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Perda auditiva relacionada ao trabalho

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PERDA AUDITIVA RELACIONADA AO TRABALHO 
→ Exposição ao ruído, pela frequência e por 
suas múltiplas consequências sobre o 
organismo humano, representam um dos 
principais problemas de saúde ocupacional e 
ambiental no mundo do trabalho. 
→ Número de casos de Perda Auditiva Induzida 
por Ruído (PAIR) notificados no SINAN 
representam uma maior população 
masculina acometida, quando comparado 
com as mulheres, entre 2007-2012. 
o Sudeste, centro-oeste e nordeste são as 
regiões com mais casos notificados 
(ordem decrescente). 
AUDIÇÃO 
→ Tem maior precisão, sensibilidade e alcance. 
→ Capta mensagens, transmite-as ao cérebro e 
recebe deste, orientação para 
comportamento. 
SOM X RUÍDO 
→ SOM: qualquer vibração de um meio elástico, 
sólido, líquido ou gasoso que produza 
sensação auditiva. 
→ RUÍDO: um sinal acústico aperiódico, 
originado da superposição de vários 
movimentos de vibração com diferentes 
frequências que não apresentam relação 
entre si. 
o RUÍDO DE IMPACTO: apresenta picos de 
energia acústica de duração inferior a 1 
(um) segundo, a intervalos superiores a 1 
(um) segundo. Ex: arma de fogo. 
O SOM CAPTADO PELO OUVIDO 
→ O valor do limiar da audibilidade vai de 0 
dB(A), até 20.000 Hz. 
→ Não é permitida exposição a níveis de ruído 
acima de 115 dB(A) para indivíduos que não 
estejam adequadamente protegidos. 
→ O limiar da dor encontra-se a partir de 140 
dB(A). 
→ Os infrassons encontram-se em faixas abaixo 
de 20 Hz. 
→ Os ultrassons compreendem as faixas acima 
de 20.000 Hz. 
FORMAS DE COMPROMETIMENTO DO SISTEMA 
AUDITIVO NO TRABALHO 
→ Exposição a ruído intenso. 
o Exposição súbita causa trauma acústico. 
→ Exposição crônica a alguns agentes químicos. 
→ Contaminações fúngicas, bacterianas e virais. 
→ Traumatismos mecânicos ou físicos - 
barotraumas (ex: mergulhador de águas 
profundas e aeroviárias). 
EFEITOS DOS RUÍDOS NA ORELHA INTERNA 
→ Trata-se de uma perda auditiva irreversível, 
uma vez que células nervosas são atingidas 
pelos ruídos. 
→ Edema das terminações nervosas junto às 
células ciliadas. 
→ Alterações vasculares, químicas e exaustão 
metabólica. 
→ Diminuição da rigidez dos estereocílios, que 
ocasionam uma redução na capacidade das 
células em perceberem a energia sonora que 
as atingem. 
PREVENÇÃO DAS PERDAS AUDITIVAS 
→ Há um arcabouço legal que envolve essa 
prevenção - NR. 15 do MT. 
legenda: esse nível diz respeito a 1 máquina e a cada 
máquina colocada de mesmo nível de ruído, aumenta 3 db. 
LIMIARES AUDITIVOS 
→ Indivíduo haverá algum grau de perda 
auditiva se não reconhece sons a mais de 25 
db de estímulo sonoro. 
o 0 - 25 db: normal. 
o 25 - 40 db: grau leve. 
o 41 - 50 db: grau moderado. 
o 51 - 80 db: grau severo. 
o > 81 db: profundo. 
 
TIPOS DE PERDA AUDITIVA 
→ NEUROSSENSORIAL: atinge orelha interna 
(conduto auditivo). 
o Via óssea e aérea estão rebaixadas sem 
diferença de db - X ou O em cima dos 
sinais < > (GAP). 
→ CONDUTIVA: distúrbios na via de condução 
do som. 
o Via óssea está sempre preservada. 
→ MISTA: perda auditiva condutiva e 
neurossensorial. 
o Rebaixamento da via óssea e aérea e 
presença de GAP (X ou O não tem posição 
similar/próxima aos sinais < >). 
legenda: limiares auditivos normais bilateral. 
teste da via aérea: símbolos O e X; teste da via óssea: 
símbolo > e <. 
TRAÇADO AUDIOMÉTRICO 
→ Perda auditiva neurossensorial bilateral, 
entre 3 e 6 Hz: 
 
→ Hipoacusia mista profunda (> 81 db) em OD e 
hipoacusia neurossensorial leve em OE, nas 
frequências graves: 
 
→ Perda auditiva condutiva, bilateralmente: 
 
→ Perda auditiva mista, bilateralmente: 
 
