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1 O PEDAGOGO E SUAS ÁREAS DE ATUAÇÃO Ronald Álex Santos Reis Marilene Nunes EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFACULDADE ÚNICA 1 O PEDAGOGO E SUAS ÁREAS DE ATUAÇÃO RONALD ÁLEX SANTOS REIS MARILENE NUNES 1 Ronald Álex Santos Reis Pedagogo (Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, UNILESTE-MG) e Especia- lista em Inspeção Escolar e Docência no Ensino Superior (Faculdade Única de Ipatin- ga). Atua como professor do Curso de Pedagogia (EAD) da Faculdade Única e como pro-fessor da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental na rede pública. Marilene Nunes Pedagoga (Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, UNILESTE-MG), Especialista em Gestão Estratégica de Recursos Humanos (Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, UNILESTE-MG) e Mestre em Administração com ênfase em Gestão do Conhecimento (Fa- culdades Integradas de Pedro Leopoldo, FIPEL). Possui mais de 20 anos de experiência nas áreas de docência (Educação Infantil e Ensino Superior), coordenação e supervisão peda- gógica. Atua como Coordenadora e professora do Curso de Pedagogia (EAD) da Faculdade Única. 2 O PEDAGOGO E SUAS ÁREAS DE ATUAÇÃO 1° edição Ipatinga, MG Faculdade Única 2021 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Diretor Executivo: Ger. do Núcleo de Educação à Distância: Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Revisão Gramatical e Ortográfica: Revisão/Diagramação/Estruturação: Design: Valdir Henrique Valério William José Ferreira Cristiane Lelis dos Santos Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Izabel Cristina da Costa Bruna Luíza Mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Aline de Paiva Alves Bárbara Carla Amorim O. Silva Élen Cristina Teixeira Oliveira Taisser Gustavo Soares Duarte .NEaD – Núcleo de Educação as Distancia FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor Reis, Ronald Álex Santos O pedagogo e suas áreas de atuação / Ronald Álex Santos Reis, Marile- ne Gonçalves Nunes. – 1. ed. Ipatinga, MG: Editora Única, 2020. 137 p. il. Inclui referências. ISBN: 978-65-990786-3-7 1. Pedagogia – Áreas de Atuação. 2. Pedagogo. I. Reis, Ronald Álex San- tos. II. Nunes, Marilene Gonçalves. III. Título. CDD: 371.422 CDU:37.04 R375p Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 4 LEGENDA DE Ícones Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas quais você precisa ficar atento. Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro. Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-os a suas ações. Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos conteúdos abordados no livro. Apresentação dos significados de um determinado termo ou palavras mostradas no decorrer do livro. FIQUE ATENTO BUSQUE POR MAIS VAMOS PENSAR? FIXANDO O CONTEÚDO GLOSSÁRIO 5 SUMÁRIO 1.1 Introdução...............................................................................................................................................................8 1.2 De onde vem a pedagogia?........................................................................................................................8 1.3 Fatos e marcos da história da pedagogia.......................................................................................12 1.4 As concepções e contribuições da pedagogia............................................................................16 2.1 Introdução...........................................................................................................................................................23 2.2 Comenius: o pai da pedagogia e das didáticas modernas...............................................23 2.3 Rousseau: o pai da pedagogia contemporânea e suas concepções.........................26 2.4 Teóricos tradicionais e suas concepções pedagógicas.......................................................29 2.5 Destrinchando o método de Paulo Freire.....................................................................................37 3.1 Introdução...........................................................................................................................................................48 3.2 Percurso percorrido durante a construção das diretrizes curriculares....................50 3.3 Estado atual dos cursos de pedagogia...........................................................................................52 UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3 PERCURSO HISTÓRICO DA PEDAGOGIA: IDENTIDADE EPISTEMOLÓGICA E PROFISSIONAL OS GRANDES TEÓRICOS DA PEDAGOGIA: DOS TRADICIONAIS AOS CONTEMPORÂNEOS 4.1 Introdução............................................................................................................................................................61 4.2 Características essenciais do bom pedagogo............................................................................61 4.3 Dismistificando o senso comum: o pedagogo é apenas professor?.........................62 4.4 Construção da identidade profissional dos pedagogos....................................................63 UNIDADE 4 DIRETRIZES QUE FUNDAMENTAM A PROFISSÃO DO PEDAGOGO A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO: COMPETÊNCIAS E HABILIDADES PARA ATUAÇÃO PROFISSIONAL UNIDADE 5 ATUAÇÃO DO PEDAGOGO: ÁREAS, ATRIBUIÇÕES E PRINCÍPIOS ÉTICOS 5.1 Introdução...........................................................................................................................................................72 5.2 Pedagogia: ampliando o olhar sobre o mercado de trabalho........................................72 5.3 A atuação do pedagogo em espaços não escolares.............................................................73 UNIDADE 6 A PEDAGOGIA COMO CAMPO INVESTIGATIVO TEÓRICO-PRÁTICO DA EDUCAÇÃO 6.1 Introdução............................................................................................................................................................91 6.2 As múltiplas faces da pedagogia.........................................................................................................91 6.3 Relação entre teoria e a prática dentro da pedagogia........................................................93 6.4 A face política da pedagogia.................................................................................................................95 6 UNIDADE 1 Nesta unidade, serão apresentadas informações acerca das origens da Pedagogia, que remontam ao século V, na Grécia antiga, que teve em Platão a primeira idealização de um Sistema educacional, que tinha como premissa rejeitar a educação que se praticava na Grécia até então. UNIDADE 2 A segunda unidade apresentará nomes e pensamentos de grandes teóricos da Pedagogia, desde os tradicionais até os contemporâneos, brasileiros e estrangeiros. Os pensamentos dessas figuras, consideradas como fundamentais no processo de construção do conceito de Pedagogia, serão abordados, bem como suas contribuições para a sociedade em diferentes épocas UNIDADE 3 Na unidade três, serão analisadas as DCN´s (Diretrizes Curriculares Nacionais) dos cursos de Pedagogia no Brasil e os marcos que contribuíram para sua consolidação, levando-se em conta a sua importância para o processo de construção da identidade da Pedagogia e dos pedagogos,como profissionais. UNIDADE 4 Após a análise das Diretrizes Curriculares Nacionais, que regulamentam as estruturas dos cursos de Pedagogia no Brasil, nesta unidade, serão destacadas as competências e habilidades exigidas dos profissionais que cursam e formam-se em Pedagogia, tendo em vista os estudos teórico-práticos, investigação e reflexão crítica acerca de diferentes noções elementares que envolvem as ações profissionais de um pedagogo. UNIDADE 5 Na unidade 5, serão demonstradas as áreas de atuação destinadas aos profissionais da Pedagogia e quais são as atribuições dos cargos em questão e os princípios éticos que norteiam cada uma das áreas de trabalho citadas. UNIDADE 6 Será apresentada a origem da educação especial e dos fatores culturais e bilíngues no processo educacional. Expõe os pontos importantes para as metodologias a serem utilizadas nas escolas e os conceitos a serem trabalhados em âmbito educacional. C O N FI R A N O L IV R O 7 PERCURSO HISTÓRICO DA PEDAGOGIA: IDENTIDADE EPISTEMOLÓGICA E PROFISSIONAL UNIDADE 01 8 1.1 INTRODUÇÃO O Ministério da Educação (MEC) (2019) por meio do Censo da Educação Superior, apontou que o curso de Pedagogia é um dos dez cursos de graduação com mais alunos matriculados no Brasil. Como aponta Libâneo (2001), a Pedagogia tem como principal funcionalidade a formação escolar de crianças, que engloba processos educativos diversificados, métodos variados e maneiras distintas de ensinar. Contudo, antes de qualquer coisa, ela tem um significado bem mais abrangente, já que é um campo de conhecimentos que abarca a problemática educativa em sua totalidade e marcas históricas. Tais apontamentos evidenciam que a Pedagogia possui papel preponderante no que se refere às discussões acerca dos rumos da educação brasileira. Porém, para melhor compreender as perspectivas que a Pedagogia infere sobre o campo educacional, é neces- sário analisar sua trajetória histórica. Por isso, nesta unidade, o ponto de partida problematizador se dará por uma reflexão acerca das origens da Pedagogia, com suas singularidades e complexidades socio históri- cas, principalmente para se dar maior visibilidade à construção da identidade profissional e epistemológica do pedagogo. Objetivos de aprendizagem: Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes conhecimentos: • Identificar e reconhecer os eventos que culminaram na origem da Pedagogia. • Indicar os marcos e fatos históricos que contribuíram na construção da identidade dos pedagogos. 1.2 DE ONDE VEM A PEDAGOGIA? Primeiramente, é necessário conhecer a base de construção vocabular da palavra Pedagogia, que advém do grego e, em sua etimologia, é derivada de dois radicais, que são Paidos, que, na língua grega antiga, significava “criança” e Agoge, que pode ser traduzido como “conduzir” ou “condução”. Assim, a origem da palavra Pedagogia tinha como signifi- cado “conduzir a criança”, isto é, ensiná-la e a ajudar em seu crescimento e desenvolvimen- to (ARAÚJO JR.; GASTAL, 2018). Esse processo de condução ao crescimento e desenvolvimento remonta ao período mais primitivo da história da humanidade, a Pré-História, período em que não existia edu- cação formal (Escolas), no qual os conhecimentos eram apreendidos pelas crianças por meio de seu ambiente físico e social, a partir de experiências empíricas, isto é, adquiridos por intermédio da observação e experiências cotidianas (ROSA; ZINGANO, 2013). Para elucidar melhor como a evolução do homem influenciou sua capacidade de aprender, é essencial mencionar as suas diferentes fases, que englobam o desenvolvimen- to de seus ancestrais (Hominídeos). Estas fases são: • Australopithecus (de 5 milhões a 1 milhão de anos atrás): período no qual o ho- mem era caçador, que lascava a pedra e construía abrigos. • Pitecanthropus (de 2 milhões a 200 mil anos atrás): fase em que o cérebro era pouco desenvolvido, na qual o homem vivia da colheita e da caça, alimentando-se de modo 9 misto, já conhecendo o fogo, mas mergulhado em uma conjuntura demarcada pelo medo e pela fragilidade; • Homem de Neandertal (de 200 mil a 40 mil anos atrás): período em que o homem aperfeiçoou suas armas e fomentou um culto aos mortos, criando até um gosto estético (perceptível nas artes rupestres), que transmitia o seu saber técnico, até então, circunscrito. • Homo sapiens: fase que já corresponde às características atuais, uma vez que o homem já constrói sua linguagem, engendra múltiplas técnicas e educa os seus “filhotes”. Além disso, vive da caça, possui “dotes artísticos” (Arte naturalista e animalista) e está im- pregnado de cultura mágica, englobada por diferentes rituais, cultos e crenças. Hominídeos: Os Hominídeos foram os primeiros ancestrais do ser humano atual, tendo vivi- do na África do Sul e surgido há cerca de 2 milhões de anos. Artes rupestres: Representações artísticas pré-históricas, realizadas em paredes, tetos e ou- tras superfícies de abrigos e cavernas rochosas. GLOSSÁRIO Figura 1: A evolução humana Fonte: Evogenind (2010) Neste período da história, conhecido como Paleolítico e permeado por fases distin- tas, apesar de passar por transmutações e evoluções, os indivíduos, como apontado acima (FIGURA 1), ainda possuíam um cérebro limitadamente desenvolvido, mas já sobreviviam por meio da busca pela subsistência, procurando tudo o que era necessário para sustentar a vida do grupo por via da caça, da pesca, da coleta de sementes, frutos e raízes, dentre outras atividades fundamentais para sua sobrevivência (ROSA; ZINGANO, 2013). Contudo, os mesmos autores ainda apontam que, mesmo com grandes progredi- mentos, tais sujeitos ainda viviam imersos numa condição ínfima, devido ao conhecimen- to limitado acerca do mundo que os cercava. Assim sendo, visualizando a necessidade de conservar e perpetuar sua existência, com o intuito de superar suas limitações intelectivas e físicas, os indivíduos pertencentes as tais épocas compreenderam o quão fundamental seria a educação das crianças e jovens, que, posteriormente, teriam como tarefa central proteger os grupos nos quais viviam. Dessa forma, coube aos chamados chefes de família/ anciãos a atividade crucial de realizar a transmissão e o desenvolvimento da cultura vigen- te a esses indivíduos. 10 Mas, tendo em vista essas limitações apresentadas pelos povos de tal época, como a trans- missão e o desenvolvimento dessa cultura, de fato, ocorria no período da Pré-História? VAMOS PENSAR? Os filhos normalmente brincam com seus pais e estabelecem, desde sua infância, vínculos mais estreitos com diferentes figuras e, por meio dessa relação, realiza-se um “treinamento” desses indivíduos, que apreendem diferentes conhecimentos a partir de interpretações empíricas. Isso também ocorreu, conforme aponta Nunes (2006), - e numa intensidade mais complexa- com os homens primitivos, que, por meio da imitação/repro- dução de movimentos e ações, tornaram-se seres capazes de ensinarem diversos ofícios aos aprendentes, tais como: uso e funcionalidade das armas, a importância de se dominar a caça e a colheita, o uso da linguagem, o culto dos mortos, as técnicas de transformação e domínio do meio ambiente, entre outros rudimentos. Dessa forma, como apontado anteriormente, desde a antiguidade, a Pedagogia, mesmo que de maneira informal e desprovida de base minimamente intelectualizada, foi tencionada com o intuito de educar os seres humanos, homens e mulheres, tornando-os capazes de garantir a sobrevivência de suas espécies, constituídas por sociedades dotadas de singularidades histórico-culturais. A partir dessa visão antropológica, durante os diversos percursos históricos experien- ciados, a Pedagogia passou por múltiplas mudanças estruturais, que concernem às doutri- nas, ideologias e perspectivas políticas às quais foi associada. Tais mudanças substanciais em sua forma, permitiram uma compreensão mais ampla acerca de sua evolução, dos processos de transmutação, das etapas,das acelerações, dos afrouxamentos, permitindo também constituir um balanço substancial e sobretudo mais compreensível da situação da educação atual. Paleolítico: É um dos períodos em que se divide a Pré-história. É o primeiro dos períodos, abrangendo entre 2, 7 milhões de anos até 10.000 anos atrás. Antropologia: Ciência que estuda os costumes, crenças, hábitos e aspectos físicos dos dife- rentes povos, isto é, a diversidade cultural dos povos que habitaram e habitam o planeta. GLOSSÁRIO As modificações ocorridas na estrutura da Pedagogia também permitiram e ainda permitem engendrar elementos de reflexão e de elucidação considerados indispensáveis para o entendimento da identidade epistemológica e profissional dos Pedagogos (GON- ÇALVES; DONATONI, 2007). Então, pensando por meio dessa ótica, pautada pelas alterações estruturais e basilares da Pedagogia, quando houve, de fato, a construção de uma filosofia educacional sólida e for- malizada no que tange ao pensamento pedagógico, sua importância e contribuição para a sociedade em geral? VAMOS PENSAR? 11 Assim como em sua etimologia, a Pedagogia tem na Grécia clássica o seu berço, uma vez que o filósofo grego Platão (428-347 a.C) foi o primeiro indivíduo a conceber um sistema educacional formalizado para seu tempo, integrando-o a uma dimensão política e social. O objetivo fundante da educação, segundo as ideias platônicas, baseava-se na formação moral do homem, o que permitiria a todos viver em um Estado justo (VICENTE, 2014). Como abordam Gonçalves e Donatoni (2007), Platão foi o segundo grande filósofo pertencente à chamada tríade dos grandes filósofos gregos, tendo sido discípulo de Sócra- tes (469-399 a.C.) e precedido por Aristóteles (384-322 a.C). Foi um dos principais responsá- veis por construir os alicerces da filosofia e da ciência no mundo ocidental. Saiba mais sobre a vida e obra de Platão, filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga. Veja mais no link: https://bit.ly/3nuR4CK. Acesso em: 16 dez. 2019 BUSQUE POR MAIS Na mesma ótica apregoada por Sócrates, Platão rejeitava a educação que se pratica- va na Grécia até então, que era difundida pelos sofistas, que se constituíam de grupos de pensadores que, por meio da oratória, transmitiam conhecimentos técnicos para atraírem os estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação. Tal educação sofís- tica pautava-se na ideia de satisfazer os imediatismos dos indivíduos, de maneira pragmá- tica e relativizada, para que as incertezas se tornassem mais enraizadas no inconsciente coletivo, favorecendo a desqualificação dos costumes e o enfraquecimento dos antigos valores (CASTRO, 2013). Isto indica que as concepções defendidas pelos sofistas amparavam-se na ideia de uma educação “utilitária”, na qual as verdades eram relativizadas e os indivíduos que fo- mentassem melhores discursos se sobressairiam sobre os demais, excluindo-se, assim, a formação do cidadão moral, deturpando princípios e degenerando pensamentos (SOUZA; MELO, 2012). Os pensamentos sofistas eram amplamente refutados por Platão, que acreditava em uma educação totalmente distinta da propagada por tais sujeitos. Segundo Paviani (2008), Platão tinha como principal proposta educacional a formação moral dos homens, com o objetivo de garantir, assim, a virtude, os valores e a excelência humana. A partir de tal visão de mundo, Platão produziu uma Filosofia educacional que ainda sustenta a Pedagogia atual, priorizando não a transmissão de conhecimentos, tão comum naquele período, mas, sim, levando os indivíduos a procurarem respostas, eles mesmos, para suas inúmeras inquietações. Dessa forma, negava todo e qualquer método de ensino considerado autoritário ou que coibia o pensamento livre, enfocando sua teoria educacio- nal no aperfeiçoamento humano (PAVIANI, 2008). Nesse ponto, Paviani (2008, p. 45) pontua que: A visão pedagógica de Platão aproximava-se de sua filosofia, dando ênfase à dialética e à busca incessante pelas verdades mais profun- das, rejeitando os princípios relativistas dos sofistas e priorizando o espírito crítico dos indivíduos. 12 1.3 FATOS E MARCOS DA HISTÓRIA DA PEDAGOGIA Etimologia: estudo que busca a origem e a evolução das palavras. Sofistas: grupo de pensadores que utilizavam suas habilidades de oratória com o objetivo de defender argumentos ou ideias inconsistentes. Oratória: arte de falar em público com facilidade, o mesmo que retórica. Dialética: diálogo e/ou discurso entre pessoas que apresentam diferentes pontos de vista, mas buscam uma verdade essencial. GLOSSÁRIO Como dito anteriormente, tal modelo educacional designado por Platão, ainda per- meia a Pedagogia atualmente, fundamentando o pensamento do mundo ocidental, cal- cando-se nas verdades essenciais e em conceituações palatáveis acerca dos diferentes ele- mentos que compõem os currículos escolares. O modelo Platônico, como apontado previamente, influenciou a Pedagogia, como Ciência da Educação, em diversos períodos da história e ainda a influencia na contempora- neidade. Com efeito, os progressos da humanidade conduziram a etapas de maior ou menor maturação dos processos pedagógicos, sendo ainda norteadas pelos ideais platônicos e por seus pensamentos pioneiros referentes à educação no mundo ocidental. As concep- ções apresentadas por Platão e por outros teóricos posteriores geraram diversos debates pedagógicos que ainda permanecem intensos (GONÇALVES; DONATONI, 2007). A educação, do ponto de vista de seu funcionamento e do desenvolvi- mento dos indivíduos, é uma das atividades comuns a todas as socie- dades humanas. Ela se renova constantemente pelo processo gera- cional e pela história das sociedades. Não existe verdade pedagógica, a não ser no conjunto dos princípios escolhidos por uma sociedade. Uma série de práticas ligadas à sua história cumpre essa função (MO- RANDI, 2006, p. 22). Como visto anteriormente, conforme apontam Gonçalves e Donatoni (2007), em de- terminado período, as ideias projetadas pelo modelo platônico eram predominantes den- tro da Pedagogia e assim se mantiveram até a Idade Média. Tendo em vista tal conjuntura, o cristianismo adotou Platão e seus ideários como base de sua filosofia oficial, enfatizando as concepções de perfeição e transcendência como revelações da verdade divina e absolu- ta, interligando, assim a filosofia e o ensino cristão. Eis que surge a base da Filosofia Escolástica, que é um método ocidental de pensa- mento crítico e de aprendizagem, com origem nas escolas monásticas cristãs, que entre- laça a fé cristã à um sistema de pensamento racional. A partir deste ponto, várias correntes filosóficas surgiram, calcadas em diferentes concepções educacionais. Santo Agostinho (354 – 430), uma das principais figuras responsáveis por fundar as bases da Filosofia adotada pela Igreja Católica, priorizou em suas práticas a educação para os nobres e religiosos por meio da alfabetização, da retórica e da lógica, incorporando as ideias de Platão ao cristianismo, determinando as virtudes e a sabedoria como elementos 13 indispensáveis na formação do indivíduo (MELO, 2002, apud SOUZA; MELO, 2009). Segundo Gonçalves e Donatoni (2007), outras concepções educacionais e filosóficas surgiram. São Tomás de Aquino (1214–1274, aproximadamente), também apontado com uma das maiores referências intelectuais da Igreja Católica, inaugurou o pensamento ra- cionalista cristão, conhecido como Tomismo. Conforme Demétrio (2004) apud Rodrigues et. al., (2019, p. 13): A Escolástica chega ao ápice com Santo Tomás de Aquino (1221-1274), autor de uma poderosa síntese entre pensamento grego (Aristóteles, sobretudo, cujas obras começavam a estar disponíveis naqueles anos) e pensamento cristão que ainda hoje tem autoridade para ser indi- cado como insuperável e atual para enfrentar os problemas diante dos quais a humanidade se encontra. Aqui, falaremos dela somente no que se refere à ética e, infelizmente, sem poder fazerjustiça à sua complexidade. Escolástica: Metodologia originada nas escolas monásticas cristãs, baseada no pensamen- to crítico e na aprendizagem, que entrelaça a fé cristã com um sistema de pensamento racional. Escola monástica: Modelo escolar da Idade média, que tinham como propósito transmitir o saber, os valores morais e os princípios da fé cristã para a sociedade. Tomismo: Estrutura de ensino baseada nas doutrinas teológicas e filosóficas de São Tomás de Aquino. GLOSSÁRIO Como afirmam Gonçalves e Donatoni (2007), o período foi extremamente impor- tante para a Pedagogia, pois deu-se início à intelectualidade fundamentada pela razão e a ideia de conhecimento como condição essencial para a felicidade e a virtude humanas. Além disso, enfatizou-se a possibilidade de educar leigos, pobres e outros grupos sociais até então excluídos. No que se refere à cultura europeia, emergiu a educação humanista, que tem como principal premissa valorizar o humano em detrimento do espiritual. Assim sendo, liberda- de de ação, pensamento e expressão ganharam uma dimensão considerável entre nobres e burgueses ricos. Além disso, as crianças passaram a serem vistas como seres de natureza própria, e a escola, como local de aprendizado e expansão espiritual (GONÇALVES; DONA- TONI, 2007). Ainda, segundo os mesmos autores, outros movimentos então eclodiram. Entre eles, o protestantismo de Lutero (1483–1546), que influenciou a educação ao valorizar a alfabe- tização e o aprendizado de línguas como conhecimentos que deveriam ser acessíveis a todos, foi um dos movimentos que questionou a pedagogia disseminada pela Igreja Cató- lica. A partir de tal momento, a educação/Pedagogia passou a ser vista como utilidade social. Logo, as ideias e práticas pedagógicas difundidas pelos protestantes começaram a circular nos meios escolares europeus a partir do século XVII, o que não ocorreu sem a reação da Igreja Católica, que, por meio do Concílio de Trento, ocorrido entre 1545 e 1563, buscou opor-se ao Protestantismo (ALMEIDA, 2017). Em seguida, como o autor supracitado aborda, como consequência da expansão do Protestantismo, emergiu a Contrarreforma da Igreja Católica, conduzida por Inácio de Loyola e pelos jesuítas. Este movimento tinha como principal alicerce a liderança da pre- 14 sença católica na educação escolar da sociedade europeia, que seria a base dessa reação ao processo educacional protestante. Tal base educacional pautava-se em um rígido mo- delo de ensino intelectual e físico. A partir dessas mudanças consideráveis, constituídas de diferentes modelos educa- cionais, como apontam Gonçalves e Donatoni (2007), no século XVII, religião e racionalismo, cultura e educação passaram a conviver de maneira minimamente harmoniosa. Seguindo essa linha de pensamento filosófica, René Descartes (1596–1650) se impôs na educação e o racionalista Comênio (1592–1670) revolucionou o ensino ao recusar a rigidez excessiva e os castigos corporais contra as crianças durante os processos de ensino. Após esse período, como expõem Teruya et. al., (2010), o pensador John Locke des- pontou como um representante do Liberalismo econômico, que visualizava a educação como uma base primordial para a formação do caráter de um indivíduo, de cunho mora- lista. Tal educação era tratada por Locke como fator de extrema relevância social para o homem, uma vez que seria por meio de suas ações que seus negócios poderiam prosperar, isto é, por meio das suas virtudes que a sua vida social favoreceria o seu desenvolvimento. A partir das ideias apregoadas por Locke e contrapondo-o, como abordam Gonçal- ves e Donatoni (2007), surgiu o iluminista Rousseau (1712–1778), considerado o pai da Pe- dagogia contemporânea, que apontou para novas perspectivas de transformações na Pe- dagogia, apresentando uma ideia contrária à educação livresca, enfatizando os fatos e as experiências como fundamentais para a evolução da sociedade. Além de Rousseau, novos pensamentos acerca da temática educação surgiram, an- corados nas ideias de figuras como Vico (1668–1744), Kant (1724–1804) e Dewey (1859– 1952), que, juntamente com outros intelectuais expressivos, influenciaram a sociedade com mar- cos fundamentais para inovar as conceituações sobre educação. Parte deles introduziu ideias pautadas pela educação iluminista, outros concentraram suas obras e pensamentos no debate filosófico sobre a educação (GONÇALVES; DONATONI, 2007). No século XVIII, conforme os mesmos autores apontam, diversos fenômenos econô- mico-sociais eclodiram na Europa e, consequentemente, transformaram a vida da socie- dade europeia, inclusive no que se refere à educação/Pedagogia. A Revolução industrial e eventos consequentes (revolução agrícola, acumulação de capital, invenção das máquinas, força-trabalho dos campos, crescimento de mercado mundial, processos de urbaniza- ção) vêm modificar os modos de trabalho da sociedade moderna, as- sim como a mentalidade e instituições como família e Igreja. Surgem outras classes — o proletariado; outro sujeito — o operário; e a cons- ciência da questão social em torno das condições de vida; têm início movimentos de massa operária organizada. Nesse contexto, o papel da sociedade emerge configurado pelo imaginário coletivo entre so- ciedade civil e Estado, criando a complexidade dialética entre a so- ciedade contemporânea e os vários e múltiplos processos educativos. (GONÇALVES; DONATONI, 2007, p. 07). Diante de tal realidade, a contemporaneidade nasceu em 1789, por meio da Revolu- ção Francesa, marco histórico que demarcou o desequilíbrio social, econômico e político, que gerou uma série de distúrbios e transformações consideráveis na história da socieda- de europeia. Tal período da Revolução Francesa, foi permeado pela industrialização, pela busca por direitos equânimes das massas, pela luta pela democracia e pelos movimentos sociais, que se rebelaram contra a elite, detentora da cultura, dos recursos econômicos e do poder político. 