-1 CDD - 22ª Ed. 792.8
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por: 
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor 
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio 
Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Minco�, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia 
Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção 
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, 
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência 
de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas, 
Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo.
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração 
Victor Augusto Thomazini, Designer Educacional Ana Claudia Salvadego, Hellyery Agda, Revisão Textual 
Ariane Andrade Fabreti, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não 
somente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão 
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional 
e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de 
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil 
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro 
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa 
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, 
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. 
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais 
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos 
pelo MEC como uma instituição de excelência, com 
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 
maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educadores 
soluções inteligentes para as necessidades de todos. 
Para continuar relevante, a instituição de educação 
precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, 
coragem e compromisso com a qualidade. Por 
isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, 
metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor 
do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
boas-vindas
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à 
Comunidade do Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar 
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores 
e pela nossa sociedade. Porém, é importante 
destacar aqui que não estamos falando mais daquele 
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas 
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, 
atemporal, global, democratizado, transformado pelas 
tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, 
informações, da educação por meio da conectividade 
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares 
e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram 
a informação e a produção do conhecimento, que não 
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em 
segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer 
transformou-se hoje em um dos principais fatores de 
agregação de valor, de superação das desigualdades, 
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada 
vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a 
tecnologia que temos e que está disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg 
modificou toda uma cultura e forma de conhecer, 
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, 
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa 
cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o 
conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes 
cativantes, ricos em informações e interatividade. É 
um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá 
as portas para melhores oportunidades. Como já disse 
Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. 
É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. 
Willian V. K. de Matos Silva
Pró-Reitor da Unicesumar EaD
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes 
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível 
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à proposta 
pedagógica, contribuindo no processo educacional, 
complementando sua formação profissional, 
desenvolvendo competências e habilidades, e 
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, 
de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, 
estes materiais têm como principal objetivo “provocar 
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta 
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua 
formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento 
e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos 
fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe 
uma equipe de professores e tutores que se encontra 
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
boas-vindas
Débora do Nascimento Leite
Diretoria de Design Educacional
Janes Fidélis Tomelin
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Kátia Solange Coelho
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Leonardo Spaine
Diretoria de Permanência
autores
Dra. Meire Aparecida Lóde Nunes
Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Maringá - UEM (2015). 
Mestra em Educação (2010) e Especialista em Educação Física Infantil (1996) pela 
mesma universidade.Graduada em Educação Física pela UEM (1994). Atualmente 
é professora adjunta da Universidade Estadual do Paraná (Unespar - campus 
de Paranavaí). Tem experiência na área de Educação Física (Fundamentos da 
Educação Física; Dança). Desenvolve pesquisas em História da Educação com 
ênfase em iconografia medieval.
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e 
publicações, acesse seu currículo disponível no seguinte endereço:
<http://lattes.cnpq.br/7589708901294641>.
apresentação do material
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA
Meire Aparecida Lóde Nunes
Olá, aluno(a)! 
Seja bem-vindo(a) ao livro de Fundamentos de Rítmica e Dança. A nossa 
proposta consiste em apresentar a fundamentação básica necessária ao de-
senvolvimento de práticas pedagógicas que envolvem atividades rítmicas e de 
dança. Assim, são muitos os conteúdos que se inserem neste tema e, por isto, 
selecionamos aqueles que consideramos fundamentais para que você possa 
estabelecer, com clareza, os princípios norteadores de suas práticas pedagógicas. 
Para os conteúdos serem aprendidos de forma gradual, eles foram organizados 
em dois grupos: primeiramente, trabalharemos a rítmica e, posteriormente, as 
questões referentes à dança. 
Na Unidade 1, a proposta consiste em tratarmos do universo da rítmica, em 
entender o seu significado e a sua relação com o ritmo. O estudo segue pela 
investigação do ritmo, mas, para isto, questões como o movimento, o som e a 
estrutura musical serão abordados. 
O foco do estudo na Unidade 2 se desloca para a dança. Nos questionamos 
sobre a sua essência e como ela pode ser entendida: arte por ser uma linguagem 
não-verbal ou atividade física por se materializar pelo movimento corporal? Esta 
indagação conduz à reflexão de qual perspectiva a Educação Física deve assumir 
para atender às necessidades da sociedade contemporânea.
A Unidade 3 tem como objetivo apresentar algumas questões relevantes 
da História da Dança e, para tanto, primeiramente, será exposta a importância 
dos estudos históricos. Esta conscientização é indispensável para entender a 
dança como um registro de como os seres humanos pensavam e se organizavam 
socialmente em diferentes períodos históricos. É com este olhar que faremos 
uma incursão da dança na Pré-história, na Antiguidade, na Idade Média, no 
Renascimento, na Modernidade e chegaremos aos dias atuais com a Dança 
Contemporânea.
A proposta da Unidade 4 é investigar a função educativa da dança. A educação 
é considerada em seu sentido amplo, podendo ser compreendida como um pro-
cesso de formação humana e, neste sentido, aplicada em ambiente formal, não 
formal e informal. Neste percurso, perceberemos que são escassos os estudos, 
dentro da tradição acadêmica, que a considerem como um elemento relevante 
na constituição do ser humano em sua totalidade. Isto pode ter ocasionado uma 
fragilidade no reconhecimento dos aspectos intelectuais presentes na dança, 
considerando-a apenas como atividade virtuosística ou recreativa. Para ampliar 
essa reflexão, investigamos a possibilidade de estabelecermos um elemento 
central no trabalho com a dança por meio da origem do movimento dançante. 
Por último, a Unidade 5 de nosso curso propõe-se a tratar dos desafios 
atuais da dança na sociedade contemporânea. A organização social atua di-
retamente nos objetivos e conteúdos presentes nas práticas dos professores 
e profissionais de Educação Física e, inclusive, na abertura de novos espaços 
para a área. Procuramos compreender como o estilo de vida produzido em 
uma sociedade globalizada e tecnológica afeta a saúde das pessoas e eleva o 
status da Educação Física no campo da promoção da saúde. Na esteira deste 
pensamento, veremos como a dança está presente nesse contexto.
Desta forma, convido você a iniciar os estudos sobre Rítmica e Dança, mas 
ressalto que as questões aqui apresentadas correspondem somente ao início de 
uma longa jornada que requer muita dedicação para construir o conhecimento 
qualitativo nessa área. Bons estudos!
sumário
UNIDADE I
O UNIVERSO DA RÍTMICA
14 Rítmica e Ritmo
20 Ritmo e Movimento Corporal
26 Ritmo e Som
30 Elementos da Música Aplicados 
às Atividades Rítmicas
39 Considerações Finais
48 Referências
50 Gabarito
UNIDADE II
A DANÇA
56 Dança e Linguagem Corporal
62 Dança: Arte 
ou Atividade Física
68 Dança: Construção do Conhecimento 
na Área da Educação Física
74 Considerações Finais
83 Referências
86 Gabarito
UNIDADE III
DANÇA: REGISTRO HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO 
DOS HOMENS E DAS SOCIEDADES
92 A Dança como 
Registro Histórico
94 Dança: Quando Tudo Começou
100 A Dança na Antiguidade Ocidental
106 A Dança na Idade Média e no Renascimento: 
da Proibição à Arte
120 O Mundo Moderno Expresso na Arte de 
Dançar: Dança Moderna e Contemporânea
127 Considerações Finais
135 Referências
138 Gabarito
UNIDADE IV
DANÇA E FORMAÇÃO HUMANA
144 Dança, Educação e Formação Humana: 
Fragilidades Herdadas do Pensamento 
Clássico
152 A Origem do Movimento Dançante 
como Aspecto Norteador para a Dança 
na Educação Física
157 Dança, Educação Física e Saúde
161 Considerações Finais
169 Referências
170 Gabarito
UNIDADE V
DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA: DESAFIOS PRESENTES 
NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 
176 Dança e Educação Física 
na Sociedade Contemporânea
190 A Formação dos Professores e Profissionais 
de Educação Física e o Ensino da Dança
200 Considerações Finais
207 Referências
210 Gabarito
211 CONCLUSÃO GERAL
Professor Dra. Meire Aparecida Lóde Nunes
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• Rítmica e ritmo
• Ritmo e movimento corporal
• Ritmo e som
• Elementos da música aplicados às atividades rítmicas
Objetivos de Aprendizagem
• Aproximar os alunos dos principais conteúdos acerca da 
temática rítmica inserida no contexto da Educação Física e 
investigar a relação e a distinção entre rítmica e ritmo.
• Refletir acerca da importância do conceito de corpo para o 
desenvolvimento do trabalho rítmico. 
• Apresentar as qualidades do som.
• Estudar os elementos musicais necessários ao 
desenvolvimento das atividades rítmicas.
O UNIVERSO DA RÍTMICA
unidade 
I
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! A primeira unidade do livro de Funda-mentos de Rítmica e Dança tem como finalidade compre-ender o universo da rítmica. Este conteúdo é importante para todos os(as) alunos(as), profissionais e professores(as) 
de Educação Física, pois trabalhamos com o movimento, que é o prin-
cípio do ritmo. Portanto, os conteúdos aqui abordados não se limitam à 
dança, mas englobam todo movimento.
Iniciamos o estudo da rítmica buscando entender os conceitos dela 
e do ritmo. Estes termos são muito próximos, mas possuem sentidos di-
ferentes. Esta investigação nos possibilitará entender e identificar a pre-
sença do ritmo em diferentes situações do cotidiano, o que torna possível 
classificá-lo conforme as suas características.
Logo depois, direcionaremos a nossa atenção ao ritmo corporal, mas, 
para isto, revisitaremos a compreensão construída historicamente sobre o 
corpo para melhor compreendê-la hoje, na perspectiva fenomenológica. A 
fenomenologia nos permite entender o corpo não como distinto da mente, 
como a tradição nos apresenta, mas sim, corpo e mente em uma perspec-
tiva totalizante. Essa compreensão é importante para o estudo da Rítmica, 
sistema de ensino musical criado por Émile Jaques-Dalcroze (1865-1950) 
que muito influenciou e ainda influencia o ensino da ginástica e da dança.
Estudaremos, ainda, o ritmo e o som, apresentando as distinções en-
tre som e ruído e as definições dos elementos que compõem o que é en-
tendido por qualidades do som. 
Em seguida, conheceremos os elementos da estrutura musical, que se 
aplicam às atividades rítmicas de forma geral e, especificamente, à dança. 
Neste momento, a intenção é possibilitar a identificação do pulso, da fra-
se e do período musical, elementos indispensáveis para o estudo de uma 
música antes do iníciode uma montagem coreográfica.
Finalizamos a unidade chamando a sua atenção para a reflexão sobre 
a relação entre música e dança como conteúdo da Educação Física escolar, 
questão que será retomada em todo o desenvolvimento de nosso curso.
14 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
Olá, caro(a) aluno(a). Neste tópico, o nosso objeti-
vo é nos aproximarmos do universo da rítmica. No 
entanto, para isto, entendemos serem necessários, 
primeiramente, alguns esclarecimentos. Então, pen-
saremos sobre as seguintes questões:
• O que é rítmica?
• Rítmica é o mesmo que ritmo?
E aí, conseguiu responder as questões? Faremos 
uma experiência. Pergunte a três pessoas – podem 
ser familiares ou amigos – se elas sabem as respos-
tas. Confira se estas que você obteve foram parecidas 
com as da professora na Figura 1.
Rítmica e Ritmo
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 15
Os alunos responderam o que é rítmica? Não, eles fala-
ram onde ela se encontra, mas as respostas foram escla-
recedoras, possibilitando a construção de um conceito 
que diferencie rítmica de ritmo? Acreditamos que não.
Muitas vezes, usamos palavras ou termos natu-
ralmente, sem sabermos os seus significados. Este é 
um dos nossos objetivos, nesta unidade, e o de nos-
sa disciplina como um todo: sair do senso comum 
e construir conceitos sobre os elementos que com-
põem o nosso tema, ou seja, a rítmica e a dança. Isto 
é importante para eliminarmos alguns “pré-concei-
tos”, que podem se transformar em preconceitos 
e atrapalhar a aplicabilidade destes conteúdos na 
Educação Física. 
Figura 1 - Conceito de rítmica 
Fonte: a autora.
16 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
Assim, você observará que sempre chamaremos 
a atenção à necessidade de entendermos os conceitos 
para não ficarmos apenas nas definições que, por se-
rem objetivas, podem proporcionar apenas o conhe-
cimento superficial sobre o assunto tratado. Todavia é 
importante entendermos que todo conceito se articu-
la com as definições, mas amplia-se estabelecendo ar-
gumentos que deem sentido intelectual mais amplo. 
ENTENDA A DIFERENÇA ENTRE DEFINIÇÃO 
E CONCEITO
Conceito
Em geral, todo processo que torne possível 
a descrição, a classificação e a previsão dos 
objetos cognoscíveis. Assim entendido, esse 
termo tem significado generalíssimo e pode 
incluir qualquer espécie de sinal ou procedi-
mento semântico, seja qual for o objeto a que 
se refere, abstrato ou concreto, próximo ou 
distante, universal ou individual etc.
Definição
Declaração da essência.
Fonte: Abbagnano (2003, p. 164-235).
SAIBA MAIS
Voltemos às nossas questões! Estudaremos algu-
mas definições de rítmica. “Ciência ou arte dos 
ritmos, [...] Estudo da expressão musical em suas 
relações com o tempo. Parte da antiga gramática, 
que estudava o ritmo dos versos gregos e latinos” 
(MICHAELIS, [2019], on-line)1.
O que a leitura dessa definição nos sugere 
como elemento principal ou objeto de estudo da 
rítmica? Antes de responder, veremos a segunda 
definição. O elemento que apareceu na primeira 
se repete na segunda?
A Rítmica, antes de mais nada, é uma experiên-
cia pessoal de música, ritmo, sensibilidade, mo-
vimento e expressão. Seus encantos não podem 
ser descritos. Como obra de arte viva, é preciso 
estar disposto a entregar-se a ela com a inteire-
za do corpo (MADUREIRA, 2008, p. 12).
Se você identificou o ritmo na primeira citação, 
verá que ele se repete na segunda. No entanto, po-
demos verificar que o ritmo aparece relacionado a 
outros elementos, dos quais destacamos sensibili-
dade, movimento e expressão. Este conjunto nos 
induz a pensar na rítmica com uma experiência 
corporal. Vejamos como esta inferência se apre-
senta na terceira citação. 
A rítmica pode ser uma ordem e sistematiza-
ção do ritmo espontâneo, pois ela apresenta 
diversos aspectos, como a música, a dança, a 
ginástica e o ritmo, o que reúne todas as possi-
bilidades rítmicas espontâneas, permitindo sua 
organização, desenvolvimento e enriquecimen-
to (BRAIT, 2006, p. 52).
Mesmo as três referências sendo de áreas distintas 
– a primeira é de um dicionário, a segunda, de um 
autor que estuda um sistema de ensino de música, 
e a terceira, de um autor da área da Educação – fica 
evidente a existência da relação intrínseca entre a 
rítmica e o ritmo. Porém nos parece que o ritmo 
está submetido à rítmica; ele é o objeto de estudo 
da rítmica. Portanto, esta é uma grande área que 
engloba o ritmo e que pode ser sintetizada como 
“ciência do ritmo”. No entanto essa ciência não é res-
trita, ela constitui-se por meio de um processo que 
requer a experiência do ser humano como um todo.
Agora que compreendemos o que é a rítmica, te-
mos condições de responder a nossa segunda ques-
tão. Lembra-se qual era?
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 17
RÍTMICA É O MESMO QUE RITMO?
Não! Mas podemos dizer que todas as atividades 
que possuem ritmo são rítmicas! Está confuso(a)? 
Talvez isto se deva ao fato de estarmos frente a outro 
problema: o que é ritmo?
Ele é um termo que faz parte de nosso vocabulá-
rio. Usamos em várias situações em nosso cotidiano, 
sendo comum ouvirmos as pessoas dizendo “eu não 
tenho ritmo” para justificar o não “saber” ou não 
“querer” dançar. Analisando este exemplo, podemos 
entender que o ritmo se relaciona com a música, e o 
movimento, com a dança. Correto?
Sim. Corretíssimo! Mas o ritmo não se resume 
apenas a esta relação. Observe as imagens da Figura 2.
Figura 2 - Tipos de ritmo: pássaros, semáforo e soldados
Essas imagens apresentam cenas muito distintas 
umas das outras. Mas o que elas têm em comum? 
Em todas há a presença do movimento! Se você está 
se perguntando qual a relação entre ritmo – que fa-
lávamos anteriormente – e movimento, a resposta é: 
não existe ritmo sem movimento. Isto fica claro ao 
nos remetermos à etimologia da palavra ritmo, que 
tem as suas raízes na palavra grega rhytmos, cujo sig-
nificado é fluir ou mover-se. Essa relação entre ritmo 
e movimento faz com que o primeiro esteja presente 
em todo o universo. 
O ritmo é um fenômeno cósmico, infinito, 
presente no universo e no ser. No ser humano 
é a integração das forças estruturais: corpo/
mente-espírito/emoção de significado e ex-
pressão, pois é este que dá emoção, que torna 
viva, colorida, pessoal, a expressão da emo-
ção que sente o ser naquele momento parti-
cular (NANNI, 1998 apud GARCIA; HAAS, 
2003, p. 27).
Podemos entender que, para Nanni (1998), o ritmo 
é o regulador da vida, é por meio dele que o ser hu-
mano se move e expressa a sua singularidade, tanto 
no que se refere à sua estrutura fisiológica como à 
emocional e à intelectual. Jeandot (1993) nos auxilia 
nessa compreensão ao mencionar que:
O ritmo vital é marcado por tensões e relaxa-
mentos energéticos sucessivos, condicionados 
no dia a dia por nossa movimentação e por nos-
so ritmo fisiológico. Essa noção rítmica instin-
tiva que mescla elementos sensoriais e afetivos, 
constitui a base de nosso senso de equilíbrio e 
harmonia, essencial para que nos situemos no 
mundo e percebamos seus limites e contornos 
(p. 26).
18 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
Por meio da compreensão dos excertos de Nanni 
(1998) e Jeandot (1993), podemos inferir que todos 
os seres humanos possuem ritmo. Esta afirmação 
é importante para nos distanciarmos do senso co-
mum que induz a afirmações como “eu não tenho 
ritmo”. No entanto, é admissível que algumas pes-
soas tenham ritmos diferentes para desempenhar 
atividades distintas. Sobre esta questão, Fahlbusch 
(1990, p. 90) explica que:
O ritmo do homem é natural, pois todos nas-
cem com ritmo, apenas uns o têm mais de-
senvolvido que outros. Na distribuição do 
movimento, pode-se fazer com os mesmos ele-
mentos, o mesmo ritmo; e com o mesmo movi-
mento e mesmos elementos, ritmos diferentes. 
O ritmo pode ser ainda individual ou grupal. 
Como ritmo individual, no movimento, deve-
-se entender a interação de forças e contrações 
musculares que atuam no mesmo movimen-
to. A dança apresenta exemplos de ritmo gru-
pal, cuja sincroniase alcança por meio, de um 
modo geral, de estímulos acústicos.
O autor indica a existência de dois tipos de ritmos, o 
individual e o grupal, mas é possível identificarmos 
outras classificações de acordo com as suas caracte-
rísticas. Vejamos algumas delas.