CARACTERÍSTICAS DA PAIR/PAINPSE 
→ Irreversibilidade. 
→ Progressão gradual com o tempo de 
exposição ao risco (em torno de 5 anos). 
→ A sua história natural mostra, inicialmente, o 
comprometimento da ausculta dos limiares 
auditivos em uma ou mais frequências da 
faixa de 3.000 a 6.000 Hz. 
→ As frequências mais altas e mais baixas 
poderão levar mais tempo para serem 
afetadas. 
→ Uma vez cessada a exposição, não haverá 
progressão da disacusia. 
→ Mesmo com trabalhador protegendo o 
conduto auditivo, haverá perda auditiva pela 
propagação óssea do som (deve haver uma 
proteção dessa região corpórea também). 
→ Efeitos extra-auditivos associados: 
o Desconforto gástrico. 
o HAS. 
o Distúrbios do sono. 
o Irritabilidade. 
o Sofrimento. 
o Isolamento. 
FATORES DE RISCO AMBIENTAIS PARA AS PERDAS 
AUDITIVAS 
→ AGENTES QUÍMICOS: solventes (tolueno, 
dissulfeto de carbono), fumos metálicos, 
gases asfixiantes (monóxido de carbono). 
→ AGENTES FÍSICOS: vibrações, radiação e 
calor. 
→ AGENTES BIOLÓGICOS: vírus, fungos e 
bactérias. 
FATORES METABÓLICOS E BIOQUÍMICOS 
→ O processo de transdução do estímulo 
acústico em excitação neural requer energia 
cuja fonte é o nosso metabolismo. 
→ Mudanças na concentração de oxigênio e no 
metabolismo da glicose, geralmente, 
resultarão em mau funcionamento da orelha 
interna, com consequente alteração no 
equilíbrio e repercussão na acuidade 
auditiva. 
DIAGNÓSTICO 
→ Para a história clínica e ocupacional do 
indivíduo deve-se coletar informações sobre: 
o Ocupação; 
o Jornada de trabalho; 
o História ocupacional pregressa: trabalho 
anterior pode ter sido o fator causal da 
perda auditiva. 
o Antecedentes médicos; 
o Antecedentes familiares; 
o Atividades de lazer. 
o Existência de proteção coletiva na 
empresa. 
o Uso dos EPI. 
→ Pode se perguntar também acerca de 
dificuldades de entendimento de conversas 
em ambientes com ruídos, como restaurante 
e bares. 
→ Se indivíduo houve televisão em um volume 
mais alto do que o normal ou pede para os 
colegas de trabalho repetirem as frases com 
frequência. 
→ Se há dificuldade para ouvir, tem conseguido 
participar de conversas em grupos 
presencialmente ou tem o desejo de se 
isolar, evitando eventos sociais? 
QUADRO CLÍNICO 
→ ESTÁGIO 1: primeiras 2 ou 3 semanas de 
início da exposição. 
o Relatos de zumbidos/tinidos (acufenos) 
em finais de jornada, sensação de 
plenitude auricular, cefaleia e tontura. 
o A audiometria pós-exposição ao ruído 
pode mostrar aumento de limiares 
auditivos em frequências agudas, 
reversíveis após afastamento da 
exposição. 
→ ESTÁGIO 2: assintomático, eventuais tinidos. 
o Pode durar de meses a anos e a 
audiometria pode mostrar perda de 30 a 
40 dB (NA) na frequência de 4 KHz, 
atingindo às vezes 3 e 6 KHz; 
→ ESTÁGIO 3: Dificuldades para ouvir o tique-
taque de relógios, o som de campainhas de 
residências, necessidade de aumentar o 
volume do rádio e TV, dificuldade para 
compreender alguns sons de consoantes 
principalmente em ambientes com ruídos de 
fundo, pode começar a pedir que repitam o 
que foi falado. 
o O déficit audiométrico pode atingir de 45 
a 60 dB (NA); 
→ ESTÁGIO 4: surdez, dificuldade para ouvir a 
voz de familiares e colegas de trabalho, pede 
que falem mais alto. 
o A audiometria mostra comprometimento 
também das frequências de 2 e 8 KHz. 
EXAME FÍSICO OTOLÓGICO 
→ Otoscopia: Inspeção do meato acústico e 
tímpano. Visualização de estruturas internas 
da orelha. 
→ A membrana timpânica normal é 
translúcida, brilhante, com a cor 
semelhante a uma pérola, é tensa e 
tem a forma semelhante ao cone de 
um alto-falante. 
IMPLANTE COCLEAR 
→ A audição é a ferramenta mais eficaz para a 
aprendizagem da linguagem falada, leitura e 
habilidades cognitivas. 
o A experiência de ouvir na infância é 
fundamental para o desenvolvimento da 
fala e leitura, isto enfatiza a importância 
de se equipar os deficientes auditivos o 
quanto antes com um aparelho auditivo 
ou implante coclear, a fim de melhorar as 
condições destes para se tornarem ativos 
e produtivos na sociedade. 
o Uma criança que não receber estímulo 
auditivo terá seu córtex auditivo 
permanentemente atrofiado. A máxima 
neuroplasticidade do sistema auditivo 
central ocorre do nascimento até 
aproximadamente 3,5 anos de idade. 
→ Vantagens do implante coclear: 
