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0 UNIVERSIDADE FEEVALE DAIANA ROBERTA DE SOUZA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHERES: TRANSVERSALIDADES COM A ENFERMAGEM FORENSE Novo Hamburgo 2020 1 DAIANA ROBERTA DE SOUZA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHERES: TRANSVERSALIDADES COM A ENFERMAGEM FORENSE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem pela Universidade Feevale Orientador (a): Prof. Dr. André Luís Machado Bueno Novo Hamburgo 2020 2 DAIANA ROBERTA DE SOUZA Trabalho de Conclusão do Curso de Enfermagem com título (título do trabalho), submetido ao corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção do Grau de Bacharel em Enfermagem. Aprovado por: ____________________________________ Prof. Dr. André Luís Machado Bueno ____________________________________ Prof. Dr. Christian Negeliskii ____________________________________ Profª. Me. Andreia Simone Muller. Novo Hamburgo, 01 de dezembro de 2020. 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus filhos, Juan Arthur Chin Wei Lin e João Pedro de Souza Goulart, pela compreensão nas inúmeras horas de ausência. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pois somente ele sabe as dificuldades que passei durante esse processo e as escolhas que tive que renunciar, os momentos felizes que me abstive ao ficar longe da minha família. Agradeço em especial ao Professor Doutor André, orientador deste trabalho, pela sua disponibilidade, pelo seu incentivo, pelos seus ensinamentos e orientações nesse imenso campo de luta e direito que nós mulheres enfrentamos, além do apoio permanente que me dedicou ao longo deste percurso. Enfim, não menos importante, agradeço aos meus pais, meus exemplos de perseverança, luta, honestidade e coragem de seguir em frente, in memoriam, Olga de Souza e Vitalino de Souza. 5 EPÍGRAFE “Devemos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe conflito, e inspirar esperança onde há desespero.” Nelson Mandela. 6 RESUMO A ciência da enfermagem forense tem uma abordagem holística à pessoa vítima de violência, à família, à comunidade e ao perpetrador. O enfermeiro está numa posição única para identificar, avaliar e cuidar das vítimas, bem como no recolhimento e preservação de vestígios com relevância médico-legal. Desta forma, torna-se mister aos estudantes de enfermagem, na qualidade de futuros enfermeiros, a obtenção do conhecimento sobre os princípios das ciências forenses, de modo a promover a sua prática clínica de enfermagem, assegurando o respeito pelos direitos das vítimas e contribuindo para a aplicação da justiça. Nesse sentido, essa monografia objetivou descrever os registros de violência sexual contra a mulher, a partir dos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), explorando algumas das possíveis transversalidades da atuação do enfermeiro forense no enfrentamento da temática, a partir da descrição do perfil epidemiológico. Trata-se, portanto, de um estudo epidemiológico descritivo dos casos de violência sexual contra mulheres, registrados no SINAN para o estado do Rio Grande do Sul no período de 2014 a 2018. Como resultados, podemos concluir que dentre as evidências encontradas destaca-se que a violência ocorre contra crianças e adolescentes, com idade entre 10 e 14 anos, de cor branca, com ensino fundamental incompleto. Denota-se ainda que as agressões ocorrem dentro do ambiente familiar e com altas taxas de prevalência relacionada à violência de repetição. Considera-se a possibilidade de explorar as transversalidades da enfermagem forense e sua formação como especialidade, pela amplitude de áreas de atuação relacionadas às vítimas de violência sexual e às consequências da violência às pessoas envolvidas. Palavras-chave: Transversalidade de Gênero. Enfermagem Forense. Violência Sexual. Ciências Forenses. Windows Riscado Windows Nota Sugiro diminuir a introdução do tema e descrever mais sobre os resultados. E sugiro também descrever o número de casos, 7.228 7 ABSTRACT Forensic nursing science takes a holistic approach to the person who is the victim of violence, the family, the community and the perpetrator. The nurse is in a unique position to identify, evaluate and care for the victims, as well as in the collection and preservation of traces with medical-legal relevance. Thus, it is necessary for nursing students, as future nurses, to obtain knowledge about the principles of forensic sciences, in order to promote their clinical nursing practice, ensuring respect for the rights of victims and contributing to the application of justice. In this sense, this monograph aimed to describe the records of sexual violence against women, based on data from the Notifiable Diseases Information System (SINAN), exploring some of the possible transversalities of the forensic nurse's action in confronting the theme, from the description of the epidemiological profile. It is, therefore, a descriptive epidemiological study of cases of sexual violence against women, registered in SINAN for the state of Rio Grande do Sul in the period from 2014 to 2018. As results, we can conclude that among the evidence found, it is noteworthy that violence occurs against children and adolescents, aged between 10 and 14 years, white, with incomplete elementary school. It is also noted that aggressions occur within the family environment and with high prevalence rates related to repeat violence. It is considered the possibility of exploring the transversalities of forensic nursing and its formation as a specialty, by the breadth of areas of action related to victims of sexual violence and the consequences of violence to the people involved. Keywords: Gender Transversality. Forensic Nursing. Sexual Violence, Forensic Sciences. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES GRÁFICO 1 - Distribuição de casos de violência sexual por ano............................. 37 GRÁFICO 2 - Distribuição de casos de violência sexual por meses........................... 38 9 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Faixa etária, raça/cor e escolaridade................................................... 32 TABELA 2 - Violência de repetição e evolução do caso.......................................... 34 TABELA 3 - Local da ocorrência e Agressor........................................................... 36 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEFORENSE – Associação Brasileira de Enfermagem Forense ANA - American Nurses Association CEVS – Centro Estadual de Vigilância em Saúde COFEN – Conselho Federal de Enfermagem CNJ – Conselho Nacional de Justiça COREN – Conselho Regional de Enfermagem DECS – Descritores de Saúde ECA - Estatuto da Criança e Adolescente FNE – Forensic Nurse Examiner IAFN - International Association of Forensic Nurses NANDA - International Nursing Diagnoses OESP/RS – Observatório Estadual de Segurança Pública do Rio Grande do Sul OMS – Organização Mundial da Saúde ONU – Organização das Nações Unidas OPAS – Organização Pan – Americana de Saúde ONDH - Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos SANE – Sexual Assault Nurse Examiner SINAM – Sistema de Notificação de Agravos e Notificação SOBEF Sociedade Brasileira de Enfermagem Forense SSP - Secretaria de Segurança Publica STJ - Superior Tribunal de Justiça UNICEF- Fundo das Nações Unidas para a Infância11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 14 2.1 CONCEITOS E EPIDEMIOLOGIA DA VIOLÊNCIA .................................... 15 2.2 MAJORAMENTO DA VIOLÊNCIA EM ÉPOCA DE PANDEMIA COVID – 19........................................................................................................................ 16 2.3 ASPECTOS JURÍDICOS DA VIOLÊNCIA SEXUAL ................................... 17 2.4 ENQUADRAMENTO HISTÓRICO .............................................................. 21 2.5 CONTEXTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM FORENSE NO BRASIL ... 24 2.6 TRANSVERSALIDADES DA ENFERMAGEM FORENSE NA INVESTIGAÇÃO DOS CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER ........... 26 3 MÉTODO......................................................................................................... 30 3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO .................................................................. 30 3.2 ASPECTOS ÉTICOS.................................................................................... 