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1 LER DORT DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÃO - MEDICINA DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO – LER DORT Introdução A dor relacionada ao trabalho é descrita desde a Antiguidade, mas, o registro clássico sobre os vários ofícios e danos à saúde a eles relacionados estácontido na obra de Ramazzini. Livro As Doenças dos Trabalhadores, publicado em 1700 (Ramazzini) Brasil- XII congresso Nacional de Prevenção de Acidentes 1973- apresentação de tenossinovites ocupacionais em lavadeiras, engomadeiras. Década de 80- trabalhadores de processamento de dados x LER/DORT Bancários Anos 1990, 2000: Aumento de tipos de doenças contempladas pela denominação LER/DORT São, por definição, fenômenos relacionados ao trabalho. Decorrem da utilização excessiva, imposta ao sistema musculoesquelético, e da falta de tempo para recuperação. Entidades neuro-ortopédicas como, tenossinovites, sinovites e compressões de nervos periféricos Importante! Parâmetros para considerar uma atividade repetitiva A noção de trabalho repetitivo corresponde ao trabalho que envolve ciclos que se repetem durante a realização de uma tarefa, com duração inferior a 30 segundos ou aquele trabalho cujo componente essencial do ciclo ocupa mais do que 50% do ciclo total. EPIDEMIOLOGIA A alta prevalência de LER/Dort tem sido explicada por transformações do trabalho e das empresas cuja organização tem se caracterizado pelo estabelecimento de metas e produtividade, sem levar em conta os trabalhadores e seus limites físicos e psicossociais. Entre os vários países que viveram epidemias de LER/Dort estão a Inglaterra, os países escandinavos, o Japão, os Estados Unidos, a Austrália e o Brasil. ATIVIDADES DE RISCO Dentistas Trabalhadores de linha de produção na indústria, no setor de alimentos congelados, montagem de eletroeletrônicos Operadores de telemarketing Atividades que exigem digitação Atividades de costura Confecção de manufaturados, ex. calçados Etiologia Multifatorial Levam-se em conta: Aspectos biomecânicos Aspectos cognitivos Organização do trabalho Pode-se inferir que: Sob altos níveis de exigência psicológica há uma maior mobilização de energia, com supressão da sensibilidade dolorosa, o que poderia ocasionar maior risco de desenvolver, a longo prazo, alterações nos tecidos musculoesqueléticos, uma vez que dor, como sinal de alerta, está ausente. QUADRO CLÍNICO Sintomatologia vasta e heterogênea 2 LER DORT DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÃO - MEDICINA Dor Sensação de peso Parestesia Fadiga Diminuição da força muscular no membro acometido Diminuição da temperatura local Edema DOENÇAS CLASSIFICADAS COMO LER DORT Síndrome cervicobraquial (M53.1) Dorsalgia (M54.); Cervicalgia (M54.2); Ciática (M54.3); Lumbago com ciática (M54.4); Sinovites e tenossinovites (M65.); Dedo em gatilho (M65.3); Tenossinovite do estiloideradial (De Quervain) (M65.4); Epicondilite lateral (cotovelo do tenista) (M77.1); DOR A dor não deve ser analisada somente do ponto de vista fisiológico, ou seja, como resultado de uma estimulação dos receptores do sistema sensorial. Ela depende da experiência prévia, do contexto atual vivenciado pelo indivíduo e da sua percepção quanto às implicações futuras da injúria A dor é uma experiência sensorial, singular e emocional complexa; SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO STC Características: compressão do nervo mediano em sua passagem pelo canal ou túnel do carpo. Fatores de risco: tarefas que exigem alta força e/ou alta repetitividade, ou ainda vibração. A associação de repetitividade com frio aumenta o risco. Quadro clínico: Sensação de formigamento (hipoestesia) na mão, à noite, dor e parestesia em área do nervo mediano (polegar, indicador, médio e metade radial do anular), desconforto que pode se irradiar até os ombros. TENDINITE DO MANGUITO ROTADOR Características: Inflamação aguda ou crônica acometendo tendões da bainha dos rotadores, especialmente por compressão da bursa e do tendão supra-espinhoso entre a grande tuberosidade da cabeça do úmero e a porção anterior e inferior do acrômio durante a elevação do braço. Fatores de risco: exposições a movimentos repetitivos de braço, elevação e abdução de braços acima da altura dos ombros, principalmente se associados ao uso de força por tempo prolongado e elevação de cotovelo. Quadro clínico: dor intermitente no ombro, que piora com esforços físicos e à noite. Pode se irradiar para a face lateral do braço e se associar com a diminuição das forças de rotação externa e abdução. O paciente queixa-se de crepitação, dificuldade ou impossibilidade para elevar