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Perspectivas de Aplicação da Teoria Cientifica de Taylor na Atualidade Luciana dos Santos Alvez 1 Eduardo Checinel 2 RESUMO O assunto tratado neste artigo é a Teoria Cientifica de Taylor, por ser muito importante devido à grande utilização por ser uma teoria que não perderá o seu valor e sua aplicação. O que chama atenção é o fato de que Taylor em 1911 estudou e concluiu princípios bastante utilizados hoje, mesmo após um século de criação muitas organizações são evidentemente dependentes destes conceitos, ou pelo menos de alguns deles, para manterem-se no mercado. Palavras-Chave: Teoria de Taylor, princípios da administração cientifica, gestão do trabalho. 1 INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem por objetivo abordar a Teoria Cientifica de Taylor e a possibilidade de sua aplicação na atualidade. Hoje a sociedade vive em torno do trabalho, temos vergonha do tempo perdido e não sabemos mais aproveitar um tempo só nosso, sem exercer alguma atividade. Essa atitude começou a aparecer no Taylorismo. Em se tratando da eficiência, a ideologia não só prezava por maior produção como também por maior consumo, manipulando seus funcionários para que fizessem bom uso de sua renda. Com isso, a sociedade se tornava cada vez mais consumista. Outro aspecto que o Taylorismo mudou foi a transmissão de conhecimento entre gerações. Já que o homem não mais tinha experiências em realizar uma produção sozinho, ou em uma que pelo menos necessitasse de sua opinião, ele foi perdendo muito dos seus conhecimentos gerais, consequentemente as futuras gerações também. 1 Aluno concluinte do curso de Bacharel em Administração da Universidade Estácio de Sá. 2Professor (a) Orientador (a) do artigo da Universidade Estácio de Sá. Frederick Taylor foi o engenheiro mecânico que pensou na eficiência através da racionalização do processo de produção e na Administração como uma ciência. Taylor procurou direcionar seus estudos aos níveis mais baixos da organização, aos operários, e não aos níveis altos, aos administradores.( ) Anteriormente aos princípios de Taylor, os empresários estipulavam cotas de produção, os trabalhadores a faziam e recebiam o pagamento. Não havia muito controle, nem métodos específicos para a produção. Em vista desta realidade, Taylor estudou tempos e movimentos, concluindo nas características do taylorismo que conhecemos. Atualmente, a pressão dos competidores no mercado exige a eficiência na produção, tal qual Taylor havia pensado. Ainda não houve teoria tão eficiente, mesmo com outras teorias afirmando a importância da valorização dos trabalhadores e da socialização deles. Os conceitos de Taylor encontram-se em qualquer ramo de trabalho, principalmente em indústrias. E, inclusive, com a Revolução Tecnológica, como exemplo a automação (tecnologia que substitui a mão de obra e aumenta ainda mais a produção), as empresas não podem renunciar a alguns princípios de Taylor. Neste trabalho podemos observar que tarefas mecânicas e repetitivas ainda são utilizadas, sobretudo, no que se refere à linha de montagem. Também, muitas organizações utilizam premiações, como a participação nos lucros pelo aumento da produtividade, e melhores salários para quem produz mais. Neste sentido, o que parece ser um conceito ultrapassado, torna-se tão recente como se Taylor estivesse em nosso contexto atual. Contudo, muitas características do taylorismo foram aperfeiçoadas ao longo dos anos para que pudessem permanecer no mercado. Taylor restringia a capacidade de raciocinar, de criar, de pensar dos trabalhadores, o que é necessário para execução de muitas tarefas. Hoje os mercados buscam profissionais qualificados, não necessitam mais funcionários que apenas executem tarefas e não pensam. O trabalhador é necessário para a execução de várias tarefas diferenciadas. Altera-se as características do trabalhador e este deve ter mais autonomia, mais conhecimento e habilidade para desenvolver outras ideias para aperfeiçoamento do seu próprio trabalho, capacidade de comunicação etc. Cada vez mais torna-se necessário elaborar estratégias eficientes para melhorar o desempenho no mercado, consequentemente aumenta a pressão para atender