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Nutrição e atenção à saúde - Unidade 1 á 4

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Prévia do material em texto

Nutrição e atenção à saúde 
Unidade I - UNIDADE I 
1. APRESENTAÇÃO 
2. INTRODUÇÃO 
3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL: A 
CONSTRUÇÃO DO SUS 
4. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS): DEFINIÇÃO, PRINCÍPIOS E DIRETRIZES 
5. LEIS ORGÂNICAS DE SAÚDE 
6. OBJETIVOS E CAMPOS DE ATUAÇÃO DO SUS 
7. DECRETO 7.508/2011 
8. CARTA DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS SUS 
9. O SUS HOJE 
 
Apresentação 
 
Olá, aluno(a)! 
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Nutrição e Atenção à Saúde! Este material foi desenvolvido 
para você como uma ferramenta de apoio na construção do seu conhecimento. Ele foi criado 
com o intuito de formar profissionais com visão generalista, humanista e com senso de 
responsabilidade social. Espera-se que você, aluno(a), possa desenvolver habilidades para 
a análise crítica, reflexiva e investigativa do processo saúde-doença em sua dimensão 
coletiva, desenvolver competências, atitudes e valores éticos do atendimento do indivíduo, 
da família e da comunidade. 
 
Abordaremos aqui o contexto histórico da Reforma Sanitária brasileira, a instituição, 
princípios, organização e regulamentação do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como 
discutiremos a Carta aos usuários do SUS e os desafios enfrentados pelo SUS hoje. Tudo 
isso com o cuidado de agregar informações que associam o conhecimento teórico com a 
futura prática profissional. Dominar estes conceitos lhe permitirá uma visão mais crítica e 
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ampla da atuação profissional frente à elaboração de estratégias para os problemas 
enfrentados no cotidiano da prática do nutricionista no Sistema Único de Saúde. 
Esperamos que a partir das discussões, textos e materiais de apoio que compõem esse 
material você seja incentivado(a) a fazer uma reflexão crítica sobre o cenário atual do nosso 
sistema de saúde e prevenção de doenças. Este material foi desenvolvido com muita 
dedicação para você. Aproveite! Bons estudos! 
 
 
Debora Santos Alves de Oliveira 
A professora Debora Santos Alves de Oliveira é graduada em Nutrição pela UFPE 
(2013), mestra em Nutrição, Atividade Física e Plasticidade Fenotípica pela UFPE/CAV 
(2015) e doutora em Nutrição pela UFPE (2021). Tem experiência profissional como 
nutricionista hospitalar, ambulatorial e geriatra. É docente de cursos de nível superior EAD 
do Grupo Ser Educacional, além de ter experiência como conteudista e avaliadora de 
conteúdos didáticos. 
Para conhecer mais sobre os trabalhos desenvolvidos pela professora Debora Santos 
Alves de Oliveira, acesse o Currículo Lattes: 
http://lattes.cnpq.br/7015978383768958 
 
Deise Pereira de Lima Oliveira 
A professora Deise Pereira de Lima Oliveira é graduada em Nutrição pela Universidade 
Federal de Pernambuco/UFPE (2010), especialista em Nutrição e Saúde da Família pelo 
Programa de Residência Multiprofissional Integrada em Saúde da Família (RMISF) da 
Universidade de Pernambuco/UPE (2012). É Mestre em Nutrição e Saúde Pública pelo 
Programa de Pós-graduação em Nutrição da UFPE (2016). Atua como docente do curso de 
graduação em Nutrição da UNINASSAU desde 2021. Trabalhou por 7 anos como 
coordenadora dos programas de Alimentação e Nutrição do Município de Moreno-PE. Atua 
também como nutricionista clínica no Hospital Estadual Agamenon Magalhães, em PE, 
desde 2016. 
Para conhecer mais sobre os trabalhos desenvolvidos pela professora Deise Pereira 
de Lima Oliveira, acesse o Currículo Lattes: 
http://lattes.cnpq.br/7150617842937451 
Presidente do Conselho de Administração: Janguiê Diniz 
Diretor-presidente: Jânyo Diniz 
Diretoria Executiva de Ensino: Adriano Azevedo 
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos: Joaldo Diniz 
Diretoria de Ensino a Distância: Enzo Moreira 
DADOS DO FORNECEDOR 
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. 
© Ser Educacional 2021 
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160 
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. 
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código 
Penal. 
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock, © Freepik e © Unsplash 
 
Introdução 
 
Neste material, iremos aprender conceitos básicos e fundamentais sobre o Sistema Único 
de Saúde (SUS), seu funcionamento, princípios e diretrizes, e a legislação que o 
regulamenta. Esses conceitos nos fornecerão a base para compreendermos os princípios e 
a estrutura do SUS e das Políticas de Alimentação e Nutrição, indispensáveis para o 
nutricionista que almeja trabalhar na Atenção Nutricional às populações. 
Objetivos da Unidade 
• Compreender o contexto histórico da Reforma Sanitária do Brasil e do surgimento do 
Sistema Único de Saúde (SUS).; 
 
• Estudar o SUS, seus princípios, diretrizes, estrutura e funcionamento determinados por suas 
leis orgânicas (Leis nº 8.080/90 e 8.142/90) e regulamentações.; 
 
• Discutir o decreto nº 7508/11, os campos de atuação e as bases do funcionamento do SUS.; 
 
• Apresentar a Carta dos Direitos dos Usuários do SUS. 
 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDENO BRASIL: A CONSTRUÇÃO DO SUS 
 
O histórico da construção do SUS no Brasil é relativamente recente, mas seu esboço 
começa a ser desenhado nas primeiras décadas do século XX. Nem sempre tivemos um 
sistema de saúde como o SUS de hoje, com acesso universal e igualitário a qualquer cidadão 
brasileiro, mas resgatar essa história marcada por lutas de diversos movimentos sociais nos 
leva a compreender a atual situação de Saúde Pública no nosso país. 
Até meados do século XIX, as atividades de saúde pública no Brasil, ainda colônia de 
Portugal, estavam limitadas à delegação das atribuições sanitárias às juntas de saúde 
municipais, controle de navios e saúde dos portos.
Com isso, fica evidente que o interesse 
primordial estava limitado ao estabelecimento de um controle sanitário mínimo da capital do 
império, que permitisse a continuidade das atividades econômicas e comerciais entre a 
colônia e Portugal, tendência que se alongou por quase um século. 
Para fins didáticos, a evolução histórica das políticas de Saúde Pública no Brasil é 
subdividida em 5 grandes períodos, com características próprias do contexto sociopolítico 
da época (ACURCIO; CONOF/CD, 2011; POLIGNANO, 2022): 
• República Velha (1889 – 1930); 
• Era Vargas (1930 – 1964); 
• Período do Autoritarismo (1964 – 1985); 
• Nova República (1985 – 1988); 
• Período pós-Constituinte (a partir de 1988). 
 
Abaixo, destacamos algumas características que marcaram cada um desses períodos. 
Vamos à leitura? 
 
República Velha 
Nesse período, a assistência à saúde pública era de baixa qualidade, resolutividade 
e se resumiam a campanhas de prevenção e combate a algumas doenças transmissíveis e 
endemias rurais. Os serviços de saúde eram ofertados à população pelas Santas Casas de 
Misericórdia, basicamente para a população marginalizada, pobre. Sendo assim, com a 
criação das Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAPS), em 1923, a assistência médica 
passou a ter um caráter previdenciário e, portanto, restrita aos trabalhadores formais das 
empresas. 
Era Vargas (1930-1964) 
Nesse período, a saúde pública passou a ser de responsabilidade do Ministério da 
Saúde e Educação (MESP) e, posteriormente, apenas do Ministério da Saúde (MS), porém 
continuava caracterizada por serviços limitados, de baixa qualidade. A partir de 1933, as 
CAPs foram substituídas pelos IAPs, os chamados Institutos de Aposentadoria e Pensões, 
nos quais a assistência médica continuava sendo prestada aos trabalhadores de 
determinadas categorias profissionais que exerciam atividade remunerada. 
Período do Autoritarismo (1964-1985) 
A Saúde pública continuava a cargo do Ministério da Saúde, e se caracterizava por 
serviços limitados e de baixa qualidade. 
Os IAPs foram unificados, dando origem ao Instituto Nacional da Previdência Social 
(INPS), em 1966, que foi posteriormente desmembrado com a criação do INAMPS (Instituto 
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), em 1977. Desse modo, o INAMPS 
era o responsável pela execução das ações de assistência médica do INPS. 
As políticas de saúde privilegiavam o setor privado, e a assistência médica 
previdenciária (INPS e INAMPS) continuava restrita aos trabalhadores que exerciam 
atividade remunerada e respectivos dependentes, tendo sido estendida, somente, no final 
do período da Ditadura Militar aos trabalhadores rurais. 
A década de 70 marcou o início do movimento da Reforma Sanitária, já a década de 
80 ficou marcada pela criação do plano CONASP (Conselho Consultivo de Administração 
da Saúde Previdenciária), em 1981, e das Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983, as 
quais seriam um dos primeiros esboços do SUS (Sistema único de Saúde). 
Nova República (1985-1988) 
O movimento da Reforma Sanitária ganha força total nessa época, tendo como 
grande marco a realização, em 1986, da 8ª Conferência Nacional de Saúde (Figura 1), a 
qual contou com mais de 5.000 participantes e ficando conhecida na época como a maior 
reunião da história dos movimentos sociais. 
Vale ressaltar que a Reforma Sanitária teve sua origem relacionada à formação de 
um grupo que era composto por: profissionais da saúde, sindicalistas, estudantes, filósofos 
e representantes de organizações populares. Este grupo compartilhava do mesmo ideal: o 
direito universal à saúde. 
A 8ª Conferência Nacional de Saúde teve desdobramentos imediatos em um conjunto 
de trabalhos técnicos desenvolvidos pela Comissão Nacional de Reforma Sanitária, que 
serviriam de base para aà elaboração da Seção dea Saúde da Constituição Federal de 1988 
(CONASS, 2015). 
Nesse período, deu-se início ao processo de descentralização das ações de saúde 
para estados e municípios e foi criado o Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDS, 
em 1987), posteriormente denominado SUS (1988). 
 
Figura 1 - VIII Conferência Nacional de Saúde. 
 
Fonte: Conselho Nacional de Saúde, 2019. Disponível 
em: https://www.conass.org.br/consensus/conferencia-nacional-de-saude-e-preciso-mudar/ 
 
Para saber mais a respeito da VIII Conferência Nacional de Saúde, um 
importante pilar na construção do SUS, assista ao vídeo a seguir, que conta com 
depoimentos de pessoas importantes que fizeram parte desta história. 
https://youtu.be/zZAHdF0fNps 
 
Período pós-Constituinte (a partir de 1988) 
Nesse período, após a promulgação da nova Constituição Federal, que trazia em seu 
artigo 196 o arcabouço do SUS, foram apresentados os princípios e diretrizes que fariam 
parte desse sistema, de modo a cumprir a universalização da Saúde. O processo constituinte 
conformou-se em um espaço democrático de negociação constante, desenvolvido ao longo 
https://www.conass.org.br/consensus/conferencia-nacional-de-saude-e-preciso-mudar/
das suas diversas etapas, em que um núcleo de congressistas progressistas desempenhou 
papel relevante, apoiado por intelectuais do movimento da Reforma Sanitária. 
O texto final que foi negociado incorporou as grandes demandas do movimento 
sanitário: 
• a saúde entendida amplamente como resultado de políticas econômicas e 
sociais; 
• a saúde como direito de todos e dever do Estado; 
• a relevância pública das ações e serviços de saúde; 
• a criação de um sistema único de saúde, organizado pelos princípios da 
descentralização, do atendimento integral e da participação da comunidade. 
O antigo INAMPS foi extinto e o Estado passou ao enfrentamento de muitos 
problemas para a 
Implantação do SUS, especialmente devido a resistência de grupos 
corporativistas e empresariais que eram contrários ao SUS, por questões econômicas e 
financeiras que punham em risco a estabilidade dos negócios à época. 
Os entraves na consolidação do SUS, em decorrência da gestão ineficaz e 
fragmentada, da corrupção, do subfinanciamento e da hegemonia do modelo centrado na 
doença e no hospital (biomédico) são características marcantes deste período. 
 
O vídeo a seguir conta um pouco mais sobre a história da construção do SUS 
no Brasil. Vamos assistir e expandir os nossos conhecimentos? 
https://youtu.be/L7NzqtspLpc 
 
 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS): DEFINIÇÃO, 
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES 
O primeiro passo para começar a desvendar o SUS é compreender que um sistema 
é o agrupamento de diversos componentes relacionados, os quais agem mutuamente para 
executar determinada tarefa. No SUS, o sistema tem como objetivo propiciar cuidados à 
saúde da sociedade por meio de ações curativas, preventivas, reabilitadoras, educativas e 
https://youtu.be/L7NzqtspLpc
promotoras. A próxima etapa é assimilar porque o sistema é “único”: o SUS é assim chamado 
devido ao fato de seguir as mesmas diretrizes e princípios por todo o país. 
O SUS pode ser definido como um novo preceito organizacional e político voltado 
para a reorganização da saúde pública. Ademais, ele não é considerado um sucessor do 
INAMPS, mas sim um novo programa, completamente diferente, que marca na história a 
conquista do direito universal à saúde,já mencionado na Declaração dos Direitos Humanos. 
Os principais fundamentos do SUS foram decididos durante a VIII Conferência Nacional de 
Saúde e seu estabelecimento se deu por meio da Constituição Federal da República de 
1988. 
A implementação do SUS é considerada a maior ação de inclusão social da 
história brasileira, sendo um símbolo da política positiva de engajamento do governo para 
com os direitos da população. Com o SUS, a saúde passou a ser um direito de todos e uma 
obrigação do Estado, algo até então inédito, visto que os programas anteriores possuíam 
um caráter centralizador, restrito e excludente. Basicamente, as únicas medidas de caráter 
universal antecessoras ao SUS, não condicionadas a outros fatores, foram as campanhas 
de vacinação promovidas pelo Ministério da Saúde. 
Importante 
No entanto, deve-se esclarecer que a ideologia do SUS é muito mais do que apenas 
oferecer atendimento médico e hospitalar para que a população o acesse quando 
necessário: seu propósito é também atuar antes disso, diminuindo os casos de infecções, 
doenças crônicas e sequelas ocasionadas. Assim, o SUS não é apenas um serviço ou uma 
mera instituição pública, mas um amplo sistema que engloba um conjunto de unidades e 
ações que se relacionam na busca de um mesmo intuito. 
 
Todos os usuários do SUS possuem o Cartão Nacional de Saúde (CNS), também 
chamado de cartão SUS. Esse cartão funciona como um documento de identificação e 
possui uma sequência de números únicos. Um dos principais objetivos do CNS é registrar o 
histórico do paciente na rede pública, como, por exemplo, a ocorrência de internações e as 
últimas medicações prescritas. O cartão não tem custo e pode ser solicitado até mesmo pela 
internet (AZEVEDO, 2020). 
Internacionalmente, o SUS é considerado um dos maiores e mais complexos sistemas 
de saúde do mundo, no que tange à sua cobertura e população atendida. Entre os programas 
do SUS que são considerados modelos a serem seguidos, destacam-se as campanhas de 
vacinação, o programa de tratamento do HIV, o Sistema Nacional de Transplantes, o 
fornecimento de remédios para o manejo de doenças crônicas não transmissíveis, os 
hemocentros e o programa Saúde da Família (AZEVEDO, 2020). 
Definição 
De acordo com a Lei nº 8.080/90 o SUS é “o conjunto de ações e serviços de saúde 
prestados por órgãos e instituições públicas Federais, Estaduais e Municipais, da 
Administração direta ou indireta e das Fundações, mantidas pelo poder público” (BRASIL, 
1990a), podendo ainda ter a contribuição da iniciativa privada desde que de caráter 
complementar. 
Todos os programas sociais precisam de normas para que se assegure o seu bom 
desempenho, e com o SUS não poderia ser diferente. O SUS possui princípios e diretrizes 
que o acompanham desde a sua criação, e sua essência é tudo o que o programa garante 
à sociedade, norteando o seu funcionamento e gestão. 
 Os princípios do SUS podem ser organizados em doutrinários e organizativos. Agora, 
observe com atenção as informações sobre cada princípio. 
Princípios Doutrinários do SUS: 
• Universalidade: estabelece o acesso à saúde por meio do SUS a todos os 
cidadãos, sem restrições ou condicionantes. 
• Equidade: leva em consideração as diferenças individuais e regionais, 
oferecendo mais para aqueles que mais precisam. Equidade não deve ser confundida com 
igualdade, uma vez que esta busca propiciar condições para que todos tenham as mesmas 
oportunidades, podendo, em virtude disto, canalizar mais atenção a determinado grupo de 
pessoas. 
• Integralidade: considera o paciente como um todo indivisível e todas as suas 
necessidades devem ser atendidas por ações de saúde. 
Princípios Organizativos do SUS: 
• Regionalização/Hierarquização: organiza em níveis os serviços que têm 
como objetivo atender as diferentes necessidades de saúde da população. Os serviços 
devem funcionar em níveis de complexidade crescente e o acesso inicial ao sistema deve 
ser através do nível primário de atenção, somente os casos mais complexos deverão ser 
encaminhados para níveis secundários e terciários. 
• Descentralização: trata da distribuição das responsabilidades e poder sobre a 
saúde nas três esferas do governo, visando assim um trabalho mais efetivo e com maior 
controle e fiscalização por parte da população. Esse princípio parte da ideologia de que 
quanto mais próxima do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. Com esse 
postulado, os municípios passaram a ser considerados gestores e administradores da oferta 
dos serviços de saúde do SUS, ou seja, responsáveis por determinar as políticas de saúde 
locais de acordo com sua realidade.; 
• Participação popular/social: refere-se à democratização das decisões a 
respeito da saúde pública, principalmente através da participação da sociedade no SUS. É 
a garantia de que o povo estará envolvido na formulação das políticas de saúde. Essa 
participação acontece a partir dos conselhos de saúde, que são grupos deliberativos 
constituídos por representantes de toda a população, com uma estrutura estabelecida por 
um número igual de pessoas que representam tanto os usuários quanto o Estado e seus 
respectivos funcionários da saúde e parceiros do setor privado; e das conferências de saúde, 
que são encontros entre diversos representantes sociais, que se reúnem para avaliar o 
cenário da saúde e indicar suas diretrizes políticas. As conferências nacionais acontecem 
no intervalo de tempo de quatro anos, e têm como característica sua descentralização e seu 
fomento nas conferências estaduais e municipais. (FIGUEIREDO, 2012; NICOLICH; 
ROCHA, 2017): 
Os princípios do SUS garantem a maioria dos direitos à saúde contemplados pela 
Constituição de 1988. No entanto, esses princípios só começaram a ser realmente colocados 
em prática após a aprovação das Leis Orgânicas de Saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
Infográfico 1 – Princípios do SUS 
 
Fonte: A autora (2022) 
 
Nesse vídeo, você irá aprender um pouco mais sobre os princípios e diretrizes 
do SUS e seu funcionamento. Não deixe de conferir! 
https://youtu.be/YJaEz2qBveY 
 
 
É importante observar que a Constituição Federal estabeleceu o SUS em 1988, 
mas sua regulamentação se deu pelas Leis Orgânicas da Saúde nº 8.080/90 e nº 
8.142/90. A legislação que rege o SUS, de modo geral, compreende os artigos 196 a 200 da 
Constituição, as Normas Operacionais Básicas (NOB), as Leis Orgânicas da Saúde nº 
8.080/1990 e nº 8.142/90 e o Decreto regulamentador nº 7.508/2011. Os profissionais de 
saúde devem ter conhecimento dessas normativas para atuar de maneira a conseguir 
promover uma melhor qualidade de atendimento à população de acordo com os preceitos 
do SUS e as políticas públicas de saúde. 
 
LEIS ORGÂNICAS DE SAÚDE 
As leis nº 8.080/90 e nº 8.142/90 são leis do tipo orgânica, ou seja, foram instituídas 
para reger a saúde e regulamentar o nosso SUS. Ambas são válidas em todo território 
nacional, sendo conhecidas e denominadas como as “leis orgânicas da saúde”, as quais 
discorrem principalmente acerca da estrutura e execução de atividades no sistema público 
de saúde, da presença da sociedade civil na gestão do SUS e do repasse 
intergovernamental de verbas na saúde (ROCHA, 2013; MOREIRA, 2018). 
As leis orgânicas da saúde têm como propósito o esclarecimento da conjuntura 
adequada à realização da proteção, recuperação e promoção da saúde no país. Elas 
normatizam o modo de execução dos serviços de saúde, que podem ser realizados em 
caráter eventual ou definitivo, de modo individual ou coletivo, por pessoas jurídicas ou 
físicas, e no âmbito público ou privado. 
Um aspecto elementar e prevalecente dessas leis é a instauração da saúde como um 
direito da população e como um dever do Estado, o qual tem a obrigação de assegurar a 
assistência por meio do desenvolvimento de políticas públicas de saúde e programas 
sociais. Por designarem a saúde como um direito fundamentalà vida, a aprovação das leis 
8.080/90 e 8.142/90 foram, e são, compreendidas como uma importante vitória da sociedade 
brasileira. 
As leis orgânicas da saúde enfatizam que o governo é responsável por garantir o 
acesso universal, integral e equitativo em todos os níveis de atenção à saúde. Ressalta-se, 
no entanto, que as leis orgânicas da saúde não se abstêm da responsabilidade individual de 
cada cidadão, família e empregador de proteger e promover a saúde dos seus dependentes. 
A lei nº 8.080/90 contempla a definição de saúde, a qual é relacionada a 
determinantes e condicionantes socioeconômicos, tais como: condições de moradia, 
alimentação, saneamento básico, trabalho, lazer e educação. Além disso, essa lei ainda 
aborda a vigilância em saúde, os princípios e diretrizes do SUS, apresenta políticas para 
populações especificas, discorre sobre as responsabilidades das três esferas de governo, 
trata sobre a estrutura de governança do SUS, apresenta a política de recursos humanos e 
dispõe sobre a participação complementar da iniciativa privada no SUS (BRASIL, 1990). 
Thiago Campos (2020), advogado sanitarista e diretor regional do Instituto de Direito 
Sanitário Aplicado (Idisa), em entrevista à FioCruz, pontua que: 
a lei nº 8.080/90 tem o efeito, para além do simbólico, de detalhar diversas das diretrizes que 
a Constituição de 1988 assegurou. Tivemos o avanço, a partir do movimento da Reforma Sanitária, 
com a inclusão no texto constitucional da saúde como um direito. Para a geração que nasce após 
1988 isso parece dado, mas precisa ser sempre reforçado como algo que foi uma batalha, uma luta 
do povo brasileiro encabeçada pelos atores da Reforma Sanitária. 
Fonte:https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/acoes-realizadas-atraves-desse-
sus-que-nasce-da-lei-8080-sao-a-ultima-fronteira 
Já a lei nº 8.142/90 aborda, principalmente, como se dará a participação da 
comunidade na gestão do SUS, além de dispor sobre as transferências intergovernamentais 
de recursos financeiros na área da saúde. Essa lei regulamenta as instâncias de participação 
da comunidade no SUS, formalizando e institucionalizando-as como dispositivos 
permanentes de formulação e acompanhamento das políticas no interior do sistema. 
O SUS possui instâncias colegiadas de participação popular em cada esfera de 
governo. São elas: 
• os Conselhos de saúde; 
• as Conferências de saúde. 
Os Conselhos de Saúde estão presentes nos três níveis de governo, representados 
pelo Conselho Nacional de Saúde, Conselho Estadual de Saúde e Conselho Municipal de 
https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/acoes-realizadas-atraves-desse-sus-que-nasce-da-lei-8080-sao-a-ultima-fronteira
https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/acoes-realizadas-atraves-desse-sus-que-nasce-da-lei-8080-sao-a-ultima-fronteira
Saúde. Essas instâncias representativas são organizadas de forma paritária, ou seja, 
composta por metade de representantes de usuários e o restante de representantes da 
gestão, trabalhadores da saúde e prestadores privados. 
Os conselhos de saúde devem se reunir em caráter permanente e deliberativo (com 
poder de decisão) com o objetivo de influir na formulação de políticas em suas áreas de 
atuação, bem como de exercer o controle social sobre a execução, acompanhamento e 
avaliação das ações e políticas de saúde, inclusive em suas dimensões financeiras e 
administrativas. Suas decisões devem ser homologadas pelo gestor do SUS em cada esfera 
de governo. 
Já as Conferências de saúde devem se reunir em cada nível de governo a cada 
quatro anos, com a representação dos diversos segmentos sociais, podendo ser convocadas 
pelo poder Executivo ou extraordinariamente pela própria conferência ou pelos conselhos. 
Constituem-se, portanto, as conferências municipais de saúde, as conferências estaduais 
de saúde e a Conferência Nacional de Saúde, com o objetivo de avaliar a situação da saúde 
em cada uma de suas áreas de competência e propor as diretrizes para formulação de 
políticas públicas. 
 
 
OBJETIVOS E CAMPOS DE ATUAÇÃO DO SUS 
 
Atualmente, o SUS é o maior sistema público de saúde do mundo. Ele garante acesso 
gratuito, universal e integral a todos, sejam brasileiros ou não, em território nacional. Seu 
complexo sistema constituído nos níveis federal, estadual e municipal permite um 
atendimento amplo, tanto em termos de alcance populacional quanto em termos de serviços 
de saúde, oferecendo desde atenção básica e saúde da família até cirurgias de alto risco, 
como cirurgias de transplante e de separação de gêmeos siameses. 
Além da prestação de serviços de baixa, média e alta complexidade, o SUS também 
atua na vigilância epidemiológica e sanitária, serviços de urgência e emergência, atenção 
hospitalar, assistência farmacêutica, distribuição gratuita de medicamentos e pesquisas na 
área da saúde. 
Ademais, pode-se dizer que os objetivos do SUS consistem em identificar e divulgar 
os fatores condicionantes e determinantes da saúde, formular políticas de saúde e prestar 
assistência integral aos seus usuários a partir das ações assistenciais e preventivas de 
promoção, proteção e recuperação da saúde (BRASIL, 1988). 
 No Art. 6º da Constituição Federal (BRASIL, 1988), é possível também identificarmos 
os campos de atuação do SUS, a saber: 
• vigilância sanitária; 
• vigilância epidemiológica; 
• saúde do trabalhador; 
• assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; 
• participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento 
básico; 
• ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde; 
• vigilância nutricional e a orientação alimentar; 
• colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho; 
• formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e 
outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção; 
• controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para 
a saúde; 
• fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo 
humano; 
• participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e 
utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
• incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e 
tecnológico; 
• formulação e execução da política de sangue e seus derivados. 
 
DECRETO 7.508/2011 
 
Após 21 anos da publicação da Lei nº 8.080/1990, foi promulgado o Decreto nº 
7.508/2011, que tem o importante papel de regular a estrutura organizativa do SUS. Além 
disso, este decreto dispõe sobre o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a 
articulação interfederativa, tão relevantes à consolidação e ao melhoramento contínuo do 
SUS (CONASS, 2015). 
A regulamentação do SUS trazida pelo Decreto 7.508/11 tem como objetivo conceder 
maior transparência à sua estrutura, a fim de garantir também maior segurança jurídica na 
distribuição das responsabilidades das esferas de poder. Dessa forma, o usuário pode, de 
fato, conhecer e usufruir das ações e dos serviços de saúde ofertados nas regiões de saúde 
e organizados em Redes de Atenção à Saúde (BRASIL, 2011b). 
 
O seguinte caso hipotético é um exemplo de como o sistema de Redes de Atenção à 
Saúde funciona: um usuário do SUS procura a unidade básica de saúde com queixas de dor 
de cabeça. Como apresenta outros sinais e sintomas sugestivos de um acidente vascular 
cerebral é direcionado a um pronto socorro da região. Lá piora e desenvolve um trombo na 
corrente sanguínea, permanece dez dias na unidade de terapia intensiva e depois mais seis 
dias sobre observação na internação. Como obteve escaras é direcionado novamente a 
unidade básica para continuar o seu acompanhamento clínico. Dois meses após a sua alta, 
desenvolve insuficiência renal, sendo mais uma vez encaminhada a um hospital 
especializado, para realizar hemodiálise, no entanto, segue fazendoo acompanhamento das 
suas demais comorbidades na unidade básica de saúde. 
Um importante conceito em saúde introduzido pelo Decreto nº 7.508/2011 foi o de 
Região de Saúde, conforme o parágrafo primeiro do artigo 2: 
Região de Saúde – espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios 
limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de 
comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a 
organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde (BRASIL, 2011b). 
Ainda segundo o decreto, as Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, em 
articulação com os Municípios, podendo ser compostas por municípios limítrofes, inclusive 
de estados diferentes. Elas serão referência para as transferências de recursos entre os 
entes federativos (União, estados e municípios). 
 Ainda de acordo com o decreto, no artigo 5º: 
Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no mínimo, ações e serviços de: 
• Atenção primária; 
• Urgência e emergência; 
• Atenção psicossocial; 
• Atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e 
• Vigilância em saúde. (BRASIL, 2011b) 
Esses serviços, por sua vez, constituem a Rede de Atenção à Saúde que estará 
compreendida no âmbito de uma Região de Saúde. 
Um outro conceito também muito importante para o entendimento da organização dos 
serviços e funcionamento do SUS é o conceito de Portas de Entrada. Segundo o Decreto 
7508/2011, o acesso universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde se inicia 
pelas Portas de Entrada do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada, de 
acordo com a complexidade do serviço. Ou seja, para que os usuários acessem os serviços 
de atenção hospitalar, ambulatoriais especializados, ou outros de maior complexidade e 
densidade tecnológica, deverão ser referenciados (encaminhados) pelos serviços 
considerados Portas de Entrada. 
De acordo com o artigo 8º do mesmo decreto: 
São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde nas Redes de Atenção à 
Saúde os serviços: 
• de atenção primária; 
• de atenção de urgência e emergência; 
• de atenção psicossocial; 
• Especiais de acesso aberto. (BRASIL, 2011b) 
Os municípios, estados e a União, dependendo da necessidade local e mediante 
justificativa técnica, ainda poderão criar novas Portas de Entrada às ações e serviços de 
saúde, considerando as características da Região de Saúde. 
 
 
 
Infográfico 2 – Bases do Funcionamento do SUS 
 
Fonte: A autora (2022) 
 
Para aprofundar seus estudos e conhecer mais sobre a estrutura, organização dos 
serviços e aspectos da Gestão do SUS, acesse o Decreto nº 7508/2011 através do link a 
seguir. 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/decreto_7508.pdf 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/decreto_7508.pdf
CARTA DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS SUS 
 
A “Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde” trata-se de um documento para o 
cidadão brasileiro conhecer seus direitos de acesso ao sistema de saúde, seja ele público 
ou privado. Esta Carta reúne os seis princípios básicos de cidadania que asseguram ao 
usuário de saúde uma assistência digna e humanizada no sistema de saúde (BRASIL, 2011). 
Confira abaixo quais são seus direitos ao recorrer a qualquer serviço de saúde no 
Brasil: 
• Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de 
saúde. 
• Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema. 
• Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de 
qualquer discriminação. 
• Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus 
valores e seus direitos. 
• Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento 
aconteça da forma adequada. 
• Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que 
os princípios anteriores sejam cumpridos. (BRASIL, 2011) 
 
A carta dos Direitos dos Usuários do SUS foi elaborada em 2006 pelas três esferas 
do governo e pelo Conselho Nacional de Saúde. Sua publicação foi um marco importante, 
uma vez que possibilitou um maior entendimento sobre o sistema de saúde público. 
 
 
 
 
 
 
O SUS HOJE 
 
Após mais de três décadas de constituição do SUS, embora tenhamos seus princípios 
e diretrizes operacionalizados formalmente em quase todo o país, ainda estamos muito 
distantes de atingir seus objetivos mais fundamentais: a constituição de um sistema de 
saúde universal, equânime e integral. Mas o reconhecimento de suas potencialidades, bem 
como os embates diários nos serviços de saúde, travados pelos usuários nas comunidades, 
nos conselhos de saúde, pelos gestores nas secretarias e pelos trabalhadores e 
profissionais e nas instituições de formação são uma motivação constante que faz valer a 
luta histórica pelo direito à saúde. 
O SUS permanece até hoje com uma série de desafios. Em um país com dimensões 
continentais, tão desigual e com alta concentração de renda como o Brasil, a oferta de 
políticas públicas de acesso gratuito a serviços essenciais na área de saúde, tornam-se 
instrumentos de redistribuição de renda. Apesar de todas as falhas que ainda demandam 
aperfeiçoamento, o SUS pode ser considerado como um grande patrimônio do povo 
brasileiro. Nesse sentido, a sociedade civil organizada precisa ocupar seus espaços de 
participação com vistas a exigir a garantia dos seus direitos, dentre os quais, um sistema de 
saúde que atenda integralmente suas demandas. 
 
Figura 2 - Imagem SUS 
 
Fonte: https://www.camara.leg.br/noticias/804962-comissao-aprova-inclusao-de-
bandeira-do-sus-entre 
 
 
https://www.camara.leg.br/noticias/804962-comissao-aprova-inclusao-de-bandeira-do-sus-entre
https://www.camara.leg.br/noticias/804962-comissao-aprova-inclusao-de-bandeira-do-sus-entre
SINTETIZANDO 
 
Nesta unidade vimos que a criação do SUS é tida como resultado da 8ª Conferência 
Nacional de Saúde. As leis números 8.080/90 e 8.142/90 são o marco legislatório do SUS. 
Estas leis são conhecidas como as leis orgânicas da saúde. O sistema de saúde pública 
brasileiro possui uma política nacional de organização dos serviços de saúde. Ela determina 
as atribuições dos diferentes serviços de saúde ofertados à população. 
A atenção básica é considerada a porta de entrada dos pacientes no SUS, tanto no 
sistema hierarquizado, que divide a saúde em níveis de complexidade, quanto no sistema 
de redes de atenção à saúde, o qual são organizados através de um complexo de unidades 
assistenciais à saúde, não considerado um serviço inferior ou superior ao outro. 
Embora o SUS seja alvo de muitas críticas e enfrente problemas estruturais no seu 
dia a dia, é também um programa admirado em muitos países, sendo considerado um 
modelo a ser seguido internacionalmente, graças a sua política de cobertura e extensão. 
Afinal, a criação do SUS mostra-nos a relevância da criação de um Sistema Único, unificado 
para todos, que ainda tem muito a se transformar e melhorar, sempre em busca de 
alternativas para permitir a qualidade de vida do brasileiro. 
Até a próxima! Espero você! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
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[Recurso eletrônico]. Disponível 
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Executivo, Brasília, DF, 26 ago. 2010a. 
______. Lei no 11.346, de 15 de setembro de 2006. Diário Oficial da União, Poder 
Executivo, Brasília, DF, 18 set. 2006. 
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7.508, de 28 de junho de 2001 :2001: regulamentação da Lei no 8.080/90 / Ministério da 
Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. – Brasília: Ministério da Saúde, 
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Poder Executivo, Brasília, DF, 5 fev. 2010b. Seção 1. 
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______. Manual instrutivo para implementação da Agenda para Intensificação da 
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organização, funcionamento, financiamento do SUS e as principais propostas de 
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https://cgiap-saps.github.io/Manual-eSUS-APS/docs/PEC/PEC_00_base_conceitual/#1-estrat%C3%A9gia-e-sus-aten%C3%A7%C3%A3o-prim%C3%A1ria-%C3%A0-sa%C3%BAde-aps
http://www.medicina.ufmg.br/dmps/internato/saude_no_brasil.rtf.%20Acessado%20em%20junho/
Nutrição e atenção à saúde - UNIDADE II 
 
1. Introdução 
2. Determinantes e condicionantes de saúde 
3. Política nacional de promoção da saúde (PNPS) 
4. Política nacional de atenção básica (PNAB) 
5. A estratégia de saúde da família (ESF) 
6. O programa de agentes comunitários de saúde (PACS) 
7. Os núcleos de apoio à saúde da família (NASF) 
8. PNAB 2017: Principais mudanças e inovações 
 
Seção 1 de 8 
Introdução 
Na Unidade II mergulharemos no campo da Atenção Básica à Saúde, também 
denominada Atenção Primária, buscando entender melhor seus princípios, diretrizes, 
organização e funcionamento. Apresentaremos a Política Nacional de Atenção Básica 
(PNAB) e conheceremos um pouco mais sobre a Estratégia de Saúde da Família (ESF) e o 
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Também daremos ênfase às 
ferramentas de trabalho dos Núcleos Ampliados (ou de Apoio à) de Saúde da Família (NASF) 
e, por fim, também serão apresentados os princípios e diretrizes da Política Nacional de 
Promoção da Saúde. 
• Discutir sobre os determinantes e condicionantes de saúde. 
• Conhecer a Política Nacional de Promoção da Saúde. 
• Aproximar-se da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB): Estratégia de Saúde 
da Família (ESF); Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e os Núcleos 
de Apoio à Saúde da Família (NASF). 
 
 
 
 
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https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20GRADUACAO%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/NUTRICAO%20E%20ATENCAO%20A%20SAUDE/UNIDADE%20II/scormcontent/index.html#/lessons/pWbm7OY5ea3SWryKYr32-1p7S2FEx_db
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20GRADUACAO%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/NUTRICAO%20E%20ATENCAO%20A%20SAUDE/UNIDADE%20II/scormcontent/index.html#/lessons/MjlZh4Nt8MKalQw8o02SvtTDx-obyjhF
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20GRADUACAO%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/NUTRICAO%20E%20ATENCAO%20A%20SAUDE/UNIDADE%20II/scormcontent/index.html#/lessons/lwFbQjTTQEY2x-Z7bdwjp8VBiaJ_QaaL
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20GRADUACAO%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/NUTRICAO%20E%20ATENCAO%20A%20SAUDE/UNIDADE%20II/scormcontent/index.html#/lessons/tPjLovxw50oyXRnRm4eNUvTIhe-sNqrt
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20GRADUACAO%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/NUTRICAO%20E%20ATENCAO%20A%20SAUDE/UNIDADE%20II/scormcontent/index.html#/lessons/VS0AXKsJlZRop9rSaO6XQeR4Dp1Mwt3Y
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20GRADUACAO%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/NUTRICAO%20E%20ATENCAO%20A%20SAUDE/UNIDADE%20II/scormcontent/index.html#/lessons/qJPD4eavDHOV5p6VRrTSrgGzfqLy7w0W
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20GRADUACAO%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/NUTRICAO%20E%20ATENCAO%20A%20SAUDE/UNIDADE%20II/scormcontent/index.html#/lessons/NyhErdWePufUTjorI6IS7aUcgZjCz9Mi
Seção 2 de 8 
Determinantes e condicionantes de saúde 
Sabemos que a vida em sociedade se transformou consideravelmente em 
decorrência das mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais que ocorreram no 
mundo desde o século XIX e que seintensificaram no século passado. No entanto, as 
transformações sociais também promovem transformações de saúde e impactam nos 
problemas sanitários. Sendo um elemento da vida dos indivíduos em toda sua diversidade 
e singularidade, a saúde também passou por profundas mudanças nesse mesmo período 
(BRASIL, 2006a). 
A fim de pensar em novos caminhos de garantia à saúde da população brasileira, faz-
se necessário refletir acerca da redemocratização do país, assim como instituir um sistema 
de saúde de caráter inclusivo, universal e equânime. Esta foi a proposta do SUS e, em 1986, 
a 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) teve como tema “Democracia é Saúde”, 
constituindo-se em um fórum de luta, com o objetivo de descentralizar o sistema de saúde 
público e implantar políticas sociais na defesa e no cuidado da vida. Este foi um momento-
chave que marcou o movimento da Reforma Sanitária no Brasil, que afirmou o caráter 
indissociável entre a garantia da saúde como um direito social irrevogável. Dessa forma, ao 
final da 8ª CNS, foram lançados os fundamentos da proposta do SUS em seu relatório 
(Conferência Nacional de Saúde, 1986). 
 
A história política e de saúde brasileira tem importantes marcos, como a célebre 
Reforma Sanitária e a criação do SUS, intimamente ligada à conquista de direitos por parte 
da sociedade. É notória a dependência da população em relação a esse sistema, que se 
baseia em princípios como universalidade, integralidade e equidade da assistência à saúde. 
Entretanto, os atuais acontecimentos que visam o desmonte do SUS evidenciam ataques a 
direitos sociais adquiridos. Assim, há urgente necessidade de revitalizar o movimento 
sanitário brasileiro, com compromisso social que impeça o processo de privatização do 
direito à saúde, combata o baixo financiamento e qualifique a gestão do SUS. 
Vimos que no centro do processo de criação do SUS encontram-se: a definição 
ampliada de saúde, a necessidade de criar políticas públicas para promovê-la, a importância 
da participação social na construção e manutenção do sistema e das políticas de saúde, e 
a incapacidade de o setor sanitário responder sozinho à transformação dos determinantes e 
condicionantes de saúde na garantia de alternativas saudáveis para a população (BRASIL, 
2006a). 
No SUS, a estratégia de promoção da saúde é reassumida como uma maneira de dar 
foco aos chamados fatores determinantes do processo saúde-doença em nosso país. 
A título de exemplo desses fatores, podemos destacar a fome, a violência, a habitação 
inadequada e/ou ausente, a falta de saneamento básico, o desemprego, o subemprego, a 
dificuldade de acesso à educação, a urbanização desordenada, a baixa qualidade do ar e 
da água ameaçada e deteriorada (BRASIL, 2006a). 
 
Alguns fatores estão intimamente relacionados ao processo saúde-doença e, por isso, 
simples atitudes do dia a dia tornam-se importantes na intenção de manter uma rotina e um 
hábito de vida mais saudáveis. Alimentar-se corretamente (principalmente pela ingestão de 
frutas, legumes e verduras), praticar exercícios físicos com regularidade, manter uma 
regularidade no sono e ingerir um volume suficiente de água por dia são alguns exemplos 
de conselhos dos profissionais da saúde para que uma pessoa mantenha uma boa qualidade 
de vida, o que impactará diretamente na sua saúde. 
Historicamente, o estilo de vida dos indivíduos tem sido compreendido numa 
abordagem individualizada e fragmentada. Nesta visão tradicional, as pessoas e 
comunidades são colocadas como os únicos responsáveis por suas escolhas e, 
consequentemente, pelo seu processo de adoecimento ao longo da vida. No entanto, se 
levarmos em consideração uma perspectiva ampliada de saúde, como aquela definida na 
Reforma Sanitária brasileira, no SUS e nas Cartas de Promoção da Saúde, os estilos de 
vida (também compreendidos como modos de viver) não se relacionam apenas ao exercício 
da liberdade individual e comunitária. Ao contrário, os modos como as pessoas vivem é que 
influenciam suas escolhas e a maneira como satisfazem suas necessidades, desejos e 
interesses (BRASIL, 2006a). 
Neste sentido, propõe-se que as intervenções de saúde ampliem sua finalidade, 
tomando como alvo os problemas e as necessidades de saúde, além dos seus 
fatores determinantes e condicionantes. Só assim a organização da atenção e do cuidado 
serão capazes de envolver tanto as ações e os serviços que acolham e tratem indivíduos já 
adoecidos quanto aqueles que atuam além dos muros das unidades de saúde e do sistema 
de saúde. A partir dessa transformação é possível impactar sobre as condições de vida e 
favorecer escolhas saudáveis por parte dos sujeitos e das coletividades no território onde 
vivem e trabalham (BRASIL, 2006a). 
 
Um exemplo clássico de condicionante de saúde é a gravidez, uma vez que apenas 
pessoas do sexo feminino podem engravidar. Consequentemente, o sexo é um fator 
condicionante para a ocorrência da gestação entre os seres humanos. 
O debate sobre os determinantes sociais de saúde (Figura 1) coloca como base 
para o entendimento da influência dos determinantes sociais de saúde na produção da 
doença a compreensão das diferenças entre os conceitos de desigualdades e 
iniquidades em saúde (TAVARES et al., 2011). 
 
Figura 1 - Determinantes sociais: modelo de Dahlgren e Whitehead (1991 apud Comissão de 
Determinantes..., 2005) 
Fonte: Fiocruz, 2011. Disponível em: LINK 
Acesso em: 22 ago. 2022. 
 
Quer entender um pouco mais sobre os Determinantes Sociais de Saúde? 
Assista ao vídeo a seguir: 
https://youtu.be/bVmc-gngyVI 
 
https://dssbr.ensp.fiocruz.br/intervencoes-individuais-vs-intervencoes-populacionais/
Essa compreensão da produção social da doença insere no centro do debate atual o 
enfrentamento das iniquidades em saúde. Trata-se de uma visão dos determinantes como 
processos sociais, econômicos, políticos e culturais geradores de iniquidades, o que justifica 
uma profunda reorientação das políticas e intervenções públicas, visando promover e 
proteger a saúde e diminuir as desigualdades em saúde. 
Iniquidades em saúde: são desigualdades de saúde que, além de sistemáticas e 
relevantes, são evitáveis, injustas e desnecessárias (WHITEHEAD, 2000 apud TAVARES et 
al., 2011). 
Desigualdades em saúde: são diferenças sistemáticas na situação de saúde de grupos 
populacionais (TAVARES et al., 2011). 
Você já pensou como o setor da saúde pode estabelecer parcerias e construir suas 
ações em articulação com outros setores? A construção dessas ações intersetoriais é uma 
tarefa árdua e envolve a troca e a construção coletiva de diferentes conhecimentos, 
linguagens e vivências dos diversos setores envolvidos na produção de saúde. Por isso, o 
setor de saúde tem a responsabilidade de evidenciar cada vez mais, em sua comunicação 
com os demais setores, que o processo saúde-doença é efeito de múltiplos aspectos, sendo 
pertinente a todos os setores da sociedade e devendo compor suas agendas. Nesse sentido, 
é dever do setor saúde, nas várias esferas de decisão, convocar os outros setores a 
ponderar a avaliação e os parâmetros sanitários no que diz respeito a melhorar a qualidade 
de vida da população quando forem construir suas políticas específicas (BRASIL, 2010). 
 
Seção 3 de 8 
Política nacional de promoção da saúde (PNPS) 
Nesse contexto, a partir das definições constitucionais, das legislações que 
regulamentam o SUS, das deliberações das conferências nacionais de saúde e do Plano 
Nacional de Saúde (2004-2007), foi aprovada em 2006, na Comissão Intergestores 
Tripartite, a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) do SUS, instituída 
pela Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março de 2006. A PNPS foi elaborada com o intuito 
de promover a qualidade de vida da população brasileira, além de minimizar as 
vulnerabilidades e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes, ou 
seja, tudo aquilo que está relacionadoaos modos de viver, às condições de trabalho, de 
habitação, do ambiente, da educação, do lazer, da cultura, do acesso a bens e serviços 
essenciais (BRASIL, 2006a). 
Vale ressaltar que a Portaria MS/GM nº 687/2006 foi redefinida pela Portaria nº 2.446, 
de 11 de novembro de 2014. Esta, por sua vez, foi revogada pela Portaria de Consolidação 
nº 2, de 28 de setembro de 2017, que estabiliza as normas sobre as políticas nacionais de 
saúde do SUS. A PNPS ratificou o compromisso do Estado brasileiro com a ampliação e a 
qualificação de ações de promoção da saúde nos serviços e na gestão do SUS; e, a partir 
disso, passou a fazer parte da agenda estratégica dos gestores do SUS e dos Planos 
Nacionais de Saúde subsequentes, o que significou um incremento das possibilidades de 
políticas públicas já existentes (BRASIL, 2018). 
A PNPS traz, em sua essência, a necessidade de estabelecer uma relação com as 
demais políticas públicas conquistadas pela população, incluindo aquelas do setor Saúde, 
tais como: a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB); a Política Nacional de Alimentação 
e Nutrição (PNAN); a Política Nacional de Educação Popular em Saúde (Pnep-SUS); a 
Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS); a Política Nacional de Gestão 
Estratégica e Participativa (ParticipaSUS); a Política Nacional de Práticas Integrativas e 
Complementares (PNPIC), dentre outras (BRASIL, 2018). 
A última reelaboração da PNPS foi fruto da necessidade de rever e atualizar as ações 
e os serviços prestados tanto pela gestão quanto pelos profissionais do SUS, examinando o 
papel do setor Saúde na articulação e na indução de outras políticas públicas. Através da 
Portaria de Consolidação nº 2/2017 foram incluídos novos elementos indutores para a sua 
concretização, como os seus valores, além da definição de temas transversais e eixos 
operacionais, bem como a adequação e a atualização dos temas prioritários da política 
(BRASIL, 2018). 
Mas quais são os princípios e valores norteadores da PNPS? De acordo com o 
Ministério da Saúde “os valores e princípios configuram-se como expressões fundamentais 
de todas as práticas e ações no campo de atuação da promoção da saúde” (BRASIL, 2018, 
p. 10). 
Nesse sentido, pode-se afirmar que a PNPS: 
• busca reconhecer a subjetividade dos indivíduos e coletividades no processo de 
atenção e cuidado em defesa da saúde e da vida; 
• leva em consideração valores fundantes como a solidariedade, a felicidade, a ética, 
o respeito às diversidades, a humanização, a corresponsabilidade, a justiça e a 
inclusão social no processo de sua concretização; 
• adota como princípios norteadores a equidade, a participação social, a autonomia, 
o empoderamento, a intersetorialidade, a intrassetorialidade, a sustentabilidade, a 
integralidade e a territorialidade (BRASIL, 2018). 
 
Objetivos da PNPS 
 
 O objetivo geral da PNPS consiste em ampliar e promover uma maior oferta de 
serviços de saúde pública no Brasil. Isso garante a diminuição das desigualdades e dos 
riscos associados à saúde decorrentes de questões socioeconômicas, políticas, culturais e 
ambientais. Em resumo: tudo aquilo que não se restringe exclusivamente ao saber médico. 
Além do objetivo geral, a PNPS ainda apresenta 13 objetivos específicos que serão 
abordados com mais detalhes abaixo, conforme o trecho extraído da PNPS: 
I - Estimular a promoção da saúde como parte da integralidade do cuidado na Rede de 
Atenção à Saúde, articulada às demais redes de proteção social. 
II - Contribuir para a adoção de práticas sociais e de saúde centradas na equidade, na 
participação e no controle social, a fim de reduzir as desigualdades sistemáticas, injustas e evitáveis, 
respeitando as diferenças de classe social, de gênero, de orientação sexual e a identidade de gênero; 
entre gerações; étnico-raciais; culturais; territoriais; e relacionadas às pessoas com deficiências e 
necessidades especiais. 
III - Favorecer a mobilidade humana e a acessibilidade; o desenvolvimento seguro, saudável 
e sustentável. 
IV - Promover a cultura da paz em comunidades, territórios e municípios. 
V - Apoiar o desenvolvimento de espaços de produção social e ambientes saudáveis, 
favoráveis ao desenvolvimento humano e ao bem-viver. 
VI - Valorizar os saberes populares e tradicionais e as práticas integrativas e complementares. 
VII - Promover o empoderamento e a capacidade para a tomada de decisão, e também a 
autonomia de sujeitos e de coletividades, por meio do desenvolvimento de habilidades pessoais e 
de competências em promoção e defesa da saúde e da vida. 
VIII - Promover processos de educação, de formação profissional e de capacitação 
específicos em promoção da saúde, de acordo com os princípios e os valores expressos nesta 
Política, para trabalhadores, gestores e cidadãos. 
IX - Estabelecer estratégias de comunicação social e de mídia direcionadas tanto ao 
fortalecimento dos princípios e das ações em promoção da saúde quanto à defesa de políticas 
públicas saudáveis. 
X - Estimular a pesquisa, a produção e a difusão de conhecimentos e de estratégias 
inovadoras no âmbito das ações de promoção da saúde. 
XI - Promover meios para a inclusão e a qualificação do registro de atividades de promoção 
da saúde e da equidade nos sistemas de informação e de inquéritos, permitindo a análise, o 
monitoramento, a avaliação e o financiamento das ações. 
XII - Fomentar discussões sobre os modos de consumo e de produção que estejam em 
conflito de interesses com os princípios e com os valores da promoção da saúde e que aumentem 
vulnerabilidades e riscos à saúde. 
XIII - Contribuir para a articulação de políticas públicas inter e intrassetoriais com as agendas 
nacionais e internacionais (BRASIL, 2018, p. 10-11). 
 
Temas prioritários da PNPS 
 
Você conhece os temas prioritários da PNPS? Trazidos no texto da primeira edição 
da PNPS, de 2006, como ações específicas, a nova PNPS, publicada na portaria de 
Consolidação nº 2/2017 traz essas ações descritas como temas prioritários. São eles: 
• Formação e educação permanente. 
• Alimentação adequada e saudável. 
• Práticas corporais e atividades físicas. 
• Enfrentamento ao uso do tabaco e de seus derivados. 
• Enfrentamento do uso abusivo de álcool e de outras drogas. 
• Promoção da mobilidade segura. 
• Promoção da cultura da paz e dos direitos humanos. 
• Promoção do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2018, p. 22-23). 
 
Política nacional de atenção básica (PNAB) 
 
Durante o processo de constituição do SUS, as ações de Atenção Primária à 
Saúde (APS) passaram a ser denominadas de Atenção Básica, instituída como política de 
Estado (ALMEIDA et al., 2018). A Atenção Básica é a principal porta de entrada do SUS e 
o primeiro nível de atenção de uma rede poliárquica e organizada em complexidade 
crescente, compreendendo ações de promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, 
riscos e doenças, diagnóstico, tratamento e reabilitação da saúde. 
 
 
Atualmente, a Política Nacional de Atenção Básica considera os termos “Atenção 
Básica” e “Atenção Primária à Saúde” como sendo conceitos e termos equivalentes. 
Conforme vimos anteriormente no contexto histórico do SUS, até o final da década de 
1980, quando o sistema foi criado, prevaleceram no Brasil modelos de assistência à saúde 
de caráter centralizado e campanhista. As principais ofertas de ações desses modelos de 
atenção à saúde eram voltadas ao controle das grandes endemias e consideradas como 
“medicina pobre para pobres”, com enfoque assistencialista e curativo (GIOVANELLA; 
ALMEIDA, 2017). 
 
As políticas de saúde pública no Brasil funcionaram, sobretudo, no formato de 
campanhas, até por volta de 1930, fase que ficou conhecida como campanhista. O sistema 
dessa época era parcialmente voltado para questões de saúde que estavam afetando a 
população, mas essencialmente motivado por conveniências de ordem econômica. Entre osavanços desse período, há a criação de escolas de enfermagem, laboratórios públicos 
direcionados para a pesquisa e centros de saúde. A saúde individual continuou semelhante 
à do período imperial: médicos para os que podiam pagar e métodos empíricos/caridade 
para os demais. 
 
No início da década de 1990, novos métodos de organização dos cuidados primários 
foram sendo desenvolvidos em todo o Brasil e subsidiaram ações e programas 
governamentais inspirados em modelos de APS de outros países, como Canadá, Cuba, 
Suécia e Inglaterra (ALMEIDA et al., 2018). Ainda, foram instituídos o Programa de Agentes 
Comunitários de Saúde (PACS) e o Programa Saúde da Família (PSF) – que em 2006 
passou a ser chamado de Estratégia Saúde da Família (ESF) – considerados símbolos de 
uma nova proposta nacional de APS e parte de uma estratégia governamental na 
reestruturação do sistema e do modelo assistencial do SUS (PAIM et al., 2011). 
Com a criação e o estabelecimento das diversas ações, percebeu-se a necessidade 
de se elaborar uma política que não se limitasse apenas ao agrupamento das distintas 
iniciativas, mas que fosse capaz de revisá-las e de definir prioridades de ação, otimizando 
assim os dispêndios públicos (ALMEIDA et al., 2018). Assim sendo, instituiu-se em 2003 um 
grupo de trabalho no Ministério da Saúde, que culminou na Política Nacional de Atenção 
Básica (PNAB), publicada por meio da Portaria nº 648 de março de 2006. 
Desde sua primeira edição, em 2006, a PNAB sofreu algumas alterações. Buscando 
preservar a centralidade da ESF e consolidar uma APS forte, em 2011 houve uma primeira 
revisão da PNAB. A Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, aprovou a Política Nacional 
de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da 
atenção básica, para a Estratégia de Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes 
Comunitários de Saúde (PACS). 
Esse novo texto manteve a essência de 2006 e acrescentou importantes mudanças 
referentes ao aumento do acesso, cobertura e resolubilidade da atenção básica. Da 
publicação da PNAB 2011 até os dias atuais, diversos programas e ações foram alterados 
ou criados na atenção básica, a exemplo do Programa Mais Médicos, das ações de 
regulação vinculadas ao Telessaúde Brasil Redes etc. Com a finalidade de incorporar tais 
ações à PNAB, em 2015 deu-se início à segunda revisão dessa política (ALMEIDA et al., 
2018). 
Agora iremos conhecer os princípios e diretrizes da PNAB 2011 e o que a PNAB 2017 
trouxe de mudanças e inovações para a atenção básica à saúde. 
 
 
Princípios e diretrizes gerais da Atenção Básica 
 
Segundo a PNAB: 
A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito 
individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de 
agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da 
saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de 
saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das 
coletividades. 
(BRASIL, 2012, p. 19). 
A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito 
individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de 
agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da 
saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de 
saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das 
coletividades. 
(BRASIL, 2012, p. 19). 
Podemos entender que a Atenção Básica se desenvolve através de práticas de 
cuidado e gerenciamento, de caráter democrático e participativo, no formato de trabalho em 
equipe. As ações da Atenção Básica são destinadas a populações de territórios definidos, 
pelas quais assume a responsabilidade sanitária, levando em consideração a dinâmica 
existente no território em que vivem essas coletividades. Para alcançar a sua finalidade, a 
Atenção Básica utiliza tecnologias de cuidado complexas e diversas que auxiliam no manejo 
das demandas e necessidades de saúde mais frequentes e importantes em seu território, 
seguindo os critérios de risco, vulnerabilidade, resiliência e o imperativo ético de que toda 
e qualquer demanda, necessidade de saúde ou sofrimento devem ser acolhidos (BAHIA, 
2013). 
Conforme vimos anteriormente, o contato preferencial dos usuários do SUS deve ser 
a Atenção Básica, ou seja, é ela a principal porta de entrada e centro de comunicação da 
Rede de Atenção à Saúde (RAS), a qual abordaremos em seguida. Agora, vamos conhecer 
quais os princípios e diretrizes norteadores da PNAB. 
A PNAB orienta-se pelos seguintes princípios: 
• Universalidade. 
• Acessibilidade. 
• Vínculo. 
• Continuidade do cuidado. 
• Integralidade da atenção. 
• Responsabilização. 
• Humanização. 
• Equidade. 
• Participação social (BRASIL, 2012). 
Quanto às diretrizes da PNAB, podemos citar: 
• Regionalização e hierarquização. 
• Territorialização e adstrição. 
• População adscrita. 
• Cuidado centrado na pessoa. 
• Resolutividade. 
• Longitudinalidade do cuidado. 
• Coordenar o cuidado. 
• Ordenar as redes. 
• Participação da comunidade (BRASIL, 2017). 
 
Funções da Atenção Básica nas Redes de Atenção à 
Saúde 
 
Você já ouviu falar nas Redes de Atenção à Saúde (RAS)? Elas constituem arranjos 
na organização das ações e dos serviços de saúde, de diferentes níveis tecnológicos, que 
são compostas por sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, a fim de garantir o 
máximo de integralidade na assistência à saúde. Para compreendermos mais a fundo a 
definição da RAS, a PNAB estabelece o seu conceito como: 
arranjos organizativos formados por ações e serviços de saúde com diferentes configurações 
tecnológicas e missões assistenciais, articulados de forma complementar e com base territorial, e 
têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a atenção básica estruturada como primeiro ponto de 
atenção e principal porta de entrada do sistema, constituída de equipe multidisciplinar que cobre toda 
a população, integrando, coordenando o cuidado e atendendo às suas necessidades de saúde 
(BRASIL, 2012, p. 25). 
Segundo o Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que regulamenta a Lei nº 
8.080/90, “o acesso universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde se inicia 
pelas portas de entrada do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada”. 
Nesse contexto, para que as RAS funcionem de maneira efetiva, a Atenção Básica 
deve cumprir as seguintes funções: 
I . Ser base: ser a modalidade de atenção e de serviço de saúde com o mais elevado grau 
de descentralização e capilaridade, cuja participação no cuidado se faz sempre necessária; 
II . Ser resolutiva: identificar riscos, necessidades e demandas de saúde, utilizando e 
articulando diferentes tecnologias de cuidado individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada 
capaz de construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente efetivas, na perspectiva 
de ampliação dos graus de autonomia dos indivíduos e grupos sociais; 
II . Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e gerir projetos terapêuticos singulares, 
bem como acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS. 
Atuando como o centro de comunicação entre os diversos pontos de atenção, responsabilizando-se 
pelo cuidado dos usuários por meio de uma relação horizontal, contínua e integrada, com o objetivo 
de produzir a gestão compartilhada da atenção integral. Articulando também as outras estruturas das 
redes de saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais [...]; 
IV . Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde da população sob sua 
responsabilidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção, contribuindo para que 
a programação dos serviços de saúde parta das necessidadesde saúde dos usuários (BRASIL, 
2012, p. 25-26). 
 
Infraestrutura e funcionamento da Atenção Básica 
 
Você sabe como está organizado o funcionamento da Atenção Básica? Suas ações 
e serviços devem ser realizadas pelas equipes básicas de saúde, nas Unidades Básicas de 
Saúde (UBS), construídas de acordo com normas sanitárias especificadas em manuais 
próprios, publicados pelo Ministério da Saúde. As UBS são o local de trabalho das equipes 
multiprofissionais, denominadas Equipes Básicas de Saúde ou Equipes de Saúde da 
Família. 
As equipes multiprofissionais são compostas, conforme modalidade das equipes, por: 
• médicos; 
• enfermeiros; 
• cirurgiões-dentistas; 
• auxiliar em saúde bucal ou técnico em saúde bucal; 
• auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem; 
• agentes comunitários de saúde. 
No entanto, outros profissionais podem fazer parte das equipes básicas em função da 
realidade epidemiológica, institucional e das necessidades de saúde da população adscrita. 
Além da composição, as equipes podem atuar na modalidade Saúde da Família ou 
simplesmente na equipe de Atenção Básica. 
A PNAB também prevê a formação de equipes de Atenção Básica para populações 
específicas, como as Equipes de Consultório na Rua, as Equipes de Saúde da Família 
Ribeirinhas e as Equipes de Saúde da Família Fluviais (BRASIL, 2012). 
 
A estratégia de saúde da família (ESF) 
 
A Estratégia Saúde da Família (ESF) foi criada com o intuito de reorganizar a Atenção 
Básica no Brasil, seguindo os princípios e diretrizes do SUS. A ESF é considerada pelo 
Ministério da Saúde, gestores estaduais e municipais como a principal estratégia de 
expansão, qualificação e consolidação da Atenção Básica, uma vez que favorece a 
reorientação do processo de trabalho com maior capacidade de aprofundar os princípios, 
diretrizes e fundamentos da Atenção Básica, de ampliar a resolutividade e impacto na 
situação de saúde das pessoas e coletividades, além de proporcionar uma boa relação 
custo-efetividade (BRASIL, 2012). 
As ESF funcionam mediante o trabalho de uma equipe de profissionais de saúde 
(Figura 2). Segundo a PNAB, cada Equipe de Saúde da Família (eSF) deverá ser composta, 
no mínimo, por: 
I . Médico generalista ou especialista em Saúde da Família ou médico de Família e 
Comunidade; 
II . Enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família; 
III . Auxiliar ou técnico de enfermagem; 
IV . Agentes comunitários de saúde (ACS) (BRASIL, 2012, p. 55). 
Além disso, de acordo com a PNAB, podem ser acrescentados a esta composição, 
como parte da equipe multiprofissional, os agentes de combates a endemias (ACE) e 
os profissionais de saúde bucal (cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde 
da Família e auxiliar e/ou técnico em saúde bucal) (BRASIL, 2012). 
 
Figura 2 – Composição da equipe de Saúde da Família 
Fonte: Adaptado de Lima, 2020. 
A PNAB estabelece ainda a quantidade média e máxima recomendada de famílias a 
serem vinculadas a cada ESF, respeitando-se os critérios de equidade para essa definição. 
Recomenda-se que o número de pessoas por equipe considere o grau de vulnerabilidade 
das famílias daquele território, sendo que, quanto maior o grau de vulnerabilidade, menor 
deverá ser a quantidade de pessoas por equipe. Além disso, determina que o número de 
agentes comunitários de saúde (ACS) deve ser suficiente para cobrir 100% da população 
cadastrada em cada ESF, determina também o número de ACS por equipe e a quantidade 
máxima de usuários a serem acompanhados por cada ACS. 
 
Atenção Básica à Saúde e Atenção Primária à Saúde (APS) são a mesma coisa? 
Embora sejam comumente utilizados como sinônimos, os termos possuem conotações 
diferentes. Assista ao vídeo abaixo e descubra a diferença! 
https://youtu.be/Two_N6hGWU4 
 
Veja no infográfico a seguir a Estratégia de Saúde da Família (ESF) na Atenção 
Primária à Saúde (APS): 
 
Fonte: A autora (2022) 
 
O programa de agentes comunitários de saúde 
(PACS) 
 
O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) é um dos mais antigos no 
âmbito das políticas públicas de saúde, anterior até mesmo ao Programa de Saúde da 
Família (PSF). Os agentes de saúde surgiram antes mesmo de haver políticas públicas que 
inserissem esses profissionais no âmbito SUS. No entanto, é a partir dessas políticas que o 
agente de saúde surge formalmente como ocupação reconhecida em território nacional 
(BORNSTEIN, 2016). 
Vamos conhecer um pouco do histórico das políticas públicas dos agentes de saúde? 
Segundo Vera Joana Bornstein (2016): 
Em 1991 é lançado o Programa Nacional de Agentes Comunitários de Saúde (PNACS) que, no ano de 
1992, passou a chamar-se Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Sua implantação foi 
iniciada pelos estados do Nordeste, nos quais foram priorizadas as ações da área materno-infantil. Estas 
experiências, somadas às experiências locais anteriores, formam a base para o lançamento em 1994 do 
Programa de Saúde da Família (PSF) (BORNSTEIN, 2016, p. 27). 
A partir de 1996, o nome Programa Saúde da Família foi alterado para Estratégia 
Saúde da Família (ESF), passando a ser considerado pelo Ministério da Saúde como uma 
estratégia de reorganização da atenção à saúde no Brasil, com o objetivo de contribuir para 
o aprimoramento e a consolidação do SUS (BORNSTEIN et al., 2014). Ademais, a autora 
também destaca que: 
A importância da Estratégia Saúde da Família é mais uma vez reafirmada como reorganizadora da 
atenção básica na nova Pnab, aprovada em 2011, na qual a ESF é definida como a porta de entrada 
para o SUS, com ênfase no cuidado integral e direcionado às necessidades de saúde da população 
(BORNSTEIN, 2016, p. 27). 
Vale ressaltar que a implantação da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde 
nas UBS está prevista como uma alternativa da reorientação da Atenção Básica, visando a 
implantação gradual da ESF, como também uma forma de agregar os ACS a outras 
maneiras de organização da Atenção Básica (BRASIL, 2012). 
Nesse contexto, o ACS tem um papel muito importante no acolhimento, tanto no 
PACS quanto na ESF, visto que ele é o membro da equipe que faz parte da comunidade, ou 
seja, é um morador do território de sua atuação. Tal característica é importante, uma vez 
que está vinculada à ideia da aproximação do ACS e entendimento das condições de vida 
da população, de suas características culturais, de sua dinâmica social e familiar. Essa 
familiaridade constitui um potencial para a atuação do ACS na produção de saúde da 
comunidade em que está inserido, especialmente nas ações de promoção da saúde e 
prevenção de agravos (BRASIL, 2012). 
Você sabia que o ACS desempenha uma série de atividades? Para compreendermos 
melhor, a PNAB estabelece como atribuições do Agente Comunitários de Saúde: 
I . Trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica definida, a microárea; 
II . Cadastrar todas as pessoas de sua microárea e manter os cadastros atualizados; 
III . Orientar as famílias quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis; 
IV . Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; 
V . Acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias e indivíduos sob sua 
responsabilidade. As visitas deverão ser programadas em conjunto com a equipe, considerando os 
critérios de risco e vulnerabilidade de modo que famílias com maior necessidade sejam visitadas 
mais vezes, mantendo como referência a média de uma visita/família/mês; 
VI . Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a população 
adscrita à UBS, considerando as características e as finalidades do trabalho de acompanhamento 
de indivíduos e grupos sociais ou coletividade; 
VII . Desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças e agravos e 
de vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas 
nos domicílios e na comunidade,

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