15 Liberalismo econômico: Ideologia pautada pela organização da economia em linhas indivi- dualistas, na qual as decisões econômicas são tomadas pelas empresas e indivíduos, sem a intervenção do Estado. Revolução Francesa: Período de distúrbios políticos e sociais na França, que impactaram, de forma duradoura, a história do país e do continente europeu. GLOSSÁRIO Como explica Silva (2011), as transformações vislumbradas pela Revolução Francesa englobavam a ideia de construir um sistema de ensino, criado para formar novos homens, isto é, os chamados futuros cidadãos. Esse sistema de ensino estruturou-se nos princípios de liberdade, igualdade e na democracia. Como expõem Gonçalves e Donatoni (2007), perante transformações tão eferves- centes, a Pedagogia crescia como um ponto de equilíbrio entre a vida dos cidadãos e os processos de reestruturação e reconstrução da sociedade. Dentro dessa conjuntura, a Pe- dagogia tornou-se uma ciência que tinha como principal funcionalidade fomentar siste- mas de ensino-aprendizagem que interligassem filosofia e ciência, numa dimensão mais ampla, não baseada apenas no empirismo, mas com uma visão epistemológica científica. Esse foi um período fundamental para a consolidação da Pedagogia como meio de orga- nização e transformação social e cultural. A dimensão pedagógica assumiu, então, a tarefa de formular e difundir uma plu- ralidade de ideias necessárias para o desenvolvimento da sociedade. Porém, pedagogia e educação sempre foram/são marcadas por uma ideologia, em especial a marxista (Karl Marx), que se colocou como centro de reflexão teórica e histórica na área pedagógica. Sen- do assim, a função ideológica da Pedagogia precisou ser vista de maneira mais crítica, não como um conjunto de conceitos de reprodução imediata, mas, sim, como uma forma de realizar inovações e transformações socioculturais por meio de processos educativos diver- sificados (GONÇALVES; DONATONI, 2007). Essa pluralidade de ideias dentro da Pedagogia remeteaos pensamentos e concei- tuações apresentados por Nóvoa (1999), que questiona qual é a real identidade e pluralida- de das ciências da educação nos cursos de Pedagogia e também na formação identitária dos próprios pedagogos. Pensando nessa pluralidade de ideias presente dentro da Pedagogia, a pergunta que se co- loca em pauta é: Qual a real identidade profissional do pedagogo? A partir das ideias apre- sentadas até aqui, exponha sua resposta para essa pergunta. VAMOS PENSAR? Conforme o que foi exposto, ao questionar qual é a identidade profissional do pe- dagogo e as implicações epistemológicas de seu trabalho, várias respostas são geradas, apontando para diferentes funcionalidades. 16 Nesses termos, ao questionarmos qual é nossa identidade profissio- nal e como nos apresentamos, várias ideias e respostas se insinuam: de exóticas a singelas — para não dizer primárias; afinal, entre ser cientista da educação, docente e pedagogo (a), vivemos situações diversas: da arrogância à banalização. Quando se opta pela “meia so- lução” — respondendo “sou professor” —, outras perguntas surgem: professor de quê? Pergunta feita em geral a profissionais da educa- ção (GONÇALVES; DONATONI, 2007, p. 08). A partir desse questionamento, analisar o percurso histórico que entrelaça a Peda- gogia e a Educação significa descobrir, redescobrir e reconstruir o trajeto percorrido pelos cursos de Pedagogia, destrinchando sua diversidade ideológica e suas influências na for- mação dos pedagogos. Dessa forma, pode-se discutir a crise de identidade universal que abrange a profissão, que é orientada pela multiplicidade de ideias e funcionalidades pre- sentes nas ciências da educação, que compreendem a área pedagógica. Essa discussão leva a uma análise mais minuciosa acerca da posição epistemológica ocupada pela Pedagogia no mundo contemporâneo, que é iniciada na primeira unidade e retomada na terceira unidade. Tal discussão pode apresentar elementos mais claros so- bre a pluralidade de conceitos que engloba a Pedagogia desde os anos 80, período este em que, no Brasil, buscou-se evidenciar quais seriam as reais influências das ciências da educação sobre os corpos sociais. Por isso, é preciso dialogar sobre os diversos modelos pedagógicos existentes, que englobam linhas de pensamento e ideologias distintas, dire- cionadas à diferentes grupos sociais, e não apenas apresentar os fatos e marcos que cons- tituíram a história da Pedagogia e da educação. 1.4 AS CONCEPÇÕES E CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA Como apresentado no início desta unidade, a palavra Pedagogia remete a uma tra- dição pautada pelos estudos e pela busca de conhecimento. Para Durkheim, esses estudos e busca pelo conhecimento são fatos sociais que a sociedade transmite às gerações mais jovens (crianças e adolescentes), que engloba diver- sas ideias e fenômenos, com o intuito de formar o ser social e a pedagogia é a parte que contextualiza a educação, que inclui a sociologia. Já Herbart, responsável por formular a noção de que a Pedagogia é uma ciência, entende a educação como a relação direta entre a ciência e as bases pedagógicas. Influenciado pelas ideias de Herbart, Dewey compreende a educação como parte indissociável da Filosofia e da Ciência (GONÇALVES; DONATONI, 2007). Assim sendo, as conceituações dos pensadores citados sobre o que é Pedagogia ba- seiam-se nas ideias que se referem à ciência da educação, à Filosofia e à Sociologia. Isto é, são concepções similares, mas, em alguns aspectos diferentes, do que é a Pedagogia. Porém, como se sabe, o percurso da Pedagogia foi marcado por modificações constantes, influenciadas por diferentes ideólogos e figuras históricas, como algumas já citadas. Logo, os diversos acontecimentos históricos e as múltiplas sociedades que existiram e/ou ainda coexistem definiram e/ou definem diferentes caminhos próprios para construir as concepções do que é Pedagogia, o que envolve modos de ensinar, educar e lidar com a prática educativa. Nesses termos, as discussões sobre a identidade dos pedagogos e suas contribui- ções epistemológicas devem ser sempre estimuladas e colocadas em pauta, com o intuito 17 de construir e reconstruir saberes, que contribuam para os processos de ensino-aprendi- zagem. No entanto, é preciso entender também que, numa conjuntura mais ampla, a Pe- dagogia, tradicional ou nova, centra-se no processo educativo que envolve a relação entre professor e aluno, na ideia de para quê e como se ensina. Assim sendo, é importante que tais discussões gerem, de fato, saberes e práticas que deem à Pedagogia novos significa- dos e resultados positivos. Pensando, então, na tradição pedagógica escolar, a escola deve se reordenar estru- turalmente, estabelecendo como principal objetivo o desempenho satisfatório dos edu- candos, fazendo das discussões propostas uma nova ferramenta de construção de conhe- cimentos, que permita aos aprendentes compreender de maneira mais lúcida a escola e o mundo que os rodeia. Contudo, apesar de apresentar as funcionalidades que permeiam o trabalho de um pedagogo dentro do ambiente escolar, neste material didático serão mostradas também outras áreas nas quais os pedagogos podem atuar. Isto é, serão apresentadas, além da área escolar, alternativas de atuação em diferentes espaços, tais como: Instituições Hospitala- res, espaços empresariais, entre outros círculos profissionais. A exibição destes espaços, não escolares, apontam para um novo perfil de profissio- nais da Pedagogia, em ambientes que extrapolam as instituições escolares e ainda, au- mentam as possibilidades de empregabilidade dos pedagogos. 18 FIXANDO O CONTEÚDO 1. A Pedagogia, durante seu percurso de desenvolvimento, passou por inúmeras fases até se constituir como uma ciência da educação devidamente estabelecida. Nessa perspecti- va, o processo de construção da Pedagogia foi diretamente influenciado pela evolução do homem no que se refere à sua capacidade de aprender e lidar com o mundo. Tendo isso em vista, em acordo com o material estudado, as fases pelas quais os seres humanos pas- saram até alcançar o status no qual se encontra hoje foram: a) Homo sapiens, Australopithecus e Pitecanthropus b) Australopithecus, Pitecanthropus, Homem de Neandertal e Homo sapiens. c) Hominídeos, homem de Neandertal e Pitecanthropus. d) Autralopithecus, pitecanthropus, Homo Sapiens e Home de Neandertal. e) Pitecanthropus, hominídeos, Australophitecus e Homo Sapiens. 2. Conforme Nunes (2006) aponta, os filhos, ao brincarem com diferentes figuras (pais, familiares, amigos, etc.), estabelecem, desde sua infância, vínculos mais estreitos com tais indivíduos. Por meio dessa relação, realiza-se um “treinamento” desses sujeitos, que apre- endem diferentes conhecimentos a partir de interpretações empíricas, permitidas pela convivência diária. No período da Pré-História, apesar das limitações intelectuais, tal pro- cesso de aprendizagem também ocorria, com o intuito de garantir a sobrevivência das espécies viventes. Pensando nisso, o ensino dos ofícios aprendidos pelas crianças e jovens, como caça, pesca e colheita, efetuados pelas figuras mais velhas, durante a Pré-História, tinham como obje- tivo: a) Garantir a sobrevivência de suas espécies. b) Garantir uma comunicação de alto repertório comunicativo. c) Explorar as potencialidades de cada indivíduo. d) Construir novas histórias e linhas de pensamento filosóficas. e) Demonstrar a interpelação entre o passado e o presente das espécies viventes. 3. Analise as afirmativas abaixo, que falam sobre as origens da Pedagogia, e assinale a al- ternativa correta: a) A Pedagogia, como processo formalizado, constituiu-se durante o período da Pré-Histó- ria, por meio das práticas executadas pelos Hominídeos. b) As práticas pedagógicas intelectualizadas desenvolveram-se a partir do momento que os Hominídeos compreenderam a importância de transmitir os conhecimentos para crian- ças e jovens, visando a perpetuação de suas espécies. c)A Pedagogia teve na Grécia clássica o seu berço, quando o filósofo grego Platão deu à luz a um sistema educacional formal para seu tempo, integrando-o a uma dimensão política e social, baseada na formação moral do homem. d) Durante o percurso de construção histórica da Pedagogia, múltiplas transformações 19 estruturais ocorreram, mas tais mudanças não foram diretamente influenciadas pelas con- junturas socioculturais de diferentes períodos da história. e) Inicialmente, a Pedagogia, em sua fase informal, que remete ao período pré-histórico, foi tencionada com a missão de formar sujeitos capazes de compreender o mundo em diver- sos aspectos filosóficos, políticos e culturais. 4. Platão, como se sabe, fez parte da chamada “tríade da Filosofia”, tendo sido discípulo de Sócrates ((469-399 a.C.) e precedido por Aristóteles (384-322 a.C). Ele foi um dos principais filósofos do mundo ocidental e é considerado como um dos principais responsáveis por fomentar os alicerces da filosofia e da ciência no mundo ocidental. Considerando a obra de Platão, analise as assertivas abaixo. I. A educação proposta por Platão se distinguia da educação dos sofistas por considerar a razão como instrumento fundamental para a vida humana. II. Os sofistas eram formados por grupos de pensadores que tinham como objetivo satis- fazer os imediatismos dos indivíduos, de maneira pragmática e relativizada, para que as incertezas se tornassem mais enraizadas no inconsciente coletivo, favorecendo a desquali- ficação dos costumes e o enfraquecimento dos antigos valores. III. A educação grega foi caracterizada pela presença de diferentes linhas filosóficas, pre- sentes nas ideias de Sócrates, dos Sofistas, Platão e Aristóteles, que cultivavam e dissemi- navam os mesmos pensamentos e processos de ensino. É correto apenas o que se afirma em: a) I e II. b) II e IV. c) III e IV. d) I, II e III. e) I, III e IV 5. Conforme as informações apresentadas, o modelo educacional fomentado por Platão in- fluenciou a Pedagogia, como ciência da educação, em diversos períodos da história e ainda a inspira na contemporaneidade. Assim sendo, durante a Idade Média, as ideias platônicas continuaram promovendo reflexões e pensamentos de caráter complexos, tornando-se a base filosófica oficial adotada pelo cristianismo. Baseando-se em tal preceito, surgiu a Fi- losofia Escolástica. I. A Filosofia Escolástica, método ocidental de pensamento crítico e de aprendizagem com origem nas escolas monásticas cristãs, entrelaça a fé cristã à um sistema de racionalidade do pensamento. II. Seguindo os preceitos da Filosofia Escolástica, várias correntes de pensamento foram construídas, influenciadas diretamente pela fé cristã e também pelos ideários platônicos. III. A Filosofia Escolástica afastava-se das ideias apregoadas por Platão, valorizando apenas os princípios cristãos, sem recorrer às linhas de pensamento racionais. Sobre as afirmativas acima, assinale a alternativa correta: a) Apenas o item I está correto. 20 b) Apenas os itens I e II estão corretos. c) Apenas os itens II e III estão corretos. d) Apenas o item III está correto. e) Todos os itens estão corretos. 6. Analise as afirmativas a seguir. Após o advento da Filosofia Escolástica, deu-se início à intelectualidade pautada pela ra- cionalidade e pelo conhecimento como condições essenciais para a felicidade e a virtude humanas. Logo outras linhas de pensamento filosófico surgiram, calcadas na razão. Na Europa, por exemplo, emergiu a educação humanista, objetivando valorizar o humano em detrimento do espiritual. Agora, assinale a opção correta. a) As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda é uma consequência da primeira. b) A primeira afirmativa é uma proposição verdadeira, e a segunda é falsa. c) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda falsa. d) A primeira alternativa é falsa e a segunda verdadeira. e) Ambas as afirmativas são falsas. 7. Após a eclosão da Filosofia Escolástica, implementada pela Igreja Católica, novas linhas de pensamento filosóficas se estabeleceram, o que engendrou também novas práticas pedagógicas a serem desenvolvidas. Nessa ótica, o poder instituído pela Igreja Católica, até então, dominante, passou a ser questionado. Nesse cenário surgiu o protestantismo, liderado e idealizado por Lutero que tinha como objetivo: a) Apoiar e reiterar os princípios e modelos educativos aplicados pela Igreja Católica até então. b) Contribuir para disseminação da Filosofia Escolástica, difundida por pensadores como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. c) Instaurar em todas as instituições escolares os ideários pedagógicos propagados pela Filosofia Escolástica d) Valorizar a alfabetização e o aprendizado de línguas como conhecimentos que deve- riam ser acessíveis a todos os indivíduos, pertencentes a qualquer grupo social. e) Desconstruir a ideia de que a educação deveria ser ofertada a todos os indivíduos e grupos. 8. Leia a afirmativa abaixo. Diversos acontecimentos históricos e as várias sociedades que existiram e/ou ainda coe- xistem definiram e/ou definem diferentes caminhos para estabelecer novas concepções acerca do que é Pedagogia. Tais concepções englobam diferentes modos de ensinar e lidar com a prática educativa, além de determinarem novas funcionalidades para o profis- sional da Pedagogia. Dentre as afirmativas abaixo, qual é a que complementa a ideia apresentada acima. 21 a) Tais acontecimentos históricos nada têm a ver com o processo de construção e concep- ção das diversas práticas pedagógicas disseminadas com o passar de décadas e séculos. b) Dentro desse percurso histórico, apenas pensadores que se dedicaram inteiramente à educação foram responsáveis por definir os conceitos e pensamentos pedagógicos. c) Por isso, as discussões e diversidade de ideias relativas às concepções e ideias do que é Pedagogia não devem ser levadas em conta, uma vez que este é um campo de atuação bem restrito, que não necessita de uma reestruturação de conhecimentos e saberes. d) Nessa perspectiva, as concepções e contribuições epistemológicas da Pedagogia não se relacionam a ideologias, doutrinas e perspectivas políticas distintas. e) Por isso, novas discussões sobre a identidade dos pedagogos e suas contribuições epis- temológicas devem ser sempre estimuladas, com o objetivo de construir e reconstruir sa- beres que contribuam para a evolução dos processos de ensino-aprendizagem, bem como para a reestruturação das funcionalidades que um pedagogo deve e pode exercer. 22 Figura 9: Estrutura das bases nitrogenadas que compõem os ácidos nucleicos Fonte: Nelson e Cox (2019, p. 283) As bases nitrogenadas possuem uma conformação estrutural que permite sua ligação com uma base nitrogenada correspondente (Figura 10), assim, no DNA a adenina se liga à timina, enquanto a guanina se liga a citosina, enquanto no RNA a uracila assume a posição da timina ao se ligar a adenina de forma complementar (NELSON; COX, 2019; MARQUES; BALDINI, 2017; VOET; VOET; PRATT, 2014). OS GRANDES TEÓRICOS DA PEDAGOGIA: DOS TRADICIONAIS AOS CONTEMPORÂNEOS UNIDADE 02 23 2.1 INTRODUÇÃO Nessa unidade, serão apresentados nomes e pensamentos de grandes teóricos da Pedagogia, desde os tradicionais até os contemporâneos, brasileiros e estrangeiros, bem como suas contribuições para a sociedade em suas respectivas épocas e também na con- temporaneidade. Após analisar e discorrer sobre os pensamentos de atores históricos que atuaram nos primórdios da Pedagogia, desde a Grécia Antiga, durante e depois da Idade Média, de Platão à Locke, inicialmente, serão expostas análises sobre a obra de duas figuras consi- deradas essenciais na construção da conceituação da Pedagogia. Ambos receberam, em dado momento de suas vidas, a alcunha de “Pais da Pedagogia”. Estes são Joan Amós Comenius (1592-1670) e Jean Jacques- Rousseau (1712- 1778), que foram responsáveis por influenciar as ideias de reconhecidos teóricos da Pedagogia, como Jean Piaget e Maria Montessori,que serão retratados posteriormente. Objetivos de aprendizagem: Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes conhecimentos: • Identificar os aspectos que influenciaram as linhas de pensamento dos teóricos da Pedagogia; • Reconhecer as concepções educacionais de diferentes teóricos; • Relacionar as ideias dispostas por diferentes teóricos do campo educacional. 2.2 COMENIUS: O PAI DA PEDAGOGIA E DAS DIDÁTICAS MODERNAS Nascido no reino da Boêmia, pertencente à antiga Tchecoslováquia, Joan Amós Co- menius (1592-1670), como aborda Garcia (2011), foi bispo protestante da igreja dos irmãos Morávios, sendo também educador, cientista e escritor. No que se refere à sua atuação como educador, é considerado como o “pai da Pedagogia e da didática moderna”, uma vez que foi o primeiro indivíduo a consolidar a educação como uma ciência estruturada e sistemática. Em sua obra, conceituou a didática como um ramo da Pedagogia, com o foco na aplicação de técnicas e métodos que possibilitassem aos alunos apreender conheci- mentos por meio de um professor e/ou instrutor. Mas, primeiramente, é preciso questionar: De que maneira Comenius se estabeleceu como uma referência da Pedagogia? Em que cenário sua alcunha de “pai da Pedagogia” foi con- solidada? VAMOS PENSAR? 24 Um mundo conturbado e marcado por intensas transformações anuncia o início do que se convencionou chamar de modernidade. O comércio e as manufaturas estavam em franco processo de expan- são, as cidades cresciam e desafiavam o velho modelo dos burgos medievais com suas ruas tortuosas e estreitas. O catolicismo que até então, era no Ocidente a única igreja cristã, viu sua hegemonia ame- açada com o surgimento e rápida difusão das idéias reformistas. Foi em e meio a este turbilhão de acontecimentos que viveu Comênio, tido como o grande pensador e difusor da pedagogia moderna. Primeiramente, é necessário abordar o contexto em que Comenius viveu e como tal conjuntura influenciou a construção de suas obras. Como explana Garcia (2011, p. 179): Como explica o autor supracitado, Comenius, sendo também um teólogo e vivente de um período tão conturbado socialmente, abarcou como pressuposto fundamental a interrelação da Pedagogia com a Teologia, não fazendo distinção entre elas. Assim como Lutero (citado anteriormente), ele se contrapôs às ideias e concepções designadas pela doutrina Católica em seu tempo. Por isso, é considerado um reformista, já que questionou duramente a Pedagogia disseminada pela Igreja Católica. Tendo em si essa veia teológica, torna-se uma missão difícil dissociar a cosmovisão teológica de Comenius de suas perspectivas pedagógicas, uma vez que suas visões teoló- gicas e pedagógicas eram plenamente alinhadas. Conforme Lochman (1993) apud Lopes (2008, p. 50): A maioria dos pesquisadores de Comenius tem seu foco voltado para os métodos educacionais, e assim ele é considerado apenas como pedagogo, o que contraria o próprio Comenius, que afirmou não se considerar um pedagogo, mas um teólogo por profissão e vocação. Baseando-se, então, nestes princípios cristãos e visão teológica, Comenius pregava a ideia de uma educação igualitária e democrática, que fosse gozada por todos, indepen- dentemente de quaisquer dicotomias existentes entre indivíduos ou grupos sociais, visto que todos foram concebidos a imagem e semelhança de Deus. Tais ideais de igualdade disseminados por Comenius, como afirma Garcia (2011), fo- ram influenciados pelos distúrbios vividos pela sociedade naquele período, que foi perme- ado pela Guerra dos Trinta anos e, como já visto, pela dissolução de parte da hegemonia da Igreja Católica, que até então era predominante. Devido a esses problemas, ele entendia que a sociedade, como um todo, deveria ser purificada. Guerra dos Trinta anos: Série de guerras travadas na Europa por diversos motivos, como riva- lidades religiosas, territoriais, comerciais, entre outras causas. GLOSSÁRIO Dessa forma, ainda para o mesmo autor, Comenius compreendia a educação como salvação para as impurezas que constituem os seres humanos, fundamentando suas prá- ticas na moral, no ensino e na piedade advinda de Deus. Tendo como base tais princípios, este educador acreditava que as instituições de ensino deveriam ser ambientes agradáveis e atraentes. Por isso, condenava e abominava os castigos físicos contra as crianças, tão co- 25 muns em sua época. Segundo Lopes (2008), para expor suas conceituações acerca do que considerava como primordial na formação e condução dos processos de aprendizagem, Comenius pro- duziu, em 1649, a “Didática Tcheca”, livro, com um conjunto de textos, considerado como um modelo pedagógico universal a ser seguido, com a finalidade de ensinar qualquer saber e conhecimento a quaisquer indivíduos. Tal obra marcou o início da sistematização das práticas pedagógicas e das diversas didáticas existentes nos dias de hoje. Daí, como apontado previamente, surgiu a alcunha de Comenius como “pai da Pedagogia moderna”. No entanto, inicialmente, o livro ficou restrito a um público minoritário, limitado aos grupos religiosos dos quais Comenius fazia parte. Como descreve Lopes (2008, p. 63) no trecho a seguir: A partir daí uma obra de tão grande valor não poderia ficar restrita à Morávia ou a um determinado grupo religioso, mas deveria se tornar acessível a todos os homens. Motivado, então, a escrever a Didática tcheca, com o mesmo princípio traduziu-a do tcheco para o latim e denominou-a Didática magna, a fim de que ela pudesse ser mais fa- cilmente compreendida e estivesse ao alcance de um público maior. Saiba mais sobre a Didática Magna, de Joan Amós Comenius. Veja mais no link: https://bit.ly/2FkH4uI. Acesso em: 17 dez. 2019 BUSQUE POR MAIS Desse modo, então, a Didática Tcheca converteu-se em Didática Magna, transfor- mando-se em uma nova prática de ensino, constituída de conceitos e práxis não tão co- muns para a época na qual foi produzida. Na Didática Magna, os textos apresentados eram direcionados para dois públicos, em especial, formado pelos alunos (crianças, em geral), que deviam aprender a aprender, e pelos professores, que seriam os responsáveis por aprenderem a fazer e construir os currículos, conjugando de maneira consolidada as práticas em teorias sólidas. Conforme a explicação realizada por Lopes (2008, p. 53): […] na análise de Comenius em seu contexto histórico, percebem-se as suas reais intenções ao instituir o livro-texto na escola, cuja finalida- de era sistematizar e ordenar o ensino de maneira que um professor, por meio do livro didático, pudesse ensinar até cem alunos ao mesmo tempo. Tal visão educacional/pedagógica apresentada por Comenius, por si só, para o perí- odo em que foi implementada, era considerada inovadora. Por isso, como consequência a alcunha de pai da Pedagogia e didática modernas deve-se ao peso histórico de suas obras na Pedagogia e por suas ações de caráter inovador. 26 2.3 ROUSSEAU: O PAI DA PEDAGOGIA CONTEMPORÂNEA E SUAS CONCEPÇÕES ACERCA DA EDUCAÇÃO Jean Jacques- Rousseau (1712-1778), assim, como Joan Amós Comenius, foi e ainda é uma figura extremamente importante dentro da área pedagógica. Foi escritor, teórico po- lítico, compositor e filósofo, tendo sido um dos principais expoentes do iluminismo e, por meio de suas obras, fomentou grandes concepções e reflexões para a sociedade no que se refere à Pedagogia/educação. Conforme afirma Paiva (2008), o filósofo e educador nasceu em Genebra, na Suíça, e, apesar de fazer parte dos grupos de pensadores iluministas, divergiu em diversos pontos de grande parte deles. No site Só História, saiba mais sobre o Iluminismo e também sobre alguns pensadores, além de Rousseau, que fizeram parte desse movimento intelectual. Veja mais no link: https://www. sohistoria.com.br/resumos/iluminismo.php. Acesso em: 17 dez. 2019 BUSQUE POR MAIS Durante sua vida, como aborda Paiva (2008), Rousseau dedicou-se a analisar os di- versos aspectosque contribuem para a formação dos homens e dos cidadãos. Sua obra se estabeleceu, como foi apresentado nos marcos históricos da Pedagogia, durante o período da Revolução Francesa, no qual o Iluminismo se consolidou politicamente. A partir dessas informações prévias, pergunta-se: quais foram os eventos disparadores que levaram Rousseau a formular suas ideias acerca da educação/Pedagogia? VAMOS PENSAR? Primeiramente, é preciso compreender qual era o contexto vivido por Rousseau du- rante a construção de seu sistema educacional. Como explicam Gonçalves e Donatoni (2007, p. 07): Rousseau teoriza modelos educativos que se destinam ao homem e ao cidadão como alternativos e complementares no que se refere a tornar o homem alienado em um novo homem, natural, centrado — como o modelo de Emílio. Portanto, pedagogia e política se interli- gam em Rousseau, num esboço de reforma antropológico-social que reprovaria a artificialidade da educação intelectualizada, livresca, au- toritária e pedante dos aristocratas, ao formarem seus filhos e suas filhas com base nos modos de vida adulta. Isso indica que Rousseau, em uma perspectiva mais ampla, tinha como foco educar o homem em sua totalidade, preparando-o para viver harmoniosamente com seus seme- lhantes. 27 Mas, como formar o homem dentro dos moldes prescritos por Rousseau? VAMOS PENSAR? A vida de Rousseau, em sua visão, sempre foi permeada pela busca pela liberdade. Então, todo e qualquer tipo de poder estabelecido, considerado hegemônico, como o da igreja, foi duramente criticado por ele no decorrer de sua vida. Na obra Emílio, escrita por ele, conforme aponta Streck (2004), duras críticas são fei- tas ao poder eclesiástico instituído naquele período. Tais críticas culpabilizavam as políticas implementadas pela igreja e pela aristocracia em três perspectivas: • Visão sobre Deus e a religião: para Rousseau, a religião era uma expressão da cul- tura. Isto é, os desejos dos homens deveriam estar alinhados com as necessidades de todos que faziam parte de tal cultura. • Autoridade da igreja: Rousseau não aceitava que a igreja definisse o que era certo ou errado a partir da bíblia. Acreditava que, para chegar a verdade, o homem deveria, por si só, aplicar-se ao estudo das escrituras sagradas. Em decorrência disso, o ensino da leitura tornou-se fundamental, com o intuito de levar os cidadãos à salvação da alma, bem como a uma melhor organização da sociedade. • As didáticas para ensino da religião: Rousseau contrapôs, de maneira ferrenha, as práticas de ensino aplicadas pela igreja naquele período, afirmando que, por meio do catecismo, as crianças apenas repetiam os dogmas e frases que ouviam, sem refletir sobre as questões importantes. Então, conforme aborda Paiva (2008), segundo Rousseau, a igreja desconsiderava o ser social, e, juntamente com o poder da aristocracia na época, subordinava o povo aos interesses particulares da burguesia. Como afirma Streck (2004), o século de Rousseau foi um período no qual as Enciclo- pédias começaram a ganhar vida, com o intuito de classificar e definir todos os saberes. Isso, de certa forma, teve como precursor o já citado teólogo e educador Comenius, que, por meio de sua Didática Magna, buscou ensinar tudo a todos. Como demonstra Streck (2004, p. 14) Rousseau viveu numa época em que muitas crenças e instituições hoje assumidas como naturais foram formadas ou consolidadas, des- de a família, passando pela educação, até a organização do Estado. De modo geral, ele denuncia uma sociedade que legitima as desigualda- des e onde a vida em comum é regida por convenções e formalismos. Dessa maneira, totalmente contrário ao dogmatismo difundido pela igreja com a adesão da Aristocracia, Rousseau construiu seus sistemas de Pedagogia e didática. 