30 3.3 COLETA DE DADOS ................................................................................... 30 3.4 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................... 30 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................. 32 5 CONCLUSÃO.................................................................................................. 40 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 41 12 1 INTRODUÇÃO À guisa de introdução, a violência das relações de gênero, especificamente a violência sexual contra a mulher, constitui-se como um dos maiores desafios da OMS, e, consequentemente, um problema de saúde pública em virtude de seu potencial causador de morbidades e mortalidade feminina. As mazelas deixadas em virtude de sua ocorrência no seio individual e social são de interesse da coletividade, por revelarem uma carga de mortalidade, de morbidade e de sofrimento, devido a sua extensão, severidade e significância, necessitando, assim, de que os olhares se voltem à possibilidade de controle, visto o potencial epidêmico (KRUG, 2002). Nesse sentido, segundo Zanatta (2018), pode-se conceituar violência de gênero como aquela oriunda do preconceito e da desigualdade entre homens e mulheres, imbricada na estrutura da sociedade patriarcal, sustentada pelas relações de dominação, submissão e comportamentos reguladores. Logo, entende-se que a violência sexual produz danos perduráveis que se relacionam ao bem-estar físico e a questões sexuais, reprodutivas, emocionais, mentais e sociais das vítimas e familiares, contribuindo, desse modo, para o aumento da demanda dos serviços de saúde (DELZIOVO et al., 2018). Em virtude de suas características, a violência sexual apresenta altas taxas de subnotificação por parte das vítimas, pois muitas mulheres deixam de noticiar a ocorrência do crime por vergonha, por sentir culpas, por medo ou por não identificarem o evento como violência sexual. Além disto, as vítimas ainda têm o receio de serem rotuladas por revitimização, já que o perfil do autor do crime, não raramente, aponta para alguém conhecido da vítima. Desse modo, dados estatísticos sugerem que apenas 10% dos crimes de violência sexual são efetivamente notificados, portanto, depreende-se que há um hiato de aproximadamente 40% de casos notificados devido aos crimes terem sido praticados por pais, padrastos, namorados ou amigos (GRAGNANI, 2017). Diante desse contexto, faz-se necessário aumentar o campo de visão analítico do fenômeno da violência para além da fronteira do biológico e estatístico. Logo, aumentando-se as lentes para que se vislumbre com maior amplitude, e, traçando novas rotas analíticas do fenômeno, possibilitar-se-á visualizar-se as 13 múltiplas faces desta problemática, uma vez que a violência contra a mulher vai além das materialidades, atingindo o campo das emoções, do sentimento de inferioridade e de subordinação (BUENO, 2017). Com efeito, segundo o Centro de Vigilância em Saúde, no Rio Grande do Sul, os dados epidemiológicos tabulados somente sobre a violência sexual, no período analisado no presente trabalho, correspondem a um total de 7.228 casos. Além disso, não obstante aos dados tabulados pelo referenciado Observatório Estadual da Segurança Pública do Rio Grande do Sul – OESP/RS (2019), que se referem à violência sexual contra a mulher, no mesmo período, contabilizou-se um total de 7.668 estupros. Salienta-se ainda que Lawrenz (2018), em estudo realizado acerca dos relatórios do CEVS e do OESP/RS, identificou fragilidades nas informações notificadas, bem como nos encaminhamentos posteriores ao atendimento, portanto, indicando a necessidade de investimentos na capacitação dos profissionais da saúde. Em vista disso, desde o primeiro contato que tive com a área da saúde, percebi a necessidade de oferecer uma escuta atenta, que humanize e empodere, justamente, quem necessita falar, e, indubitavelmente, assistir com qualidade às mulheres vítimas de violência sexual que procuram os serviços de saúde. Diante disso é que se pretende convergir o conhecimento da ciência da enfermagem com as ciências forenses, desvelando suas transversalidades que se alicerçam nos aspectos periciais, jurídicos e legais; assim, por meio de seus fundamentos éticos e legais, buscar-se-á qualificar o profissional da enfermagem, dando-lhe direcionamento no atendimento à vítima de violência sexual, em virtude de suas especificidades. Assim sendo, essa monografia objetivou descrever os registros de violência sexual contra a mulher, a partir dos dados disponíveis do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN -, referentes ao período de 2014 a 2018, no Rio Grande do Sul. Portanto, ao compilar e analisar os dados oportunizou-se explorar algumas das possíveis transversalidades da atuação do enfermeiro forense no enfrentamento da temática, a partir da descrição do perfil epidemiológico. 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO São diversos os problemas que dificultam o enfrentamento da violência sexual contra as mulheres. Ainda que se tenha avançado de maneira espetacular em diversos campos científicos, infelizmente é no campo dos relacionamentos humanos que o avanço foi e continua sendo imensamente menor em relação às mulheres. As conquistas não podem ser balizadas com a realidade vivida por elas, pois ainda não são vistas como detentoras de tratamento isonômico. A falta dessa justa igualdade é tangenciada, principalmente, pelo machismo arraigado em nossa sociedade, muitas vezes mascarado de boas intenções, e transversalizada por diversas implicações sociais, psicológicas, morais, econômicas e até patológicas. Sendo assim, a enfermagem - como prática social - em sua dimensão clínica do cuidado individual e coletivo, por meio da apropriação de conhecimentos advindos das ciências forenses, busca se apropriar desta temática e estabelecer no processo de trabalho forense a resposta às necessidades e às demandas existentes. Enfim, por intermédio de um referencial teórico atualizado, vislumbram-se nuances de como compreender o processo de produção desse fenômeno epidemiológico de violência, bem como a necessidade de formação de profissionais da enfermagem comprometidos com sua profissão e com a sociedade, na sua prática, à luz da legislação existente acerca da enfermagem forense. 2.1 CONCEITOS E EPIDEMIOLOGIA DA VIOLÊNCIA A palavra violência, na etimologia, tem sua origem no termo latino “violentia” e significa “tratar com violência, profanar, transgredir” ou, senso comum, aquele que age pelaforça contra outrem, contra si mesmo ou contra a coletividade. Também faz referência ao vocábulo vis, “que significa força, vigor, potência, violência”, no sentido de empregar a força física com intensidade e que desta resulte ferimento, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação. Em suma, refere-se às noções de constrangimento e de uso da superioridade física sobre o outro (DICIONÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, 2015, p. 450). 15 Minayo (2006) aduzem que a violência tem características – sejam toleradas e condenadas, sejam fragmentadas e articuladas – de tipologia mutante, devido à influência que sofre em virtude de eventos e realidades temporais, locais, circunstanciais. Desse modo, a violência, em sua fenomenologia, é difusa e complexa por não se ter exatidão científica quanto as suas causas, pois sofre influências culturais e sociais, submetendo-se a revisões tendo em vista que os valores e as normas sociais evoluem. Nessa esteira, na complexa rede de acolhimento e de convivência humana, qualquer tipo de violência, presente em diversas situações, tende a abalar a qualidade de vida pelas diversas faces que a representa (dor, sofrimento, medo, angústia, lesões, mutilações, deformidades ou morte). Portanto, a violência sexual contra as mulheres - corpus desta pesquisa – entendida como perspectiva fenomenológica, ou, as violências, que, no entendimento de Bueno (2017), referem- se aos diferentes atos que as consumam, são, analogamente, reconhecidas como um problema de preocupação mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como: [...] o uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. (OMS, 2014, p. 5) Este tipo de violência, segundo Zanatta e Faria (2018), transgride os direitos em relação ao sexo, à incolumidade física e os reprodutivos da mulher. Em vista disso, as autoras inferem que a violência de gênero é aquela oriunda do