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1 PERDA AUDITIVA RELACIONADA AO TRABALHO DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÇAO - MEDICINA PERDA AUDITIVA RELACIONADA AO TRABALHO AUDIÇÃO, O SENTIDO MAIS NOBRE Por ter maior precisão, maior sensibilidade e maior alcance Por captar mensagens, transmiti-las ao cérebro e receber deste, orientação para comportamento. Ramazzini Doença dos bronzistas = Trabalhadores que moldavam o bronze para a fabricação de vasilhame O contínuo ruído danifica a orelha e depois toda a cabeça. SOM X RUÍDO SOM: qualquer vibração de um meio elástico, sólido, líquido ou gasoso produza sensação auditiva. RUÍDO: Um sinal acústico aperiódico, originado da superposição de vários movimentos de vibração com diferentes frequências que não apresentam relação entre si. RUÍDO DE IMPACTO: Aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo. Esse tipo de ruído geralmente está vinculado a sons altos e com uma duração curta O SOM CAPTADO PELO OUVIDO O valor do limiar da audibilidade vai de 0 dB (A), até 20.000 HZ Não é permitida a exposição a níveis de ruído acima de 115 dB (A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. O limiar da dor encontra-se a partir de 140 dB (a) Os infrassons encontram-se em faixas abaixo de 20 Hz e os ultrassons compreendem as faixas acima de 20.000HZ Hertz (Hz) Contabiliza a frequência do som, ou seja, o número de ciclos de uma onda sonora por segundo Decibel (dB) Mensura a altura do som FORMAS DE COMPROMETIMENTO DO SISTEMA AUDITIVO NO TRABALHO Exposição a ruído intenso Exposição crônica a alguns agentes químicos Exposição súbita a ruído muito intenso Trauma acústico Traumatismos mecânicos ou físicos – barotraumas Contaminações fúngicas, bacterianas e virais EPIDEMIOLOGIA A exposição ao ruído, pela frequência e por suas múltiplas consequências sobre o organismo humano, representa um dos principais problemas de saúde ocupacional e ambiental no mundo do trabalho. ANATOMOFISIOLOGIA DA ORELHA Orelha externa: meato acústico externo. Orelha média: cavidade timpânica, tuba auditiva (parede 2 PERDA AUDITIVA RELACIONADA AO TRABALHO DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÇAO - MEDICINA anterior) e antro mastoideo (parede posterior). Orelha interna: cóclea e canais semicirculares. EFEITOS DO RUÍDO NA ORELHA INTERNA Edema das terminações nervosas junto às células ciliadas Alterações vasculares, químicas e exaustão metabólica Diminuição da rigidez dos estereocilios, que ocasionam uma redução na capacidade das células em perceberem a energia sonora que as atingem. ARCABOUÇO LEGAL QUE ENVOLVE A PREVENÇÃO DAS PERDAS AUDITIVAS NR. 15 DO MT PORTARIA Nº 19, DE 9 DE ABRIL DE 1998 NORMA REGULAMENTADORA N.7 DO MT NORMA TÉCNICA DO INSS 608/1998 CONVENÇÃO INTERNACIONAL OIT N.148 PERDAS AUDITIVAS Neurossensorial: Atinge orelha interna Condutiva: Distúrbios na via de condução do som Mista: Condutiva e neurossensorial 3 PERDA AUDITIVA RELACIONADA AO TRABALHO DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÇAO - MEDICINA CARACTERISTÍCAS DA PAIR/PAINPSE Irreversibilidade Progressão gradual com o tempo de exposição ao risco A sua história natural mostra, inicialmente, o comprometimento da ausculta dos limiares auditivos em uma ou mais frequências da faixa 3000 a 6000 Hz As frequências mais altas e mais baixas poderão levar mais tempo para serem afetadas Uma vez cessada a exposição, não haverá progressão da disacusia EFEITOS EXTRA-AUDITIVOS ASSOCIADOS Desconforto gástrico HAS Distúrbios do sono Irritabilidade Sofrimento Isolamento FATORES DE RISCO AMBIENTAIS PARA AS PERDAS AUDITIVAS AGENTES QUÍMICOS: Solvente (Tolueno, dissulfeto de carbono), fumos metálicos, gases asfixiantes (monóxido de carbono) AGENTES FÍSICOS ADICIONAIS: vibrações, radiação e calor AGENTES BIOLÓGICOS: Vírus, fungos e bactérias FATORES METABÓLICOS E BIOQUÍMICOS O processo de transdução do estímulo acústico em excitação neural requer energia cuja fonte é o nosso metabolismo. Mudanças na concentração de