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INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS E ORDENS CONSTITUCIONAIS

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INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS E ORDENS CONSTITUCIONAIS
ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA 
Clara Araujo Coutinho
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OLÁ!
Você está na unidade Ordem econômica e financeira. Conheça aqui os dispositivos constitucionais que dispõem sobre os princípios gerais da atividade econômica, bem como a atuação estatal no domínio econômico.
 
Bons estudos!
1. Sistema financeiro e ordem econômica e financeira
De acordo com a Constituição, o sistema financeiro, disposto no artigo 192, é estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem. Abrangendo as cooperativas de crédito, o sistema financeiro é regulado por leis complementares que dispõem, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.
No entanto, a Emenda Constitucional número 40/03 alterou de forma substancial o artigo 192, eliminando todos os seus incisos e parágrafos, legando, portanto, à lei complementar a função de regulamentar suas disposições.
A ordem econômica e financeira está disciplinada nos artigos 170 a 192 da Constituição Federal e representa um conjunto de elementos direcionadores da política econômica e financeira do Estado.
Sobre o assunto, Moreira (1973, p. 67- 71) subdividiu o conceito de ordem econômica a fim de facilitar o seu entendimento. Segundo o autor,
[e]m primeiro sentido, ‘ordem econômica’ é o modo de ser empírico de uma determinada economia concreta; a expressão, aqui, é termo de um conceito de fato e não de um conceito normativo ou de valor (é conceito do mundo do ser, portanto); o que o caracteriza é a circunstancia de referir-se não a um conjunto de regras ou normas reguladoras de relações sociais, mas sim a uma relação entre fenômenos econômicos e materiais, ou seja, relação entre fatores econômicos concretos; conceito do mundo do ser, exprime a realidade de uma inerente articulação do econômico como fato;
Em um segundo sentido, ‘ordem econômica’ é expressão que designa o conjunto de todas as normas (ou regras de conduta), qualquer que seja a sua natureza (jurídica, religiosa, moral, etc.) que respeitam a regulação do comportamento dos sujeitos econômicos; é o sistema normativo (no sentido sociológico) da ação econômica;
Em terceiro sentido, ‘ordem econômica’ significa ordem jurídica da economia.
Assim, seguindo a lógica da Constituição, é possível extrair dois sentidos primordiais. O primeiro diz respeito ao conjunto de disposições constitucionais que moldam e orientam as relações econômicas, ou seja, o universo do dever ser, enquanto o segundo se refere às normas utilizadas para caracterizar o bojo de práticas econômicas, universo do ser.
Inicialmente, o Brasil adotou uma posição liberal – tanto no aspecto político quanto no aspecto econômico – no que toca à ordem econômica nas Constituições, no entanto essa tendência se enfraqueceu com o tempo, dando lugar ao intervencionismo estatal.
A Constituição de 1988, muito embora influenciada pela liberdade de iniciativa das constituições anteriores, adotou um posicionamento mais intervencionista em diversos aspectos, assegurando, inclusive, a função social da propriedade e intervenção no domínio econômico.
Assista aí
2. Princípios constitucionais da atividade econômica
Os princípios constitucionais dispostos na Carta Magna, e dispostos no artigo 170, ajudam a compreender de forma mais clara como uma ordem econômica pode se apoiar na apropriação privada dos meios de produção e livre concorrência, mas também defender e incentivar o intervencionismo estatal, e seguem elencados a seguir: 
	Princípio 1
	soberania nacional;
	Princípio 2
	propriedade privada;
	Princípio 3
	função social da propriedade;
	Princípio 4
	livre concorrência;
	Princípio 5
	defesa do consumidor;
	Princípio 6
	defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação (NR dada pela Emenda Constitucional nº 42/2003);
	Princípio 7
	redução das desigualdades regionais e sociais;
	Princípio 8
	busca do pleno emprego;
	Princípio 9
	tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Observa-se, a partir do texto constitucional, que diversos princípios reguladores e limitadores foram instituídos, minando a ideia de que o equilíbrio econômico advém exclusivamente da condução natural da liberdade de escolha dos agentes econômicos.
Esses princípios permitem a intervenção estatal na ordem econômica e têm o intuito de assegurar o trabalho humano e existência digna, bem como direcionar e proporcionar o estado de bem-estar social. Como vetores da promoção da justiça social, podemos citar, por exemplo, a função social da propriedade, defesa do consumidor, defesa do meio ambiente, redução das desigualdades regionais e sociais e a busca do pleno emprego.
Sobre o tema, Silva (2005, p. 792) afirma que
[a]lguns desses princípios se revelam mais tipicamente como objetivos da ordem econômica, como, por exemplo, o da redução das desigualdades regionais e sociais e a busca do pleno emprego. Mas todos podem ser considerados princípios na medida em que constituem preceitos condicionadores da atividade econômica.
2.1 Princípio da soberania nacional
Presente no primeiro artigo da Constituição Federal, o princípio caracteriza a não subordinação e a independência, além de assegurar a ideia de tratamento igualitário entre os Estados soberanos.
Dessa forma, a aplicação do princípio da soberania nacional na ordem econômica se caracteriza pelo poder estatal de direcionar, regular e interferir na ordem econômica com o intuito de viabilizar o desenvolvimento autocentrado, nacional e popular da economia do país.
Sobre o tema, Silva (2005, p. 792) aponta que
[...] essa formação capitalista da Constituição de 1988 tem que levar em conta a construção do Estado Democrático de Direito, em que, como vimos, se envolvem direitos fundamentais do homem que não aceitam a permanência de profundas desigualdades, antes, pelo contrário, reclamam uma situação de convivência em que a dignidade da pessoa humana seja o centro das considerações da vida social.
2.2 Princípio da propriedade privada e função social da propriedade
Os princípios da propriedade privada e função social da propriedade, assim como todos os que estão dispostos no artigo 170, devem ser interpretados à luz da existência digna e justiça social.
Desse modo, o legislador constituinte assegura o direito de propriedade, ou seja, garante a atuação de agentes privados na ordem econômica e, por consequência, sua apropriação de bens e meios de produção. Esse princípio tem como fundamento basilar os ideais defendidos pela corrente ideológica do liberalismo econômico, uma vez que se baseia na liberdade e respeito da propriedade do indivíduo em detrimento da ação estatal.
Entretanto, do mesmo modo que assegura o direito à propriedade privada, o legislador constituinte também garante o princípio da função social da propriedade. Assim, o direito individual à propriedade privada é relativo, uma vez que todos os princípios se submetem ao ditame da justiça social. Portanto, a propriedade privada só é legítima enquanto cumpra o dever fundamental de atenção à destinação social.
2.3 Princípio da livre concorrência
O princípio da livre concorrência está intrinsecamente ligado à ideia do modelo econômico liberal, que tem como fundamento propiciar um cenário de competição entre os agentes econômicos.
De acordo com esse princípio, quanto maior a concorrência, menor será a tendência oligopolizada do mercado e melhores serão as possibilidades de escolha dos indivíduos, principalmente em se tratando de consumidores. Baseia-se, portanto, na liberdade de escolha e limitação do Estado no que toca às escolhas econômicas dos agentes.
Assim, a Constituição Federal institui o princípio da livre concorrência como forma de coibir o abuso de poder econômico que visa à estruturação de monopólios eoligopólios. De acordo com Silva (2005, p. 775),
[a] livre concorrência está configurada no art. 170, IV, como um dos princípios da ordem econômica. Ele é uma manifestação da liberdade de iniciativa e, para garanti-la, a Constituição estatui que a lei reprima o abuso de poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. Os dois dispositivos se complementam no mesmo objetivo. Visam tutelar o sistema de mercado e, especialmente, proteger a livre concorrência contra a tendência açambarcadora da concentração capitalista. A Constituição reconhece a existência do poder econômico. Este não é, pois, condenado pelo regime constitucional. Não raro esse poder econômico é exercido de maneira antissocial. Cabe, então, ao Estado coibir este abuso.
