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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS – UNIPAM DISCIPLINA: PROJETO INTEGRADOR II WANIA ALVES FERREIRA FONTES: Graduada em Direito pela UFMG; Pós-graduada em Direito Processual Civil pela UFU; Pós-graduada em Direito do Trabalho pela UNIT; Pós-graduada em Direito Civil pela UFU; Pós-graduada em Educação no Ensino Superior pela UNIPAM; Mestra em Relações Sociais “Direito do Trabalho” pela PUC/SP; Escritório: Rua Teófilo Otoni 840 – Fones (34) 38218799 – 98058484; Email: wania@unipam.edu.br ............................................................................................................................... APS 03 - 1 HORA – (1,0 PONTO) ESTUDO DE CASOS SOBRE DIREITOS DA PERSONALIDADE, PESSOA JURÍDICA E DOMICÍLIO Sobre os direitos da personalidade, analise o caso abaixo e responda aos questionamentos de forma justificada e fundamentada. 1. Adonias é homossexual e não teve o nome de seu pai no seu registro de nascimento. Em consequência disso, não tem no seu registro civil o sobrenome do mesmo. Esta situação incomodava Adonias e aos 60 anos de idade requereu uma investigação de paternidade com pedido de acréscimo do sobrenome do pai na certidão de nascimento, muito embora o pretenso pai já tivesse falecido. A televisão local, ao saber do fato, foi entrevistar Adonias que se recusou a dar entrevista, tendo a emissora, ameaçado divulgar o fato, inclusive, denegrindo a honra do mesmo e de seu falecido pai. A – O juiz pode negar o pedido com base na prescrição do direito? Não. A prescrição é a perda de pretensão (art. 189 CC) da reparação do direito violado por inércia do titular do direito no prazo legal. São três os requisitos, cumulativos, para que haja a prescrição: a violação do direito, com o nascimento da pretensão; a inércia do titular; o decurso do tempo fixado em lei. Existem também algumas pretensões que não são alcançadas pelas prescrições. Estas são chamadas de pretensões imprescritíveis. São aquelas que protegem os direitos da personalidade; as que se prendem ao estado das pessoas; as de exercício facultativo; as concernentes à bens públicos; as que protegem o direito da propriedade; as de reaver bens confiados à guarda de outrem. Nos Arts. 195 e 196 do CC, existem outros dois pontos acerca da prescrição, que é nos casos em que se tem pessoa relativamente incapaz compondo um dos polos da ação, diz o art. 195 que: “Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes que derem causa à prescrição ou não a alegarem oportunamente”. E no Art. 196 trata da sucessão a qual se estende a contagem do prazo prescricional. Assunto que veremos mais adiante. Os direitos da Personalidade possuem como uma das características principais o fato de serem imprescritíveis. O que significa que não se exaurem os seus efeitos e, portanto, o Juiz não poderia negar o pedido com base na prescrição deste. B – O juiz pode acatar o pedido de investigação, mas indeferir o pedido de mudança de nome? De forma alguma, o direito ao nome é inerente a pessoa. Portanto, caso comprovada a paternidade, o autor legítimo da ação tem o direito de ter o nome de seu genitor em seu registro. Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. C – Adonias pode impedir que a emissora divulgue o fato? Justifique e fundamente. ART 5 CF IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; Segundo o Ministro Luís Roberto Barroso, há um grande dilema entre a liberdade de expressão e o direito à informação. Mas, para ele, o direito de expressão tem preferência em relação ao direito à privacidade, dentro do âmbito constitucional. Isso porque a liberdade de expressão tem um valor maior devido ao sofrimento da época da ditadura militar. O Ministro ressaltou o que foi defendido pela relatora Cármen Lúcia, ou seja, de que os direitos do biografado não ficarão desprotegidos, pois qualquer violação aos seus direitos referentes à privacidade terão preferência em uma ação de indenização postulada a posteriori, podendo até desencadear uma responsabilização penal (STF, 2015). Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815) Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. (Vide ADIN 4815) O ato da emissora consiste em uma violação a um direito da personalidade presente no artigo 5° da constituição, que diz, em seu inciso X: Art-5° X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Assim, também traz o Código Civil em seu artigo 12°: Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. art. 12, § único, do CC. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. E em seu artigo Art. 17. Art.17°- O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Os direitos da Personalidade possuem como uma das características principais o fato de serem imprescritíveis. O que significa que não se exaurem os seus efeitos e, portanto, o Juiz não poderia negar o pedido com base na prescrição deste. Levando em consideração o caso exposto no enunciado, mediante a ameaça de violação do direito a integridade moral do indivíduo, Adonias deve pedir uma medida de natureza preventiva. Por outro lado, caso a emissora venha a violar a moral de Adonias e de seu falecido pai, a medida deve ser de natureza repressiva, quando há o intuito de regredir os efeitos da violação. Sendo observado também, que o pai de Adonias, ainda que morto, tem a sua honra garantida em lei de igual forma no Código Civil. Assim trás, também, o artigo 20 do CC: Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815) Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. D – Se positivo, que tipo de ação Adonias pode manusear? Justifique e fundamente. Uma ação de natureza preventiva. Quando o ato ainda não forneceu um dano concreto a personalidade da pessoa, mas há uma ameaçade alguém a lesar essa. Tal ação tem o intuito de impedir que a ameaça seja concretizada, para que não haja lesão ao direito da Personalidade. Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. E – Se a emissora divulgar o fato, Adonias tem algum tipo de ação contra a emissora? Sim, de natureza repressiva. Quando houver um dano real aos direitos da Personalidade, é necessário, uma ação de natureza repressiva, com o intuito de reverter os danos causados pela exposição e, se preciso, a cobrança de danos morais pela violação do direito. Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. O direito a resposta é indenização pelo dano vem previsto no artigo 5° da CF/98. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; F – Faça a distinção entre ação inibitória e ação ressarcitória? A tutela inibitória é prestada por meio de ação de conhecimento, e assim não se liga instrumentalmente a nenhuma ação que possa ser dita “principal”. Trata-se de “ação de conhecimento” de natureza preventiva, destinada a impedir a prática, a repetição ou a continuação do ilícito A sua importância deriva do fato de que constitui ação de conhecimento que efetivamente pode inibir o ilícito. Dessa forma, distancia-se, em primeiro lugar, da ação Cautelar, a qual é caracterizada por sua ligação com uma ação principal, e, depois, da ação declaratória, a qual já foi pensada como “preventiva”, ainda que destituída de mecanismos de execução realmente capazes de impedir o ilícito. Em tema de responsabilidade civil, sempre esteve presente, no direito brasileiro, o princípio da dupla forma de ressarcimento: ou o ressarcimento na forma específica ou a indenização em dinheiro. Mais do que isto, o direito brasileiro sempre deu prioridade ao ressarcimento na forma específica em relação ao ressarcimento em pecúnia. Neste sentido, basta atentar para a norma que estava no art. 1.537 do CC de 1.916 – agora reproduzida no art. 947 do Código Civil de 2.002 -, assim escrita: “Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente”. Esta norma estabelece a centralidade do ressarcimento na forma específica, deixando em segundo lugar a indenização em dinheiro, que por isto é meramente subsidiária. Isto quer dizer que, na ação que objetiva reparar ato ilícito, “o pedido pode dirigir-se a restauração em natura, e somente quando haja dificuldade extrema ou impossibilidade de se restaurar em natura é que, em lugar disso, se há de exigir a indenização em dinheiro”. Portanto, é errado imaginar que o ordenamento jurídico brasileiro não permite o ressarcimento na forma específica. http://www.abdpc.org.br/artigos/artigo16.htm http://www.abdpc.org.br/artigos/artigo12.htm G – Com relação ao pai, quais pessoas teriam legitimidade para ingressar com ação contra a emissora? De acordo com o código Civil, as pessoas a possuírem tal legitimidade o cônjuge sobrevivente, caso ele possua, ou qualquer outro parente em linha reta ou colateral até o 4° grau. Assim expõe o artigo 12 do CC. Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Caso seja uma ação de natureza patrimonial, a legitimação se dá no artigo 20° do CC. Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815) Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. H – Se confirmada a paternidade e concedida a mudança de nome, haverá um registro ou uma averbação no Cartório de Registro Civil? Haverá uma averbação. Como trás o inciso II do Parágrafo 10 do código Civil. Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: I – das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II – dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; I – Em querendo Adonias fazer a cirurgia para mudança de sexo, de acordo com a legislação vigente, seria possível a cirurgia? Apesar do artigo 13 do CC limitar o autoflagelo, não se sabe ao certo se o legislador desejava incluir a cirurgia de transgénero em tal deflagração do corpo humano, e por isso muito se discute a respeito da autorização ou não de fazê-la. Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Na esfera jurídica, entendemos que o artigo 5º da Constituição Federal não veda a orientação sexual dos brasileiros, sendo esta livre. Em seu artigo 199, mencionada que: “...A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, ...”