28 O mestre não é mestre porque sabe e ensina. Seu ensino consiste, sobretudo, em propor as questões certas aos educandos e colocar ao seu alcance os meios para aprender. Para isso, faz-se necessário, além do desejo de aprender, a capacidade de se colocar no lugar da crian- ça, de penetrar as suas ideias e de sentir a sua alma. Mestre é quem sabe colocar-se junto com o movimento da vida que aprende, porque gostar de aprender e gostar de viver andam abraçados. Aristocracia: Modelo sociopolítico baseado em privilégios de uma classe social específica, constituída por nobres que detêm a herança e o privilégio do poder. Burguesia: Classe social surgida na Europa, que gozava, com o seu crescente enriqueci- mento, de liberdade e poder, o que a tornou dominante sociopolítica e economicamente em relação às outras classes. GLOSSÁRIO Essa era a intenção de Rousseau, que, como já visto, opunha-se às doutrinas escolás- ticas impostas pela igreja. Seu objetivo era disseminar a ideia de que todos poderiam apre- ender conhecimentos e que a desigualdade era fruto da ação da igreja e do individualismo demarcado pela burguesia. Sendo assim, Rousseau definiu qual seria o pilar de seu sistema educacional: as crian- ças. Como demonstra Streck (2004), para este filósofo, as crianças são o centro do processo de aprendizagem. Por isso, para ele, a educação é um processo aberto, no qual se tem um ponto de partida, sem saber o ponto de chegada, o qual é determinado pelas oportunida- des e talentos que cada indivíduo possui. Essa ideia implica que os métodos aplicados por Rousseau se constituem por um projeto de formação humana constante, que se baseia nos limites que a natureza humana e a sociedade impõem. Nessa perspectiva, a educação, na ideia de Rousseau, tem como principal intencionalidade fazer com o que os sujeitos aprendam a viver por meio das di- versas sociabilidades existentes, o que passa, consequentemente, pelo respeito à evolução natural das crianças. Dentro desse processo, o professor/pedagogo perde sua posição de preceptor in- questionável, dono do conhecimento, ganhando uma nova funcionalidade, como um pro- fissional que aprende e ensina o que aprende. Nessa perspectiva, Streck (2004, p. 72) afir- ma: Seguindo tais afirmações de Rousseau, como aborda Queiróz (2010), o adulto/pro- fessor, que é o responsável por educar, passa a ter, então, contribuição significativa para o desenvolvimento saudável da criança. Porém, é preciso salientar que, mesmo não mais em uma posição central, respeitar o mundo da criança não significa, de maneira alguma, desconsiderar o papel do adulto, mas sim a construção de uma prática pedagógica. Dessa maneira, a partir das ideias de Rousseau, cabe ao educador manter como princípio pedagógico as expressões naturais biológicas da criança, que em cada idade se manifestam de forma diferente, exigindo, assim, tratamento adequado às especificidades da criança. Ou seja, o docente deve ser um mediador entre a criança e as possibilidades que a cercam. Conforme aponta Queiróz (2010, p. 61): 29 2.4 TEÓRICOS TRADICIONAIS E SUAS CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS Fica clara aqui, mais uma vez, a ideia de que para Rousseau se faz ne- cessário denunciar a educação que enche a cabeça das crianças com conhecimentos que não lhes são úteis; por isso, a educação tem como princípio básico a experiência. Nada de ensinamentos precoces, que a criança não seja capaz de compreender, nem mesmo de pressa para ensinar muitos conteúdos; o interessante em uma boa educação con- siste, justamente, em ter cautela, perder tempo, ou seja, permitir que a criança veja, sinta e comece a fazer os seus próprios juízos. Logo, evidencia-se o motivo da Pedagogia de Rousseau se tornar tão influente ainda no mundo moderno. Por meio de suas ideias e centralização da criança como figura prin- cipal no processo de aprendizagem, Rousseau demarcou uma nova fase no que se refere à Pedagogia, como ciência da educação, dando a criança uma nova significação, como sujeito que aprende e que tem suas singularidades respeitadas. Em vista disso, Rousseau estabeleceu-se como um teórico de visão inovadora. Por isso, tal como Comenius, é consideradoum dos pilares da Pedagogia, recebendo a alcunha de pai da Pedagogia contemporânea. Conforme acompanhado até aqui, Comenius e Rousseau, em períodos distintos da história, foram responsáveis por estabelecerem marcos dentro da Pedagogia. Suas visões consideradas precursoras na educação e a quebra de paradigmas instituída em seus de- vidos períodos de atuação influenciaram profundamente os pensamentos pedagógicos modernos e influenciam até hoje. Diante de tamanha influência apresentada dentro da área pedagógica, Comenius e Rousseau serviram e ainda servem como base para as obras de grandes pedagogos pre- sentes na modernidade. Aqui, serão apresentados alguns nomes que tiveram, em alguma medida, a influência dos trabalhos dos chamados “pais da Pedagogia” em suas obras e que exerceram papéis relevantes no desenvolvimento da Pedagogia educacional. Veja os nomes de alguns deles: • Friedrich Froebel • Jean Piaget • Lev Vygotsky • Henry Wallon • Maria Montessori • Emilia Ferreiro • John Dewey • Paulo Freire • Anísio Teixeira 30 Construtivismo: Teoria idealizada por Jean Piaget, que compreende a criança como um ser que apreende e constrói conhecimentos em diferentes estágios. GLOSSÁRIO Iniciando essa viagem de conhecimento sobre as obras de grandes teóricos da Peda- gogia, agora, serão dispostas análises acerca das obras de três nomes, considerados como principais expoentes do Construtivismo, com teorias elaboradas no âmbito da Psicologia e da educação: o médico suíço Jean Piaget (1896-1980), o psicólogo russo Lev Vygotsky (1896- 1934) e o filósofo e médico francês Henry Wallon (1879-1962). Torna-se interessante observar que os três nomes coexistiram em épocas semelhan- tes e, apesar de nem todos serem educadores de formação, tornaram-se referências dentro da Pedagogia, já que o foco de suas atividades intelectuais se concentrou na compreensão das sociabilidades que podem influenciar a apreensão de conhecimentos por parte dos sujeitos. Para isso, destacaram as crianças como núcleo central em seus estudos, reflexões e observações científicas, enfocando o Construtivismo como base de suas obras. Os três teóricos, Piaget, Vygotsky e Wallon, foram fortemente influenciados pelos pensamentos e obras de Friedrich Froebel (1782- 1852), pedagogo alemão, que foi o primei- ro educador a destacar a importância dos brinquedos e das atividades lúdicas no processo de desenvolvimento da criança. Daí vem o entendimento de que a criança deveria ser tra- tada como centro do processo ensino-aprendizagem. Seguindo essa linha de pensamento, como apontam Rodrigues e Boer (2019), Froe- bel apresentou seus brinquedos, criados por ele mesmo, para auxiliar a brincadeira infantil e potencializar o desenvolvimento das crianças, destacando o ato de brincar como uma linguagem, já que a criança apreende, durante esse ato, a linguagem gestual e corporal, sonora, verbal, entre outras. Com a repercussão de suas ideias e inovações pedagógicas, surgiu, então, o “Jardim de Infância”, criado pelo próprio Friedrich Froebel, na Alemanha. Como aponta Pereira (2012), Piaget, Wallon e Vygotsky, influenciados diretamente pelas ideias de Froebel sobre a infância, por meio de seus estudos, mostraram que o co- nhecimento dos sujeitos se dá por meio de suas ações no mundo, o que confere a essa relação direta entre o indivíduo e o mundo uma compreensão rica acerca das teorizações sobre como conhecê-lo. Isso indica que, segundo os autores, esse processo de construção e reconstrução de conhecimentos se dá por etapas, que se iniciam quando o sujeito ainda é uma criança, o que se configura como a essência do Construtivismo. A partir do exposto, verifica-se que os três autores estabeleceram a linguagem como uma função fundamental do próprio pensamento. Isto é, para Piaget, Wallon e Vygotsky, a relação entre o pensamento e a linguagem deve ser vista como um processo vivo, uma vez que os pensamentos surgem a partir das palavras. Isso indica, então, que a fala é con- siderada como uma tradução dos pensamentos do sujeito, ou seja, é a materialização e objetivação do que foi pensado por ele. Os três autores referenciados acima eram socionteracionistas, o que indica que acre- ditavam que o homem era um ser social, que apreendia conhecimentos em um processo gradual (fases), a partir de sua base biológica de funcionamento psicológico (Psicogêne- se). Tal pensamento demonstra que, segundo os estudos e análises fomentadas pelos três teóricos, os sujeitos transformam-se de seres biológicos para seres sócio históricos, sendo 31 a cultura e as experiências empíricas partes essenciais de sua natureza, assim como a lin- guagem, já citada. Sociointeracionismo: proposta metodológica idealizada por Lev Vygotsky, que defende que fatores sociais, culturais e ambientais influenciam o processo de desenvolvimento e aprendi- zagem dos seres humanos. Psicogênese: entende-se como a origem e desenvolvimento dos processos psicológicos, da mente ou da personalidade de um indivíduo. GLOSSÁRIO Obviamente, nem todos os pensamentos dispostos pelos três autores convergiam em todas as conjunturas, mas, em suas obras individuais, cada um deles priorizou os su- jeitos como agentes centrais no processo de construção, estruturação e organização do pensamento. Como aborda Pereira (2012, p. 286): Sem dúvida, existem muitas diferenças e divergências entre as con- cepções de linguagem dos três autores em questão, mas, certamente, esses autores fizeram parte de uma geração de teóricos que recoloca- ram o sujeito no centro das questões epistemológicas e, assim, reco- locaram o sujeito no centro das pesquisas no campo da linguagem. Para elucidar com mais clareza as ideias apontadas pelos autores, leia o quadro 1, re- ferente às concepções de aprendizagem e funcionalidades da educação/ Pedagogia para cada um deles: 32 Como descrito anteriormente, Piaget, Vygotsky e Wallon concentraram seus estu- dos, em grande parte, nas crianças, e apontaram a Psicogênese e as interações sociais dos sujeitos como elemento fundamental em seus processos de aprendizagem. E, é a partir dessa concepção que surgiu outro grande nome no âmbito pedagógico, a médica italiana Maria Montessori (1870- 1952). Assim, como Piaget, Vygotsky e Wallon, Faria et. al., (2012) pontuam que Montessori concentrou seus esforços, durante bastante tempo, nas crianças pequenas. Posteriormen- te, ampliou o campo de suas pesquisas às crianças mais velhas e à família. Segundo sua visão pedagógica, a infância é a fase primordial para a evolução saudável e gradual dos indivíduos. Por isso, tornou-se uma grande pesquisadora neste campo, sempre buscando conjugar teoria e prática em suas pesquisas. Conforme apontam Faria et. al., (2012), essa percepção apresentada por Montessori foi disseminada em um período da história no qual a educação era aplicada de maneira extremamente rígida e, em dados momentos, permeada por castigos físicos constantes. Bem como Comenius, Montessori abominava essa violência física contra a criança. Alinha- da a essa ideia, ela apresentou uma nova visão pedagógica sobre a criança, reivindicando a participação ativa dos educandos no processo de aprendizagem. 33 Mas, já que a criança assume o papel central no processo montessoriano, qual seria o papel do professor/pedagogo durante as práticas pedagógicas? VAMOS PENSAR? O pedagogo, no método Montessoriano, deve assumir uma posição complementar no processo de aprendizagem, com a função de dirigir as atividades das crianças e obser- var sua evolução. Por isso, torna-se de fundamental importância que o docente conheça e domine os recursos e técnicas de apresentação dispostos no método Montessoriano, com o intuito de orientar a criança da melhor maneira possível. Como descrevem Faria et. al., (2012, p. 02): A pedagogia Motessoriana consiste em harmonizar corpo, inteligên- cia e vontade, se baseia na educação da vontade e da atenção, em que as crianças têm liberdade para escolherseus materiais e onde querem trabalhar com eles em sala, além de proporcionar a coopera- ção entre as mesmas. Tais afirmações indicam que, no método Montessoriano, as crianças têm liberdade para agirem de maneira espontânea, desde que não incomodem seus colegas de turma e mantenham a ordem vigente estabelecida em sala de aula. Conforme colocam Faria et. al., (2012), segundo as pesquisas realizadas por Montes- sori, desenvolvidas em escolas infantis organizadas por ela mesma, as crianças ingressa- vam nesse espaço por volta dos três anos, com origens em famílias bastante humildes, com pais que, em grande parte das vezes, eram analfabetos. E, mesmo limitadas por essas circunstâncias, Montessori percebeu que, aos cinco anos, tais crianças já liam e escreviam, sem que nenhum adulto as orientasse previamente. Assim sendo, atestou que a criança possui em si uma capacidade própria de compreender e absorver a cultura que a rodeia. A partir desses estudos, Montessori concluiu que seria possível apontar para novas possibilidades de educar as crianças, preparando um ambiente adequado e propício para a manifestação de suas singularidades naturais, que envolvem habilidades e também suas necessidades. Assim sendo, Montessori fomentou seu método tendo como principal objetivo ofere- cer um ambiente estimulante, devidamente planejado, capaz de ajudar a criança a desen- volver uma base de aprendizagem consistente, pautada pela criatividade e pelo dinamis- mo de atividades. Veja, no link abaixo, uma reportagem sobre as práticas e princípios que fundamentam o método montessoriano. Disponível em: https://bit.ly/3lyuBD7. Acesso em: 19 dez. 2019 BUSQUE POR MAIS 34 Por enfocar o verdadeiro valor, habilidades e capacidades das crianças, Maria Mon- tessori transformou-se em uma das maiores referências da Pedagogia, redimensionando o conceito do que era ser criança em seu tempo. Obviamente, existem diversos teóricos que realizaram múltiplos estudos acerca da Pedagogia educacional e que geraram conhecimentos de extrema importância para a área pedagógica. E, alguns desses nomes, tiveram parte de suas ideias esmiuçadas e apresentadas acima. Nessa ótica, Comenius, Rousseau, Froebel, Piaget, Vygotsky, Wallon e Montessori, de fato, estabeleceram-se como algumas das maiores referências das ciências da educação. Contudo, há de se ressaltar algo importante: todos esses nomes viveram durante o período em que estiveram ativos, na Europa, ou seja, suas obras foram produzidas e in- fluenciadas pelos períodos históricos vivenciados no continente europeu, algo um pouco distante da realidade latina e brasileira. Pensando nessa conjuntura, agora, serão apresentados os pensamentos e obras de três das maiores referências da Pedagogia na América do Sul: a argentina Emilia Ferreiro e os brasileiros Paulo Freire e Anísio Teixeira. Os três teóricos contribuíram, de maneiras dis- tintas, para a Pedagogia, focando grande parte de suas obras no processo de alfabetização, seja de crianças ou de adultos. Posteriormente, as reflexões, pensamentos e obra de Paulo Freire serão retomadas, mas, primeiramente, o foco será no trabalho de Emília Ferreiro. Antes de iniciar a leitura, conheça um pouco sobre a obra de Emilio Ferreiro. Disponível em: https://bit.ly/33JjrFp. Acesso em 19 dez. 2019 BUSQUE POR MAIS Mas, antes de se aprofundar nas conceituações e concepções de educação dos três teóricos, a partir de sua vivência acadêmica, sua proximidade com a cultura brasileira e seus estudos prévios, escreva abaixo, com suas palavras, o que você sabe, conhece ou já ouviu falar sobre o educador e filósofo Paulo Freire. VAMOS PENSAR? Emilia Ferreiro nasceu na Argentina, em 1937. Psicopedagoga de formação, foi umas das precursoras no que se refere à discussão do tema alfabetização inicial. Tendo concluí- do seu Doutorado em Genebra, na Suíça, foi orientada por Jean Piaget, do qual se tornou colaboradora e foi amplamente influenciada em suas obras. Diretamente influenciada pelas ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon, calcadas na Psi- cogênese e no Construtivismo, as conceituações de Emilia Ferreiro conduziram à diversas questões referentes à temática alfabetização. Toda a respeitabilidade profissional adquirida por Emilia deveu-se, em muito, pela consistência teórica de suas concepções. Seu primeiro livro traduzido no Brasil, Psicogêne- se da Língua escrita, coescrito com Ana Teberosky, estabeleceu-se como uma referência fundamental no que se refere ao entendimento dos processos que levam a criança ao ato 35 de ler e escrever. Tal obra apresenta ideias de Emilia acerca de um problema que assola inúmeras ins- tituições de ensino, que é o fracasso escolar. Emilia Ferreiro ganhou prestígio por desenvolver, com seus colabo- radores, pesquisa empírica que lhe permitiu formular a teoria sobre a psicogênese da língua escrita, a qual foi divulgada em diversos países, dentre eles, o Brasil. Sua atuação profissional revela, também, o com- promisso político em contribuir na busca de soluções para se enfren- tar o problema do analfabetismo (MELLO, 2007, p. 87). Assim como Piaget, sua maior influência, e outros teóricos (alguns já citados), Emilia enfatizou as crianças no processo de construção do conhecimento, dando um novo signifi- cado às práticas pedagógicas que conduziam à sua alfabetização. A partir do foco nos pro- cessos de alfabetização, como menciona Mello (2007), Ferreiro pontua que realizou uma “revolução conceitual” a respeito da alfabetização, já que alterou as ideias que constituíam o tema alfabetização, levantando debates sobre os métodos e os testes utilizados para o ensino da leitura e da escrita. Essa “revolução conceitual” se baseia na ideia de que não são os métodos aplicados pelos professores que alfabetizam, nem os testes que auxiliam o processo de alfabetização, mas, sim, as próprias crianças que constroem e reconstroem o conhecimento sobre a lín- gua escrita, por meio de hipóteses que formulam, a partir do que já conhecem no mundo. Nessa perspectiva, os resultados obtidos por Emilia em suas pesquisas demonstram sua veia construtivista, alicerçada nos conceitos de Piaget, sempre considerando os conheci- mentos prévios e a influência de diferentes elementos nos processos de aprendizagem da criança. Essa influência externa, conforme Mello (2007), suscita uma reflexão acerca do quanto a classe social do indivíduo pode influenciar o processo de ensino-aprendizagem, já que os maiores índices de fracasso escolar apresentados por Emilia se concentram nas classes menos favorecidas. Sendo assim, a obra Psicogênese da Língua escrita apresenta resultados de pesqui- sas realizadas acerca do processo de aquisição da língua escrita por parte de crianças que apontam para contribuições importantes para professores e educadores, fomentando no- vas interpretações e respostas sobre o fracasso ou sucesso dos educandos durante o per- curso da alfabetização. Tendo como base a temática alfabetização, agora, a ênfase se dará a respeito da obra de, talvez, o nome mais difundido na Pedagogia brasileira: Paulo Freire. Esta é uma figura que desperta em muitos sentimentos e intuições distintas, mas nunca a neutralidade. Com a mesma força que muitos se sentem atraídos por sua obra e concepções acerca de Pedagogia/educação, outros sentem uma necessidade de rejeitá-lo. Porém, neste material, não se enfatizarão questões de cunho individual e posicionamentos simplistas, com o intuito de glorificar ou criticar negativamente o autor. Nesse material serão abordados alguns fatos e reflexões acerca da obra de Paulo Freire, que o transformaram em uma figura tão destacada na Pedagogia. Para facilitar esse processo, conheça melhor um pouco de sua história por meio do vídeo abaixo. 36 Saiba um pouco mais sobre a vida e obra de Paulo Freire, tomada por elogios e críticas. Dis- ponível em: https://bit.ly/3h10S3v. Acesso em: 17 dez. 2020; Neste link, você terá acesso às práticas utilizadas por PauloFreire em seu método de alfabe- tização. Disponível em: https://bit.ly/33Jdus4. Acesso em: 17 dez. 2019. BUSQUE POR MAIS Conforme demonstra Dreyer (2011), Paulo Freire (1921-1997) nasceu em Recife, no Es- tado de Pernambuco. Advogado de formação, dedicou mais de cinquenta anos da sua vida à Pedagogia/Educação, pensando e formulando práticas pedagógicas voltadas às classes populares, tendo produzido uma vasta obra, constituída de mais de 20 livros e inúmeros artigos e textos. Inicialmente, como visto no vídeo anterior, Paulo Freire viveu em um período contur- bado da história do Brasil, marcado por modificações estruturais na economia e na políti- ca. De acordo com Maciel (2011, p. 330): O contexto econômico social do Brasil, em meados de 1945, foi mar- cado por profundas transformações na sociedade do capital. O país viveu uma profunda transformação no que se refere à mudança do modelo econômico. O modelo agrário-exportador é substituído pelo urbano-industrial. Este é um período no qual há uma maior inserção das massas na definição dos rumos da sociedade, momento em que os trabalhadores conquistaram alguns direitos e houve uma deman- da maior por mais escolarização em face do crescente número de analfabetos e defasados escolares. Foi nesse contexto que Paulo Freire, ciente das mudanças implementadas no Brasil, julgou necessário inserir o povo brasileiro (classes populares, em grande parte analfabetas) no processo de desenvolvimento do país. Assim sendo, conforme aborda Mello (2007), de- terminado e alicerçado em suas convicções, Paulo Freire surgiu como o idealizador de uma educação/Pedagogia que retirasse o analfabeto da posição de oprimido, com o intuito de agregá-lo à sociedade como um todo. Como aborda Ghiraldelli Jr. (2012), Paulo Freire foi um combatente voraz da chamada educação bancária, na qual o aluno não era o ator principal no processo ensino-aprendiza- gem e apenas um ser passivo. Foi a partir dessa visão de mundo que o educador começou a idealizar seu método pedagógico que hoje gera tantas discussões, para o bem e para o mal, o chamado método Paulo Freire. Como dito anteriormente, as concepções e obras produzidas por Paulo Freire susci- tam amplas discussões no que se refere aos seus resultados. Suas práticas pedagógicas, construídas e aplicadas em diferentes grupos, delinearam uma forte marca no espectro educacional brasileiro. Por isso, agora, serão esmiuçados alguns dos principais elementos que constituem o método Paulo Freire. 37 2.5 DESTRICHANDO O MÉTODO DE PAULO FREIRE Como apresentado anteriormente, Paulo Freire tinha como principal objetivo intro- duzir na sociedade aqueles sujeitos que considerava oprimidos. Ou seja, suas propostas pedagógicas tinham como finalidade incorporar indivíduos que, para ele, se encontravam à margem da sociedade. Como afirma Ghiggi (2010, p. 115): Freire desestrutura totalidades instituídas a priori, pelo destaque a gênero, raça, cor e religião, mantendo, porém, exigências de sínteses que aglutinam fragmentos, desautorizando o descredenciamento do vigoroso conceito de classe social. Freire desautoriza o discurso crítico quando interdita o outro, da mesma forma que não dá, pelo concei- to de autoridade ou pela distinção que produz à Educação Popular, guarida a quem autoriza a produção do contexto de desigualdade e malvadeza que busca hegemonizar o mundo da cultura e das rela- ções em geral. Apegado a essa ótica, o educador buscou, por meio de suas ações pedagógicas, pro- por uma nova relação social em que houvesse uma real igualdade entre homens e mulhe- res, projetando o bem comum da sociedade, em sua totalidade. Isso, como explica Ghiral- delli Jr. (2012), era o que Freire considerava como a Pedagogia libertadora, inimiga direta da educação bancária e de um pragmatismo educacional. Então, a partir dessa leitura de mundo, Freire começou a colocar em prática sua filo- sofia de educação, opondo-se ao pensamento pedagógico considerado como tradicional e, como afirmam Streck, Redin e Zitkoski (2008), priorizando a formação de sujeitos críti- cos, autônomos, criativos e conscientes de seus papéis como cidadãos. O pensamento pedagógico vigente naquele período, considerado tradicional, pauta- va-se na utilização das cartilhas, que ensinavam e alfabetizavam pelo método da repetição constante de palavras soltas e/ou de frases criadas de maneira descontextualizada. Freire era totalmente contrário a tal prática pedagógica. De acordo com Dreyer (2011, p. 3591): Através de conversas informais o educador observa os vocábulos mais usados pelos alunos e a comunidade, e assim seleciona as palavras que servirão de base para as lições. A quantidade de palavras gerado- ras pode variar do professor. Depois de composto o universo das pala- vras geradoras, elas são apresentadas em cartazes com imagens. En- tão, nos círculos de cultura inicia-se uma discussão para significá-las na realidade daquela turma. Com isso os educandos passam para as etapas seguintes do aprendizado que consiste em uma dupla leitura: a da realidade social que se vive e a da palavra escrita que se traduz. Entenda melhor as fases do processo por meio do esquema abaixo: 38 Figura 2: Fases do processo Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) Isto posto, tal método fundamentado e aplicado por Freire tornou-se extremamente relevante, visto que, durante o percurso percorrido pelo educando, novos conceitos e pro- blematizações eram produzidos, estimulando ato de pensar por parte do aluno. Por isso, Freire, por intermédio dos círculos de cultura, propôs o uso das palavras geradoras na alfa- betização em EJA (Educação de jovens e adultos), integrando a leitura das palavras à uma leitura mais ampla do mundo (DREYER, 2011). Até se estabelecer, de fato, como a base da educação voltada para jovens e adultos, o chamado método Paulo Freire foi amplamente discutido, assim como a EJA, que passou por inúmeras modificações em sua estrutura, até se consolidar como uma prática educa- cional realmente séria e relevante. No entanto, apesar das diversas discussões e demora para implantação das bases da EJA, por valorizar a cultura dos sujeitos e instigar a relação direta entre professores e alunos, dando ao educando a oportunidade de expressar suas ideias, suas experiências, li- mitações e dificuldades, Paulo Freire determinou um novo parâmetro na Pedagogia, rom- pendo com a escolarização tida, até então, como tradicional e, para ele, obsoleta. Com as ideias de Freire em vista, o Ministério da Educação criou, no ano de 1964, o Programa Nacional de Alfabetização de Adultos, que permaneceu em vigência por pouco tempo. Conforme afirma Streck (2004), tal período curto de aplicação do programa, de- ve-se à ascenção ao poder dos governo militar de 1964. Como consequência, considerado como uma ameaça, devido às transformações sociais que buscava, Paulo Freire foi exilado. Durante o período em que esteve exilado, Freire deu continuidade às suas práticas, direcio- nadas para a alfabetização de adultos, estimando sempre o uso das palavras geradoras. Antes de descobrir outro grande nome da Pedagogia, a partir dos estudos realizados nessa unidade, responda a questão: Quais são os aspectos que aproximam as teorias de Emília Ferreiro e Paulo Freire, tão influentes na Pedagogia? VAMOS PENSAR? Dessa forma, Freire, de fato, estabeleceu-se como um dos educadores brasileiros mais reconhecidos. Nesta mesma escala de reconhecimento, sempre visando a igualdade de condições, outro grande nome se estabeleceu como uma das maiores referências na Pedagogia brasileira. Trata-se de Anísio Teixeira. 