2.4 Princípio da defesa do consumidor
O princípio da defesa do consumidor visa à igualdade de oportunidades e de tratamento entre os indivíduos, bem como tem por objetivo tutelar os interesses dos cidadãos frente ao poder dos agentes econômicos.
Entendendo a vulnerabilidade dos indivíduos no mercado de consumo e a falta de normas especificas para a proteção dos direitos dos consumidores, criou-se a Lei número 8078/1990, que instituiu o Código de Defesa do Consumidor.
Esse código, portanto, tem o objetivo de observar, como dispõe o artigo quarto, o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo.
2.5 Princípio da defesa do meio ambiente
A Constituição dispõe que a ordem econômica tem por fim assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social. Por esse motivo, defende o desenvolvimentismo nacional aliado ao princípio da defesa do meio ambiente, que, por sua vez, tem por objetivo resguardar e conservar os recursos naturais.
Assim, o legislador constituinte tem como objetivo salvaguardar tanto a ideia de desenvolvimentismo econômico, como a preservação do meio ambiente, não havendo necessidade de esgotamento de recursos naturais para atingir um Estado de bem-estar social. Segundo Cunha Júnior (2017, p. 1195),
[a] Constituição Federal de 1988, sem dúvida, agasalha a teoria do desenvolvimento econômico sustentável, ao consagrar como princípio da ordem econômica a defesa do meio ambiente e ao estabelecer que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial a sadia qualidade de vida e vital para as presentes futuras gerações.
2.6 Redução das desigualdades regionais e sociais, busca pelo pleno emprego e tratamento favorecido para empresas de pequeno porte
O princípio da redução das desigualdades regionais e sociais é colocado como um importante vetor da promoção da justiça social, uma vez que coloca o desenvolvimento econômico em equivalência com o dever de evitar desigualdades sociais.
Assim como a função social da propriedade abranda o princípio da propriedade privada, a redução das desigualdades sociais defende a importância de pautar a ordem econômica de acordo com a distribuição de renda e consequente redução da desigualdade social.
Já, o princípio da busca pelo pleno emprego e o princípio do tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte visam, assim como os demais princípios elencados no artigo 170, à diminuição da desigualdade social e busca dos valores sociais, dignidade da pessoa humana e valorização do trabalho humano, além de, no caso do segundo princípio, ainda visar ao equilíbrio das condições de trabalho e incentivar o crescimento de pequenas empresas.
Sancionada recentemente, a Lei número 13.874/2019, mais conhecida como da Liberdade Econômica, tem como objetivo facilitar a atividade econômica. Dentre outros mecanismos, a norma provê tratamento favorecido pelo Estado para os donos de micro e pequenas empresas no Brasil, bem como dispensa autorização, alvará, liberação ou permissão para atividades de baixo risco funcionarem.
3. Política urbana e política agrícola e fundiária
A Constituição dispõe, em seu artigo 182, que a política de desenvolvimento urbano é de responsabilidade do município e deve ser executada de acordo com as diretrizes fixadas em lei federal. O objetivo principal do dispositivo é o fomento do desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantia do bem-estar da população.
Assim, o Plano Diretor deve ser o instrumento empregado para viabilizar o desenvolvimento e garantia do bem-estar da população e, segundo Cunha Júnior (2017, p. 1198), 
deve ser aprovado pela Câmara Municipal, sendo obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes. O plano diretor é o instrumento que reúne as diretrizes básicas do desenvolvimento da cidade e que define os objetivos a serem alcançados, estabelecendo as regras sobre zoneamento, edificação, sistema viário, delimitação de área verde e outras matérias atinentes a ordenação da cidade e ao bem-estar dos moradores.
De acordo com as preceituações feitas anteriormente, a política urbana deve se guiar pelos princípios instituídos pela Constituição e, por esse motivo, também deve seguir o princípio da função social da propriedade urbana. Esta, por sua vez, deve ser direcionada de acordo com o plano diretor do município e caso não haja cumprimento desse princípio, sanções são impostas e o Estado pode intervir na propriedade com fim de desapropriação.
A subutilização ou a não utilização da propriedade pode acarretar, inicialmente, em algumas sanções, tais como:
1. 
 
2. 
 
3. 
imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo - sendo importante salientar que o IPTU progressivo no tempo se dá mediante majoração da alíquota por, no máximo, cinco anos;
desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública, até dez anos.
PreviousNext
Se, mesmo após a aplicação das sanções, o imóvel continuar sem função social, há a possibilidade de intervenção estatal mediante desapropriação especial urbana. Sobre esse assunto, Silva (2005, p. 818) esclarece que
[a] propriedade urbana pode ser desapropriada como qualquer outro bem de propriedade privada, mas a Constituição prevê dois tipos de desapropriação para o imóvel urbano. Um é a desapropriação comum, que pode ser por utilidade ou necessidade publica ou por interesse social nos termos dos arts. 5°, XXIV e 182, §3°, mediante prévia e justa indenização em dinheiro. O outro é a desapropriação-sanção, que é a destinada a punir o não cumprimento de obrigação ou ônus urbanístico importo ao proprietário de terrenos urbanos. Seu nome deriva, assim, do fato de que a privação forçada da propriedade, devido ao descumprimento de deveres ou ônus urbanísticos, fundados na função social da propriedade urbana, comporta redução da justa indenização, como se previa na lei urbanística espanhola, ou a substituição da indenização em dinheiro por indenização mediante títulos da dívida pública, como se estatui no art. 182, §4°, III, como vimos acima.
Com isso, pode-se entender que além da desapropriação por interesse público ou social, o Estado também poderá desapropriar a propriedade que não estiver em concordância com o princípio da função social.
Da mesma forma, de acordo com a Constituição Federal, a União também pode desapropriar imóveis rurais que não estejam cumprindo sua função social. Nesse caso, a desapropriação especial rural será para fins de reforma agrária. Isso, no entanto, consiste em um tema mais complexo do que a desapropriação especial urbana, uma vez que existem regras sobre políticas agrícolas e reforma agrária que têm por objetivo promover a distribuição de terras.
Sobre os requisitos que a Constituição exige para a configuração da função social da propriedade rural, Silva (2005, p. 820) dispõe que
[...] se exige que a propriedade rural cumpra sua função social, mediante o atendimento, simultâneo, de cinco requisitos, que a Constituição apresenta no art. 186: a) aproveitamento racional e adequado; b) utilização adequada dos recursosnaturais disponíveis; c) preservação do meio ambiente; d) observância das disposições que regulam as relações de trabalho, e) exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. Não basta que a propriedade cumpra um desses elementos. É necessário que atenda a todos simultaneamente e concomitantemente. Não requerer, porém, que sejam eles observados sempre da mesma forma por todas as propriedades, independentemente de sua localização, tamanho e qualidade das terras. Por isso, determina que os requisitos serão cumpridos segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, mas, na falta desta, os princípios contidos nos requisitos devem ser observados.
No entanto, faz-se importante ressaltar que a Constituição veda a desapropriação para fins de reforma agrária, de pequena e média propriedade rural caso essa seja a única terra do indivíduo ou a única propriedade produtiva.
O planejamento agrícola, segundo o artigo 187 da Constituição Federal, será
planejado e executado na forma da lei, mediante participação efetiva do setor de produção e envolvendo trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de transportes.
A indenização será prévia e justa, mediante títulos da dívida agrária, resgatáveis até vinte anos, diferentemente da indenização da desapropriação especial urbana, que será resgatável até dez anos e os títulos serão da dívida pública. Apenas as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro, não cabendo indenização por benfeitorias voluptuárias.
