Buscar

O HIV E A ODONTOLOGIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O HIV E A ODONTOLOGIA 
 
O HIV (vírus de imunodeficiência humana) é o vírus que causa a AIDS. Este vírus é 
transmitido de uma pessoa para outra através do contato com o sangue (transfusões de sangue, 
agulhas infectadas com HIV) e relação sexual. Além disso, uma mulher grávida que esteja 
infectada pode transmitir o HIV para o seu bebê durante a gestação ou parto, como também 
através da amamentação. AIDS (síndrome de imunodeficiência adquirida) ocorre quando a 
infecção pelo HIV enfraquece o sistema imunológico da pessoa até o ponto em que ela não 
consegue combater certas doenças e infecções. Infecções “oportunistas” também podem 
ocorrer, aproveitando-se da fraqueza do sistema imunológico. 
No Brasil, o Conselho Federal de Odontologia elaborou o Código de Ética Odontológica 
(CEO), que orienta os integrantes da classe a seguirem uma conduta moral recomendável e 
estabelece punições aos infratores de suas normas. São preceitos éticos, adequadamente 
contemplados no CEO, exercer a profissão sem discriminação de qualquer forma ou pretexto 
(capítulo I, artigo 2°) e zelar pela saúde e dignidade do paciente (capítulo III, artigo 4°, inciso 
III) — entendendo-se, obviamente, saúde no seu senso lato, não restrito aos aspectos 
odontológicos. Isto vem ao encontro da constituição brasileira, que preconiza que todos têm 
direito adquirido e inalienável à saúde. 
Dentre as questões éticas e legais envolvidas na prática odontológica, vêm sendo objeto 
de dúvida a conduta a ser seguida frente a indivíduos que se apresentam com determinadas 
patologias — como os portadores da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), um dos 
maiores e mais graves problemas sociais e de saúde pública já enfrentados pela. 
O atendimento a indivíduos HIV soropositivos ou com aids, mais do que uma realidade 
no contexto atual da prática odontológica, é um imperativo ético. Sem dúvida, as questões 
trazidas pela aids impõem novas obrigações profissionais e desafios éticos. Basicamente, todas 
as questões éticas envolvidas no atendimento a pacientes com HIV ou aids estão, de alguma 
forma, relacionadas à discriminação sofrida pelos mesmos. Muitos estudos relatam a 
dificuldade dos pacientes com HIV ou aids em conseguir atendimento odontológico quando 
revelam seu estado de soropositividade ao profissional, ou quando apresentam sinais clínicos 
da doença. 
Segundo relato de indivíduos infectados, a recusa de atendimento por parte de cirurgiões 
dentistas é mascarada por argumentos técnicos ou outro tipo de esquiva. Muitos profissionais 
criam situações que impedem o início ou a continuidade do tratamento ou encaminham o 
paciente a outro profissional sem motivo justificável. O orçamento com valores aviltantes é 
outro recurso utilizado para inviabilizar o atendimento. Sabe-se que, do ponto de vista ético e 
legal, tais atitudes são discriminatórias, constituindo-se em infrações éticas, previstas também 
nos foros cível e criminal. 
Embora tais condutas possam parecer uma boa alternativa para aquele profissional 
inseguro, são ilógicas, pois a maioria dos indivíduos HIV soropositivos não apresentam sinais 
da infecção; tais pacientes têm potencial para transmitir o vírus, mesmo não apresentando sinais 
clínicos. Além disso, o medo de reações negativas por parte do cirurgião-dentista tem levado 
muitos indivíduos a omitirem sua condição de portadores do HIV. 
 