39 Antes de se aprofundar na obra de Anísio Teixeira, conheça um pouco mais sobre ele. Disponível em: https://bit.ly/2Fj7HAa. Acesso em: 17 dez. 2020. BUSQUE POR MAIS Anísio Teixeira, como apontam Fernandes e Camargo (2017), nasceu em Caetité- BA, no ano de 1900, e faleceu em 1971, tendo se tornado um educador e intelectual brasileiro reconhecido mundialmente,além de uma das grandes figuras que contribuiu considera- velmente nos debates em relação ao campo educacional no Brasil. Segundo Nunes (2000), após sólida formação adquirida no Instituto São Luiz Gonza- ga, em Caetité, e no Colégio Antônio Vieira, em Salvador, ambos colégios católicos jesuítas, Anísio Teixeira concluiu bacharelado em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, em 1922, e, em seguida, no ano de 1929, recebeu o título de Master of Arts, pelo Teachers College da Columbia University. Anísio Teixeira iniciou-se na vida pública em 1924, quando recebeu o convite do governador da Bahia, Francisco Marques de Góes Calmon, para ocupar o cargo de Inspetor Geral de Ensino. Teve, nessa ocasião, a oportunidade de realizar a reforma da instrução pública nesse esta- do, durante os anos de 1924 a 1929. Nesse período, realiza uma viagem à Europa (1925) e duas viagens aos Estados Unidos (uma em 1927 e ou- tra em meados do ano de 1928). Em ambas tem a chance de observar diversos sistemas escolares. Nos Estados Unidos trava contato com a obra do filósofo americano John Dewey que marcou decisivamente sua trajetória intelectual (NUNES, 2000, p. 10). Conforme exposto anteriormente, durante a construção de sua obra educacional, Anísio Teixeira foi extremamente influenciado pelas ideias e conceituações do pensador americano John Dewey, que foi seu professor em um curso de pós-graduação, nos Estados Unidos. Conforme expõe Santos (2016), Dewey era o grande representante do pragmatis- mo Americano, movimento filosófico, político e social que determinava a educação como ferramenta essencial para a manutenção da estabilidade social e o progresso econômico. Tendo sido aluno de Dewey, Anísio Teixeira estabeleceu como prioridade o desenvol- vimento e crescimento das bases educacionais brasileiras, tornando-se um grande disse- minador das ideias deweynianas. Veja, nos vídeos abaixo, como as ideias de Anísio Teixeira interligavam-se intima- mente às ideias de Dewey: • https://bit.ly/30MNQ3I. (Acesso em: 17 dez. 2019) • https://bit.ly/2GGfh8z. (Acesso em: 17 dez. 2019) BUSQUE POR MAIS Com isso em vista, como afirma Santos (2016), o legado de Anísio Teixeira para a educação brasileira ficou evidente nas décadas de 1920 a 1960, já que o educador buscou, por meio de seus ideários, reformar a educação pública, sobretudo a primária, visando a modernização e desenvolvimento social e econômico do Brasil. 40 Seu legado começou a ser efetivamente construído em 1931, ano em que, como pon- tua Nunes (2000), assumiu a Diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal, a pedido do governador Pedro Ernesto Batista. Durante o período em que ocupou o cargo, Anísio Teixeira conduziu uma importante reforma da instrução pública que o projetou a nível na- cional, compreendendo a escola primária, a escola secundária e o ensino de adultos. O tra- balho demonstrou-se bem-sucedido, culminando na criação da Universidade municipal do Distrito Federal. Porém, apesar dos resultados positivos, Anísio Teixeira demitiu-se em 1935, devido a inúmeras pressões políticas que impediram seu prosseguimento no cargo, acusando-o de fazer parte do movimento comunista devido a suas ideias. Nesse processo, conforme abordam Fernandes e Camargo (2017), Anísio Teixeira en- viou uma carta ao prefeito Pedro Ernesto Batista, justificando sua demissão do cargo, afir- mando não fazer parte do movimento comunista, muito menos compactuar com as ideias pregadas por tal grupo, já que se denominava como parte do movimento liberal. Na sequ- ência de tais acontecimentos, exilou-se na Bahia. Nesse período, defendendo uma escola nova com funções ampliadas, visível nas re- formas dos anos 1920, se aprofundou entre os intelectuais reformistas e apareceu no Ma- nifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932, documento elaborado por 26 intelectuais que propunha a renovação educacional do país (CAVALIERE, 2010). As ideias reformistas de Anísio de Teixeira, bem como dos outros intelectuais que aderiram ao manifesto, segundo Fernandes e Camargo (2017), baseavam-se na oferta de uma escola pública, universal, laica, gratuita, obrigatória, algo já defendido por ele enquan- to ocupante do cargo de diretor da Instrução Pública do Distrito Federal. Tais ideias, como já visto, geraram perseguições e acusações acerca de sua obra, por ser uma proposta de escola nova. Tais princípios reformistas de Anísio Teixeira foram construídos a partir do panorama vivenciado no Brasil naquele período, no qual a educação, segundo Cavaliere (2010), era ofertada em tempo parcial (apenas um turno), direcionada exclusivamente para a forma- ção intelectual e para alunos de classe média e alta. A perspectiva educacional de Anísio Teixeira visava ao atendimento de um conjunto de necessidades não restritas apenas à formação intelectual, por meio das matérias das áreas especializadas comuns, mas também às necessidades ligadas aos aspectos éticos, estéticos e físicos. Cabe esclarecer que com vistas a formação integral do ho- mem, Anísio Teixeira optou pela denominação “Centro Educacional” para distinguir do nome “escola” que tradicionalmente remete, de modo exclusivo à formação intelectual (FERNANDES; CAMARGO, 2017, p. 56). Nessa perspectiva, sua ideia, como abordam Fernandes e Camargo (2017), era im- plantar um modelo social democrático, capaz de oferecer a cada indivíduo oportunidades iguais de desenvolvimento humano, social e econômico, constituindo, assim, um ambien- te saudável de competição entre ricos e pobres. Tal visão de mundo demonstra que Anísio Teixeira considerava a educação pública como uma força capaz de levar o Brasil à prosperidade. Assim, pautada pela predominân- cia de um Estado liberal e pelo progresso econômico apoiados por Dewey, para ele, a edu- cação pública seria o ponto de partida para o desenvolvimento social e econômico do país. A partir dessa concepção, após um período de afastamento da vida pública, expe- rienciado durante a ditadura militar, conduzida pelo governo Vargas, Anísio Teixeira foi con- vidado a trabalhar na UNESCO, em 1946. No entanto, permaneceu durante pouco tempo 41 na função, assumindo, em seguida, o cargo de Secretário de Educação e Saúde da Bahia, a convite do então governador Otávio Mangabeira. Dessa forma, como demonstra Cavaliere (2010), o educador e intelectual prosseguiu com sua visão e ação política, objetivando a implementação e efetivação da escola pública, ligada ao trabalho, à prática e à ciência. Nesse percurso, buscou desassociar a escola da elite, visualizando uma política educacional de qualidade para a escola primária. Nessa retomada, o incremento do ingresso das classes populares no sistema escolar causava grande impacto e suas propostas tentavam responder a essa realidade. As crianças pertencentes a famílias não escolarizadas, sem intimidade com a linguagem escrita e a cultura escolar, não poderiam inserir-se num modelo de escola construído para as classes média e alta (CAVALIERE, 2010, p. 256). Diante dessa conjuntura, conforme pontuam Fernandes e Camargo (2017), Anísio Teixeira percebeu que ampliar o tempo de aula era uma necessidade prática perante sua proposta educacional, que demandaria tempo e organização. Com isso em vista, foi criada, em 1950, na cidade de Salvador-BA, a escola-parque, que convencionou-se chamar de es- colar integral. Para saber mais sobre a escola-parque, acesse o link abaixo, no site Educa Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3iKNZuD. Acesso em: 18 dez. 2019. BUSQUE POR MAIS Diante da inau- guração, começava ali a materialização real do trabalho de Anísio Teixei- ra, conduzido pela oferta da escola para todos, que, como mostra Cavaliere (2010), não se limitava à alfabetização, mas visa- va também elevar o nível cultural da população, englobando aspectos fí- sicos, intelectuais, cívicos e espirituais da formação dos sujeitos. Veja os prin- cipais fundamentos das escolas-parque: Figura3: Fundamentos das escolas-parque Fonte: Elaborado pelo Autor (2019) 42 A escola-parque, inaugurada com o nome de Centro Educacional Carneiro Ribeiro, segundo Castro e Lopes (2011), seria um irradiador da experiência de escola primária em tempo integral, dedicada a toda a cidade de Salvador, além de formar novos docentes na Bahia. O projeto avançou, conforme os anos se passavam e, em 1964, já contava com quatro Escolas Classe e uma Escola Parque, totalizando 11 prédios, presentes no bairro da Liberdade. Tal bairro foi escolhido estrategicamente, já que continha, muitas crianças em idade escolar, bem como um proletariado de nível econômico baixo. Vale lembrar, como coloca Cavaliere (2010), que, no início dos anos 60, o sistema edu- cacional da então nova capital do país, Brasília, foi organizado com base no modelo da escola-parque, com o objetivo de se tornar uma referência para todo o Brasil. Tendo sido também diretor de educação no Distrito Federal, realizou uma gestão considerada inova- dora durante o período em que ocupou o cargo, redigindo diversos textos e desenvolvendo ideias que geraram inúmeras concepções ampliada de educação escolar. Com uma visão liberal igualitária, conduzida pelas ideias de Dewey, como já aponta- do, Anísio Teixeira reconhecia as desigualdades sociais e econômicas e, por meio da edu- cação pública aplicada nas escolas-parque, visualizava a mudança da estruturação da so- ciedade brasileira, objetivando a igualdade de oportunidade para todos. Anísio Teixeira reclamava uma educação mais genérica e técnico- -científica, – uma vez que a ciência viera revolucionar os métodos de trabalho e de vida humana. De tal maneira, essa educação permitiria a todos integrar-se aos novos níveis que a sociedade atingiria (FER- NANDES; CAMARGO, 2017, p. 61). Nessa ótica, a escola primária, com uma proposta de educação nova, seria formadora de um estudante dotado e conhecedor de princípios básicos, essenciais para habilitá-lo a viver em sociedade e realizar diferentes tipos de trabalho futuramente, sempre buscando viabilizar a integração social de diferentes grupos, a interrelação entre ciência e valores morais e o desenvolvimento do país. O projeto reformista do educador continuou até o início da década de 1960, mas, conforme Nunes (2000) demonstra, foi desconstruído a partir da eclosão do governo Var- gas, período no qual, como já citado, estabeleceu-se a Ditadura militar no Brasil. Com o tempo, como consequência, devido às pressões e inúmeras mudanças polí- ticas ocorridas, como aborda Cavaliere (2010), Anísio Teixeira se afastou da vida pública e viu seus projetos e propostas serem interrompidos. Consequentemente, as escolas-parque não tiveram continuidade e a concepção de educação integral foi esquecida por cerca de 20 anos. No entanto, de acordo com Cavaliere (2010), no Brasil do século XXI, vários progra- mas educacionais, implementados por governos estaduais e municipais, incorporaram o conceito de educação integral, que ainda está presente na atualidade. Tal realidade de- monstra que os ideias e preceitos de Anísio Teixeira continuam vívidos. Logo, com tantas contribuições dispostas acerca da educação brasileira, o INEP (Instituto Nacional de Estu- dos Pedagógicos Anísio Teixeira), hoje, leva seu nome, uma vez que foi presidido pelo edu- cador, a partir de 1952, período no qual a valorização da pesquisa educacional no país viveu um grande apogeu. Tendo como base essa perspectiva de ressurgimento da educação integral e suas contri- buições em diversos campos e regiões, Anísio Teixeira, tal como Paulo Freire, marcou seu nome na história da Pedagogia, sendo fonte imprescindível para as diversas discussões que abrangem a temática. 43 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O teólogo Joan Amós Comenius, apesar de não ser um educador de formação, é consi- derado o “pai da Pedagogia e da didática modernas”, visto que foi o primeiro indivíduo a consolidar a educação como uma ciência estruturada e sistemática. Com base na obra de Comenius, analise as asserções abaixo. I. Os métodos pedagógicos defendidos por Comenius baseavam-se em princípios cristãos e em uma visão teológica. II. Para Comenius, a educação se baseava em um sistema rígido, no qual castigos físicos e correções violentas contra crianças eram comuns. III. Comenius pregava a ideia de uma educação igualitária e democrática, ofertada a todos, independentemente de quaisquer diferenças existentes entre indivíduos e grupos sociais. Assinale a alternativa correta. a) Apenas o item I está correto. b) Os itens I e II estão corretos. c) Os itens II e III estão incorretos. d) Os itens I e III estão corretos. e) Todas as alternativas estão incorretas. 2. Assim como Joan Amós Comenius, o escritor, teórico político, compositor e filósofo Jean Jacques Rousseau é considerado uma das maiores referências da Pedagogia, recebendo a alcunha de “Pai da Pedagogia contemporânea”. Durante sua obra, Rousseau sempre bus- cou prezar pelos múltiplos aspectos que podem contribuir para a formação dos homens e dos cidadãos, sempre valorizando e estimando seus valores como seres sociais. Tendo em vista essa formação dos indivíduos, o filósofo definiu as crianças como bases de seu siste- ma educacional. Sobre os pensamentos de Rousseau acerca das crianças é correto afirmar que: a) Rousseau aponta que as crianças são as peças centrais no processo ensino-aprendiza- gem e que são capazes de apreender qualquer tipo de conhecimento, independentemen- te de sua faixa etária. b) Para Rousseau, a educação é um processo aberto, que possui um ponto de partida, sem estabelecer o ponto de chegada, que é determinado pelas oportunidades e talentos que cada sujeito conserva. c) Os métodos pedagógicos defendidos por Rousseau se constituem por um projeto de formação humana rigoroso, que não leva em conta os limites sociais e culturais de cada indivíduo d) Segundo os preceitos difundidos por Rousseau, a educação deve respeitar a evolução natural das crianças e desconsiderar os diversos elementos e sociabilidade que podem in- fluenciar sua aprendizagem. e) Ao professor cabe a tarefa de respeitar e contemplar as singularidades, naturais e bioló- gicas da criança, manifestadas de forma idêntica, sem variações, em qualquer fase de sua 44 vida. 3. Leia o fragmento de texto abaixo acerca do que é Construtivismo. A base do pensamento construtivista consiste em considerar que há uma construção do conhecimento e, que para que isso aconteça, a educação deverá criar métodos que esti- mulem essa construção, ou seja, ensinar aprender a aprender. Essa linha pedagógica en- tende que o aprendizado se dá em conjunto entre professor e aluno, ou seja, o professor é um mediador do conhecimento que os alunos já têm em busca de novos conhecimentos criando condições para que o aluno vivencie situações e atividades interativas, nas quais ele próprio vai construir os saberes. Disponível em: https://escoladainteligencia.com.br/o-que-e-o-metodo-de-ensino-construtivista/ Acesso em: 09 jan. 2020 Considerando-se o texto e os estudos realizados, afirma-se que: I. Piaget entende a criança como um sujeito que é capaz de apreender e construir conhe- cimentos em diferentes estágios. II. O processo de construção e reconstrução de conhecimentos acontece por meio de etapas, que têm início quando o sujeito é uma criança e que se findam quando ela chega à fase adulta. III. Durante o processo de construção dos saberes, a linguagem é um fator secundário, que não interfere na aprendizagem da criança. De acordo com sua análise: a) Apenas os itens I e II estão corretos. b) Apenas itens II e III estão corretos. c) Apenas os itens I e III estão corretos. d) Todos os itens estão corretos. e) Apenas o item I está correto. 4. O sociointeracionismo, cunhado por Lev Vygotsky, defende a importância da interação do sujeito com o meio em que ele está inserido. Dessa forma, segundo tal teoria, fato- res sociais, culturais e ambientais podem influenciar, positivamenteou negativamente, o processo de desenvolvimento de um indivíduo. Tendo como base tal afirmação, conforme Vygotsky, Piaget e Wallon acreditavam, pode- -se afirmar que: a) O homem é um ser biológico, que retém conhecimentos diversificados em qualquer etapa de sua vida, independentemente de qualquer fator externo que se manifeste em sua vida. b) A cultura e as experiências empíricas vivenciadas pelos indivíduos são irrelevantes em sua natureza e em seu processo ensino-aprendizagem. c) Linguagem e pensamento são atividades de funcionamento distintas, que não se rela- cionam entre si. d) O homem é um ser social, que retém e produz conhecimentos em um processo gradu- al (fases), de acordo com sua base biológica de funcionamento psicológico (Psicogênese). 45 e) A Psicogênese é um processo psicológico e mental que não está associado à construção da linguagem e dos pensamentos dos sujeitos. 5. A médica Maria Montessori, a partir de suas pesquisas desenvolvidas, considerava a crian- ça como o pilar dos processos que conduzem à aprendizagem. Tendo isso em vista, grande parte dos pedagogos, especialmente aqueles que atuam na Educação Infantil, provavel- mente, já leram suas teorias ou pelo menos ouviu falar sobre elas. Por isso, ler e conhecer as ideias de Montessori pode ser fundamental para o pedagogo que busca saberes perti- nentes ao seu campo do saber. Partindo desse pressuposto, assinale a alternativa que indica qual é o papel do pedagogo no método Montessoriano: a) Cabe ao professor conhecer e dominar os recursos e técnicas de apresentação propostos no método Montessoriano, com o objetivo de orientar, da melhor maneira possível, a crian- ça que realiza as atividades. b) O professor tem um papel secundário, não interferindo no processo de construção dos saberes, dando à criança total liberdade para agir e atuar nos espaços dispostos. c) O professor deve permitir que os alunos tenham plena liberdade para agirem de forma espontânea durante as aulas, independentemente do comportamento apresentado du- rante a realização das atividades. d) O ambiente no qual o professor atua não precisa estar equipado e devidamente organi- zado para que a aprendizagem ocorra por parte dos educandos. e) É papel do professor conhecer e gerir com destreza os recursos dispostos no método Montessoriano, intervindo, sempre de maneira mais rígida, quando há erros casuais por parte do aluno, durante a execução das atividades. 6. Paulo Freire, conhecido como uma das maiores referências no campo pedagógico, du- rante seu percurso profissional, enfocou em seu trabalho a educação popular, sendo um combatente ávido da chamada educação bancária. A partir dessa visão crítica aos modelos educacionais tradicionais, ele formulou seu próprio método de alfabetização. Sobre tal método, assinale a alternativa que o descreve: a) O método Paulo Freire consiste na utilização de cartilhas com palavras aleatórias, que, associadas a palavras-chave comuns ao cotidiano do aluno, potencializam o processo de alfabetização. b) Durante a aplicação do método Paulo Freire, o aluno é colocado em uma posição se- cundária, na qual é um sujeito passivo, que apenas absorve os conhecimentos que lhes são propostos. c) No método Paulo Freire, o professor deve discutir e contemplar em sua prática as vivên- cias e experiências dispostas pelos alunos, utilizando tais informações como base para o processo de alfabetização. d) Por meio de cartilhas, no método Paulo Freire, o professor deve valorizar e priorizar uma aprendizagem pragmática, conduzida pela memorização mecanizada dos conteúdos. e) A aplicação do método Paulo Freire consiste em palavras geradas pelos professores, baseadas em seu dia-a-dia, que conduzem a aula sem que haja a intervenção dos alunos. 46 7. É inegável que Anísio Teixeira estabeleceu-se como uma figura fundamental na constru- ção e consolidação das escolas públicas no Brasil, tendo sido, como se afirma comumente, o “inventor da escola pública”. Além disso, o educador foi um profundo defensor da ideia de educação integral, que, durante o século XX, tornou-se realidade a partir da realização das reformas pretendidas por ele. Considerando as afirmações acima apresentadas, assinale a opção correta sobre os princí- pios que nortearam a escola pública pensada por Anísio Teixeira: a) Defendendo o conceito de Escola Nova, Anísio Teixeira buscou ampliar o acesso à educa- ção para um público que englobava apenas indivíduos de classe média e alta. b) As ideias reformistas de Anísio Teixeira pautavam-se na estruturação de uma escola pú- blica, universal, laica, gratuita e obrigatória. c) Para Anísio Teixeira, uma escola pública de qualidade seria a propulsora para o desenvol- vimento do país, proporcionando às elites socioeconômicas ainda mais privilégios. d) Durante o processo de idealização e consolidação da escola pública, Anísio Teixeira bus- cou frequentemente associar a imagem do novo modelo escolar às elites, buscando im- plementar uma política educacional de qualidade para a escola primária. e) Por meio da escola pública, Anísio Teixeira buscava transformar a sociedade, delineando à escola a tarefa de reduzir as desigualdades e criar o saudável ambiente de competição entre ricos e pobres. 8. Tanto Paulo Freire como Anísio Teixeira defendiam uma educação que fosse capaz de in- tegrar os mais pobres ao processo de desenvolvimento do Brasil. Porém, suas ideias, mui- tas vezes, foram consideradas ousadas demais, o que os levou, em determinado momento de suas vidas, ao exílio, imposto e/ou voluntário, devido ao momento político de caráter autoritário vivenciado no país naquele momento. Tendo as afirmações acima como base, analise as asserções a seguir. I. Ambos os educadores buscavam, por meio da educação, dar voz e oportunidades às clas- ses consideradas de baixa renda. II. Cada um dos educadores buscava, por meio de suas obras educacionais, extinguir ou, pelo menos, minimizar o analfabetismo no Brasil. III. Ambos os educadores tinham como ideia fundamental de educação o pragmatismo e as ideias propostas por Dewey. Sobre as afirmações acima: a) As duas primeiras asserções são proposições verdadeiras. b) As três asserções são proposições verdadeiras. c) As três asserções são proposições falsas. d) As duas primeiras asserções são falsas e a última é verdadeira. e) A segunda asserção é a única verdadeira. 47 DIRETRIZES QUE FUNDAMENTAM A PROFISSÃO DO PEDAGOGO UNIDADE 03 48 3.1 INTRODUÇÃO Após analisar as obras de figuras que delinearam os caminhos a serem percorridos pela Pedagogia durante a história, nesta unidade, serão analisadas as DCN´s (Diretrizes Curriculares Nacionais) dos cursos de Pedagogia no Brasil e os marcos que contribuíram para sua consolidação. Como se sabe e já foi exposto neste material, o processo de construção da identidade da Pedagogia e dos pedagogos, como profissionais, como se viu na primeira unidade, foi permeado por mudanças significativas, demarcadas em diferentes épocas e em conjun- turas que apresentam suas especificidades políticas, sociais, econômicas, além de outros aspectos. Sabendo como tais modificações estruturais alteraram as conceituações sobre a identidade epistemológica e identitária dos pedagogos, nesta unidade, será feito um res- gate histórico, em relação ao Brasil, acerca das concepções teóricas que definiram as áreas de atuação e as funcionalidades que a profissão de pedagogo pode propiciar, conduzindo à construção das Diretrizes Curriculares Nacionais. Objetivos de aprendizagem: • Definir as normas e princípios que norteiam os cursos de Pedagogia no Brasil; • Discutir o histórico de construção das Diretrizes Curriculares Nacionais; • Identificar as diretrizes que conduzem as propostas curriculares ofertadas nos cur- sos de Pedagogia; Segundo os conhecimentos previamente apreendidos por você durante o curso ou em am- bientes não formais de ensino, qual é ou quais são as funções das Diretrizes Curriculares Nacionais, no que serefere ao curso de Pedagogia? VAMOS PENSAR? Após responder à pergunta apresentada, agora, será retomado o assunto colocado em pauta: o que são as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de pedagogia no Bra- sil? Saiba um pouco mais sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais e suas implicações para os profissionais da Pedagogia. Disponível em: https://bit.ly/3ddXq4F. Acesso em: 18 dez. 2019. BUSQUE POR MAIS Primeiramente, é preciso definir o que exatamente são diretrizes. Segundo a Reso- lução Nº 2, de 1º julho de 2015, essas diretrizes, referentes aos cursos de Pedagogia no Bra- sil, estabelecem quais são os princípios, as condições de ensino e de aprendizagem e os procedimentos relativos ao planejamento e avaliação, a serem seguidos pelos órgãos dos 49 sistemas de ensino e pelas instituições de educação superior do país. Veja abaixo alguns dos princípios que norteiam as DCN´s: Figura 4: Princípios das DCN’s Fonte: Rodrigues (2016, online) Tais pontuações norteiam os diversos conhecimentos existentes dentro dos cursos de Pedagogia e quais são as atribuições dadas às Instituições de Ensino que pretendem ofertá-los. Mas, a que instituições e cursos de graduação se aplicam tais diretrizes? Como aponta a Resolução Nº 2, de 1º de julho de 2015: Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada (2015, p. 1). Então, basicamente, a Resolução apresentada dispõe a regulamentação dos cursos de Pedagogia no Brasil, que têm como principal premissa, segundo o documento, formar professores para a docência nos níveis dos sistemas de ensino apontados. Como aborda Scheibe (2007), tal regulamentação manteve as discussões e os deba- tes acerca da identidade do curso de Pedagogia e das suas finalidades no que se refere ao mercado de trabalho. Isto indica que as dúvidas sobre as funcionalidades profissionais de um pedagogo ainda geram controvérsias e um problema de conceito epistemológico, mesmo com a existência e consolidação de documentos que fundamentam a atuação dos profissionais da Pedagogia. Nesse seguimento, a partir de agora, o foco se dará na trajetória dos fatos, elementos e conjunturas que contribuíram no processo de construção das Diretrizes Curriculares Na- cionais dos cursos de Pedagogia. 50 3.2 O PERCURSO PERCORRIDO DURANTE A CONSTRUÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NOS CURSOS DE PEDAGOGIA Durante a leitura do material em questão, foram demonstrados vários problemas que se referem à questão de identidade dos cursos de Pedagogia e, consequentemente, em relação aos campos de atuação dos pedagogos. Esses problemas perpassam por inú- meras questões e múltiplas mudanças estruturais, que se relacionam a ideologias, dou- trinas e perspectivas políticas distintas, influenciadas pelas conjunturas vivenciadas em diferentes épocas. Por isso, a ênfase, agora, será dada a essas questões, que se interligam com diversos movimentos e discussões que conduziram à consolidação das Diretrizes Curriculares Na- cionais durante diferentes períodos da história brasileira. Como apresentado na segunda unidade do material, diversas concepções sobre Pe- dagogia foram produzidas em diferentes momentos históricos e, neste exato momento, novas conceituações, provavelmente, continuam a ser construídas. Dessa maneira, a dis- cussão a respeito da construção identitária dos pedagogos é um sucessivo processo, que gera, de tempos em tempos, novas significações. Perante tal realidade, parte de abordagens históricas referentes à Pedagogia serão retratadas agora. Sabe-se, como conta Silva (2008), que a educação no Brasil se iniciou por meio dos jesuítas, que foram os responsáveis por iniciar o processo ensino-aprendizagem no país, movidos, obviamente, por doutrinas religiosas. Tal modelo educacional foi tutelado pela igreja Católica. Nesse momento da história educacional brasileira, a atuação dos jesuítas ainda não era considerada como uma função, de fato, docente. Como aborda Tanuri (2000) apenas no século XIX visualizou-se um preocupação ini- cial com a formação de docentes. Por isso, nesse período, em 1823, houve a criação da es- cola de primeiras letras. Tal instituição se caracterizava pelo método de ensino mútuo e, a partir dessa prática, surgiu a preocupação de preparar professores para atuarem por meio desta metodologia. Tal momento indicou uma nova concepção educacional, que dava ênfase à forma- ção do professor, mesmo sem uma base teórica consolidada, já que se priorizava, naquela conjuntura, a prática por si só. Segundo informações apresentadas por Tanuri (2000), em 1827, foi aprovada uma Lei que determinava a realização de exames de seleção para professores. Isso aconteceu em uma época que, até então, não se exigiam cursos específicos que formassem novos docen- tes. Nesse contexto, após a nova medida para formação de professores, conforme Tanuri (2000) mostra, foi criada, em 1835, a primeira escola normal brasileira, localizada na Provín- cia do Rio de Janeiro, escola essa mantida pelo Estado. Remontar a tal período permite visualizar como a identidade do pedagogo no Brasil, desde sua origem, passou por mudanças consideráveis em seu significado, permitindo também compreender como se dava o entendimento das funções que um pedagogo de- veria exercer. Essas transformações continuaram a acontecer após o século XIX e, de acordo com Silva 51 (2008), acentuaram-se no século XX, definindo alterações relevantes também no que tan- ge ao processo de formação dos professores. Nessa conjuntura, marcada por mudanças contínuas sobre as funcionalidades que um professor deveria exercer, tornou-se cada vez mais difícil construir uma identidade le- gítima dos pedagogos. Tendo isso em vista, é sempre importante relembrar o histórico da formação docente no Brasil. Diante de tantas mudanças de concepção e noções de atuação, quando o Brasil estabeleceu e ofertou o primeiro curso de Pedagogia? Em 1939, foi regulamentado o curso de Pedagogia no Brasil, denominando os pro- fessores como “técnicos em educação”. Seguindo esta nomenclatura, Brito (2006, p. 01) afirma: […] o curso de Pedagogia oferecia o título de bacharel, a quem cur- sasse três anos de estudos em conteúdos específicos da área, quais sejam fundamentos e teorias educacionais; e o título de licenciado que permitia atuar como professor, aos que, tendo concluído o ba- charelado, cursassem mais um ano de estudos, dedicados à Didática e a Prática de Ensino. Obviamente, a regulamentação do curso de Pedagogia se mostrou um marco histó- rico no meio educacional brasileiro, dando base, assim, para a construção da identidade e das diretrizes a serem definidas na área pedagógica. Mesmo assim, com avanços e novas perspectivas, nos anos posteriores, novas mu- danças continuaram a ocorrer, com o intuito de eliminar qualquer dúvida acerca da gradu- ação em Pedagogia. Por isso, em 1961, com a intenção de eliminar as dúvidas sobre as diferenças entre o bacharelado e a licenciatura, fixou-se o currículo mínimo do curso de bacharelado em Pe- dagogia, composto por sete disciplinas indicadas pelo CFE e mais duas escolhidas pela ins- tituição. Esse mecanismo centralizador da organização curricular pretendia definir a espe- cificidade do bacharel em Pedagogia e visava manter uma unidade de conteúdo, aplicável como critério para transferências de alunos, em todo o território nacional (BRITO, 2006). Conforme as informações explicitadas, o período que englobou a educação brasileira no século XX, no Brasil, foi extremamente intenso. E mais mudanças estavam por vir. Não indiferentes às particularidades daquele momento histórico, no início da déca- da de 1980, diversas universidades, como explica Brito (2006), reconstruíram suas bases curriculares, tendo como objetivo formar, no curso de Pedagogia, profissionais para atua- rem na educação pré-escolare nas séries iniciais do ensino fundamental. No centro dessas reformas curriculares, viu-se uma preocupação maior com os processos de ensinar, apren- der e também gerir escolas. Isso demonstra que, ao enfatizar a função de gerenciar as escolas, uma nova identi- dade estava sendo construída sobre o profissional da Pedagogia. Em seguida, serão apre- sentadas informações que demonstrarão em que estado se encontram os cursos de pe- dagogia no Brasil e quais são as diretrizes que continuam interligadas ao passado ou que sofreram modificações e/ou evoluções. 