oxigênio e no metabolismo da glicose, geralmente, resultarão em mau funcionamento da orelha interna, com consequente alteração no equilíbrio e repercussão na acuidade auditiva DIAGNÓSTICO ANAMNESE Coletar informações sobre Ocupação Jornada de trabalho História ocupacional pregressa Antecedentes médicos Antecedentes familiares Atividades de lazer Existência de proteção coletiva na empresa Uso dos EPI PERGUNTAS ADICIONAIS O (a) senhor (a) tem pedido para os colegas do trabalho, as pessoas e geral repetirem as frases com frequência? Tem dificuldades para entender conversas em ambientes com ruído, como restaurantes e bares? Ouve televisão em um volume mais alto do que o normal? Se há dificuldade para ouvir, tem conseguindo participar de conversas em grupos presencialmente? Tem tido o desejo de se isolar, de evitar eventos sociais? QUADRO CLÍNICO 1.º ESTÁGIO: primeiras 2 ou 3 semanas de início da exposição. Relatos de zumbidos/tinidos (acufenos) em finais de jornada, sensação de plenitude auricular, cefaleia e tontura. A audiometria pós-exposição ao ruído pode mostrar aumento de limiares auditivos em frequências agudas, reversíveis após afastamento da exposição; 2.º ESTÁGIO: assintomático, eventuais tinidos. Pode durar de meses a anos e a audiometria pode mostrar perda de 30 a 40 dB (NA) na frequência de 4 KHz, atingindo às vezes 3 e 6 KHz; 3.º ESTÁGIO: Dificuldades para ouvir o tique-taque de relógios, o som de campainhas de residências, necessidade de aumentar o volume do rádio e TV, dificuldade para compreender alguns sons de consoantes principalmente em ambientes com ruídos de fundo, pode começar a pedir que repitam o que foi falado. O déficit audiométrico nas frequências atingidas na fase 2 aumenta de intensidade, podendo atingir de 45 a 60 dB (NA); 4.º ESTÁGIO: surdez, dificuldade para ouvir a voz de familiares e colegas de trabalho, pede que falem mais alto. Por causa do recrutamento, os sons são percebidos de maneira distorcida, já descrita como “se fosse um rádio mal sintonizado”. A audiometria mostra comprometimento também das frequências de 2 e 8 KHz. 4 PERDA AUDITIVA RELACIONADA AO TRABALHO DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÇAO - MEDICINA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Alterações renais, entre elas a Síndrome de Alport (distúrbio hereditário que resulta em glomerulonefrite na qual a função renal é deficiente, existe sangue na urina e, por vezes, é acompanhada de surdez e anormalidades nos olhos) Diabetes mellitus (tontura, zumbidos e hipoacusia) Síndrome de Alströmg; Insuficiência adrenocortical; Dislipidemias, hiperlipoproteinemias; Doenças que impliquem distúrbios no metabolismo do cálcio e do fósforo; Distúrbios no metabolismo das proteínas. (Distúrbios de melanina); Hipercoagulação; Mucopolissacaridose; Disfunções tireoidianas (hiper e hipotireoidismo) EXAME FÍSICO OTOLÓGICO OTOSCOPIA Inspeção do meato acústico e tímpano Visualização de estruturas internas da orelha A membrana timpânica normal é translucida, brilhante, com a cor semelhante a uma perola, é tensa e tem a forma semelhante ao cone de um alto- falante. OTITE EXTERNA ROLHA DE CERUME OTITE MÉDIA 5 PERDA AUDITIVA RELACIONADA AO TRABALHO DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÇAO - MEDICINA NEURINOMA DO ACÚSTICO SCHWANOMA DO VIII PAR Etiopatogenia do Schwannoma do VIII nervo não é plenamente conhecida. Há uma base genética envolvida, ligada à um defeito em um gene do braço longo do cromossomo 22(gene NF-2) DIAGNÓSTICO AUDIOMETRIA VOCAL O paciente deve ouvir e repetir palavras que serão ditas pelo examinador Cabine audiométrica com revestimento acústico EXAME AUDIOMÉTRICO TONAL TRAÇADO AUDIOMÉTRICO Símbolos O e X teste da via aérea; Símbolo de maior ou menor teste da via óssea > e < ELEMENTOS SUGESTIVOS DE DESENCADEAMENTO DE PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA ELEVADOS Diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos no grupo de frequências de 3.000, 4.000 e 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 