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AIS IV - Atenção Integral à Saúde Perda Auditiva Relacionada ao Trabalho: Contexto: AUDIÇÃO, O SENTIDO MAIS NOBRE: Santos, 1999 • Por ter maior precisão, maior sensibilidade e maior alcance. • Por captar mensagens, transmiti-las ao cérebro e receber deste, orientação para comportamento. Doença dos Bronzistas: • Trabalhadores que moldavam o bronze para a fabricação de vasilhames. “Primeiramente, pois, o contínuo ruído danifica o orelha, e depois toda a cabeça; tornam-se um pouco surdos e, se envelhecem no mister, ficam completamente surdos, porque o tímpano perde sua tensão natural com a incessante percussão que repercute, por sua vez, para os lados, no interior da orelha, perturbando e debilitando todos os órgãos da audição.” (RAMAZZINI, 1999, p.245) 363 SOM X RUÍDO: SOM: qualquer vibração de um meio elástico, sólido, líquido ou gasoso que produza sensação auditiva. RUÍDO: um sinal acústico aperiódico, originado da superposição de vários movimentos de vibração com diferentes freqüências que não apresentam relação entre si. de Almeida, C. L., 2013 1.0 RUÍDO DE IMPACTO: aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo. Anexo 1 Norma Regulamentadora NR-15(Portaria 3214, de 08.06.1978) O som captado pelo ouvido: ● O valor do limiar da audibilidade vai de 0 dB(A), até 20.000 Hz. ● Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. ● O limiar da dor encontra-se a partir de 140 dB(A). ● Os infrassons encontram-se em faixas abaixo de 20 Hz e os ultrassons compreendem as faixas acima de 20.000 Hz. Formas de comprometimento do sistema auditivo no trabalho: ● Exposição a ruído intenso ● Exposição crônica a alguns agentes químicos ● Exposição súbita a ruído muito intenso → trauma acústico ● Traumatismos mecânicos ou físicos – barotraumas. ● Contaminações fúngicas, bacterianas e virais. Epidemiologia: A exposição ao ruído, pela freqüência e por suas múltiplas consequências sobre o organismo humano, representam um dos principais problemas AIS IV - Atenção Integral à Saúde de saúde ocupacional e ambiental no mundo do trabalho. Manual de Doenças Relacionadas ao Trabalho, 2001 Muito mais casos em homens. Mais casos no Sudeste. Anatomofisiologia da orelha: Córtex auditivo: Efeitos do ruído na orelha interna: ● Edema das terminações nervosas junto às células ciliadas; ● Alterações vasculares, químicas e exaustão metabólica; ● Diminuição da rigidez dos estereocílios, que ocasionam uma redução na capacidade das células em perceberem a energia sonora que as atingem; (SANTOS; MORATA, 1994). AIS IV - Atenção Integral à Saúde Imagens de microscópio eletrônico de células ciliadas cocleares normais (à esquerda) e imediatamente após trauma sonoro (à direita): Arcabouço legal que envolve a prevenção das perdas auditivas: ➢NR. 15 do MT ➢PORTARIA N.º 19, DE 9 DE ABRIL DE 1998 Norma Regulamentadora N. 7 do MT ➢Norma Técnica do INSS 608/1998 Convenção Internacional OIT N. 148 Anexo 1 Norma Regulamentadora NR15(Portaria 3214, de 08.06.1978): Limiares auditivos: PERDAS AUDITIVAS ● Neurossensorial: atinge orelha interna ● Condutiva: distúrbios na via de condução do som ● Mista: condutiva e neurossensorial Perda Auditiva relacionada ao trabalho/PAINPSE: Características da PAIR/PAINPSE: ● Irreversibilidade ● Progressão gradual com o tempo de exposição ao risco. ● A sua história natural mostra, inicialmente, o comprometimento da ausculta dos limiares auditivos em uma ou mais freqüências da faixa de 3.000 a 6.000 Hz. ● As frequências mais altas e mais baixas poderão levar mais tempo para serem afetadas. ● Uma vez cessada a exposição, não haverá progressão da disacusia. AIS IV - Atenção Integral à Saúde Efeitos extra-auditivos associados: ● Desconforto gástrico ● HAS ● Distúrbios do sono ● Irritabilidade ● Sofrimento ● Isolamento Fatores de risco ambientais para as perdas auditivas: • AGENTES QUÍMICOS: solventes (tolueno, dissulfeto de carbono), fumos metálicos, gases asfixiantes (monóxido de carbono); • AGENTES FÍSICOSadicionais: vibrações, radiação e calor; • AGENTES BIOLÓGICOS: vírus, fungos e bactérias. FATORES METABÓLICOS E BIOQUÍMICOS: • O processo de transdução do estímulo acústico em excitação neural requer energia cuja fonte é o nosso metabolismo. • Mudanças na concentração de oxigênio e no metabolismo da glicose, geralmente, resultarão em mau funcionamento da orelha interna, com consequente alteração no equilíbrio e repercussão na acuidade auditiva. Anamnese: Coletar informações sobre: ● Ocupação; ● Jornada de trabalho; ● História ocupacional pregressa ● Antecedentes médicos ● Antecedentes familiares ● Atividades de lazer ● Existência de proteção coletiva na empresa ● Uso dos EPI Perguntas adicionais: ➔ O(A) senhor(a) tem pedido para os colegas do trabalho, as pessoas em geral repetirem as frases, com frequência? ➔ Tem dificuldades para entender conversas em ambientes com ruído, como restaurantes e bares? ➔ Ouve televisão em um volume mais alto do que o normal? ➔ Se há dificuldade para ouvir, tem conseguido participar de conversas em grupos presencialmente? ➔ Tem tido o desejo de se isolar, de evitar eventos sociais? Quadro Clínico: 1º ESTÁGIO: primeiras 2 ou 3 semanas de início da exposição. Relatos de zumbidos/tinidos (acufenos) em finais de jornada, sensação de plenitude auricular, cefaléia e tontura. A audiometria pós-exposição ao ruído pode mostrar aumento de limiares auditivos em freqüências agudas, reversíveis após afastamento da exposição; AIS IV - Atenção Integral à Saúde 2º ESTÁGIO: assintomático, eventuais tinidos. Pode durar de meses a anos e a audiometria pode mostrar perda de 30 a 40 dB (NA) na freqüência de 4 KHz, atingindo às vezes 3 e 6 KHz; 3º ESTÁGIO: Dificuldades para ouvir o tique-taque de relógios, o som de campainhas de residências, necessidade de aumentar o volume do rádio e TV, dificuldade para compreender alguns sons de consoantes principalmente em ambientes com ruídos de fundo, pode começar a pedir que repitam o que foi falado. O déficit audiométrico nas frequências atingidas na fase 2 aumenta de intensidade, podendo atingir de 45 a 60 dB (NA); 4º ESTÁGIO: surdez, dificuldade para ouvir a voz de familiares e colegas de trabalho, pede que falem mais alto. Por causa do recrutamento, os sons são percebidos de maneira distorcida, já descrita como “se fosse um rádio mal sintonizado”. A audiometria mostra comprometimento também das frequências de 2 e 8 KHz. Diagnóstico diferencial: Alterações do metabolismo e perda auditiva neurossensorial: ● Alterações renais, entre elas a Síndrome de Alport ● Diabetes mellitus (tontura, zumbidos e hipoacusia) ● Síndrome de Alströmg ; ● Insuficiência adrenocortical; ● Dislipidemias, hiperlipoproteinemias; ● Doenças que impliquem distúrbios no metabolismo do cálcio e do fósforo; ● Distúrbios no metabolismo das proteínas. (distúrbios de melanina); ● Hipercoagulação; Mucopolissacaridose; ● Disfunções tireoideanas (hiper e hipotireoidismo). Exame físico otológico: - Inspeção do meato acústico e tímpano. - Visualização de estruturas internas da orelha. OBS: A membrana timpânica normal é translúcida, brilhante, com a cor semelhante a uma pérola, é tensa e tem a forma semelhante ao cone de um alto-falante. Otites e cerume: Neurinoma do acústico Schwanoma do VIII par: Etiopatogenia do Schwannoma do VIII nervo não é plenamente conhecida. Há uma base genética envolvida, ligada à um defeito em um gene do braço longo do cromossomo 22 (gene NF-2) Diagnóstico Audiometria vocal: O paciente deve ouvir e repetir palavras que serão ditas pelo examinador. AIS IV - Atenção Integral à Saúde Exame audiométrico tonal: • Há evidências de que a audição é a ferramenta mais eficaz para a aprendizagem da linguagem falada, leitura e habilidades cognitivas. A experiência de ouvir na infância é fundamental para o desenvolvimento da fala e leitura (Colee Flexer, 2007). Isto enfatiza a importância de se equipar os deficientes auditivos o quanto antes com um aparelho auditivo ou implante coclear, a fim de melhorar as condições destes para se tornarem ativos e produtivos na sociedade. • Da mesma forma, uma criança que não receber estímulo auditivo terá seu córtex auditivo permanentemente atrofiado. A máxima neuroplasticidade do sistema auditivo central ocorre do nascimento até aproximadamente 3,5 anos de idade (Sharma et al., 2002). Situação Brasileira: No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece gratuitamente o implante coclear unilateral desde 1999. Nesse período, 2.800 pessoas foram implantadas, sendo que, apenas em 2012, foram realizadas 644 cirurgias (Brasil, 2013a). O valor médio dispendido pelo SUS para cada implante coclear é de aproximadamente R$ 46 mil, dos quais cerca de R$ 44 mil destinam-se à compra do dispositivo (Brasil, 2013b), e o restante, ao procedimento cirúrgico. O alto preço dos implantes cocleares deve-se principalmente ao fato que 100% dos mesmos são importados, visto que não há fabricantes nacionais com domínio dessa tecnologia. Somente em 2012, a despesa nacional com compra de ICs foi de R$ 28,47 milhões. O gráfico da Figura 3 representa os gastos do SUS referentes à compra de próteses importadas para implantação. No total, o valor empregado em implantes cocleares pelo SUS nos últimos cinco anos chega a R$ 127,12 milhões. Traçado audiométrico: Elementos sugestivos de desencadeamento de perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados: • Diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos no grupo de freqüências de 3.000, 4.000 e 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 10 dB (NA); • A piora em pelo menos uma das freqüências de 3.000, 4.000 ou 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 15 dB (NA). AIS IV - Atenção Integral à Saúde Portaria n.