52 3.3 ESTADO ATUAL DOS CURSOS DE PEDAGOGIA Com visto anteriormente, o curso de Pedagogia, desde sua regulamentação no Bra- sil, em 1939, foi permeado por inúmeras mudanças de identidade e, consequentemente, suas diretrizes, que envolvem as orientações e funcionalidades a serem executadas, tam- bém passaram por alterações significativas. Relembre um pouco sobre a história dos cursos de Pedagogia no Brasil e como as mudan- ças legais, citadas acima, contribuíram na definição das funcionalidades do profissional da Pedagogia. Disponível em: https://bit.ly/36TYTfz. Acesso em: 18 dez. 2019. BUSQUE POR MAIS Ao focar nas diversas transformações realizadas em diferentes momentos históricos, claramente, como demonstra Brito (2006), houveram evoluções que levaram a uma notó- ria diversificação curricular nos cursos de Pedagogia, com um amplo conjunto de habili- tações para além da docência. Tais habilitações, que vão além da docência, serão tratadas posteriormente. Como se encontram os cursos de Pedagogia na atualidade? Quais são as diretrizes que con- duzem a graduação em Pedagogia? VAMOS PENSAR? Retomando a temática principal colocada em questão, algumas perguntas precisam ser res- pondidas acerca das diretrizes que conduzem o curso de Pedagogia no Brasil. FIQUE ATENTO Nos dias atuais, conforme indicam as Diretrizes Curriculares Nacionais, presentes na Resolução Nº 2, de 1º de julho de 2015, publicada pelo Ministério da Educação (2015), os cur- sos de Pedagogia habilitam aos seus alunos atuarem em funções de magistério na Edu- cação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental e, também, nos cursos de Ensino Médio. Além disso, habilita a outras inúmeras modalidades de educação, que envolvem Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena, Educação a Distância e Educação Es- colar Quilombola, em diferentes áreas do conhecimento integradas entre si, abrangendo campos específicos e/ou interdisciplinares. Nesta perspectiva, como prescrevem as Dire- trizes, à docência não é o único eixo de trabalho do pedagogo, uma vez que também são contemplados outros tipos de atividades, em campos de atuação diversificados. Veja: Atividades que compreendem participação na organização e gestão de sistemas 53 e instituições de ensino e outras que englobam planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação. Uma gama ampla de atuação que abrange planejamento, execução, coordenação, acom- panhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não escolares. Produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não-escolares. Se comparado ao período que concerne aos séculos XIX e XX, há um avanço visível no que se refere aos campos de atuação nos quais os pedagogos podem atuar, que abarca até mesmo ambientes não escolares, algo impensável em outras épocas. Para mais, como exibe Brito (2006), há movimentos sociais em vigência atualmente que têm insistido em demonstrar uma demanda ainda pouco atendida, em que o peda- gogo possa se formar, também, para garantir a educação de segmentos historicamente excluídos dos direitos sociais, culturais, econômicos e políticos. Essa nova demanda de atuação demonstra como as novas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Pedagogia podem surgir a partir de diferentes necessidades impos- tas pelo mercado de trabalho. Tendo como base o surgimento de tais demandas antes inexistentes, existem alguns princípios norteadores que envolvem um conjunto de informações e habilidades, compos- tos por uma pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, que devem fundamentar a identidade e a atuação dos pedagogos. Tais princípios serão apresentados na próxima unidade, que exibirá quais são as competências e habilidades exigidas para atuação profissional do pedagogo no mercado de trabalho. 3.4.1 COMO SE DÁ A ORGANIZAÇÃO DOS CURSOS DE PEDAGOGIA? Conforme demonstra Tanuri (2000), os cursos de Pedagogia de cada instituição de ensino, sempre alinhados às prescrições dispostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, podem e devem apresentar os seus projetos pedagógicos, observando, além dos princípios constitucionais e legais demarcados, a diversidade social, étnico-racial e regional do país, a organização federativa do Estado brasileiro, a pluralidade de concepções pedagógicas e o conjunto de competências dos estabelecimentos de ensino e dos docentes. Seguindo essa perspectiva pautada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, ex-pos- tas na Resolução Nº 2, de 1º de julho de 2015, a estrutura do curso de Pedagogia deve con- templar a diversidade nacional e a autonomia pedagógica das instituições, tendo como alicerce um núcleo de estudos básicos que valorize e abranja a diversidade e a multicultu- ralidade dos grupos sociais brasileiros, por meio dos estudos literários pertinentes à reali- dade do país, reflexão e ações críticas. 3.4.2 QUANTO TEMPO DURA O CURSO DE PEDAGOGIA? Conforme apresenta a Resolução Nº 2, de 1º de julho de 2015, o curso de Pedagogia contém carga horária mínima de 3.200 horas de efetivo trabalho acadêmico. Isso se deve a complexidade de sua configuração, que se constitui por uma quantidade considerável de estudos que engloba não só a formação para o exercício da docência, mas, também, a articulação e gestão de processos educativos escolares e não-escolares, além da produção 54 e fomentação de conhecimentos científicos e tecnológicos no campo educacional. Essas 3200 horas, como aborda a referida Resolução Nº 2, de 1º de julho de 2015, são subdividas por meio das seguintes atividades: Diferentes práticas como componente curricular, distribuídas ao longo do processo formativo = 400 horas; Atividades formativas como assistência a aulas, realização de seminários, participa- ção na realização de pesquisas, consultas a bibliotecas e centros de documentação, visitas a instituições educacionais e culturais, atividades práticas de diferente natureza, participa- ção em grupos cooperativos de estudos = 2.200 horas; Estágio supervisionado prioritariamente em Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, con- forme o projeto pedagógico da instituição = 400 horas; Atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas de interesse dos alunos, por meio, da iniciação científica, da extensão e da monitoria = 200 horas. Como demonstra Brito (2006), no que tange ao desenvolvimento dos diversos estu- dos e conteúdos trabalhados, os estudantes devem se dedicar aos seguintes elementos curriculares: Disciplinas, seminários e atividades de natureza predominantemente teórica que farão a introdução e o aprofundamento de estudos, entre outros, sobre teorias educacio- nais, situando processos de aprender e ensinar historicamente e em diferentes realidades socioculturais e institucionais que proporcionem fundamentos para a prática pedagógica, a orientação e apoio a estudantes, gestão e avaliação de projetos educacionais, de institui- ções e de políticas públicas de Educação; Práticas de docência e gestão educacional que ensejem aos graduandos a obser- vação e acompanhamento, a participação no planejamento, na execução e na avaliação de aprendizagem, do ensino, de projetos pedagógicos,tanto em escolas como em outros ambientes educativos; Atividades complementares envolvendo o planejamento e o desenvolvimento pro- gressivo do Trabalho de Curso, atividades de monitoria, de iniciação científica e de exten- são, diretamente orientadas por membro do corpo docente da instituição de educação superior decorrentes ou articuladas às disciplinas, áreas de conhecimentos, seminários, eventos científico-culturais, estudos curriculares, de modo a propiciar vivências em algu- mas modalidades e experiências, entre outras, e opcionalmente, a educação de pessoas com necessidades especiais, a educação do campo, a educação indígena, a educação em remanescentes de quilombos, em organizações não-governamentais, escolares e não es- colares públicas e privadas; estágio curricular que deverá ser realizado, ao longo do curso, em Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em disciplinas pedagó- gicas dos cursos de nível médio, na modalidade Normal e/ou de Educação Profissional na área de serviços e de apoio escolar, ou ainda em modalidades e atividades como educação de jovens e adultos, grupos de reforço ou de fortalecimento escolar, gestão dos processos educativos. Essas informações demonstram que os cursos de Pedagogia, oferecidos pelas ins- tituições de ensino, propiciam aos futuros profissionais uma ampla gama de campos de atuação e podem, sim, apresentar e disseminar uma identidade que os diferencie das de- mais graduações dispostas no mercado, porém, sempre respeitando e abrangendo as nor- mas e regras determinadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. Dessa forma, perante tantas regras e debates que antecederam a formulação das di- retrizes, percebe-se que, mesmo com sua implementação e execução, que regulamentam 55 a estrutura dos cursos de Pedagogia e o exercício das funcionalidades de pedagogo, há uma discussão constante no que se refere aos pontos de vista Identitários e epistemológi- cos dentro da Pedagogia, que envolve as necessidades e particularidades requeridas pelo mercado de trabalho. Portanto, as análises realizadas nesta unidade demonstram que, em grande parte, os campos de atuação dos pedagogos são diretamente influenciados e modificados pela lógica determinada pelo mercado, que exige, em diferentes períodos, profissionais que atendam às demandas dominantes em certa época. 56 FIXANDO O CONTEÚDO 1. É evidente que, durante o percurso de construção das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Pedagogia, várias discussões e problematizações foram propostas buscando formular uma identidade dos cursos de Pedagogia e, por consequência, delimitar os cam- pos de atuação dos pedagogos. É sabido também que, até a consolidação e implementa- ção do documento, várias mudanças estruturais ocorreram no processo de formulação dos princípios e normas deliberados. Considerando as informações acima, avalie as afirmativas a seguir. I. Após a chegada dos portugueses ao Brasil, os jesuítas foram incumbidos de iniciar o pro- cesso ensino-aprendizagem no país, porém, ainda não eram considerados docentes. Ape- nas no século XIX evidenciou-se uma preocupação inicial com a formação de professores/ preceptores no Brasil. II. Tardiamente, no ano de 1827, aprovou-se uma Lei que determinava a realização de exa- mes de seleção para professores, algo que, até então, não era exigido. III. Em 1835, estabeleceu-se a primeira escola normal no Brasil, apoiada na Lei que exigia uma formação docente formalizada. Após a análise das afirmativas, marque a opção correta: a) Apenas o item I está correto. b) Apenas os itens I e II estão corretos. c) Apenas o item III está correto. d) Todos os itens estão corretos. e) Todos os itens estão incorretos. 2. No ano de 1939, foi regulamentado no Brasil o primeiro curso de Pedagogia, tornando-se um marco histórico na história da educação brasileira. Após a regulamentação, os profis- sionais da Pedagogia passaram a ser chamados de “Técnicos em educação”, recebendo assim uma nova nomenclatura, que também apontava para novas funcionalidades. Tendo isso em vista, observe, com atenção, as asserções abaixo e assinale aquela que demonstra quais eram as funções para as quais os pedagogos estavam habilitados em 1939: a) Pedagogo recebia o título de licenciado após o cumprimento de apenas dois anos dedi- cados às práticas de ensino. b) Ao aluno que cumprisse três anos de didática e práticas de ensino, era dado o título de bacharel e licenciado. c) O curso de Pedagogia oferecia o título de bacharel àquele aluno que cursasse, pelo me- nos, 1 ano de curso. d) O curso de Pedagogia oferecia o título de bacharel, a quem cursasse um ano de estudos em conteúdo específicos, além da Didática e a Prática de Ensino. e) O pedagogo, após a conclusão da graduação em três anos, recebia o título de bacharel. Aos alunos que cursavam mais um ano, dedicados à Didática e a Prática de Ensino, dava-se o título de licenciado. 57 3. Analise as asserções a seguir, relativas à regulamentação do curso de Pedagogia no Bra- sil e suas implicações. A regulamentação do curso de Pedagogia, no Brasil, ocorreu em 1939, e mostrou-se um marco histórico no meio educacional brasileiro, Porque o fato de normas e princípios acerca do curso de Pedagogia terem sido estabelecidas, oportunizou, o surgimento de espaços para discussões sobre a concepção de uma nova identidade para os cursos de Pedagogia, bem como para a construção de diretrizes norte- adoras da área pedagógica. Analise a opção correta relativa às afirmativas acima. a) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. d) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. e) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas. 4. Após a regulamentação do curso de Pedagogia no Brasil, viu-se uma maior preocupação por parte das universidades em formar profissionais mais bem preparados para atuarem no mercado de trabalho, que, naquele tempo, baseava-se apenas na atuação em espaços escolares. Com isso, os currículos passaram a priorizar: a) A formação de profissionais capazes de ensinar os conteúdos específicos disponibiliza- dos nos livros didáticos. b) A construção de um profissional capaz de ensinar e aprender na mesma medida e gerir escolas. c) A estruturação de uma grade curricular voltada apenas ao ato de gerenciar escolas e definir conteúdo a serem trabalhados em sala de aula. d) A construção de uma grade curricular destinada apenas ao ensino, sem a preocupação com uma formação mais sólida do professor. e) A formação de uma profissional especialista apenas nas teorias de aprendizagem. 5. Um profissional formado em Pedagogia pode atuar como professor dos primeiros anos do ensino fundamental. Pode também atuar na pré-escola, como professor ou auxiliar de sala. Fora das salas de aula, o pedagogo também encontra oportunidades de emprego em ambientes escolares e não-escolares. Disponível em: https://www.guiadacarreira.com.br/carreira/o-que-faz-um-pedagogo/Acesso em: 09 jan. 2020 Considerando as ideias expostas no texto acima, ao pedagogo cabe: a) Demonstrar consciência acerca da diversidade existente, respeitando as diferenças de 58 natureza ambiental-ecológica, étnico-racial, de gêneros, faixas geracionais, classes sociais, religiões, necessidades especiais, escolhas sexuais, entre outras. b)Dominar apenas atividades que compreendem a participação na organização e gestão de sistemas em espaços formais. c) Produzir e difundir conhecimentos científico-tecnológicos do campo educacional, des- tinados exclusivamente aos espaços escolares. d) Formular atividades que compreendem participação na organização e gestão de siste- mas e instituições de ensino, além de acompanhare realizar avaliações de tarefas próprias apenas do setor da Educação formal. e) Atuar em funções de magistério destinadas apenas aos alunos da educação infantil. 6. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB N.º 9.394/1996), ao tratar da com- posição dos níveis escolares, estabelece que a educação básica compõe-se de: a) Ensino fundamental e ensino médio. b) Educação infantil e ensino fundamental. c) Educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. d) Ensino médio, educação especial e educação tecnológica. e) Educação infantil, ensino fundamental e ensino médio e cursos. 7. As Diretrizes Curriculares Nacionais apontam para a importância da educação como um setor fundamental na promoção da cidadania, delegando como seu compromisso contri- buir com a formação de uma sociedade justa, equânime e igualitária. Tendo esse objetivo, a educação precisa superar diversos problemas, que geram desafios para o currículo escolar, que deve privilegiar o desenvolvimento de: a) Práticas educativas que contemplem a diversidade cultural, cidadania, sustentabilidade, entre outras problemáticas centrais da sociedade contemporânea. b) Práticas pedagógicas que minimizem e desconsiderem questões referentes à ética, à estética e à ludicidade. c) Atividades que envolvem o planejamento e execução de tarefas próprias do setor da Educação, que se referem apenas ao setor escolar. d) Atividades que estimulem a pesquisa, a análise e a aplicação de resultados de investiga- ções de interesse da área educacional e de qualquer outro campo de estudo. e) Processos de aprendizagem, de socialização e de construção do conhecimento, no âm- bito de um diálogo unilateral. 8. A estrutura dos cursos de Pedagogia deve invariavelmente contemplar a diversidade nacional e a autonomia pedagógica das instituições de ensino, sempre abarcando um nú- cleo de estudos básicos que compreendam a diversidade e a multiculturalidade existente no Brasil. Em acordo com as informações acima expostas, assinale a alternativa que aponta para o conjunto de conhecimentos que um curso de Pedagogia deve oferecer: a) Deve apresentar um núcleo de estudos que enfoque apenas práticas educativas, sem salientar ou citar demandas sociais e culturais. 59 b) Deve oferecer um núcleo de aprofundamento em estudos específicos não diversifica- dos. c) Deve apresentar um núcleo de estudos integradores que proporcionem aos alunos um enriquecimento curricular. d) Deve dispor de atividades práticas que sejam desassociadas das bases teóricas. e) Deve promover investigações sobre processos educativos e gestoriais restritos ao am- biente escolar. 60 A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO: COMPETÊNCIAS E HABILIDADES PARA ATUAÇÃO PROFISSIONAL UNIDADE 04 61 4.1 INTRODUÇÃO Após analisar as Diretrizes Curriculares Nacionais, responsáveis por regulamentar as estruturas dos cursos de Pedagogia no Brasil, nessa unidade serão destacadas as compe- tências e habilidades exigidas dos profissionais que cursam e formam-se em Pedagogia. As competências e habilidades exigidas de um formando em Pedagogia também são delineadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e abrangem estudos teórico-práti- cos, investigação e reflexão crítica acerca de diferentes noções elementares que envolvem as ações profissionais de um pedagogo. Tais noções elementares, como esboça a Resolução Nº 2, de 1º de julho de 2015, en- volvem uma gama de saberes que permitem ao pedagogo planejar, executar e avaliar diversas atividades educativas e aplicar ao campo da educação conhecimentos de cunho filosófico, histórico, antropológico, psicológico, político, cultural e conhecimentos de outras espécies. Portanto, a partir de agora, os perfis, conhecimentos e competências requeridos de um profissional da Pedagogia serão exibidos e algumas ideias (senso comum) que for- mam o imaginário das pessoas sobre a atuação dos pedagogos serão desmistificadas. Objetivos de aprendizagem: Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Reconhecer as competências e habilidades referentes à atuação do pedagogo no mercado de trabalho; • Discutir a construção da identidade do pedagogo; • Relacionar a atuação do pedagogo no passado e no presente. 4.2 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO BOM PEDAGOGO: UM COMEÇO DE CONVERSA Antes de começar, responda, sempre com suas palavras: Depois dos estudos realizados na unidade anterior e baseando-se em seus conhecimentos, para você, quais são as principais características exigidas de um pedagogo no mercado de trabalho? VAMOS PENSAR? Depois de expor suas ideias, o ponto de discussão, agora, será direcionado nova- mente pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. No entanto, nesse momento, não haverá uma apresentação das estruturações que constituem um curso de Pedagogia, mas, sim, as competências e habilidades que os cursos de Pedagogia devem contemplar e fomentar nos discentes, com o objetivo de potencializar a formação dos futuros pedagogos. 62 O curso de Pedagogia se destina a formar o pedagogo-especialista, isto é, um profissional qualificado para atuar em vários campos edu- cativos, para atender demandas socioeducativas (de tipo formal, não- formal e informal) decorrentes de novas realidades, tais como novas tecnologias, novos atores sociais, ampliação do lazer, mudanças nos ritmos de vida, sofisticação dos meios de comunicação. Além disso, informar as mudanças profissionais, desenvolvimento sustentado, preservação ambiental, nos serviços de lazer e animação cultural, nos movimentos sociais, nos serviços para a terceira idade, nas empresas, nas várias instâncias de educação de adultos, nos serviços de psicope- dagogia, nos programas sociais, na televisão e na produção de vídeos e filmes, nas editoras, na educação especial, na requalificação profis- sional etc. 4.3 DISMISTIFICANDO O SENSO COMUM: PEDAGOGO É APENAS PROFESSOR? Inicialmente, cabe lembrar em que áreas de atuação os pedagogos podem atuar. Como apresentado na unidade anterior, pela Resolução Nº 2, de 1º de julho de 2015, os pe- dagogos, ao se formarem, são habilitados a atuarem no exercício da docência, que engloba a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental, bem como cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional. Convencionou-se, durante muitas décadas, que o trabalho do pedagogo se concen- tra apenas nessa atividade docente, que é constituída pela atuação em unidades de ensino. Entretanto, com a evolução do mercado de trabalho, que cada vez mais requer inovações, consequentemente, a profissão de pedagogo tem passado por ressignificações. Nesse sentido, é preciso pontuar novamente as áreas, além dos espaços escolares, nas quais os pedagogos podem exercer suas funcionalidades. Conforme bem afirma Libâneo (2001, p. 12): Nessa ótica, ambientes de trabalho antes incomuns e, agora, possíveis, como con- sequência, deram mais abrangência às competências e habilidades que são exigidas dos estudantes e futuros profissionais da Pedagogia. Por isso, o perfil do graduado em Pedagogia, atualmente, deve contemplar uma for- mação teórica consistente, permeada por uma diversidade de práticas e conhecimentos distintos. Perante as diversas informações apresentadas, percebe-se que são inúmeras as ha- bilidades e competências que devem fazer parte da formação do pedagogo e constituir o seu perfil profissional, dando, assim, uma nova dimensão a seu campo de atuação. Além de tais competências e habilidades, há alguns alicerces que são indisso-ciáveis no perfil do que se considera um bom pedagogo. Nessa linha de pensamento, as Diretrizes Curriculares Nacionais, por meio da Resolução Nº 2, de 1º de julho de 2015, afirmam que para a formação do licenciado em Pedagogia é central: I. O conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de pro- mover a educação para e na cidadania; II. A pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; III.A participação na gestão de processos educativos e na organização e funciona- 63 mento de sistemas e instituições de ensino. Diante de tantas informações e concepções documentadas sobre as diferentes com- petências e habilidades que devem conduzir as ações de um pedagogo, algumas ideias de senso comum acerca da profissão começam a ser desmistificadas, dando ao pedagogo uma nova visualização de diferentes ambientes nos quais se pode atuar, o que supera a ideia de que tais profissionais são apenas professores de escolas normais. Essa visualização de novos mercados também demonstra que o mercado de tra- balho, como já citado, gera diferentes necessidades profissionais de tempos em tempos, o que sempre delineia aos pedagogos uma nova construção de identidade profissional e uma constante transformação em suas bases epistemológicas. 4.4 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL DOS PEDAGOGOS: COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Como foi apresentado nesse material, o curso de Pedagogia tem como principal premissa formar profissionais que estejam aptos a realizarem estudos do campo teóri- co-investigativo da educação e práticas técnico-profissionais. Tais atividades podem ser desenvolvidas em sistemas de ensino formalizados, nas escolas ou em instituições com diferentes atribuições, que podem ser escolares ou não. Pensando na Pedagogia, alinhada a essa ótica, como afirma Libâneo (2001, p. 15), os cursos de graduação devem: […] contemplar a preparação daqueles profissionais da área educacio- nal demandados pela sociedade brasileira, em sua configuração atu- al, para atuarem na organização e na gestão de todos os segmentos do sistema nacional de ensino. Com igual insistência, é também ne- cessária a formação de estudiosos que se dediquem à construção do conhecimento científico na área, uma vez que a educação também é considerada como um campo teórico-investigativo e que a produção desse conhecimento é requisito fundante de toda formação técnica e docente. Tendo em vista esses apontamentos de Libâneo, expostos no ano de 2001, e a Resolução Nº 2, de 1º de julho de 2015, algumas questões surgem: os cursos de Pedagogia, hoje, têm for- mado profissionais que estão preparados para o enfrentamento das exigências colocadas pelo mundo contemporâneo? Os profissionais da Pedagogia têm fomentado competências e habilidades capazes de fazê-los se sobressaírem no mercado de trabalho? BUSQUE POR MAIS Conforme aponta Libâneo (2006), em um período no qual as diretrizes ainda se en- contravam em construção, há uma certa precariedade na formação dos profissionais da Pedagogia, que tem como consequência diversas deficiências na qualidade do trabalho. Tendo como base tal realidade, ele define dois problemas que podem comprometer a qua- lidade da formação dos pedagogos em diversos cursos, de diferentes instituições: a) Sobrecarga disciplinar no currículo para cobrir todas as tarefas previstas para o professor; b) Ausência de conteúdo específicos das disciplinas do currículo do ensino fundamental. 