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BEATRIZ MARIA SOARES SANTOS SÍNTESE DA DIBENZALACETONA (DBA) Salvador – BA 2022 BEATRIZ MARIA SOARES SANTOS SÍNTESE DA DIBENZALACETONA (DBA) Mini relatório técnico sobre a síntese da dibenzalacetona apresentado ao Departamento de Química do Curso técnico em química como requisito parcial para aprovação na 2ª Unidade de Química Orgânica Prática II. Experimento realizado nos dias 27/05/22, 03/06/2022 e 10/06/22 por Beatriz Maria, Evellyn Pereira e Ana Carolina Docente: Marcus Vinicius Bahia Salvador – BA 2022 1. Objetivos 1.1 Objetivo Geral Sintetizar a dibenzalacetona. 1.2 Objetivos específicos - Promover a reação entre o benzaldeído e a propanona utilizando NaOH como catalisador básico; - Promover uma reação de condensação aldólica cruzada prática; - Purificar a dibenzalacetona; - Identificar e caracterizar a DBA através de testes físicos e químicos; - Calcular o rendimento da reação; 2. Resultados e discussões 2.1 Reação de síntese da DBA O experimento da síntese da DBA foi realizado a partir da adição de 1,0 mL de benzaldeído (líquido amarelo límpido) e 0,6 mL de acetona (incolor límpido) à uma mistura de 10,0 mL de NaOH 10% e 8,0 mL de etanol (incolor límpido). Após a adição de todos os reagentes, foi obsevado que a mistura passou a apresentar diferentes fases e com leve agitação sofreu rápida mudança de aspecto, passando a apresentar aspecto leitoso avermelhado, como visualizado na Figura 1. Figura 1. Sistema reacional após início da agitação Depois de 30 minutos de agitação constante, foi notado a presença de sólido amarelo nas paredes do béquer e a mistura passou a ter coloração amarelo claro, como mostrado na Figura 2. Figura 2. Sistema reacional após 30min de agitação O sólido foi isolado a partir de uma filtração à vácuo com lavagens de água fria até que ele estivesse neutro, para retirar os resquícios de base que poderiam ficar impregnados, obtendo um sólido amarelo, como mostra a Figura 3. Figura 3. Sólido após filtração à vácuo A síntese da dibenzalacetona ocorre através de uma reação de condensação aldólica cruzada prática entre o benzaldeído e a acetona, utilizando NaOH como catalisador e etanol como solvente, observada na Figura 4. Figura 4. Equação geral da reação entre o benzaldeído e a acetona. A reação de condensação aldólica ocorre quando moléculas se juntam a partir da eliminação entre elas de uma pequena molécula, como água. Ela se caracteriza como cruzada prática quando a reação se processa com dois compostos carbonílicos diferentes e um deles não tem hidrogênio alfa, não podendo sofrer autocondensação [1]. O grupo carbonila presente nos aldeídos e cetonas proporcionam uma característica importante par esses compostos que é a acidez dos hidrogênios alfa, ou seja, dos hidrogênios ligados aos átomos de carbonos adjacentes ao grupo carbonila [1]. Essa acidez se deve ao forte poder atrator de elétrons do grupo carbonila, pois o oxigênio é um átomo bastante eletronegativo e atrai para si os elétrons das ligações, deixando o átomo de carbono carente em elétrons, gerando um efeito indutivo pela molécula. A acidez do hidrogênio alfa juntamente com a estabilização do composto por ressonância quando este perde um próton, já que permite a deslocalização da carga negativa por toda molécula, favorece a saída deste hidrogênio e, assim, a formação de um íon enolato. Observando as estruturas dos reagentes presentes nas Figuras 5 e 6, é possível notar que apenas a acetona possuí hidrogênios alfa, já que o carbono diretamente ligado ao grupo funcional aldeído não está ligado à um hidrogênio. Esse fato justifica a ordem de adição dos reagentes à mistura de NaOH e etanol, pois como a acetona possui hidrogênios alfa e, portanto, pode sofrer autocondensação em meio básico, se adicionada primeiro levaria a produção de reações