Prévia do material em texto
Rebeca Noronha – Medicina 5° Período – Medicina – IESVAP Enunciado: Porque a Doença de Alzheimer acomete mais algumas pessoas (Ex. Síndrome de Down)? Como é a cronologia dos sintomas? A doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa e a forma mais comum de demência, com um risco estimado ao longo da vida de quase 1 em 5 para mulheres e 1 em 10 para homens. A DA é altamente hereditária, mesmo nos chamados casos esporádicos. A base genética para a DA é melhor compreendida na forma de início precoce, que representa menos de 1% dos casos e normalmente segue um padrão de herança autossômico dominante relacionado a mutações em genes que alteram a produção, agregação, ou depuração. A base genética da DA de início tardio (LOAD) é mais complexa, com suscetibilidade provavelmente conferida por uma variedade de fatores genéticos mais comuns, mas menos penetrantes, como os alelos da apolipoproteína E (APOE), interagindo com influências ambientais e epigenéticas (SHERVA; KOWALL, 2022). Adultos com Síndrome de Down (SD) geralmente desenvolvem alterações neuropatológicas e funcionais típicas da doença de Alzheimer na sexta década de vida. Em um relatório, a demência estava presente em 49 de 96 (51%) indivíduos com SD com idade superior a 35 anos (OSTERMAIER, 2022). Isso ocorre devido à presença de uma cópia extra do gene APP, cujo locus está no braço longo do cromossomo 21, resultando em aumento da produção de ácido ribonucleico mensageiro (mRNA) e, posteriormente, proteína APP, gene associado à doença de Alzheimer (SHERVA; KOWALL, 2022). A manifestação clínica mais essencial e frequentemente mais precoce da DA é o comprometimento seletivo da memória, embora haja exceções. Embora existam tratamentos disponíveis que possam melhorar alguns sintomas da doença, não há cura e a doença inevitavelmente progride em todos os pacientes. O comprometimento da memória é o sintoma inicial mais comum da demência da DA. Mesmo quando não é a queixa principal, déficits de memória podem ser desencadeados na maioria dos pacientes com DA no momento da apresentação. Déficits em outros domínios cognitivos podem aparecer com ou após o desenvolvimento do comprometimento da memória (WOLK; DICKERSON, 2021). Rebeca Noronha – Medicina O padrão de comprometimento da memória na DA é distinto. A memória episódica declarativa (memória de eventos que ocorrem em um determinado momento e local) geralmente é profundamente afetada na DA. Esse tipo de memória depende muito do hipocampo e de outras estruturas do lobo temporal medial. Em contraste, os sistemas subcorticais que suportam a memória processual e a aprendizagem motora são relativamente poupados até bem tarde na doença. A memória para fatos como vocabulário e conceitos (memória semântica) muitas vezes fica prejudicada um pouco mais tarde. A memória semântica é suportada por regiões temporais neocorticais, particularmente no lobo temporal anterior. Prejuízos sutis da memória semântica podem ser uma característica relativamente precoce, dada a patologia precoce do lobo temporal (WOLK; DICKERSON, 2021). Além disso, nos estágios iniciais, o comprometimento da função executiva pode variar de sutil a proeminente, com percepção reduzida dos déficits (anosognosia) e perda progressiva desta à medida que a doença progride. Outros domínios cognitivos também são afetados: as deficiências visuoespaciais estão frequentemente presentes relativamente cedo, enquanto os déficits na linguagem geralmente se manifestam mais tarde no curso da doença (WOLK; DICKERSON, 2021). Os sintomas neuropsiquiátricos são comuns na DA, particularmente no curso médio e tardio da doença. Estes podem começar com sintomas relativamente sutis, incluindo apatia, desengajamento social e irritabilidade (WOLK; DICKERSON, 2021). Ademais, pacientes com a DA também podem apresentar apraxia -ocorre mais tarde na doença após déficits de memória e linguagem serem aparentes-, disfunção olfatória e distúrbios do sono - podem ocorrer muito cedo no processo da doença, inclusive em pacientes que são cognitivamente normais-. Sinais motores piramidais e extrapiramidais, mioclonias e convulsões ocorram em pacientes com DA tipicamente tardios (WOLK; DICKERSON, 2021). Rebeca Noronha – Medicina Referências: OSTERMAIER, Kathryn K. Down syndrome: Clinical features and diagnosis. UpToDate. 2022. SHERVA, Rick; KOWALL, Neil W. Genetics of Alzheimer disease. UpToDate. 2022. WOLK, David A.; DICKERSON, Bradford C. Clinical features and diagnosis of Alzheimer disease. UpToDate. 2021.