64 É preciso uma mudança radical nas formas institucionais e curricu- lares de formação de professores, superando o atual esquema do bacharelado e da licenciatura, que não respondem mais às necessi- dades prementes de qualificação profissional para um tempo novo. Centrar a formação de professores numa instituição modelar como as Faculdades de Educação e atribuir-lhe a responsabilida-de de con- catenar, no âmbito das universidades, as políticas e planos de forma- ção de professores em estreita articulação com os institutos, faculda- des ou departamentos das áreas específicas pode ser a garantia não apenas de melhoria da qualidade da formação, mas de assegurar a profissionalidade do professorado, de modo a que se configure sua identidade e estatuto profissional. Com uma demanda tão alta de funcionalidades, que, como já foi apresentado, envolve vá- rios campos de atuação, é extremamente complicado imaginar que um curso, constituído de pouco mais de 3000 horas, possa formar profissionais que dominem diferentes campos do saber com destreza. Levando-se em conta essa diversidade de saberes e as atribuições das Diretrizes curricula- res Nacionais, Libâneo (2001, p. 16), em anos longínquos, aponta que: Cabe lembrar que a afirmação acima já tem quase 20 anos e, obviamente, remete a um período no qual as Diretrizes Curriculares Nacionais de 2015 ainda não haviam sido pu- blicadas e estavam sendo discutidas. No entanto, percebe-se que Libâneo já demonstrava um olhar mais apurado, referente às estruturas dos cursos de Pedagogia e sua qualidade. Seguindo tal linha de pensamento, é preciso analisar e rever, com criticidade, se os cursos de Pedagogia, atualmente, compreenderam e aplicaram as mudanças indicadas em um passado não tão distante, com o intuito de avaliar os avanços do próprio curso e, conse- quentemente, do rendimento dos alunos. Atualmente, por meio do ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), busca-se avaliar o rendimento dos concluintes dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares, o desenvolvimento de com- petências e habilidades em nível de formação geral e profissional e o grau de atualização dos estudantes com relação à realidade vigente, no Brasil e no mundo. Como demonstra Tumolo e Loch (2010), o exame revisita as competências requisita- das nas Diretrizes Curriculares Nacionais, isto é, aquelas que são consideradas fundamen- tais para a formação profissional dos estudantes, abrangendo conhecimentos científicos pertinentes às suas áreas de atuação, englobando também a capacidade que os alunos têm de interelacionar os acontecimentos cotidianos com sua área de conhecimento. O exame tem como propósito consolidar informações que ajudem na promoção da melhoria das condições de ensino e dos procedimentos didático-pedagógicos dos cursos. Diante do exame, as instituições de Ensino Superior que ofertam os cursos, neste caso de Pedagogia, podem reformular suas práticas e concepções acerca do curso avalia- do, levando em conta os níveis de proficiência mostrados pelos alunos. Contudo, tal exame, apesar de contextualizar possíveis situações práticas, pauta-se em uma prova de múltipla escolha e escrita, que não produz, de fato, situações reais, que exigem ações diretas e con- cretas. Sendo assim, os cursos de Pedagogia precisam, a partir de tal demanda de resulta- dos de suas bases curriculares, reafirmar seu compromisso com a evolução do indivíduo que o constitui, buscando promovê-lo a um agente transformador que age de forma ativa na construção de uma sociedade mais crítica (RODRIGUES, 2018). Para isso, torna-se de fundamental importância fornecer ao profissional da Peda- 65 gogia conhecimentos teórico-práticos, que permitam a ele se colocar como um sujeito ativo e producente ao executar suas funcionalidades. Diante desse cenário, como afirma Rodrigues (2018), o pedagogo poderá e deverá ampliar suas qualidades de pesquisador, intermediário, transgressor (enquanto provocador de mudanças), competidor, desafiador, criador e crítico. As afirmações de Rodrigues vão de encontro ao que Libâneo (2006), pontua, isto é, a formação de um perfil de profissional com múltiplas atribuições e competências, pre- parado para atuar em esferas mais amplas da educação não-formal e formal, em espaços escolares e não escolares. Com mais clareza, veja, segundo a Resolução Nº 2, de 1º de julho de 2015, Art.° 8 quais são os princípios que constituem esse perfil de profissional e o que ele deve estar apto a fazer (BRASIL, 2015, p. 7): I. atuar com ética e compromisso com vistas à construção de uma sociedade justa, equânime, igualitária; II. compreender, cuidar e educar crianças de zero a cinco anos, de for- ma a contribuir, para o seu desenvolvimento nas dimensões, entre outras, física, psicológica, intelectual, social; III. fortalecer o desenvolvimento e as aprendizagens de crianças do Ensino Fundamental, assim comodaqueles que não tiveram oportu- nidade de escolarização na idade própria; IV. trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo; V. reconhecer e respeitar as manifestações e necessidades físicas, cognitivas, emocionais, afetivas dos educandos nas suas relações in- dividuais e coletivas; VI. ensinar Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História, Geo- grafia, Artes, Educação Física, de forma interdisciplinar e adequada às diferentes fases do desenvolvimento humano; VII. relacionar as linguagens dos meios de comunicação à educação, nos processos didático-pedagógicos, demonstrando domínio das tecnologias de informação e comunicação adequadas ao desenvolvi- mento de aprendizagens significativas; VIII. promover e facilitar relações de cooperação entre a instituição educativa, a família e a comunidade; IX. identificar problemas socioculturais e educacionais com postura investigativa, integrativa e propositiva em face de realidades comple- xas, com vistas a contribuir para superação de exclusões sociais, étni- co-raciais, econômicas, culturais, religiosas, políticas e outras; X. demonstrar consciência da diversidade, respeitando as diferenças de natureza ambiental-ecológica, étnico-racial, de gêneros, faixas ge- racionais, classes sociais, religiões, necessidades especiais, escolhas sexuais, entre outras; XI. desenvolver trabalho em equipe, estabelecendo diálogo entre a área educacional e as demais áreas do conhecimento; XII. participar da gestão das instituições contribuindo para elabora- ção, implementação, coordenação, acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico; XIII - participar da gestão das instituições plane- jando, executando, acompanhando e avaliando projetos e programas educacionais, em ambientes escolares e não-escolares; XIII. realizar pesquisas que proporcionem conhecimentos, entre ou- tros: sobre alunos e alunas e a realidade sociocultural em que estes desenvolvem suas experiências não escolares; sobre processos de en- sinar e de aprender, em diferentes meios ambiental- ecológicos; so- bre propostas curriculares; e sobre organização do trabalho educativo e práticas pedagógicas; XIV. utilizar, com propriedade, instrumentos próprios para construção de conhecimentos pedagógicos e científicos; 66 XV. estudar, aplicar criticamente as diretrizes curriculares e outras de- terminações legais que lhe caiba implantar, executar, avaliar e enca- minhar o resultado de sua avaliação às instâncias competentes. Diante de tantas atribuições demarcadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, re- lativas ao trabalho do pedagogo, evidencia-se que, claramente, há uma diversidade de prá- ticas educativas na sociedade, que, caso se configurem como intencionais, exigem uma ação pedagógica. Logo, com a alta demanda da sociedade por profissionais que saibam conduzir tais ações pedagógicas e os processos ensino-aprendizagem, conclui-se que os campos de atuação para os pedagogos têm cada vez mais se ampliado. Por isso, tendo tal realidade como base, na próxima unidade, serão dispostas as diferentes áreas nas quais os pedago- gos podem atuar, além dos espaços escolares, que contemplam de empresas até hospi- tais. Atento às informações apresentadas: os cursos de Pedagogia, no Brasil, atualmente, pre- param os futuros pedagogos para atuarem em campos, que não as escolas? Os estágios supervisionados abarcam com mais ênfase áreas de atuação que vão além dos espaços escolares? VAMOS PENSAR? 67 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Analise as asserções a seguir. A estruturação dos cursos de Pedagogia oferecidos por diversas instituições de ensino no Brasil, atualmente, propicia ao pedagogo a oportunidade de exercer suas funções em uma ampla gama de campos de atuação. Porque No mundo moderno, o mercado de trabalho tem, cada vez mais, exigido deste profissional uma série de habilidades e competências que abarquem estudos teórico-práticos, inves- tigação e reflexão crítica, com o intuito de potencializar a qualidade das atividades profis- sionais desenvolvidas. Sobre as asserções acima, assinale a correta: a) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. b) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. c) As duas asserções são proposições falsas. d) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. e) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. 2. Com a expansão do mercado de trabalho e as diversas habilidades e competências exi- gidas dos profissionais em diferentes esferas de trabalho, os cursos de Pedagogia, hoje, visam formar futuros pedagogos que atendam às demandas dispostas por esses campos de trabalho. Nessa perspectiva, analise as afirmativas abaixo. I. É fundamental que o pedagogo esteja devidamente preparado para lidar com as diferen- tes contingências, comuns à campos de trabalho em suas especificidades. II. Ambientes de trabalho que em outrora eram considerados incomuns, como empresas e hospitais, hoje, são espaços nos quais as habilidades e competências dos pedagogos têm grande valor. III. Com as diferentes exigências requeridas no mercado de trabalho, a formação do peda- gogo deve abranger uma formação teórica consistente, composta por práticas diversifica- das e conhecimentos distintos. Diante das afirmativas acima, assinale a resposta correta: a) As afirmativas I e II estão corretas. b) As afirmativas II e III estão corretas. c) As afirmativas I e III estão incorretas. d) Todas as afirmativas estão incorretas. 68 e) Todas as afirmativas estão corretas. 3. Durante muito tempo, convencionou-se dizer que o único campo de atuação do peda- gogo é o âmbito escolar. Contudo, hoje, diversos campos de atuação abriram as portas para o profissional da Pedagogia, expandindo, assim, o leque de habilidades e competên- cias que devem constituir o perfil do pedagogo. Considerando as afirmativas acima, assinale a alternativa que aponta alguns dos conheci- mentos e práticas que o pedagogo deve dominar: a) Trabalhar, apenas em espaços escolares, na promoção da aprendizagem de indivíduos que se encontram em diferentes fases de desenvolvimento humano. b) Reconhecer e respeitar as limitações e necessidades físicas, cognitivas, emocionais e afetivas dos discentes. c) Exercer suas funcionalidades baseando-se em teorias e práticas investigativas específi- cas, desconsiderando as peculiaridades dos indivíduos advindos de diferentes espaços. d) Desenvolver um trabalho em equipe, porém, evitando diálogo aberto com áreas de atu- ação distantes do campo pedagógico. e) Participar da gestão de diferentes instituições, planejando, acompanhando e avaliando projetos e programas educacionais direcionados unicamente aos espaços escolares. 4. A visualização de novos mercados a serem explorados pelos pedagogos demonstra que tal profissional está em um constante processo de construção de sua identidade profissio- nal e bases epistemológicas. Isto é, as demandas apresentadas pelo mercado profissional, apontam para novas funcionalidades a serem exercidas pelos pedagogos. Tendo em vista as informações acima, o curso de Pedagogia deve formar: a) Profissionais qualificados para atuar apenas em campos específicos dentro da Pedago- gia. b) Profissionais com habilidades e competências que os habilitem unicamente para atuar com destreza em espaços escolares. c) Profissionais cientes de seu papel e prontos para redimensionar, renovar e reconstruir seus conhecimentos. d) Profissionais capazes de analisar aspectos referentes apenas ao seu próprio campo de atuação, sem levar em conta outros conhecimentos. e) Profissionais prontos para realizarem atividades de cunho predominantemente teórico e investigativo. 5. Leia as informações abaixo. O Exame Nacionalde Desempenho dos Estudantes (Enade) avalia o rendimento dos con- cluintes dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos, o desenvolvimento de competências e habilidades ne- cessárias ao aprofundamento da formação geral e profissional, e o nível de atualização dos estudantes com relação à realidade brasileira e mundial. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/enade Acesso em: 09 jan. 2020 69 Em relação ao ENADE, marque a opção correta: a) O exame revisita algumas competências requisitadas nas Diretrizes Curriculares Nacio- nais, englobando apenas alguns conhecimentos específicos. b) O ENADE avalia apenas um tipo de conhecimento, que envolve a capacidade que os discentes possuem de associar os acontecimentos vivenciados diariamente com sua área de conhecimento c) O exame fomenta um apanhado de informações que ajudam na promoção da melhoria das práticas e procedimentos didático-pedagógicos aplicados nos cursos superiores. d) O ENADE é uma avaliação que apresenta resultados simbólicos, que não interferem di- retamente nas práticas e metodologias aplicadas nos cursos de Pedagogia. e) Para que o desempenho no ENADE seja satisfatório, é preciso que os cursos de Pedago- gia mantenham suas bases curriculares intactas, sem desenvolver novas metodologias e/ ou práticas que apresentem novas perspectivas. 6. O curso de Pedagogia tem como objetivo fundante formar profissionais habilitados a conduzirem estudos no campo teórico-investigativo da educação e práticas técnico-pro- fissionais diversas, que podem ser executadas em espaços formais e não formais. Tendo isso em vista, durante a formação de um profissional da Pedagogia é preciso: a) Preparar os pedagogos para atuarem apenas em segmentos específicos do campo edu- cacional. b) Formar pedagogos comprometidos com a construção e reconstrução de novos saberes científicos. c) Formar profissionais que priorizem apenas atividades práticas, tomando as experiências empíricas como premissa. d) Construir uma base curricular que permita a tal profissional realizar pesquisas e análises restritas ao seu campo de atuação. e) Realizar pesquisas que proporcionem conhecimentos sobre alunos e alunas, desasso- ciando a realidade sociocultural do educando de sua base de desenvolvimento. 7. As Diretrizes Curriculares Nacionais estipulam quais são as competências, habilidades e princípios que norteiam os conhecimentos e perfis exigidos dos profissionais que cursam e formam-se em Pedagogia. Avalie as afirmações abaixo acerca desses princípios. I. Atuar com ética e compromisso, visando a construção de uma sociedade mais democrá- tica e igualitária. II. Identificar problemas socioculturais e educacionais, com vistas para superar qualquer tipo exclusões social. III. Ensinar Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História, Geografia, Artes, Educação Física, de forma unilateral, adotando uma postura rígida e centrada em uma visão unidi- mensional. A partir da análise feita, marque a alternativa correta. a) Os itens I e II estão corretos. b) Os itens I e III estão corretos. 70 c) Os itens I E II estão incorretos. d) Todos os itens estão corretos. e) Todos os itens estão incorretos. 8. Leia e analise as afirmativas a seguir. Como afirma Libâneo (2001), o curso de Pedagogia tem como finalidade formar pedago- gos-especialistas, profissionais qualificados para atuarem em diversos campos educativos, para atender demandas socioeducativas distintas. Porque Por essa razão a formação dos profissionais da Pedagogia tem apontado para inúmeros desafios, que envolvem a construção de políticas públicas educacionais no Brasil, com o intuito de atender às demandas educacionais dispostas. Após a leitura, assinale a assertiva correta. a) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. d) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. e) Tanto a primeira quanto a segunda asserção são proposições falsas. 71 ATUAÇÃO DO PEDAGOGO: ÁREAS, ATRIBUIÇÕES E PRINCÍPIOS ÉTICOS UNIDADE 05 72 5.1 INTRODUÇÃO Durante muito tempo, as práticas educativas foram vistas como atividades que se davam apenas em âmbito escolar. Até mesmo hoje, apesar de existirem inúmeras alterna- tivas no mercado de trabalho para a atuação do pedagogo, há uma visão errônea e uma certa resistência quanto à presença desse profissional em espaços não escolares. Nas unidades anteriores, foi dado destaque a tal visão do mercado, com o intuito de desmistificar a ideia de que pedagogos são apenas professores, habilitados a atuarem em escolas normais. Com a intenção de solidificar ainda mais a concepção de que há múltiplos campos de atuação para os profissionais da Pedagogia, nessa unidade, serão demonstra- das algumas das diversas esferas profissionais que abrangem as atribuições de trabalho dos pedagogos. Objetivos de aprendizagem: Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Indicar campos de atuação nos quais o profissional da Pedagogia pode atuar • Identificar as habilidades e competências necessárias para atuar em diferentes campos. • Discutir as funcionalidades exercidas pelo pedagogo em diferentes esferas de atu- ação. 5.2 PEDAGOGIA: AMPLIANDO O OLHAR SOBRE O MERCADO DE TRABALHO Lisita (2007), baseada nas ideias de Libâneo, compreende que a Pedagogia se cons- titui como um campo de conhecimento que apresenta objetos, problemáticas e métodos próprios de investigação, o que a configura como uma ciência da educação. Tal concepção demonstra que as práticas educativas não são produzidas apenas em escolas, mas tam- bém podem se expandir por diferentes setores do mercado de trabalho. Figura 5: Campos da Atuação do Pedagogo (a) Fonte: Elaborado pelos Autores (2019) 73 Perante a colocação acima, responda: Durante as unidades anteriores, inúmeras vezes foi dada ênfase ao fato dos pedagogos possuírem competências e habilidades para atuarem em diferentes setores de trabalho. Você saberia dizer quais são alguns desses setores e quais seriam as atribuições de cargo dos pedagogos em espaços não escolares? VAMOS PENSAR? Diante do questionamento posto acima e com a perspectiva de ampliar o olhar dos profissionais da Pedagogia, a partir de agora, serão enfatizadas as diferentes áreas de tra- balho nas quais os pedagogos podem atuar, que englobam de ambientes corporativos até hospitais. Para começar, veja, nos vídeos abaixo, algumas dessas áreas de trabalho que, muitas ve- zes, não são tão comentadas ou divulgadas, mas que apresentam um amplo conjunto de funcionalidades no que se refere à atuação do pedagogo. • https://bit.ly/3jLzE2u. (Acesso em: 19 dez. 2019) • https://bit.ly/36MSd2A. (Acesso em: 19 dez. 2019) BUSQUE POR MAIS 5.3 A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EM ES- PAÇOS NÃO ESCOLARES Após ver o vídeo e retomando a temática proposta, evidenciou-se que a Pedagogia tem diversas funcionalidades, que excedem as práticas docentes, sendo um conhecimen- to fundamental para lidar com a formação dos indivíduos, seja em instituições de ensino ou em meios de trabalho. Agora, é hora de apresentar algumas áreas específicas em que os profissionais da Pedagogia podem atuar e quais sãos as competências e princípios éticos que norteiam tais funções, contribuindo nesse processo de formação de sujeitos sociais. 5.3.1 PEDAGOGIA EMPRESARIAL Conforme afirmam Almeida e Costa (2012), a Pedagogia empresarial é um campo inovador na área da educação e engloba a formação de profissionais que gostariam de atuar fora do contexto escolar. Dentro dessa esfera, há também a psicopedagogia empre- sarial. Esses dois novos setores de atuação do pedagogo referem-se à área de Recursos Humanos, isto é, abrange o profissionalpreparado para trabalhar com a parte humana da empresa. 74 Figura 6: O pedagogo empresarial Fonte: Adaptado de Rosas (2019) Com a necessidade do mercado de trabalho por profissionais capacitados, capazes de atuarem em diversas áreas, munidos de vários conhecimen- tos e formações diversas, as empresas têm busca- do em diferentes áreas de conhecimento perfis de trabalhadores que atendam as demandas apre- sentadas no dia a dia de trabalho. Os atores responsáveis por essas empresas, segundo pontua Santos (2016), conscientes das vantagens em investir no capital intelectual dos funcionários, têm estimado a Pedagogia Empresa- rial, visto que esta é uma ferramenta com a qual se pode atender as especificidades e as múltiplas demandas de trabalho que cada organiza- ção produz. Dessa maneira, tal Pedagogia é fundamental no processo de mudanças inter- nas e externas das empresas, bem como no desenvolvimento e evolução destes espaços. Nessa ótica, Almeida e Costa (2012, p. 03) afirmam: O Pedagogo para atuar em um âmbito empresarial deve ter uma base teórica que reúne investigação e prática, dando foco para co- nhecimentos específicos do campo educacional nas organizações, necessita identificar os problemas profissionais e socioculturais visan- do à participação de todos, despertando uma visão da nova realidade do mercado de trabalho. É preciso muito estudo e observação do que está acontecendo dentro da empresa e entender o seu andamento, seu desenvolvimento e porque existe um desequilíbrio dentro dela. Tendo como base essa afirmação, evidencia-se que, para atuar na área empresarial, é preciso que o pedagogo atenda a certos pré-requisitos que sejam compatíveis com a conjuntura estabelecida dentro de uma empresa, principalmente no que tange à compre- ensão do contexto organizacional, que é constituído pelos funcionários, dando, assim, uma dimensão humana ao trabalho. Sendo assim, focado na existência dessas diferentes figuras nesse contexto, com di- ferentes comportamentos e visões, cabe ao pedagogo, como mostram Almeida e Costa (2012), trabalhar com treinamento de pessoal, formação de mão de obra, capacitação em serviços, oficinas, organização de palestras, reuniões, seminários, congressos, excursões, cursos, dinâmicas de grupo, visando aumentar a produtividade dos funcionários, bem como sua autoestima e a qualidade de suas relações. E é tendo em vista tal diversidade de funcionários e suas concepções, que o pedago- go precisa ter em mente que, assim como em uma sala de aula, as pessoas se diferenciam umas das outras, uma vez que possuem suas singularidades, que abrangem habilidades, conhecimentos e competências distintas. Veja quais são as funções do pedagogo nas empresas, a nível público e privado. Disponível em: https://bit.ly/3nvEYsZ. Acesso em: 19 dez. 2019 BUSQUE POR MAIS 75 Quais são os pré-requisitos para que um pedagogo possa atuar no âmbito empresarial? VAMOS PENSAR? De acordo com Almeida e Costa (2012), o Pedagogo pode se inserir no ramo empre- sarial a partir da especialização e mestrado em Pedagogia Empresarial, que são oferecidos por diversas instituições de ensino superior. Esses cursos têm como principais objetivos fomentar alunos capazes de: • Compreender o contexto socioeconômico e produtivo da organização, objetivando situar o trabalho como processo educativo e ético; • Desenvolver metodologias adequadas à utilização das tecnologias da informação e da comunicação nas práticas educativas; • Habilitar o aluno para instituir programas de qualificação e requalificação profissio- nal; • Estruturar setores de treinamento. Perante tais exigências, para desenvolver um bom trabalho em uma empresa, os pe- dagogos necessitam de uma sólida formação que abranja teoria e prática, conhecimentos específicos no campo de trabalho e certa habilidade para lidar com as diferentes deman- das e com as relações humanas presentes na empresa. Logo, pautado por todas as funcionalidades ditas acima, é papel dos pedagogos contribuírem para o crescimento da empresa, sempre transparecendo uma preocupação concreta com o desempenho e com as pessoalidades que podem afetar o rendimento dos funcionários. O site Prime Cursos, que promove cursos online gratuitos, oferece um curso específico na área de Pedagogia Empresarial. Disponível em: https://bit.ly/30KYV5m. Acesso em: 19 dez. 2019. FIQUE ATENTO 5.3.2 PEDAGOGIA HOSPITALAR A escolarização de crianças e adolescentes internados, no Brasil, ainda é um fato desconhecido. Como abordam Zaias e Paula (2010), apesar de pesquisadores se debruça- rem sobre essa temática, há dificuldades consideráveis para traçar políticas públicas que sejam, de fato, efetivas para esse público. Devido ao fato de se encontrarem inábeis para frequentar uma instituição de ensino, essas crianças e adolescentes têm uma alternativa para se manterem devidamente esco- larizadas e é nesse ponto que a Pedagogia Hospitalar pode apresentar grande influência sobre a vida desses sujeitos. 76 Figura 7: Pedagogia hospitalar para facilitar a aprendiza- gem Fonte: Adaptado de Resende (2020) Como afirmam Silva e Fantacini (2013), a Pedagogia hospitalar tem como objetivo proteger o os direitos das crianças e dos adolescentes hospitalizados (Resolução 41/95), re- zando que toda criança e adolescente deve ter oportunidades iguais, independentemente da situação de saúde que apresentam. Segundo pontuam Silva e Fantacini (2013, p. 04): Assegurar o direito que as crianças possuem de ter educação e permi- tir uma vida mais pacífica e calma é uma das tentativas da Pedagogia Hospitalar, porém essa tarefa deve ser realizada de forma coletiva en- tre pais, familiar e profissional, e todos precisam participar das ativi- dades, devido às mesmas proporcionarem inúmeras melhorias para a recuperação da criança. Compreendendo a realidade dessas crianças e adolescentes, o Especial, por meio da Secretaria de Educação Especial, elaborou um documento objetivando estruturar ações políticas de organização do sistema de atendimento educacional voltadas para crianças e adolescentes que se encontram em ambientes hospitalares e domiciliares (BRASIL, 2002). Dentro dessa nova organização, foram implantadas as classes hospitalares, ambien- tes projetados com o propósito de favorecer o desenvolvimento e a construção do conhe- cimento para crianças e jovens no âmbito da educação básica, presentes em ambientes hospitalares, competindo às Secretarias de Educação, atender à solicitação dos hospitais para a realização do serviço de atendimento pedagógico hospitalar, bem como a contra- tação e capacitação dos professores, a provisão de recursos financeiros e materiais para os referidos atendimentos (BRASIL, 2002). Com a implementação de tais classes, ampliou-se ainda mais o campo de atuação dos profissionais da Pedagogia, devido a uma demanda considerável de crianças e adoles- centes que se encontram na situação de enfermidade. Nesse contexto, sabendo-se que a educação não ocorre apenas em ambientes esco- lares, o pedagogo pode ampliar sua esfera de atuação e a Pedagogia Hospitalar é um dos campos nos quais se pode atuar. Pensando de maneira ampla, sabe-se que, em ambientes hospitalares, existem inú- meros pacientes, que possuem necessidades e tratamentos distintos. Tendo em vista tal realidade, é necessário que os profissionais que atendem essas demandas sejam devida- mente preparados para minimizar ou contribuir de maneira relevante no desenvolvimento da vida desses indivíduos em diversos aspectos. Prezando sempre o bem-estar integral da criança e do adolescente nesse ambiente, que, quando hospitalizadas, passam por um processo que abala sua vida social, os peda- gogos precisam se preparar para lidar com as diferentes experiências de vida presentes no 77 ambiente hospitalar, com o intuito de identificar as reais necessidades dos alunos, fazendo as modificações e adequações curriculares que proporcionem ao paciente a possibilidade deapreender os conhecimentos dispostos. Além disso, como apontam Cardoso, Silva e Santos (2012), nesse ambiente, é tam- bém fundamental que o profissional da Pedagogia oportunize ao enfermo momentos em que ele possa interagir com outros pacientes inseridos nesse contexto. Nesse sentido, é necessária a construção de ferramentas pedagógicas, como jogos ou brinquedotecas, que ajudem a criança nesse processo de interação com o meio e que também ajudem a família a se adaptar ao novo ritmo de vida. A partir de tais ações, pode-se criar um percurso cognitivo, emocional e social, que seja capaz de amenizar os problemas vivenciados pelo paciente no hospital e conduzi-lo ao desenvolvimento em diversos aspectos. Neste link, são apresentadas as funções e atividades que o pedagogo deve exercer no espa- ço hospitalar. Disponível em: https://bit.ly/33GVrCN. Acesso em: 19 dez. 2019. BUSQUE POR MAIS Quais são os pré-requisitos para que um pedagogo possa atuar no âmbito hospitalar? VAMOS PENSAR? Segundo Guimarães (2011), para atuar no âmbito da Pedagogia Hospitalar, o profis- sional deve ter formação em Pedagogia e especialização em Educação Especial. Conforme Cardoso, Silva e Santos (2012) apontam, com a intenção de contribuir com o desenvolvimento da criança enferma, a formação do pedagogo hospitalar deve fomen- tar as seguintes competências e habilidades: a) Mediar interações da criança com ambientes internos e externos (fora do hospital); b) Ajudar na elevação da autoestima e na compreensão da doença e do novo am- biente em que a criança está inserida; c) Conhecimentos teórico-investigativos acerca das doenças mais comuns do hospi- tal. d) Ser emocionalmente equilibrado para lidar com diferentes situações, que, em da- dos momentos concluem-se em altas ou até mesmo óbitos. Tendo tais exigências como guias, para desenvolver um bom trabalho em um hospi- tal, o pedagogo necessita também trabalhar conjuntamente com as equipes responsáveis pela saúde da criança, que envolvem médicos, psicólogos, enfermeiros, dentre outros pro- fissionais. Logo, é uma tarefa árdua, que engloba aspectos sociais, emocionais e também inte- lectuais, já que a aprendizagem da criança precisa ser garantida. Nessa ótica, o trabalho do pedagogo deve ser fundamentado em práticas que estejam integradas aos demais cam- 78 pos da ciência, com a intenção de fazer com que a criança ou adolescente atendidos saiam dos hospitais com autonomia e conhecimento da situação vivida. 