Figura 3 - Ritmo individual
Individual: cada um de nós tem o seu próprio 
ritmo, que pode, inclusive, nos caracterizar. O ritmo 
individual pode ser identificado no caminhar e cor-
rer; na leitura e na escrita; em nosso “relógio bioló-
gico”, o qual indica as nossas necessidades de comer 
e dormir, por exemplo; nos movimentos fisiológicos 
como batidas do coração e corrente sanguínea. Além 
destes exemplos, temos ainda o ritmo de aprendiza-
do, que pode ser diferente em cada indivíduo.
Grupal ou coletivo: o ritmo grupal ou coletivo 
é aquele em que as pessoas executam os seus movi-
mentos individuais obedecendo a um mesmo ritmo 
– o do grupo. Garcia e Hass (2003) atribuem a este 
ritmo a denominação de externo, e explicam que ele 
se relaciona com a capacidade humana de se adap-
tar a uma indicação externa, grupal. Portanto, para 
os autores, “está basicamente relacionado com o que 
ocorre em nível exterior, modificando, muitas vezes, 
o ritmo interior do ser humano” (p. 31).
Podemos observá-lo na marcha dos soldados, em 
apresentações de ginástica em conjunto e em espetá-
culos de dança. O balé é um ótimo exemplo de ritmo 
grupal, pois é exigido o sincronismo total do “corpo de 
baile”. Enfim, todas as atividades e os movimentos sin-
cronizados requerem o ritmo grupal que, por sua vez, 
necessita da adaptação do ritmo individual ao do grupo.
Figura 4 - Ritmo coletivo
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 19
Mecânico: é aquele ritmo que, via de regra, não 
sofre alterações. Pelo fato de se caracterizar pela 
uniformidade é, geralmente, produzido por má-
quinas. O movimento dos ponteiros do relógio 
é um ótimo exemplo para observarmos o ritmo 
mecânico, mas também podemos ouvi-lo em um 
metrônomo – aparelho que marca batidas sonoras 
por minutos – o qual estudaremos mais à frente. O 
importante é entendermos que o ritmo mecânico 
é determinado, constante, mais comum nas má-
quinas, entretanto, também pode ser produzido 
por humanos.
Natural: na natureza, podemos observar vários 
ritmos. Como vimos, ritmo é uma substituição de 
movimentos, os quais podem ser agrupados em ci-
clos. O movimento dos ventos pode ser visualizado 
no ritmo da movimentação dos galhos e das folhas 
das árvores. O movimento de translação da Terra é 
percebido pelo ritmo/movimento da troca das es-
tações do ano. Em suma, “[...] é considerado como 
sendo o ritmo dos crescimentos, dos fenômenos 
da natureza animal, vegetal e universal (atômico e 
astronômico)” (GARCIA; HASS, 2003, p. 33).
Além desses que são os mais evidentes no coti-
diano, Garcia e Hass (2003) identificam, ainda, os 
ritmos: disciplinado, que se refere a movimentos 
predeterminados; espontâneo, entendido pelas au-
toras como as reações espontâneas frente a situações 
esperadas ou inesperadas; refletido, que é entendido 
como o estudo da medida do ritmo, ou métrica. 
Todos esses ritmos são importantes para a atu-
ação do(a) professor(a) e profissional de Educação 
Física. Contudo, para a sistematização de nossos 
estudos, nos concentraremos em dois aspectos: os 
ritmos provocados por movimentos desenvolvidos 
pelo nosso corpo e os ritmos sonoros, provocados 
por movimentos externos ao corpo.
Figura 5 - Ritmo mecânico
Figura 6 - Ritmo natural
A sociedade contemporânea tem como carac-
terística a “velocidade”. Tudo acontece muito 
rápido! No entanto, muitas pessoas têm os 
seus ritmos individuais lentos. Como inserir 
essas pessoas nas exigências contemporâ-
neas sem desrespeitar a sua individualidade 
rítmica?
REFLITA
20 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
Ritmo e 
Movimento Corporal
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 21
Para abordarmos o ritmo corporal, é necessário re-
tomarmos o conceito de corpo construído historica-
mente. Vamos lá! 
Desde a Antiguidade Clássica, podemos consta-
tar a divisão entre corpo e mente. Platão (428/427-
348/347 a. C.) entendia que o objetivo da vida do filó-
sofo era a busca pela verdade e, neste processo, o corpo 
era um obstáculo. O pensamento de Platão acerca do 
corpo pode ser observado no diálogo Fédon, no qual 
Sócrates, condenado à morte, espera a sua execução 
sem demonstrar nenhuma aflição. A sua tranquilida-
de inquieta os seus amigos, eles o questionam e obtêm, 
como resposta do mestre, a reflexão sobre o objetivo 
da vida do filósofo. Sócrates explica que o filósofo pas-
sa a vida buscando a verdade e, nesta trajetória, a sua 
ação “[...] se diferencia dos demais homens: no empe-
nho de retirar quanto possível a alma na companhia 
do corpo” (PLATÃO, 1972, Fédon, IX). A justificativa 
para este distanciamento é de que a alma,
[...] raciocina melhor, precisamente, quando 
nenhum empecilho lhe advém de nenhuma 
parte, nem do ouvido, nem da vista, nenhum 
sofrimento, nem sobretudo dum prazer — 
mas sim, quando se isola o mais que pode em 
si mesma, abandonando o corpo à sua sorte, 
quando, rompendo tanto quanto lhe é possível 
qualquer união, qualquer contato com ele, an-
seia pelo real? (PLATÃO, Fédon, X).
Podemos entender que, para Platão, todas as sen-
sações provenientes do corpo prejudicam o exer-
cício do pensamento e, consequentemente, a fina-
lidade do filósofo: alcançar a verdade. Portanto, 
ele entende que “[...] enquanto tivermos corpo e 
nossa alma se encontra atolada em sua corrupção, 
jamais poderemos alcançar o que almejamos. E o 
que queremos, declaremo-lo de uma vez por to-
das, é a verdade” (PLATÃO, Fédon, XI).
Esse pensamento fez com que o filósofo grego 
estabelecesse uma hierarquia entre espírito e corpo, 
sendo o primeiro superior, e o segundo, inferior. 
Esta ideia permanece na Idade Média, mas, neste 
período, ela recebe uma interpretação cristã.
Para o cristão, a inferioridade do corpo era atri-
buída a duas questões centrais: o ser humano se 
aproxima de Deus pelo desenvolvimento de seu in-
telecto e se distancia Dele por meio do pecado. Nes-
te sentido, o corpo era entendido como o veículo 
do pecado, principalmente da gula e da luxúria. Em 
relação a esta, Tomás de Aquino (1225-1274) men-
ciona que:
o prazer sexual, finalidade da luxúria, é o mais 
intenso dos prazeres corporais e, assim, a luxú-
ria é o mais capital e tem, como mostra Gre-
gorio (mor. XXXI, 45), oito filhas: ‘cegueira da 
mente, irreflexão, inconstâncias, precipitação, 
amor de si, ódio de Deus, apego ao mundo, e 
desespero em relação ao mundo futuro’.
Há um fato evidente: quando a alma se volta 
veemente para um ato de uma faculdade infe-
rior, as faculdades superiores se debilitam e se 
desorientam em seu agir. No caso da luxúria, 
por causa da intensidade do prazer, a alma se 
ordena às potências inferiores – à potência con-
cupiscível e ao sentido do tato. E é assim que, 
necessariamente, as potências superiores, isto 
é, a razão e a vontade, sofrem uma deficiência 
(TOMÁS DE AQUINO, 2004, p.108). 
Fica evidente que o prazer sexual, promovido pelo 
corpo, deveria ser evitado por afastar o ser huma-
no do caminho reto da razão, o qual o conduziria a 
Deus. O corpo inferiorizado, condenado e castiga-
do durante a Idade Média permanece com o mesmo 
status na Idade Moderna, não mais por meio de ar-
gumentos teológicos, mas pela luz da razão.
22 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
A Modernidade é uma época marcada por mui-
tos acontecimentos, como o desenvolvimento cientí-
fico e, neste período, viveram grandes homens, como 
Galileu Galilei (1564-1642) e Isaac Newton (1642-
1727), mas é com Descartes (1596-1650) que vemos 
a continuação e a efetivação do pensamento dualis-
ta. Descartes, considerado o pai da filosofia moder-
na, estruturou o seu método de pensar por meio da 
dúvida. Ao duvidar, inclusive da própria existência, 
ele desenvolve o seguinte raciocínio: se estou duvi-
dando, estou pensando; se estou pensando, eu existo 
(cogito ergo sum – penso, logoexisto). Por meio des-
ta reflexão, efetiva-se a distinção entre as partes que 
compõem o ser humano e também a sua hierarquia: 
a mente é pensante e, inclusive, pensa sobre o corpo, 
por isto, é superior. Ao corpo cabe obedecer!
Tal ideia pôde ser observada quando Descar-
tes(2005) se pôs a questionar os atributos da alma e 
se depara com o pensar:
[...] noto aqui que o pensamento é um atributo 
que me pertence. Só ele não pode ser despren-
dido de mim. Eu sou, eu existo: isto é certo; mas 
por quanto tempo? A saber, durante o tempo 
em que penso; pois talvez pudesse ocorrer, se 
eu cessasse de pensar, que cessasse ao mesmo 
tempo de ser ou de existir. Não admiro agora 
nada que não seja necessariamente verdadeiro: 
não sou, então, precisamente falando, senão 
uma coisa que pensa, ou seja, um espírito, um 
entendimento ou uma razão, que são termos 
cujo significado era-me anteriormente desco-
nhecido (p. 46). 