. Já foram criadas as leis ordinárias: 9.434/97 e 10.205/01, disciplinando estes assuntos. Entendo que mesmo com o advento do art. 13 do novo Código Civil, o legislador brasileiro continua a permitir tacitamente a prática da cirurgia transgenital no Brasil, bem como ser perfeitamente possível a busca da tutela jurisdicional para a retificação do nome e do sexo do interessado. Evidente que extirpar o pênis e os testítulos de alguém e, artificialmente, criar uma vagina forjada na região apropriada, não passa apenas pelo simples ato cirúrgico. Este paciente deve estar preparado da irreversibilidade do ato, por isso o acompanhamento multidiciplinar, previsto na resolução do Conselho Federal de Medicina, ser muito importante. Não podemos deixar de observar que estas operações são gratuitas na Grã-Bretanha e realizadas normalmente na França. O Brasil é um País preconceituoso e extremamente falso moralista, mas não podemos negar o direito à saúde dos brasileiros, como estatui a definição da Organização Mundial de Saúde: “a saúde é um completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Assim, deve-se observar que indivíduos com transtorno de identidade de gênero merecem serem tratados condignamente. A frustração, a dor e o sofrimento, que podem levar à depressão e outros desdobramentos, são constantes neste quadro clínico. Cabe ao profissional de saúde atuar de modo a possibilitar que este indivíduo venha a se aceitar como um todo coerente, resgatando a saúde, o bem-estar e a felicidade. Afinal, somos todos seres humanos! (LIMA, Antônio Carlos de. Cirurgia para mudança de sexo, o novo Código Civil proíbe?. Revista Jus Navigandi,ISSN 1518-4862, Teresina, ano 7, n. 60, 1 nov. 2002. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/3375. Acesso em: 21 set. 2022.) O Ministério da Saúde autorizou formalmente o Sistema Único de Saúde (SUS) a realizar a cirurgia e tratamento de “redesignação sexual” para homens transexuais — que nasceram biologicamente mulheres, mas se identificam com o gênero masculino. A Portaria nº 1.370, que permite os procedimentos, foi publicada na segunda-feira 24 no Diário Oficial da União J – Se fosse ou for possível a cirurgia, se a mesma for realizada, Adonias terá direito à mudança de nome? Independentemente da realização de cirurgia de adequação sexual, é possível a alteração do sexo constante no registro civil de transexual que comprove judicialmente a mudança de gênero. Nesses casos, a averbação deve ser realizada no assentamento de nascimento original com a indicação da determinação judicial, proibida a inclusão, ainda que sigilosa, da expressão “transexual”, do sexo biológico ou dos motivos das modificações registrais. O entendimento foi firmado pela Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao acolher pedido de modificação de prenome e de gênero de transexual que apresentou avaliação psicológica pericial para demonstrar identificação social como mulher. Para o colegiado, o direito dos transexuais à retificação do registro não pode ser condicionado à realização de cirurgia, que pode inclusive ser inviável do ponto de vista financeiro ou por impedimento médico. No pedido de retificação de registro, a autora afirmou que, apesar de não ter se submetido à operação de transgenitalização, realizou intervenções hormonais e cirúrgicas para adequar sua aparência física à realidade psíquica, o que gerou dissonância evidente entre sua imagem e os dados constantes do assentamento civil. K – Se Adonias quiser dispor de seu corpo para depois de sua morte, será possível fazê-lo. Se positivo de que forma? Sim. De acordo com o Artigo 14 do Código Civil: Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Portanto, caso Adonias queira, pode manifestar a sua vontade em vida de optar pela doação de órgãos ou o uso de seu corpo em pesquisa. Salvo se a família em um momento de dor e luto discordarem de tal disposição revogando a vontade manifesta do morto em vida. L – Como foi tratada a alteração de nome pela nova Lei de Registros Públicos 14.382/22. O que foi alterado? Mudança na lei agora permite que pessoas maiores de 18 anos possam mudar nome diretamente em cartórios 26/08/2022 – 10:19 Uma novidade na legislação federal agora poderá beneficiar pessoas que desejam alterar seus nomes de forma facilitada. Com a aprovação da Lei 14.382/2022, pessoas maiores de 18 anos podem alterar seu prenome e sobrenome independentemente do motivo. A Lei vale também para bebês, com alterações feitas em até 15 dias após o registro civil. O prenome é o nome que vem antes do sobrenome/nome de família, tal como ‘João da Silva’, em que ‘João’ é o prenome e ‘Silva’ é o sobrenome. A lei recém-aprovada modificou os artigos 56 e 57 de uma legislação de 1973, a Lei dos Registros Públicos, que até então exigia justificativa e impunha restrições para as