secundárias indesejáveis, já que não levariam ao produto desejado, a DBA, diminuindo o rendimento da reação. Figura 5. Estrutura química do benzaldeido. Figura 6. Estrutura química da acetona Por isso, para evitar a formação de subprodutos é primeiro adicionado o benzaldeído à mistura básica e, logo após, a acetona é adicionada lentamente e sob agitação, para evitar a autocondensação da mesma se adicionada de forma rápida e aumentar a possibilidade de choques efetivos entre os reagentes através da agitação. Para melhor compreensão da reação, é necessário analisar cada etapa de seu mecanismo, apresentado na Figura 7. Figura 7. Mecanismo da reação de condensação aldólica cruzada prática entre o benzaldeido e a acetona. Na primeira etapa da reação, ocorre a formação do íon enolato a partir do ataque da base (OH-) à um dos hidrogênios alfa da acetona. Então, o íon enolato, por ser uma espécie rica em elétrons, age como nucleófilo e ataca o carbono carbonílico do benzaldeído, já que o mesmo possui deficiência em elétrons devido à alta eletronegatividade do oxigênio, fazendo com que ele atraia os elétrons compartilhados na ligação dupla para si e deixe o carbono carbonílico com baixa densidade eletrônica. Além disto, o benzaldeído está mais suscetível à ataques em consequência do menor impedimento estérico quando comparado à acetona devido à diferença entre os volumes dos grupos metil e o hidrogênio. Durante o ataque e a formação da ligação entre o carbânion e o carbono carbonílico, há a quebra da ligação dupla da carbonila e a formação do íon alcóxido A partir disso, o íon alcóxido atua como base e utiliza um par de elétrons livres do oxigênio carregado negativamente para captar um próton da molécula de água e forma um aldol. O aldol formado sofre uma reação de desidratação pelo ataque da base à um hidrogênio alfa e forma uma enona, a benzalacetona. Essa reação ocorre espontaneamente mesmo à temperatura ambiente devido à acidez dos hidrogênios alfas remanecentes e da estabilização do produto por ressonância pela presença de duas ligações duplas conjugadas e do grupo fenil. Esta por sua vez sofre um ataque da hidroxila, formando um novo íon enolato que atua como nucleófilo e ataca o carbono carbonílico do benzaldeído. O produto dessa dicondensação é dibenzalacetona (DBA). 2.2 Rendimento da Reação O sólido sintetizado foi seco ao ar livre em um intervalo de uma semana e, depois de seco, foi calculado o rendimento da reação a partir da comparação entre o valor estequiométrico da massa produzida pela reação e a massa real obtida no experimento. Primeiramente, para encontrar o valor estequiométrico da massa obtida pela reação, que será considerado como valor teórico, foi preciso relacionar as massas molares dos compostos com as massas postas para reagir. Como foram utilizados dois líquidos, as massas efetivamente utilizadas foram calculadas a partir de suas densidades, obtendo que em 1,0 mL de benzaldeído continham 1,05 g de C7H6O e que em 0,6 mL de acetona tinham 0,474 g de C3H6O, como mostra o Cálculo 1. Cálculo 1. Massa presente nos volumes dos reagentes. Benzaldeído Acetona d = m/v d=m/v 1,05 = m/1 0,79 = m/0,6 m = 1,05g de C7H6O m = 0,474 g de C3H6O A partir da equação química geral da reação sabe-se que os reagentes reagem em uma proporção de 2:1 de benzaldeído e acetona, respectivamente, para formar 1 mol da DBA. É possível relacionar a massa consumida de um dos reagentes com a massa do produto formada utilizando a estequiometria da reação e suas respectivas massas molares. Porém, esse cálculo deve ser feito com o reagente limitante da reação, ou seja, aquele que define o final do processamento da reação pelo consumo total da substância, de forma que ele estejaem uma quantidade menor do que a necessária para reagir com toda a quantidade posta do outro reagente. Dessa forma, através do