Esta retomada da compreensão do corpo nos diferentes 
momentos históricos é importante para percebermos 
o quanto o dualismo influenciou e continua influen-
ciando o nosso modo de pensar e agir. Mesmo estabe-
lecida há séculos atrás, tal forma de pensar se reflete 
na contemporaneidade e pode ser percebida em nossa 
linguagem no dia a dia. Por exemplo, após um treina-
mento intenso, o atleta se queixa: “estou com o meu 
corpo todo dolorido”. Esta questão é importante para 
pensarmos quem são o sujeito e o objeto do movimen-
to. No exemplo anterior, quem é o sujeito? Eu, a mente, 
e o objeto, o corpo. Assim, na perspectiva dualista, po-
deríamos inferir que a mente é o sujeito, e o corpo, o 
objeto de toda a ação humana. Em oposição, podemos 
encontrar a fenomenologia. Adepto desta perspectiva 
filosófica, Merleau-Ponty (1908-1961) menciona:
Durante muito tempo, acreditou-se encontrar 
no condicionamento periférico uma maneira se-
gura de localizar as funções psíquicas “elemen-
tares” e de distingui-las das funções “superio-
res”, menos estritamente ligadas à infraestrutura 
corporal. Uma análise mais exata mostra que os 
dois tipos de funções se entrecruzam. O elemen-
tar não é mais aquilo que, por adição, constituirá 
o todo, nem, aliás, uma simples ocasião para o 
todo se constituir. O acontecimento elementar 
já está revestido de um sentido, e a função su-
perior só realizará um modo de existência mais 
integrado ou uma adaptação mais aceitável, 
utilizando e sublimando as operações subordi-
nadas. Reciprocamente, “a experiência sensível 
é um processo vital, assim como a procriação, 
a respiração ou o crescimento”. A psicologia e a 
fisiologia não são mais, portanto, duas ciências 
paralelas, mas duas determinações do compor-
tamento, a primeira concreta, a segunda, abstra-
ta (1999, p. 31).
Por meio do excerto apresentado, podemos perce-
ber que Merleau-Ponty rompe com a ideia de se-
paração ou inferioridade das experiências sensíveis 
(corporais). Isto é possível porque a perspectiva fe-
nomenológica “[...] repõe as essências na existência, 
e não pensa que se possa compreender o homem e o 
mundo de outra maneira senão a partir de sua ‘facti-
cidade’” (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 1). 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 23
Nesta perspectiva, não há mais a fragmentação 
entre corpo e alma, o primeiro passa a fazer parte 
da totalidade, o que nos possibilita entendê-lo como 
sensível e inteligível, possuidor da essência em si 
mesmo. Os pensadores fenomenológicos entendem 
que todo o conhecimento é proveniente da percep-
ção que temos do mundo:
O próprio cientista deve aprender a criticar a 
ideia de um mundo exterior em si, já que os 
próprios fatos lhe sugerem abandonar a ideia 
do corpo como transmissor de mensagens. 
O sensível é aquilo que se apreende com os 
sentidos, mas nós sabemos agora que este 
“com” não é simplesmente instrumental, que 
o aparelho sensorial não é um condutor, que 
mesmo na periferia, a impressão fisiológica se 
encontra envolvida em relações antes consi-
deradas como centrais (MERLEAU-PONTY, 
1999, p. 32).
Para compreender melhor a corrente filosófica desenvolvida no século XIX, leia o fragmento do prefácio 
do livro Fenomenologia da Percepção de Maurice Merleau-Ponty:
“[...] É uma filosofia transcendental que coloca em suspenso, para compreendê-las, as afirmações da 
atitude natural, mas é também uma filosofia para a qual o mundo já está sempre ‘ali’, antes da reflexão, 
como uma presença inalienável, e cujo esforço todo consiste em reencontrar este contato ingênuo com 
o mundo, para dar-lhe, enfim, um estatuto filosófico. É a ambição de uma filosofia que seja uma ‘ciência 
exata’, mas é também um relato do espaço, do tempo, do mundo ‘vividos’. É a tentativa de uma descrição 
direta de nossa experiência tal como ela é [...].
Fonte: adaptado de Merleau-Ponty (1999).
SAIBA MAIS
É o corpo que possibilita o homem ser homem - ser 
o que é -, pois o eu é resultado da consciência e das 
experiências que o indivíduo tem do/no mundo. 
Para Merleau-Ponty (1999), o ser humano é a fusão 
entre alma e corpo que se evidencia em ato, como 
fica evidente no seguinte excerto:
Eu não sou o resultado ou o entrecruzamen-
to de múltiplas causalidades que determinam 
meu corpo ou meu “psiquismo”, eu não posso 
pensar-me como uma parte do mundo, como 
simples objeto da biologia, da psicologia e da 
sociologia, nem fechar sobre mim o universo 
da ciência. Tudo aquilo que eu sei do mundo, 
mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma vi-
são minha ou de uma experiência do mundo 
sem a qual os símbolos da ciência não pode-
riam dizer nada. Todo o universo da ciência é 
construído sobre o mundo vivido (p. 3).
24 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
Você pode estar se perguntando: por que nos repor-
tarmos às concepções dualista e fenomenológica de 
corpo para estudarmos o ritmo? A resposta é simples: 
ao adotarmos a perspectiva dualista, entendemos o 
ritmo como uma ação mecânica, produzida pelo ob-
jeto corpo. Se aceitarmos a perspectiva fenomenoló-
gica do corpo, entendemos que pensamentos, emo-
ções e ações não são desvinculados e, neste sentido, o 
ritmo passa a ser uma ação produzida pelo ser huma-
no, em sua totalidade. Esta ideia é muito importante 
porque influenciou um método de ensino musical 
que não se ateve ao universo da música, mas se es-
tendeu à ginástica e à dança. Estamos nos referindo 
à Rítmica, método de educação musical desenvolvido 
pelo compositor Émile Jaques-Dalcroze (1865-1950).
Desde as duas últimas décadas do século XX, 
Jaques-Dalcroze vem sendo continuamente ci-
tado e discutido pela historiografia como per-
sonagem central da modernidade na dança, ao 
lado de François Delsarte e Rudolf Laban. Os 
estudos sobre as origens da ginástica moderna 
também elegeram Dalcroze como grande ins-
pirador dos movimentos rítmicos e expressivos 
novecentistas (MADUREIRA, 2008, p. 22).
Dalcroze sempre alimentou o desejo de ser compo-
sitor, mas dificuldades financeiras o conduziram à 
carreira de professor no mesmo conservatório que 
havia estudado. A criação, necessária ao composi-
tor, não foi abandonada em sua trajetória docente, 
ao contrário, foi a base de sua ação como educador e 
que resultou em um novo sistema de ensino musical. 
Ao deparar-se com as dificuldades de seus alunos 
Dalcroze pôs-se a investigar a “[...] relação música-
ritmo-movimento-expressão que culminaram na 
criação de um sistema completo de educação musical 
denominado Ginástica Rítmica ou simplesmente 
Rítmica” (MADUREIRA, 2008, p. 23). 
Para ele, a Rítmica consistia em um sistema de 
educação musical totalmente baseado no ritmo, 
considerado como princípio da vida, que tinha 
como finalidade recuperar a liberdade natural dos 
corpos. O seus fundamentos filosóficos, no que se 
refere aos princípios educativos, eram provenientes 
de Platão, que considerava a música e a ginástica in-
dispensáveis à formação do indivíduo grego.
Uma educação meramente ginástica cultiva de-
mais a dureza e a fereza do homem; uma exces-
siva educação musical torna o homem muito 
mole e delicado. Quem deixaros sons da flauta 
derramarem-se constantemente na sua alma co-
meçará a abrandar como o ferro duro e a pôr-
-se em condições de ser trabalhado; mas com o 
tempo se amolecerá e se converterá em papa, até 
que sua alma fique completamente sem nervo. 
Quem, pelo contrário, submeter-se ao esforço da 
ginástica e comer abundantemente, sem em nada 
cultivar música e a filosofia, sentirá, a princípio, 
crescer em si a coragem e o orgulho, graças à sua 
energia corporal, e ficará cada vez mais valente. 
Mas, ainda que se suponha que a sua alma abri-
gava de início algum desejo natural de aprender, 
à força de não se alimentar com nenhuma ciência 
nem investigação, acabará por ficar cega e surda. 
Um tal homem se converterá em misólogo, em 
inimigo do espírito e das musas; já não consegui-
rá persuadir ninguém nem se deixar persuadir 
pela palavra, e o único recurso de que disporá 
para alcançar o que se propuser será a força bru-
ta, exatamente como um bruto qualquer. Foi por 
isso que um deus deu aos homens a ginástica e a 
música, formando a unidade indivisível da pai-
deía, não como educação separada do corpo e do 
espírito, mas como forças educadoras da parte 
corajosa e da parte da natureza humana que as-
pira à sabedoria. Quem as souber combinar na 
harmonia própria será mais favorito das musas 
que aquele herói mítico da pré-história que, pela 
primeira vez, soube combinar as cordas da lira 
(PLATÃO apud JAEGER, 2001, p. 799-800).
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 25
Sob a inspiração desta concepção de educação, Dal-
croze propôs um sistema de ensino musical que, a 
nosso ver, ultrapassa o objetivo de formar músicos 
e atua diretamente na formação integral do ser hu-
mano. Uma pessoa que sente o seu corpo por intei-
ro percebe o próprio ritmo e expressa, por meio de 
movimentos ordenados, os seus sentimentos, cons-
tituindo-se um indivíduo com maior probabilidade 
de entender o mundo onde vive, bem como se situar 
e exercer o seu papel social.
Veja o que Dalcroze fez após retirar seus 
alunos de suas carteiras e adotar a marcha 
como princípio para sua técnica de ensino 
musical.
O próximo passo foi ornamentar as marchas 
com movimentos dos braços. Para cada tem-
po do compasso havia um gesto correspon-
dente. Dalcroze apropriou-se das convenções 
preestabelecidas da regência, em especial 
para os compassos básicos (binário, ternário 
e quaternário), alongando um pouco mais 
os movimentos do braço até a extensão ou 
flexão total dos cotovelos. Dalcroze não ne-
gligenciou os compassos divididos em 5, 6, 
7, 8 e 9 tempos, pouco usuais no ensino de 
música, criando para estes novas sequências 
de movimento.
