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VISÃO GERAL o Doença de Parkinson Idiopática: Perda dos neurônios dopaminérgicos pigmentados da parte compacta da substância negra, com aparecimento de inclusões intracelulares (corpúsculos de Lewi); DP sintomática: Começa quando há perda de 70-80% dos neurônios dopaminérgicos; Componente principal do Corpúsculo de Lewi: α-sinucleína agregada; o Manifestações Principais: Bradicinesia (lentidão/pobreza de movimentos); Rigidez muscular; Tremor em repouso (desaparece com movimento voluntário; Anormalidade do equilíbrio postural (distúrbios de marcha e quedas); o A morte geralmente resulta das complicações da imobilidade (pneumonia de aspiração ou embolia pulmonar); o Afeta outras estruturas do cérebro, inclusive tronco encefálico, hipocampo e córtex cerebral; o Manifestações não motoras: Podem começar antes dos sintomas motores característicos; Perda do sentido do olfato; Transtorno comportamental do sono REM (distúrbio do sono com agitação e movimentos acentuados durante o sono REM); Distúrbios do SNA (constipação intestinal); Manifestações mais tardias: Depressão, ansiedade e demência; o OBS: A diferenciação entre DP idiopática e outras causas de parkinsonismo é importante, pois as formas que se originam de outras causas geralmente são refratárias a todos os tipos de tratamento; FISIOPATOLOGIA o O déficit dopaminérgico da DP é atribuído à perda dos neurônios da substância negra, que fornecem inervação dopaminérgica ao estriado (caudado e putame); Teor de dopamina do núcleo estriado está reduzido em mais de 80%, sugerindo que a reposição de dopamina recupera a função; METABOLISMO E RECEPTORES DE DOPAMINA o Dopamina: Catecolamina sintetizada nas terminações dos neurônios dopaminérgicos a partir da tirosina; RECEPTORES DE DOPAMINA o As ações da dopamina no cérebro são mediadas pelos receptores de dopamina, que são divididos em duas classes gerais (D1 e D2), com cinco subtipos diferentes (D1-D5); GRUPO D1 o Composto pelos subtipos D1 e D5 que se ligam à proteína Gs e ativam a via do AMPc; o D1/D5: Abundantes no estriado; Receptores mais importantes no que se refere às causas e ao tratamento da DP; GRUPO D2 o Composto pelos subtipos D2, D3 e D4 que se ligam à proteína Gi e reduzem a adenililciclase e as correntes de Ca2+ reguladas por voltagem, ao mesmo tempo que ativam as correntes de K+; o D4/D5: Predominantemente extraestriatais; o D3: Baixa expressão no caudado e no putame; Mais abundante no Nucleus accumbens e no tubérculo olfativo; MECANISMO NEURAL DO PARKINSONISMO o Gânglios Basais: Sistema colateral modulador que regula o fluxo de informações do córtex cerebral p/ os neurônios motores da medula espinal; o Neostriado: Principal estrutura de entrada dos gânglios basais e recebe inervação glutaminérgica excitatória de várias áreas do cérebro; Os estímulos eferentes do estriado possuem duas vias, a via direta e a indireta; o Via Direta: É formada pelos neurônios estriatais que se projetam diretamente aos estágios eferentes dos gânglios basais (SNpr e GPi); Resultado: A estimulação aumenta a atividade excitatória entre o tálamo e o córtex; o Via Indireta: É formada pelos neurônios estriatais que se projetam ao GPe; Resultado: A estimulação reduz a saída dos estímulos excitatórios do tálamo p/ o córtex cerebral; o Os neurônios dopaminérgicos da SNpc inervam todas as partes do estriado. Porém, os neurônios estriatais afetados expressam diferentes tipos de receptores de dopamina; Doença de Parkinson Via Direta: Expressa principalmente a proteína receptora excitatória D1 da dopamina; Via Indireta: Tipo D2 inibitório; o A dopamina liberada no estriado tende a aumentar a atividade da via direta e reduzir a da via indireta, e a depleção possui efeito contrário; o OBS: Na Doença de Parkinson, a estimulação dopaminérgica reduzida ocasiona o aumento acentuado dos estímulos inibitórios provenientes