Cálculo 2 foi encontrado que o benzaldeído era o reagente limitante da reação, já que para reagir com 0,474g de acetona seriam necessários 1,732g de benzaldeído, sendo que foram postos apenas 1,05g para reagir, então após o consumo total dele a reação foi finalizada e deixando excesso de acetona no sistema. Cálculo 2. Reagente limitante e reagente em excesso 58,08g de C3H6O -------------- 212,24 g de C7H6O 0,474 g -------------- X X = 1,732 g de C7H6O Sabendo-se qual reagente era o limitante foi possível fazer uma relação entre a massa de benzaldeído posta para reagir e a massa de dibenzalacetona que deveria ser obtida se o rendimento da reação fosse de 100%, a qual seria de 1,16 g de C17H14O, como mostra o Cálculo 3. Cálculo 3. Massa teórica do C7H6O 212,24 g de C7H6O -------------- 234,29 g de C17H14O 1,05 g --------------- y Y = 1,16 g de C17H14O Através da pesagem do sólido seco obteve-se 0,749 g do sólido e foi constatado que a reação teve um rendimento de cerca de 64,57%, observado no Cálculo 4. Cálculo 4. Rendimento da reação 1,16 g de C17H14O ---------------- 100% 0,749 g ------------------ z Z = 64,57% O baixo médio rendimento de 64,57% pode ter sido obtido devido a fatores como a perda de sólido durante a filtração à vácuo, já que uma pequena quantidade do produto pode ter sido arrastada durante as lavagens com água; ocorrência de reações secundárias que levaram à formação de subprodutos solúveis no solvente utilizado na reação, o etanol. A alta volatilidade dos reagentes também afeta o rendimento da reação, pois como ele é obtido através da comparação com um valor teórico, a perda de massa pela volatilidade implica em valores de massas menores postas efetivamente para reagir do que as calculadas, fazendo com que também seja obtido menos produto do que o esperado. 2.3 Recristalização do produto obtido A purificação do sólido produzido pela reação foi feita a partir do método de recristalização utilizando etanol como solvente. Esse método se baseia na ideia de que todas as substâncias são porosas e as impurezas podem estar não apenas na superfície dos sólidos, mas também impregnados em seu retículo cristalino, causando defeitos na estrutura do cristal. Ao adicionar o sólido obtido em cerca de 5 mL de etanol frio, foi observado que não houve a solubilização do sólido, como mostra a Figura 8. Após alguns minutos em aquecimento o sólido foi completamente solubilizado e foi realizado uma filtração a quente para a retirada de impurezas sólidas não solúveis em etanol. Terminada a filtração o sistema foi deixado em repouso à temperatura ambiente até a visualização da formação dos cristais, mostrados na Figura 9, e em seguido foi colocado em um banho de gelo. Figura 8. Sólido obtido e etanol Figura 9. Cristais do sólido se formando Assim, ao utilizar um solvente que dissolve o sólido pouco a frio e muito a quente, é possível romper a estrutura do sólido para liberar as impurezas no solvente a quente e reconstituir o retículo a partir da dessolubilização das partículas do cristal sem as impurezas quando o sistema é resfriado. Na realização do experimento, houve um acidente durante o resfriamento do sistema e uma parte do sólido já recristalizado foi perdido. Com isso, após a recristalização foi recuperado 0,413 g do sólido, de forma que também houve perda de massa na filtração à vácuo do produto utilizando lavagens com água, já que foi visualizado a acumulação de uma mistura esbranquiçada no kitassato, indicando que houve solubilização do analito. A amostra foi seca ao ar livre durante uma semana. 