As pernas, que inicialmente marcavam a 
pulsação de modo automático, também so-
freram alterações. Dalcroze criou, para cada 
tempo do compasso, uma gestualidade das 
pernas inspirando-se nos movimentos do 
ballet clássico, nas flexões de joelhos (demi-
-pliés) e nos desenhos realizados pelo chão 
(ronds de jambe).
Fonte: adaptado de Madureira (2008, p. 66).
SAIBA MAIS
26 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
Ritmo
e Som
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 27
O ritmo está presente nos mundos orgânico e inor-
gânico. A sua existência é condicionada ao movi-
mento. No entanto, por que quando falamos de rit-
mo, pensamos quase que imediatamente em música 
e não no movimento em si? Podemos responder esta 
questão dizendo: porque música é movimento!
As músicas são compostas por sons, seja instru-
mental ou vocal. Então, podemos afirmar que som 
é movimento? Sim! Artaxo e Monteiro (2003, p. 17) 
definem o som como: “tudo que impressiona o ór-
gão auditivo, resultante do choque de dois corpos 
que produzem a vibração do ar”. 
Em consonância com Artaxo e Monteiro, Jean-
dot (1993, p. 12) menciona que “o som depende do 
movimento e não existe na ausência dele. Em termos 
físicos, o som é uma vibração que chega a nossos 
ouvidos na forma de ondas que percorrem o ar que 
nos rodeia”.
Para pensarmos melhor sobre o som, considera-
remos as seguintes questões: 
• O som é tudo que impressiona o órgão au-
ditivo.
• O som é resultante de dois corpos que produ-
zem a vibração do ar. 
A primeira questão se refere ao que ouvimos, ou 
seja, tudo o que chega ao nosso órgão auditivo (ou-
vido). Quando, por exemplo, um sino bate, o seu 
movimento produz vibrações que se tornam ondas 
sonoras e se propagam pelo ar até o nosso ouvido 
externo, passando pelo médio e interno, até serem 
decodificadas pelo nosso cérebro como som.
Em nosso dia a dia, estamos ouvindo sons o 
tempo todo. O ouvido é o órgão do sentido que 
nunca para de trabalhar, mesmo quando não pres-
tamos atenção, os nossos ouvidos estão capturan-
do sons. Inclusive quando dormimos – quantas 
vezes você já acordou no meio da noite por ter 
ouvido um barulho? Por isto, a audição é o senti-
do que mais nos propicia interação com o mundo 
exterior.
Figura 7 - Como o som chega ao ouvido
A maioria das pessoas usa a visão para realizar a 
maior parte de sua comunicação com o mundo 
exterior. Entretanto, enquanto a visão possibili-
ta um campo de apenas 180º de abrangência, a 
audição proporciona para o indivíduo um cam-
po de 360º. Um exemplo claro que ilustra essa 
característica é a seguinte: se uma pessoa acena 
atrás de mim, sem emitir um único som, certa-
mente não saberei que estou sendo chamado. 
No entanto, basta um único chamado audível 
para que eu possa identificar a informação, 
independente do lugar que essa pessoa estiver 
ocupando em relação ao meu posicionamento 
(GREGUOL; COSTA, 2013, p.133-134).
Dentre todos esses sons que chegam aos nossos ou-
vidos e nos permitem interagir socialmente, alguns 
são mais agradáveis do que outros e existem, ainda, 
aqueles que são totalmente desagradáveis, causado-
res de desconforto. Estes últimos são os ruídos. 
28 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
A natureza oferece dois grandes modos de expe-
riência da onda complexa que faz som: frequência 
regulares, constantes, estáveis, como aquelas que 
produzem o som afinado, com altura definida, e 
frequências irregulares, inconstantes, instáveis, 
como aquelas que produzem barulhos, manchas, 
rabiscos sonoros, ruídos (WISNIK, 1989, p. 26). 
Assim, podemos entender que os ruídos são re-
sultantes de vibrações irregulares, por exemplo, 
quando arrastamos pelo chão uma cadeira ou uma 
mesa. Em suma, são sons sem harmonia, sem uma 
ligação agradável e, por isto, não causam prazer, 
contrariamente, são irritantes.
Além de entendermos as diferenças entre som 
e ruído, também é importante sabermos que o pri-
meiro possui alguns elementos conhecidos como 
“qualidades do som”. São eles: altura, duração, tim-
bre e intensidade. Vejamos cada um.
A altura pode ser pensada conforme a seguinte si-
tuação: normalmente, quando temos dificuldade em 
ouvir uma música ou um programa na televisão, au-
mentamos o volume do aparelho para que o som fique 
mais alto. Correto? Nesse caso, o termo ‘alto’ se refere 
ao volume e não a altura do som. A altura do som:
É determinada pela frequência dos sons, isto 
é, número de vibrações que cada onda sonora 
emite em determinado intervalo de tempo. Um 
som é mais grave quanto menor for o número 
de vibrações, ou seja, quanto menor for a 
frequência da onda sonora. Quanto maior for 
essa frequência, mais agudo ele será (ARTAXO; 
MONTEIRO, 2003, p. 21).
Wisnik (1989, p. 21) nos auxilia a compreender a di-
ferença entre som grave e agudo mencionando que: 
[...] o som grave (como o próprio nome suge-
re) tende a ser associado ao peso da matéria, 
com os objetos mais presos à terra pela lei da 
gravidade, e que emitem vibrações mais len-
tas, em oposição à ligeireza leve e lépida do 
agudo (o ligeiro, como no francês léger, está 
associado à leveza).
Podemos identificar os sons agudos e graves ob-
servando as nossas próprias vozes. No senso co-
mum, associamos o agudo ao fino e o grave ao 
grosso, portanto, poderíamos dizer que, geralmen-
te, os homens têm voz grave, e as mulheres, agu-
da. Cientificamente, esta análise é feita a partir dafrequência de vibrações que as partículas que pro-
pagam o som executam por segundo (Hz). A voz 
humana possui a frequência entre 85 Hz e 1.100 
Hz, as vozes com frequência mais próxima de 85 
Hz são graves (baixas), e as que se aproximam de 
1.100 Hz são agudas (altas).
t
s
t
s
Frequência baixa --- som grave
Frequência alta --- som agudo
F qu n i a x - om r v
F e u c - om a ud
Figura 8 - Frequência de som grave e agudo
Fonte: Áudio Escola (2011, on-line)2.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 29
A duração do som é o período em que ele se esten-
de, o qual pode ser longo ou curto. Esta qualidade 
do som é bem importante na relação entre ele e o 
movimento, pois, para estabelecermos harmonia, é 
indicado que o movimento tenha a mesma duração 
do som.
O timbre refere-se à diferenciação dos sons e 
nos possibilita identificá-los, é chamado, geralmen-
te, de a “cor” do som. Podemos, por exemplo, saber 
que Maria está próxima de nós sem vê-la, apenas 
por ouvir a sua voz. O mesmo ocorre quando ou-
vimos música e identificamos o som da guitarra, 
da bateria e dos demais instrumentos, mesmo que 
“[...] estejam produzindo a mesma nota com a mes-
ma altura e a mesma intensidade. O timbre depen-
de da forma como a energia se distribui entre as 
várias frequências que determinam a vibração do 
som” (JEANDOT, 1993, p. 23).
A intensidade se relaciona com a energia des-
prendida na produção do som, assim, podemos 
produzir sons fortes e fracos. Como explica Wis-
nik (1989, p. 25): “[...] a intensidade é uma infor-
mação sobre um certo grau de energia da fonte 
sonora”. Em consonância, Jeandot (1993, p. 23) 
afirma que “a intensidade depende principalmen-
te da energia emitida pela fonte sonora. Quanto 
mais força for imprimida pelo agente sonoro, mais 
alto será o som”. Conseguir identificar a intensida-
de dos sons é importante para identificarmos os 
compassos, já que estes são detectados pelos tem-
pos fortes e fracos.
Concluímos a importância das qualidades do 
som com a seguinte passagem: 
Através das alturas e durações, timbres e intensi-
dades, repetidos e/ou variados, o som se diferen-
cia ilimitadamente. Essas diferenças se dão na 
conjugação dos parâmetros e no interior de cada 
um (as durações produzem as figuras rítmicas; 
as alturas, os movimentos melódicos-harmôni-
cos; os timbres, a multiplicação colorística das 
vozes; as intensidades, as quinas e curvas de for-
ça na sua emissão (WISNIK, 1989, p. 26).
Você sabe a diferença entre ouvir, escutar 
e entender? Usamos esses termos no dia a 
dia quase como sinônimos. Mas eles têm 
sentidos bem distintos. Jeandot (1993) expli-
ca essas diferenças da seguinte forma: para 
ouvir, basta estarmos expostos ao mundo 
sonoro e possuirmos o aparelho auditivo em 
funcionamento. Nunca cessamos de ouvir, de 
receber as impressões dos ruídos, dos sons. 
A escuta envolve interesse, motivação, aten-
ção. É uma atitude mais ativa que o ouvir, 
pois selecionamos, no mundo sonoro, aquilo 
que nos interessa. Desta maneira, podemos 
perceber, na música, os seus elementos cons-
tituintes, como a tonalidade, os timbres, o 
andamento, o ritmo etc.
A escuta envolve também a ação de entender 
e compreender, ou seja, de tomar consciência 
daquilo que se captou. 
Fonte: adaptado de Jeandot (1993). 
SAIBA MAIS
30 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
Elementos da Música Aplicados 
às Atividades Rítmicas
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 31
Dentro da complexidade dos elementos que podem 
ser abordados sobre o assunto sons e ritmos, o nos-
so interesse se concentra nos sons musicais, pois é 
em consonância com a música que a maioria das 
atividades rítmicas se desenvolvem. Jeandot (1993) 
explica que, mesmo antes de nascermos, o universo 
musical já faz parte de nossas vidas: 
Na verdade, antes mesmo de nascer, ainda no 
útero da materno, a criança já toma contato 
com um dos elementos fundamentais da músi-
ca – o ritmo -, através das pulsações do coração 
de sua mãe.
Antes ainda de começar a falar, podemos ver 
o bebê cantar, gorjear, experimentando os sons 
que podem ser produzidos com a boca. Obser-
vando uma criança pequena, podemos vê-la 
cantarolando um versinho, uma melodia, ou 
emitindo algum som repetitivo e monótono, 
balanceando-se de uma perna a outra, ou ainda 
para frente e para trás, como que reproduzindo 
o movimento do acalanto. Essa movimentação 
bilateral desempenha papel importante em to-
dos os meios de expressão que se utilizam do 
ritmo, seja a música, a linguagem verbal, a dan-
ça etc. (JEANDOT, 1993, p. 18).
É importante ressaltar, no entanto, que o nosso in-
teresse não é a música especificamente, mas sim, 
entender alguns elementos presentes nela que são 
importantes no desenvolvimento das atividades rít-
micas. Dentre esses elementos, iniciamos apresen-
tando a métrica.
Por métrica entendemos medida. Assim, é pela 
métrica que realizamos a contagem musical. Ela re-
presenta a objetividade, pois divide o tempo musical 
em partes iguais, repetindo-as sempre, ou seja, mede 
o tempo entre a repetição de um movimento e outro. 
Mas como fazemos essa medição? Por meio do pul-
so, ou pulsação.
O pulso, ou pulsação, é a batida/ marcação da 
música. Quando começamos a nos movimentar ao 
escutar uma música, os nossos movimentos são di-
recionados pela batida dela. É por meio do pulso 
que conseguimos identificar outros elementos da 
música, como andamento e compasso.
O andamento é a velocidade da música, ou seja, 
o espaço de tempo entre as batidas. O andamento 
de uma música é medido por um aparelho chamado 
metrônomo. Este foi inventado no século XIX por 
Johann Nepomuk Maezel para medir os batimen-
tos por minutos (BPM) e até hoje é muito utilizado. 
Atualmente, o modelo mecânico foi substituído por 
digitais, podendo ser instalados, inclusive, em com-
putadores e celulares. 
Figura 9 - Metrônomo mecânico
Por meio do metrônomo, o andamento pode ser 
classificado como vagaroso, moderado e rápido (Ta-
bela 1).
32 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
Tabela 1 - Andamento
Vagaroso Batimentos por Minuto (bpm)
Grave Muito lento
 40 - 60Lento Lento
Largo Pausado
Larghetto Pausado, mas não tanto quanto o largo.
66 - 76
Adágio De um modo calmo, sem pressa
Moderado
Andante De um modo fluente, como quem caminha 76 - 108
Moderato Moderado
108 - 120
Allegretto Um pouco rápido
Rápido
Allegro Rápido
120 - 168
Vivace Vivo
Presto Muito rápido
168 - 208
Prestíssimo O mais rápido possível
Fonte: Artaxo e Monteiro (2003, p. 25). 
Ao observarmos a tabela, podemos concluir que va-
garoso/lento é o andamento que apresenta os BPMs 
entre 40 e 76; moderado entre 76 e 120; e rápido, 
120 a 208. 
Por compasso, podemos entender “[...] a pulsa-
ção rítmica da música que se repete regularmente, 
dividindo-a em partes iguais, em sequências de 2, 3, 
4 ou mais tempos” (ARTAXO; MONTEIRO, 2003, 
p. 23). Quando a divisão é de 2 tempos, chama-se 
compasso binário, de 3 tempos, ternário, e de 4 tem-
pos, quaternário. Mas, como essa divisão é feita? Por 
meio dos predicados forte e fraco. Vejamos os exem-
plos na Figura 10 e na Figura 11:
Figura 10 - Compasso binário 
Fonte: a autora.
Figura 11 - Compasso ternário 
Fonte: a autora.
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Largo_%28andamento%29&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Larghetto&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Moderato&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Allegro_ma_non_troppo
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Presto_%28andamento%29&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Prestissimo&action=edit&redlink=1
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 33
Na primeira imagem, podemos contar as palmas de 
duas em duas; na segunda, de três em três; portan-
to, correspondem, respectivamente, aos compassos 
binários e ternários. Mas e o quaternário? Para iden-
tificá-lo, é preciso, além das palmas fortes e fracas, 
inserirmos uma palma “meio forte”, ou intermediá-
ria. Veja a Figura 12.
Figura 12 - Compasso quaternário
Fonte:a autora.
Nestes exemplos, estamos usando palmas para re-
presentar as batidas, mas existem símbolos especí-
ficos que são utilizados para fazer a escrita musical. 
Eles são chamados de “figuras do ritmo” que, além 
de nos possibilitar a leitura do compasso, têm a fun-
ção de registrar a duração do som. Veja a explicação 
de Artaxo e Monteiro (2003, p. 22, grifo nosso) so-
bre as figuras do ritmo: “a duração do som musical 
faz o ritmo da música, ou seja, o ritmo é a sequên-
cia de durações, diferentes e repetidas regularmente, 
sendo formado por figuras do ritmo ou por valores 
musicais”. Podemos perceber, portanto, que existem 
diferentes durações dos sons. Isto fica claro na expli-
cação de Jeandot (1993, p. 24, grifos do autor):
A duração do som pode ser longa, como o 
som prolongado de um apito, ou como a 
nota sustentada num instrumento. Pode ser 
ainda curta ou breve, quando o início e o fim 
da emissão se confundem, como acontece, 
por exemplo, quando tocamos brevemente a 
borda de uma mesa. O som de duração in-
termediária é chamado som formado. Nele 
se percebem o toque inicial, sua continuação 
e seu término, como o toque de martelo nas 
lâminas do metalofone.
Assim, para identificarmos a duração do som, bas-
ta olharmos para as figuras apresentadas no quadro 
a seguir: 
ESCRITA MUSICAL
SOM SILÊNCIO
Figuras
-representação-
Figuras
-nome- Duração
Pausas
-nome-
Pausas
-representação-
semibreve 4 pulsações pausa de semibreve
mínima 2 pulsações pausa de mínima
semínima 1pulsação pausa de semínima
cocheia 0,5 pulsações pausa de colcheia
Fonte: Carvalho ([2017], on-line)3.
Quadro 1 - Escrita musical
34 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
Ao observarmos o quadro, podemos verificar que a 
semibreve é a figura de maior duração, com 4 tem-
pos (batidas/pulsações). Perceba que a mínima cor-
responde à sua metade, ou seja, 2 tempos. O mesmo 
ocorre com a semínima, 1 tempo, e assim sucessiva-
mente. Desta forma, podemos inferir que o valor de 
cada figura corresponde à metade da anterior.
Assim como temos as figuras que identificam a 
duração do som, também existem as que marcam a 
duração do silêncio. Observe que, quando conversa-
mos, existe um intervalo entre uma palavra e outra, 
as chamadas pausas, as quais também são expressas 
por figuras, denominadas “figuras negativas” e rece-
bem o mesmo nome das positivas, ou seja, das que 
registram o som.
Agora que já conhecemos as figuras rítmicas, 
voltaremos aos compassos. Lembre-se que eles orga-
nizam os tempos. Conforme a organização, os com-
passos podem ser binários, ternários e quaternários, 
certo? Desta forma, observe a Figura 13:
Figura 13 - Compasso binário
Fonte: a autora. 
O que esta fração na Figura 13 significa? O numera-
dor da fração (parte superior) indica como o com-
passo será dividido. Neste caso, a divisão se dará de 
2 em 2 tempos (pulsos), isto significa que é um com-
passo binário. O denominador indica a figura rítmi-
ca do compasso que, neste caso, será a semínima, a 
qual corresponde a 1 pulso. Mas como sabemos que 
o número 4 indica a semínima?
A semibreve tem uma duração de 4 tempos, 
portanto, é considerada uma figura inteira e recebeu 
como referência o número 1; a mínima equivale à 
metade da semibreve, ou seja, precisamos de duas 
mínimas para termos o mesmo tempo da semibreve. 
O número correspondente da mínima é o 2. 
Você, portanto, já entendeu a lógica das 
atribuições numéricas, não é mesmo? Então, por 
que a semínima recebe como referência o número 
4? Porque é preciso 4 semínimas para corresponder 
o tempo da 1 semibreve. Observe o quadro a seguir 
e veja como ocorre essa atribuição numérica para as 
demais figuras. 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 35
Veja estes exemplos de compassos:
Compasso ternário
Quadro 2 - Valores das notas musicais
Compasso quaternário
Fonte: Darezzo ([2015], on-line)4. 
Figura 14 - Compasso ternário e quaternário
Fonte: a autora.
36 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
Além desses compassos, que são os simples, exis-
tem os compostos. No entanto, não nos aprofunda-
remos neste estudo, pois estaríamos entrando em 
questões específicas da teoria musical e nos distan-
ciando de nosso propósito. Todavia é importante 
saber que os compassos compostos podem resultar 
no que chamamos, no universo da dança, de “con-
tagem quebrada”, ou seja, quando não conseguimos 
contar até 8 em uma música. Um exemplo é o com-
passo composto 6/8, em que a contagem vai até 6. 
Isto ficará mais claro quando tratarmos de frase 
musical ou coreográfica. 
O domínio das figuras rítmicas positivas e nega-
tivas é importante, principalmente no processo de 
montagem coreográfica, pois podemos determinar 
a duração de cada movimento por meio da notação 
das figuras. Agora, vamos fazer um exercício práti-
co? Decore a seguinte sequência de exercícios: 
Figura 15 - Sequência de exercícios
Fonte: a autora.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 37
Execute-os de acordo com a notação no Quadro 3:
Quadro 3 - Sequência de exercícios práticos 
Exercício 1 Exercício 2 Exercício 3
Semibreve (4t) Mínima (2t) Mínima (2t) 8t
 
Exercício 4 Exercício 5
Semínima (1) Pausa da semínima (1) Semibreve (4t) Pausa da mínima (2) 8t
 
Exercício 6
Semibreve (4) Pausa da semibreve (4) 8t
 
Fonte: a autora. 
Você já conseguiu decorar a sequência e executá-
-la, obedecendo o tempo determinado pelas figuras 
do ritmo, então executaremos a mesma sequência, 
mas com o direcionamento sonoro. Para isso, será 
preciso um metrônomo, o qual poderá ser encon-
trado em versões on-line ou em vídeos. Execute essa 
sequência de acordo com os andamentos, lembra? 
Vagaroso (40 a 76 BPM); moderado (76 a 120 BPM) 
e rápido (120 a 208 BPM). Esse exercício é indicado 
para observar o ritmo individual dos alunos e esta-
belecer um ritmo grupal para o desenvolvimento de 
atividades coletivas.
Agora, trocaremos o metrônomo por uma músi-
ca que você gosta. Primeiro escute a música identifi-
cando a sua pulsação e, depois, execute a sequência 
de acordo com as suas batidas. Repita quantas vezes 
for necessário, até dominar a execução.
Observaremos novamente o Quadro 3. Veja 
que, na última coluna, há uma soma de 8T. O que 
isto significa? Esses 8T significam 8 tempos (bati-
das/pulsações) e são usados para indicar as frases 
musicais.
A frase musical, assim como na língua falada 
ou escrita, é composta por início/meio/fim. Não 
existe regra em relação ao seu tamanho, mas, ge-
ralmente, elas são construídas em 8 tempos. A 
identificação das frases musicais é muito impor-
tante na dança, pois, geralmente, inicia-se a exe-
cução dos movimentos simultaneamente com o 
início das frases e o mesmo ocorre em relação ao 
seu término. As frases são agrupadas em períodos, 
os quais costumam ser formados por 8 compassos, 
que pode corresponder a 4 frases e a 32 tempos, se 
o compasso for quaternário. 
38 
FUNDAMENTOS DE RÍTMICA E DANÇA 
A identificação das frases e dos períodos mu-
sicais é muito importante para a montagem coreo-
gráfica. Antes de iniciar a criação dos movimentos, 
é indicado o estudo da música para conhecer, por 
exemplo, a quantidade de frases que compõem a in-
trodução ou o refrão. 
Vamos praticar! Escolha uma música que você 
gosta. Escute-a procurando identificar as frases e 
os períodos musicais. Anote as suas observações. 
Não existe uma única forma de fazer as anotações, 
mas sugerimos fazer da seguinte maneira: para 
cada frase musical, escolha um símbolo, por exem-
plo, um traço ( I ), e toda vez que perceber mudan-
ças significativas (instrumental, vocal, refrão etc.) 
mude de linha. 
Para finalizarmos a nossa abordagem da música, 
é importante saber que, além do ritmo, ela possui 
outros dois elementos: melodia e harmonia. Pode-
mos compreender o que é melodia por meio da ex-
plicação de Artaxo e Monteiro (2003, p. 20): 
Em música, a melodia consiste na emissão li-
near de sons apoiados noritmo. Uma sucessão 
de sons não constituiu melodia; é necessário 
possuir, como característica essencial, a can-
tabilidade, que nos permite poder cantar uma 
linha melódica. Toda melodia é apresentada 
por combinações de tons altos e baixos, graves 
e agudos, fortes e fracos, de intensidade alta ou 
baixa, criando variedade imensa de ritmos. Um 
tom sozinho não cria melodia. Uma frase me-
lódica só acontece com uma sucessão sonora.
Harmonia se refere à combinação de sons. Artaxo e 
Monteiro (2003, p. 20) explicam que: “é a combina-
ção simultânea de dois sons ou mais”. Para Garcia 
e Haas (2003, p. 57), harmonia “refere-se à combi-
nação de diferentes notas que soam simultaneamen-
te, formando um acorde; realça o sentimento que o 
compositor expressou ao compor a música”.
Ritmo, melodia e harmonia possibilitam, então, 
a construção musical. A música faz parte da consti-
tuição do nosso próprio eu. Ouvimos música quan-
do estamos tristes ou alegres; para passar o tempo, 
trabalhar ou descansar; com amigos ou sozinho(a). 
A música dialoga com os nossos sentimentos, des-
perta desejos e sentimentos, reaviva recordações, 
estimula o pensar, o agir e o criar. Por isso, a música 
é tão importante quando o nosso interesse são ativi-
dades rítmicas, as quais podem ser entendidas como 
a expressão da relação entre gesto corporal e som. 
Jeandot (1993, p. 14) explica que existe um vínculo 
entre o surgimento da música ao: 
[...] interesse do homem primitivo pelos mo-
vimentos e pelos gestos por eles produzidos e 
pelos sons oriundos da natureza. “A satisfação 
de exercitar seus músculos, o prazer de gritar, 
de bater sobre os objetos sem dissociar o gesto 
de seu efeito, pode ser a origem simultânea da 
dança, do canto, da música”. Essa abordagem 
recupera a relação música-corpo. Seria a músi-
ca a arte do gesto?
Por meio da passagem de Jeandot (1993), podemos 
entender que não existe dissociação entre música/
dança, som/corpo. Esta ideia é importante para 
refletirmos acerca do objeto da Educação Física, o 
movimento corporal, o qual não é simplesmente 
executado pelo corpo, mas reflete o ser em sua to-
talidade. Nesta perspectiva, as atividades rítmicas 
possibilitam o conhecimento do ser humano e a 
participação na construção social/humana dos su-
jeitos que a praticam.
 39
considerações finais
Chegamos ao final de nossa primeira unidade e agora, você está inseri-do(a) no universo da Rítmica!Ao trabalharmos os seus principais elementos, neste momento, você deve ser capaz de diferenciar a rítmica do ritmo, não é mesmo? A rítmica 
é a ciência do ritmo, o qual não existe sem movimentos e se caracteriza pela sucessão 
regular destes. No entanto, a forma como essa sucessão ocorre possibilita a classifica-
ção do ritmo, por exemplo, em individual ou coletivo. 
Além disso, vimos como é importante termos claro o conceito de corpo, pois ele 
conduzirá as nossas ações frente aos nossos alunos. Neste caso específico, é a nossa 
compreensão de corpo que nos levará a entender se o ritmo é produzido mecanica-
mente, como em um relógio, ou como reflexo do que somos em nossa totalidade. 
Pudemos verificar como isto se efetiva na prática com a Rítmica de Dalcroze que, 
por meio da visualização do ritmo mecanizado produzido por seus alunos de mú-
sica, sistematizou um método de ensino que não expressa a dissociação entre ritmo 
e o ser. A proposta de Dalcroze foi tão importante que não se limitou ao ensino da 
música, mas influenciou as práticas de ginástica e dança.
O estudo do som nos propiciou entender as suas qualidades, as quais são impor-
tantes para pensarmos a música. Mesmo que o estudo da teoria musical não seja o in-
tuito de nossa abordagem, alguns de seus elementos são importantes para trabalhar-
mos com música nos diferentes campos de atuação do(a) professor(a) e profissional 
de Educação Física. Dentre eles, destacamos como imprescindíveis a percepção e a 
contagem musical, necessárias nas montagens coreográficas e nas aulas de ginástica. 
Contudo a percepção e a contagem não se limitam a essas duas disciplinas, elas po-
dem ser aplicadas com outros objetivos, em outros conteúdos da Educação Física. 
Desta forma, esperamos que tenha ficado claro a importância de, dia a dia, nos 
aproximarmos dos conteúdos da rítmica para que a Educação Física contribua com 
o processo de formação do ser humano em sua totalidade.
40 
atividades de estudo
1. Muitas vezes, empregamos palavras ou termos naturalmente, sem sabermos o 
seu significado. No entanto, para sairmos do senso comum, que pode levar à cria-
ção de preconceitos que atrapalham a aplicação de alguns conteúdos da Educa-
ção Física, é preciso ultrapassarmos o uso cotidiano dos termos. É necessário um 
estudo sobre conceitos. Pensando sobre dois conceitos – rítmica e ritmo – que 
estão sempre presentes quando o assunto é dança, leia as assertivas a seguir. 
I - Existe uma relação intrínseca entre a rítmica e ritmo, em que este está sub-
metido àquela, sendo ele, o ritmo, o objeto de estudo dela, a rítmica. Assim, 
podemos afirmar que a rítmica é uma grande área que engloba o ritmo, a 
qual pode ser sintetizada como “ciência do ritmo”. 
II - Não existe ritmo sem movimento. O ritmo está presente em todo o universo 
e, consequentemente, em todos os seres humanos, sendo compreendido 
como uma sucessão de impulsos energéticos que determinam o movimen-
to e o repouso. Desta forma, a argumentação de que a falta de ritmo é um 
empecilho para a execução da dança é falsa, pois todos os seres humanos o 
possuem. 
III - O ritmo está relacionado à mecânica do movimento, não sofrendo interfe-
rência afetiva/emocional em sua execução. Por isto, o desenvolvimento da 
dança justifica-se na Educação Física, cujo objeto de estudo é o movimento 
humano, por melhorar o desempenho físico, podendo acarretar em melhor 
qualidade de vida aos alunos. 
IV - Sobre a classificação dos ritmos, os autores identificam a existência de vários 
deles, como: individual, grupal (ou coletivo), mecânico, natural, disciplinado, 
espontâneo e refletido. Quando pensamos em dança, o desenvolvimento de 
atividades que estimulem o ritmo coletivo e o refletido são muito importan-
tes, pois a maioria das coreografias são executadas em grupo, o que requer 
que os dançarinos adaptem os seus ritmos individuais aos do grupo ou à 
métrica musical, fundamento do ritmo refletido.
É correto o que se afirma em: 
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e III.
c) Apenas I.
d) Apenas I, II e IV.
e) I, II, III e IV.