preconceito e da desigualdade entre homens e mulheres, fortemente imbricada na estrutura da sociedade humana, além de demasiadamente patriarcal, sustentada pelas relações de dominação e submissão. Consoante à violência sexual, Minayo (2006) depreende que, embora existam muitas campanhas e programas institucionais relacionados a políticas que procuram coibir a violência contra a mulher, tais aparatos institucionais são construídos com a finalidade de desnaturalizar, causando um apagamento ou silenciamento velado institucional. Portando, as autoras compreendem que tal ato vil faz parte de um Windows Realce Quais autoras? Só consta a Minayo 16 processo histórico e cultural, derivado da sociedade patriarcal da qual originamos, e, infelizmente, estruturado nela. Concluem Minayo (2006) que este processo se fundamenta no campo fecundo das relações assimétricas (a imposição da vontade de alguém contra a vontade de outrem ou outrens), provenientes da condição de autoridade masculina sobre a mulher, as quais geram opressão, domínio, agressão e morte. Assim, é mister desconstruir o processo hegemônico de subordinação existente, por meio do aumento da autonomia feminina (decorrente da busca pela igualdade de direitos na educação, trabalho, etc.), que, igualmente, é percebido pelos homens como uma ameaça ao estrato culturalmente construído, provocando rachaduras na hierarquia e, logo, construto desencadeador da violência doméstica (SILVA; GOMES; ACOSTA et al., 2013) 2.2 MAJORAMENTO DA VIOLÊNCIA EM ÉPOCA DE PANDEMIA COVID – 19 Conforme já mencionado anteriormente, a ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS (2019) classificou a pandemia de COVID – 19 (Corona Virus Disease – 2019) como um grave problema de saúde pública devido à sua capacidade de disseminação e de suas características infecciosas. Diante deste cenário pandêmico que atinge o mundo, governos e entidades sanitárias adotaram o isolamento social como estratégia de combate a propagação da doença, a fim de controlar a propagação do vírus. De acordo com a ONU – Mulher (2020), tal medida de contenção social tem revelado um aumento nas estatísticas de violência de gênero, denotando vulnerabilidades das relações familiares, e, com isso, o acionamento de gatilhos de violência, entre eles: depressão, transtorno de ansiedade, suicídio. Estes gatilhos, conforme a OMS (2019), foram sobrecarregados pelos problemas econômicos causados pelo isolamento social e suas consequências. Sendo assim, devido a eles, ocorreu um fenômeno de natureza social no qual se desencadeou um sentimento de frustração masculina do provedor principal (maridos, parceiros íntimos, companheiros e até mesmo ex-companheiros) que se viu afetado pelo fato de não estar produzindo ou sendo “útil” ao lar, principalmente, nas famílias em que figura como único trabalhador, assalariado ou autônomo. Windows Sublinhado Windows Realce Plural, mas consta 1 autora Windows Riscado 17 Neste sentido, pode-se depreender que o convívio em tempo integral dos familiares em ambientes que já eram violentos antes da pandemia é efeito deletério dela, pois os homens que já tinham o comportamento agressivo antes do evento maximizaram suas frustrações e ficaram mais agressivos diante do desemprego e falta de dinheiro (consequências inevitáveis do isolamento social e individual). Desse modo, embora as mulheres e suas famílias tenham se protegido do mundo externo doente, adotando medidas indispensáveis à contenção do vírus, a escolha acarretou um efeito colateral. Assim, ainda que se sentissem pseudosseguras em suas próprias residências, as mulheres foram submetidas a todos os tipos de maus tratos, que transformaram o período de isolamento social em um cárcere à mercê de seu algoz. Portanto, tais considerações são relevantes e importantes, pois, como infere Lobo (2020), o aumento dos casos de violência durante a COVID-19 não está relacionado à doença em si, mas a uma estrutura de poder da sociedade, a qual mantém relações complexas e reflete a interligação de marcadores opressivos, como: raça, classe e gênero. 2.3 ASPECTOS JURÍDICOS DA VIOLÊNCIA SEXUAL O cenário que se desenha, em relação à violência contra a mulher, diante da pandemia não é novo. E a legislação brasileira, em busca de tentativas que pudessem coibir o trágico aumento das cifras de violência contra as mulheres no Brasil, ganhou no ano de 2006 o suporte da Lei 11.340/06. Conhecida como “Lei Maria da Penha” - em homenagem a uma mulher vítima de violência doméstica – traz em seu bojo a missão de proporcionar instrumentos adequados para enfrentar um problema global de saúde pública. Infere a ementa da referida Lei: Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. (BRASIL, 2006, p.1) Windows Nota Faltou autor Windows Realce Faltou autor. No referencial teórico precisa constar autores. Windows Nota autores 18 E, continua o legislador no Art. 2º: que “toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamentomoral, intelectual e social. (BRASIL, 2006, p.1) Nesse contexto, é inegável que a Lei Maria da Penha trouxe avanços imensuráveis em relação ao combate à violência contra mulheres vítimas de violência sexual. Contudo, a falta de políticas públicas para que o dispositivo fosse implementado de forma efetiva no país, foi o motivo para que a lei fosse sendo emendada periodicamente, bem como demais leis lhe dessem o devido respaldo. Dessa forma, em 07 de agosto de 2009 passou a vigorar a Lei 12.015, que conferiu nova redação ao art. 213 do Código Penal Brasileiro, revogando de modo expresso o art. 214 do mesmo diploma normativo. Nessa esteira, depreende-se a partir da análise do novo disciplinamento que o fato tipificado como estupro (art. 213) passou a ser: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso” (BRASIL, 2009, np). Decorrente dessa nova definição dada pela norma, o delito de estupro passou a ser constituído não somente pelo “constrangimento mediante violência ou grave ameaça à prática de conjunção carnal”, mas também pelo ato de “constranger a vítima a praticar ou permitir que com ela se pratique atos libidinosos diversos da conjunção carnal”. Logo, reconfigurando o que antes da edição da Lei 12.015/09 constituía-se tão somente elemento normativo do delito de atentado violento ao pudor, no qual se transcreve o art. 214 do Código Penal Brasileiro: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal” (BRASIL, 2009, np). Contudo, novamente algumas “pontas soltas” ficaram sem ser amarradas, parecendo que sempre “falta” alguma coisa para que seja efetivamente cumprida a lei de forma integral e sem lacunas, brechas ou opacidades, principalmente quando o agente passivo do crime é uma mulher. Windows Nota Faltou autor Windows Nota faltou autor 19 Buscando a “amarração” destas “pontas soltas”, a alteração proposta pela Lei nº 13.984/2020, estabeleceu o instrumento da medida protetiva, com urgência ao magistrado, nos casos de violência doméstica, conforme segue: LEI Nº 13.984, DE 3 DE ABRIL DE 2020 Altera o art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para estabelecer como medidas protetivas de urgência frequência do agressor a centro de educação e de reabilitação e acompanhamento psicossocial (BRASIL, 2020, p.1) Conota-se que a nova norma alterou a lei Maria da Penha, de modo que a autoridade judiciária poderá obrigar eventuais agressores a frequentarem cursos que o reabilitem e o eduquem, já a partir da fase investigatória de cada caso registrado como crime de violência contra a mulher. Assim, percebe-se que as medidas foram inseridas no rol da proteção urgente às vítimas. Contudo, também se depreende da nova lei que a reeducação não livrará o acusado-agressor do cumprimento da eventual pena ao final do processo, após o transito em julgado do processo judicial pela agressão Houve também, com o advento da Lei n° 12.845/ 2013, conhecida como a lei do Minuto Seguinte, a garantia de uma série de direitos à vítima de violência sexual, logo após o cometimento da violência. Sancionada desde 1º de Agosto de 2013, com uma campanha maciça integrada ao Ministério Público Federal (MPF), ela objetiva garantir o atendimento médico 24 horas por dia, gratuito, para vítimas de violência sexual no “minuto seguinte”, em qualquer hospital da rede pública, o Serviço Único de Saúde (SUS). No entanto, algumas “pontas” seguem desamarradas por falta de informação, e nesse caso, bilateral, tanto das vítimas, que se encontram em uma situação dramática e acham que só podem recorrer à polícia, quanto dos profissionais do SUS, que acusam desconhecer a Lei. Assim, embora as inúmeras campanhas publicitárias regulares do Ministério da Saúde feitas para alertar os profissionais da área - que desqualificaria a falta de conhecimento da lei -, e o sucateamento do serviço de segurança pública - que desestimula as vítimas a denunciarem seus agressores quando do registro do crime -, infere-se que a questão cultural e discursiva em relação à mulher no Brasil é causa principal, pois a sociedade Windows Nota Faltou autor Windows Nota Faltou o autor. 