demandas de trabalho com prazos cada vez menores, há cobrança por capacidade criadora e, principalmente, pela qualidade, buscando atender a competitividade acirrada dos dias atuais. O planejamento e a tomada de decisão atualmente também fazem parte dos trabalhadores que executam tarefas (evidentemente em uma menor parcela de autonomia do que diretores e gerentes). Os trabalhadores não são selecionados de acordo com a aptidão tão rigorosamente como antigamente, devido à busca pelo profissional que tem mais conhecimento, que tem uma visão diferenciada, até mesmo pela ‘’multifuncionalidade’’ que este poderá desenvolver. O que, geralmente, resulta em mais tarefas ao trabalhador e o salário permanece injusto. Atualmente, o trabalho tem sido flexibilizado, proporcionando mais opções para os trabalhadores, como uma jornada de trabalho diferenciada, o que beneficia aqueles trabalhadores que procuram especialização, tendo assim, mais chances no mercado e, inclusive, de ascensão profissional. Muitas mudanças ocorreram, mas também muita coisa permanece a mesma. Em uma visão geral, vemos nas indústrias muitos trabalhadores produzindo individualmente, a gerência tomando decisões, controlando, poucos direitos aos trabalhadores, a rotina de trabalho sempre a mesma, porém, com mais tarefas. Apesar de participar de uma pequena parte da tomada de decisão, os trabalhadores são levados a se contentar com o pequeno salário e acabam trabalhando mais. Poucos conseguem ascender profissionalmente devido à grande concorrência e a grande exigência do mercado globalizado, tanto para qualificação do profissional quanto para disponibilidade para execução de muitas tarefas. Nosso objetivo com está pesquisa é realizar uma análise da contribuição de Taylor para o aumento de produtividade e diminuição do desperdício, para comparar métodos e procedimentos utilizados. Sabemos que as teorias organizacionais e gerenciais, suas metodologias de intervenção, sua base científica, suas ferramentas, evoluíram muito, e muitas delas também foram incorporadas no mercado, tais como as de relações humanas, sistemas, desenvolvimento organizacional, programas de qualidade etc. Quanto ao procedimento, obedecerá ao método histórico e o método funcionalista. Com o método histórico pretende-se demonstrar a utilização da Teoria de Taylor desde sua origem dando uma pequena explicação do que se trata para podermos analisar sua aplicabilidade dentro do mundo globalizado que estamos vivenciando. E com o método funcionalista que estuda a sociedade do ponto de vista de suas unidades. Pretende-se analisar qual a relação entre a utilização da Teoria de Taylor como forma de racionalizar gastos gerando mais eficiência ao trabalho realizado. 2 TEORIAS CIENTÍFICAS 2.1 Histórico Frederick Taylor, o pai da “Administração Cientifica”, era um homem totalmente preocupado com a ideia de controle. Era possuidor de um caráter obsessivo e compulsivo, movido por insaciável necessidade de domar e dominar todos os aspectos da sua vida. As suas atividades em casa, no jardim, no campo de golfe, assim como no trabalho, eram regidas por programas e horários planejados em detalhe e seguidos à risca. Mesmo as suas caminhadas à tarde eram cuidadosamente planejadas com antecedência e não lhe era estranho observar os seus próprios movimentos, cronometrar o tempo despendido nas diferentes fases ou até mesmo contar o número de passos dados. (MORGAN, 2011). As ideias que Taylor deixou, para resolver esses problemas, são usadas até hoje e provavelmente continuarão a ser por muito tempo ainda. (MAXIMIANO, 2010) A administração científica representouum marco na evolução das ideias sobre produção, riqueza e relações harmônicas entre empregadores e empregados. A abordagem básica da Escola da Administração Científica se baseia na ênfase colocada nas tarefas e seu nome é devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração a fim de aumentar a eficiência industrial. Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da Administração são a observação e a mensuração (MOTTA E VASCONCELOS, 2006). A Escola da Administração Científica foi iniciada no começo do século passado pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor, considerado o fundador da moderna Teoria Geral da Administração. Taylor preconizava a prática da divisão do trabalho, enfatizando tempos e métodos a fim de assegurar seus objetivos “de máxima produção a mínimo custo”, seguindo os princípios da seleção científica do trabalhador, do tempo padrão, do trabalho em conjunto, da supervisão e da ênfase na eficiência. A preocupação original foi eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias e elevar os níveis de produtividade por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial (MOTTA E VASCONCELOS, 2006). Taylor estudou, cientificamente, os problemas fabris de sua época e popularizou a noção de eficiência: obter o resultado desejado com o menor desperdício de tempo, esforço e materiais. Na verdade, suas investigações científicas levaram melhorias para a eficiência dos trabalhadores, que resultaram em grandes economias nos custos com a mão de obra. Isso porque, na época, vigorava o sistema de pagamento por peça ou por tarefa. Os patrões procuravam ganhar o máximo na hora de fixar o preço da tarefa, enquanto os operários reduziam o ritmo de produção para contrabalançar o pagamento por peça determinado pelos patrões, o que levou Taylor procurar uma solução para atender tanto aos patrões como aos empregados (MOTTA E VASCONCELOS, 2006). 2.2 Finalidade e Objeto da Teoria de Taylor Para Taylor, o operário não tem capacidade, nem formação, nem meios para avaliar cientificamente o seu trabalho e estabelecer sabidamente qual o método ou processo mais eficiente. Geralmente, o supervisor comum deixava ao arbítrio de cada operário a escolha do método ou processo para executar o seu trabalho, para encorajar sua iniciativa. No entanto, com a Administração Científica ocorre uma repartição de responsabilidades: a administração (gerência) fica com o planejamento (estudo minucioso do trabalho do operário e o estabelecimento do método de trabalho) e com a supervisão (assistência contínua ao trabalhador durante a produção), e o trabalhador fica com a execução do trabalho, pura e simplesmente. (CHIAVENATO, 1993). O homem é motivado a trabalhar pelo medo da fome e pela necessidade de dinheiro para viver. Assim, as recompensas salariais e os prêmios de produção (e o salário baseado na produção) influenciam os esforços individuais do trabalho, fazendo com que o trabalhador desenvolva o máximo de produção de que é fisicamente capaz para obter um ganho maior. Uma vez selecionado cientificamente o trabalhador, ensinado o método de trabalho e condicionada sua remuneração à eficiência, ele passaria a produzir o máximo dentro de sua capacidade física. A especialização do operário deve ser acompanhada da especialização do supervisor. Taylor era contrário à centralização da autoridade e propunha a chamada supervisão funcional, que nada mais é do que a existência de diversos supervisores, cada qual especializado em determinada área e que tem autoridade funcional (relativa somente a sua especialidade) sobre os mesmos subordinados.(TAYLOR,1995). A autoridade funcional é relativa e parcial, Para Taylor, o tipo de organização por excelência é a organização funcional. "A administração funcional consiste em dividir o trabalho de maneira que cada homem, desde o assistente até o superintendente, tenha de executar a menor variedade possível de funções. (TAYLOR, 1995). Sempre que possível, o trabalho de cada homem deverá limitar-se à execução de uma única função. Para Taylor, "a característica mais marcante da administração funcional consiste no fato de que cada operário, em lugar de se pôr em contato direto com a administração em um único ponto, isto é, por intermédio de seu chefe de turma, recebe orientação e ordens diárias de vários encarregados diferentes, cada um dos quais desempenhando sua própria função particular".