4. Ordem social e seguridade social
A ordem social tem como fundamento primordial o trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça social. Assim como a ordem econômica, a ordem social também compartilha dos critérios que dizem respeito ao trabalho e existência digna e justiça social.
A seguridade social, por sua vez, é caracterizada na Constituição por um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Os princípios que regem a seguridade social são: 
Assista aí
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Figura 1 - Mãos em sinal de proteção.Fonte: Wildpixel, iStock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem mostra um braço erguido com o punho cerrado sendo circundado por outras mãos, que, por sua vez, formam um círculo ao seu redor.
· universalidade da cobertura e do atendimento;
· uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços;
· seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços;
· irredutibilidade do valor dos benefícios;
· diversidade da base de financiamento;
· caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
O princípio da universalidade da cobertura e do atendimento se baseia na ideia de universalidade subjetiva e objetiva. Esse conceito deve comportar o maior número de situações de risco – ou seja, velhice, doença, morte –, e abranger todas pessoas, nacionais ou estrangeiras. Sobre o tema, Balera (2006, p. 161) afirma que,
[n]o terreno da seguridade social, o objetivo da universalidade é congruente com o princípio da igualdade. A isonomia não é um prius existencial ao direito. Embora se ela não se possa cogitar de ordem; muito menos em Ordem Social, essa mesma ordem é (deve ser) construída pelo direito. Para a construção da isonomia (da qual dependem todos os valores que cabe à República pôr em movimento) a seguridade social contribui com a universalização. Por isso, dissemos em outra oportunidade que a universalidade da cobertura e do atendimento se constitui: (...) na específica dimensão do princípio da isonomia (garantia estatuída no artigo 5º, da Lei Maior), na Ordem Social. É a igual proteção para todos.
Sobre o princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações, é importante ressaltar que a Constituição é isonômica ao tratar a situação dos trabalhadores rurais no âmbito da ordem social. Diferentemente de todos os trabalhadores urbanos, os trabalhadores rurais são considerados segurados especiais e têm tratamento diferenciado no que toca à aposentadoria e afastamento do caráter contributivo da previdência social.
O princípio da seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços se fundamenta no direcionamento e seletividade de recursos para a população de baixa renda, bem como visa alocar as disponibilidades econômico-financeiras de acordo com as necessidades urgentes.
Pelo princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios, pode-se compreender que o legislador constituinte visa a proteger o poder aquisitivo dos segurados e seus dependentes. O artigo 101, parágrafo quarto da Constituição dispõe que
É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
O princípio da equidade na forma de participação no custeio dispõe que a forma de contribuição dos segurados se dá de acordo com sua capacidade contributiva. Sendo assim, quanto mais o segurado receber, mais contribuirá.
Já o princípio da diversidade de base de financiamento se caracteriza pelas múltiplas formas de custeio da seguridade social, de forma indireta ou direta. A Constituição Federal, sobre o financiamento da seguridade social, institui que
[a] seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I -  do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a)  a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b)  a receita ou o faturamento;
c)  o lucro;
II -  do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
III -  sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV -  do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
4.1 Saúde
No âmbito da Constituição, a saúde é um tema caro. Consagrado como direito fundamental, é dever do Estado garantir, mediante instrumentos adequados, políticas econômicas e sociais que visem não apenas à garantia do direito à saúde, como também à prevenção e redução dos riscos de doenças.
Sendo um direito fundamental consagrado pela Constituição Federal, a saúde é recepcionada dentro do ideal da universalidade e igualdade de acesso, e suas ações e serviços são de relevância e interesse público.
Dessa forma, o poder público deve fiscalizar, regulamentar e controlar as ações e serviços de saúde e pode designar sua execução a terceiros – pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. A Lei número 8080/90 regula tais ações e serviços de saúde e traz os princípios, as diretrizes, a forma de organização e de competência de serviços como o Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre isso, Silva (2005, p. 831) afirma que
[o] sistema único de saúde implica ações e serviços federais, estaduais e distritais (DF) e municipais, regendo-se pelos princípios da descentralização, com direção única em cada esfera do governo, do atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, e da participação da comunidade, que confirma seu caráter de direito social pessoal, de um lado, e de direito social coletivo, de outro. [...] O sistema é financiado com recursos do orçamento da seguridade social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. A EC-29/2000, dando nova redação ao art. 198, previu que essas entidades apliquem, anualmente, em ações e serviços de saúde pública recursosdo produto de suas arrecadações tributarias e de transferências em percentagens e critérios estabelecidos em lei complementar, mas o art. 77 do ADCT, acrescido pela mesma Emenda, já estabelece o percentual de 5% para a União, 12% para os Estados e 15% para os Municípios e Distrito Federal, até a promulgação da referida lei complementar.
4.2 Previdência social
A previdência social foi consagrada pela Constituição e consiste em uma grande conquista para a consolidação de um Estado social. Cabe à previdência social, segundo dispõe o artigo 201, atender
cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
proteção à maternidade, especialmente à gestante;
proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
salário-família e auxílio reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.
O regime de previdência social pode ser estruturado em dois tipos, que estão elencados a seguir.
	Regime Geral da Previdência Social
	caracterizado pelo caráter contributivo, filiação obrigatória para trabalhadores. Deve, também, observar o equilíbrio financeiro e atuarial. Os benefícios do Regime Geral da Previdência Social estão elencados no o artigo 201 e foram dispostos acima.
	Regime Próprio da Previdência Social
	é uma modalidade de previdência pública que tem como objetivo assistir os servidores públicos estatutários. Esse regime está disposto no artigo 40 da Constituição.
Destaca-se, ainda, o mais importante dos benefícios: a aposentadoria. Segundo dispõe a Constituição em seu artigo sétimo, XXIV, a aposentadoria é direito de todos os trabalhadores. Deve ser assegurada, no regime geral, segundo as seguintes condições:
· Por idade
65 anos para homens e 62 anos para mulheres, reduzindo cinco anos o limite de idade para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, neste incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
· Por invalidez
· Por tempo de contribuição
mínimo de 15 anos de contribuição para mulheres e 20 anos para homens. É importante destacar que para os homens filiados ao Regime Geral da Previdência Social antes da entrada em vigor da Emenda Constitucional número 103/2019 – Reforma da Previdência –, o tempo de contribuição mínima continua sendo de 15 anos.
4.3 Assistência social
Diferentemente da previdência social, a assistência social não tem natureza de seguro social e, por esse motivo, é prestada independentemente de contribuição. Os objetivos primordiais da assistência social estão elencados no art. 203, e são apresentados a seguir.
· a proteção à família, à maternidade, à infância, e à velhice;
· o amparo às crianças e adolescentes;
· a promoção da integração ao mercado de trabalho;
· a habitação e a reabilitação das pessoas portadores de deficiência e a promoção de sua integração a vida comunitária;
· a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou tê-la promovida por sua família, conforme dispuser a lei.
É importante destacar que a o financiamento das ações governamentais a cargo da assistência social provém dos recursos do orçamento da seguridade social, baseando-se nas seguintes diretrizes, de acordo com o artigo 204:
1. 
 
2. 
descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;
participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
PreviousNext
5. Educação, cultura, desportos, ciência, tecnologia e comunicação social
A Constituição pretende promover o Estado de Bem-Estar Social e coloca os Direitos Sociais (artigo sexto) como direitos humanos de segunda geração. São vetores que visam a propulsionar o acesso universal a direitos básicos e a igualdade de oportunidades a todos cidadãos.
A educação faz parte dos direitos humanos de segunda geração e, por esse motivo, é um direito de todos e dever precípuo do Estado. Cabe ao poder público promover tal serviço público essencial, admitindo-se sua delegação para a iniciativa privada.
De acordo com a Constituição e os ditames da justiça social, os princípios que visam o pleno desenvolvimento da pessoa, seu exercício da cidadania e qualificação para o trabalho estão apresentados a seguir:
· igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
· liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
· pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
· gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
· valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;
· gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
· garantia de padrão de qualidade;
· piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal.
Faz-se necessário ressaltar a previsão legal da autonomia universitária, uma vez que a Constituição foi moldada e pensada para recepcionar os anseios de uma sociedade que havia deixado um sistema político autoritário e estava no momento de redemocratização. Assim, tenta-se regulamentar uma maior liberdade ao pensamento, longe de amarras político-ideológicas.
De acordo com a Constituição, as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial. Evidentemente, sem autonomia didático-científica não há desenvolvimento social, científico e liberdade de expressão, assim como minando a autonomia de gestão financeira e patrimonial, não há liberdade de destinação de recursos e, por consectário logico, menos investimentos e interferências externas existirão.
Por ser um direito fundamental, é dever do poder público oferecer educação gratuita e de qualidade para a população. Sobre o ensino público, Cunha Júnior (2017, p. 1219) afirma que
[o] acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo invocável perante o Poder Judiciário, de modo que o não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: i) cumprimento das normas gerais da educação nacional, ii) autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.
Em face do que dispõe o art. 210 da Constituição, deverão ser fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar a educação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
Sobre o apoio e incentivo do Estado à cultura nacional, Silva (2005, p. 842) declara que
[a] Constituição estatui que o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais, destacadamente as populares, indígenas e afro-brasileiras e de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. Nesse sentido, já considerou tombados todos os documentos e sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.
Destaca-se, ainda, o Plano Nacional de Cultura, estabelecido pela Emenda Constitucional número 48/2005, que apresenta duração plurianual e tem como fundamento principal o desenvolvimento cultural do país, utilizando vetores como: 
defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; 
produção, promoção e difusão de bens culturais;
formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;
democratização do acesso aos bens da cultura;
valorizaçãoda diversidade étnica e regional.
Além disso, a Constituição ainda estabelece que é dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, em observância ao disposto no artigo 217.
A ciência e a tecnologia, por sua vez, são o ponto central do desenvolvimento técnico-científico de um país e, por esse motivo, a Constituição reservou o artigo 218 para regulamentar a sua capacitação. Silva (2005, p. 844) declara que
[a] Constituição distingue a pesquisa em pesquisa científica básica, que receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso da ciência, e pesquisa tecnológica, que deverá voltar-se preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional; para tanto o Estado apoiará e estimulará a formação de recursos humanos nessas áreas do saber.
Conforme preceitua em todo texto constitucional, o legislador constituinte defende a liberdade de expressão, criações artísticas, científicas, tecnológicas, manifestação de pensamento etc. Todo esse arcabouço democrático assegura, portanto, que não deva haver qualquer restrição ou censura aos meios de comunicação social.
6. Organização familiar e proteção à criança, ao adolescente e ao idoso
De acordo com o artigo 226, a família é a base da sociedade e tem especial proteção do Estado. O casamento civil, segundo o texto constitucional, será celebrado gratuitamente e o casamento religioso pode ter efeito civil, nos termos da lei.
O texto constitucional dispõe que o casamento e união estável se dá entre homem e mulher, mas é importante ressaltar que não há previsão sobre a proibição da configuração da união homoafetiva como entidade familiar, uma vez que a Constituição assegura tratamento isonômico a homens e mulheres.
Se a questão for analisada sob a ótica dos princípios da dignidade da pessoa humana e da não-discriminação, e havendo comprovada convivência pública, contínua e duradoura, objetivando a constituição de família, não há motivos para entender que a Constituição não ampararia tal reconhecimento.
Um relevante ponto que o artigo 226, parágrafo quinto, traz é o reconhecimento de direitos iguais no que toca a sociedade conjugal. A igualdade de deveres e direitos na sociedade conjugal é uma importante ferramenta para a superação do pátrio poder e instituição do poder família.
Já, no que toca à proteção dos direitos da criança e do adolescente, a Constituição dispõe, em seu artigo 227, que
[...] será de responsabilidade da família, sociedade e Estado assegurar a criança e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
Assim como no caso das crianças e adolescentes, a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar a pessoa idosa. Sobre isso, Silva (2005, p. 842) declara que
[...] o art. 230 estatui que a família, a sociedade e o Estado tem o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida, de preferência mediante programas executados no recesso do lar, garantindo-se, ainda, o benefício de um salario mínimo mensal ao idoso que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção ou tê-la provida por família.
7. Direito dos índios
O legislador constituinte dispõe, no artigo 231, sobre a organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que os índios tradicionalmente ocupam, que, por sua vez, pertencem à União e devem ser utilizadas com finalidade produtiva, de acordo com suas necessidades culturais, seguindo seus costumes e cultura e mantendo a observância à preservação ambiental.
De acordo com Cunha Júnior (2017, p. 1242),
[...] são nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvando relevante interesse publico da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto as benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé. 
Assista aí
8. Meio ambiente
O meio ambiente é apresentado no texto constitucional como um bem de uso comum do povo e atribui ao poder público e à coletividade defendê-lo e preservá-lo para as futuras gerações. Para assegurar a efetividade desse direito, o artigo 225 dispõe que incumbe ao poder público:
1. 
 
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7. 
preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
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Para além do disposto na Constituição, o poder público também utiliza medidas coercitivas para a imposição da preservação ambiental. São exemplos de medidas coercitivas a obrigação de recuperar o meio-ambiente, bem como a responsabilização de empresas por contravenções penais ambientais. 
É ISSO AÍ!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
· os princípios constitucionais da atividade econômica são: soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, defesa do consumidor, defesa do meio ambiente, redução das desigualdades regionais e sociais, busca do pleno emprego, tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte;
· a ordem social tem como fundamento primordial o trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça social;
· a seguridade social assegura os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social;
· educação, cultura, desportos, ciência, tecnologia e comunicação social são assegurados pela Constituição;
· família, crianças e adolescentes, e idosos têm especial proteção do Estado.
UNIDADE 4
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS E ORDENS CONSTITUCIONAIS
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS
Clara Araujo Coitinho
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OLÁ!
Você está na unidade Disposições constitucionais gerais. Conheça aqui as disposições constitucionais gerais atreladas a diversos temas abordados na Constituição, bem como suas principais características e especificidades.
 
Bons estudos!
1. Disposições constitucionais gerais
As disposições gerais são encontradas no capítulo IX da Constituição, do artigo 233 até o artigo 250. São normativas relacionadas a encargos da União, normas em relação a criação de novo Estado, serviços notariais e registrais, comércio de combustíveis de matéria prima renovável, destinação da arrecadação com o Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), previsão constitucional dos consórcios públicos e convênios de cooperação, destinação de bens apreendidos devido ao tráfico ilícito de entorpecentes e exploração de trabalho escravo, adaptação dos bens públicos, assistência do poder público a particulares e hipóteses de perda de cargo pelo servidor público.
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Figura 1 - Óculos sobre livro.Fonte: Stockdonkey, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem mostra um óculos repousado sobre um livro aberto.
Assista aí
1.1 Características das disposições gerais 
As disposições constitucionais, nem sempre tratam de matéria que necessita estar contida em um título específico, podendo então a matéria interessar a mais de um capítulo ou, até mesmo, a ser autônoma e independente. A simples análise da nomenclatura do capítulo IX, possibilita que se chegue aduas conclusões.
A primeira é de que as normas tratadas interessam a toda a constituição e, portanto, são definidas como gerais, a segunda, por sua vez, é de que as normas reúnem temáticas que interessam a mais de um capítulo ou, até mesmo, temáticas independentes a algum capítulo específico. Como será explorado adiante, os artigos geralmente determinam a operacionalização da lei, ou seja, a importância de tais características é tamanha que necessitam figurar no texto constitucional.
1.2 Encargos com pessoal inativo
Além de o segundo parágrafo do artigo 18 da Constituição possibilitar a transformação ou reintegração de Territórios em Estado, o terceiro parágrafo do mesmo artigo, que trata da organização político-administrativa da República, possibilita a incorporação, subdivisão e desmembramento dos Estados, e até mesmo a formação de novos Estados e Territórios Federais.
No entanto, apesar dessa possibilidade, o artigo 234 do texto constitucional, contido nas disposições gerais, veda a assunção de encargos, especificamente no caso de despesas com pessoal inativo e com encargos e amortizações da dívida interna ou externa da administração pública, inclusive da indireta.
Percebe-se, então, que tal normativa objetiva salvaguardar a União de sofrer com encargos provenientes da criação de um novo estado. Já, em comparação com a forma de criação de novos municípios, regulada pelo parágrafo seguinte, têm-se a distinção de que, enquanto os estados têm como condição exclusiva a aprovação do Congresso Nacional, os municípios são condicionados mediante apresentação de estudos de viabilidade. Conforme menciona Canotilho (2013):
se por um lado o regramento constante do referido preceito traduz uma inequívoca forma de proteção da União, que fica isenta de assumir encargos decorrentes da criação da nova entidade política, por outro lado nenhuma garantia constitucional estabeleceu em proteção ao novo Estado assim criado, cuja instituição poderia muito bem ficar condicionada à sua viabilidade, à semelhança do que previsto em relação aos Municípios (artigo 18, § 4º, da Constituição).
Percebe-se, além disso, que tal vedação é atinente a despesas específicas – com pessoal inativo, ou seja, os servidores aposentados, não sendo considerados os encargos de assumidos em razão de servidores disponíveis. Segundo Nohara (2019, p. 771), enquanto a remuneração dos servidores ativos é feita com vencimentos ou com subsídios, conforme visto, os servidores inativos, isto é, os aposentados, percebem proventos. Aposentadoria é o direito à inatividade remunerada. Note-se que também recebem proventos os servidores que se encontram em disponibilidade. Já os pensionistas de servidores falecidos, conforme a própria denominação ressalta, recebem pensão.
Ainda que, de fato, os servidores disponíveis sejam considerados inativos até que sejam aproveitados – nos termos do artigo 30 da Lei 8.112/1990 –, como afirma Di Pietro (2019, p. 757), a disponibilidade é a garantia de inatividade remunerada, assegurada ao servidor estável, em caso de ser extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade.
1.3  Criação do Estado e dez primeiros anos
A organização inaugural dos Três Poderes no âmbito estadual dos novos Estados deve seguir o regramento básico contemplado no artigo 235, o qual deve ser aplicado nos dez primeiros anos da criação do Estado. Após esse período, a legislação a ser seguida na organização dos Estados é a contida na Constituição Estadual.
Entretanto, faz-se importante relembrar a diferença de administração pública direta e indireta, sendo que a primeira é formada pela estrutura administrativa da Presidência da República e dos ministérios, enquanto a última compreende as entidades dotadas de personalidade jurídica própria como as autarquias, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as fundações públicas, conforme o artigo 4º do Decreto-Lei número 200/1967.
Conforme o artigo 25 da Constituição, os Estados organizam-se e regem-se pelas constituições e leis adotadas, ou seja, são dotados de auto-organização – contanto que sejam observados os princípios constitucionais. Entretanto, em caso de criação de novo Estado, o artigo 235 do texto constitucional estabelece normas básicas que vigorarão pelos primeiros dez anos do novo Estado.
O primeiro inciso, portanto, primeira norma, trata do critério para a limitação de membros que compõem a Assembleia Legislativa. Se a população do novo Estado for inferior a 600 mil habitantes, serão 17 deputados e, se for superior a esse número, até 1,5 milhão de habitantes, serão 24 representantes na Assembleia Legislativa.
Após os dez primeiros anos do novo Estado, o número de deputados na Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados, conforme o artigo 27 da Constituição e, caso a representação na Assembleia chegue a 36 deputados, ou seja, com 12 membros na Câmara, adiciona-se 1 deputado estadual para cada deputado federal que exceder os 12 membros.
O número de deputados na Assembleia Legislativa deve corresponder ao triplo do número de deputados federais que representam o Estado na Câmara contanto que não ultrapasse o número de 12 deputados federais. Por exemplo: o estado do Acre possui 8 deputados federais, portanto, esse estado tem 24 deputados estaduais.
Caso a Câmara tenha mais de 12 representantes e, portanto, a Assembleia tenha 36 deputados estaduais, não se aplicará mais o triplo, e sim será acrescido mais um deputado estadual para cada deputado federal que exceder a décima segunda representação na Câmara. Por exemplo: o Estado de São Paulo tem 70 deputados federais, excluindo-se os 12 primeiros, obtêm-se 58, que serão somados aos 36 já eleitos. Assim, São Paulo deve eleger 94 deputados estaduais.
Com relação ao número de secretarias de governo, cada Estado deve observar o limite máximo de dez secretarias, conforme o artigo 235, II. A própria Constituição indicará a normativa estadual para a criação de secretarias.
Conforme Moraes et al (2018), há a expressa indicação de que, após os dez anos iniciais, cabe à Constituição do Estado dispor sobre a organização dos órgãos estaduais, para além do decênio inicial – prazo que o artigo tratado regula –, contanto que sejam observadas as regras constitucionais gerais que tratam do assunto – apontando como exemplo os artigos 27, 75 e 93.
A Constituição Estadual de São Paulo, por exemplo, estabelece como competência do Poder Legislativo do Estado dispor sobre a criação de secretarias, conforme segue em seu artigo 19, VI
artigo 19 - Compete à Assembleia Legislativa, com a sanção do Governador, dispor sobre todas as matérias de competência do Estado, ressalvadas as especificadas no artigo 20, e especialmente sobre:
VI - Criação e extinção de Secretarias de Estado e órgãos da administração pública.
O poder Judiciário do Estado também segue o regramento básico contido nos incisos III, IV e V, do artigo 235, que determinam a quantidade de membros no Tribunal de Contas do Estado – a saber, três membros – de comprovada idoneidade e notório saber. Eles são nomeados pelo Governador eleito, sendo que também são nomeados os primeiros desembargadores, juízes, promotores e defensores públicos, da seguinte forma:
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Quadro 1 - NomeaçõesFonte: Elaborado pela autora.
#PraCegoVer: a imagem mostra um quadro com as nomeações possíveis, bem como as características dos profissionais que podem ser nomeados.
No período anterior à promulgação da Constituição Estadual, o Estado recém-criado terá como responsáveis pela Procuradoria-Geral, pela Advocacia-Geral e pela Defensoria-Geral do Estado, nomeados pelo Governador, advogados que preencham os requisitos de possuir notório saber e serem maiores de 35 anos de idade. Esses funcionários são demissíveis ad nutum, ou seja, são funcionários públicos não estáveis, por estarem sujeitos à livre nomeação e exoneração, conforme artigo 37, II, Constituição.
Caso o novo Estado seja originado a partir de Território Federal, a escolhados desembargadores pode ser feita dentre juízes de direito de qualquer parte do país, conforme o artigo 235, VI, da Constituição. Outra particularidade em relação a Estados formados a partir de Territórios, é que esses estão submetidos a regras específicas de encargos financeiros, nos moldes do artigo 235, IX, da Constituição, que determina a transferência dos encargos da União referentes ao pagamento de servidores da Administração Federal. Assim, no sexto ano de instalação, o Estado assume 20% dos encargos, no sétimo ano são acrescidos 30% à porcentagem anterior – resultando em 50% dos encargos – e, no oitavo ano, são acrescidos os 50% restantes.
Como regra geral em relação ao artigo 235, os incisos VIII e X determinam que as nomeações posteriores às primeiras para os cargos supramencionados são reguladas pela Constituição Estadual, bem como as despesas orçamentárias com pessoal não podem ultrapassar metade da receita do Estado.
1.4 Serviços notariais e de registro
O artigo 236 trata dos serviços notariais e de registro, que são exercidos em caráter privado por delegação do Poder Público. Esses serviços são de extrema importância em relação à segurança dos negócios jurídicos – atos entre particulares tão importantes a ponto de superarem os interesses das partes e tornarem-se públicos –, conforme Pedroso e Lamanauskas (2015, p. 4), que afirmam que “[t]al modalidade de atuação estatal se chama administração pública dos interesses privados”.
Em análise do artigo, pode-se perceber duas características distintas dos serviços em comento, a primeira é o caráter privado, o que significa que a sua execução – no que diz respeito a gestão - é realizada por particulares, embora a titularidade da prestação do serviço continue a ser do Estado e, por isso, esses serviços são dotados de fé pública, já que o Poder Público delega a prestação do serviço ao particular, conforme previsão constitucional no artigo 175.
Conforme determinação do parágrafo primeiro do referido artigo, a Lei 8.935/94 foi a primeira a tratar sobre o regulamento da atividade notarial e registral, tratando  de suas atribuições (do artigo 6 ao artigo 13), dos prepostos (artigo 20 e artigo 21), dos direitos e deveres (do artigo 28 ao artigo 30), da fiscalização (artigo 37 e 38), das infrações e penalidades (do artigo 31 ao artigo 36) além da extinção da delegação (artigo 39).
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Quadro 2 - Regulamentação para espécies de notários e registradoresFonte: Elaborado pela autora.
#PraCegoVer: a imagem mostra um quadro com a regulamentação para espécies de notários e registradores, bem como o artigo da Constituição a que se submetem e os seus dispositivos correspondentes.
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Quadro 3 - Regulamentação para atividades de notários e tabeliães de notasFonte: Elaborado pela autora.
#PraCegoVer: a imagem mostra um quadro com a regulamentação para as atividades de notários e tabeliães de notas,  bem como o artigo da Constituição a que se submetem e os seus dispositivos correspondentes.
Ademais, é imperioso reconhecer – conforme o texto constitucional – que cabe ao Poder Judiciário, dentro da divisão do Estado, a outorga/delegação do exercício notarial e registral (ou a sua perda), bem como a competência para a fiscalização dessa atividade, conforme afirmam Moraes et al (2018), uma vez que, ainda segundo o autor, já houve um celeuma sobre quem deveria ser o delegante dos serviços ora analisados – o Poder Executivo ou Judiciário.
A realização de concurso para o preenchimento de notários e registradores também incumbe ao Judiciário, regulamentado esse assunto pelo decreto 81/2009 do Conselho Nacional de Justiça, cabendo a outorga da delegação aos aprovados. Assim, o modo de ingresso na atividade notarial é através de concurso público, conforme o artigo supracitado e também disposto no Capítulo I da Lei 8.935/94, a qual estabelece alguns requisitos, tais como possuir o diploma de bacharel em direito – e, em caso negativo, faz-se necessário provar dez anos de exercício em serviço notarial ou de registro. A regulamentação do concurso de provas e títulos é dada pela resolução 81/2009, do Conselho Nacional de Justiça.
Sobre a regulamentação dos prepostos, os artigos 20 e 21 deixam a critério dos notários e oficiais quanto a sua contratação, estabelecendo que os primeiros só podem praticar atos autorizados pelos últimos – sendo que ainda podem praticar atos próprios, excetuando-se a lavratura de testamento. Além disso, o notário ou oficial designa um dos substitutos para que responda pelo serviço enquanto estiver ausente ou impedido.
As infrações, dispostas no artigo 31, sujeitam os notários e oficiais de registro às penalidades impostas nos incisos do artigo 32, sendo a penalidade mais branda a repreensão, até a perda da delegação, que depende de sentença judicial transitada em julgado.
Assim, a responsabilidade civil dos notários e oficiais é regulamentada no artigo 22 da Lei 8.935/1994, incluído, por sua vez, pela Lei 13.286/2016, na qual se aponta que eles são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente. Conforme Tartuce (2018, p. 1264),
diante da clareza do novo texto, a responsabilidade direta ou pessoal do notário ou registrador é de natureza subjetiva, sendo necessária a comprovação do seu dolo ou culpa, para que surja o correspondente dever de indenizar a favor do prejudicado pela atividade desenvolvida. Também quanto ao prazo prescricional, pela previsão específica, será de três anos, a contar o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial.
Já a responsabilidade criminal, insculpida no artigo 24, deverá ser individualiza, aplicando-se a legislação relativa aos crimes contra a administração pública, se assim couber. Apesar da responsabilidade criminal ser individualizada, não exime os notários e oficiais de responderem civilmente por prejuízos causados, pois como bem preceitua o artigo 23, a responsabilidade civil independe da criminal.
Conforme disposto no artigo 236, no segundo parágrafo da Constituição, observando-se o caráter particular do serviço dos cartorários e notários, os emolumentos são, nada mais nada menos, que a remuneração dos notários, pois como não são servidores públicos não tem nada a receber do Estado. A Lei 10.169/2000, portanto, estabelece as normas para a fixação de emolumentos referentes aos atos dos serviços notariais e de registro, conforme determinado pelo texto constitucional.
1.5  Ministério da Fazenda e o comércio exterior
Em claro reconhecimento do caráter essencial em relação à fiscalização e ao controle sobre o comércio exterior, tais atividades ficam atribuídas ao Ministério da Fazenda, nos termos do artigo 237, da Constituição. Também é possível vislumbrar tal reconhecimento no artigo 22, caput; e no artigo 37, inciso VIII – que dispõe sobre a competência privativa União legislar sobre o comércio exterior, bem como afirma que a administração fazendária e seus servidores têm precedência sobre os demais setores administrativos, dentro de sua área de competência.
Verifica-se a correlação do artigo supracitado com a competência da Polícia Federal, no artigo 144, I, da Constituição, o qual estabelece que a instituição se destina a apurar infrações com repercussão internacional. Logo, cabe à Receita Federal fiscalizar e controlar e, em caso de prática de ilícito, apurar os fatos.
Observa-se, assim, que o legislador, ao dispor do seguinte artigo nas disposições gerais do texto constitucional, o instituiu pensando em uma reserva legal, em virtude da relevância jurídica observada – comércio de combustíveis e carburantes – com o claro objetivo de impedir que a venda e revenda de combustíveis de petróleo, álcool carburante e outros combustíveis derivados de matérias-primas renováveis não seja regulada por ato administrativo.
Logo, em subserviência à Carta Magna, foram criadas a Lei número 9.487/1997, que dispõe sobre a política energética nacional, atividades relativasao petróleo e institui o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) além da Agência Nacional do Petróleo (ANP), bem como a Lei número 9.847/99, que dispõe sobre a fiscalização das atividades relativas a lei anterior, além de sanções e demais providências.
Tanto a contribuição do PIS quanto do PASEP são consideradas contribuições sociais e, com a Constituição, essas arrecadações passaram a ser alocadas ao seguro-desemprego, que é previsto em caso de desemprego involuntário, nos termos de seu artigo sétimo, inciso II – com contribuição adicional da empresa que apresentar taxa média de demissões superior ao índice médio de rotatividade do setor e ao abono anual de um salário mínimo aos empregados que percebam de empregadores até dois salários mínimos de remuneração mensal. Assim, nesse valor está incluído o rendimento das contas individuais, no caso daqueles que já participavam dos referidos programas, até a data da promulgação desta Constituição, segundo artigo 239, parágrafo terceiro.