20 brasileira é patriarcal, e, nesse caso, machista de entranhamento profundo em suas estruturas. No Rio Grande do Sul, por iniciativa do Tribunal de Justiça do Estado, engajou-se maciçamente em campanhas que mobilizassem os segmentos da sociedade civil organizada e autoridades constituídas no sentido de sensibilizar e facilitar o acesso às redes de serviços especializados para o atendimento da vítima, denominada: Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres - REVM (2011). Neste sentido, a REVM envolve diversos serviços públicos sendo eles; Centros de Atendimento à Mulher em situação de violência, Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, Casas Abrigo, Promotorias Especializadas, Núcleos da Mulher nas Defensorias Públicas, Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Central de Atendimento à Mulher, Ouvidoria da Mulher e serviços de saúde prestadores de atendimento aos casos de violência sexual e doméstica. Assim, é necessário inferir que as delegacias especializadas, bem como instituições de medicina – legal, garantem também o emprego de métodos contraceptivos, testes rápidos e a preservação de qualquer material encontrado na região genital que venha a ser usado como forma de prova material ou teste de DNA (BRASIL, 2013). Nesse diapasão, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, engajado ao cenário existente, não obstante a tudo o que tem realizado no território gaúcho em prol das políticas públicas de proteção aos direitos da mulher, criou a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica, em atendimento à Resolução nº 128 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Desse modo, são atribuições da coordenadoria: dar suporte aos magistrados, elaborar sugestões para o aprimoramento da estrutura do judiciário ao combate da violência contra as mulheres e fornecer dados referentes à Lei “Maria da Penha” (ERGS/TJRS, 2019). Logo, ao observar as estatísticas dos casos ocorridos no estado do Rio Grande do Sul, fruto do trabalho integrado em prol da proteção dos direitos da mulher, os quais foram elaborados pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde – CEVS (2019), que é uma base de dados do governo alimentada restritamente por profissionais da saúde, pode ser visualizado o panorama regionalizado da violência, Windows Nota Faltou o autor. 21 e nesse sentido, compreender as subnotificações dos casos de violência. Destarte, por conclusão e, ironicamente, os registros do Sistema de informação de Agravos de Notificações, não correspondem em números nem em lógica de atendimento, se cotejados aos dados de Segurança Pública. Ou seja, as “pontas” continuam “desamarradas”. 2.4 ENQUADRAMENTO HISTÓRICO O Código de Hamurabi, legislador babilônico consolidou a tradição jurídica, harmonizou os costumes e estendeu o direito e a lei a todos os súditos. Seu código estabelecia regras de vida e de propriedade, apresentando leis específicas para a área da medicina. (PAULA, 1963) Segundo Lynch (2011), as práticas de Enfermagem Forense tiveram seu início nos Estados Unidos da América (EUA) nas décadas de 70, 80 e 90 do século XX. Ela surgiu das ciências forenses, em particular da medicina legal, logo estabelecendo um benefício mútuo, constituindo ações de colaboração, em que o conhecimento e a responsabilidade são compartilhados, no propósito de atingir objetivos comuns. Deste modo, Lynch (2010) a define como sendo a aplicação dos aspectos forenses ligados aos cuidadosde saúde, relacionando estes com a investigação científica na morte e /ou no tratamento do trauma de vítimas e agressores em casos de crimes e eventos traumáticos, portanto, não ignorando nunca os conhecimentos biopsicossociais que os enfermeiros possuem. O conceito da Enfermagem Forense é atribuído a Enfermeira Virginia Lynch, que obteve o reconhecimento desta ramificação das ciências da saúde como uma especialidade através da criação da International Association of Forensic Nurses (IAFN, 2015), no ano de 1992. Neste ano, 72 enfermeiras norte-americanas e canadenses se uniram para formar a IAFN, uma organização que abrange o sistema cuidados a saúde junto ao sistema jurídico, atuando de forma dinâmica na aplicação de conceitos, estratégias e intervenções a vítimas e agressores nos crimes (IAFN, 2013). A atuação do enfermeiro forense de acordo com a IAFN (2015) está diretamente interligada em diversos eventos de violência, negligência, catástrofes, Windows Nota Faltou o autor. 22 entre outros. Estes enfermeiros tinham em comum o fato de serem Sexual Assault Nurse Examiner (SANE), ou seja, Enfermeiros Examinadores de Agressões Sexuais. No entanto, ainda que o SANE seja reconhecido como uma organização de enfermeiros atuantes em situações de violência sexual e suas atribuições, e embora a criação da IAFN, a Enfermagem Forense só veio a ser reconhecida como nova especialidade profissional pela American Nurses Association (ANA) em 1995 (TAVARES, 2013). Segundo Tavares (2013), a nova especialidade levou as enfermeiras forenses a estabelecerem uma prática de cuidados mais abrangente, logo, qualificando o serviço de enfermagem. Desse modo, não só as vítimas de violência como também suas famílias, os agressores, a comunidade, os profissionais da saúde, o sistema judicial e as polícias estavam interligados em prol de dar o melhor encaminhamento às demandas forenses, médicas, sociais, criminais e laborais oriundas da violência sofrida. Descreve Santos (2013) que no ano de 1997, a IAFN publicou um protocolo, onde estão foram estabelecidas as normas de atuação dos enfermeiros forenses na área das perícias. Consequentemente, a enfermeira que executa o exame, pode em algumas situações ser chamada e ouvida, portanto, atuando como perita no tribunal. Diante disso, a fundadora da Associação dos Enfermeiros Americanos, Virginia Lynch, autora de uma vasta obra e referência na área da Enfermagem Forense, buscou por meio das suas experiências e conhecimentos, sensibilizar as autoridades governamentais de vários países bem como a academia, a comungarem esforços a fim de divulgar e difundir a enfermagem forense e suas áreas de atuação. Esse esforço de Lynch deve-se principalmente ao capital histórico que a Ciência da Enfermagem agregou às Ciências Jurídicas no desenvolvimento da Medicina Legal, dedicando-se ao enfrentamento da luta contra o crime e a violência (SANTOS 2013). Atualmente, a Enfermagem Forense atua em mais de 29 países (por exemplo: Canadá, China, Itália, Inglaterra, Portugal, entre outros) e vem sendo aplicada de maneira rotineira pelos profissionais especializados na área de conhecimento (SILVA, 2009). No Brasil, a legislação pátria por meio do decreto 7.958, de 13 de março de 2013, normatizou a atuação do profissional de saúde, no entanto, sem definir nomenclaturas que viessem a definir a especialidade, conforme se colaciona: Windows Riscado Se remete a 2020, teu autor é de 2009 23 O profissional de saúde deve prestar um atendimento humanizado observando os princípios do respeito da dignidade da pessoa, da não discriminação, do sigilo e da privacidade. Assim como, disponibilização de espaço de escuta qualificado e privacidade durante o atendimento, para propiciar ambiente de confiança e respeito à vítima (BRASIL, 2013). Nesse contexto, depreende-se que a especialidade carece de normatizações, pois tais instrumentos caracterizaram a profissão e, de certo modo, respaldariam a atuação e o atendimento humanizado. Silva (2016) infere que a vítima pode sofrer a revitimização a partir da revelação do abuso durante a escuta invasiva prestada por um atendimento desumanizado, e, que tal revelação pode levá-la a reviver a violência acometida. Assim, os procedimentos (mal) adotados pelo profissional de enfermagem podem promover uma exposição desnecessária da vítima a novas formas de violência, de características