da SNpr e do GPi p/ o tálamo e reduz a excitação do córtex motor; TRATAMENTO LEVODOPA (L-DOPA) VISÃO GERAL o Precursor metabólico da dopamina e é o fármaco mais eficaz no tratamento da DP; o Administração por Via Oral: Níveis Máximos em 0,5 a 2h; A taxa e a amplitude da absorção dependem da velocidade do esvaziamento gástrico, do pH do suco gástrico e do tempo que o fármaco fica exposto às enzimas degradativas; OBS: refeições ricas em proteínas retarda a absorção e reduz as concentrações plasmáticas de pico; o Entrada no SNC pela barreira hematencefálica é mediada por um transportador de membrana dos aminoácidos aromáticos; o L-DOPA é convertido em dopamina por descarboxilação (terminações pré-sinápticas dos neurônios dopaminérgicos do estriado); A dopamina produzida é responsável pela eficácia terapêutica, sendo que, depois de ser liberada, ela é transportada de volta às terminações dopaminérgicas pelo mecanismo de captação pré-sináptica ou é metabolizada (MAO e COMT); MODOS DE UTILIZAÇÃO o L-DOPA (Isoladamente): Em grande parte, é descarboxilado pelas enzimas presentes na mucosa intestinal e em tecidos periféricos; Quantidades relativamente pequenas e inalteradas chegam à circulação cerebral e provavelmente <1% entra no SNC; Liberação de dopamina (convertida) na circulação possui efeitos adversos (náuseas); o L-DOPA + CARBIDOPA/BENSERAMIDA: Quase sempre ocorre a combinação do L- DOPA com um inibidor de AADC com ação periférica; Ao inibir a descarboxilase periférica, ocorrerá o aumento da fração de L- DOPA que não é metabolizada e que atravessa a barreira hematencefálica. Por fim, ocorre a redução dos efeitos colaterais GI e hipotensão ortostática; Dose diária de 75mg de carbidopa é suficiente para evitar náuseas (25mg Carbidopa + 100mg L-DOPA); Estágios Iniciais: Quase 100% de melhora do tremor, da rigidez e da bradicinesia; OBS1: Com o tratamento prolongado, a capacidade “tamponadora” é perdida e o estado motor pode oscilar drasticamente a cada dose; OBS2: Fenômeno de deterioração ao final da dose: melhora a mobilidade por 1 a 2h, mas a rigidez e a acinesia reaparecem rapidamente no final do intervalo entre as doses; Estágios Mais Avançados: Ocorre o fenômeno on/off, na qual os pacientes oscilam rapidamente entre o estado “desligado” (não possui efeito benéfico do remédio) e “ligado”, embora com discinesias incapacitantes; EFEITOS ADVERSOS o Indução de alucinações e confusão: Principalmente em idosos ou com disfunção cognitiva preexistente; Fármacos Antipsicóticos Tradicionais: Eficazes no tratamento da psicose, mas pode agravar acentuadamente o parkinsonismo (ação no receptor D2); Fármacos Antipsicóticos Atípicos: Clozapina e quetiapina; o Desenvolvimento de “Transtorno do controle de impulsos”; o L-DOPA + Inibidores inespecíficos de MAO desencadeia crises hipertensivas potencialmente fatais e hiperpirexia; Interromper 14 dias antes os inibidores inespecíficos de MAO; OBS: Não inclui os inibidores subtipo-específicos de MAO (selegilina e rasagilina); o Interrupção Súbita: Pode desencadear a Síndrome Neuroléptica Maligna (confusão, rigidez e hipertermia), sendo potencialmente fatal; AGONISTAS DOS RECEPTORES DE DOPAMINA o Possuem duração de ação mais longa (8-24h) que a da L-DOPA (6-8h); o Usados no tratamento de oscilação dose- dependentes do estado motor (úteis para evitar complicações motoras); Eficazes no tratamento de pacientes com os fenômenos de on/off; o Reduzem a liberação endógena de dopamina e a necessidade do uso de L-DOPA exógena e, consequentemente, reduz a formação de radicais livres; o Efeitos Adversos: alucinose ou confusão mental (igual a L-DOPA), mas pode causar também náuseas e hipotensão ortostática; o OBS1: Devem ser iniciados em doses baixas e aumentados lentamente de modo a atenuar os efeitos colaterais;o OBS2: Preferencialmente usados como tratamento inicial de pacientes mais jovens p/ reduzir a ocorrência