(TAYLOR, 1995) Essa concepção funcional de supervisão trouxe muitas críticas, pois se argumenta que um operário não pode subordinar-se a dois ou mais chefes. Apesar disso, o tipo funcional de Administração foi uma revolução e, mais do que isso, uma previsão notável, na época do rumo que os problemas administrativos e empresariais haveriam de tomar com a crescente complexidade das empresas (CHIAVENATO, 2006). Na obra “Princípios de Administração Científica” (1911), Taylor concluiu que a baixa produtividade do trabalho é decorrente não apenas do operário, mas, também de um sistema de administração que não considera a importância do tempo e do movimento para a produção, dos métodos ineficientes de organização e da falta de uniformidade das técnicas de trabalho. Para superação dessa realidade descreveu quatro princípios basilares para a gerência. (CHIAVENATO, 1993). 2.3 Princípios do Teoria Administrativo Cientifica Em 1903, Taylor divulgou o estudo Shop management, no qual propunha sua filosofia de administração, que compreendia quatro princípios; 1. O objetivo da boa administração era pagar salários altos e ter baixos custos de produção. 2. Com esse objetivo, a administração deveria aplicar métodos de pesquisa para determinar a melhor maneira de executar as tarefas. 3. Os empregados deveriam ser cientificamente selecionados e treinados, de maneira que as pessoas e as tarefas fossem compatíveis. 4. Deveria haver uma atmosfera de íntima e cordial cooperação entre a administração e os trabalhadores, para garantir um ambiente psicológico favorável à aplicação desses princípios. (MAXIMIANO, 2010) Os princípios fundamentais da administração científica são: Primeiro: O desenvolvimento de uma verdadeira ciência. Segundo: A seleção científica do trabalhador. Terceiro: Sua instrução e treinamento científico. Quarto: Cooperação íntima e cordial entre a direção e os trabalhadores. Para Taylor, a gerência deve seguir quatro princípios que são: 1. Princípio de planejamento. Substituir no trabalho o critério individual do operário, a improvisação e a atuação empírico-prática, por métodos baseados em procedimentos científicos. Substituir a improvisação pela ciência através do planejamento do método de trabalho. 2. Princípio de preparo. Selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões e prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado. Preparar máquinas e equipamentos em um arranjo físico e disposição racional. 3. Princípio do controle. Controlar o trabalho para se certificar de que está sendo executado de acordo com os métodos estabelecidos e segundo o plano previsto. A gerência deve cooperar com os trabalhadores para que a execução seja a melhor possível. (MAXIMIANO, 2010) Benefícios do Método de Taylor Benefícios para os trabalhadores no método de Taylor foram: 1. Os salários chegaram a atingir, em alguns casos, o dobro do que eram antes; 2. Os funcionários passaram a se sentir mais valorizados e isso fez com que exercessem seus ofícios com mais prazer. Sentiam-se mais acolhidos pela empresa; 3. A jornada de trabalho foi reduzida consideravelmente; 4. Vantagens, como dias de descanso remunerados foram lhes concedidas. Benefícios para os empregadores no método de Taylor: 1. Produtos com qualidade superioraos anteriores; 2. Ambiente de trabalho agradável tanto para o chão de fábrica quanto para a diretoria, evitando assim distúrbios e conflitos que podem gerar situações negativas dentro da empresa (greves e desestímulo, por exemplo); 3. Redução de custos extraordinários dentro do processo produtivo, como a eliminação de inspeções e gastos desnecessários. (MAXIMIANO, 2010). O fundamental do sistema Taylor é o estudo dos tempos e movimentos na busca da “única maneira certa”, ou seja, menos dispendiosa, de realizar o trabalho. Também na base do sistema está o uso de incentivos econômicos, segundo o ideal de pagar mais a quem produzir mais. (MOTTA, 2003). A competitividade global exige das organizações foco constante na inovação de seus processos. O desenvolvimento de novos produtos que vão além das expectativas de seus clientes, ou seja, prevendo um futuro ainda incerto pela robustez de programas estratégicos em longo prazo é a essência que atualmente muitas empresas desejam alcançar, no entanto não estão preparadas estruturalmente e funcionalmente para este intento, que não é peculiar da administração científica. A busca contínua por produtividade é uma das exigências do mercado consumidor, que pede por qualidade e preços mais acessíveis. O baixo custo de fabricação pode ser conseguido pelo uso máximo e intensificado dos recursos disponíveis, atendendo assim a demanda e a