Destaca-se que, no mínimo, 28% dos recursos arrecadados com o PIS e com o PASEP têm como destino o financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). Sendo os resultados desses programas anualmente avaliados e divulgados eletronicamente e na comissão mista permanente prevista no artigo 166, parágrafo primeiro da Constituição.
Os patrimônios acumulados nesses programas são preservados e seguem os critérios de saque do artigo quarto da Lei Complementar número 26/1975, com exceção do depósito nas contas individuais dos participantes na retirada por motivo de casamento.
Já as contribuições compulsórias às entidades privadas de serviço social e de formação profissional, integrantes do denominado Sistema S, vinculadas ao sistema sindical dos empregadores sobre a folha de salário previstas no artigo 240 da Constituição não são abrangidas pelo artigo 195 da Constituição. Essa atuação privada é permitida com o intuito de que haja fomento a oferta de cursos profissionalizantes, e justificada pela resposta insuficiente do Estado nesse âmbito, chamadas de entidades paraestatais. Conforme Di Pietro (2019, p. 627),
[e]xatamente por atuarem ao lado do Estado e terem com ele algum tipo de vínculo jurídico, recebem a denominação de entidades paraestatais; nessa expressão podem ser incluídas todas as entidades integrantes do chamado terceiro setor que tenham vínculo com o poder público, o que abrange as declaradas de utilidade pública, as que recebem certificado de fins filantrópicos, os serviços sociais autônomos (como Sesi, Sesc, Senai e outras entidades do chamado sistema S), os entes de apoio, as Organizações Sociais, as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público e as Organizações da Sociedade Civil.
No artigo 241 da Constituição há ainda a previsão, para a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, de regularizar, por meio de lei, a gestão associada de serviços público e da transferência total/parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos nos consórcios e convênios de cooperação entre os entes federados.
Por sua vez, os convênios de cooperação entre os entes federados são pactos firmado exclusivamente por entes da Federação, com o objetivo de autorizar a gestão associada de serviços públicos, desde que ratificado ou previamente disciplinado por lei editada por cada um deles, nos termos do Decreto número 6.017/2007, artigo segundo, VIII.
Segundo o Decreto número 6.017/2007, os consórcios públicos são pessoas jurídicas formadas por entes da Federação, para estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive a realização de objetivos de interesse comum, constituída como associação pública, com personalidade jurídica de direito público e natureza autárquica, ou como pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos, tendo suas normas gerais previstas na Lei número 11.107/2005. 
2. Ensino de história no brasil
No âmbito educacional, a Constituição estabelece em seu artigo 242, parágrafo primeiro, que o ensino de História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro. Para isso, as Leis número 10.639/2003, 11.645/2008 e 12.288/2010 incluem no currículo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados, a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena.
O conteúdo programático deve conter o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira, o negro e o índio na formação da sociedade nacional e suas contribuições nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. Procura-se, com isso, exaltar os diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos.
Já o parágrafo segundo do referido artigo, trata do Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, determinando sua manutenção na órbita federal.
3. Confisco de terras, bens e valores
As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do país onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado direito ao contraditório e à ampla defesa, bem como outros direitos assegurados no artigo quinto da Constituição.
O texto constitucional é enfático e específico ao tratar os crimes de tráfico de entorpecentes e de exploração de trabalho escravo como causas para expropriação de terra. O instituto tem caráter manifestamente sancionatório, e se justifica em função da gravidade das condutas. A gravosa sanção que pode ser imputada àquele que se utilizar de propriedade para o cultivo de plantas psicotrópicas encontra-se em consonância com o entendimento geral do texto constitucional sobre o assunto, uma vez que o artigo quinto, XLIII, da Constituição determina o crime de tráfico é crime inafiançável, de impossível graça ou anistia.
Faz-se importante mencionar divergentes posições sobre a utilização do termo expropriação, como quando Moraes et al (2018) – citando Scavone Junior (2018) – relatam que a expressão utilizada pela doutrina expropriação sem indenização é incorreta, pois se trata de confisco, sendo que a expropriação deve ser indenizada, nos termos do artigo quinto XXIV, da Constituição, condição não observada em relação a expropriação prevista no caput do referido artigo.
A expropriação, ou desapropriação, segundo Di Pietro (2019, p. 194), 
é o procedimento administrativo pelo qual o Poder Público ou seus delegados, mediante prévia declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, impõe ao proprietário a perda de um bem, substituindo-o em seu patrimônio por justa indenização. 
No entanto, ao se referir a normativa constitucional tratada, Di Pietro (2019) utiliza o termo expropriação sancionatória, segundo a qual  a Constituição de 1988 prevê três modalidades de desapropriação com caráter sancionatório. Duas delas são previstas para os casos de descumprimento da função social da propriedade urbana (artigo 182, § 4º) e da propriedade rural (artigo 186), hipóteses em que o pagamento da indenização é feito em títulos da dívida pública e não em dinheiro. A terceira é a prevista no artigo 243, que trata da expropriação de glebas de terras em que sejam cultivadas plantas psicotrópicas, hipótese em que o expropriado não faz jus a qualquer tipo de indenização, além de ficar sujeito às sanções previstas em lei.
Logo adiante, Di Pietro (2019, p. 197) complementa dizendo que há equiparação ao confisco, já que
[q]uanto à desapropriação de glebas de terra em que sejam cultivadas plantas psicotrópicas, prevista no artigo 243 da Constituição e disciplinada pela Lei nº 8.257, de 26-11-91 (regulamentadapelo Decreto nº 577, de 24-6-92), pode-se dizer que se equipara ao confisco, por não assegurar ao expropriado o direito à indenização. Pela mesma razão, teria sido empregado o vocábulo expropriação, em vez de desapropriação.
Deve-se destacar ainda que a Constituição determina que todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei.
Ao tratar sobre o assunto, verifica-se que a Constituição corrigiu a própria imperfeição técnica apontada anteriormente. Ao estabelecer o regramento específico para bens de valores econômicos apreendidos em decorrência de tráfico de drogas e de exploração de trabalho escravo, a Constituição utilizou-se especificamente do termo confiscado, ao invés de expropriação. No entanto, é importante saber que a distinção entre o caput e o parágrafo único se verifica com relação ao objeto: o primeiro dispositivo versa sobre bens imóveis, e o segundo sobre bens e valores.
4. Acessibilidade
Em seu artigo 244, a Constituição estabelece que a lei dispõe sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público e dos veículos de transporte coletivo atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto no artigo 227, parágrafo segundo.
O texto constitucional do artigo mencionado alinha-se com a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade, conforme o artigo sétimo, XXXI, o qual trata do princípio da igualdade, ao estabelecer que não se deve discriminar, no tocante a salário e critério de admissão, o portador de deficiência.
A Constituição ainda é enfática, em diversos momentos, sobre a importância do zelo para com as pessoas portadoras de deficiência, tanto em definir como competência de todos os entes federativos a disposição sobre a sua proteção e garantia.
4.1  Assistência às vítimas carentes de crime doloso
Em seu artigo 245, a Constituição estabelece que a lei dispõe sobre as hipóteses e condições em que o Poder Público deve dar assistência aos herdeiros e dependentes carentes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor do ilícito, tendo correlação direta com o artigo quinto, LXXIV da Constituição, o qual estabelece que cabe ao Estado prestar assistência aos que comprovarem insuficiência de recursos.
Em contraponto à vingança privada, contexto no qual a vítima do crime tomava para si as rédeas e o controle sobre a pena que seria imputada ao autor, com o decorrer do tempo, não competia mais à vítima legítima para a imputar sanções, penas e executa-las, passando tais atribuições ao Estado, na medida em que se concluía que o crime praticado afetava a sociedade como um todo e não somente a vítima, sendo a pena um instrumento não mais meramente de vingança, mas também de repressão ao crime e de controle social, como afirmam Moraes et al (2018). Assim, em relação à punição do criminoso, a vítima foi colocada em um papel secundário, sendo o autor do crime então salvaguardado pelo artigo 245 da Constituição.