de complicações motoras; ROPINIROL/PRAMIPEXOL o São bem absorvidos por via oral e produzem ações terapêuticas semelhantes; o Atividade seletiva na classe de receptores D2 (D2 e D3); o Disponíveis em preparações de liberação sustentada p/ administração 1 vez por dia; Mais convenientes; Atenuam os efeitos adversos devido a administração de doses intermitente; ROTIGOTINA o Preparação transdérmica; Produz níveis plasmáticos estáveis ao longo de 24h; o Atua na classe D2 e é ativa nos sítios receptores das classes D1; APOMORFINA o Pode ser administrado por injeção subcutânea; o Nível De Afinidade Com Os Receptores: Grande: D4; Moderada: D2, D3, D5, α1D, α2B e α2c; Pouca: D1; o Fortemente emética e sua administração deve ser precedida e seguida de um antiemético (trimetobenzamida); o OBS: Apropriado apenas quando outras medidas não tiverem conseguido controlar os episódios “desligados”; INIBIDORES DE COMT o São responsáveis por bloquear a conversão periférica da L-DOPA em 3-O-metil-DOPA; Aumenta o t1/2 da L-DOPA e a fração de cada dose que alcança o SNC; o Reduzem significamente os sintomas de “desligamento”; o Efeitos Adversos Comuns: Náuseas, hipotensão ortostática, sonhos vívidos, confusão mental e alucinações; TOLCAPONA o Duração de ação relativamente longa; o Atua inibindo a COMT central e periférica; o Efeito Adverso: Hepatotoxicidade; o OBS: Usado apenas em pacientes que não melhoraram com outros tratamentos; ENTACAPONA o Duração de ação curta (2h); o Inibe principalmente a COMT periférica; o Não é associada a hepatotoxicidade; o Também está disponível em combinações com doses fixas de L-DOPA/Carbidopa; INIBIDORES SELETIVOS DA MAO-B o MAO-B: isoforma predominante no estriado, sendo responsável pela maior parte do metabolismo oxidativo da dopamina no cérebro; o Principais Fármacos: Selegilina e rasagilina; Inativam seletiva e irreversivelmente a MAO-B; o A eficácia ocorre devido a inibição da degradação de dopamina no núcleo estriado; o Não inibem significativamente o metabolismo periférico das catecolaminas e podem ser utilizados com L-DOPA sem riscos; o OBS: A selegilina e a rasagilina não devem ser administradas simultaneamente com Meperidina; SELEGILINA o É bem tolerada pelos pacientes mais jovens como tratamento sintomático da DP leve ou em estágio inicial; o DP mais avançada ou com disfunção cognitiva concomitante: Acentua os efeitos motores e cognitivos adversos da L-DOPA; o Metabólitos: Anfetamina e Metanfetamina; Podem causar ansiedade, insônia; o Duas Vias de Administração: Comprimidos orais dispersíveis e adesivos transdérmicos; Reduzir o metabolismo hepático da primeira passagem e diminuir a formação de metabólitos da anfetamina; o OBS: Selegilina + Analgésico Meperidina: Causa estupor, rigidez, agitação e hipertermia; RASAGILINA o Não forma metabólitos indesejáveis de anfetamina; o O tratamento isolado com rasagilina é eficaz nos estágios iniciais da DP; ANTAGONISTAS DO RECEPTOR MUSCARÍNICO o Principais Fármacos: Triexifenidil e Mesilato de Benztropina; o Atuam no neoestriado por meio de receptores que normalmente medeiam a resposta à inervação colinérgica intrínseca dessa estrutura e que se originam principalmente dos interneurônios estriatais; o Usados apenas em estágio inicial ou como adjuvantes ao tratamento dopaminérgico; o Efeitos Adversos: São atribuídos às suas propriedades anticolinérgicas, mas os mais desagradáveis são sedação e confusão mental; AMANTADINA o Antiviral usado contra Influenza Tipo A; o Possui atividade antiparkinsoniana; o Principais Ações: Altera a liberação de dopamina no núcleo estriado; Tem propriedades anticolinérgicas; Bloqueia os receptores de glutamato do tipo NMDA; o Usada no tratamento inicial da DP leve; o Efeitos Colaterais: Tontura, letargia, efeitos anticolinérgicos, distúrbios do sono, náuseas e vômitos são leves e reversíveis;
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