o Auxiliano desenvolvimento da fala e 
linguagem compatível com a idade. 
o Melhora a autoestima do paciente, além 
de favorecer relacionamento e 
comunicação com a sociedade, família e 
amigos. 
o Melhora os níveis de audição. 
→ Implante x aparelho auditivo: 
o O objetivo dos aparelhos de audição é 
amplificar os sons para aqueles pacientes 
com perdas auditivas, a fim de que eles 
possam ouvir melhor, como se o aparelho 
aumentasse os sons, funcionando para 
quem já ouve. 
o Já o implante coclear não aumenta os 
sons, e é apenas um estimulador elétrico 
que tem a finalidade de imitar as funções 
do ouvido que são a captação do som, 
estimulando e ativando o nervo auditivo 
para que a pessoa ouça. 
→ Quem tem direito ao implante coclear pelo 
SUS? O implante coclear é recomendado 
para pacientes que tenham surdez sensorial 
e bilateral, que não tiveram resultado 
satisfatório usando próteses auditivas 
convencionais. 
o No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) 
fornece gratuitamente o implante 
coclear unilateral desde 1999. 
ELEMENTOS SUGESTIVOS DE DESENCADEAMENTO 
DE PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR NÍVEIS DE 
PRESSÃO SONORA ELEVADOS 
→ Diferença entre as médias aritméticas dos 
limiares auditivos no grupo de frequências de 
3.000, 4.000 e 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 
10 dB (NA). 
→ A piora em pelo menos uma das frequências 
de 3.000, 4.000 ou 6.000 Hz iguala ou 
ultrapassa 15 dB (NA). 
DIRETRIZES E PARÂMETROS MÍNIMOS PARA 
AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA AUDIÇÃO 
EM TRABALHADORES EXPOSTOS A NÍVEIS DE 
PRESSÃO SONORA ELEVADOS, DA NR 7 - 
PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE 
OCUPACIONAL. 
→ Repouso auditivo por um período mínimo de 
14 horas. 
→ Exames audiológicos de referência e 
sequenciais. 
o Audiômetro: aferição anual e calibração a 
cada 5 anos. 
o Periodicidade do exame audiométrico: na 
admissão, no 6º mês após a mesma, 
anualmente a partir de então, e na 
demissão. 
INCAPACIDADE X PERDA AUDITIVA 
→ Pessoa com Deficiência (PCD) auditiva: 
comprovação de perda bilateral, a partir de 
41 dB, nas frequências de: 500Hz, 1000Hz, 
2000Hz e 3000Hz. 
→ Vale ressaltar que dois critérios são 
necessários: 
o “O quanto a deficiência + reabilitação 
funcional da deficiência impactam e 
criam barreiras para que participem no 
trabalho em igualdade de condições com 
quem não tem a deficiência. 
PREVENÇÃO 
→ Vigilância dos ambientes, das condições de 
trabalho e da saúde dos trabalhadores 
expostos. 
→ Idealmente, o controle do ruído deve se dar 
ainda na fase de projeto de instalação da 
unidade produtiva. 
o No meio ambiente, o controle do ruído 
pode se dar por meio da dosimetria 
pontual e audiodosimetria. 
o Na propagação: por meio de materiais 
absorvedores, isolamento acústico. 
o Na fonte. 
→ Deve ser desenvolvido um Programa de 
Conservação Auditiva, incluindo: 
o Avaliação dos níveis de exposição a 
ruído. 
o Adoção das medidas de proteção 
auditivas coletivas e individuais 
(proteção coletiva vem primeiro que a 
individual). 
o Monitoramento ambiental, médico e 
audiométrico. 
o Educação, motivação e supervisão. 
→ Registro e guarda de documentos, 
consolidação, análise e divulgação dos 
achados, assim como providências 
administrativas e legais cabíveis; 
→ Acompanhamento das ações. 
→ Diminuir o número de trabalhadores 
expostos e o tempo de exposição. 
→ Realização do exame médico periódico. 
→ Examinar os expostos, visando a identificar 
outros casos. 
→ Notificar o caso aos sistemas de informação 
em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de 
saúde do trabalhador). 
→ Orientar o empregador para que adote os 
recursos técnicos e gerenciais adequados 
para eliminação ou controle dos fatores de 
risco. 
o Uso de protetor auricular tipo concha e 
de inserção. 
MEDIDAS PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DE 
VIDA 
→ Orientação. 
→ Informação sobre os sinais iniciais de PAIR, 
como a presença de zumbidos. 
→ Informação aos familiares: 
o Uso de sinais; 
o Fala pausada e em frente ao paciente, 
além de apontar objetos e pessoas acerca 
de quem se fala; 
o Mudar o que se disse usando outras 
palavras com mesmo significado, ao invés 
de elevar a voz e repetir o que foi dito.

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