Como bem aponta Novaes (apud MORAES et al, 2018), tal dispositivo apresenta algumas peculiaridades que carecem de atenção, como a tratativa específica de herdeiros e dependentes, e não da vítima direta do crime – levando a algumas interpretações. Uma delas é aquela que diz que, se não há referência à vítima, o dispositivo trata somente de crimes que levem a vítima a morte e, por isso, os sujeitos específicos são herdeiros e dependentes. Outra interpretação que também merece atenção é aquela que, abarcando também a vítima direta, independente do crime sofrido, leva em conta que o final do dispositivo especifica que o tratamento insculpido no artigo se dará para pessoas vitimadas por crime doloso, não necessariamente de crimes contra a vida.
Tais apontamentos revelam-se importantes - a natureza se restringir a crimes dolosos, sem qualquer outra especificidade - também em relação à carência dos herdeiros e dependentes, porém, ainda assim, precisa de regulamentação no âmbito federal, tornando-se assim, praticamente inaplicável.
5. Medida provisória e suas vedações
Trata-se de medidas editadas pelo Presidente, com força de Lei, possibilitadas em caso de relevância e urgência, sendo enviada ao Congresso Nacional, que pode convertê-las em Lei no prazo de até 60 dias, prorrogáveis pelo mesmo prazo - conforme artigo 62, parágrafo sétimo -, caso contrário, perdem a sua eficácia. Lembrando que não podem tratar de assuntos elencados no artigo 61, parágrafo primeiro.
O artigo 246 da Constituição proibiu a edição de medida provisória para regulamentar artigo que tenha sido alterado por emenda constitucional no intervalo de tempo determinado, proibindo então a regulação de artigos que tenham sido incluídos ou alterados desde a Emenda Constitucional número 5 até a Emenda Constitucional número 32.
Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, ocorreram diversas reformas constitucionais, principalmente em relação à economia. Temos como exemplo a Emendas Constitucionais número 06, 08 e 09 – todas de promulgadas no ano de 1995 – as quais trataram sobre concessões, e possibilitaram a utilização de capital estrangeiro, desde que a empresa fosse constituída e sediada no Brasil.
Logo, todas as Emendas Constitucionais promulgadas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, até a Emenda Constitucional número 32/2001 – que limitou o efeito da vedação afetando somente as emendas aprovadas até a sua promulgação – não podem ser alteradas por medida provisória, somente através de Emenda Constitucional.
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Figura 2 - Pilha de papéis presos em um arquivo.Fonte: Lisa-S, Shutterstock, 2020.
 #PraCegoVer: a imagem mostra uma pilha de papéis presos em um arquivo.
A Emenda Constitucional pode ser proposta pelo Presidente da República, por um terço da Câmara ou Senado Federal, ou por mais da metade das Assembleias Legislativas dos entes federados, manifesta pela maioria relativa dos membros de cada uma. Também é enviada ao Congresso Nacional, mas será votada em dois turnos em cada uma das casas, devendo obter a o voto de 60% dos membros em ambos turnos para ser aprovada e então produzir efeitos. Sendo vedados as Emendas tratarem dos assuntos relacionados à forma federativa de Estado; ao voto direto, secreto, universal e periódico; à separação dos Poderes; e aos direitos e garantias individuais.
Assista aí
6. Cargo de servidor público
Nos termos do artigo, as leis previstas no inciso III do parágrafo primeiro do artigo 41 e no parágrafo sétimo do artigo 169, sendo essa popularmente conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal, disciplina, no artigo 19, quais são os percentuais limítrofes, bem como quais despesas não são computadas. Já aquela, ainda não regulamentada, estabelece que a perda do cargo se dará mediante procedimento de avaliação de desempenho, pendente de regulação, assegurada a ampla defesa. Ambas estabelecem critérios e garantias especiais para a perda do cargo pelo servidor público estável que, em decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclusivas de Estado.
O artigo 41, III e o artigo 169, parágrafo sétimo, tratam sobre as hipóteses de perda de cargo pelo servidor público estável, sendo que o artigo 41 dispõe sobre as hipóteses da perda de cargo devido a sentença judicial transitada em julgado, processo administrativo e procedimento de avaliação periódica, enquanto o artigo 169, parágrafo sétimo, trata da perda do cargo que decorre do excesso de despesas com pessoal ativo e inativo dos entes federativos – lembrando que estabilidade, segundo Nohara (2019, p. 780),  (...) é a garantia de permanência no serviço público assegurada aos servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público, após três anos de efetivo exercício. Está disposta no artigo 41 da Constituição Federal.
Ainda que tal previsão constitucionalnão seja clara no tocante ao que são atividades exclusivas de Estado, Di Pietro (2019, p.686) esclarece que além disso, também ocupam necessariamente cargos públicos, sob regime estatutário, os servidores que “desenvolvam atividades exclusivas de Estado”; isto porque o artigo 247 da Constituição, acrescentado pelo artigo 32 da Emenda Constitucional nº 19/98, exige sejam fixados, por lei, “critérios e garantias especiais para a perda do cargo pelo servidor público estável que, em decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclusivas de Estado”. Ainda não foram definidas as carreiras de Estado, mas, com certeza, pode-se afirmar que abrangem, além dos membros da Magistratura, Ministério Público, Tribunal de Contas, Advocacia Pública e Defensoria Pública (os quais exercem atribuições constitucionais), os servidores que atuam nas áreas de polícia civil ou militar, controle, fiscalização, diplomacia e regulação.
O artigo 37, XI, da Constituição, estabelece como limite máximo da remuneração dos servidores públicos, o subsídio recebido pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O teto, em decorrência do artigo 248, de acordo com Melo et al (2019, p. 1198), também se aplica às rendas mensais de todos e quaisquer benefícios pagos pelo INSS (vale dizer, à pensão, ao auxílio-acidente, ao auxílio-doença, ao salário-maternidade, ao auxílio-reclusão, a toda espécie de aposentadoria, entre outros benefícios).
Como o sistema previdenciário é pautado pelo princípio do equilíbrio financeiro e atuarial, conforme os artigos 40, caput e 201, caput, a Constituição, buscando garantir o custeio dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, criado pela Lei 8.213/1991, que abrange, conforme Melo et al (2019, p. 1199), não apenas os empregados (aqueles que estão sob o regime da CLT) são segurados obrigatórios do RGPS: também os trabalhadores autônomos e vários outros estão abrangidos, permitindo então aos entes federados a criação de fundo para custear os benefícios.
Faculta-se, assim, a criação de um fundo público, com os recursos arrecadados pelo regime geral de previdência social, além de também poder ser constituído por bens, direitos e ativos de qualquer natureza, com o objetivo de assegurar o pagamento dos benefícios aos segurados da Previdência Social, que é regulamentada pela Lei número 8.213/1991.
Assista aí
É ISSO AÍ!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
· a Constituição veda a assunção de encargos, especificamente no caso de despesas com pessoal inativo e com encargos e amortizações da dívida interna ou externa da administração pública, inclusive da indireta para salvaguardar a União de sofrer com encargos provenientes da criação de um novo estado.
· em caso de criação de novo Estado, o artigo 235 do texto constitucional estabelece normas básicas que vigorarão pelos primeiros dez anos do novo Estado.
· o ensino de História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, incluindo no currículo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados, a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena.
· propriedades rurais e urbanas de qualquer região do país onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão confiscadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular.
· medidas provisórias são editadas pelo Presidente, com força de Lei, possibilitadas em caso de relevância e urgência, sendo enviada ao Congresso Nacional, que pode convertê-las em Lei no prazo de até 60 dias, prorrogáveis pelo mesmo prazo.

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