mudanças. A novidade é que agora a alteração de nome poderá ser realizada diretamente nos Cartórios de Registro Civil, sendo necessária a apresentação de certidões e de outras documentações necessárias, como documentos pessoais (RG e CPF), não sendo exigida autorização judicial. Após a alteração em cartório, a mudança será comunicada por meio eletrônico aos órgãos expedidores de documentos pessoais, como documento de identidade, CPF e passaporte. O valor do procedimento de mudança é variável de acordo com a unidade da federação, e tabelado por lei. Para os casos de recém-nascidos, os pais precisam estar em consenso sobre a mudança, munidos da certidão de nascimento do bebê e documentos pessoais. Caso não haja consenso entre os pais, o caso será encaminhado pelo cartório ao juízo competente. De acordo com a coordenadora do setor de Registros Públicos da Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) em Curitiba, Cinthia Azevedo Santos Pecher, em outros casos de mudanças de nomes, é preciso ajuizar ação, e a DPE-PR pode prestar essa assistência. “A ação judicial poderá ser feita pela Defensoria Pública, que irá peticionar ao juiz explicando os fatos e pedindo que seja dada sentença para que o cartório possa emitir a certidão”, contextualiza a coordenadora. Até o momento, a DPE-PR não realizou orientações jurídicas para casos de mudanças de nome apenas em cartório, já que o processo agora é facilitado. Porém, em casos de retificações de nome e gênero, a DPE-PR segue realizando procedimentos para mulheres trans, homens trans e pessoas não-binárias. De acordo com a defensora, a DPE-PR atua na orientação do(a) usuário(a), oferecendo assistência gratuita para quem necessita realizar o procedimento. “A nova lei permite que vários procedimentos sejam feitos diretamente no cartório, e, ao mesmo tempo, não veda a judicialização, por isso a Defensoria continua auxiliando à população. Muitas vezes as pessoas têm dificuldades em conseguir toda a documentação exigida no cartório ou possuem dúvidas quanto ao procedimento, que nem sempre é tão simples, e quando procuraram o setor de Registros Públicos conseguem a orientação e também propor a ação cabível, garantindo assim o exercício dos seus direitos”, afirma. Para os pedidos de retificação para mulheres trans, o atendimento é feito pelo Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (NUDEM); homens trans e pessoas não-binárias devem procurar o Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos (NUCIDH). A DPE-PR realiza toda a orientação referente à relação de documentos necessários, além de acompanhar o procedimento até a sua conclusão. Leia os artigos 11 a 21 do Código Civil ........................................................................................................................................... 2. Quanto à individualização da pessoa natural, julgue os itens a seguir, fundamente a resposta, ou seja, determine o artigo de lei que justifica a resposta. (V) A pessoa natural é individualizada pelo nome, estado e domicílio. Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. (art. 63, LRP e item 33.4 do Capítulo XVII da NSCGJ-SP) (Art. 70, CC-02) Lei de Registros Publicos – Lei 6015/73 | Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 https://angelomestriner.jusbrasil.com.br/artigos/213914411/a-individualizacao-da-pessoa-natural-politico-individual-e-familiar (V) Nome é a designação ou sinal exterior pelo qual a pessoa é identificada no seio da família e da sociedade. Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. (V) O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. (F) A tutela do nome não alcança a do pseudônimo. Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. (F) O prenome é a parte do nome que identifica a origem familiar da pessoa. Art. 56 Lei 6.015/73 O prenome é um dos componentes do nome que antecede ao nome de família (sobrenome). Ele pode ser simples ou composto. (F) O prenome é imutável, salvo em algumas situações previstas em lei, necessitando de processo judicial para se proceder a alterações. Com a aprovação da Lei 14.382/2022, pessoas maiores de 18 anos podem alterar seu prenome independentemente do motivo. A Lei vale também para bebês, com alterações feitas em até 15 dias após o registro civil. (F) Em relação ao sobrenome sua imutabilidade é absoluta.O sobrenome é dado (pelos genitores ou por quem os substitua) quando se realiza o registro civil do filho ou filha, e é definitivo, mas não imutável. Somente em algumas possibilidades previstas em lei é possível alterar o sobrenome sem autorização judicial, como o casamento (e a união estável), o divórcio e a viuvez. (V) O Estado constitui a soma de qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos. A doutrina distingue três ordens de estado: o individual (é o modo de ser da pessoa quanto à idade, sexo, cor, altura, saúde etc...), o familiar (solteiro, casado, viúvo, divorciado etc...) e o político (nacional ou estrangeiro). https://angelomestriner.jusbrasil.com.br/artigos/213914411/a-individualizacao-da-pessoa-natural-politico-individual-e-familiar (V) O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela, de modo definitivo, estabelece sua residência. Contudo, é também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. (F) O conceito de domicílio civil se compõe de apenas um elemento, a saber, a residência, que para o Direito Civil tem o mesmo significado de morada ou habitação. Elemento objetivo ou subjetivo Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. (V) O domicílio pode ser: (a) voluntário (depende da vontade exclusiva do interessado); e (b) necessário ou legal (determinado pela lei). Quanto à natureza, um domicílio pode ser classificado de duas maneiras: O classificado como Voluntário decorre do ato de livre vontade do sujeito, que fixa residência em um determinado local, com ânimo definitivo; o classificado como Legal/Necessário decorre da lei, em atenção à condição especial de determinadas pessoas (art. 76, CC). (V) O domicílio voluntário pode ser geral (ou comum) e especial. O geral se dá quando a pessoa não se sujeita a domicílio necessário, podendo escolher livremente seu domicílio; o especial é o estabelecido em contrato (foro de eleição). Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. (F)A parte não poderá abrir mão do foro de eleição, mesmo sendo ela a beneficiária de tal cláusula contratual. Isto é, não pode a parte beneficiada pelo foro de eleição propor ação no foro do domicílio do réu. Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. (V) O foro de eleição é admitido nos contratos de adesão. Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. STJ reconhece validade de cláusula de eleição de foro em contrato de adesão. Cláusula de eleição de foro em contrato de adesão de compra e venda de imóvel só é inválida se ficar provada a hipossuficiência de uma das partes. A decisão é da 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça. (Além dos artigos citados leia os artigos 70 a 78 do Código Civil) ............................................................................................................................................. Sobre a pessoa jurídica analise os casos hipotéticos e responda de forma justificada e fundamentada Questões 3, 4, 5, 6 e7 (artigos 40 a 62 do Código Civil). 3. Amanda quer constituir uma pessoa jurídica. Sobre esta situação verifique: A – Quais são os requisitos para que Amanda constitua essa pessoa jurídica? A pessoa jurídica possui um ciclo de existência. A sua existência legal, no sistema das disposições normativas, exige a observância da legislação em vigor, que considera indispensável o registro para a aquisição de sua personalidade jurídica. Assim, para que Amanda possa constituir uma pessoa jurídica é necessário: uma vontade humana criadora, observância das condições legais para sua formação, licitude de finalidade (propósito) e organização de pessoas ou destinação de patrimônio afetado a um fim específico. A vontade humana traduz o elemento anímico para a formação de uma pessoa jurídica. Quer se trate de uma associação ou sociedade, resultante da reunião de pessoas, quer se trate de uma fundação, fruto da dotação patrimonial afetada a uma finalidade, a manifestação de vontade é imprescindível. Não se pode conceber, no campo do direito privado, a formação de uma pessoa jurídica por simples imposição estatal, em prejuízo da autonomia negocial e da livre iniciativa. A unidade orgânica do ente coletivo decorre exatamente desse elemento imaterial. A observância das condições estabelecidas em lei, seria a inscrição dos seus atos constitutivos (contrato social ou estatuto) no registro peculiar. Algumas sociedades, outrossim, em virtude das peculiaridades de seu objeto ou do risco que a sua atividade representa à economia ou ao sistema financeiro nacional, demandam, além do registro, autorização governamental para o seu funcionamento. E a licitude de seu objetivo ou finalidade seria o entendimento de que não há que se reconhecer existência legal e validade à pessoa jurídica objeto social ilícito ou proibido por lei, pois a autonomia da vontade não chega a esse ponto. Segundo FÁBIO ULHOA COELHO: "o princípio da autonomia da vontade significa que as pessoas podem dispor sobre os seus interesses, através de transações com as outras pessoas envolvidas. Estas transações, contudo, geram efeitos jurídicos vinculantes, se a ordem positiva assim o estabelecer. A autonomia da vontade, assim, é limitada pela lei”. B – Amanda constituiu a sociedade juntamente com sua irmã Agatha, mas não a registrou. Qual a situação jurídica da sociedade das mesmas? Amanda e Agatha constituem uma sociedade de fato. As sociedades em comum ou de fato são aquelas que funcionam, exercitando atividades empresariais, sem, contudo, haver se constituído segundo os dispositivos legais, não arquivando os seus atos constitutivos, se houver, no registro de pessoas jurídicas. Essas sociedades poderão usar um nome social, ter um domicílio certo, dar um título ao seu estabelecimento, contudo, não possuem personalidade jurídica, já que os seus atos constitutivos não foram arquivados no registro próprio. Como exposto dos artigos 986 ao artigo 990. Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples. Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo. Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum. Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer. Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. C – Não conseguindo pagar as dívidas constituídas desta sociedade, como será a responsabilidade das sócias. As sociedades de fato são aquelas que não possuem personalidade jurídica em decorrência de não possuírem registro, ouseja, não estando devidamente constituídas, tornando-se assim uma sociedade não personificada. São espécies de sociedades não personificadas a sociedade em conta de participação e a sociedade comum, também chamada de irregular ou de fato, no entanto somente essa ultima será objeto do nosso estudo. Muito embora, entenda-se que, as sociedades de fato e as irregulares são análogas, há que se denotar suas distinções, pois as sociedades de fato não possuem ato constitutivo, enquanto que as sociedades irregulares possuem seus atos constitutivos, porém sem estarem devidamente inscritos nos órgãos competentes. Entretanto, o fato da sociedade não estar legalizada, ainda sim poderá ser reconhecida judicialmente caso necessário. O negócio jurídico pode ser reconhecido através de ação de reconhecimento de sociedade de fato, contudo seu reconhecimento se faz vital por meio de provas e um trâmite moroso, geralmente patrocinado pelo sócio prejudicado. Inclusive, o Código Civil, em seu art. 986, permite a condição citada acima, observe: “Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.” Essa questão trazida a baila, tem disposição legal vinculada no artigo 987, indicando que “os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo”, fato esse que poderá ser provado de mediante confissão, documento, testemunha, presunção, perícia e também poderá provar-se por todos os meios de direito admitidos. Admitir que as sociedades de fato só poderiam ser provadas mediante documento escrito implicaria esvaziar a própria definição do instituto e exaltar o enriquecimento sem causa. A falta do documento escrito, como sustentado, constitui irregularidade, mas não desnatura a capacidade de um dos sócios a postular em juízo, em seu nome, para reaver o patrimônio a que tem direito. Nesses termos, o empresário que participe de uma sociedade de fato e esteja diante de litígios com os demais sócios, surtindo assim a necessidade de comprovação dessa sociedade, deverá valer-se do objeto da ação de reconhecimento de sociedade de fato, tendo em vista, essa ter sido constituída irregularmente, uma vez que o registro da sociedade é imprescindível. É pertinente ressaltar que as sociedades de fato reger-se-á na forma da sociedade simples, ponto esse que destacamos a responsabilidade do sócio nesse tipo societário, o qual poderão ter seus bens pessoais executados depois de liquidados os bens sociais. Por outro lado, caso a empresa fosse constituída juridicamente como sociedade simples limitada, com contrato expresso o qual é imprescindível, na qual a responsabilidade dos sócios é restrita ao valor do capital social, ou seja, cada sócio tem obrigação com a sua parte no capital as execuções em face da empresa não poderiam atingir os bens dos sócios. Diante de uma sociedade de fato, ou seja, sem o seu respectivo registro notamos uma série de irregularidades, as quais podemos elencar dentre elas, as responsabilidades perante terceiros, bem como sua responsabilidade tributária com o registro na Receita Federal, Posto Fiscal, município e demais órgãos que a empresa poderá estar sujeita ao cadastro em virtude da natureza de sua atividade, como a Cetesb por exemplo. Nesse passo, temos uma conclusão clara sobre as sociedades de fato, o qual, muito embora o legislador considerou essa modalidade, vez que disponibilizou até mesmo um dispositivo para tratar essa questão e uma regra congênere a ser aplicada (sociedade simples), entendemos estarmos frente a uma afronta ao ordenamento jurídico, visto que, atravessa a legislação tributária e societária criando uma concorrência desleal com trâmites e ritos não percorridos pelos demais tipos societários regularmente registrados, o quais se valem de um contrato, que tem por ímpeto tratar de um fato consumado, uma comunhão de bens e interesses. D – Se esta empresa tivesse sido registrada na modalidade de Sociedade Limitada (LTDA) a situação se modificaria? Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. § 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples. Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. Art. 1.054. O contrato mencionará, no que couber, as indicações do art. 997, e, se for o caso, a firma social. O código civil traz exposto em seus artigos 49° e 50°. Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) Assim a pessoa jurídica é constituída com a finalidade de separar e garantir a autonomia patrimonial, portanto, uma responsabilidade ou obrigação da pessoa jurídica não chega a figura da pessoa física. Salvo em casos que o juiz autorizar a desconsideração dessa parede para corrigir um ato de má fé dos sócios. Assim sendo, a desconsideração de personalidade jurídica se daria apenas em casos de abuso de personalidade, divido em: desvio de finalidade (a utilização de pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza nos termos do §1 do artigo 50) e confusão patrimonial (a ausência de separação de fato entre patrimônios conforme o §2° do artigo 50). Mediante a um requerimento da parte interessada ou do Ministério Público e autorização judicial, lembrando que essa autorização para desconsiderar a barreira entre o patrimônio da pessoa jurídica e da pessoa física se daria de forma individual (não podendo se estender para casos semelhantes, apesar das provas obtidas poderem ser usadas para abreviar o percurso do caso). ............................................................................................................................................. 4. O espólio de Jairo ingressou em juízo para executar um devedor do mesmo. O juiz afirmou que deveria compor o polo ativo todos os herdeiros e não o espólio, pois, por não ter personalidade jurídica, o espólio não tem legitimidade. Agiu corretamente o juiz? Não. É o nome que se dá ao conjunto de bens, direitos e obrigações deixados pela pessoa falecida. O Código Civil prevê que as dívidas devem ser “descontadas” do espólio antes que os herdeiros recebam a diferença que restou ou, se já feita a partilha, o pagamento deve ser feito pelos herdeiros, no limite do valor transmitido. No entanto, existem modalidades de empréstimos que podem ser contratados em conjunto com o seguro prestamista, que tem por objetivo garantir a quitação de uma dívida do segurado no caso de sua morte ou invalidez permanente.Alguns exemplos nos quais o seguro prestamista pode ser contratado são empréstimos junto a financeiras e bancos, consórcios, financiamentos de bens e empréstimos com pagamento consignado em folha. Quando a ação de execução é ajuizada contra devedor que faleceu antes mesmo do início do processo, configura-se quadro de ilegitimidade passiva da parte executada. Nesses casos, é admissível a emenda à petição inicial para regularização do processo, a fim de que o espólio se torne sujeito passivo, pois cabe a ele responder pelas dívidas do falecido, conforme previsto pelo artigo 597 do Código de Processo Civil de 1973. . O Art. 796 do Novo Código de Processo Civil deixa claro que o espólio responde pelas dívidas do falecido, mas, feita a partilha, cada herdeiro responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe coube. Seus, forem insuficientes à satisfação do direito do credor. § 2º O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo. § 3º O disposto no caput não se aplica se o fiador houver renunciado ao benefício de ordem. Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei. § 1º O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem o direito de exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade. § 2º Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1º nomear quantos bens da sociedade situados na mesma comarca, livres e desembargados, bastem para pagar o débito. § 3º O sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade nos autos do mesmo processo. § 4º Para a desconsideração da personalidade jurídica é obrigatória a observância do incidente previsto neste Código. Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas, feita a partilha, cada herdeiro responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe coube. Desse modo, é correto afirmar que, de um lado, se já houver sido ajuizada a ação de inventário e já houver inventariante compromissado, a ele caberá a representação judicial do espólio; de outro lado, caso ainda não tenha sido ajuizada a ação de inventário ou, ainda que proposta, ainda não haja inventariante devidamente compromissado, ao administrador provisório caberá a representação judicial do espólio, ao possibilitar que o credor emende a petição inicial e corrija o polo passivo. ............................................................................................................................................. 