veladas e subjetivas, devido às condições de trabalho do local e, consequentemente, do atendimento, por justamente não se adotar uma escuta qualificada durante o auxílio médico. Em vista disso, é que Lynch (1995) infere que a enfermagem forense, como especialidade, promove ao profissional de enfermagem um direcionamento de seu conhecimento na área da saúde, no tocante aos aspectos forenses e jurídicos relacionados ao cuidado da saúde durante a assistência à vítima de casos de violência, inclusive a violência sexual. Lynch (1995) ainda afirma que as habilidades dos enfermeiros forenses buscam melhorar as capacidades de investigação e de reabilitação, bem como alicerçar as funções preventivas de saúde pública, prestando cuidados às vítimas sempre com capacidade e autonomia (SILVA, 2012). Por fim, os estudos realizados por Higa et al. (2008), revelam que, nos Estados Unidos e no Canadá, os programas de Sexual Assault Nurse Examiners (SANE - Enfermeiras Examinadoras de Agressão Sexual) - nos quais o profissional de enfermagem é especialista na realização do exame forense em vítimas de violência sexual. Os autores, por meio do trabalho cotejado, concluíram que a atuação destes profissionais, de modo humanizado no tratamento à vítima, alcançou bons resultados na redução do trauma decorrente da agressão, justamente a partir da escuta atenta na avaliação inicial e, posterior, no tratamento proativo às vítimas. Windows Nota Faltou o autor. 24 2.5 CONTEXTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM FORENSE NO BRASIL A Enfermagem Forense no Brasil foi reconhecida pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), como especialidade com a Resolução nº 389, de 18 de outubro de 2011. Dessa maneira, no ano de 2016, o Plenário do Conselho Federal de Enfermagem aprovou o Parecer Nº 02/2015 que determina a atuação dos profissionais de enfermagem nos Institutos Médicos Legais (IML) e em Laboratórios Forenses do Brasil (COFEN, 2015). Atualmente, tem vigência a Resolução COFEN n° 581, 11 de julho de 2018, a qual robustece a especialidade da Enfermagem Forense dentre as 48 outras especialidades descritas no mesmo diploma (BRASIL, 2018). Apesar de ter sido reconhecida COFEN, faz-se necessária a disseminação desta carreira no Brasil, a fim de que mais bacharéis em Enfermagem possam ter acesso a ela e o corpus de estudo da especialidade. Nesse contexto, a Resolução COFEN Nº 556, de 15 de agosto de 2017, conceitua Enfermeiro Forense como o profissional que possui o bacharelado em Enfermagem, portador do título de especialização lato ou stricto sensu em enfermagem forense, emitido por uma Instituição de Ensino Superior (IES) devidamente reconhecida pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) ou concedido por Sociedades, Associações ou Colégios de Especialistas, que deverão estar registrados, na forma da Lei, no âmbito do Sistema COFEN/Conselhos Regionais (BRASIL, 2017). Depreende-se do texto desta Resolução que os Conselhos Regionais só devem habilitar os enfermeiros que cursaram a especialização com denominação de Enfermagem Forense; portanto, ainda conforme o texto da norma, não poderão exercer esse labor, profissionais que detenham cursos com outras denominações como perícia criminal ou análise pericial, por terem habilidades e competências diferentes. Diante das normas institucionalizadas que versam sobre a especialidade forense, de fato, esse campo de atuação começou a ser alicerçadono país no ano de 2012. No ano de 2015, foi realizado na cidade de Aracaju- SE, o curso Forensic Nurse Examiner (FNE), ministrado por Virginia Lynch, Albino Gomes e Jamie Ferrel, Windows Realce Faltou o autor. Windows Riscado Windows Realce Faltou o autor. 25 além de ter apoio de instituições governamentais (Policia Federal, COREN – SE, COFEN) e de outras instituições da sociedade civil que objetivaram a implantação da Enfermagem Forense no Brasil (ABEFORENSE, 2015). Este curso foi realizado devido ao esforço de enfermeiras sergipanas preocupadas com o alto índice de violência na capital sergipana, o qual gerava inúmeras vítimas, isto posto, aliado à falta de políticas públicas eficientes. Contudo, somente mais tarde, no ano de 2016, na cidade de Recife – PE, teve inicio da 1ª turma do curso de especialização em Enfermagem Forense, com duração de 22 meses e carga horária de 480 horas/aula (BRASIL, 2016). Portanto, esta pós- graduação, pioneira no país, dispunha de uma grade curricular que serviu como modelo para outros cursos que ocorreram posteriormente, devido a sua abrangência descritiva e consoante aos objetivos da Enfermagem Forense. Nesta esteira, a Associação Brasileira de Enfermagem Forense (ABEFORENSE) surgiu no ano de 2015, obtendo seu reconhecimento junto ao COFEN através do Parecer N° 31/2015. A referida associação, de modo análogo ao COFEN, regulamenta o campo de atuação da Enfermagem Forense no país, auxiliando na formação e divulgação da especialidade em todo o território nacional. (ABEFORENSE, 2018). Desse modo, nesta perspectiva de divulgação, o COFEN, em parceria com a Câmara Técnica de Legislação e Normas do COFEN, de Minas Gerais, elaborou o Parecer nº 16/2016 (Brasil, 2017), que reconhece a possibilidade do enfermeiro ser nomeado para realizar laudos de lesões corporais leves em processos criminais. Por conseguinte, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), em reunião extraordinária remota, concedeu parecer favorável ao Projeto de Lei nº 368/2019 (DISTRITO FEDERAL, 2019), que dispõe sobre a criação de cargos públicos na área de Enfermagem Forense na administração pública do DF. Destarte, tanto as normas infralegais em nível de abrangência nacional como as normas primárias localizadas apontam que os Enfermeiros Forenses estão habilitados para tal prática. Assim sendo, a Enfermagem Forense vem ganhando reconhecimento devido aos esforços conjuntos de associações e instituições que objetivam reduzir os impactos da violência no cenário brasileiro, principalmente no atendimento eficiente das vítimas e encaminhamento aos órgãos jurisdicionais. Contudo, ela necessita de http://legislacao.cl.df.gov.br/Legislacao/consultaProposicao-1!368!2019!visualizar.action#_blank Windows Realce Faltou o autor. 26 uma maior divulgação, além de uma melhor preparação dos profissionais que atuam na área, a fim de que se aumente sua abrangência como especialidade. (COELHO, 2013). 2.6 TRANSVERSALIDADES DA ENFERMAGEM FORENSE NA INVESTIGAÇÃO DOS CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Segundo os Descritores de Saúde – DecS (2020), a Enfermagem Forense é a especialidade da prática de enfermagem da qual decorre os cuidados e amparos durante a prática laboral às vítimas de crimes em que houve sofrimento físico e emocional, bem como a identificação, coleta e preservação das evidências para o a posterior ação jurisdicional. Desse modo, a fim de subsidiar o sistema jurídico para fins da eficácia do Direito, e minimizar o trauma resultante da violência sofrida, é mister que os profissionais enfermeiros possuam conhecimentos para identificar, avaliar e cuidar das vítimas, fornecendo lenitivos físicos, emocionais e sociais (COELHO; CUNHA; LIBÓRIO, 2016, FREITAS; NASCIMENTO, 2019). Conforme Moreira et al., (2014), os serviços de saúde se constituem como a principal porta de entrada para o atendimento às mulheres vítimas de violência sexual. Desse modo, percebeu-se a importância do profissional de enfermagem, visto que é ele que realiza o atendimento inicial e, posterior, acolhimento a essas vítimas que chegam aos serviços de saúde, sendo necessária a sua atuação com competência e habilidade na avaliação preliminar. Nesse contexto, tornou-se fundamental que os agentes atuantes nessa rede de enfrentamento – enfermeiros - fossem devidamente capacitados para estes fins, visando à construção de evidências. Portanto, a partir da compreensão do fenômeno deste tipo de violência, seriam subsidiados às vítimas atendimentos mais qualificados por meio da articulação e da integração dos serviços e das instituições envolvidas (CAVALCANTI, 2019). Nesse diapasão, Coelho, Cunha e Libório (2016) e Freitas e Nascimento (2019) inferem que a enfermagem forense, como prática laboral, aborda os conceitos gerais da enfermagem, de acordo com os princípios das ciências forenses. Consequentemente, com a integração destas ciências, ocorrerá a promoção dos 27 cuidados às vítimas e agressores, portanto, aplicando a legislação