2.4 Testes físicos para identificação e caracterização da DBA 2.41 Exame preliminar Observando o material sintetizado, notou-se que foi obtido um sólido amarelo, cristalino e brilhante, vistos na Figura 10, com odor leve e característico, aspectos que correspondem com os presentes na literatura [2] sobre a dibenzalacetona. A cor amarela característica da DBA se deve à deslocalização dos elétrons das ligações duplas conjugadas presentes em sua estrutura. Essa deslocalização permite que os elétrons passem para um estado de energia maior, processo que libera energia em forma de radiação eletromagnética. Por ser uma molécula grande e com diversas ligações duplas em sua estrutura, a dibenzalacetona consegue liberar energia suficiente para o comprimento de onda correspondente a cor amarela. Figura 10. Sólido recristalizado e seco 2.42 Ensaios de solubilidade Foram realizados ensaios de solubilidade adicionando uma ponta de espátula da DBA em aproximadamente 2 mL de H2O, éter de petróleo e etanol, sendo observado que a DBA teve pouca solubilidade na água, média no éter de petróleo e apreciável solubilidade em etanol, como demonstra a Figura 11. As diferenças entre a solubilização do sólido pelos solventes podem ser explicadas pelas diferentes interações intermoleculares que cada solvente pode realizar com o soluto. Figura 11. Ensaios de solubilidade Analisando a estrutura química da dibenzalacetona presente na Figura 12, é possível notar que ela possui uma grande cadeia carbônica formada por carbono e hidrogênio – parte apolar – e um grupo carbonila que, devido à diferença de eletronegatividade entre o carbono e o oxigênio tem as ligações polarizadas e é a parte polar da molécula. Como compostos apolares interagem com outras moléculas a partir de forças de dispersão de London e grupos polares interagem por dipolo-dipolo, a dibenzalacetona pode realizar interações intermoleculares dos dois tipos entre suas moléculas e as moléculas dos solventes. Figura 12. Estrutura química da dibenzalacetona Para ocorrer a solubilização de um sólido é preciso que as interações intermoleculares realizadas pelas moléculas do solvente e as partículas do soluto forneçam energia suficiente, ou seja, sejam fortes o suficiente para romper a estrutura cristalina do sólido e liberar seus constituintes no meio. Se a energia de solvatação liberada na formação das interações não superar a energia de rede do sólido, não ocorre a solubilização efetiva e o composto é considerado pouco solúvel. Sendo assim, observando a estrutura da água na Figura 13 vemos que ela é composta apenas de ligações altamente polarizadas entre oxigênio e hidrogênios. Devido à essa alta polarização, ela pode interagir por um tipo especial de dipolo-dipolo, chamada de ligação de hidrogênio, interação forte em comparação com as outras. Dessa forma, ao entrar em contato com a DBA a água só consegue interagir bem em um ponto da molécula, o oxigênio da carbonila, de forma que mesmo realizando uma interação forte, ligação de hidrogênio, poucas moléculas a realizam, não fornecendo energia suficiente para romper o retículo cristalino e solubilizar o sólido, o que explica as duas fases visualizadas no tubo contendo água e DBA e a baixa solubilidade. Figura 13. Estrutura química da água Segundo a literatura [3], o éter de petróleo é um líquido formado pela mistura de hidrocarboneto alifáticos, constituído principalmente por pentano e hexano. Por ser formado apenas de hidrocarbonetos, os quais são compostos apolares, o éter de petróleo pode realizar apenas interações do tipo forças de dispersão de London nos pontos apolares da molécula de DBA. Entretanto, ela não interage bem com o a parte polar e como a parte apolar é majoritária no composto, o éter de petróleo consegue solubilizar parcialmente o sólido. Esse fato é evidenciado na Figura 11 pelo sólido presente na parede e no precipitado presente no fundo do tubo de ensaio. O etanol se mostrou como melhor solvente dentre os três avaliados no ensaio,já que observando a Figura 11, nota-se que o sólido foi quase completamente solubilizado, restando apenas um pouco do sólido nas paredes do tubo e