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SETEMBRO AMARELO: VIVÊNCIAS DE AÇÃO EDUCATIVA PARA PREVENÇÃO AO SUÍCIDIO EM DEPENDENTES QUÍMICOS Thayla Vanessa Morena da Silva Soares¹, Maria Clara Lima Santos², Ethielly Leandro Loiola Gomes³, Rosilene Mayra Alves Lima4, Lanna Graziela Alencar5, Gleyane Gonçalves Rodrigues6 1Faculdades do Médio Parnaíba FAMEP, São Pedro do Piauí, Brasil (thaylavanessa18@gmail.com) 2345Faculdades do Médio Parnaíba FAMEP, São Pedro do Piauí, Brasil 6Doscente na Faculdade do Médio Parnaíba, São Pedro do Piauí, Brasil. RESUMO A dependência química é um problema bastante prevalente em nossa sociedade, assim como o suicídio. Muitas pessoas recorrem as drogas como uma “válvula de escape” para os seus problemas, sem perceber que elas criam uma falsa ilusão de alívio e aumentam a gravidade dos problemas. Consequentemente, aparecem sintomas relativos à ansiedade e depressão, afetando assim, a saúde mental do indivíduo. Este trabalho tem como principal objetivo apresentar as experiências e atividades realizadas por acadêmicos de enfermagem durante uma ação social voltada para dependentes químicos, realizada em alusão ao setembro amarelo, na Comunidade Terapêutica Casa de Vida Verdadeira (Fundação Padre Pio). Palavras-Chave: Dependentes químicos; Saúde mental; Suicídio. 1. INTRODUÇÃO O suicídio e a dependência química são dois temas difíceis e cercados de preconceitos em nossa sociedade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é a segunda principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade. Mais de 800 mil pessoas se suicidam a cada ano, ou seja, um caso de suicídio a cada 40 segundos. Os indivíduos recorrem às drogas, álcool, jogos de azar e outros comportamentos de risco para mascarar o sofrimento e os pensamentos de desvalia, negativos, de ruína (COELHO, 2021). No entanto, o abuso e a dependência de substâncias aumentam a gravidade e a duração dos episódios depressivos, apesar de qualquer alívio temporário que eles possam proporcionar, aumentando muito a probabilidade de pensamentos suicidas. Isso é exacerbado pelo fato de que o vício prejudica ou destrói as relações familiares, profissionais, pessoais e financeiras, aumentando ainda mais o risco de suicídio, além de afetar o juízo crítico e a cognição. (COELHO, 2021). Em face disso, o presente artigo constitui-se em um relato de experiência frente a realização de uma ação social voltada à saúde mental, na égide da campanha anual referente ao setembro amarelo, que o teve como objetivo abordar e conhecer as vivências e os sentimentos de usuários de drogas, que estão em reabilitação, dentro da relação dependência química e suicídio. 2. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo, do tipo relato de experiência, vivenciado por discentes do curso de Enfermagem que ocorreu através de entrevistas semiestruturadas. O estudo foi desenvolvido na Comunidade Terapêutica Casa de Vida Verdadeira (Fundação Padre Pio), localizada no município de Água Branca, PI. A instituição, sem fins lucrativos, objetiva resgatar dependentes químicos de maneira voluntária, trata-los para assim, reinseri-los na sociedade. As atividades realizadas durante a ação foram aferição de sinais vitais, palestra sobre o tema (na modalidade roda de conversa), entrevistas sobre as vivências dos usuários e uma dinâmica motivacional, onde os usuários colaram frases de motivação e superação em um mural em alusão ao setembro amarelo. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nenhum dos entrevistados relatou tentativa de suicídio, porém é de suma importância abordarmos sobre o tema, principalmente, pelo fato de ser uma população com mais vulnerabilidade ao cometimento de suicídio. As entrevistas foram realizadas com 4 indivíduos do sexo masculino, todos com histórico de dependência química, que se encontram em reabilitação na Comunidade Terapêutica. Para manter o sigilo dos entrevistados, seus nomes foram identificados com as iniciais. Referente às características sociodemográficas dos homens cujas entrevistas foram analisadas para este estudo, observa-se que a maioria não concluiu o ensino médio, são adultos jovens e com vício em substâncias ilícitas. Tabela 1. Dados demográficos e motivacionais dos participantes no momento em que foram entrevistados. ID I ESC VÍCIO MOT M.A 49 MI Álcool F R 35 FI Substâncias Ilícitas F M.A. 