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5 - História da Saúde Pública no Brasil

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Universidade de Brasília - UnB 
 
 
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Disciplina Assistência Farmacêutica e Sistemas de Saúde – AFSS 
Professor(a) Margô Gomes de Oliveira Karnikowski 
Aluna: Ana Cláudia Barros e Silva 221036566 
 
Assistir ao filme “História da Saúde no Brasil”, disponível em: https://youtu.be/L7NzqtspLpc. 
Elaborar uma linha histórica com os principais acontecimentos relatados no filme. 
 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL 
 
No início do século XX, em 1990, foi reconhecido pela luta do direito à saúde, 
considerado o século da ciência, do progresso, da eletricidade, da engenharia e da medicina. 
A situação da saúde era uma vergonha nacional. Epidemias e todas as doenças 
pestilentas, como cólera, varíola, malária, tuberculose, febre amarela e peste nas principais 
cidades brasileiras (São Paulo – SP e Rio de Janeiro – RJ). 
Na época, a população pobre só dispunha de atendimento filantrópico nos hospitais de 
caridade mantidos pela igreja. Os ricos tinham os médicos; e os pobres, por outro lado, se 
ficassem doentes, tinham as benzedeiras e a caridade. 
Era dever de todas as mulheres que tinham um sentimento cristão levar a caridade aos 
pobres, atendendo-os nas doenças, como fazem as irmãs (freiras) nas Santas Casas de 
Misericórdia. 
As epidemias manchavam o nome do Brasil nos países estrangeiros. Sem imigrantes, não 
haveria cultura do café e nem quem trabalhasse nas fábricas. Ou seja, precisavam, no Brasil, da 
mão de obra dos estrangeiros para expansão do café. 
Em 1902, o Dr. Oswaldo Cruz foi nomeado diretor geral da Saúde Pública do Instituto 
Soroterápico Federal, instalado na antiga Fazenda de Manguinhos para produção de vacinas. 
Realizaram uma campanha organizada como se fosse uma guerra; quem não cooperasse, era 
considerado um inimigo da saúde pública e como tal seria tratado; os doentes de moléstias 
contagiosas, eram obrigados à quarentena. O cargo de diretor geral da Saúde Pública 
corresponde atualmente ao de Ministro da Saúde. 
A vacina contra a varíola era obrigatória. Contudo, vários cidadãos diziam que ninguém 
os poderia obrigar. Os militares positivistas também eram contra a vacinação obrigatória; 
https://youtu.be/L7NzqtspLpc
 
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diziam reconhecer o progresso da ciência, mas consideravam a imposição das campanhas uma 
contrariedade à liberdade e direitos dos cidadãos. 
Em 1904, ocorreu protesto nas ruas contra a vacinação obrigatória. Os cartazes diziam 
“abaixo à vacinação obrigatória”, “abaixo à ditadura sanitária”. Houve um tiroteio em que o 
Estado (polícia) estava de um lado e a população protestante do outro. Contudo, a revolução 
contra a vacina foi derrotada. 
O Dr. Emílio Ribas morava com os doentes de febre amarela em São Paulo. Ele tinha o 
intuito de provar que a doença não se transmitia pelo convívio com os doentes. Além disso, 
dirigiu uma obra de saneamento na cidade de Santos – SP. Afirmava-se que o Porto de Santos, 
a partir de então, não mais seria atingido pelas terríveis epidemias. 
A indústria cresceu e artigos como tecidos, calçados e chapéus passaram a ser 
produzidos no Brasil. 
Em 1917, operários das indústrias têxteis entraram em greve no RJ e SP. A cidade de São 
Paulo ficou nas mãos dos grevistas. O governador fugiu para o interior. 
Em 1918, a gripe espanhola matou milhares de pessoas no Brasil. Os médicos não sabiam 
o que fazer contra a doença. 
Em 1919, os grevistas fizeram acordo com os patrões e voltaram para o trabalho. 
Em 1922, os tenentes se revoltaram e tomaram o Forte de Copacabana, no RJ. 
Em 1923, o deputado Elói Chaves apresentou uma lei que regulamentou as Caixas de 
Aposentadoria e Pensões (CAP), que seriam financiadas pelas empresas, por seus 
trabalhadores e pela União. Como legislador, pretendeu diminuir as tensões sociais para que 
não se repetissem as greves. Os trabalhadores poderiam ter assistência médica e, após, alguns 
anos de trabalho, aposentarem-se de forma digna. 
Dr. Geraldo de Paula Souza voltou ao Brasil. Estava nos Estados Unidos da América – 
EUA, onde cursou Saúde Pública na Johns Hopkins University. Em seguida, iniciou obras no 
Centro de Saúde, onde a família era o centro da ação. 
Em 1924, a cidade de São Paulo é bombardeada. Os tenentes queriam reformar o país. 
Em 1930, os revoltosos chegaram ao RJ e o medo se espalhou na população. 
Getúlio Vargas tomou posse como presidente em meio a um entusiasmo da população. 
Dizia ele que governaria com pensamento voltado aos mais pobres e desprotegidos. 
 