pertinente de modo eficiente em relação aos cuidados indispensáveis a elas. Silva (2009) e Freitas e Nascimento (2019) aduzem que o enfermeiro forense, além de suas atribuições previstas - reconhecer, intervir e avaliar vítimas de violência, doença e morte -, deverá, ainda, proceder no exame e coleta de evidências, prestando os cuidados às vitimas, com capacidade e autonomia. Isto posto, pode-se inferir que a Enfermagem Forense tem um foco de atuação profissional de importância singular à sociedade, logo, justificando que sejam formuladas políticas públicas as quais estimulem o seu exercício pelos profissionais de Enfermagem. Contudo, no Brasil, ela é ainda pouco conhecida, e, por conseguinte, não há muitos profissionais que laboram em seu campo de atuação. Assim, depreende-se que este desconhecimento se origina da falta de ações que motivem seu desenvolvimento no âmbito acadêmico. (COFEN, 2020) O bacharel em Enfermagem que decide percorrer os trilhos da sua prática profissional, alicerçada à prática forense, incluirá em sua bagagem acadêmica habilidades inerentes ao campo de atuação. Este profissional estará habilitado às práticas de saúde mental, de enfermagem correcional, de consultoria legal em enfermagem, de saúde pública, de segurança e de serviços de trauma e emergência. Ou seja, conforme Gomes (2014), a formação de um enfermeiro forense estará em permanente aplicação com as ciências jurídicas, a partir de um trabalho qualificado e intervencionista, visando contribuir no combate a todas as formas de violência, com conhecimento técnico-científico, onde o foco é o bem-estar da família, da comunidade e da vítima Gomes (2014) acresce que as competências da enfermagem forense se definem como um conjunto de habilitações técnico–profissionais que tem como objetivo aplicar o conhecimento do processo de enfermagem aos processos judiciais, abordando as situações que envolvam situações de violência sexual, a fim de identificar e documentar lesões forenses, que culminem na orientação das vítimas e/ao encaminhamento delas para apoio psicológico, social e jurídico. Diante disso, a especialidade da enfermagem forense oferece ao profissional inúmeras possibilidades de desempenhar suas habilidades e competências, de modo significativo, em diversas áreas laborais, a saber: escolas, hospitais, comunidade, Windows Realce Faltou o autor. 28 emergências, centros de saúde em instituições médico-legais. Assim sendo, Gomes (2014) infere que, o profissional da enfermagem forense poderá operacionalizar seus conhecimentos em qualquer âmbito onde existam pessoas em situações de vulnerabilidade ou a pedido da autoridade policial ou judiciária, atuar em casos de: maus tratos, abuso sexual, trauma e outras formas de violência; investigação da morte; enfermagem psiquiátrica-forense;preservação de vestígios; testemunho pericial; consultoria; e desastre de massa (SILVA, 2009). Dessa gama de casos e situações, Gomes (2006) aduz que a maioria das vítimas que adentram aos serviços de saúde padece de lesões físicas e psicológicas oriundas de violência doméstica, abuso sexual e negligência; portanto, faz-se necessário um trabalho que vise à promoção de cuidados e a prevenção dos indícios e, deste modo, comunicar preliminarmente, a partir de um acolhimento eficaz e eficiente. Diante da necessidade deste acolhimento, Batistetti (2020) infere que este é essencial, tornando-se um envolvimento de empatia com a vítima, perpetrador ou família, a fim de obter respostas que conduzam ao êxito do trabalho de humanização do envolvido. Em vista disso, os enfermeiros de emergência devem adquirir uma ampla gama de conhecimentos sobre trauma forense, buscando não limitá-los, mas sim, aumentá-los no intuito da competência proativa que se requer no atendimento aos crimes contra mulheres vítimas de agressões sexuais. Outrossim, de acordo com Da Silva (2018), urge a necessidade de mudanças no enfrentamento da realidade, e, com isso, percebe-se a necessidade de inserir nas ementas dos cursos da área de saúde, principalmente no curso de Enfermagem, das Instituições de Ensino Superior. Propostas de componentes curriculares que possibilitem uma maior abrangência sobre o tema da violência sexual, a fim de romper as fissuras e lacunas do conhecimento formativo dos discentes para sua atuação na prática em um futuro breve, seriam de bom alvitre para a comunidade acadêmica, além de cursos de extensão e projetos extensionistas e de pesquisa cientifica que fomentem a discussão do assunto. Enfim, além destes atributos profissionais que os cursos e academias devem fornecer ao egresso da enfermagem forense, também se faz necessário que o profissional de enfermagem que deseje seguir este campo de atuação tenha 29 sensibilidade aguçada e alteridade para bem atender as vítimas de violência sexual. O enfermeiro forense, ao estabelecer uma relação de interação respeitosa com ela, tendo como suportes seu conhecimento na ciência da enfermagem e nos aspectos legais e jurídicos – atendimento multiprofissional e humanizado - que envolvem a situação, evitará a revitimização dessas vítimas. Pois, quanto mais informações forem colhidas durante o acolhimento desta vítima, informando-a em relação aos seus direitos, e, possibilitando que ela entenda a necessidade da notificação do crime aos órgãos jurisdicionais, melhor será o encaminhamento de evidências, e mais eficaz será a ação por parte da justiça, evitando, logo, a revitimização. (BRASIL, 2012). Portanto, a enfermagem, como exercício de prática social e humana, vem diretamente ao encontro das questões sociais e culturais que afetam a mulher, vítima de tantas agressões, sempre subjugada pela sociedade patriarcal. Logo, a enfermagem forense coloca-se como linha de frente na atenção primária, secundária e terciária no atendimento destas vítimas. Assim sendo, torna-se impreterível a necessidade da presença deste profissional capacitado e especializado, que poderá melhor acolher esta minoria que carece de um olhar holístico para lidar com os traumas físicos e psicológicos (FERREIRA; PÉRICO; DIAS, 2019). 30 3 MÉTODO A seguir, apresenta-se o percurso metodológico adotado nesse estudo. 3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo da violência sexual contra mulheres no estado do Rio Grande do Sul, no período de 2014 a 2018. 3.2 ASPECTOS ÉTICOS Os dados utilizados nesse estudo são de domínio público e acesso universal, estando de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) inerente à responsabilidade no uso dos dados. 3.3 COLETA DE DADOS Os dados são oriundos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) registrados no período de 2014 a 2018. Ressalta-se que a base de dados mencionada está contida no Departamento de Informática do SUS (DATASUS) de acesso livre e universal. As variáveis procedentes do SINAN são: raça/cor, escolaridade, local de ocorrência, faixa etária, parentesco do agressor, taxas de violência ponderadas pela população, evolução do caso, ano, mês, taxas da violência sexual, e encaminhamento para o setor da saúde. Os dados coletados são disponibilizados pelo DATASUS em planilhas eletrônicas, cabendo ao pesquisador a organização e tratamento dos dados. Ressalta-se que a descrição das variáveis respeitará as notas técnicas do DATASUS (2019). 3.4 ANÁLISE DOS DADOS Este estudo utilizou métodos descritivos de análise de forma univariada com índices expressos em percentuais e ponderados pela população. Adicionalmente a 31 descrição das variáveis, utilizou-se referências da enfermagem forense na contextualização social e de saúde dos resultados. Acredita-se que ao agregar essa perspectiva analítica, seja possível estabelecer transversalidades entre o comportamento epidemiológico dos registros e as possibilidades de atuação do enfermeiro forense. Para tanto os dados serão colhidos e armazenados em tabelas a fim de descrever os dados analisados em estatísticas simples. A interpretação e análise dos dados coletados serão desenvolvidas utilizando- se métodos em percentuais, os quais foram mensurados de acordo com as informações dispostas em tabelas e/ou gráficos. Desse modo, facilitar-se-á estabelecer relações entre os resultados e o problema da pesquisa. Nesta etapa, almeja-se responder ao problema proposto e aos objetivos de pesquisa, os quais serão apresentados nos resultados obtidos de forma visível e estruturada, geral e sistematizada sobre a realidade, fundamentados à luz do referencial teórico (PRODANOV; FREITAS, 2013). 