ou manter o braço elevado. EPICONDILITE LATERAL 3 LER DORT DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÃO - MEDICINA Inflamação dos tendões extensores dos músculos do antebraço EPICONDILITE MEDIAL Conhecida também como cotovelo do golfista, é semelhante a lateral, porém muito menos comum e de tratamento mais difícil. Tendinose angiofibroblástica: Há uma associação comum entre a epicondilite medial e sintomas de compressão do nervo ulnar em até 60%. Força em Valgo. TENOSSINOVITE DE QUERVAIN Inflamação dos tendões abdutor longo e extensor curto do polegar DEDO EM GATILHO DORSALGIAS A dorsalgia pode ser sintoma de inúmeras doenças. Episódios agudos de lombalgia costumam ocorrer em pacientes em torno de 25 anos e, em 90% dos casos, a sintomatologia desaparece em 30 dias. O risco de recorrência é de cerca de 60% no mesmo ano ou, no máximo, em dois anos. Fatores que contribuem para a recidiva: idade, postura ergonômica inadequada e fadiga no trabalho. A lombalgia crônica, dor persistente durante três meses ou mais, corresponde a 10% dos pacientes acometidos por lombalgia aguda ou recidivante. A média de idade desses pacientes é de 45 a 50 anos. Fatores de risco: trabalho pesado, levantamento peso, trabalho sentado, 4 LER DORT DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÃO - MEDICINA falta de exercícios e problemas psíquicos. COMO CONDUZIR UMA SUSPEITA DE LER/DORT? O paciente apresenta quadro clínico característico? A anamnese ocupacional evidencia fatores de risco para a ocorrência de LER/Dort? O ramo de atividade ou a função são conhecidos como de risco para a ocorrência de LER/Dort? HISTÓRIA OCUPACIONAL Condições de trabalho: situações de sobrecarga, esforço físico, posturas extremas, equipamentos e instrumentos de trabalho inadequados, falta de assentos para revezamento postural sistemático; ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, jornadas prolongadas, ausência de pausas periódicas, exigência de posturas desconfortáveis por tempo prolongado, exigência de produtividade, exigência de força muscular, ritmo intenso de trabalho, ambiente estressante, competitivo, com cobranças de metas e falta de reconhecimento profissional, premiações para quem não coloca atestado médico. EXAME FÍSICO Teste de MIL Teste de cozen Teste de Phalen Teste de Neer Teste de Yokum Teste de Hawkins-Kenedy 5 LER DORT DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÃO - MEDICINA EXAMES COMPLEMENTARES NAS LER/ DORT O diagnóstico anatômico preciso desses eventos é difícil, particularmente em casos subagudos e crônicos, e o nexo com o trabalho tem sido objeto de questionamento, apesar das evidências epidemiológicas e ergonômicas. EXAMES COMPLEMENTARES Radiografias Ultrassonografias Ressonância Magnética Eletroneuromiografia ASLO, VHS, FAN, PCR, perfil lipídico, T4 Livre e TSH DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Fibromialgia Artrite Reumatoide Osteoartrose Doenças Difusas do tecido conjuntivo Artropatias microcristalinasDistúrbios metabólicos e manifestações musculoesqueléticas TRATAMENTO Repouso/pausas Ajustes na organização do trabalho Calor/frio Analgésicos/Antinflamatórios Tratamento Fisioterapêutico Cirurgia em casos específicos (prioridade ao tratamento conservador) TRATAMENTO CONSERVADOR X CIRÚRGICO PREVENÇÃO Monitoramento – exames ocupacionais – inspeções Análise ergonômica da tarefa Inquéritos para busca de sintomáticos articulares Revezamento de tarefas Ginástica laboral Ajustes de metas (metas coletivas) Ajustes no ambiente laboral (temperatura, ruídos, equipamentos, assentos, quinas vivas, ferramentas, bancadas, etc) Plano de retorno gradual ao trabalho, mudança de função, reabilitação Aumento do número de pausas durante a jornada de trabalho; Dimensionamento adequado das tarefas/metas ajustadas Não estimular competitividade exacerbada/Metas coletivas e não individuais 6 LER DORT DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÃO - MEDICINA Cuidado com trabalho por produtividade Não estabelecer premiações que envolvam o item (entrega de atestados médicos) Treinamentos Apoio e ou estímulo à prática de atividade física Clima organizacional de cooperação Diminuindo o risco de repetitividade Enriquecer a tarefa Mecanização/automação Rodízio dos trabalhadores Ciclos mais longos Pausas Exercícios/Alongamentos NORMA REGULAMENTADORA NR 17 Legislação com objetivo de adaptar as condições de labor as características psicofisiológicas dos trabalhadores Organização do trabalho Operadores de check-out Operadores de telemarketing Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição. Aborda organização do trabalho
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