flexibilidade de atendimento. A técnica de estudo dos métodos de trabalho e medição do tempo das atividades inerentes ao processo produtivo em uma linha fabril permanece como sendo como uma das principais ferramentas utilizadas para alcançar o patamar de diferencial competitivo para as organizações. A identificação dos pontos favoráveis e propícios a melhorias serve como indicador da eficácia do planejamento. Os indicadores fornecem ao gestor inúmeras possibilidades de aperfeiçoá-lo continuamente, por meio da aplicação de ferramentas de qualidade e melhoria contínua. O gestor pode estabelecer parâmetros visando aumentar a capacidade de produção. A aplicação de novas metodologias baseadas em padrões pré-estabelecidos de produtividade é o ideal no controle do processo (SILVA et al., 2014). 3 ALTERNATIVAS AOS ENTRAVES DA TEORIA DE TAYLOR 3.1 Alternativas à aplicação da Teoria de Taylor na Atualidade Como já havia mencionado no capítulo anterior Frederick Taylor foi o engenheiro mecânico que pensou na eficiência através da racionalização do processo de produção e na Administração como uma ciência. Taylor procurou direcionar seus estudos aos níveis mais baixos da organização, aos operários, e não aos níveis altos, aos administradores por isso sua Teoria Cientifica pode ser aplicada ainda hoje sem ser considerada ultrapassada em qualquer tipo de organização. Anteriormente aos princípios de Taylor, os empresários estipulavam cotas de produção, os trabalhadores a faziam e recebiam o pagamento. Não havia muito controle, nem métodos específicos para a produção. Em vista desta realidade, Taylor estudou tempos e movimentos, concluindo nas características do taylorismo que conhecemos. Publicou a Administração Científica em 1911 e em um curto espaço de tempo, as empresas já o utilizavam. Empresas do mundo inteiro. Apesar das práticas propostas por Taylor terem sido introduzidas há mais de cem anos e, nesse intervalo de tempo, terem surgido novas formas de organização do trabalho, verifica-se que a filosofia das formas tradicionais, clássicas, de organização do trabalho ainda é utilizada nos ambientes industriais (GUIMARÃES, 1995). Atualmente, a pressão dos competidores no mercado exige a eficiência na produção, tal qual Taylor havia pensado. Ainda não houve teoria tão eficiente, mesmo com outras teorias afirmando a importância da valorização dos trabalhadores e da socialização deles. O modo de produção inerente a determinado tipo de sociedade está intimamente ligado à forma de propriedade dos meios de produção que adota. Nas relações de produção escravagistas, os meios de trabalho e o próprio trabalhador eram objetos de propriedade de um senhor. Nas relações de produção feudais, os camponeses tinham a obrigação de trabalhar gratuitamente nas terras do senhor feudal ou pagar-lhe uma espécie de tributo porque a terra era de propriedade privada dele. Nas relações de produção capitalistas, os meios de produção juntamente com o resultado do trabalho do trabalhador são de propriedade do capitalista (SÁVTCHENKO, 1987). Os conceitos de Taylor encontram-se em qualquer ramo de trabalho, inclusive, com a Revolução Tecnológica, como exemplo a automação (tecnologia que substitui a mão de obra e aumenta ainda mais a produção), as organizações não podem renunciar a alguns princípios de Taylor. Também, muitas organizações utilizam premiações, como a participação nos lucros pelo aumento da produtividade, e melhores salários para quem produz mais. Neste sentido, o que parece ser um conceito ultrapassado, torna-se tão recente como se Taylor estivesse em nosso contexto atual. Contudo, muitas características do taylorismo foram aperfeiçoadas ao longo dos anos para que pudessem permanecer no mercado. Taylor restringia a capacidade de raciocinar, de criar, de pensar dos trabalhadores, o que é necessário para execução de muitas tarefas. Hoje as organizações buscam profissionais qualificados, não necessitam mais funcionários que apenas executem tarefas e não pensam. O trabalhador é necessário para a execução de várias tarefas diferenciadas. Altera-se as características do trabalhador e este deve ter mais autonomia, mais conhecimento e habilidade para desenvolver outras ideias para aperfeiçoamento do seu próprio trabalho, capacidade de comunicação etc. Para atingir seus objetivos, a administração científica vai trabalhar tanto com sanções punitivas quanto com sanções positivas, isto é, vai punir aqueles que se destoarem das regras fixadas e recompensar, nesse caso específico do taylorismo, financeiramente aqueles que colaborarem com as metas estipuladas (FARIA, 1987). O controle complementa o primeiro princípio que diz que o ofício por inteiro deve ser estudado pela gerência e repassado em pequenas etapas para o seu executor. Nesse sentido, o controle pode ser entendido como a utilização do monopólio do conhecimento para controlar cada fase do processo de trabalho, bem como o seu modo de execução (BRAVERMAN, 1987). Cada vez mais torna-se necessário elaborar estratégias eficientes para melhorar o desempenho no mercado, consequentemente aumenta a pressão para atender demandas de trabalho com prazos cada vez menores, há cobrança por capacidade criadora e, principalmente, pela qualidade, buscando atender a competitividade acirrada dos dias atuais. O planejamento e a tomada de decisão atualmente também fazem parte dos trabalhadores que executam tarefas (evidentemente em uma menor parcela de autonomia do que diretores e gerentes). Os trabalhadores não são selecionados de acordo com a aptidão tão rigorosamente como antigamente, devido à busca pelo profissional que tem mais conhecimento, que tem uma visão diferenciada, até mesmo pela ‘’multifuncionalidade’’ que este poderá desenvolver em suas atividades diárias que, geralmente, resulta em mais tarefas ao trabalhador e o salário permanece injusto. Atualmente, existe a flexibilização do trabalho, proporcionando mais opções para os trabalhadores, como uma jornada de trabalho diferenciada, trabalho remoto, Home office, o que beneficia aqueles trabalhadores que procuram especialização, tendo assim, mais chances de aprimoramento, inclusive, de ascensão profissional. Muitas mudanças ocorreram, mas também muita coisa permaneceu a mesma. Em uma visão geral, vemos muitos trabalhadores produzindo individualmente, a gerência tomando decisões, controlando, poucos direitos aos trabalhadores, a rotinade trabalho sempre a mesma, porém, com mais tarefas. Apesar de participar de uma pequena parte da tomada de decisão, os trabalhadores são levados a se contentar com o pequeno salário e acabam trabalhando mais. Poucos conseguem ascender profissionalmente devido à grande concorrência e a grande exigência, tanto para qualificação do profissional quanto para disposição para execução de muitas tarefas. Independente da percepção, os resultados da implementação da proposta taylorista são positivos para o capital. Com efeito, pode ser visto como um aperfeiçoamento dos métodos capitalistas praticados até então (FARIA, 1985). O trabalho supervisionado da administração científica continua na atualidade em outros moldes, a avaliação por desempenho do subordinado realizado pelo imediatamente superior ao seu cargo demonstra-se semelhante entre as eras de Taylor e as atuais. O julgamento é subjetivo e em muitos casos reflete o clima organizacional em desarranjo. (DUARTE, 2014). O taylorismo, como um instrumento de racionalidade e difusão de métodos de estudo e treinamento no controle de tempos e movimentos do operário, para obter maior produtividade do trabalho, operou grandes modificações no processo de trabalho, que se expressaram no maior controle do trabalho pelo capital. Os supervisores dos trabalhos no chão de fábrica eram essenciais, assim como é realizado atualmente, temos os supervisores verificando o trabalho para que os objetivos estratégicos sejam alcançados. A supervisão, o nexo entre a esfera do planejamento e a execução das tarefas. Ocorre a divisão de responsabilidades entre a direção e os operários, além de uma cooperação, esta observada pela implantação de planos de saúde, médico e odontológico, clubes para lazer dos funcionários, premiação para os que atingem metas, entre outros aspectos relevantes para o bem estar de todos (CARDOSO, 2015). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por este trabalho podemos concluir que a Teoria Cientifica de Taylor tem um papel de suma relevância dentro das grandes organizações apesar do Taylorismo receber muitas críticas em função de sua finalidade, ou seja, o aumento de produtividade sem levar em conta os princípios humanitários e as diferenças individuais. (TAYLOR, 1995). Taylor não possuía treinamentos em administração e se baseava somente em pesquisas/estudos sobre o que deveria ser feito (SILVA, 2005). A Administração Cientifica é uma combinação de: “Ciência em lugar de empirismo, harmonia em vez de discórdia, cooperação e não-individualismo, rendimento Máximo em lugar de produção reduzida, desenvolvimento de cada homem a fim de alcançar maior eficiência e prosperidade” (CHIAVENATO, 2003). Em tempos de globalização em que vivemos ainda existe a possibilidade de grandes organizações implantarem os trabalhos de Taylor (Teoria Cientifica) que foram inspirados para fábricas no início do século utilizadas em outros setores com a finalidade de aumentar a produtividade, diminuir custos e desperdícios. Para as organizações o taylorismo significou maior prosperidade do empregador. Com as técnicas e estudos realizados por Taylor foi possível produzir mais no mesmo tempo utilizando um número menor de trabalhadores satisfeitos por receberem um pouco mais se sentiam valorizados quando na realidade eram explorados e fadigados até o extremo. Não percebiam que o ganho por peça (tarefa) era desvantajoso, pois teriam que produzir muita quantidade por dia para receberem aquele valor mínimo estipulado pelo empregador. O trabalhador passa a trabalhar como máquina apenas produz, se tornou praticamente um robô do sistema, não pensava mais, não transmitia suas ideias e opiniões. Os trabalhadores foram levados a fadiga pelo excesso de trabalho. Taylor não pensava na pessoa humana e sim no lucro e na maneira como esse trabalhador poderia produzir maior quantidade de peças, carregar mais barras de ferro, em menos tempo sujeitando-se a receber baixos salários onde não existiam leis trabalhistas para proteger os direitos dos trabalhadores. Para a sociedade o taylorismo significou na pratica o crescimento do consumismo que foi estimulado por sentimentos de exploração e manipulação da população pelas empresas de publicidade, o dinheiro passa a ser tudo na sociedade. Tudo passa a girar em tono do dinheiro e da máxima produtividade (lucratividade). O taylorismo difundiu a burocratização nas organizações e introduziu um método eficiente de dominação. O método de Taylor fez e ainda faz muito sucesso, pois foi tão difundido que esquematizar atividades, racionar gastos e programar o dia visando um maior aproveitamento em menos tempo é comum a todos. No mundo contemporâneo, somos guiados inconscientemente pelo taylorismo, na medida em que tudo é esquematizado e roteirizado para “economizar tempo” e, claro, no caso das organizações, obter o maior lucro possível. Para as Organizações o taylorismo representou uma revolução no processo de produção, uma substituição de métodos empíricos por métodos científicos e testados; significou a redução de custos e grande aumento dos lucros. Para os trabalhadores incentivo à especialização e ao profissionalismo, maior remuneração e motivação para exercerem seus ofícios. Mas, ao mesmo tempo, surge a introdução de tarefas repetitivas e maçantes que desgastavam o trabalhador e aquele sentimento de ser tratado como uma engrenagem do sistema produtivo, passivo e desencorajado de tomar iniciativas. Para a sociedade, o trabalho tornou-se mais atrativo. Além do aumento de empregos, a população passou a ter mais fácil acesso aos recursos úteis gerados pela especialização do trabalho. A população pôde usufruir da tecnologia gerada, do progresso da ciência e da educação. Para a coletividade podemos considerar um avanço no modo de ver o trabalho, que agora passou a ser especializado. Porém virou uma alienação, a partir do momento em que o trabalhador deve ater-se somente a mesma tarefa, como podemos ver no filme de Charles Chaplin. Com o aumento das produções e os novos padrões de eficiência, a sociedade foi sendo manipulada para que houvesse o aumento do consumo através da produção de bens já criados para terem defeitos, forçando, assim, a troca do mesmo. Também foi se perdendo o controle do trabalhador por suas produções, pois como ele era treinado nas empresas para executar apenas uma tarefa, isso foi ficando cada vez mais marcado com o passar das gerações. O trabalhador, que antigamente conhecia todas as etapas da produção de um bem, passa a ter conhecimento de apenas uma parte da produção. Assim, perde o poder sobre o que está produzindo e se torna incapaz de fabricar o produto realizando todas as etapas. Outras contribuições trazidas pelo taylorismo empregadas em grandes organizações são: a padronização, o planejamento das tarefas, métodos rápidos e instrumentos adequados para chegar a máxima eficiência do trabalho, incentivos salarias, prêmios de produtividade e competitividade do mundo globalizado. Entretanto, não poderíamos deixar de mencionar nas considerações finais deste trabalho, que o taylorismo significou uma nova maneira de pensamento, de ver a vida, em que o que prevalece é o interesse material e a ocupação do tempo com atividades que visam ao lucro. Para os trabalhadores significa menos autonomia, perda do conhecimento do processo produtivo gerado pela separação entre o empregado e sua habilidade profissional. Com os métodos de Taylor para intensificar a produção em menos tempo, o controle sobre o funcionário aumentou assim como a necessidade de manter o trabalhador alienado e conformado com sua posição social. Passamos a viver para o trabalho, criamos certa identificação com as organizações e assim as regras de Taylor exercem seu papel de ensinar a burguesia, os dominadores, a controlar todos aqueles dosquais eles dependem para alcançar seus objetivos. Para a sociedade alienação, corte dos laços de companheirismo entre colegas de trabalho, conformismo, alienação. O trabalho vira o foco, e o que fazer no tempo ocioso passa a ser uma preocupação. O taylorismo significou uma nova maneira de pensamento, de ver a vida, em que o que prevalece é o interesse material, o interesse dos dominadores em manter os dominados robotizados e domesticados para que, assim, possam colaborar com o que eles tanto almejam: o lucro. A mão de obra extremamente qualificada, que exerce trabalhos os quais exijam tempo para pensar, criar e elaborar projetos, não são submetidos aos recursos tayloristas. Já a massa dos trabalhadores, que não são qualificados e apenas exercem trabalhos operacionais, esses sim continuam sendo regidos pelos princípios de Taylor. É claro que o taylorismo não aparece sozinho. Hoje em dia existem diversos métodos difundidos, todos tendo como objetivo as empresas produzirem mais em menos tempo. A superespecialização também é vista em empresas modernas, as quais recrutam profissionais altamente qualificados para cargo específico a ser preenchido. Entretanto, as organizações utilizam técnicas para motivar o crescimento do colaborador na empresa, ou seja, deixam abertas oportunidades de crescimento. A sociedade como um todo, foi colocada em um ciclo, pode-se dizer vicioso, onde a obsessão pela produção e ocupação, provoca necessidade de consumo para satisfação pessoal ideia introduzida pelas grandes organizações para benefício próprio, o que demanda mais produção. Mesmo sendo do século passado as ideias tayloristas, ainda são empregadas na atualidade. Embora criticada ao longo do tempo as teorias ainda são utilizadas devido a sua eficiência, mesmo tendo surgidas outras técnicas ela ainda está presente na atualidade. Herdamos do Taylorismo o cientificismo na administração, aumentando a eficiência da produção ao torná-la planejada e organizada. Isso ainda é presente na maioria das organizações, seja pelo próprio Taylorismo ou por seus derivados. Mas o principal impacto é em nosso modo de viver, onde as vezes não percebemos, mas o Taylorismo está presente diariamente. Sendo assim, é possível afirmar que, por mais retrógrado que possa parecer, o Taylorismo ainda está presente nas organizações contemporâneas, mesmo que ele tenha sofrido transformações e, sobretudo, adaptações ao longo do tempo. 5 REFERENCIAS BRAVERMAN, H. Trabalho e Capital Monopolista: a degradação do trabalho no século XX. Rio, Guanabara, 1987. CARDOSO, F.G. A Reestruturação dos Processos de Trabalho e Ação das Classes e do Estado, no Capitalismo. 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