39 MI Substâncias Ilícitas F J.L. 30 SI Substâncias Ilícitas F; G *(ID) Identificação pelas iniciais; ** (I): Idade; ***Escolaridade no momento da entrevista: (FI) fundamental Incompleto; (MI) Médio Incompleto; (SI) Superior Incompleto; ****(MOT) Motivação para sair do vício: (F) Família; (G) Propósito de conclusão de graduação. O sujeito M.A de 49 anos de idade relata ser um ex-dependente do alcoolismo. “Estou aqui a 7 meses lutando contra o alcoolismo e essa casa foi um verdadeiro refúgio para eu sair dessa vida de alcoólatra, quero recomeçar minha vida do zero e procuro melhorar todos os dias, principalmente, pela minha filha e minhas netas, que são a minha maior motivação.” De acordo com Garrido et al. (2016) O alcoolista julga usar o álcool para resolver seus problemas, sem se dar conta de que multiplica seus desconfortos físicos e emocionais e passa a depender do álcool para tudo, até para esquecer que é dependente. De um aliado nas situações de estresse, transforma-se em algoz do dependente e o sujeito que, no início julgava que a bebida o fazia forte, descobre-se fragilizada alvo do desrespeito alheio. O sujeito J.L. de 30 anos de idade relata que está recentemente na casa terapêutica e que já esteve internado em outros locais, mas por conta da recaída retornou ao uso de drogas. Emocionado, ele relata a sua experiência. “Estou aqui há 15 dias, mas já estive em outros lugares, nunca tive problemas de saúde, meu problema sempre foi o vício, creio que se tivesse permanecido nas ruas o pior teria acontecido. Meu objetivo é ajudar minha família, sou pai de duas meninas e quero fazer meu papel de pai, também desejo concluir meu curso de línguas que interrompi no 2 ano de graduação”. De acordo com Cantão et al. (2016) o episódio de recaída, o indivíduo está sem fazer o uso da substância, a vontade de usar novamente vem sete vezes maior e quando o indivíduo faz o uso, faz em quantidade maior e após esse episódio a pessoa pode ficar com sentimentos de culpa, fica com isso na cabeça e dessa forma, podem surgir os problemas com sua saúde mental, os sintomas relativos a depressão, ansiedade e etc. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebe-se, através dos resultados obtidos, a relevância da família nesse contexto. Visto que, age como um apoio para o dependente químico. É evidente a exclusão do indivíduo que sofre dependência química perante a sociedade. Na maioria das vezes vistos de maneira pejorativa e nada empática pelas pessoas. Evidencia-se que os problemas com a saúde mental dos dependentes químicos estão relacionados não só com as alterações que as drogas causam no cérebro, mas também está relacionado ao sentimento de desespero, falta de empatia das pessoas, descrédito pessoal e até mesmo o abandono familiar. Conclui-se que a educação em saúde é uma das principais formas de promoção à saúde, buscando desenvolver conhecimentos sobre autocuidado, prevenção e reabilitação de doenças. Portanto, compreende-se que os dependentes químicos em tratamento precisam de atenção tanto familiar, quanto profissional. Os agravos podem ser identificados em qualquer nível de assistência e não se restringe apenas a serviços especializados. AGRADECIMENTOS Gostaríamos de agradecer ao corpo docente da instituição, principalmente a nossa professora e orientadoraGleyane Rodrigues que nos proporcionou a possibilidade de levar esta discussão para a comunidade terapêutica, pois para nós é gratificante compartilhar o nosso conhecimento, é indubitavelmente imensurável. Nossos agradecimentos a equipe da Comunidade Terapêutica Casa de Vida Verdadeira que carinhosamente nos acolheu e pelo aceite da nossa ação social. Por fim, nossos agradecimentos a nossa faculdade pelo incentivo e apoio para a realização desta ação que é veemente sensível e necessária. REFERÊNCIAS JAM Coelho - dependência química causa risco de suicídio. Instituto de Neurociências Dr. João Quevedo. 2021. L Cantão, NCL Botti – Representação social do suicídio para pessoas com problemas Relacionados ao uso de Drogas, Revista Brasileira de Enfermagem, 2016 – SciELO Brasil. MCT Garrido, SR de Pinho, WM de Aguiar, W Azevedo – prevalência do alcoolismo e sintomas depressivos em pacientes da clínica geral na cidade de Salvador – BA. Revista Brasileira de neurologia e Psiquiatria. V. 20, n. 1 (2016).
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