º 19, de 9 de abril de 1998 Anexo I - Quadro II - Diretrizes e Parâmetros Mínimos para Avaliação e Acompanhamento da audição em Trabalhadores Expostos a Níveis de Pressão Sonora Elevados, da NR 7 - Programa de controle Médico de Saúde Ocupacional. • Repouso auditivo por um período mínimo de 14 horas • Exames audiológicos de referência e seqüenciais • Audiômetro: aferição anual e calibração a cada 5 anos. • Periodicidade do exame audiométrico: na admissão, no 6º (sexto) mês após a mesma, anualmente a partir de então, e na demissão. Teste de Rinnie Teste de Weber Outros exames: ● BERA - Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico ● Emissões otoacústicas ● Imitanciometria Conduta/prognóstico: ● PCA ● Aparelho auditivo ● Implante Coclear Vantagens do implante coclear: ● Auxilia no desenvolvimento da fala e linguagem compatível com a idade. ● Melhora a autoestima do paciente, além de favorecer relacionamento e comunicação com a sociedade, família e amigos. ● Melhora os níveis de audição AIS IV - Atenção Integral à Saúde Quais principais diferenças entre o implante coclear e os aparelhos auditivos? • O objetivo dos aparelhos de audição é amplificar os sons para aqueles pacientes com perdas auditivas, a fim de que eles possam ouvir melhor, como se o aparelho aumentasse os sons, funcionando para quem já ouve. • Já o implante coclear não aumenta os sons, e é apenas um estimulador elétrico que tem a finalidade de imitar as funções do ouvido que são a captação do som, estimulando e ativando o nervo auditivo para que a pessoa ouça. Quem tem direito ao implante coclear pelo SUS? O implante coclear é recomendado para pacientes que tenham surdez sensorial e bilateral, que não tiveram resultado satisfatório usando próteses auditivas convencionais. Incapacidade x Perda auditiva; Pessoa com Deficiência (PCD) auditiva, comprovação de perda bilateral, a partir de 41 dB, nas frequências de: 500Hz, 1000Hz, 2000Hz e 3000Hz - Decreto 5296/2004. Vale ressaltar que dois critérios são necessários: O quanto a deficiência + reabilitação funcional da deficiência impactam e criam barreiras para que participem no trabalho em igualdade de condições com quem não tem a deficiência. PREVENÇÃO: • Vigilância dos ambientes, das condições de trabalho e da saúde dos trabalhadores expostos. • Idealmente, o controle do ruído deve se dar ainda na fase de projeto de instalação da unidade produtiva. • Deve ser desenvolvido um Programa de Conservação Auditiva, incluindo: • Avaliação dos níveis de exposição a ruído; • Adoção das medidas de proteção auditivas coletivas e individuais; • Monitoramento ambiental, médico e audiométrico; • Educação, motivação e supervisão; • Registro e guarda de documentos, consolidação, análise e divulgação dos achados, assim como providências administrativas e legais cabíveis; • Acompanhamento das ações • Diminuir o número de trabalhadores expostos • Diminuir o tempo de exposição; • Realização do exame médico periódico AIS IV - Atenção Integral à Saúde • Examinar os expostos, visando a identificar outros casos; • Notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do trabalhador) • Orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou controle dos fatores de risco Medidas para a melhoria da qualidade de vida; • Orientação • Informação sobre os sinais iniciais de PAIR, como, por exemplo, a presença de zumbidos. • Informação aos familiares: uso de sinais, fala pausada e em frente ao paciente, apontar objetos e pessoas acerca de quem se fala, mudar o que se disse usando outras palavras com mesmo significado, ao invés de elevar a voz e repetir o que foi dito; Ajustes no meio ambiente NBR 10.151 Controle do ruído: • No ambiente: - Dosimetria pontual: - Audiodosimetria: • Na propagação - Materiais absorvedores: - Isolamento acústico: • Na fonte - Caixa acústica para compressor: - Silenciador para ar comprimido: - Protetor auricular tipo concha: - Protetor auricular de inserção: