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0 
 
 UNIVERSIDADE FEEVALE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DAIANA ROBERTA DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHERES: TRANSVERSALIDADES COM A 
ENFERMAGEM FORENSE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Novo Hamburgo 
2020 
 
 
1 
 
DAIANA ROBERTA DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHERES: TRANSVERSALIDADES COM A 
ENFERMAGEM FORENSE 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado como requisito parcial à 
obtenção do grau de Bacharel em 
Enfermagem pela Universidade Feevale 
 
 
 
 
 
Orientador (a): Prof. Dr. André Luís Machado Bueno 
 
 
 
 
 
 
Novo Hamburgo 
2020 
 
 
2 
 
DAIANA ROBERTA DE SOUZA 
 
Trabalho de Conclusão do Curso de Enfermagem com título (título do trabalho), 
submetido ao corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário 
para obtenção do Grau de Bacharel em Enfermagem. 
 
 
 
Aprovado por: 
 
 
____________________________________ 
Prof. Dr. André Luís Machado Bueno 
 
 
____________________________________ 
Prof. Dr. Christian Negeliskii 
 
 
____________________________________ 
Profª. Me. Andreia Simone Muller. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Novo Hamburgo, 01 de dezembro de 2020. 
 
 
 
 
3 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
Dedico este trabalho aos meus filhos, Juan Arthur Chin Wei Lin e João 
Pedro de Souza Goulart, pela compreensão nas inúmeras horas de ausência. 
 
 
 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço primeiramente a Deus, pois somente ele sabe as dificuldades que 
passei durante esse processo e as escolhas que tive que renunciar, os momentos 
felizes que me abstive ao ficar longe da minha família. 
Agradeço em especial ao Professor Doutor André, orientador deste trabalho, 
pela sua disponibilidade, pelo seu incentivo, pelos seus ensinamentos e orientações 
nesse imenso campo de luta e direito que nós mulheres enfrentamos, além do apoio 
permanente que me dedicou ao longo deste percurso. 
Enfim, não menos importante, agradeço aos meus pais, meus exemplos de 
perseverança, luta, honestidade e coragem de seguir em frente, in memoriam, Olga 
de Souza e Vitalino de Souza. 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EPÍGRAFE 
“Devemos promover a coragem onde há medo, 
promover o acordo onde existe conflito, e inspirar 
esperança onde há desespero.” 
 Nelson Mandela. 
 
 
 
6 
 
RESUMO 
 
A ciência da enfermagem forense tem uma abordagem holística à pessoa vítima de 
violência, à família, à comunidade e ao perpetrador. O enfermeiro está numa posição 
única para identificar, avaliar e cuidar das vítimas, bem como no recolhimento e 
preservação de vestígios com relevância médico-legal. Desta forma, torna-se mister 
aos estudantes de enfermagem, na qualidade de futuros enfermeiros, a obtenção do 
conhecimento sobre os princípios das ciências forenses, de modo a promover a sua 
prática clínica de enfermagem, assegurando o respeito pelos direitos das vítimas e 
contribuindo para a aplicação da justiça. Nesse sentido, essa monografia objetivou 
descrever os registros de violência sexual contra a mulher, a partir dos dados do 
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), explorando algumas das 
possíveis transversalidades da atuação do enfermeiro forense no enfrentamento da 
temática, a partir da descrição do perfil epidemiológico. Trata-se, portanto, de um 
estudo epidemiológico descritivo dos casos de violência sexual contra mulheres, 
registrados no SINAN para o estado do Rio Grande do Sul no período de 2014 a 
2018. Como resultados, podemos concluir que dentre as evidências encontradas 
destaca-se que a violência ocorre contra crianças e adolescentes, com idade entre 
10 e 14 anos, de cor branca, com ensino fundamental incompleto. Denota-se ainda 
que as agressões ocorrem dentro do ambiente familiar e com altas taxas de 
prevalência relacionada à violência de repetição. Considera-se a possibilidade de 
explorar as transversalidades da enfermagem forense e sua formação como 
especialidade, pela amplitude de áreas de atuação relacionadas às vítimas de 
violência sexual e às consequências da violência às pessoas envolvidas. 
 
Palavras-chave: Transversalidade de Gênero. Enfermagem Forense. Violência 
Sexual. Ciências Forenses. 
 
 
 
 
 
 
Windows
Riscado
Windows
Nota
Sugiro diminuir a introdução do tema e descrever mais sobre os resultados. E sugiro também descrever o número de casos, 7.228
 
 
7 
 
ABSTRACT 
 
Forensic nursing science takes a holistic approach to the person who is the victim of 
violence, the family, the community and the perpetrator. The nurse is in a unique 
position to identify, evaluate and care for the victims, as well as in the collection and 
preservation of traces with medical-legal relevance. Thus, it is necessary for nursing 
students, as future nurses, to obtain knowledge about the principles of forensic 
sciences, in order to promote their clinical nursing practice, ensuring respect for the 
rights of victims and contributing to the application of justice. In this sense, this 
monograph aimed to describe the records of sexual violence against women, based 
on data from the Notifiable Diseases Information System (SINAN), exploring some of 
the possible transversalities of the forensic nurse's action in confronting the theme, 
from the description of the epidemiological profile. It is, therefore, a descriptive 
epidemiological study of cases of sexual violence against women, registered in 
SINAN for the state of Rio Grande do Sul in the period from 2014 to 2018. As results, 
we can conclude that among the evidence found, it is noteworthy that violence occurs 
against children and adolescents, aged between 10 and 14 years, white, with 
incomplete elementary school. It is also noted that aggressions occur within the 
family environment and with high prevalence rates related to repeat violence. It is 
considered the possibility of exploring the transversalities of forensic nursing and its 
formation as a specialty, by the breadth of areas of action related to victims of sexual 
violence and the consequences of violence to the people involved. 
 
Keywords: Gender Transversality. Forensic Nursing. Sexual Violence, Forensic 
Sciences. 
 
 
 
 
8 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
GRÁFICO 1 - Distribuição de casos de violência sexual por ano............................. 37 
 
GRÁFICO 2 - Distribuição de casos de violência sexual por meses........................... 38 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE TABELAS 
 
TABELA 1 - Faixa etária, raça/cor e escolaridade................................................... 32 
 
TABELA 2 - Violência de repetição e evolução do caso.......................................... 34 
 
TABELA 3 - Local da ocorrência e Agressor........................................................... 36 
 
 
10 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABEFORENSE – Associação Brasileira de Enfermagem Forense 
ANA - American Nurses Association 
CEVS – Centro Estadual de Vigilância em Saúde 
COFEN – Conselho Federal de Enfermagem 
CNJ – Conselho Nacional de Justiça 
COREN – Conselho Regional de Enfermagem 
DECS – Descritores de Saúde 
ECA - Estatuto da Criança e Adolescente 
FNE – Forensic Nurse Examiner 
IAFN - International Association of Forensic Nurses 
NANDA - International Nursing Diagnoses 
OESP/RS – Observatório Estadual de Segurança Pública do Rio Grande do Sul 
OMS – Organização Mundial da Saúde 
ONU – Organização das Nações Unidas 
OPAS – Organização Pan – Americana de Saúde 
ONDH - Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos 
SANE – Sexual Assault Nurse Examiner 
SINAM – Sistema de Notificação de Agravos e Notificação 
SOBEF Sociedade Brasileira de Enfermagem Forense 
SSP - Secretaria de Segurança Publica 
STJ - Superior Tribunal de Justiça 
UNICEF- Fundo das Nações Unidas para a Infância11 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12 
2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 14 
2.1 CONCEITOS E EPIDEMIOLOGIA DA VIOLÊNCIA .................................... 15 
2.2 MAJORAMENTO DA VIOLÊNCIA EM ÉPOCA DE PANDEMIA COVID – 
19........................................................................................................................ 
 
16 
2.3 ASPECTOS JURÍDICOS DA VIOLÊNCIA SEXUAL ................................... 17 
2.4 ENQUADRAMENTO HISTÓRICO .............................................................. 21 
2.5 CONTEXTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM FORENSE NO BRASIL ... 24 
2.6 TRANSVERSALIDADES DA ENFERMAGEM FORENSE NA 
INVESTIGAÇÃO DOS CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER ........... 
 
26 
3 MÉTODO......................................................................................................... 30 
3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO .................................................................. 30 
3.2 ASPECTOS ÉTICOS.................................................................................... 30 
3.3 COLETA DE DADOS ................................................................................... 30 
3.4 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................... 30 
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................. 32 
5 CONCLUSÃO.................................................................................................. 40 
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 41 
 
 
 
 
12 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
À guisa de introdução, a violência das relações de gênero, especificamente a 
violência sexual contra a mulher, constitui-se como um dos maiores desafios da 
OMS, e, consequentemente, um problema de saúde pública em virtude de seu 
potencial causador de morbidades e mortalidade feminina. As mazelas deixadas em 
virtude de sua ocorrência no seio individual e social são de interesse da coletividade, 
por revelarem uma carga de mortalidade, de morbidade e de sofrimento, devido a 
sua extensão, severidade e significância, necessitando, assim, de que os olhares se 
voltem à possibilidade de controle, visto o potencial epidêmico (KRUG, 2002). 
Nesse sentido, segundo Zanatta (2018), pode-se conceituar violência de 
gênero como aquela oriunda do preconceito e da desigualdade entre homens e 
mulheres, imbricada na estrutura da sociedade patriarcal, sustentada pelas relações 
de dominação, submissão e comportamentos reguladores. Logo, entende-se que a 
violência sexual produz danos perduráveis que se relacionam ao bem-estar físico e a 
questões sexuais, reprodutivas, emocionais, mentais e sociais das vítimas e 
familiares, contribuindo, desse modo, para o aumento da demanda dos serviços de 
saúde (DELZIOVO et al., 2018). 
Em virtude de suas características, a violência sexual apresenta altas taxas 
de subnotificação por parte das vítimas, pois muitas mulheres deixam de noticiar a 
ocorrência do crime por vergonha, por sentir culpas, por medo ou por não 
identificarem o evento como violência sexual. Além disto, as vítimas ainda têm o 
receio de serem rotuladas por revitimização, já que o perfil do autor do crime, não 
raramente, aponta para alguém conhecido da vítima. Desse modo, dados 
estatísticos sugerem que apenas 10% dos crimes de violência sexual são 
efetivamente notificados, portanto, depreende-se que há um hiato de 
aproximadamente 40% de casos notificados devido aos crimes terem sido praticados 
por pais, padrastos, namorados ou amigos (GRAGNANI, 2017). 
Diante desse contexto, faz-se necessário aumentar o campo de visão 
analítico do fenômeno da violência para além da fronteira do biológico e estatístico. 
Logo, aumentando-se as lentes para que se vislumbre com maior amplitude, e, 
traçando novas rotas analíticas do fenômeno, possibilitar-se-á visualizar-se as 
 
 
13 
 
múltiplas faces desta problemática, uma vez que a violência contra a mulher vai 
além das materialidades, atingindo o campo das emoções, do sentimento de 
inferioridade e de subordinação (BUENO, 2017). 
Com efeito, segundo o Centro de Vigilância em Saúde, no Rio Grande do Sul, 
os dados epidemiológicos tabulados somente sobre a violência sexual, no período 
analisado no presente trabalho, correspondem a um total de 7.228 casos. Além 
disso, não obstante aos dados tabulados pelo referenciado Observatório Estadual da 
Segurança Pública do Rio Grande do Sul – OESP/RS (2019), que se referem à 
violência sexual contra a mulher, no mesmo período, contabilizou-se um total de 
7.668 estupros. Salienta-se ainda que Lawrenz (2018), em estudo realizado acerca 
dos relatórios do CEVS e do OESP/RS, identificou fragilidades nas informações 
notificadas, bem como nos encaminhamentos posteriores ao atendimento, portanto, 
indicando a necessidade de investimentos na capacitação dos profissionais da 
saúde. 
Em vista disso, desde o primeiro contato que tive com a área da saúde, 
percebi a necessidade de oferecer uma escuta atenta, que humanize e empodere, 
justamente, quem necessita falar, e, indubitavelmente, assistir com qualidade às 
mulheres vítimas de violência sexual que procuram os serviços de saúde. Diante 
disso é que se pretende convergir o conhecimento da ciência da enfermagem com 
as ciências forenses, desvelando suas transversalidades que se alicerçam nos 
aspectos periciais, jurídicos e legais; assim, por meio de seus fundamentos éticos e 
legais, buscar-se-á qualificar o profissional da enfermagem, dando-lhe 
direcionamento no atendimento à vítima de violência sexual, em virtude de suas 
especificidades. 
Assim sendo, essa monografia objetivou descrever os registros de violência 
sexual contra a mulher, a partir dos dados disponíveis do Sistema de Informação de 
Agravos de Notificação – SINAN -, referentes ao período de 2014 a 2018, no Rio 
Grande do Sul. Portanto, ao compilar e analisar os dados oportunizou-se explorar 
algumas das possíveis transversalidades da atuação do enfermeiro forense no 
enfrentamento da temática, a partir da descrição do perfil epidemiológico. 
 
 
 
14 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
São diversos os problemas que dificultam o enfrentamento da violência sexual 
contra as mulheres. Ainda que se tenha avançado de maneira espetacular em 
diversos campos científicos, infelizmente é no campo dos relacionamentos humanos 
que o avanço foi e continua sendo imensamente menor em relação às mulheres. 
 As conquistas não podem ser balizadas com a realidade vivida por elas, pois 
ainda não são vistas como detentoras de tratamento isonômico. A falta dessa justa 
igualdade é tangenciada, principalmente, pelo machismo arraigado em nossa 
sociedade, muitas vezes mascarado de boas intenções, e transversalizada por 
diversas implicações sociais, psicológicas, morais, econômicas e até patológicas. 
Sendo assim, a enfermagem - como prática social - em sua dimensão clínica 
do cuidado individual e coletivo, por meio da apropriação de conhecimentos 
advindos das ciências forenses, busca se apropriar desta temática e estabelecer no 
processo de trabalho forense a resposta às necessidades e às demandas existentes. 
Enfim, por intermédio de um referencial teórico atualizado, vislumbram-se nuances 
de como compreender o processo de produção desse fenômeno epidemiológico de 
violência, bem como a necessidade de formação de profissionais da enfermagem 
comprometidos com sua profissão e com a sociedade, na sua prática, à luz da 
legislação existente acerca da enfermagem forense. 
 
2.1 CONCEITOS E EPIDEMIOLOGIA DA VIOLÊNCIA 
 
A palavra violência, na etimologia, tem sua origem no termo latino “violentia” e 
significa “tratar com violência, profanar, transgredir” ou, senso comum, aquele que 
age pelaforça contra outrem, contra si mesmo ou contra a coletividade. Também faz 
referência ao vocábulo vis, “que significa força, vigor, potência, violência”, no sentido 
de empregar a força física com intensidade e que desta resulte ferimento, morte, 
dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação. Em suma, refere-se às noções 
de constrangimento e de uso da superioridade física sobre o outro (DICIONÁRIO DE 
POLÍTICAS PÚBLICAS, 2015, p. 450). 
 
 
15 
 
Minayo (2006) aduzem que a violência tem características – sejam toleradas 
e condenadas, sejam fragmentadas e articuladas – de tipologia mutante, devido à 
influência que sofre em virtude de eventos e realidades temporais, locais, 
circunstanciais. Desse modo, a violência, em sua fenomenologia, é difusa e 
complexa por não se ter exatidão científica quanto as suas causas, pois sofre 
influências culturais e sociais, submetendo-se a revisões tendo em vista que os 
valores e as normas sociais evoluem. 
Nessa esteira, na complexa rede de acolhimento e de convivência humana, 
qualquer tipo de violência, presente em diversas situações, tende a abalar a 
qualidade de vida pelas diversas faces que a representa (dor, sofrimento, medo, 
angústia, lesões, mutilações, deformidades ou morte). Portanto, a violência sexual 
contra as mulheres - corpus desta pesquisa – entendida como perspectiva 
fenomenológica, ou, as violências, que, no entendimento de Bueno (2017), referem-
se aos diferentes atos que as consumam, são, analogamente, reconhecidas como 
um problema de preocupação mundial. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como: 
 
 [...] o uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra 
si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, 
que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano 
psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. (OMS, 2014, p. 5) 
 
Este tipo de violência, segundo Zanatta e Faria (2018), transgride os direitos 
em relação ao sexo, à incolumidade física e os reprodutivos da mulher. Em vista 
disso, as autoras inferem que a violência de gênero é aquela oriunda do preconceito 
e da desigualdade entre homens e mulheres, fortemente imbricada na estrutura da 
sociedade humana, além de demasiadamente patriarcal, sustentada pelas relações 
de dominação e submissão. 
Consoante à violência sexual, Minayo (2006) depreende que, embora existam 
muitas campanhas e programas institucionais relacionados a políticas que procuram 
coibir a violência contra a mulher, tais aparatos institucionais são construídos com a 
finalidade de desnaturalizar, causando um apagamento ou silenciamento velado 
institucional. Portando, as autoras compreendem que tal ato vil faz parte de um 
Windows
Realce
Quais autoras? Só consta a Minayo
 
 
16 
 
processo histórico e cultural, derivado da sociedade patriarcal da qual originamos, e, 
infelizmente, estruturado nela. 
Concluem Minayo (2006) que este processo se fundamenta no campo 
fecundo das relações assimétricas (a imposição da vontade de alguém contra a 
vontade de outrem ou outrens), provenientes da condição de autoridade masculina 
sobre a mulher, as quais geram opressão, domínio, agressão e morte. Assim, é 
mister desconstruir o processo hegemônico de subordinação existente, por meio do 
aumento da autonomia feminina (decorrente da busca pela igualdade de direitos na 
educação, trabalho, etc.), que, igualmente, é percebido pelos homens como uma 
ameaça ao estrato culturalmente construído, provocando rachaduras na hierarquia e, 
logo, construto desencadeador da violência doméstica (SILVA; GOMES; ACOSTA et 
al., 2013) 
 
2.2 MAJORAMENTO DA VIOLÊNCIA EM ÉPOCA DE PANDEMIA COVID – 19 
 
Conforme já mencionado anteriormente, a ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA 
SAÚDE – OMS (2019) classificou a pandemia de COVID – 19 (Corona Virus Disease 
– 2019) como um grave problema de saúde pública devido à sua capacidade de 
disseminação e de suas características infecciosas. Diante deste cenário pandêmico 
que atinge o mundo, governos e entidades sanitárias adotaram o isolamento social 
como estratégia de combate a propagação da doença, a fim de controlar a 
propagação do vírus. 
De acordo com a ONU – Mulher (2020), tal medida de contenção social tem 
revelado um aumento nas estatísticas de violência de gênero, denotando 
vulnerabilidades das relações familiares, e, com isso, o acionamento de gatilhos de 
violência, entre eles: depressão, transtorno de ansiedade, suicídio. Estes gatilhos, 
conforme a OMS (2019), foram sobrecarregados pelos problemas econômicos 
causados pelo isolamento social e suas consequências. Sendo assim, devido a eles, 
ocorreu um fenômeno de natureza social no qual se desencadeou um sentimento de 
frustração masculina do provedor principal (maridos, parceiros íntimos, 
companheiros e até mesmo ex-companheiros) que se viu afetado pelo fato de não 
estar produzindo ou sendo “útil” ao lar, principalmente, nas famílias em que figura 
como único trabalhador, assalariado ou autônomo. 
Windows
Sublinhado
Windows
Realce
Plural, mas consta 1 autora
Windows
Riscado
 
 
17 
 
Neste sentido, pode-se depreender que o convívio em tempo integral dos 
familiares em ambientes que já eram violentos antes da pandemia é efeito deletério 
dela, pois os homens que já tinham o comportamento agressivo antes do evento 
maximizaram suas frustrações e ficaram mais agressivos diante do desemprego e 
falta de dinheiro (consequências inevitáveis do isolamento social e individual). Desse 
modo, embora as mulheres e suas famílias tenham se protegido do mundo externo 
doente, adotando medidas indispensáveis à contenção do vírus, a escolha acarretou 
um efeito colateral. 
Assim, ainda que se sentissem pseudosseguras em suas próprias 
residências, as mulheres foram submetidas a todos os tipos de maus tratos, que 
transformaram o período de isolamento social em um cárcere à mercê de seu algoz. 
Portanto, tais considerações são relevantes e importantes, pois, como infere Lobo 
(2020), o aumento dos casos de violência durante a COVID-19 não está relacionado 
à doença em si, mas a uma estrutura de poder da sociedade, a qual mantém 
relações complexas e reflete a interligação de marcadores opressivos, como: raça, 
classe e gênero. 
 
2.3 ASPECTOS JURÍDICOS DA VIOLÊNCIA SEXUAL 
 
O cenário que se desenha, em relação à violência contra a mulher, diante da 
pandemia não é novo. E a legislação brasileira, em busca de tentativas que 
pudessem coibir o trágico aumento das cifras de violência contra as mulheres no 
Brasil, ganhou no ano de 2006 o suporte da Lei 11.340/06. 
Conhecida como “Lei Maria da Penha” - em homenagem a uma mulher vítima 
de violência doméstica – traz em seu bojo a missão de proporcionar instrumentos 
adequados para enfrentar um problema global de saúde pública. Infere a ementa da 
referida Lei: 
 
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a 
mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados 
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de 
Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras 
providências. (BRASIL, 2006, p.1) 
Windows
Nota
Faltou autor
Windows
Realce
Faltou autor. No referencial teórico precisa constar autores.
Windows
Nota
autores
 
 
18 
 
E, continua o legislador no Art. 2º: 
 
que “toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação 
sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as 
oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde 
física e mental e seu aperfeiçoamentomoral, intelectual e social. (BRASIL, 
2006, p.1) 
 
Nesse contexto, é inegável que a Lei Maria da Penha trouxe avanços 
imensuráveis em relação ao combate à violência contra mulheres vítimas de 
violência sexual. Contudo, a falta de políticas públicas para que o dispositivo fosse 
implementado de forma efetiva no país, foi o motivo para que a lei fosse sendo 
emendada periodicamente, bem como demais leis lhe dessem o devido respaldo. 
Dessa forma, em 07 de agosto de 2009 passou a vigorar a Lei 12.015, que 
conferiu nova redação ao art. 213 do Código Penal Brasileiro, revogando de modo 
expresso o art. 214 do mesmo diploma normativo. Nessa esteira, depreende-se a 
partir da análise do novo disciplinamento que o fato tipificado como estupro (art. 213) 
passou a ser: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter 
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato 
libidinoso” (BRASIL, 2009, np). 
Decorrente dessa nova definição dada pela norma, o delito de estupro passou 
a ser constituído não somente pelo “constrangimento mediante violência ou grave 
ameaça à prática de conjunção carnal”, mas também pelo ato de “constranger a 
vítima a praticar ou permitir que com ela se pratique atos libidinosos diversos da 
conjunção carnal”. Logo, reconfigurando o que antes da edição da Lei 12.015/09 
constituía-se tão somente elemento normativo do delito de atentado violento ao 
pudor, no qual se transcreve o art. 214 do Código Penal Brasileiro: “Constranger 
alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele 
pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal” (BRASIL, 2009, np). 
Contudo, novamente algumas “pontas soltas” ficaram sem ser amarradas, 
parecendo que sempre “falta” alguma coisa para que seja efetivamente cumprida a 
lei de forma integral e sem lacunas, brechas ou opacidades, principalmente quando 
o agente passivo do crime é uma mulher. 
Windows
Nota
Faltou autor
Windows
Nota
faltou autor
 
 
19 
 
Buscando a “amarração” destas “pontas soltas”, a alteração proposta pela Lei 
nº 13.984/2020, estabeleceu o instrumento da medida protetiva, com urgência ao 
magistrado, nos casos de violência doméstica, conforme segue: 
 
LEI Nº 13.984, DE 3 DE ABRIL DE 2020 Altera o art. 22 da Lei nº 11.340, 
de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para estabelecer como 
medidas protetivas de urgência frequência do agressor a centro de 
educação e de reabilitação e acompanhamento psicossocial (BRASIL, 
2020, p.1) 
 
Conota-se que a nova norma alterou a lei Maria da Penha, de modo que a 
autoridade judiciária poderá obrigar eventuais agressores a frequentarem cursos que 
o reabilitem e o eduquem, já a partir da fase investigatória de cada caso registrado 
como crime de violência contra a mulher. Assim, percebe-se que as medidas foram 
inseridas no rol da proteção urgente às vítimas. Contudo, também se depreende da 
nova lei que a reeducação não livrará o acusado-agressor do cumprimento da 
eventual pena ao final do processo, após o transito em julgado do processo judicial 
pela agressão 
Houve também, com o advento da Lei n° 12.845/ 2013, conhecida como a lei 
do Minuto Seguinte, a garantia de uma série de direitos à vítima de violência sexual, 
logo após o cometimento da violência. Sancionada desde 1º de Agosto de 2013, 
com uma campanha maciça integrada ao Ministério Público Federal (MPF), ela 
objetiva garantir o atendimento médico 24 horas por dia, gratuito, para vítimas de 
violência sexual no “minuto seguinte”, em qualquer hospital da rede pública, o 
Serviço Único de Saúde (SUS). 
No entanto, algumas “pontas” seguem desamarradas por falta de informação, 
e nesse caso, bilateral, tanto das vítimas, que se encontram em uma situação 
dramática e acham que só podem recorrer à polícia, quanto dos profissionais do 
SUS, que acusam desconhecer a Lei. Assim, embora as inúmeras campanhas 
publicitárias regulares do Ministério da Saúde feitas para alertar os profissionais da 
área - que desqualificaria a falta de conhecimento da lei -, e o sucateamento do 
serviço de segurança pública - que desestimula as vítimas a denunciarem seus 
agressores quando do registro do crime -, infere-se que a questão cultural e 
discursiva em relação à mulher no Brasil é causa principal, pois a sociedade 
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Faltou autor
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brasileira é patriarcal, e, nesse caso, machista de entranhamento profundo em suas 
estruturas. 
No Rio Grande do Sul, por iniciativa do Tribunal de Justiça do Estado, 
engajou-se maciçamente em campanhas que mobilizassem os segmentos da 
sociedade civil organizada e autoridades constituídas no sentido de sensibilizar e 
facilitar o acesso às redes de serviços especializados para o atendimento da vítima, 
denominada: Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres - REVM 
(2011). Neste sentido, a REVM envolve diversos serviços públicos sendo eles; 
Centros de Atendimento à Mulher em situação de violência, Delegacias 
Especializadas de Atendimento à Mulher, Casas Abrigo, Promotorias 
Especializadas, Núcleos da Mulher nas Defensorias Públicas, Juizados Especiais de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Central de Atendimento à Mulher, 
Ouvidoria da Mulher e serviços de saúde prestadores de atendimento aos casos de 
violência sexual e doméstica. Assim, é necessário inferir que as delegacias 
especializadas, bem como instituições de medicina – legal, garantem também o 
emprego de métodos contraceptivos, testes rápidos e a preservação de qualquer 
material encontrado na região genital que venha a ser usado como forma de prova 
material ou teste de DNA (BRASIL, 2013). 
Nesse diapasão, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, 
engajado ao cenário existente, não obstante a tudo o que tem realizado no território 
gaúcho em prol das políticas públicas de proteção aos direitos da mulher, criou a 
Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica, em 
atendimento à Resolução nº 128 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Desse 
modo, são atribuições da coordenadoria: dar suporte aos magistrados, elaborar 
sugestões para o aprimoramento da estrutura do judiciário ao combate da violência 
contra as mulheres e fornecer dados referentes à Lei “Maria da Penha” 
(ERGS/TJRS, 2019). 
Logo, ao observar as estatísticas dos casos ocorridos no estado do Rio 
Grande do Sul, fruto do trabalho integrado em prol da proteção dos direitos da 
mulher, os quais foram elaborados pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde – 
CEVS (2019), que é uma base de dados do governo alimentada restritamente por 
profissionais da saúde, pode ser visualizado o panorama regionalizado da violência, 
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Nota
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e nesse sentido, compreender as subnotificações dos casos de violência. Destarte, 
por conclusão e, ironicamente, os registros do Sistema de informação de Agravos de 
Notificações, não correspondem em números nem em lógica de atendimento, se 
cotejados aos dados de Segurança Pública. Ou seja, as “pontas” continuam 
“desamarradas”. 
 
2.4 ENQUADRAMENTO HISTÓRICO 
 
O Código de Hamurabi, legislador babilônico consolidou a tradição jurídica, 
harmonizou os costumes e estendeu o direito e a lei a todos os súditos. Seu código 
estabelecia regras de vida e de propriedade, apresentando leis específicas para a 
área da medicina. (PAULA, 1963) 
Segundo Lynch (2011), as práticas de Enfermagem Forense tiveram seu 
início nos Estados Unidos da América (EUA) nas décadas de 70, 80 e 90 do século 
XX. Ela surgiu das ciências forenses, em particular da medicina legal, logo 
estabelecendo um benefício mútuo, constituindo ações de colaboração, em que o 
conhecimento e a responsabilidade são compartilhados, no propósito de atingir 
objetivos comuns. Deste modo, Lynch (2010) a define como sendo a aplicação dos 
aspectos forenses ligados aos cuidadosde saúde, relacionando estes com a 
investigação científica na morte e /ou no tratamento do trauma de vítimas e 
agressores em casos de crimes e eventos traumáticos, portanto, não ignorando 
nunca os conhecimentos biopsicossociais que os enfermeiros possuem. 
O conceito da Enfermagem Forense é atribuído a Enfermeira Virginia Lynch, 
que obteve o reconhecimento desta ramificação das ciências da saúde como uma 
especialidade através da criação da International Association of Forensic Nurses 
(IAFN, 2015), no ano de 1992. Neste ano, 72 enfermeiras norte-americanas e 
canadenses se uniram para formar a IAFN, uma organização que abrange o sistema 
cuidados a saúde junto ao sistema jurídico, atuando de forma dinâmica na aplicação 
de conceitos, estratégias e intervenções a vítimas e agressores nos crimes (IAFN, 
2013). 
A atuação do enfermeiro forense de acordo com a IAFN (2015) está 
diretamente interligada em diversos eventos de violência, negligência, catástrofes, 
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22 
 
entre outros. Estes enfermeiros tinham em comum o fato de serem Sexual Assault 
Nurse Examiner (SANE), ou seja, Enfermeiros Examinadores de Agressões Sexuais. 
No entanto, ainda que o SANE seja reconhecido como uma organização de 
enfermeiros atuantes em situações de violência sexual e suas atribuições, e embora 
a criação da IAFN, a Enfermagem Forense só veio a ser reconhecida como nova 
especialidade profissional pela American Nurses Association (ANA) em 1995 
(TAVARES, 2013). 
 Segundo Tavares (2013), a nova especialidade levou as enfermeiras 
forenses a estabelecerem uma prática de cuidados mais abrangente, logo, 
qualificando o serviço de enfermagem. Desse modo, não só as vítimas de violência 
como também suas famílias, os agressores, a comunidade, os profissionais da 
saúde, o sistema judicial e as polícias estavam interligados em prol de dar o melhor 
encaminhamento às demandas forenses, médicas, sociais, criminais e laborais 
oriundas da violência sofrida. 
Descreve Santos (2013) que no ano de 1997, a IAFN publicou um protocolo, 
onde estão foram estabelecidas as normas de atuação dos enfermeiros forenses na 
área das perícias. Consequentemente, a enfermeira que executa o exame, pode em 
algumas situações ser chamada e ouvida, portanto, atuando como perita no tribunal. 
Diante disso, a fundadora da Associação dos Enfermeiros Americanos, 
Virginia Lynch, autora de uma vasta obra e referência na área da Enfermagem 
Forense, buscou por meio das suas experiências e conhecimentos, sensibilizar as 
autoridades governamentais de vários países bem como a academia, a comungarem 
esforços a fim de divulgar e difundir a enfermagem forense e suas áreas de atuação. 
Esse esforço de Lynch deve-se principalmente ao capital histórico que a Ciência da 
Enfermagem agregou às Ciências Jurídicas no desenvolvimento da Medicina Legal, 
dedicando-se ao enfrentamento da luta contra o crime e a violência (SANTOS 2013). 
Atualmente, a Enfermagem Forense atua em mais de 29 países (por exemplo: 
Canadá, China, Itália, Inglaterra, Portugal, entre outros) e vem sendo aplicada de 
maneira rotineira pelos profissionais especializados na área de conhecimento 
(SILVA, 2009). No Brasil, a legislação pátria por meio do decreto 7.958, de 13 de 
março de 2013, normatizou a atuação do profissional de saúde, no entanto, sem 
definir nomenclaturas que viessem a definir a especialidade, conforme se colaciona: 
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Riscado
Se remete a 2020, teu autor é de 2009
 
 
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O profissional de saúde deve prestar um atendimento humanizado 
observando os princípios do respeito da dignidade da pessoa, da não 
discriminação, do sigilo e da privacidade. Assim como, disponibilização de 
espaço de escuta qualificado e privacidade durante o atendimento, para 
propiciar ambiente de confiança e respeito à vítima (BRASIL, 2013). 
 
Nesse contexto, depreende-se que a especialidade carece de normatizações, 
pois tais instrumentos caracterizaram a profissão e, de certo modo, respaldariam a 
atuação e o atendimento humanizado. Silva (2016) infere que a vítima pode sofrer a 
revitimização a partir da revelação do abuso durante a escuta invasiva prestada por 
um atendimento desumanizado, e, que tal revelação pode levá-la a reviver a 
violência acometida. Assim, os procedimentos (mal) adotados pelo profissional de 
enfermagem podem promover uma exposição desnecessária da vítima a novas 
formas de violência, de características veladas e subjetivas, devido às condições de 
trabalho do local e, consequentemente, do atendimento, por justamente não se 
adotar uma escuta qualificada durante o auxílio médico. 
Em vista disso, é que Lynch (1995) infere que a enfermagem forense, como 
especialidade, promove ao profissional de enfermagem um direcionamento de seu 
conhecimento na área da saúde, no tocante aos aspectos forenses e jurídicos 
relacionados ao cuidado da saúde durante a assistência à vítima de casos de 
violência, inclusive a violência sexual. Lynch (1995) ainda afirma que as habilidades 
dos enfermeiros forenses buscam melhorar as capacidades de investigação e de 
reabilitação, bem como alicerçar as funções preventivas de saúde pública, prestando 
cuidados às vítimas sempre com capacidade e autonomia (SILVA, 2012). 
Por fim, os estudos realizados por Higa et al. (2008), revelam que, nos 
Estados Unidos e no Canadá, os programas de Sexual Assault Nurse Examiners 
(SANE - Enfermeiras Examinadoras de Agressão Sexual) - nos quais o profissional 
de enfermagem é especialista na realização do exame forense em vítimas de 
violência sexual. Os autores, por meio do trabalho cotejado, concluíram que a 
atuação destes profissionais, de modo humanizado no tratamento à vítima, alcançou 
bons resultados na redução do trauma decorrente da agressão, justamente a partir 
da escuta atenta na avaliação inicial e, posterior, no tratamento proativo às vítimas. 
 
 
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Nota
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24 
 
2.5 CONTEXTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM FORENSE NO BRASIL 
 
A Enfermagem Forense no Brasil foi reconhecida pelo Conselho Federal de 
Enfermagem (COFEN), como especialidade com a Resolução nº 389, de 18 de 
outubro de 2011. Dessa maneira, no ano de 2016, o Plenário do Conselho Federal 
de Enfermagem aprovou o Parecer Nº 02/2015 que determina a atuação dos 
profissionais de enfermagem nos Institutos Médicos Legais (IML) e em Laboratórios 
Forenses do Brasil (COFEN, 2015). 
Atualmente, tem vigência a Resolução COFEN n° 581, 11 de julho de 2018, a 
qual robustece a especialidade da Enfermagem Forense dentre as 48 outras 
especialidades descritas no mesmo diploma (BRASIL, 2018). Apesar de ter sido 
reconhecida COFEN, faz-se necessária a disseminação desta carreira no Brasil, a 
fim de que mais bacharéis em Enfermagem possam ter acesso a ela e o corpus de 
estudo da especialidade. 
Nesse contexto, a Resolução COFEN Nº 556, de 15 de agosto de 2017, 
conceitua Enfermeiro Forense como o profissional que possui o bacharelado em 
Enfermagem, portador do título de especialização lato ou stricto sensu em 
enfermagem forense, emitido por uma Instituição de Ensino Superior (IES) 
devidamente reconhecida pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) ou 
concedido por Sociedades, Associações ou Colégios de Especialistas, que deverão 
estar registrados, na forma da Lei, no âmbito do Sistema COFEN/Conselhos 
Regionais (BRASIL, 2017). 
Depreende-se do texto desta Resolução que os Conselhos Regionais só 
devem habilitar os enfermeiros que cursaram a especialização com denominação de 
Enfermagem Forense; portanto, ainda conforme o texto da norma, não poderão 
exercer esse labor, profissionais que detenham cursos com outras denominações 
como perícia criminal ou análise pericial, por terem habilidades e competências 
diferentes. 
Diante das normas institucionalizadas que versam sobre a especialidade 
forense, de fato, esse campo de atuação começou a ser alicerçadono país no ano 
de 2012. No ano de 2015, foi realizado na cidade de Aracaju- SE, o curso Forensic 
Nurse Examiner (FNE), ministrado por Virginia Lynch, Albino Gomes e Jamie Ferrel, 
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25 
 
além de ter apoio de instituições governamentais (Policia Federal, COREN – SE, 
COFEN) e de outras instituições da sociedade civil que objetivaram a implantação da 
Enfermagem Forense no Brasil (ABEFORENSE, 2015). 
Este curso foi realizado devido ao esforço de enfermeiras sergipanas 
preocupadas com o alto índice de violência na capital sergipana, o qual gerava 
inúmeras vítimas, isto posto, aliado à falta de políticas públicas eficientes. Contudo, 
somente mais tarde, no ano de 2016, na cidade de Recife – PE, teve inicio da 1ª 
turma do curso de especialização em Enfermagem Forense, com duração de 22 
meses e carga horária de 480 horas/aula (BRASIL, 2016). Portanto, esta pós-
graduação, pioneira no país, dispunha de uma grade curricular que serviu como 
modelo para outros cursos que ocorreram posteriormente, devido a sua abrangência 
descritiva e consoante aos objetivos da Enfermagem Forense. 
Nesta esteira, a Associação Brasileira de Enfermagem Forense 
(ABEFORENSE) surgiu no ano de 2015, obtendo seu reconhecimento junto ao 
COFEN através do Parecer N° 31/2015. A referida associação, de modo análogo ao 
COFEN, regulamenta o campo de atuação da Enfermagem Forense no país, 
auxiliando na formação e divulgação da especialidade em todo o território nacional. 
(ABEFORENSE, 2018). 
Desse modo, nesta perspectiva de divulgação, o COFEN, em parceria com a 
Câmara Técnica de Legislação e Normas do COFEN, de Minas Gerais, elaborou o 
Parecer nº 16/2016 (Brasil, 2017), que reconhece a possibilidade do enfermeiro ser 
nomeado para realizar laudos de lesões corporais leves em processos criminais. Por 
conseguinte, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), em reunião 
extraordinária remota, concedeu parecer favorável ao Projeto de Lei nº 368/2019 
(DISTRITO FEDERAL, 2019), que dispõe sobre a criação de cargos públicos na 
área de Enfermagem Forense na administração pública do DF. Destarte, tanto as 
normas infralegais em nível de abrangência nacional como as normas primárias 
localizadas apontam que os Enfermeiros Forenses estão habilitados para tal prática. 
Assim sendo, a Enfermagem Forense vem ganhando reconhecimento devido 
aos esforços conjuntos de associações e instituições que objetivam reduzir os 
impactos da violência no cenário brasileiro, principalmente no atendimento eficiente 
das vítimas e encaminhamento aos órgãos jurisdicionais. Contudo, ela necessita de 
http://legislacao.cl.df.gov.br/Legislacao/consultaProposicao-1!368!2019!visualizar.action#_blank
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uma maior divulgação, além de uma melhor preparação dos profissionais que atuam 
na área, a fim de que se aumente sua abrangência como especialidade. (COELHO, 
2013). 
 
2.6 TRANSVERSALIDADES DA ENFERMAGEM FORENSE NA INVESTIGAÇÃO 
DOS CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
 
Segundo os Descritores de Saúde – DecS (2020), a Enfermagem Forense é a 
especialidade da prática de enfermagem da qual decorre os cuidados e amparos 
durante a prática laboral às vítimas de crimes em que houve sofrimento físico e 
emocional, bem como a identificação, coleta e preservação das evidências para o a 
posterior ação jurisdicional. Desse modo, a fim de subsidiar o sistema jurídico para 
fins da eficácia do Direito, e minimizar o trauma resultante da violência sofrida, é 
mister que os profissionais enfermeiros possuam conhecimentos para identificar, 
avaliar e cuidar das vítimas, fornecendo lenitivos físicos, emocionais e sociais 
(COELHO; CUNHA; LIBÓRIO, 2016, FREITAS; NASCIMENTO, 2019). 
Conforme Moreira et al., (2014), os serviços de saúde se constituem como a 
principal porta de entrada para o atendimento às mulheres vítimas de violência 
sexual. Desse modo, percebeu-se a importância do profissional de enfermagem, 
visto que é ele que realiza o atendimento inicial e, posterior, acolhimento a essas 
vítimas que chegam aos serviços de saúde, sendo necessária a sua atuação com 
competência e habilidade na avaliação preliminar. Nesse contexto, tornou-se 
fundamental que os agentes atuantes nessa rede de enfrentamento – enfermeiros - 
fossem devidamente capacitados para estes fins, visando à construção de 
evidências. Portanto, a partir da compreensão do fenômeno deste tipo de violência, 
seriam subsidiados às vítimas atendimentos mais qualificados por meio da 
articulação e da integração dos serviços e das instituições envolvidas 
(CAVALCANTI, 2019). 
Nesse diapasão, Coelho, Cunha e Libório (2016) e Freitas e Nascimento 
(2019) inferem que a enfermagem forense, como prática laboral, aborda os 
conceitos gerais da enfermagem, de acordo com os princípios das ciências forenses. 
Consequentemente, com a integração destas ciências, ocorrerá a promoção dos 
 
 
27 
 
cuidados às vítimas e agressores, portanto, aplicando a legislação pertinente de 
modo eficiente em relação aos cuidados indispensáveis a elas. 
Silva (2009) e Freitas e Nascimento (2019) aduzem que o enfermeiro forense, 
além de suas atribuições previstas - reconhecer, intervir e avaliar vítimas de 
violência, doença e morte -, deverá, ainda, proceder no exame e coleta de 
evidências, prestando os cuidados às vitimas, com capacidade e autonomia. 
Isto posto, pode-se inferir que a Enfermagem Forense tem um foco de 
atuação profissional de importância singular à sociedade, logo, justificando que 
sejam formuladas políticas públicas as quais estimulem o seu exercício pelos 
profissionais de Enfermagem. Contudo, no Brasil, ela é ainda pouco conhecida, e, 
por conseguinte, não há muitos profissionais que laboram em seu campo de 
atuação. Assim, depreende-se que este desconhecimento se origina da falta de 
ações que motivem seu desenvolvimento no âmbito acadêmico. (COFEN, 2020) 
O bacharel em Enfermagem que decide percorrer os trilhos da sua prática 
profissional, alicerçada à prática forense, incluirá em sua bagagem acadêmica 
habilidades inerentes ao campo de atuação. Este profissional estará habilitado às 
práticas de saúde mental, de enfermagem correcional, de consultoria legal em 
enfermagem, de saúde pública, de segurança e de serviços de trauma e 
emergência. Ou seja, conforme Gomes (2014), a formação de um enfermeiro 
forense estará em permanente aplicação com as ciências jurídicas, a partir de um 
trabalho qualificado e intervencionista, visando contribuir no combate a todas as 
formas de violência, com conhecimento técnico-científico, onde o foco é o bem-estar 
da família, da comunidade e da vítima 
 Gomes (2014) acresce que as competências da enfermagem forense se 
definem como um conjunto de habilitações técnico–profissionais que tem como 
objetivo aplicar o conhecimento do processo de enfermagem aos processos 
judiciais, abordando as situações que envolvam situações de violência sexual, a fim 
de identificar e documentar lesões forenses, que culminem na orientação das vítimas 
e/ao encaminhamento delas para apoio psicológico, social e jurídico. Diante disso, a 
especialidade da enfermagem forense oferece ao profissional inúmeras 
possibilidades de desempenhar suas habilidades e competências, de modo 
significativo, em diversas áreas laborais, a saber: escolas, hospitais, comunidade, 
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emergências, centros de saúde em instituições médico-legais. Assim sendo, Gomes 
(2014) infere que, o profissional da enfermagem forense poderá operacionalizar seus 
conhecimentos em qualquer âmbito onde existam pessoas em situações de 
vulnerabilidade ou a pedido da autoridade policial ou judiciária, atuar em casos de: 
maus tratos, abuso sexual, trauma e outras formas de violência; investigação da 
morte; enfermagem psiquiátrica-forense;preservação de vestígios; testemunho 
pericial; consultoria; e desastre de massa (SILVA, 2009). 
Dessa gama de casos e situações, Gomes (2006) aduz que a maioria das 
vítimas que adentram aos serviços de saúde padece de lesões físicas e psicológicas 
oriundas de violência doméstica, abuso sexual e negligência; portanto, faz-se 
necessário um trabalho que vise à promoção de cuidados e a prevenção dos indícios 
e, deste modo, comunicar preliminarmente, a partir de um acolhimento eficaz e 
eficiente. 
Diante da necessidade deste acolhimento, Batistetti (2020) infere que este é 
essencial, tornando-se um envolvimento de empatia com a vítima, perpetrador ou 
família, a fim de obter respostas que conduzam ao êxito do trabalho de humanização 
do envolvido. Em vista disso, os enfermeiros de emergência devem adquirir uma 
ampla gama de conhecimentos sobre trauma forense, buscando não limitá-los, mas 
sim, aumentá-los no intuito da competência proativa que se requer no atendimento 
aos crimes contra mulheres vítimas de agressões sexuais. 
Outrossim, de acordo com Da Silva (2018), urge a necessidade de mudanças 
no enfrentamento da realidade, e, com isso, percebe-se a necessidade de inserir nas 
ementas dos cursos da área de saúde, principalmente no curso de Enfermagem, das 
Instituições de Ensino Superior. Propostas de componentes curriculares que 
possibilitem uma maior abrangência sobre o tema da violência sexual, a fim de 
romper as fissuras e lacunas do conhecimento formativo dos discentes para sua 
atuação na prática em um futuro breve, seriam de bom alvitre para a comunidade 
acadêmica, além de cursos de extensão e projetos extensionistas e de pesquisa 
cientifica que fomentem a discussão do assunto. 
Enfim, além destes atributos profissionais que os cursos e academias devem 
fornecer ao egresso da enfermagem forense, também se faz necessário que o 
profissional de enfermagem que deseje seguir este campo de atuação tenha 
 
 
29 
 
sensibilidade aguçada e alteridade para bem atender as vítimas de violência sexual. 
O enfermeiro forense, ao estabelecer uma relação de interação respeitosa com ela, 
tendo como suportes seu conhecimento na ciência da enfermagem e nos aspectos 
legais e jurídicos – atendimento multiprofissional e humanizado - que envolvem a 
situação, evitará a revitimização dessas vítimas. Pois, quanto mais informações 
forem colhidas durante o acolhimento desta vítima, informando-a em relação aos 
seus direitos, e, possibilitando que ela entenda a necessidade da notificação do 
crime aos órgãos jurisdicionais, melhor será o encaminhamento de evidências, e 
mais eficaz será a ação por parte da justiça, evitando, logo, a revitimização. 
(BRASIL, 2012). 
Portanto, a enfermagem, como exercício de prática social e humana, vem 
diretamente ao encontro das questões sociais e culturais que afetam a mulher, 
vítima de tantas agressões, sempre subjugada pela sociedade patriarcal. Logo, a 
enfermagem forense coloca-se como linha de frente na atenção primária, secundária 
e terciária no atendimento destas vítimas. Assim sendo, torna-se impreterível a 
necessidade da presença deste profissional capacitado e especializado, que poderá 
melhor acolher esta minoria que carece de um olhar holístico para lidar com os 
traumas físicos e psicológicos (FERREIRA; PÉRICO; DIAS, 2019). 
 
 
 
 
30 
 
3 MÉTODO 
 
A seguir, apresenta-se o percurso metodológico adotado nesse estudo. 
 
3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO 
 
Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo da violência sexual contra 
mulheres no estado do Rio Grande do Sul, no período de 2014 a 2018. 
 
3.2 ASPECTOS ÉTICOS 
 
Os dados utilizados nesse estudo são de domínio público e acesso universal, 
estando de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) 
inerente à responsabilidade no uso dos dados. 
 
3.3 COLETA DE DADOS 
 
Os dados são oriundos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação 
(SINAN) registrados no período de 2014 a 2018. Ressalta-se que a base de dados 
mencionada está contida no Departamento de Informática do SUS (DATASUS) de 
acesso livre e universal. 
As variáveis procedentes do SINAN são: raça/cor, escolaridade, local de 
ocorrência, faixa etária, parentesco do agressor, taxas de violência ponderadas pela 
população, evolução do caso, ano, mês, taxas da violência sexual, e 
encaminhamento para o setor da saúde. Os dados coletados são disponibilizados 
pelo DATASUS em planilhas eletrônicas, cabendo ao pesquisador a organização e 
tratamento dos dados. Ressalta-se que a descrição das variáveis respeitará as notas 
técnicas do DATASUS (2019). 
 
3.4 ANÁLISE DOS DADOS 
 
Este estudo utilizou métodos descritivos de análise de forma univariada com 
índices expressos em percentuais e ponderados pela população. Adicionalmente a 
 
 
31 
 
descrição das variáveis, utilizou-se referências da enfermagem forense na 
contextualização social e de saúde dos resultados. Acredita-se que ao agregar essa 
perspectiva analítica, seja possível estabelecer transversalidades entre o 
comportamento epidemiológico dos registros e as possibilidades de atuação do 
enfermeiro forense. Para tanto os dados serão colhidos e armazenados em tabelas a 
fim de descrever os dados analisados em estatísticas simples. 
A interpretação e análise dos dados coletados serão desenvolvidas utilizando-
se métodos em percentuais, os quais foram mensurados de acordo com as 
informações dispostas em tabelas e/ou gráficos. Desse modo, facilitar-se-á 
estabelecer relações entre os resultados e o problema da pesquisa. Nesta etapa, 
almeja-se responder ao problema proposto e aos objetivos de pesquisa, os quais 
serão apresentados nos resultados obtidos de forma visível e estruturada, geral e 
sistematizada sobre a realidade, fundamentados à luz do referencial teórico 
(PRODANOV; FREITAS, 2013). 
 
 
 
 
32 
 
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
No período cotejado pelo presente estudo, ocorreram 7.228 casos de 
violência sexual contra mulheres no Estado do Rio Grande do Sul. Os dados indicam 
que esse tipo de violência concentra-se dos 5 a 19 anos, totalizando 65,4% do total 
de dados, sendo a faixa etária mais prevalente a de mulheres entre 10 a 14 anos 
com 32,15% dos registros (Tabela 1). 
 
Tabela 1 – Faixa etária, raça/cor e escolaridade. 
Variável 7228 (N) 100 (%) 
Faixa Etária 
< 1 ano 59 0,81 
1 a 4 anos 663 9,17 
5 a 9 anos 1295 17,91 
10 a 14 anos 2324 32,15 
15 a 19 anos 1109 15,34 
20 a 29 anos 804 11,12 
30 a 39 anos 486 6,72 
40 a 49 anos 257 3,55 
50 a 59 anos 133 1,84 
60 e mais 91 1,25 
Ignorado/ branco 7 0,09 
Raça/Cor 
Branca 5415 74,91 
Parda 863 11,94 
Preta 650 9 
Indígena 42 0,58 
Amarela 27 0,37 
Sem informação 231 3,19 
Escolaridade 
Analfabeto 52 0,71 
1ª a 4ª série incompleta do EF 1.052 14,55 
4ª série completa do EF 244 3,37 
5ª a 8ª série incompleta do EF 2.011 27,82 
Ensino fundamental completo 405 5,6 
Ensino médio incompleto 511 7,07 
Ensino médio completo 384 5,31 
Educação superior incompleta 163 2,25 
Educação superior completa 122 1,68 
Não se aplica 1.229 17 
Ignorado/branco 1.055 14,59 
Fonte: (SINAN/SUS), elaboração da tabela SOUZA, D, setembro de 2020. 
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Nota
Rever títulos das tabelas e gráfico, deve constar "violência sexual contra mulheres no Estado do Rio Grande do Sul"
 
 
33 
 
Observa-se, ainda na tabela 1, que as mulheres com escolaridade até o 
ensino fundamental completo perfazem 52,05% dos registros. Mulheres com 
escolaridade entre a 5ª a 8ª série incompleta somaram 27,82% do total de eventos, 
contrastando com mulheres com ensino superior completo, cujas taxas foram de 
1,68%. Nesse sentido, entende-se que o acúmulo de anos de estudo possa 
funcionar como fator protetivo para violência sexual nesse contexto de pesquisa. 
Destacam-se características como: ser jovem – criança e adolescente -,de 
raça/cor branca com a prevalência de 74,91% e de nível escolar inferior – 5º ao 8º 
ano do Ensino Fundamental Incompleto. Indica-se ainda que 74,91% da prevalência 
são de raça branca, 9% da raça preta e 12,89% são da raça parda, indígena e 
amarela (Tabela 1). 
 Também fica evidenciado que o número de notificações de violência sexual 
vem aumentando entre as vítimas que têm baixa escolaridade, e isso se deve aos 
poucos avanços na conscientização dessa população (ANDRADE et al., 2001; 
GOMES et al., 2006, e JUSTINO et al., 2015). 
A Cartilha do Ministério dos Direitos Humanos 2018 aduz que a reação da 
alteridade faz parte da própria natureza da sociedade e em diferentes épocas são 
marcadas por questões culturais, religiosas e educacionais. Nesse sentido , o meio 
em que elas se encontram e se imbricam, são questões que se remetem ao 
etnocentrismo. 
É importante ressaltar que a ênfase deste trabalho é a violência sexual sofrida 
por mulheres, independentemente da idade. Frisa-se que as vítimas crianças e 
adolescentes do sexo feminino que sofreram violência sexual também foram 
cotejadas na pesquisa. Deste modo, pode-se denotar, acerca dos dados coletados, 
que fatores associados ao medo, à vergonha e a estereótipos sociais puderam ser 
variáveis de casos notificados ou não aos órgãos jurisdicionais. (JUSTINO et al., 
2015). 
Diante ao exposto, a Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que estabelece o 
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, prevê que os casos suspeitos ou 
confirmados de violência contra a criança e adolescente devem ser amplamente 
notificados ao Conselho Tutelar e/ou à autoridade competente da localidade 
(BRASIL, 1990). 
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Nota
Precisa referenciar se você trás uma cartilha.
 
 
34 
 
É mister aduzir que toda criança tem direito a uma infância segura, na qual 
possa gozar do seu direito de ser criança, de brincar, de aprender e de ser protegida 
contra qualquer forma de violência. Todavia, infelizmente, no Brasil, a cada 15 
minutos uma criança ou adolescente é vítima de violência sexual. Nesses casos, a 
violência ocorre dentro de casa e o agressor, geralmente, é um familiar ou alguém 
conhecido dos familiares. 
Assim, não somente a violência sexual, mas também tantas outros tipos de 
violência deixam traumas para a vida toda. Logo, essas crianças e adolescentes não 
devem ser revitimizadas ou expostas, pois elas precisam de acolhimento, de cuidado 
e da garantia de seus direitos. (UNICEF, 2020) 
De fato, de acordo com os dados tabulados, foi notória a proporção de 
violência de repetição (Tabela 2), 44,52% e, infere-se que esta variável possa 
ocorrer em virtude de que o agressor geralmente possui um vínculo de confiança ou 
relação de poder parental ou social com a vítima de violência sexual (RATER et al., 
2011; CERQUEIRA;COELHO, 2014; MASCARENHAS et al., 2016). 
Esta proximidade de relações intrafamiliares ou sociais pode propiciar ao 
agressor certo grau de facilidade em sua abordagem, e, posterior repetição da 
violência. Sendo assim, Souto (2018) infere que essa premissa se opõe à concepção 
da casa como um abrigo seguro, que serviria de fonte de desenvolvimento para 
crianças e adolescentes. Portanto, essa recorrência pode ter sido a variável de 
aumento de notificações efetuadas por responsáveis de menores de 14 anos, pois 
entende – se que os agressores eram próximos a estes, e, certamente se utilizaram 
de violência psicológica para coagi-los (LEITE et al., 2017). 
 
Tabela 2 – Violência de repetição e evolução do caso 
Continua 
Variável 7228 (N) 100(%) 
Violência de Repetição 
Sim 3.218 44,52 
Não 2.809 38,86 
Ignorado 1.177 16,28 
Em branco 24 0,33 
Evolução do Caso 
Alta 833 11,52 
Evasão/fuga 10 0,13 
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Riscado
 
 
35 
 
Tabela 2 – Violência de repetição e evolução do caso 
Conclusão 
Variável 7228 (N) 100(%) 
Evolução do Caso 
Óbito por violência 2 0,02 
Ignorado e brancos 6.313 88,30 
Fonte: (SINAN/SUS), elaboração da tabela SOUZA, D, setembro de 2020 
 
Em relação à evolução dos casos, nota-se que 88,30% são ignorados e em 
branco, logo, um número expressivo. Compreende-se que, tal lacuna poderia ser 
oriunda de causas patriarcais, fenômenos de medo e insegurança, devido ao fato de 
os pseudonotificantes estarem sob o jugo de relações de poder familiares e não 
acreditarem no poder judiciário e as longas demoras nas filas dos órgãos policiais. 
Nesse sentido, Rios (2020) infere que a violência intrafamiliar está marcada 
por questões históricas e culturais. Em lares marcados por relações patriarcais nos 
quais somente o homem é o provedor, as barreiras decorrentes dessa condição 
econômico-social são difíceis de serem rompidas justamente pela relação de 
submissão social e dependência econômica. Embora exista uma pseudossegurança 
no lar, ele ainda é um ambiente ameaçador para muitas vítimas pela presença do 
opressor, e, portanto, por tal condição, impõe-se o silêncio, a censura, a violação 
velada de direitos às crianças, aos adolescentes e às mulheres. 
Além disso, pode-se deduzir que a falta de notificação também se deve a 
fatores que interagem no atendimento à vítima, logo, seja pela falta de recursos 
humanos no ambiente laboral e o conseqüente atarefamento pela condição 
multiprofissional, seja por não estarem preparados para esse acolhimento discursivo 
que denota outridade, interação ou interdependência do outro. Assim, a vítima fica 
sem saber como proceder diante da agressão sofrida e aceita – num movimento de 
silenciamento – diante do despreparo ou assoberbamento do profissional, ser 
medicado, retornando para a (in)segurança do lar, junto ao agressor. 
 Desse modo, conclui-se que as notificações compulsórias, diante dos dados 
mensurados, não são realizadas pelo motivos apontados, denotando o despreparo 
técnico científico, baixo quantitativo de normativas técnicas, falta de aparato legal 
aos incumbidos de realizar a notificação, equívocos na constatação da violência pelo 
atendimento em saúde e ruptura do sigilo profissional (DELZIOVO et al., 2018). 
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Realce
ao inferir algo, você precisa ter os dados, ou apresenta um autor que também tem essa posição.
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Realce
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Realce
conclui o teu trabalho ou dos autores? deixar claro. E sugiro não concluir na análise e sim na conclusão.
 
 
36 
 
Tabela 3 – Local da ocorrência e Agressor 
Variável 7228 (N) 100(%) 
Local da Ocorrência 
Residência 4.880 67,51 
Via pública 967 13,37 
Bar ou Similar 125 1,73 
Comércio/Serviços 114 1,57 
Escola 88 1,21 
Habitação Coletiva 64 0,88 
Local de pratica esportiva 22 0,30 
Indústria/ construção 8 0,11 
Outros 504 6,97 
Ignorado 453 6,26 
Em Branco 3 0,04 
Agressor 
Amigos 1.729 23,92 
Outros vínculos familiares 1.211 16,75 
Padrasto 925 12,79 
Pai 768 10,62 
Cônjuge 269 3,72 
Irmão 204 2,82 
Ex-cônjuge 141 1,95 
Cuidador 70 0,97 
Chefe 20 0,27 
Namorado 1 0,01 
Ex- namorado 1 0,01 
Outros desconhecidos 2.069 28,62 
Fonte: (SINAN/SUS), elaboração da tabela SOUZA, D, setembro de 2020 
 
Acerca das variáveis intervenientes que mensuram os locais nos quais a 
violência sexual se consumou, pode-se inferir que esta ocorreu na residência das 
vítimas em um total de 67,51%, sendo 13,37% em via pública. (Tabela 3). 
Percebe-se essa relação justamente em razão do aumento das notificações 
ocorridas dentro da residência, logo, tal correlação permite questionar se as políticas 
públicas de prevenção à violência sexual estão estimulando uma maior notificação 
de casos relacionados a ela que ocorram dentro da residência. (SILVA et al., 2013; 
CERQUEIRA; COELHO; FERREIRA, 2017) 
 
 
37 
 
Em relação ao perpetrador, 23,92% dos crimes são cometidos pelos amigose 
16,75% pelos conhecidos com vínculos afetivos à família da vítima, por exemplo, 
cometidas por tios ou avós, caracterizadas como violência doméstica intrafamiliar, 
pois há a coabitação e pelos vínculos familiares. Já a violência sexual extrafamiliar 
ocorre fora das relações familiares, e seus agentes geralmente são vizinhos e 
colegas, figurando com 28,62% dos crimes tabulados. 
Gomes (2014) infere sobre a importância da enfermagem forense nesses 
casos, fazendo-se necessárias intervenções em um plano de cuidado, visto a 
capacidade técnica para perceber as linguagens corporais e psicológicas desses 
pacientes vulneráveis. 
Nos gráficos 1 e 2, estão expostas as características de incidência temporal. 
Verifica-se no gráfico 1 que houve a variação entre os anos de 2014 a 2017, não 
seguindo um padrão. Em contrapartida, ao observarmos o período de 2014 a 2016, 
nota-se que a curva decresceu, e, no ano de 2018, ocorreu o aumento das 
notificações em 26,67%. 
 
Gráfico 1 - Distribuição de casos de violência sexual por ano 
Fonte: (SINAN/SUS), elaboração da tabela SOUZA, D, setembro de 2020 
 
 
 
38 
 
Gráfico 2 - Distribuição de casos de violência sexual por meses. 
 
 
Fonte: (SINAN/SUS), elaboração da tabela SOUZA, D, setembro de 2020 
 
 
Assim, apesar da elevação dos números de notificações no ano de 2018, 
infere-se que, nos anos anteriores, também possa ter ocorrido a diminuição das 
notificações devido à maior resolução de conflitos no serviço que prestou o 
atendimento inicial, tornando, assim, desnecessário o encaminhamento. 
Nesse sentido, o comportamento das notificações no período mensurado, 
observando a distribuição temporal de acordo com as tabelas, permite-nos notar 
primeiramente, uma incongruência temporal de casos, tanto ao longo dos anos, 
quanto ao longo dos meses. Consequentemente é possível inferir que as 
notificações de violência sexual, como crime de natureza típica de um sistema de 
relacionamento intrafamiliar ou intrassocial, tem sua intensidade de notificações nos 
meses de inverno (CERQUEIRA; COELHO; FERREIRA, 2017). 
Observando a variação do gráfico em relação às notificações de violência 
sexual, no período em comento, pode-se concluir que o fato de ter se dado o 
aumento real do número de casos notificados decorre de três possíveis situações: 
conscientização das vítimas; conscientização dos profissionais de saúde que 
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Realce
fico questionando essa tua inferência, sem um dado ou autor para comparar.
Windows
Realce
teu ou dos autores?
Windows
Realce
qual gráfico? conclui como, através de que dados? ou são dos autores?
 
 
39 
 
realizam o primeiro atendimento; e, melhores condições estruturais de unidades que 
possuem condições para notificar (CERQUEIRA; COELHO; FERREIRA, 2017). 
Sendo assim, Baptista (2015) acresce que o primeiro contato da vítima 
acontece com o profissional enfermeiro, assim é primordial sua capitação e 
treinamento para atendimento e investigação da Violência Sexual (BAPTISTA et al., 
2015). 
Nessa esteira, aduz Bezerra et al. (2018) que o atendimento às vítimas de 
violência sexual, no Brasil é fragmentado, com ambientes despreparados para o 
acolhimento, além do despreparo dos profissionais para atendimento das vítimas, 
portanto, é mister preparar o profissional para este tipo de atendimento. Logo, é 
pela via da atividade laboral forense que se encontrará o auxílio na identificação da 
vítima de violência, possibilitando um olhar diferenciado à violência sofrida como um 
todo. 
Desse modo, a enfermagem forense no Brasil pode atuar em vários cenários 
da violência, em especial, prestando assistência e cuidados às vítimas de violência, 
identificando sinais clínicos resultantes de atos criminosos, sejam físicos, sexuais, 
vindos de maus-tratos ou decorrentes de processos traumáticos conforme aqui 
tabulados e analisados. Assim, a enfermagem forense se insere na educação, nos 
exames e investigação forenses, no tratamento e acolhimento, na documentação e 
no cuidado com a população vulnerável. 
 
 
 
40 
 
5 CONCLUSÃO 
 
Lamentavelmente, a violência sexual continua presente no dia a dia das 
mulheres gaúchas. Embora existam esforços do Estado por meio de políticas 
públicas que visam consolidar os esforços e a atuação dos órgãos para o 
atendimento e enfrentamento da violência contra a mulher, no entanto, o Rio Grande 
do Sul segue com suas estatísticas de forma crônica e instável. Sendo assim, o que 
acontece no sul somente reflete o que ocorre no Brasil, que, infelizmente, é 
recordista em índices de violência sexual. 
 Vislumbrou-se nesta pesquisa que as leis específicas ao enfrentamento da 
violência sexual, por si só, quanto ao caráter normatizador, punitivo e educativo 
delas, não conseguem frear ou inibir o agressor. O enfrentamento da violência 
contra a mulher exige muito mais do que leis e tentativas inócuas de impedi-la. Tal 
ação exige a ruptura de barreiras e de preconceitos; logo, urge a necessidade de 
práticas que possibilitem o acolhimento eficaz nos hospitais e postos de atendimento 
médico visando à outridade que denuncie os silêncios impostos que revitimizam 
mulheres pelo temor e vergonha. 
Nesse sentido, a enfermagem forense, como campo de atuação 
especializada, enfrenta diretamente todos os tipos de violência que possam vir a 
afetar um indivíduo ou uma população, não estando direcionada apenas à morte, 
evitando a revitimização da vítima, familiares e perpetradores. Portanto, percebe-se 
a importância e a necessidade de qualificação do profissional de enfermagem 
forense, capacitando-o com habilidades e competências que consolidem uma ação 
humanizada, qualificada, consistente e resolutiva, capazes de contribuir para a 
melhoria das práticas de cuidado em saúde. 
Sendo assim, a pesquisa realizada cumpre papel informativo ao oferecer 
visibilidade ao tema e propor uma interlocução com enfermagem forense. Portanto, 
suscitou-se a necessidade de explorar as transversalidades da enfermagem forense 
com a temática e sua formação como especialidade, no intuito de capacitar o 
profissional de saúde para o acolhimento humanizado especializado, tendo um olhar 
holístico na prestação do cuidado e, com isso, mais qualificado e integro às 
mulheres vítimas de violência sexual. 
Windows
Nota
Sugiro trazer aqui a subnotificação.
 
 
41 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
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atendimento em mulheres vítimas de violência sexual. Revista Brasileira de 
Ginecologia e Obstetrícia, v. 23, n. 9, p. 583-587, 2001. 
 
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modificações implementadas pela Lei nº 12.015/2009. Jus Navigandi, Teresina, 
ano, v. 13. 
 
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. 18f. Aracaju, 2015. 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 6023: dispõe 
da informação e documentação- Referências - Elaboração. Rio de Janeiro, 2002. 
 
––––––. ––––––. NBR 14724: dispõe da informação e documentação- Trabalhos 
Acadêmicos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2011. 
 
BAPTISTA, R. S. et. al. Violência sexual contra mulheres: a prática de enfermeiros 
Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste. Vol. 16, n. 2, p. 210-217, 2015. 
 
BATISTETTI, L. T.; DE LIMA, M. C. D.; SOUZA, S. R. R. K. A percepção da vítima 
de violência sexual quanto ao acolhimento em um hospital de referência no 
Paraná. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental, p. 168-174, 2020. 
 
BEZERRA, J. F. et al. Assistência à mulher frente à violência sexual e políticas 
públicas de saúde: revisão integrativa. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, 
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Outubro de 2011. Atualiza no âmbito do Sistema Cofen os procedimentos para 
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especialidades. Diário Oficial da União. Nº 202, Brasília, DF, 20 de outubro de 2011. 
Disponível em: < http://www.cofen.gov.br/ > Acesso em: 22 jun. 2020. 
 
––––––. ––––––. Resolução Cofen nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Trata de 
pesquisas em seres humanos e atualiza a resolução 196. Disponível em: 20 de 05 
2020 https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf. Acesso em: 13 
abr. 2020. 
 
––––––. ––––––. Resolução Cofen Nº 556, de 23 de Agosto de 2017. Regulamenta 
a atividade do Enfermeiro Forense no Brasil, e dá outras providências. Diário Oficial 
da União. Nº 164. Brasília, DF, 25 de agosto de 2017. Disponível em: 
http://www.cofen.gov.br/ Acesso em: 22 jun. 2020 
Windows
Realce
somente as iniciais
 
 
42 
 
 
––––––. ––––––. Resolução Cofen N° 564, de Novembro de 2017. Código de Ética 
dos Profissionais de Enfermagem. Diário Oficial da União. Disponível em : 
https://www.portalcorenrs.gov.br/docs/Codigo%20de%20etica/codigoetica.pdf. 
Acesso em: 22 jun. 2020. 
 
––––––. ––––––. Resolução nº 581, de 11 de julho de 2018. Atualiza, no âmbito do 
Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, os procedimentos para 
Registro de Títulos de Pós – Graduação Lato e Stricto Sensu concedido a 
Enfermeiros e aprova a lista das especialidades. Disponível em: 
http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-n-581/2011_8036.html. Acesso em: 14 abr. 
2020. 
 
––––––. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 
1998. Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. Brasília: Secretaria de 
Políticas para as Mulheres. 2011. 
 
––––––. Decreto nº 7958. Estabelece diretrizes para o atendimento às vítimas de 
violência sexual pelos profissionais de segurança pública e da rede de atendimento 
do Sistema Único de Saúde. 2013. 
 
––––––. Lei nº 2848. Código Penal Brasileiro. 07 de dezembro de 1940 Penal, e o 
art. 1º da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe sobre os crimes 
hediondos, nos termos do inciso XLIII do art. 5o da Constituição Federal. 
 
––––––. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e 
do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm Acesso em: 29 set. 2020. 
 
––––––. Lei nº 10.778. Estabelece a notificação compulsória, no território nacional, 
do caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos 
ou privados. 2003. 
 
––––––. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a 
violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da 
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, 
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados 
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo 
Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2006/Lei/L11340.htm. Acesso em: 13 abr. 2020. 
 
––––––. Lei nº 12.015, de 07 de agosto de 2009. lei alterou o Código Penal 
Brasileiro no que cerne aos crimes sexuais. Primeiramente a lei alterou o título, onde 
antes era conhecido por “Dos Crimes Contra os Costumes”, com a nova redação é 
conhecido por “Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual”.. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
 
 
43 
 
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2009/lei-12015-7-agosto-2009-590268 
exposicaodemotivos-149280-pl.html Acesso em: 19 jun. 2020. 
 
––––––. Lei nº 12.845, de 01 de agosto de 2013. Dispõe sobre o atendimento 
obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12845.htm Acesso 
em: 19 jun. 2020. 
 
––––––. Lei Nº 13.104. Altera o art. 121 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora 
do crime de homicídio, e o art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, para 
incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. 09 de março de 2015. Penal, e o 
art. 1º da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe sobre os crimes 
hediondos, nos termos do inciso XLIII do art. 5o da Constituição Federal. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13104.htm#:~:text=Altera%20o%20art.,no%20rol%20dos%20crimes%
20hediondos. Acesso em: 22 abr. 2020. 
 
––––––. Lei nº 13.984, de 03 abr. 2020. Altera o art. 22 da Lei nº11.340, de 7 de 
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medidas protetivas de urgência frequência do agressor a centro de educação e de 
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––––––. Ministério da Educação - Sistema e-MEC. Instituições de Educação 
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https://emec.mec.gov.br/emec/nova. Acesso em: 22 jun. 2020. 
 
––––––. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Ações Programáticas Estratégicas. Prevenção e tratamento dos agravos resultantes 
da violência sexual contra mulheres e adolescentes: norma técnica / Ministério da 
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Estratégicas. – 3. ed. atual. e ampl., 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 
124 p. 
 
––––––. ––––––. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema de Informação de 
Agravos de Notificação - SINAN NET. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, SEXUAL E /OU 
OUTRAS VIOLÊNCIAS – RIO GRANDE DO SUL. Disponível em: 
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/violers.def Meses//// . 
Acesso em: 27 ago. 2020. 
 
––––––. ––––––. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema de Informação de 
Agravos de Notificação - SINAN NET. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, SEXUAL E /OU 
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http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/violers.def
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/violers.def
 
 
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Agravos de Notificação - SINAN NET. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, SEXUAL E /OU 
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Raça/// 
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Faixa etaria/// 
 . Acesso em:

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