 
MNIFESTAÇÕES DE POSSÍVEL DIAGNOSTICO POSITIVO PARA 
AIDS/HIV 
 
Problemas dentários como gengivas machucadas e sangrando, feridas de herpes na boca 
e infecções por fungos (sapinho), podem ser os primeiros sinais clínicos de AIDS. No entanto, 
se você tiver alguns destes sintomas não deve concluir que está infectado pelo vírus, uma vez 
que eles ocorrem também na população em geral. A única forma de se saber ao certo se está 
infectado é fazendo o teste de HIV. 
Um teste de HIV positivo não significa que você tenha AIDS. A AIDS é um diagnóstico 
feito pelo médico, com base em critérios específicos. Também não se pode confiar nos sintomas 
para saber se está ou não infectado pelo HIV. Muitas pessoas que estão infectadas pelo vírus 
não apresentam nenhum sintoma durante muitos anos. Os sinais abaixo podem servir como 
alerta para a infecção pelo HIV: 
 
– Perda de peso acelerada 
– Tosse seca 
– Febre constante ou sudorese noturna intensa 
– Glândulas linfáticas inchadas nas axilas, virilha e pescoço 
– Diarreia que dura mais de uma semana 
– Manchas brancas ou manchas estranhas na língua, na boca ou na garganta 
– Pneumonia 
– Manchas vermelhas, marrons, rosas ou púrpuras na pele, ou dentro da boca, nariz ou pálpebras 
– Perda de memória, depressão e outras alterações neurológicas 
 
 
CONTAMINAÇÃO EM CONSULTÓRIO ODONTOLOGICO 
 
Devido à natureza do tratamento dentário, muitas pessoas temem que o HIV possa ser 
transmitido durante o tratamento. Precauções universais são utilizadas para a limpeza do 
consultório, dos equipamentos e instrumentos utilizados pelo dentista, entre cada um dos 
pacientes a fim de prevenir a transmissão do HIV e outras doenças infecciosas. Isto é a lei! 
Estas precauções exigem que os dentistas e assistentes utilizem EPIs - luvas, máscaras e 
proteção para os olhos -, e que esterilizem todos os instrumentos manuais (motores) e outros 
instrumentos dentários para cada paciente, utilizando os procedimentos de esterilização 
específicos determinados pela Vigilância Sanitária. 
Os instrumentos que não puderem ser esterilizados devem ser descartados em lixos 
especiais. Após cada consulta, as luvas são descartadas, as mãos são lavadas e um novo par de 
luvas é utilizado para o próximo paciente. 
Devido às suas características de transmissibilidade, a aids acabou provocando uma 
verdadeira revolução na área de saúde, através de mudanças repentinas nos procedimentos de 
controle de infecção que anos de educação não haviam até então conseguido. No entanto, vários 
estudos concluíram que a infecção por HIV é um problema menor para a equipe odontológica 
do que a infecção pelo vírus da hepatite B (HBV). 
Pesquisas têm confirmado que o HIV tem baixíssima infectividade, sendo facilmente 
destruído. Segundo alguns autores, desde que medidas universais de precaução sejam aplicadas, 
o risco de infecção pelo HIV durante um atendimento odontológico é praticamente zero. 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Não se pode ignorar que a aids vem se constituindo ao longo dos anos em uma doença 
do medo. Após duas décadas convivendo com esta que é, sem dúvida, uma grande ameaça para 
a raça humana, alguns pontos se tornaram bastante claros no que diz respeito à biossegurança 
e ao atendimento a indivíduos infectados por HIV. Em primeiro lugar, deve-se frisar que 