32 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO No período cotejado pelo presente estudo, ocorreram 7.228 casos de violência sexual contra mulheres no Estado do Rio Grande do Sul. Os dados indicam que esse tipo de violência concentra-se dos 5 a 19 anos, totalizando 65,4% do total de dados, sendo a faixa etária mais prevalente a de mulheres entre 10 a 14 anos com 32,15% dos registros (Tabela 1). Tabela 1 – Faixa etária, raça/cor e escolaridade. Variável 7228 (N) 100 (%) Faixa Etária < 1 ano 59 0,81 1 a 4 anos 663 9,17 5 a 9 anos 1295 17,91 10 a 14 anos 2324 32,15 15 a 19 anos 1109 15,34 20 a 29 anos 804 11,12 30 a 39 anos 486 6,72 40 a 49 anos 257 3,55 50 a 59 anos 133 1,84 60 e mais 91 1,25 Ignorado/ branco 7 0,09 Raça/Cor Branca 5415 74,91 Parda 863 11,94 Preta 650 9 Indígena 42 0,58 Amarela 27 0,37 Sem informação 231 3,19 Escolaridade Analfabeto 52 0,71 1ª a 4ª série incompleta do EF 1.052 14,55 4ª série completa do EF 244 3,37 5ª a 8ª série incompleta do EF 2.011 27,82 Ensino fundamental completo 405 5,6 Ensino médio incompleto 511 7,07 Ensino médio completo 384 5,31 Educação superior incompleta 163 2,25 Educação superior completa 122 1,68 Não se aplica 1.229 17 Ignorado/branco 1.055 14,59 Fonte: (SINAN/SUS), elaboração da tabela SOUZA, D, setembro de 2020. Windows Nota Rever títulos das tabelas e gráfico, deve constar "violência sexual contra mulheres no Estado do Rio Grande do Sul" 33 Observa-se, ainda na tabela 1, que as mulheres com escolaridade até o ensino fundamental completo perfazem 52,05% dos registros. Mulheres com escolaridade entre a 5ª a 8ª série incompleta somaram 27,82% do total de eventos, contrastando com mulheres com ensino superior completo, cujas taxas foram de 1,68%. Nesse sentido, entende-se que o acúmulo de anos de estudo possa funcionar como fator protetivo para violência sexual nesse contexto de pesquisa. Destacam-se características como: ser jovem – criança e adolescente -,de raça/cor branca com a prevalência de 74,91% e de nível escolar inferior – 5º ao 8º ano do Ensino Fundamental Incompleto. Indica-se ainda que 74,91% da prevalência são de raça branca, 9% da raça preta e 12,89% são da raça parda, indígena e amarela (Tabela 1). Também fica evidenciado que o número de notificações de violência sexual vem aumentando entre as vítimas que têm baixa escolaridade, e isso se deve aos poucos avanços na conscientização dessa população (ANDRADE et al., 2001; GOMES et al., 2006, e JUSTINO et al., 2015). A Cartilha do Ministério dos Direitos Humanos 2018 aduz que a reação da alteridade faz parte da própria natureza da sociedade e em diferentes épocas são marcadas por questões culturais, religiosas e educacionais. Nesse sentido , o meio em que elas se encontram e se imbricam, são questões que se remetem ao etnocentrismo. É importante ressaltar que a ênfase deste trabalho é a violência sexual sofrida por mulheres, independentemente da idade. Frisa-se que as vítimas crianças e adolescentes do sexo feminino que sofreram violência sexual também foram cotejadas na pesquisa. Deste modo, pode-se denotar, acerca dos dados coletados, que fatores associados ao medo, à vergonha e a estereótipos sociais puderam ser variáveis de casos notificados ou não aos órgãos jurisdicionais. (JUSTINO et al., 2015). Diante ao exposto, a Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, prevê que os casos suspeitos ou confirmados de violência contra a criança e adolescente devem ser amplamente notificados ao Conselho Tutelar e/ou à autoridade competente da localidade (BRASIL, 1990). Windows Nota Precisa referenciar se você trás uma cartilha. 34 É mister aduzir que toda criança tem direito a uma infância segura, na qual possa gozar do seu direito de ser criança, de brincar, de aprender e de ser protegida contra qualquer forma de violência. Todavia, infelizmente, no Brasil, a cada 15 minutos uma criança ou adolescente é vítima de violência sexual. Nesses casos, a violência ocorre dentro de casa e o agressor, geralmente, é um familiar ou alguém conhecido dos familiares. Assim, não somente a violência sexual, mas também tantas outros tipos de violência deixam traumas para a vida toda. Logo, essas crianças e adolescentes não devem ser revitimizadas ou expostas, pois elas precisam de acolhimento, de cuidado e da garantia de seus direitos. (UNICEF, 2020) De fato, de acordo com os dados tabulados, foi notória a proporção de violência de repetição (Tabela 2), 44,52% e, infere-se que esta variável possa ocorrer em virtude de que o agressor geralmente possui um vínculo de confiança ou relação de poder parental ou social com a vítima de violência sexual (RATER et al., 2011; CERQUEIRA;COELHO, 2014; MASCARENHAS et al., 2016). Esta proximidade de relações intrafamiliares ou sociais pode propiciar ao agressor certo grau de facilidade em sua abordagem, e, posterior repetição da violência. Sendo assim, Souto (2018) infere que essa premissa se opõe à concepção da casa como um abrigo seguro, que serviria de fonte de desenvolvimento para crianças e adolescentes. Portanto, essa recorrência pode ter sido a variável de aumento de notificações efetuadas por responsáveis de menores de 14 anos, pois entende – se que os agressores eram próximos a estes, e, certamente se utilizaram de violência psicológica para coagi-los (LEITE et al., 2017). Tabela 2 – Violência de repetição e evolução do caso Continua Variável 7228 (N) 100(%) Violência de Repetição Sim 3.218 44,52 Não 2.809 38,86 Ignorado 1.177 16,28 Em branco 24 0,33 Evolução do Caso Alta 833 11,52 Evasão/fuga 10 0,13 Windows Riscado 35 Tabela 2 – Violência de repetição e evolução do caso Conclusão Variável 7228 (N) 100(%) Evolução do Caso Óbito por violência 2 0,02 Ignorado e brancos 6.313 88,30 Fonte: (SINAN/SUS), elaboração da tabela SOUZA, D, setembro de 2020 Em relação à evolução dos casos, nota-se que 88,30% são ignorados e em branco, logo, um número expressivo. Compreende-se que, tal lacuna poderia ser oriunda de causas patriarcais, fenômenos de medo e insegurança, devido ao fato de os pseudonotificantes estarem sob o jugo de relações de poder familiares e não acreditarem no poder judiciário e as longas demoras nas filas dos órgãos policiais. Nesse sentido, Rios (2020) infere que a violência intrafamiliar está marcada por questões históricas e culturais. Em lares marcados por relações patriarcais nos quais somente o homem é o provedor, as barreiras decorrentes dessa condição econômico-social são difíceis de serem rompidas justamente pela relação de submissão social e dependência econômica. Embora exista uma pseudossegurança no lar, ele ainda é um ambiente ameaçador para muitas vítimas pela presença do opressor, e, portanto, por tal condição, impõe-se o silêncio, a censura, a violação velada de direitos às crianças, aos adolescentes e às mulheres. Além disso, pode-se deduzir que a falta de notificação também se deve a fatores que interagem no atendimento à vítima, logo, seja pela falta de recursos humanos no ambiente laboral e o conseqüente atarefamento pela condição multiprofissional, seja por não estarem preparados para esse acolhimento discursivo que denota outridade, interação ou interdependência do outro. Assim, a vítima fica sem saber como proceder diante da agressão sofrida e aceita – num movimento de silenciamento – diante do despreparo ou assoberbamento do profissional, ser medicado, retornando para a (in)segurança do lar, junto ao agressor. Desse modo, conclui-se que as notificações compulsórias, diante dos dados mensurados, não são realizadas pelo motivos apontados, denotando o despreparo técnico científico, baixo quantitativo de normativas técnicas, falta de aparato legal aos incumbidos de realizar a notificação, equívocos na constatação da violência pelo atendimento em saúde e ruptura do sigilo profissional (DELZIOVO et al., 2018). Windows Realce ao inferir algo, você precisa ter os dados, ou apresenta um autor que também tem essa posição. Windows Realce Windows Realce conclui o teu trabalho ou dos autores? deixar claro. E sugiro não concluir na análise e sim na conclusão. 36 Tabela 3 – Local da ocorrência e Agressor Variável 7228 (N) 100(%) Local da Ocorrência Residência 4.880 67,51 Via pública 967 13,37 Bar ou Similar 125 1,73 Comércio/Serviços 114 1,57 Escola 88 1,21 Habitação Coletiva 64 0,88 Local de pratica esportiva 22 0,30 Indústria/ construção 8 0,11 Outros 504 6,97 Ignorado 453 6,26 Em Branco 3 0,04 Agressor Amigos 1.729 23,92 Outros vínculos familiares 1.211 16,75 Padrasto 925 12,79 Pai 768 10,62 Cônjuge 269 3,72 Irmão 204 2,82 Ex-cônjuge 141 1,95 Cuidador 70 0,97 Chefe 20 0,27 Namorado 1 0,01 Ex- namorado 1 0,01 Outros desconhecidos 2.069 28,62 Fonte: (SINAN/SUS), elaboração da tabela SOUZA, D, setembro de 2020 Acerca das variáveis intervenientes que mensuram os locais nos quais a violência sexual se consumou, pode-se inferir que esta ocorreu na residência das vítimas em um total de 67,51%, sendo 13,37% em via pública. (Tabela 3). Percebe-se essa relação justamente em razão do aumento das notificações ocorridas dentro da residência, logo, tal correlação permite questionar se as políticas públicas de prevenção à violência sexual estão estimulando uma maior notificação de casos relacionados a ela que ocorram dentro da residência. (SILVA et al., 2013; CERQUEIRA; COELHO; FERREIRA, 2017) 37 Em relação ao perpetrador, 23,92% dos crimes são cometidos pelos amigose 16,75% pelos conhecidos com vínculos afetivos à família da vítima, por exemplo, cometidas por tios ou avós, caracterizadas como violência doméstica intrafamiliar, pois há a coabitação e pelos vínculos familiares. Já a violência sexual extrafamiliar ocorre fora das relações familiares, e seus agentes geralmente são vizinhos e colegas, figurando com 28,62% dos crimes tabulados. Gomes (2014) infere sobre a importância da enfermagem forense nesses casos, fazendo-se necessárias intervenções em um plano de cuidado, visto a capacidade técnica para perceber as linguagens corporais e psicológicas desses pacientes vulneráveis. Nos gráficos 1 e 2, estão expostas as características de incidência temporal. Verifica-se no gráfico 1 que houve a variação entre os anos de 2014 a 2017, não seguindo um padrão. Em contrapartida, ao observarmos o período de 2014 a 2016, nota-se que a curva decresceu, e, no ano de 2018, ocorreu o aumento das notificações em 26,67%. Gráfico 1 - Distribuição de casos de violência sexual por ano Fonte: (SINAN/SUS), elaboração da tabela SOUZA, D, setembro de 2020 38 Gráfico 2 - Distribuição de casos de violência sexual por meses. Fonte: (SINAN/SUS), elaboração da tabela SOUZA, D, setembro de 2020 Assim, apesar da elevação dos números de notificações no ano de 2018, infere-se que, nos anos anteriores, também possa ter ocorrido a diminuição das notificações devido à maior resolução de conflitos no serviço que prestou o atendimento inicial, tornando, assim, desnecessário o encaminhamento. Nesse sentido, o comportamento das notificações no período mensurado, observando a distribuição temporal de acordo com as tabelas, permite-nos notar primeiramente, uma incongruência temporal de casos, tanto ao longo dos anos, quanto ao longo dos meses. Consequentemente é possível inferir que as notificações de violência sexual, como crime de natureza típica de um sistema de relacionamento intrafamiliar ou intrassocial, tem sua intensidade de notificações nos meses de inverno (CERQUEIRA; COELHO; FERREIRA, 2017). Observando a variação do gráfico em relação às notificações de violência sexual, no período em comento, pode-se concluir que o fato de ter se dado o aumento real do número de casos notificados decorre de três possíveis situações: conscientização das vítimas; conscientização dos profissionais de saúde que Windows Realce fico questionando essa tua inferência, sem um dado ou autor para comparar. Windows Realce teu ou dos autores? Windows Realce qual gráfico? conclui como, através de que dados? ou são dos autores? 39 realizam o primeiro atendimento; e, melhores condições estruturais de unidades que possuem condições para notificar (CERQUEIRA; COELHO; FERREIRA, 2017). Sendo assim, Baptista (2015) acresce que o primeiro contato da vítima acontece com o profissional enfermeiro, assim é primordial sua capitação e treinamento para atendimento e investigação da Violência Sexual (BAPTISTA et al., 2015). Nessa esteira, aduz Bezerra et al. (2018) que o atendimento às vítimas de violência sexual, no Brasil é fragmentado, com ambientes despreparados para o acolhimento, além do despreparo dos profissionais para atendimento das vítimas, portanto, é mister preparar o profissional para este tipo de atendimento. Logo, é pela via da atividade laboral forense que se encontrará o auxílio na identificação da vítima de violência, possibilitando um olhar diferenciado à violência sofrida como um todo. Desse modo, a enfermagem forense no Brasil pode atuar em vários cenários da violência, em especial, prestando assistência e cuidados às vítimas de violência, identificando sinais clínicos resultantes de atos criminosos, sejam físicos, sexuais, vindos de maus-tratos ou decorrentes de processos traumáticos conforme aqui tabulados e analisados. Assim, a enfermagem forense se insere na educação, nos exames e investigação forenses, no tratamento e acolhimento, na documentação e no cuidado com a população vulnerável. 40 5 CONCLUSÃO Lamentavelmente, a violência sexual continua presente no dia a dia das mulheres gaúchas. Embora existam esforços do Estado por meio de políticas públicas que visam consolidar os esforços e a atuação dos órgãos para o atendimento e enfrentamento da violência contra a mulher, no entanto, o Rio Grande do Sul segue com suas estatísticas de forma crônica e instável. Sendo assim, o que acontece no sul somente reflete o que ocorre no Brasil, que, infelizmente, é recordista em índices de violência sexual. Vislumbrou-se nesta pesquisa que as leis específicas ao enfrentamento da violência sexual, por si só, quanto ao caráter normatizador, punitivo e educativo delas, não conseguem frear ou inibir o agressor. O enfrentamento da violência contra a mulher exige muito mais do que leis e tentativas inócuas de impedi-la. Tal ação exige a ruptura de barreiras e de preconceitos; logo, urge a necessidade de práticas que possibilitem o acolhimento eficaz nos hospitais e postos de atendimento médico visando à outridade que denuncie os silêncios impostos que revitimizam mulheres pelo temor e vergonha. Nesse sentido, a enfermagem forense, como campo de atuação especializada, enfrenta diretamente todos os tipos de violência que possam vir a afetar um indivíduo ou uma população, não estando direcionada apenas à morte, evitando a revitimização da vítima, familiares e perpetradores. Portanto, percebe-se a importância e a necessidade de qualificação do profissional de enfermagem forense, capacitando-o com habilidades e competências que consolidem uma ação humanizada, qualificada, consistente e resolutiva, capazes de contribuir para a melhoria das práticas de cuidado em saúde. Sendo assim, a pesquisa realizada cumpre papel informativo ao oferecer visibilidade ao tema e propor uma interlocução com enfermagem forense. Portanto, suscitou-se a necessidade de explorar as transversalidades da enfermagem forense com a temática e sua formação como especialidade, no intuito de capacitar o profissional de saúde para o acolhimento humanizado especializado, tendo um olhar holístico na prestação do cuidado e, com isso, mais qualificado e integro às mulheres vítimas de violência sexual. Windows Nota Sugiro trazer aqui a subnotificação. 41 REFERÊNCIAS ANDRADE, Rosires Pereira et al. Características demográficas e intervalo para atendimento em mulheres vítimas de violência sexual. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 23, n. 9, p. 583-587, 2001. ARAÚJO, T. L. L. O (s) novo (s) crime (s) de estupro. Apontamentos sobre as modificações implementadas pela Lei nº 12.015/2009. Jus Navigandi, Teresina, ano, v. 13. 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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, SEXUAL E /OU OUTRAS VIOLÊNCIAS – RIO GRANDE DO SUL. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/violers.def Raça/// . Acesso em: 27 ago. 2020. ––––––. ––––––. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN NET. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, SEXUAL E /OU OUTRAS VIOLÊNCIAS – RIO GRANDE DO SUL. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/violers.def Escolaridade/// . Acesso em: 27 ago. 2020. ––––––. ––––––. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN NET. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, SEXUAL E /OU OUTRAS VIOLÊNCIAS – RIO GRANDE DO SUL. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/violers.def Faixa etaria/// . Acesso em:
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