10 dB (NA); A piora em pelo menos uma das frequências de 3.000, 4.000 ou 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 15 dB (NA). TRABALHADORES EXPOSTOS A NIVEIS DE PRESSÃO SONORA ELEVADO Repouso auditivo por um período mínimo de 14 horas Exames audiológicos de referência e sequenciais Audiômetro: aferição anual e calibração a cada 5 anos. Periodicidade do exame audiométrico: na admissão, no 6º (sexto) mês após a mesma, anualmente a partir de então, e na demissão. APARELHO AUDITIVO 6 PERDA AUDITIVA RELACIONADA AO TRABALHO DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÇAO - MEDICINA IMPLANTE COCLEAR VANTAGENS Auxilia no desenvolvimento da fala e linguagem compatível com a idade. Melhora a autoestima do paciente, além de favorecer relacionamento e comunicação com a sociedade, família e amigos. Melhora os níveis de audição QUAIS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O IMPLANTE COCLEAR E OS APARELHOS AUDITIVOS? O objetivo dos aparelhos de audição é amplificar os sons para aqueles pacientes com perdas auditivas, a fim de que eles possam ouvir melhor, como se o aparelho aumentasse os sons, funcionando para quem já ouve. Já o implante coclear não aumenta os sons, e é apenas um estimulador elétrico que tem a finalidade de imitar as funções do ouvido que são a captação do som, estimulando e ativando o nervo auditivo para que a pessoa ouça. QUEM TEM DIREITO AO IMPLANTE COCLEAR PELO SUS? O implante coclear é recomendado para pacientes que tenham surdez sensorial e bilateral, que não tiveram resultado satisfatório usando próteses auditivas convencionais INCAPACIDADE X PERDA AUDITIVA PREVENÇÃO Vigilância dos ambientes, das condições de trabalho e da saúde dos trabalhadores expostos. Idealmente, o controle do ruído deve se dar ainda na fase de projeto de instalação da unidade produtiva. Deve ser desenvolvido um Programa de Conservação Auditiva, incluindo: Avaliação dos níveis de exposição a ruído; Adoção das medidas de proteção auditivas coletivas e individuais; Monitoramento ambiental, médico e audiométrico; Educação, motivação e supervisão; Registro e guarda de documentos, consolidação, análise e divulgação dos achados, assim como providências administrativas e legais cabíveis; Acompanhamento das ações Diminuir o número de trabalhadores expostos Diminuir o tempo de exposição; Realização do exame médico periódico Examinar os expostos, visando a identificar outros casos; Notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do trabalhador), Orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou controle dos fatores de risco. MEDIDAS PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA Orientação Informação sobre os sinais iniciais de PAIR, como, por exemplo, a presença de zumbidos. Informação aos familiares: uso de sinais, fala pausada e em frente ao paciente, apontar objetos e pessoas acerca de quem se fala, mudar o que se disse usando outras palavras com mesmo 7 PERDA AUDITIVA RELACIONADA AO TRABALHO DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÇAO - MEDICINA significado, ao invés de elevar a voz e repetir o que foi dito; AJUSTES NO MEIO AMBIENTE NBR 10.151 CONTROLE DO RUÍDO: Na fonte Na propagação No ambiente CONTROLE DE RUÍDO NA PROPAGAÇÃO AUDIODOSIMETRIA DOSEMTRIA PONTUAL MATERIAIS ABSORVEDORES ISOLAMENTO ACÚSTICO CONTROLE DE RUÍDO NA FONTE CAIXA ACÚSTICA PARA COMPRESSOR SILENCIADOR PARA AR COMPRIMIDO PROTETOR AURICULAR TIPO CONCHA PROTETOR AURICULAR DE INSERÇÃO 8 PERDA AUDITIVA RELACIONADA AO TRABALHO DANIELY ALVES DALLA ZANA FRAZÇAO - MEDICINA FICHA DE INVESTIGAÇÃO PAIR Definição de caso: Todos os casos de perda auditiva induzida por ruído (PAIR) caracterizados pela diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada ao ruído, associado ou não a substancias químicas, no ambiente de trabalho. É sempre neurossensorial, geralmente bilateral, irreversível e passível de não progressão uma vez cessada a exposição ao ruído.
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