 41
atividades de estudo
2. A retomada da compreensão do corpo nos diferentes momentos históricos é 
importante para percebermos o quanto o dualismo influenciou e ainda influen-
cia o nosso modo de pensar/agir e, consequentemente, como compreendemos 
quem é o sujeito e o objeto do movimento. Sobre esta questão, leia as assertivas 
a seguir.
I - Para Platão, todas as sensações prejudicam o pensamento e, consequente-
mente, a obtenção da verdade, fato que estabelece a inferioridade do corpo 
em relação ao espírito. A fenomenologia rompe com a ideia de separação 
ou inferioridade das experiências sensíveis, e o corpo passa a fazer parte da 
totalidade do ser humano (inteligível e sensível). Neste sentido, todo o conhe-
cimento é proveniente da percepção que temos do mundo.
II - Aceitando a perspectiva dualista, entendemos o ritmo como uma ação mecâ-
nica, produzida pelo objeto corpo; na perspectiva fenomenológica, emoções 
e ações não são desvinculadas e, neste sentido, o ritmo é uma ação pro-
duzida pelo ser humano em sua totalidade. Esta segunda perspectiva pode 
ser aproximada ao método musical, a Rítmica, desenvolvido pelo compositor 
Émile Jaques-Dalcroze (1865-1950).
III - O método musical de Dalcroze influenciou a dança e a ginástica por consi-
derar que os seus alunos não teriam bom desempenho se permanecessem 
“sentados em suas carteiras”, ou seja, por entender que o corpo deveria o 
primeiro “instrumento a ser tocado”. Esta concepção pode ser considerada 
atual para a EducaçãoFísica pelo conhecimento corporal ser superior ao in-
telectual, refutando o pensamento dos filósofos antigos, como Platão, que 
desconsideravam o conhecimento sensível.
IV - A Rítmica tinha como finalidade a recuperação da liberdade natural dos cor-
pos. Dalcroze se opunha ao ritmo mecanizado e, por isto, utilizava, em suas 
aulas, exercícios que proporcionam a sua dissociação, por exemplo: marchas 
em que os braços regiam os tempos de um compasso enquanto as pernas 
seguiam outro. Assim, Dalcroze pretendia que os seus alunos não se tornas-
sem escravos do automatismo.
É correto o que se afirma em:
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e III.
c) Apenas I.
d) Apenas I, II e IV.
e) I, II, III e IV.
42 
atividades de estudo
3. O ritmo está presente no mundo orgânico e inorgânico, a sua existência está 
condicionada ao movimento. É este o responsável pela produção dos sons, como 
nos mostra Jeandot (1993, p.12), “o som depende do movimento e não existe na 
ausência dele. Em termos físicos, o som é uma vibração que chega a nossos ouvi-
dos na forma de ondas que percorrem o ar que nos rodeia”. Sobre este assunto, 
leia as assertivas a seguir.
I - O ouvido nunca para de trabalhar, inclusive, quando dormimos. No entanto, 
há uma diferença entre o ouvir, escutar e entender: estamos escutando o 
tempo todo, mas não temos consciência de tudo que chega ao nosso órgão 
auditivo; ouvimos somente o que nos interessa, ou seja, ouvir é quando se-
lecionamos sons que nos interessam e neles depositamos a nossa atenção; 
entender é quando temos consciência, é um ato intelectual. 
II - O som possui alguns elementos conhecidos como “qualidades do som”. São 
eles: altura, que é determinada pela frequência dos sons e nos possibilita 
diferenciar o grave do agudo; a duração, que se refere ao período em que se 
estende o som (longo ou curto); o timbre é a diferenciação dos sons que nos 
possibilita identificá-los; a intensidade relaciona-se com a energia (fraca ou 
forte) despendida na produção do som. 
III - Os principais elementos musicais para o desenvolvimento das atividades rít-
micas são: métrica, ou medida da música, que nos possibilita estabelecer uma 
contagem musical; o pulso, ou pulsação, que é a batida/marcação da música 
e nos permite identificar outros elementos, como andamento e compasso; o 
andamento é a velocidade da música, o espaço de tempo entre as batidas, 
e pode ser medido por um aparelho chamado metrônomo; o compasso é a 
pulsação da música que se repete regularmente e a divide em partes iguais, 
ou seja, em compassos binário, ternário e quaternário. 
IV - Existem símbolos que são utilizados para fazer a escrita musical. Eles são 
chamados de “figuras do ritmo” que, além de nos possibilitar a leitura do 
compasso, têm a função de registrar a duração do som. Cada símbolo recebe 
uma denominação – semibreve, mínima, semínima, colcheia etc. –atribuída 
de acordo com os seus tempos de duração: semibreve tem a duração de 4 
pulsos, mínima de 6 pulsos, semínima de 8 pulsos, e assim sucessivamente. 
É correto o que se afirma em: 
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e III.
c) Apenas I.
d) Apenas II, III e IV.
e) I, II, III e IV.
 43
atividades de estudo
4. Entende-se que a retomada da compreensão do conceito de corpo, nos diferen-
tes momentos históricos, é importante para pensarmos o sujeito e o objeto do 
movimento. Em relação a esta questão, discorra sobre a perspectiva cartesiana e 
fenomenológica de corpo e como elas influenciam a prática pedagógica de rítmica.
5. Ao montar uma coreografia de dança, o professor organizou as frases musicais (8 
tempos/pulsos) de forma que o primeiro movimento sempre era executado em 
2T; o segundo movimento, em 1T; o terceiro e quarto, em 1T; e o quinto, em 4T. 
Represente os tempos das frases coreográficas por meio das figuras do ritmo e 
das suas respectivas denominações.
44 
LEITURA
COMPLEMENTAR
A música na vida humana
A vida é som. Continuamente estamos cercados de sons e ruídos oriundos da natureza e 
das várias formas de vida que ela produz. O homem fala e canta há incalculáveis milhares 
de anos e, graças ao seu ouvido maravilhosamente construído que se parece a uma harpa 
com infinidade de cordas, percebe sons e ruídos, embora apenas uma parte insignificante 
da imensidão de tudo quanto soa.
Todas as crianças, sem exceção, nascem com capacidade musical, voz e ouvido: crianças 
da cidade, do interior, das zonas frias, dos trópicos, das montanhas, das planícies, brancas, 
pardas, pretas, amarelas, vermelhas. A própria natureza é que nos dá a música; o que dela 
fazemos varia, conforme o temperamento, a educação, o povo, a raça e a época.
A natureza está cheia de sons, de música: há milhões de anos, antes que houvesse ouvido 
humano. Para captá-la, borbulhavam as águas, ribombavam os trovões, sussurravam as 
folhas ao vento. Quem sabe quantos outros sons se não propagaram! Talvez cantassem os 
raios do sol nas montanhas que se aqueciam todas as manhãs, como ainda hoje cantam 
misteriosamente nas colunas egípcias de Memnon; durante tempos sem fim deve ter res-
soado o órgão natural da gruta de Fíngal, muito antes que, os celtas lhe chamassem “llaimh 
bin”, gruta da música, e muito antes, ainda, que um compositor romântico, Mendelssohn, 
transferisse aqueles sons naturais para a moderna orquestra. E o estranho “ouvido de Dio-
nísio”, da Sicília, aumentou, com certeza, todos os sons que o penetravam muito, muito 
antes que um ser humano lá se achasse para comprovar o milagre. A terra a abrir-se na 
mocidade, as fontes a jorrar, os vulcões e as montanhas a explodir, as águas do dilúvio a 
subir, tudo deve ter constituído gigantesca sinfonia que ninguém nos descreveu.
O homem nasceu num mundo repleto de sons. O trovão, amedrontando-o, tornou-se sím-
bolo dos poderes celestiais. No ulular dos ventos percebia ele a voz dos demônios. Os 
habitantes do litoral conheciam o mau ou bom humor dos deuses pelo bramir das águas. 
Os ecos eram oráculos e as vozes dos animais, revelações. Religião e música mantiveram-se 
inseparavelmente ligadas nos antigos tempos da humanidade.
 45
LEITURA
COMPLEMENTAR
Grande foi sempre a influência da música sobre a mente humana. O homem primitivo 
dispõe apenas de poucas palavras. Quase somente o que ele vê é que tem nome, para ex-
primir o júbilo, a tristeza, o amor, os instintos belicosos, a crença nos poderes supremos e a 
vontade de dançar. Para ele é parte da vida, a música, desde a canção do berço até a canção 
de morte desde a dança ritual até a cura dos doentes pela melodia e pelo ritmo.
O efeito da música sobre o homem diminui no decorrer dos milênios; apesar disso, podem 
ser encontrados nos tempos históricos e até nos presentes interessantes exemplos do seu 
poder. Davi toca harpa para afugentar os maus pensamentos do Rei Saul; Farinelli, com o 
auxílio da música, cura a terrível melancolia de Filipe V. Timóteo provoca, por meio de certa 
melodia, a fúria de Alexandre, o Grande, e acalma-o por meio de outra. Os sacerdotes celtas 
educam o povo com a música; somente eles conseguem abrandar os costumes selvagens. 
Diz-se que Terpandro, tocando flauta, abafou a revolta dos lacedemônios. Santo Agostinho 
conta que um pastor foi, em virtude das suas melodias eleito imperador. E a história do caça-
dor de ratos de Hameln é um exemplo conhecidíssimo do efeito da música sobre o homem 
e o animal. Na literatura moderna, deparam-se nas numerosas obras de psicologia profunda 
em que as mais fortes excitações sentimentais são provocadas pela influência da música. 
[...]
A vida é som, dissemos. A vida é movimento, e o som se origina do movimento. A acústica, 
é verdade, discerne fundamentalmente duas classes de sons: os sons propriamente ditos 
e os ruídos, conforme forem as vibrações uniformes, ou não. A música, segundo a antiga 
teoria, deve ocupar-se apenas dos primeiros. Mas não é tão fácil traçar claramente o limite. 
Muitos são os instrumentos que apenas produzem ruídos,

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