5.3.3 PEDAGOGIA PRISIONAL Há anos os noticiários, de diferentes meios de mídia, têm apresentado números nada animadores sobre a criminalidade no Brasil. E, uma das consequências para tal problema, conforme afirmam Aguiar et. al., (2017), materializa-se na superlotação dos presídios brasi- leiros. Diante de tal realidade, segundo dados apresentados por Julião (2007) estima-se que nos 1.006 estabelecimentos penais do Brasil, encontram-se encarceiradas mais de 350 mil indivíduos. E, mesmo com dados tão alarmantes, há uma efetuação quase nula de po- líticas públicas que visam ressocializar esses sujeitos à sociedade. Além disso, como expõem Aguiar et. al., (2017), a aglomeração dentro dos presídios se mostra extremamente prejudicial na medida em que não garante condições humanas minimamente dignas para os detentos. Tal problema, muitas vezes, gera revolta nos pre- sidiários. Essa revolta é perceptível quando, corriqueiramente, são disseminadas notícias que dão conta de rebeliões ocorridas em diferentes estabelecimentos prisionais. Com vista para essa realidade, o poder público tem visto a educação como uma grande aliada no processo de desconstrução dessa conjuntura. Por isso, por meio da Lei 12.433/2011, dispôs sobre a remição de parte do tempo de execução da pena por estudo dos detentos (BRASIL, 2011). É nesse panorama que propostas educacionais passam a ter grande relevância no contexto prisional, podendo apresentar ferramentas que contribuam no processo de ree- ducação e ressocialização de detentos â sociedade, dando à educação uma nova ressigni- ficação, como um instrumento de emancipação social. Como consequência, os profissio- nais da Pedagogia visualizam nesse campo uma nova possibilidade de campo de atuação. Como já foi exposto nesse material, o trabalho do pedagogo pode acontecer em diversos espaços, que abrangem salas de aulas e outros campos. Nesse caso, o pedagogo tem como campo de trabalho as penitenciárias, que são mantidas pelo Estado. Portanto, é dever do Estado garantir a educação para os detentos, a fim de que esses sujeitos possam se reintegrar à sociedade ao término do cumprimento da pena. Com base nessas condições, cabe ao pedagogo ser um agente de mudanças na vida dos detentos, por meio de práticas educativas aplicadas em um ambiente não propício para a aplicabilidade das ações pedagógicas. Como pontua Santos (2015), o papel do pedagogo nas penitenciárias, durante a gra- duação, não é uma temática tratada regularmente, o que torna a atuação nesse campo um desafio considerável, visto que há poucas informações e conhecimentos prévios sobre o assunto. Tendo esse contexto como base, também é preciso colocar em pauta as dificuldades encontradas por um pedagogo dentro das penitenciárias. Como expõe Santos (2015), este é um ambiente constituído por inúmeros problemas, que se referem a falta de materiais e recursos, além de questões internas do presidio, em relação aos funcionários, que afirmam que os presos não precisam estudar, uma vez que já tiveram as chances possíveis para fazerem isso fora da prisão. Tal concepção apresentada pelos próprios profissionais dos estabelecimentos prisionais apontam para uma dificuldade no que tange à recuperação social dos detentos e, consequentemente, para a atuação dos pedagogos. 79 A partir de tais adversidades, as atividades educativas construídas e executadas pe- los pedagogos ganham uma importância ainda maior. Essas atividades devem possuir ca- ráter abrangente e buscar expandir o olhar dos detentos para novas possibilidades de vida, além de promover momentos de reflexão acerca de suas vidas e experiências. Porém, nessa ótica de ação, é preciso que o profissional esteja preparado para lidar com as limitações de trabalho, já citadas anteriormente, que envolvem espaços inapropria- dos para realização dos trabalhos e recursos limitados. Há poucos cursos de Pedagogia que abarcam em suas propostas curriculares disci- plinas ou atividades que se destinem ao público discente, presente em estabelecimentos prisionais. Penna, Carvalho e Novaes (2016, p. 115) sobre isso, afirmam: Dessa maneira, colocou-se em pauta a necessidade de se pensar na formação dos professores, dadas as especificidades que envolvem o trabalho com jovens e adultos em estabelecimentos penais. Trata-se, na verdade, do enfrentamento de uma dupla questão: por um lado, a educação de jovens e adultos e, por outro, a organização da atividade de ensino em um ambiente diferente da escola, tal como estamos habituados a considerar. Dessa forma, faz-se uma crítica ao fato dos cursos de Pedagogia não fomentarem em suas grades curriculares questões referentes ao público de jovens e adultos, inseridos nas prisões. Tal limitação de conteúdos pode prejudicar consideravelmente os futuros pro- fissionais da Pedagogia que pretendem se aventurar em uma nova área de atuação, que não a sala de aula formal. Porém, ainda sim, o profissional que visa atuar em estabelecimentos prisionais, pre- cisa atender a alguns pré-requisitos, que variam de região para região. Como expõem, novamente, Penna, Carvalho e Novaes (2016, p. 118-119): Alguns estados brasileiros investem em treinamento, por meio de videoconferências ou parcerias com universidades. O Paraná, por exemplo, oferece aos professores que atuam no sistema prisional cursos ministrados pela Escola de Educação em Direitos Humanos do Paraná (ESEDH) e pela Secretaria de Estado da Educação (SEED/ PR), por meio de palestras, grupos deestudos, seminários e cursos de curta ou longa duração. Em Santa Catarina, cabe à secretaria de educação realizar cursos de “Educação em Prisões”, com palestras, aulas expositivas, leitura de textos, debates, estudos de grupo e ofi- cinas pedagógicas. No Ceará, que até 2010 não informava a presença de professores no sistema prisional, os docentes são selecionados e encaminhados a um curso de especialização, com vistas à atuação nos presídios. O estado de Mato Grosso prevê, em seu plano estadual de educação nas prisões, que as ações de formação continuada de docentes para atuação em prisões devem ser organizadas pela Coor- denadoria de Educação de Jovens e Adultos, vinculada à Secretaria de Educação, e acompanhadas. A inexistência de uma formação pedagógica específica bem delineada para os pro- fissionais que pretendem atuar em sistemas prisionais demonstra que há, claramente, uma deficiência nos cursos de Pedagogia e discussões acerca dessa esfera de atuação. Porém, há algumas competências e habilidades que são fundamentais para o profissional que pretende atuar neste campo. Como afirma Oliveira (2019), cabe ao pedagogo: 1. Conhecer, acompanhar e opinar sobre o projeto político pedagógico desenvolvido 80 na unidade penal; 2. Conhecer, discutir e propor a definição de oferta de disciplinas o planejamento curricular, bem como o calendário escolar da unidade penal; 3. Acompanhar, opinar e aprovar a carga horária do corpo docente; 4. Participar de reuniões pedagógicas junto com o professor, para discutir os temas que devem ser trabalhados com os alunos, sempre voltados para valores sociais (cidadania, drogas, ética, família, saúde, respeito, etc.); 5. Acompanhar o desempenho escolar dos alunos, propondo medidas, em conjunto com os professores e pedagogo; 6. Acompanhar o processo de matrículas dos alunos; 7. Propor a reativação da matrícula de alunos que darão continuidade aos estudos, aproveitando a carga horária e os registros de notas obtidas; 8. Manter arquivado no Setor Pedagógico o Plano de Ação Pedagógica por discipli- na, para facilitar o seu acompanhamento; 9. Propor temas a serem desenvolvidos no âmbito das disciplinas ofertadas pela es- cola ou de projetos especiais, que atendam às necessidades do preso e da unidade penal, no sentido de colaborar para a compreensão do processo de marginalização social e para a desconstrução de um comportamento criminoso; 10. Promover atividades extracurriculares em conjunto com o corpo docente da es- cola e ou com a equipe técnica da unidade, tais como a programação de eventos de teatro, música, leitura jogos de salão, artísticos, etc.; 11. Propor metodologias alternativas ao trabalho do professor, utilizando-se de filmes, música, jogos, etc.; 12. Acompanhar a frequência e o horário das atividades docentes das unidades pe- nais; 13. Propor e acompanhar a reposição de aulas, no caso de faltas, por meio de solicita- ção ao professor de um plano de reposição, que contemple a carga horária, dias, metodo- logia e conteúdo; 14. Acompanhar e justificar a falta dos alunos que estiverem frequentando a escola quando se tratar de portarias, autorização de saídas temporárias, conselho disciplinar, au- diência, doença, etc.; 15. Articular junto aos órgãos responsáveis, inscrever os alunos e acompanhar os exa- mes de suplência, bem como o ENEM; 16. Organizar espaço para biblioteca escolar, propor critérios para o seu acesso por todos os presos da unidade, bem como pelos funcionários; 17. Elaborar e manter atualizada a listagem de presos que frequentam a escola para o Setor de Segurança; 18. Manter, no Setor, um livro de ocorrências, e no caso de algum registro, comunicar ao Setor de Segurança; 19. Orientar os professores sobre materiais permitidos ou não para utilização nas ati- vidades docentes; 20. Orientar, em conjunto com o Setor de Segurança, os professores novos sobre as normas de procedimentos e medidas de segurança no desempenho de suas funções na escola, bem como atualizar o corpo docente quando da mudança de qualquer norma que venha a interferir no trabalho escolar. Essa quantidade considerável de competências e conhecimentos a serem aplica- dos pelo pedagogo precisa estar alinhada permanentemente com os demais profissionais 81 presentes nas unidades penais, o que envolve professores, diretores, agentes de seguran- ça, psicólogos, assistentes sociais, advogados, agentes penitenciários, entre outras figuras fundamentais dentro desses espaços. Portanto, é preciso um conjunto de conhecimentos teóricos e metodológicos que deem ao pedagogo condições de realizar um trabalho que seja, de fato, efetivo nos espa- ços prisionais. Além disso, conclui-se que é preciso, também, que haja um investimento re- levante do poder público nessas unidades, para que as atividades ocorram em ambientes propícios à aprendizagem. Veja, nos links abaixo, algumas das funções exercidas pelo pedagogo em uma unidade pri- sional e as peculiaridades desse espaço. https://bit.ly/34JKUWI. (Acesso em: 19 dez. 2019) https://bit.ly/2GRVtP8. (Acesso em: 19 dez. 2019) BUSQUE POR MAIS 5.3.4 PEDAGOGIA SOCIAL Conforme apresentado neste material, o pedagogo é aquele que lida com diferentes processos de ensino-aprendizagem, intervindo e conduzindo os indivíduos na construção e reconstrução de conhecimentos. Na área da Pedagogia Social, tais funcionalidades tam- bém estão presentes, porém, tal campo de atuação apresenta suas peculiaridades. A Pedagogia Social, como aborda Caliman (2010), propõe-se a fazer a interligação entre os processos de ensino-aprendizagem e suas dimensões sociopedagógicas, basean- do-se nos conflitos sociais que envolvem a escola no Brasil, especialmente a pública. Este campo denota um desafio que abrange as metodologias construídas entre a Pedagogia e os Serviço Sociais, priorizando a prática da educação social e a inspiração freireana da educação crítica e transformadora, que recai sobre uma perspectiva que a contrapõe à educação formal. Como pontuam Passos e Couto (2017, p. 02): Por muitos anos, os precursores da Pedagogia Social desenvolveram atividades pedagógicas em detrimento do aspecto social inerente à essa disciplina dificultando assim a visão da sua totalidade. Seu foco, nesse contexto, era direcionado para uma ação que buscava cuidar do ser humano sob um determinado aspecto. Com o passar do tempo, a percepção das necessidades se ampliou questionando se as práticas mais pontuais nas quais não tratava o educando de forma holística. Nesta perspectiva, segundos os mesmos autores, torna-se fundamental delinear as competências do pedagogo social na educação formal, não formal e informal e o papel educativo exercido por este profissional nos marcos da Pedagogia Social. Neste contexto, é necessário analisar a interface na mediação deste processo educativo com a escola, Ins- tituições Sociais e Comunidade, o que engloba a participação da sociedade civil e abrange a interação entre as escolas e o território na qual ela está inserida. Por não se tratar estritamente do ambiente escolar e, sim, pautar suas ações no am- biente externo à ela, como aponta Caliman (2010), a Pedagogia Social direciona seu olhar 82 à população socialmente excluída, principalmente crianças, adolescentes e jovens, que se encontram em organizações sociais e espaços mais ou menos formais que necessitam de um apoio indispensável para superar as suas condições precárias. A Pedagogia Social no Brasil tende a ser concebida como uma ciência que pertence ao rol das Ciências da Educação, uma ciência sensível à dimensão da sociabilidade humana, ou seja, que se ocupa particu- larmente da educação social de indivíduos historicamente situados. Uma educação que ocorre de modo particular lá onde as agências formais de educação não conseguem chegar; nas relações de ajuda a pessoas em dificuldade, especialmente crianças, adolescentes e jo- vens que sofrem pela escassa atenção às suas necessidades funda- mentais (CALIMAN,2010, p. 343). É neste panorama que o pedagogo ganha preponderante importância, visto que a Pedagogia Social é ampla, não é neutra, e é o campo da Pedagogia que se constrói, dialo- ga, transita e agrega sistematicamente os conhecimentos e saberes construídos do Servi- ço Social, Sociologia, Filosofia, Psicologia Social, Educação Social, Educação Comunitária, da Educação Popular de Paulo Freire bem como os saberes de experiência produzidos pela humanidade (PASSOS; COUTO, 2017). De acordo com os apontamentos dos autores supracitados, a Pedagogia Social não tem como objetivo moldar o indivíduo à sociedade, mas, sim, respeitar sua história de vida e o contexto no qual é estar inserido. Neste sentido, é papel do pedagogo inserido neste campo fortalecer a busca pela valorização e ressignificação da vida dos sujeitos, lutando por sua liberdade e pela justiça social. Tendo isso em vista, neste campo, como coloca Araújo, Reis e Morais (2017), o traba- lho do pedagogo pauta-se em um fazer docente que busca a emancipação dos sujeitos excluídos socialmente, visando a construção de uma pedagogia humanitária, capaz de transformar o mundo, as pessoas e a sociedade em um contexto mais amplo. Com base nesta visão humanística, Araújo, Reis e Morais (2017, p. 03), afirmam que: A Pedagogia Social exige uma visão científica que não seja apartada da realidade humana. O pesquisador da Pedagogia Social não pode ficar em um mirante, acima do bem e do mal, observando os fenôme- nos que a envolvem. Deve banhar-se nas águas da realidade social, envolver-se com ela para com ela trabalhar. Ela exige, portanto, um pesquisador teórico-prático que traga em sua própria vida as marcas da sua opção política e intelectual. Por englobar uma visão holística e influenciada por diferentes elementos, ainda em consonância com os mesmos autores, é fundamental que o pedagogo social seja um pro- fissional reflexiva, capazes de pensar com rapidez, manter a agilidade em suas ações, sem- pre pautado pela ética e contextualizando as demandas oriundas das vivências trazidas pelas crianças que, em grande parte, vivem nas ruas. Portanto, é preciso que o pedagogo esteja, de fato, preparado para acolher as diver- sas vidas dispostas neste contexto, com o compromisso político e intelectual de torná-las mais dignas, a partir do poder emancipatório que a educação é capaz de produzir. 83 Quais são os pré-requisitos para que um pedagogo possa atuar no âmbito Social? VAMOS PENSAR? Para atuar neste campo, o pedagogo não precisa dispor de uma formação especí- fica em lato ou stricto-senso. Conforme expõe Caliman (2010), a formação dos pedagogos sociais, que também podem receber a alcunha de educadores sociais, dá-se, em geral, por meio de reuniões periódicas que têm como finalidade revisar e avaliar as práticas pedagó- gicas desenvolvidas cotidianamente. Segundo o autor supracitado, devido ao crescimento exponencial deste campo de atuação, novas demandas de formação acadêmica para este profissional têm sido ideali- zadas, conduzindo a iniciativas que se baseiam estritamente na formação dos educadores sociais. E é daí que emerge a experiência em Educação a Distância para a formação de educadores sociais a partir de um curso de Pós-Graduação em Educação Social, idealizado pela Rede Salesiana de Ação Social. Cabe lembrar que as informações acima dispostas foram apresentadas por Caliman há 10 anos, o que indica que, atualmente, o campo da Pedagogia Social tem se expandido ainda mais. Por isso, conforme aborda o mesmo autor, a Pedagogia Social ganha notorie- dade por evidenciar a importância da implementação de práticas que englobam mais o terreno das relações que dos processos tradicionais de ensino-aprendizagem, baseados apenas o espaço escolar. 5.3.5 EDUCAÇÃO ESPECIAL Como se sabe, a sala de aula é um ambiente constituído por diferentes indivíduos, que apresentam suas próprias características, singularidades, que influenciam diretamen- te sua vida escolar. Pensando nessa diversidade existente em sala de aula, como afirma Michels (2011), nos últimos anos, o Brasil se apropriou do discurso internacional relacionado à inclusão, promulgando a universalização da Educação Básica nos países em desenvolvimento. Nes- se contexto, discussões sobre alguns temas, antes minimizadas, ganharam maior visibili- dade. Temas como flexibilização curricular, preparação da escola regular para receber os alunos com alguma deficiência, técnicas e recursos que auxiliam na ação e formação de professores passaram a ser constantemente difundidos, com o intuito de tornar a inclusão, de fato, possível e bem-sucedida. Nessa perspectiva, Bergamo (2012) afirma que buscou-se, então, um ensino de qua- lidade capaz de minimizar ou superar a exclusão escolar, utilizando-se ações pedagógicas capazes não só de facilitar o acesso dos alunos à escola, mas, também, capazes de efetivar sua permanência. Isso indica que, como Michels (2011) aborda, à escola, historicamente, convencionou- -se o papel de agente privilegiada capaz de corrigir ou minimizar as desigualdades sociais. Tendo esta afirmação como base, eclodiu, então, uma responsabilidade dos espaços esco- lares em incluir sujeitos que, anteriormente, foram excluídos dos meios sociais mais am- 84 plos. A partir disso, houve o surgimento da ideia de que o professor seria um elemento pri- mordial no processo de incluir os sujeitos com alguma necessidade especial na sociedade, em sua totalidade, o que abriu mais um campo amplo de atuação para os profissionais da Pedagogia, tornando a escola um ambiente propício para fomentar uma nova concepção acerca dos alunos considerados deficientes. Nesse sentido, como aponta Bergamo (2012, p. 83) desde aprovação da “Declaração de Salamanca de Princípios, Políticas e Práticas das Necessidades Educativas Especiais e uma Linha de Ação”, oriunda da “Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Es- peciais: acesso e qualidade”, a formação de professores/pedagogos é composta por uma estrutura que abarca a inclusão em suas grades curriculares. Com a adesão das prerrogativas presentes no documento, parte da estrutura do cur- so de Pedagogia foi alterada no Brasil, visando aprimorar nos pedagogos as competências e habilidades referentes ao trabalho com alunos que apresentam determinadas necessi- dades especiais. Além disso, durante esse percurso, estabeleceu-se o AEE (Atendimento Educacio- nal Especializado, definido pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva como aquele atendimento que tem como objetivo identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para que os estudantes possam participar de todas as atividades, considerando suas necessidades específicas (CORRÊA; RODRIGUES, 2016). Diante de tais apontamentos, evidencia-se o quão importante é o papel do pedago- go na Educação Especial, uma vez que tal profissional tem como principal finalidade faci- litar o processo inclusivo de alunos com necessidades especiais e promover uma aprendi- zagem de qualidade. Quais são os pré-requisitos para que um pedagogo possa atuar no âmbito educacional? VAMOS PENSAR? Conforme apontam as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Es- pecializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial, , para atuar na área de Educação Especial, o pedagogo deve ter formação inicial que o habilite para o exercício da docência e formação específica para a Educação Especial, isto é, uma especialização a nível lato ou stricto-sensu. Conforme é citado no Art.º 13 da Resolução CNE/CEB nº 4 do Ministério da Educação (2009, p. 03), tal formação requer as seguintes atribuições do pedagogo: I. identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagó- gicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da Educação Especial; II. elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializa-do, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos peda- gógicos e de acessibilidade; III. organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncionais; IV. acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pe- dagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regu- lar, bem como em outros ambientes da escola; 85 V. estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade; VI. orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno; VII. ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilida- des funcionais dos alunos, promovendo autonomia e participação; VIII. estabelecer articulação com os professores da sala de aula co- mum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógi- cos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participa- ção dos alunos nas atividades escolares. Dispondo de tantas atribuições e exigências para a execução de seu trabalho, o pe- dagogo, inserido no contexto da educação Especial, precisa saber de que maneira as li- mitações apresentadas pelos alunos com necessidades especiais podem comprometer sua aprendizagem. Portanto, faz-se parte de suas competências e habilidades conhecer e identificar as estratégias, atividades e recursos que possam contribuir para a evolução do aluno e a minimização ou superação de suas dificuldades. Conforme apontado anteriormente, nesta unidade, foi mostrado como a Pedagogia aponta para diversos caminhos pelos quais os pedagogos podem trilhar. Pedagogia em- presarial, hospitalar, Pedagogia Social, são inúmeros os campos de atuação em que o pro- fissional dessa área pode atuar. Nessa ótica, com as profundas evoluções e alterações no mundo atual, composto pela chamada sociedade do conhecimento, nos próximos anos, décadas, ainda mais mudanças acontecerão. Tendo tal conjuntura como base, há outras inúmeras esferas de atuação que preci- sam exploradas, bem como a formulação de grades curriculares devidamente adequadas, que atendam a essas demandas amplas requeridas no mercado de trabalho. Diante de tal realidade, torna-se essencial, neste momento específico em que se encontram os cursos de Pedagogia, discutir, assimilar e identificar quais os conteúdos e componentes curricu- lares fundamentais, capazes de amplificar os olhares dos pedagogos para o mercado de trabalho vigente e aquele que se construirá em breve. Pensando nesta conjuntura atual e na possível futura transformação do mercado de tra- balho, qual seria a área ou as áreas específicas em que você, futuro pedagogo, gostaria de atuar? O que mais te chama atenção nesses campos de atuação? VAMOS PENSAR? 86 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Leia o texto abaixo. A pedagogia empresarial é encarregada dos processos educacionais dentro da organiza- ção. Promover atividades dessa categoria – como treinamentos corporativos, dinâmicas, entre outros – é fundamental para melhorar constantemente o trabalho dos colaborado- res. Investir na educação dos seus funcionários permite que eles se atualizem nos conheci- mentos de sua área de atuação, descobrindo novidades e boas práticas e aprimorando as técnicas do seu trabalho. Tudo isso traz mais qualidade e inovação ao seu serviço e, conse- quentemente, beneficia a organização. Disponível em: https://www.ludospro.com.br/blog/o-que-e-pedagogia-empresarialAcesso em: 09 jan. 2020 A partir dessas informações, no que se refere à atuação do pedagogo nas empresas, é cor- reto afirmar que: a) O pedagogo precisa conduzir seu trabalho baseando-se apenas em um suas experiên- cias escolares. b) A atuação do pedagogo restringe-se apenas à formação profissional dos trabalhadores, enfocando treinamento de pessoal, formação de mão de obra. c) Para atuar em âmbito empresarial, o pedagogo deve ter uma base teórica que reúne investigação e prática, calcada em conhecimentos específicos do campo educacional nas organizações. d) O pedagogo não pode ser um gestor e deve se dedicar exclusivamente à formação de profissional dentro da empresa. e) É papel do pedagogo fomentar treinamentos e atividades que visem apenas a poten- cialização dos rendimentos dos funcionários, desconsiderando a qualidade das relações na empresa. 2. Analise as assertivas abaixo. I. O moderno cenário da educação se destaca no século XXI com novas expecta-tivas para o profissional pedagogo que se insere no mercado de trabalho, sob di-versas abrangências, como nos mostra a própria sociedade, que vive um momen-to particular de discussões sobre globalização, neoliberalismo, terceiro setor, edu-cação on-line etc. Enfim, uma nova estrutura se firma na sociedade. II. A sociedade do conhecimento exige profissionais cada vez mais qualificados e prepara- dos para a atuação neste cenário competitivo. III. A educação em espaços não escolares não confirma a discussão sobre a ex-pansão do mercado de trabalho. O pedagogo restringe sua atuação ao espaço escolar, tornando a es- cola o exclusivo ambiente de trabalho, fato este que não permite uma nova redefinição da atuação desse profissional. IV. Empresas, hospitais, ONGs, associações, igrejas, eventos, emissoras de transmis-são (rá- dio e Tv), e outros ambientes formam, hoje, o novo cenário de atuação do pedagogo, que transpõe os muros da escola para prestar seu serviço nesses locais, espaços até então res- tritos a outros profissionais. 87 Diante das assertivas acima, assinale a resposta correta: a) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas. b) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas. c) Apenas a assertiva I está correta. d) Todas as assertivas estão corretas. e) Apenas a assertiva II está correta. 3. Analise o texto a seguir, relativo às classes escolares. A concepção de classes escolares em hospitais é consequência da importância formal de que crianças hospitalizadas, independentemente do período de permanência no estabe- lecimento, têm necessidades educativas e direitos de cidadania, onde se abrange a escola- rização. A Educação é direito de todos e dever do Estado e da família. O direito a educação se expressa como direito à aprendizagem e a escolarização. Disponível em: https://educador.brasilescola.uol.com.br/politica-educacional/direito-educacao.htm. Acesso em: 09 jan. 2020 Com base nas informações do texto acima, avalie as questões a seguir. a) A Pedagogia hospitalar tem como finalidade assegurar o direito que as crianças pos- suem de ter educação e permitir uma vida mais pacífica a elas. Essa tarefa deve ser reali- zada em conjunto entre os pacientes e os profissionais, excluindo-se os pais e familiares do processo. b) Sabe-se que, em ambientes hospitalares, existem inúmeros pacientes, que possuem necessidades e tratamentos distintos. Dessa forma, é papel exclusivo do pedagogo estar preparado para minimizar ou contribuir no processo de desenvolvimento e recuperação do paciente. c) No espaço hospitalar, o pedagogo deve propiciar ao paciente momentos de descontra- ção e ludicidade, porém, deve mantê-lo afastado dos demais indivíduos presentes nesse ambiente. d) As classes hospitalares são ambientes projetados com o intuito de favorecer o desenvol- vimento e escolarização de crianças e jovens que se encontram em ambientes hospitala- res. e) Os pedagogos, em âmbito hospitalar, precisam estar devidamente preparados para li- darem como diversas circunstâncias, porém, não deve interferir no processo de evolução dos pacientes. 