no fundo. Analisando a estrutura química do composto na Figura 14, percebe-se que ele possui uma hidroxila ligada à uma cadeia carbônica, de forma que ele possa realizar interações do tipo ligação de hidrogênio e dispersão de London com a DBA em todos os pontos do soluto, fornecendo energia suficiente para a quebra do retículo. Porém, como a cadeia carbônica do etanol é pequena, as interações do tipo dispersão de London são relativamente fracas e, por isso, o etanol não consegue solubilizar completamente a DBA. Figura 14. Estrutura química do etanol Porém, através do ensaio de solubilidade foi constatado que, mesmo não solubilizando completamente a DBA, a dibenzalacetona apresentou apreciável solubilidade no etanol mesmo a frio, característica não desejável de um solvente ideal para a recristalização, o que pode interferir na quantidade recuperada do sólido recristalizado, já que uma parte desse sólido pode ter permanecido solubilizado no etanol após o resfriamento. Os resultados dos ensaios correspondem com a solubilidade da DBA presentes na literatura [4]. 2.43 Ponto de fusão A determinação do ponto de fusão do sólido obtido foi feita através da técnica de microdeterminação utilizando um aparelho de ponto de fusão, em que pequenas quantidades da amostra foram adicionadas em 3 tubos capilares e aquecidas dentro do aparelho até a fusão. A temperaturas inicias e finais da fusão dos sólidos em cada capilar são apresentadas na Tabela 1, de forma que a partir da média aritmética entre as temperaturas iniciais e média das temperaturas finais, foi obtido que a faixa de fusão do sólido sintetizado foi de 103,3°C – 110,1°C. Tabela 1. Temperaturas inicias e finais da fusão nos tubos capilares Tubo capilar 1º 2º 3º Média Temperatura de fusão inicial 99,9°C 105°C 105°C 103,3°c Temperatura de fusão final 110,6°C 110,6°C 109°C 110,1°C A temperatura de fusão é uma constante física que pode ser utilizada como critério de pureza, já que ela está associada ao tipo de ligação existente entre as partículas do sólido e as interações intermoleculares que elas realizam. Portanto, como cada substância interage de forma diferente e substâncias puras possuem um ponto de fusão definido, ou seja, uma temperatura na qual as fases líquidas e sólidas estão em equilíbrio, é possível identificar e caracterizar compostos através dessa temperatura, já que é intrínseco de cada matéria. A DBA é um sólido molecular, ou seja, formada por moléculas que realizam interações intermoleculares entre si. Como interações são forças mais fracas que ligações, como as realizadas em compostos iônicos, ela possui temperatura de fusão baixa, pois é necessária menor energia para romper essas interações e passar a substância para o estado líquido. A faixa de fusão encontrada para o sólido sintetizado de 103,3°C – 110,1°C corresponde a uma faixa um pouco menor e mais ampla quando comparada com a faixa de fusão teórica da DBA presente na literatura, a qual é de 110 – 111 °C [5], porém ainda muito próxima. A fusão do sólido à temperatura mais baixas do que o valor teórico pode ser explicado a partir da presença de impurezas impregnadas nos cristais. A presença de impurezas provoca o abaixamento do ponto de fusão de uma substância, pois elas causam defeitos na estrutura cristalina do sólido e, assim, a diminuição da intensidade das interações intermoleculares em algumas regiões do cristal. Essa desorganização da estrutura cristalina ocasiona no abaixamento e o alargamento da faixa de fusão, já que quanto mais organizado o sólido for, mais energia é requerida para romper essa estrutura e liberar os constituintes. Sendo assim, a absorção da água presente no ar pelo sólido, como também o incidente ocorrido durante a recristalização foram fatores que agregaram impurezas no sólido, resultando na faixa de fusão obtida. 2.5. Testes químicos para identificação e caracterização da DBA 2.51 Teste de Bayer Para realizar o teste de Bayer, foi adicionada pequena quantidade do sólido solubilizado em etanol (amarelo límpido) em cerca de 2,0 mL de solução de permanganato de potássio (cor violeta) e foi observada a rápida mudança de coloração do sistema para marrom e a precipitação de um sólido de mesma coloração no fundo do tubo de ensaio, como mostra a Figura 15. Figura 15. Teste de Bayer O teste químico de Bayer é utilizado para identificar a presença de ligações múltiplas em compostos orgânicos através de uma reação de oxidação branda entre o composto e o reativo de Bayer, o qual corresponde à uma solução de permanganato de potássio. O teste é positivo para insaturação quando ocorre o descoramento da solução seguido do surgimento de precipitado marrom no sistema [6], mesmo resultado obtido no experimento realizado, o que indica que o composto sintetizado possui insaturação. Analisando a Figura 12 é possível notar a presença de duas ligações duplas na estrutura química da dibenzalacetona, o que corresponde com o resultado da prática realizada e permite caracterizar o sólido obtido. A reação de oxidação branda é uma reação em que ocorre a entrada de oxigênio na molécula orgânica e é caracterizada pela formação de um diol vicinal (glicol), ou seja, dois grupos OH em carbonos vizinhos em compostos que apresentam insaturação, como mostra a Figura 16 da reação entre a DBA e o permanganato de potássio. Figura 16. Equação geral da reação do teste de Bayer 2.52 Teste com 2,4-dinitrofenilhidrazina Após adicionar pequena quantidade do sólido solubilizado em etanol (amarelo límpido) à cerca de 2 mL de 2,4-dinitrofenilhidrazina (vermelho límpido), foi observada a mudança de aspecto do sistema, passando a apresentar coloração vermelha intensa em uma solução turva com precipitação de um sólido vermelho no fundo e nas paredes do tubo de ensaio, como mostra a Figura 17. Figura 17. Teste com 2,4-dinitrofenilhidrazina A 2,4-dinitrofenilhidrazina é um composto químico utilizado para avaliar qualitativamente a presença de grupos carbonilas e, portanto, identifica aldeídos e cetonas através de uma reação de condensação, em que duas moléculas se combinam com a consequente saída de uma molécula de água. Um teste positivo é obtido pela formação de um precipitado amarelo, laranja ou vermelho, a depender da natureza do aldeído ou cetona, conhecido como dinitrofenil- hidrazona. Se o composto carbonílico for aromático, o precipitado é vermelho e, se alifático, o precipitado terá uma cor mais amarela [7]. O resultado obtido através do experimento demonstra um teste positivo para a presença de grupo carbonila no composto, já que houve a mudança de coloração do sistema para um vermelho intenso, o que também corresponde à natureza da DBA, já que ela possui 2 anéis aromáticos em sua estrutura, sendo um composto carbonílico aromático. A reação da cetona com a amina primária resulta na formação de um composto com dupla ligação carbono-nitrogênio, chamado de imina. 2.53 Teste de Tollens Após adicionar pequena quantidade do reagente de Tollens ao sólido solubilizado com etanol, foi observado a formação de um precipitado esbranquiçado no tubo de ensaio, como mostra a Figura 19. Figura 19. Teste de Tollens Uma vez que o grupo carbonila foi identificado usando 2,4- dinitrofenilhidrazina, foi possível realizar o teste de Tollens para diferenciar aldeídos e cetonas e confirmar que o sólido obtido é uma acetona, já que o objetivo da prática é sintetizar uma, a dibenzalacetona. O ensaio de Tollens é baseado na diferença de reatividade relativa entre aldeídos e cetonas e na facilidade que os aldeídos possuem em sofrer oxidação. Um teste é positivo na presença de aldeídos no meio e resulta na precipitaçãode prata metálica, a qual se acumula nas paredes do tubo formando um “espelho de prata” no interior do recipiente. A maior reatividade de aldeídos frente às cetonas é explicada por fatores estéricos e eletrônicos, já que um de seus grupos é o átomo de hidrogênio, o qual é um átomo muito pequeno e permite que o carbono carbonílico seja atacado mais facilmente. Além disso, os aldeídos possuem apenas um grupo alquila capaz de doar elétrons por efeito indutivo e estabilizar a carga parcial positiva presente no carbono carbonílico, de forma que o mesmo esteja mais deficiente em elétrons e assim, mais suscetível a ataques nucleofílicos que as cetonas que possuem dois grupos relaxadores de elétrons. Dessa forma, a diferenciação desses dois grupos funcionais é feita utilizando um oxidante fraco, o qual tem capacidade apenas de reagir com aldeídos e não têm força suficiente para oxidar cetonas, no teste de Tollens, o oxidante utilizado é o complexo catiônico diaminoprata(I). Como não foi observado a formação de prata metálica no tubo de ensaio, infere-se que o teste deu negativo para aldeídos e que o composto formado a partir da síntese é uma cetona. 3. Conclusão Após a realização do experimento, através dos testes químicos e físicos, foi possível concluir que o sólido sintetizado a partir da reação de condensação aldólica cruzada prática entre o benzaldeído e acetona em meio básico corresponde à dibenzalacetona (DBA), indicando que o objetivo principal da prática foi atingido. Ao final da reação, foi obtido 0,749g do sólido, de forma que a reação apresentou um rendimento de 64,57%, possivelmente ocasionado pela perda de sólido por solubilidade e pela volatilidade dos reagentes, sendo possível recuperar apenas 0,413g após a recristalização, devido à incidentes. Os exames preliminares demonstraram que as características do produto obtido, sólido amarelo cristalino, correspondem com os dados presentes na literatura [2] para a DBA. Os testes de solubilidade também obtiveram resultados correspondentes aos teóricos, de forma que o sólido foi pouco solúvel em água, teve solubilidade mediana em éter de petróleo e apreciável solubilidade em etanol. A faixa de fusão obtida no experimento, 103,3°C – 110,1°C, foi um pouco mais baixa e mais ampla que a faixa teórica de 110°C – 111°C, resultado possivelmente obtido devido à presença de impurezas e absorção de água presente no ar pelo sólido. Os testes químicos também apresentaram os resultados esperados, sendo confirmada à presença de insaturação no composto através do resultado positivo do teste de Bayer; a confirmação da presença do grupo carbonila pelo resultado positivo do teste com a 2,4- dinitrofenilhidrazina e, por fim, o resultado negativo do teste de Tollens confirmou que o composto se trata de uma cetona, podendo-se concluir, assim, que foi obtida a DBA. 4. Referências [1] SOLOMONS, T. W. Graham; Fryhle, Craig B. Química Orgânica, vol. 1 e 2. 9 ed. LTC, 2009 [2] https://en.wikipedia.org/wiki/Dibenzylideneacetone [3] éter de petróleo, propriedades, inscrição (sciencealpha.com) [4] CORNEL, Eric A.; HAYNES, W. M.; et al. CRC Handbook of Chemistry and Pysics. 95th Edition. New York: CRC Press, 2014. [5] https://cesad.ufs.br/ORBI/public/uploadCatalago/10351104042012Quimica_Org anica_Experimental_Aula_10.pdf [6] https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/teste-baeyer.htm [7] https://www.fciencias.com/2016/12/08/teste-brady-laboratorio-online/ https://en.wikipedia.org/wiki/Dibenzylideneacetone https://sciencealpha.com/pt/petroleum-ether-properties-application/ https://cesad.ufs.br/ORBI/public/uploadCatalago/10351104042012Quimica_Organica_Experimental_Aula_10.pdf https://cesad.ufs.br/ORBI/public/uploadCatalago/10351104042012Quimica_Organica_Experimental_Aula_10.pdf https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/teste-baeyer.htm https://www.fciencias.com/2016/12/08/teste-brady-laboratorio-online/