todo e qualquer indivíduo deve ser tratado como potencialmente infectado, uma vez que é 
impossível diferenciar clinicamente pacientes infectados assintomáticos dos não infectados. 
O protocolo de biossegurança para atendimento em consultórios odontológicos, 
aperfeiçoado ao longo dos anos, tem demonstrado ser eficaz na prevenção da infecção pelo 
HIV. O segundo ponto a ser considerado é a questão do próprio respeito ao indivíduo infectado 
que, numa fase da vida em que pode se apresentar física e psicologicamente abalado, merece 
um atendimento digno, onde devem imperar a empatia e a solidariedade. 
Em relação ao tratamento a ser instituído a pacientes infectados por HIV, afirmam que 
o mesmo deve abranger duas vertentes: O TRATAMENTO TRADICIONAL, que visa controlar 
as formas mais comuns de doenças bucais, além de prover orientação para os cuidados de 
higiene bucal; e O TRATAMENTO ESPECÍFICO, que aborda as manifestações bucais que a 
infecção pelo HIV provoca. 
Caso o cirurgião-dentista seja procurado por um paciente comprovadamente infectado 
pelo HIV ou que tenha AIDS, o mesmo deve adotar uma das seguintes condutas: em caso de 
urgência, o profissional deve atender o paciente normalmente, dentro dos limitesde sua atuação. 
Caso não seja uma urgência, ou após a mesma ter sido debelada, o profissional poderá atender 
normalmente se a necessidade do paciente estiver dentro do escopo de sua atuação profissional, 
ou encaminhá-lo imediatamente para acompanhamento em um serviço especializado, seja ele 
público ou privado. 
O importante e ético é que não se negue atendimento única e simplesmente por ser o 
paciente um portador do HIV ou da AIDS. Diante do medo de ser descoberto, através de sinais 
corporais, como perda de peso e alterações na pele, e ser considerado inabilitado para a 
aceitação social plena, o indivíduo portador do HIV vive, muitas vezes, a redução de seus 
atributos e a impossibilidade de se relacionar social e profissionalmente (8). Pacientes HIV 
soropositivos ou com AIDS devem ser atendidos sobretudo com ética, levando-se em 
consideração sua condição imunológica e psíquica. Garantir acesso aos serviços odontológicos, 
oferecendo programas de educação e prevenção de doenças bucais é fundamental para garantir 
uma melhor qualidade de vida de indivíduos soropositivos. O profissional deve manter um bom 
relacionamento com o paciente, para que este se sinta seguro e não omita nenhuma informação 
que possa interferir no tratamento e tenha certeza do sigilo das informações prestadas. 
Faz-se necessário alertar as instituições de ensino superior quanto ao papel que lhes 
compete, respondendo pela formação científica e garantindo a base fundamental para a 
formação de profissionais de saúde conscientes de suas obrigações legais e éticas. 
Para Nassif, o papel da universidade não é apenas formar especialistas, mas pessoas 
críticas de suas próprias profissões, que tenham a visão abrangente para entender qual o seu 
papel profissional. Além disso, os profissionais da Odontologia devem buscar no CEO e nos 
conselhos profissionais (federal ou regionais) amparo para questões como as aqui discutidas, 
assim como formas de atualizar seus conhecimentos, a fim de manter a postura ética e 
profissional. 
 