4. O pedagogo, como apontam Cardoso, Silva e Santos (2012), ao trabalhar em um am- biente hospitalar, deve apresentar algumas habilidades e competências que atendam às demandas das crianças enfermas. A partir da afirmativa, analise os itens abaixo. I. Cabe ao pedagogo hospitalar mediar atividades com as crianças que sejam restritas ape- nas ao ambiente interno. II. O pedagogo deve buscar informações e conhecimentos específicos acerca das doenças mais comunsa serem tratadas no hospital. 88 III. Contribuir no processo de recuperação do paciente, ajudando-o a elevar sua autoestima e compreender seu processo de recuperação. É correto apenas o que se afirma em: a) Apenas o item I está correto. b) Apenas os itens I e III estão corretos. c) Apenas os itens II e III estão corretos. d) Apenas os itens I e II estão corretos. e) Todos os itens estão corretos. 5. Como se sabe, o trabalho do Pedagogo pode ser desenvolvido em diversos espaços, visto que o mercado de trabalho se abriu para a atuação deste profissional. Prova disso, é que, hoje, há pedagogos que atuam em mercados antes considerados inadequados para sua função. Não é considerado algo incomum ver um pedagogo trabalhando, por exemplo, em uma unidade prisional, ambiente que aponta para diversos desafios acerca do processo de desenvolvimento do trabalho desse profissional. Tendo como base o texto acima, é correto concluir que, em um ambiente de cárcere: a) O pedagogo deve estar pronto para atuar em situações adversas de trabalho, uma vez que o ambiente prisional não apresenta, muitas vezes, recursos ou ambientes adequados para a promoção da aprendizagem. b) Cabe ao pedagogo promover atividades que remetam apenas ao ambiente de cárcere, visto que sua atuação visa manter os sujeitos presos neste espaço por tempo indetermi- nado. c) É papel exclusivo do pedagogo executar práticas que contribuam para a reflexão e re- construção da vida dos detentos. d) O trabalho do pedagogo neste espaço deve ser realizado de maneira insociável, pautado apenas em seus conhecimentos teórico-científicos. e) Devido à pouca adesão ao trabalho no âmbito prisional, os cursos de Pedagogia não devem colocar em pauta conhecimentos específicos que englobem tal área de atuação. 6. Há poucos cursos de Pedagogia que abarcam em suas propostas curriculares disciplinas ou atividades que se destinam ao público discente, que pretende atuar em estabeleci- mentos prisionais. Assim sendo, torna-se necessário, mais uma vez, repensar as diretrizes que fundamentam o trabalho do pedagogo em diferentes espaços. A partir da afirmação acima, analise as asserções. I. O profissional da Pedagogia que atua em uma unidade prisional precisa atender a uma série de pré-requisitos, com habilidades e competências que priorizem apenas a prática, em detrimento da teoria. II. É função do pedagogo promover atividades aos internos que evitem a interação, coibin- do, assim, qualquer tipo de problema relacional entre os detentos. III. Orientar os professores acerca dos materiais que podem ou não serem utilizados nos espaços destinados às aulas. 89 Em acordo com as assertivas, marque a opção correta: a) Apenas a assertiva I está correta. b) Apenas as assertivas II e III estão corretas. c) Apenas a assertiva II está correta. d) Apenas a assertiva III está correta. e) Todas as assertivas estão corretas. 7. Analise as afirmativas a seguir. O pedagogo social tem como objetivo atuar em ambientes nos quais crianças, jovens e idosos encontram-se em situação de vulnerabilidade social. Este profissional visa contri- buir na formação social e humana desses sujeitos, trabalhando questões éticas, sociais e de cidadania. Porque Nessa perspectiva, o pedagogo social tem como principal função detectar problemas que se referem apenas aos aspectos psíquicos dos sujeitos, visto que seu campo de atuação não visa contribuir para a melhoria como um todo, mas apenas no que tange às condições socioeconômicas. Sobre as afirmativas, assinale a opção certa: a) As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda é uma justificativa da primeira. b) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda é falsa. c) As duas afirmativas são falsas. d) A duas afirmativas são verdadeiras e a segunda não é uma justificativa da primeira. e) A primeira afirmativa é falsa e a segunda verdadeira. 8. Sabe-se que a sala de aula é um ambiente diversificado, formado por sujeitos que apre- sentam suas singularidades e comportamentos distintos. Nessa ótica, a Educação Espe- cial visa trabalhar com alunos que apresentam alguma necessidade especial, contribuindo para a inclusão e evolução dos alunos que apresentam alguma limitação, seja ela física, psíquica ou em qualquer outro aspecto. Tendo as informações acima em vista, é correto afirmar que o pedagogo inserido na Edu- cação Especial: a) Deve enfocar seu trabalho em métodos tradicionais que potencializem a aprendizagem dos sujeitos. b) Precisa evitar o vínculo com os pais do aluno atendido, com o intuito de evitar sua inter- venção durante o desenvolvimento dos exercícios propostos. c) Deve ensinar e usar a tecnologia assistia como ferramenta de trabalho, com a intenção de ampliar o leque de habilidades funcionais dos alunos. d) Formular e realizar atividades individualizadas com o aluno, sem estabelecer uma arti- culação direta com o professor responsável pelo aluno. e) Cabe apenas à diretoria dos estabelecimentos escolares definir o número de atendi- mentos e atividades a serem desenvolvidas com o aluno. 90 A PEDAGOGIA COMO CAMPO INVESTIGATIVO TEÓRICO-PRÁTICO DA EDUCAÇÃO UNIDADE 06 91 6.1 INTRODUÇÃO A Pedagogia, em seu significado mais amplo, atualmente, é tida como uma prática educacional que se interliga diretamente às teorias. Tais práticas são permeadas por ativi- dades investigativas, que têm como principal intencionalidade mapear possíveis resulta- dos satisfatórios nos processos de ensino-aprendizagem e os elementos que tornam esses processos bem-sucedidos ou malsucedidos. Seguindo tal linha de pensamento como base, conforme foi demonstrado nas uni- dades anteriores, apesar da existência de uma pluralidade de campos para atuação dos pedagogos, há uma ideia sobre essa área de que tais profissionais atuam apenas em sala de aula, ou seja, na atividade docente. Nessa perspectiva, como a própria definição acima aponta, a Pedagogia engloba muito mais do que apenas a formação de profissionais direcionados ao trabalho em sala de aula. Por isso, neste capítulo, serão destacados aportes teóricos que viabilizam a exe- cução das práticas pedagógicas, isto é, a relação entre teoria e prática, que permeiam a Pedagogia como campo investigativo. Objetivos de aprendizagem: Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Definir o trabalho teórico-prático como atividade fundamental para o profissional da Pedagogia. • Reconhecer a interrelação direta entre teoria e prática. • Relacionar a significação dada a Pedagogia no passado e no presente. 6.2 AS MÚLTIPLAS FACES DA PEDAGOGIA Como afirmam Franco, Libâneo e Pimenta (2011), a Pedagogia, como uma teoria, campo investigativo ou atividade prática está em uma posição atualmente que não defi- ne efetivamente um consenso sobre seu significado. E, diante dessa “falha etimológica”, alguns “mitos” sobre a profissão (tratados na Unidade quatro), continuam a ser dissemina- dos. Ainda no mesmo ponto de vista, Franco, Libâneo e Pimenta (2011) apontam que, na tradição da investigação pedagógica, desde Comênio, já citado nesse material, a Pedago- gia busca a formação mental, moral e estética do indivíduo em sua vida subjetiva e social. Tal pensamento refletiu-se de alguma forma em alguns países europeus, como Itália e Rússia, e também, de maneira intensa, na Pedagogia católica, além de ainda reverberar sobre determinados teóricos. Os pensamentos acima, então, denotam que a Pedagogia tem múltiplas finalidades, já que lida com a formação humana em diversos aspectos, o que envolve o contato com diferentes indivíduos, em diferentes espaços, que podem ultrapassar os muros das escolas. Tal multiplicidade indica que a Pedagogia amplia sua especificidade epistemológica no 92 campo científico e profissional da Pedagogia constante-mente Conforme cita Kowarzik, (1983) apud Brabo, Cordeiro e Milanez (2012) baseando-se, então, nessa face holística da Pedagogia, tal campo de estudos pode ser entendido como uma ciência da e paraa educação, pois investiga teoricamente o fenômeno educativo, for- mula orientações para a prática a partir da própria ação prática e propõe princípios e nor- mas relacionados aos fins e meios da educação. Logo, mais uma vez, evidencia-se as quão extensas podem ser as conceituações acerca da Pedagogia e de suas finalidades. Holístico: É um adjetivo que classifica alguma coisa que está relacionada ao holismo, ou seja, procura compreender os fenômenos na sua totalidade e globalidade, não apenas em alguns aspectos. GLOSSÁRIO Segundo Franco, Libâneo e Pimenta (2011), o critério pedagógico que permeou as concepções de pedagogos clássicos, tais como Rousseau e Montessori, sempre priorizou a formação do ser humano. Tendo isso em vista, hoje, pontua-se com ainda mais ênfase tal formação, com uma compreensão mais ampla, de que há diferenças consideráveis entre adultos e crianças. Nessa perspectiva, a Pedagogia, atualmente, apega-se, de alguma forma, às concei- tuações da chamada Pedagogia clássica, difundida pelos teóricos acima citados, sempre interligada à ação formativa e educativa dos seres humanos, mas englobando diversos campos aonde esse processo de construção e reconstrução educativa pode ocorrer. Essa amplitude de conceitos acerca da formação dos seres humanos foi configura- da a partir da influência que as práticas educativas exerciam sobre a sociedade, como um todo. E é por meio dessa ótica, que, como expõem Franco, Libâneo e Pimenta (2011), os estudiosos da Pedagogia pretenderam afirmar a cientificidade da Educação, entendendo que os fatos humanos poderiam ser investigados dentro de um paradigma científico esta- belecido, constituindo, assim, a Pedagogia, como uma ciência, de fato, ao modo de outras ciências. Pensando na ampliação das concepções acerca do que é Pedagogia, dispostas no material, agora é sua vez! Defina, com suas palavras: para você, o que é Pedagogia? Quais são as fun- ções dos pedagogos em diferentes espaços de trabalho, formais e não formais? VAMOS PENSAR? Após os questionamentos trazidos acima para reflexão e rememoramento de ques- tões discutidas durante o percurso de estudo do material, agora, serão postas discussões que oportunizem análises acerca dos desafios que estão dispostos para a formação de profissionais da Pedagogia na atualidade. Para isso, serão apontados alguns tópicos refe- rentes aos campos investigativos teórico-práticos que constituem as diferentes faces de atuação do pedagogo. 93 6.3 RELAÇÃO ENTRE TEORIA E A PRÁTICA DENTRO DA PEDAGOGIA Como se sabe, o tema educação vem, há anos, sendo intensamente discutido no Brasil. E é preciso salientar que as transformações ocorridas nos meios educacionais têm relação com tais discussões, sendo reflexos dos constantes debates e diálogos acerca da temática e, também, tendo relação com os diversos momentos experienciados no Brasil, que envolvem questões políticas, sociais e culturais. Conforme dito anteriormente no material, tais transformações abarcam diversos conjuntos de práticas e ideologias, pautadas pelas conjunturas vigentes em determinada época. No mundo atual, o que acontece não é diferente, uma vez que, como abordam Bra- bo, Cordeiro e Milanez (2012) a Pedagogia continua presa no senso-comum. Perante essa realidade, obviamente, não soa como uma inverdade dizer que a Pe- dagogia se dedica à formação escolar, com práticas educativas e diversas metodologias de ensino aos educandos. Porém, é preciso salientar qual é o principal fundamento que constitui a Pedagogia, que é, antes de qualquer concepção, um campo teórico-investiga- tivo que se concentra em estudos, pesquisas e na reflexão sobre os processos educativos e seus resultados. Esses saberes referentes ao campo investigativo remetem ao conhecimento cientí- fico, que parte da investigação e pauta-se na formulação de teorias orientadoras das prá- ticas, construindo, assim, objetivos e metodologias capazes de gerar resultados positivos nos processos ensino-aprendizagem. Tal conhecimento científico começou a se estabelecer na Pedagogia, como pontu- am Franco, Libâneo e Pimenta (2011), a partir do século XIX, tendo ênfase na França e em al- guns países de língua inglesa, que passaram a compreender a Pedagogia como um cam- po efetivamente científico, considerada como uma ciência da educação, de fato. Diante dessa nova conceituação, visualizou-se a necessidade do concurso da Psicologia, da Socio- logia e da História para dar substância ao estudo do fenômeno educativo e superar a ideia de Pedagogia pautada apenas pela docência e a relação entre aluno e educador. Consequentemente, dentro desse espectro científico, a Pedagogia começou a ser entendida não apenas como um objeto isolado, mas, sim, como parte de um conjunto de elementos históricos e sociais, capazes de influenciar diretamente sua composição. “Na França, foi se constituindo também a concepção de Pedagogia como teoria e prática do ensino, muito próxima do que na tradição brasileira herdada da Alemanha co- nhecemos por Didática” (FRANCO; LIBÂNEO; PIMENTA, 2011, p. 58). Com essa nova configuração, foi consolidada uma nova maneira de se enxergar a Pe- dagogia, que, como apontam Brabo, Cordeiro e Milanez (2012), estabeleceu-se como uma base de teoria e prática da educação, calcada em conhecimentos científicos, filosóficos e técnico-profissionais, isto é, uma ciência de cunho mais extenso e significativo. Veja, como teoria e prática se interligam. Disponível: https://bit.ly/36PT3Ma. Acesso em: 20 dez. 2019 BUSQUE POR MAIS 94 Porém, tal concepção como ciência, gerou alguns relativos desentendimentos en- tre estudiosos, uma vez que a Pedagogia apresentou, historicamente, configurações que demarcaram sutis diferenças em sua abrangência, mas profundas alterações em sua epis- temologia. Uma das razões dessas alterações (em sua epistemologia) é o fato de ter sido teorizada por diferentes óticas científicas (FRANCO; LIBÂNEO; PIMENTA, 2011). Essa oscilação referente à concepção do que é a Pedagogia, como ciência da educa- ção, influenciou diretamente a dimensão epistemológica dada a tal campo. Sendo o Brasil diretamente influenciado pelas concepções de educação advindas de tradições europeias e/ou norte-americanas, as instituições de formação de pedagogos/ educadores, em geral, hoje, englobam em suas grades curriculares o fenômeno educativo em suas diversas óticas, ora Pedagogia geral (Ciência Pedagógica), ora como Ciência da Educação ou Ciências da Educação e até a identificação da Pedagogia com o ensino. Tal constituição curricular demonstra que, hoje, a Pedagogia, apesar de ainda apre- sentar as chamadas “falhas etimológicas” anteriormente citadas, configura-se como uma ciência ampla, que, como aborda Libâneo (2008), incorpora elementos básicos, centrais, do conceito de educação. Nessa nova configuração, as práticas educativas necessitam de uma fundamenta- ção teórica para serem executadas. Então, nessa relação entre teoria e prática, cabe ao pedagogo definir as melhores formas de trabalhar, superar as dificuldades e visualizar, com maior amplitude, as novas possibilidades de uma atuação que seja capaz de produzir resultados efetivos. Tendo em vista essa concepção, Brabo, Cordeiro e Milanez (2012, p. 15) afirmam: Sendo teoria e prática da educação, a pedagogia, mediante conheci- mentos científicos, filosóficos e técnico-profissionais, investiga a reali- dade educacional sempre em transformação, para explicitar objetivos e processos de intervenção metodológica e organizativa referentes à transmissão-assimilação de saberes e modos de ação. Ela busca o en- tendimento, global e intencionalmente dirigido, dos problemas edu- cativos e, para isso, recorre aos aportes teóricos providos pelas demais ciências da educação. Então, sendo a Pedagogia definida como a articulação estreita entre teoria e prática, conduzida pela investigação, tal campo tem como propósito fundamental ocupar-se da resolução e/ou atenuação de problemas educativos,a partir dos estudos acerca de deter- minada temática ou objeto de trabalho. Como já apresentado, tais problemas educativos não se restringem apenas ao am- biente escolar, podendo ser algo corriqueiro em outros ambientes, como empresas, por exemplo, que necessitam constantemente de estratégias e metodologias que alavanquem seus níveis de produtividade. Em virtude dessa natureza investigativa, a Pedagogia constitui-se como uma ciência da educação voltada à prática educativa, sempre se pautando pela busca por diagnósticos e práxis que atendam às necessidades ligadas ao ensino e aprendizagem de determinado corpo social. Sendo assim, reafirma-se a compreensão de que a Pedagogia não se constitui ape- nas do trabalho docente, executado apenas em ambiente escolar, mas, constitui-se, em sua origem, como um campo de estudos que possui sua própria identidade e conjunto de questões e componentes próprios, que produzem, assim, uma dimensão epistemológica muito ampla. 95 6.4 A FACE POLÍTICA DA PEDAGOGIA As práticas pedagógicas, como já demonstrado nesse material em diferentes mo- mentos, são marcadas por diferentes contextos, sociabilidades e grupos sociais. Isto é, a efetividade de uma prática está intimamente atrelada ao contexto sociocultural vigente em determinado local ou conjuntura. Essa contextualização sociocultural das práticas pedagógicas, como colocam Bra- bo, Cordeiro e Milanez (2012), levantam uma discussão essencial acerca da concepção da Pedagogia como campo científico/investigativo, uma vez que a educação se constrói por intermédio de relações sociais, permeadas por grupos sociais distintos, que apresentam suas singularidades. Essas diferenças aparentes entre grupos sociais heterogêneos, muitas vezes, impli- cam em interesses e vivências completamente diferentes. Ou seja, cada grupo possui suas singularidades e aspirações próprias, que estão atreladas à sua identidade. Porém, as singularidades, por mais que sejam acentuadas, em conjunto, formam grupos sociais, cidades, estados, países e continentes. Isso indica que, por mais que hajam especificidades, todas as ações e medidas dispostas a um povo funcionam em prol de um coletivo, isto é, de um interesse geral de determinada sociedade. Diante dessas especificidades, a Pedagogia, como ciência da educação, deve se apre- sentar, sempre, como uma pedagogia crítica, ciente de suas atribuições, que se centram na transformação positiva dos grupos sociais e na harmonização das relações entre esses grupos. Nessa perspectiva, a Pedagogia tem como premissa lidar com o fenômeno educa- tivo enquanto expressão de interesses sociais em conflito numa determinada sociedade. Este fato leva a afirmar que toda pedagogia expressa finalidades socio-políticas, ou seja, uma direção explícita da ação educativa relacionada com um projeto de gestão social e política da sociedade (BRABO; CORDEIRO; MILANEZ, 2012). Essa conjuntura sociocultural é a responsável por delimitar os princípios e as finali- dades das práticas pedagógicas que podem ser aplicadas. E, é a partir dessa realidade so- ciocultural, que se revela a Pedagogia como uma ciência mediadora, capaz de prescrever e aplicar as melhores metodologias, estratégias e recursos a serem utilizados nas ações educativas direcionadas aos grupos sociais. Tendo tal afirmação como base, torna-se necessário, continuamente, pontuar a mul- tiplicidade de enfoques investigativos que advém dos fenômenos educativos. Como demonstram Brabo, Cordeiro e Milanez (2012), há uma pluridimensionalidade do fenômeno educativo que deve ser levada em conta em quaisquer circunstâncias, que é responsável por sustentar as especificidades que constituem o campo pedagógico. Diante dessa concepção epistemológica ampla que envolve o campo educativo e as ciências da educação, em geral, a Pedagogia tem quebrado e, possivelmente, quebrará mitos acerca da posição que ocupa entre os múltiplos campos de estudo existentes, a par- tir das variadas e, sempre presentes, exigências do mundo moderno. 96 FIXANDO O CONTEÚDO 1. A Pedagogia, hoje, não é tida apenas como uma área que prepara professores, engloban- do atividades investigativas que vão muito além da sala de aula. Tendo em vista essa afirmativa, é correto afirmar que: a) A Pedagogia visa mapear e estabelecer resultados satisfatórios a partir de análises mi- nuciosas acerca do processo ensino-aprendizagem ocorridas exclusivamente em âmbito escolar. b) A Pedagogia é um campo intimamente atrelado à prática, o que secundariza o papel da teoria nos processos ensino-aprendizagem. c) O campo educativo permite ao pedagogo realizar pesquisas e desenvolver atividades investigativas apenas em Âmbitos formais de ensino. d) Tendo uma restrição em campos de atuação, o pedagogo deve dominar e produzir ape- nas conhecimentos científicos específicos dentro de determinado campo investigativo. e) A Pedagogia, hoje, apresenta-se como uma teoria, campo investigativo ou atividade prá- tica que é constituída por diversos significados, que nem sempre são claramente compre- endidos. 2. O campo pedagógico lida com os diversos aspectos que constituem a vida de um indiví- duo, visando determinar os elementos que têm a capacidade de influenciar positivamente ou negativamente o desenvolvimento das faculdades desse sujeito. Porque A vida social e subjetiva do indivíduo, ao interagir com os diversos meios sociais existentes, pode construir e/ou absorver elementos que têm a capacidade de prejudicar ou potencia- lizar o seu progresso. Sobre as afirmações acima, assinale corretamente: a) As duas afirmações estão corretas e a segunda não é uma justificativa da primeira. b) As duas afirmações estão corretas e a segunda é uma justificativa da primeira. c) A primeira afirmação está correta e a segunda está incorreta. d) A primeira afirmação está incorreta e a segunda está correta. e) Ambas as afirmações estão incorretas. 3. A Pedagogia apresenta diversas funcionalidades, já que se ocupa com a tarefa de formar os indivíduos a partir dos vários aspectos que o constituem. Tal tarefa envolve o contato com as peculiaridades e características que fomentam a vida dos sujeitos em diferentes espaços, que podem ultrapassar os muros das escolas. Nessa perspectiva apresentada, a Pedagogia pode ser entendida como: a) Uma ciência que trata dos fenômenos educativos que concernem exclusivamente aos espaços formais de ensino. b) Uma ciência da educação que visa formar profissionais que dominam metodologias e recursos que devem ser utilizados nos espaços escolares. 97 c) Uma ciência da educação, que investiga teoricamente os fenômenos educativos, com o intuito de formular orientações para as práticas educativas. d) Um campo da ciência que tem como principal finalidade formar pedagogos que com- preendem a educação como uma prática isolada. e) Um campo da ciência que visa compreender o comportamento e a aprendizagem dos alunos apenas em ambientes escolares. 4. Analise as asserções abaixo. I. O campo investigativo da Pedagogia baseia-se na análise de componentes específicos que englobam apenas os espaços escolares. II. A Pedagogia, como campo investigativo teórico-prático, concentra-se em estudos, pes- quisas e na reflexão sobre os processos educativos e seus resultados. III. Como campo investigativo teórico-prático, a Pedagogia se concentra estritamente em pesquisas empíricas para estabelecer teorias orientadoras das práticas educativas. Tendo em vista as afirmativas acima, assinale a alternativa correta. a) Os itens I e II estão corretos. b) Os itens II e III estão corretos. c) O item II está correto. d) O item III está correto. e) Todos os itens estão incorretos. 5. Teoria e prática caminham estreitamente juntas. Sendo assim, as práticas educativas precisam de uma fundamentação teórica que embasem suas ações. Nessa perspectiva, o pedagogo precisa, durante a execução de suas atividades profissionais, investigar a reali- dade educacional que lhe é posta, com a ideia de formularobjetivos e processos de inter- venção metodológica que gerem consequências positivas ao seu trabalho. Com base nas afirmações acima, é papel do pedagogo: a) Trabalhar como pesquisador, identificando os problemas existentes nos processos de ensino e construindo práxis educativas pautadas por conhecimentos isolados. b) Desenvolver projetos de pesquisa com o objetivo de transmitir e aplicar suas práticas sem estimar pelo embasamento teórico. c) Investigar os problemas educativos a partir de observações empíricas, priorizando as bases teóricas em detrimento das práticas. d) Buscar o entendimento global dos problemas educativos, recorrendo aos aportes teóri- cos disponíveis. e) Resolver e/ou atenuar problemas educativos, a partir dos estudos acerca de determina- da temática ou objeto de trabalho 6. A educação se constrói por meio de relações que envolvem grupos sociais distintos, com suas peculiaridades e interesses. Tal conjuntura demonstra que as práticas educativas pre- cisam atender às especificidades que determinados corpos sociais apresentam. Porque O pedagogo deve executar seu trabalho sempre voltado a uma visão holística, buscando 98 compreender os fenômenos educativos em sua totalidade. Sobre as asserções acima dispostas, assinale a correta. a) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 7. Conforme apontam Franco, Libâneo e Pimenta (2011), a Pedagogia se constitui como a interrelação direta entre teoria e prática, como um campo de estudos diversificado acerca dos fenômenos educativos, portadora de especificidade epistemológica. Nessa perspectiva, a especificidade epistemológica da Pedagogia se baseia em: a) Atividades de ensino-aprendizagem relacionadas a um saber, em situações pedagógi- cas que não levam em conta elementos externos. b) Práticas de ensino e de competências e resultados mensuráveis baseados nos alunos e no seu processo de aprender, indiferentes às suas singularidades. c) Currículos bem delineados, baseados em experiências construídas por meio de temas geradores e projetos de ensino, pautados pela pesquisa e investigação. d) Conhecimentos do conteúdo e conhecimentos disciplinares em situações pedagógicas específicas. e) Atividades que sustentam as relações entre a escola e o aluno, desassociadas dos aspec- tos externos à escola. 8. A educação, segundo Brabo, Cordeiro e Milanez (2012), constrói-se a partir de relações sociais, que envolvem grupos sociais distintos, que apresentam suas singularidades. Analise as asserções relativas à afirmativa acima. I. A educação é uma prática social, dissociada da formação e desenvolvimento de seres humanos, em contextos socioculturais e institucionais concretos. II. As conjunturas socioculturais são essenciais na definição dos princípios e finalidades que norteiam práticas pedagógicas. III. A Pedagogia expressa finalidades sociopolíticas, mas não se interliga aos interesses e necessidade de determinado grupo social, constituindo-se de elementos exclusivos. Assinale a opção correta acerca das asserções acima: a) As asserções I e II estão corretas. b) As asserções I e III estão corretas. c) A asserção I está correta. d) A asserção II está correta. e) Todas as asserções estão incorretas. 99 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO UNIDADE 1 UNIDADE 3 UNIDADE 5 UNIDADE 2 UNIDADE 4 UNIDADE 6 QUESTÃO 1 B QUESTÃO 2 A QUESTÃO 3 C QUESTÃO 4 A QUESTÃO 5 B QUESTÃO 6 A QUESTÃO 7 D QUESTÃO 8 E QUESTÃO 1 D QUESTÃO 2 B QUESTÃO 3 B QUESTÃO 4 D QUESTÃO 5 A QUESTÃO 6 C QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 A QUESTÃO 1 D QUESTÃO 2 E QUESTÃO 3 A QUESTÃO 4 B QUESTÃO 5 A QUESTÃO 6 C QUESTÃO 7 A QUESTÃO 8 C QUESTÃO 1 B QUESTÃO 2 E QUESTÃO 3 B QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 C QUESTÃO 6 B QUESTÃO 7 A QUESTÃO 8 B QUESTÃO 1 C QUESTÃO 2 B QUESTÃO 3 D QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 A QUESTÃO 6 D QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 C QUESTÃO 1 E QUESTÃO 2 B QUESTÃO 3 C QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 E QUESTÃO 6 B QUESTÃO 7 C QUESTÃO 8 D 100 AGUIAR, A. et al. Sistema Prisional Brasileiro 20 dez. 2019. 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