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A importância da fofoca

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A importância da fofoca
Ana Carolina Guerreiro 
Flávia Nardacci 
Psicologia do Desenvolvimento do adulto e do idoso 
Profª Débora Lomba
A história da fofoca
A fofoca é uma das melhores para explicar a evolução da linguagem;
É uma forma de cooperação. Quando contamos uma história sobre um amigo, estamos cooperando com o nosso amigo, ajudando-o a construir uma imagem positiva de si mesmo. Ao mesmo tempo, estamos cooperando com os outros, pois estamos aumentando a probabilidade de que eles sejam amigos do nosso amigo. Essa é uma das funções da linguagem: ajudar a construir e manter laços sociais.
Mas por que é tão importante cooperar? Porque a cooperação é a chave para a sobrevivência. A cooperação é importante para obter alimentos, para defender-se de predadores e para construir sociedades. Quanto mais cooperamos, mais fortes somos.
A história da fofoca
A fofoca nasceu junto com a linguagem. Antes mesmo de falarmos, já estávamos trocando informações sobre os outros. Pesquisadores acreditam que isso acontece porque é uma forma eficiente de nos prepararmos para interagir com os outros. Ao saber sobre as ações e reações das pessoas, fica mais fácil prever como elas vão se comportar. 
Ninguém sabe ao certo de onde veio a fofoca. Mas, de acordo com alguns pesquisadores, ela pode ter surgido junto com a capacidade de falar. Isso porque, desde muito cedo na história da humanidade, as pessoas usaram a linguagem para discutir assuntos importantes para a comunidade. Segundo essa teoria, a fofoca é uma forma de manter essa discussão viva.
Outra hipótese é que a fofoca surgiu como uma forma de proteger as pessoas. Segundo essa teoria, as pessoas começaram a fofocar para saber quem era confiável e quem não era. Assim, elas poderiam evitar serem enganadas.
Independentemente da origem, é inegável que a fofoca é uma ferramenta social importante. Ela nos ajuda a compreender melhor as pessoas que nos cercam e a construir relações mais fortes com elas.
Achou que só você é fofoqueiro?
"A fofoca é uma forma de comunicação social que permite aos animais compartilhar informações sobre os outros membros do grupo, o que pode ajudá-los a tomar decisões melhores sobre como cooperar", disse ao HuffPost a pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e autora do estudo, Lauran R. Hardin.
Para chegar a essa conclusão, a pesquisadora analisou os padrões de comunicação de duas espécies de primatas: os chimpanzés e os macacos-de-cheiro. Ambos os animais são capazes de fofocar, mas os chimpanzés são mais propensos a isso do que os macacos de cheiro.
Os pesquisadores observaram os animais em situações em que eles precisavam cooperar para conseguir comida. Eles notaram que os chimpanzés eram mais propensos a compartilhar informações sobre os outros membros do grupo quando estavam em uma situação em que precisavam cooperar.
"Quando os chimpanzés estavam em uma situação em que precisavam cooperar, eles eram mais propensos a compartilhar informações sobre os outros membros do grupo", disse Hardin. "Isso pode ser porque a fofoca é uma forma de comunicação social que permite aos animais compartilhar informações sobre os outros membros do grupo, o que pode ajudá-los a tomar decisões melhores sobre como cooperar.“ 
Os macacos, por sua vez, não eram tão propensos a compartilhar informações sobre os outros membros do grupo. "Isso pode ser porque os macacos não precisam cooperar tanto quanto os chimpanzés para conseguir comida, o que faz com que eles não tenham tanto interesse em compartilhar informações sobre os outros membros do grupo", disse Hardin. 
Os resultados da pesquisa mostram que a fofoca pode ser uma forma de comunicação social benéfica para os animais. "Apesar de ser associada a sentimentos negativos, como inveja e ciúme, a fofoca pode ser benéfica para o grupo, pois pode ajudá-los a cooperar melhor", disse Hardin.
Mas o que é a fofoca?
Apesar de ser um tema controverso, a fofoca tem sido estudada por cientistas há algum tempo. Um dos primeiros a analisar o assunto foi o psicólogo Erving Goffman, que publicou um livro sobre o tema em 1963. De acordo com Goffman, a fofoca é uma forma de comunicação que permite que as pessoas discutam as relações sociais de uma maneira não oficial. Além disso, ela serve como uma espécie de “argamassa” que une um grupo social. 
Segundo Goffman, a fofoca é um mecanismo importante para manter a coesão do grupo. Isso acontece porque ela permite que as pessoas compartilhem informações sobre as outras pessoas do grupo, o que ajuda a construir uma imagem coletiva.