5. Uma fundação resolveu fazer uma divisão de patrimônio acumulado para seus dirigentes. Como advogado você pegaria esta ação para pleitear ao juiz a liberação da divisão? Não. As Fundações não poderão ter fins lucrativos. Segundo o Parágrafo único do art. 62, somente poderão se constituir para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. A princípio, seus dirigentes não podem exercer atividade remunerada, porém, segundo o art. 34 da Lei n. 10.637, de 30 de dezembro de 2002, "a condição e a vedação estabelecidas, respectivamente, no art. 13, § 2o, III, b, da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e no art. 12, § 2o, a, da Lei n. 9.532, de 10 de dezembro de 1997, não alcançam a hipótese de remuneração de dirigente, em decorrência de vínculo empregatício, pelas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), qualificadas segundo as normas estabelecidas na Lei n. 9.790, de 23 de março de 1999, e pelas Organizações Sociais (OSCIP), qualificadas consoante os dispositivos da Lei n. 9.637, de 15 de maio de 1998". Ressalva-se, ainda, segundo o Parágrafo único de referido artigo, que esta remuneração aplica-se, somente, em seu valor bruto, ao limite estabelecido para a remuneração de servidores do Poder Executivo Federal. Quaisquer formas de distribuição de lucros ou dividendos a quem a institui ou venha a administrá-la, são vedadas por lei. Podem, entretanto, exercer atividade econômica para a obtenção de recursos desde que estes sejam reinvestidos integralmente em suas finalidades estatutárias. Também diz o artigo 6º da Lei nº 12.101: Art. 6º O inciso I do art. 29 da Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009 , passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 29. ....................................................................... I – não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos, exceto no caso de associações assistenciais ou fundações, sem fins lucrativos, cujos dirigentes poderão ser remunerados, desde que atuem efetivamente na gestão executiva, respeitados como limites máximos os valores praticados pelo mercado na região correspondente à sua área de atuação, devendo seu valor ser fixado pelo órgão de deliberação superior da entidade, registrado em ata, com comunicação ao Ministério Público, no caso das fundações; ............................................................................................................................................. 6. Veja o esquema abaixo: As pessoas jurídicas são classificadas em: · Pessoa jurídica de Direito Público da Administração Direta. · Pessoa jurídica de Direito Público da Administração Indireta. · Pessoa jurídica de Direito Privado. Você como estudante de Direito foi consultada para saber quais pessoas jurídicas se enquadram em cada classificação. Responda à consulta. A Pessoa jurídica de Direito Público da Administração Direta e a Pessoa jurídica de Direito Público da Administração Indireta. pertencem ao Direito público interno (expressas no artigo 41° do Código Civil). Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I – a União; II – os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III – os Municípios; IV – as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) V – as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. Sendo pertencentes a Administração Direta: a União, os Estados, o Distrito Federal, Territórios, Município. E pertencentes a Administração Indireta os órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade própria para o exercício de atividade de interesse público, são elas: as autarquias, fundações públicas e demais entidades de caráter público criadas por lei. Já a Pessoa jurídica de Direito Privado são: as associações, as sociedades, as Fundações, as organizações religiosas e os partidos políticos. Como expresso no artigo 44° do Código Civil: Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) ............................................................................................................................................. 7. No bairro Eldorado os moradores criaram uma pessoa jurídica na modalidade associação para cuidar dos direitos da comunidade. Todos os moradores adquiriram uma quota. Constitui uma das formas de manutenção da associação o pagamento anual de uma quantia definida pelo órgão deliberativo. Antônio vendeu sua casa para Mauro em janeiro de 2022 e se mudou, transferindo sua quota para o comprador. Mauro resolveu participar da reunião de associados no que foi impedido. Diante da situação responda A. Ao não permitir Mauro participar como associado, a associação agiu dentro da legalidade? Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto nãodispuser o contrário. Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si , na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Parágrafo único. (revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. B. Antônio poderia acionar os associados para devolução do que pagou em 2022, uma vez que se mudou em janeiro, logo depois de ter quitado o pagamento do ano? Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. § 1 o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. .............................................................................................................................................