 
Referencias bibliográfica 
 
1. Samico AHR. Panorama da ética profissional. Em: 
Samico AHR, Menezes JDV, Silva M, eds. Aspectos 
éticos e legais do exercício da odontologia. 2a ed. Rio 
de Janeiro: Conselho Federal de Odontologia; 1994. 
pp. 6–13. 
2. Revista da APCD Volume 49 Nº 6 
3. Conselho Federal de Odontologia (CFO). Código de 
Ética Odontológica: resolução no. 179, de 19 de 
dezembro de 1991. Rio de Janeiro: CFO; 1992. 3. 
Ramos DLP. A odontologia e a AIDS: algumas 
questões éticas. Jornal do Conselho Federal de 
Odontologia1998; 6:4. 
4. Gillespie GM, Mariño R. Oral manifestations of HIV 
infection: a Pan-American perspective. J Oral Pathol 
Med 1993;22(1):2–7. 
5. Organización Panamericana de la Salud (OPS). Que es 
el SIDA? Em: Organización Panamericana de la 
Salud. SIDA: la epidemia de los tiempos modernos. 
Washington: OPS; 1993. pp. 1–25. 
6. Hanan J. A percepção social da AIDS: raízes do 
preconceito e da discriminação. Rio de Janeiro: 
Revinter; 1994. 
7. Gerbert B, Badner V, Maguirre B, Carlton R, Barnes 
D. Perceived personal risk: impact on dentists’ 
infection control behaviors [abstract]. J Dent 
Res1988;67(suppl):256. 
8. Cottone JA, Molinari JA. Hepatitis, HIV infection and 
AIDS: some issues for the practitioner. Intern Dent 
J1989;39(2):103–7. 
9. Cottone JA, Terezhalmy GT, Molinari JA. Rationale 
for practical infection control in dentistry. Em: 
Cottone JA, Terezhalmy GT, Molinari JA, eds. 
Practical infection control in dentistry. Philadelphia: 
Lea & Febiger; 1991. pp. 71–9. 
10. Samaranayake LP, Scheutz F, Cottone JA. Pacientes 
de alto risco e profissionais de saúde que pertencem 
aos grupos de alto risco. Em: Samaranayake LP, 
Scheutz F, Cottone JA, eds. Controle da infecção para 
a equipe odontológica. 2a ed. São Paulo: Santos; 1995. 
pp. 114–23. 
11. Gerberding JL, Hopewell PC, Kaminsky LS, Sande M. 
Transmission of hepatitis B without of AIDS by 
accidental needlestick [letter]. New Engl J Med 
1985;312(1):56–7 
12. Grassi M, Abb J, Hämmerle C. Controle de infecção 
no consultório. Em: Grassi M, Abb J, Hämmerle C, 
eds. AIDS em odontologia. Rio de Janeiro: Revinter; 
1994. pp. 63–81. 
13. Klein RS, Phelan JA, Freeman K, Schable C, 
Friedland GH, Trieger N, et al. Low occupational risk 
of human immunodeficiency virus infection among 
dental professionals. New Eng J Med 1988;318(2):86–
90. 
14. Scully C. AIDS and dentistry: a report of a state-of-
the-art meeting.Br Dent J1988;164(4): 118. 
15. Scully C, Porter S. The level of risk of transmission of 
human immunodeficiency virus between patients and 
dental staff. Br Dent J 1991;170(3):97–100. 
16. Ferreira CN, Paixão HH, Pordeus IA. Conhecimentos, 
atitudes e comportamento dos alunos da FOUFMG 
com relação à AIDS e ao atendimento a pacientes HIV 
positivo [resumo]. Arq Cent Est Curs Odont 1997; 
33(supl):53 
17. . Gerbert B, Sumser J, Chamberlin K, Maguire BT, 
Greenblatt RM, McMaster JR. Dental care experience 
of HIV-positive patients. J Am Dent Assoc 
1989;119(5):601–3. 
18. Jacobson JA, Stocking C, Gramelspacher G. Dental 
care experience of HIV-infected men in Chicago. J Am 
Dent Assoc 1989;119(5):605–8. 
19. Perry SW, Moffatt M Jr, Card CA, Fishman B, Azima-
Heller R, Jacobsberg LB. Selfdisclosure of HIV 
infection to dentists and physicians. J Am Dent Assoc 
1993;124(9):51–4. 
20. Robinson P, Zakrzewska JM, Maini M, Williamson D, 
Croucher R. Dental visiting behaviour and experiences 
of men with HIV. Br Dent J 1994;176(5):175–9. 
21. McCarthy GM, Haiji FS, Mackie IDF. HIVinfected 
patients and dental care: nondisclosure of HIV status 
and rejection for treatment. Oral Surg Oral Med Oral 
Pathol 1995;80(6): 655–9. 
22. Souza RG, Tartaglia SMA, Lopes VS. Experiências 
odontológicas de pacientes HIV soropositivo 
[resumo]. Arq Cent Est Curs Odont 
1997;33(suplem):144. 
23. Lopes VS, Pordeus IA, Paixão HH, Discacciati JAC. 
Indivíduos HIV positivos: revelação de 
soropositividade e negação de atendimento 
odontológico. Em: Anais da 15a R e u n i ã o Anual da 
SBPqO. SBPqO: 1998. pp. 182. 
24. Ferreira B. Entre a cruz e a espada. Rev Assoc Bras 
Odont Nac 1998;6(2):74–7 
25. Senna MIB, Alvarez Leite ME, Kalil DMC. Saúde 
bucal em um grupo de pacientes HIV positivo 
[resumo]. Arq Cent Est Curs Odont 
1997;33(supl):156. 
26. Seffner F. AIDS: estigma e corpo. Em: Leal OF, org. 
Corpo e significado: ensaios de antropologia social. 
Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul; 1995. pp. 72–86. 
27. Gillespie GM, Mariño R. Oral manifestations of HIV 
infection: a Pan-American perspective. J Oral Pathol 
Med 1993;22(1):2–7. 
28. Nassif L. Ética em tempo de globalização. Rev Provão 
1998;3(3):15.

Outros materiais