Além disso, a fofoca também pode ser usada para estabelecer relações de poder no grupo. Quem tem acesso a informações privilegiadas sobre as outras pessoas do grupo pode exercer influência sobre elas. 
Apesar de ter diversas utilidades, a fofoca também pode ser prejudicial. Ela pode ser usada para disseminar boatos, prejudicar reputações e causar constrangimento.
Além disso, a fofoca pode levar as pessoas a tomarem decisões erradas, pois ela pode ser baseada em informações falsas. Por isso, é importante ter cuidado ao discutir as idas e vindas das pessoas que nos cercam.
A HISTÓRIA OCULTA DA FOFOCA
Mulheres e caça às bruxas - Silvia Federici;
“Traços do uso da palavra são frequentes na literatura do período. Derivada dos termos ingleses arcaicos God [Deus] e sibb [aparentado], “gossip” significava, originalmente, “god parent” [padrinho ou madrinha], pessoa que mantém uma relação espiritual com a criança a ser batizada. Com o tempo, entretanto, o termo passou a ser usado em sentido mais amplo. Na Inglaterra do início da era moderna, “gossip” se referia às companhias no momento do parto, não se limitando à parteira. Também se tornou um termo para amigas mulheres, sem conotação necessariamente derrogatória. Em todo caso, a palavra tinha fortes conotações emocionais.”
A fofoca e o feminino
Na Inglaterra, em 1547, “foi expedido um decreto proibindo as mulheres de se encontrarem para tagarelar e conversar” e ordenando aos maridos que “mantivessem as esposas dentro de casa”.
“O “scold’s bridle” [rédea ou freio das rabugentas], também chamado de “branks”, engenhoca sádica de metal e couro que rasgaria a língua da mulher se ela tentasse falar. Tratava-se de uma estrutura de ferro que circundava a cabeça, um bridão de cerca de cinco centímetros de comprimento e dois centímetros e meio de largura projetado para dentro da boca e voltado para baixo sobre a língua; muitas vezes, era salpicado de pontas afiadas, de modo que, se a infratora mexesse a língua, aquilo causaria dor e faria com que fosse impossível falar.”
A fofoca tem alguma utilidade?
Aliviar a ansiedade;
Formação de sub-grupos;
Transformar o “fofoqueiro” como pessoa “referência”;
Maneira para lidar com a inveja não tratada;
A necessidade de difamar a imagem de um concorrente;
Afirmação de sua personalidade, como uma maneira que a pessoa possui para lidar com suas rejeições primárias;
Poderoso mecanismo de defesa contra elementos que ameacem a segurança de determinados grupos ou indivíduos isolados
E os malefícios? 
Às vezes o fofoqueiro faz um estrago, pode gerar calúnia, danos morais, e sofrimento psíquico. Ela pode causar diversos transtornos, o avanço da psicologia pode ajudar, as pessoas precisam de ajuda, seja por fazer fofoca ou ser uma vítima da fofoca. A psicoterapia hoje é bastante eficaz, para identificar, diagnosticar e tratar, pois trabalha as questões associadas ao problema e permite ao psicoterapeuta a identificação dos eventos traumáticos.
Entre outras vantagens, a psicoterapia contribui na libertação emocional de quem sofre com tratamento da ansiedade, ataque de pânico, obsessão, depressão, além de ajudar a pessoa a lidar com as lembranças do passado e fatos que lhe causam temor e desesperança.
Conclusão
Apesar de existirem diversas definições de fofoca, todas elas se referem a um tipo de comunicação informal, na qual os participantes trocam informações sobre pessoas ou eventos. Geralmente, a fofoca é caracterizada por ser uma forma deconversa que não segue os padrões de formalidade, sendo marcada por expressões emocionais e linguagem corporal.
Lei de Gaiarsa: “a quantidade de fofoca que existe no mundo e em cada pessoa é exatamente igual à quantidade de desejos humanos não realizados –à frustação cósmica – de cada um.”
Isso é tudo, fofoqueiros!
Referencias
BERGER, P.L. & LUCKMANN, T. (1966). A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes.
GIL, A.C. (2002). Psicologia: teoria e pesquisa. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
GOLDSTEIN, J. (1994). A mente do fofoqueiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
KOTLER, P. (2000). Marketing: conceitos, estratégias e táticas. São Paulo: Atlas.
LAKATOS, E.M. & MARCONI, M.A. (2000). Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Atlas. 
LIMA, L.C. (2002). Psicologia social: uma abordagem integrativa. São Paulo: Pearson Education do Brasil. 
MARTINS, M.T. (2002). A fofoca na escola: um estudo sobre os efeitos da fofoca na vida escolar. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade de Brasília, Brasília. 
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