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Vargas anunciou um decreto aos trabalhadores para centralizar e uniformizar as 
estruturas de saúde. 
Em 1932, os cidadãos de São Paulo protestaram para exigir a Constituição prometida em 
1930. Getúlio prometeu a Constituinte para 1934. 
Vargas criou o Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAPs) dos Marítimos, logo, todas 
as categorias profissionais teriam seus IAPs para substituir as Caixas, que são poucas e 
ineficientes. Assim, os trabalhadores descontariam uma fração mínima de seu salário, para 
depois ter pleno direito à assistência médica, além de aposentadorias e pensões após uma vida 
de trabalho produtivo. O presidente nomeou pessoas de sua confiança para presidência do 
Instituto, mas os trabalhadores participariam conjuntamente com os representantes patronais 
para administração dos IAPs. 
Os IAPs arrecadavam muito dinheiro e os empresários achavam um absurdo esse 
dinheiro ficar parado, porque o país necessitava de recursos para industrialização. Afirmavam 
que o presidente estava pensando em um regime de capitalização para aumentar a massa de 
recursos e financiar a indústria. No entanto, os recursos dos IAPs foram sempre aplicados pelo 
governo no financiamento da industrialização do país. 
E quem não conseguia pagar as contribuições? 
Não pagando, não tinha direito a nada. Deveriam, portanto, pagar todos os meses 
durante 30 anos para ter direito à aposentadoria e assistência médica. 
Em 1935, uma organização comunista liderada por Luís Carlos Prestes, disfarçados na 
Aliança Nacional Libertadora – ANL, tentaram um levante militar para tomar o poder. 
Depois da tentativa de golpe integralista, o presidente Getúlio Vargas decretou, em 1937, 
estado de sítio, cancelamento das eleições presidenciais, fechamento do Congresso, e 
anunciou o advento do Estado Novo. Diante a situação especial em que se encontrava o país, 
o presidente anunciou a criação do Ministério do Trabalho, além de saudar o sistema 
previdenciário formado pelos IAPs, que se constituíam em um dos mais modernos do mundo. 
Em 1939, as tropas do ditador alemão Adolf Hitler invadiram a Polônia. Temiam o início 
de uma nova guerra mundial. Getúlio disse ser um imperativo moral lutar ao lado das nações 
democráticas. 
 
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Em 1942, o Serviço Especial de Saúde Pública – SESP tinha o objetivo de criar 
condições sanitárias adequadas nos vales do Amazonas e do Rio Doce que garantissem o 
provimento de matérias-primas cruciais aos esforços militares dos Estados Unidos na Segunda 
Guerra Mundial, além do combate à malária para proteger os soldados. Partindo da 
constatação de que a malária foi o principal problema sanitário enfrentado por tropas norte-
americanas nos diversos continentes durante a Segunda Guerra Mundial, existiam as atividades 
do SESP, isoladamente ou em parceria com outras instituições brasileiras, para o controle da 
malária nas três maiores bases militares norte-americanas do Brasil, localizadas nas cidades de 
Belém-PA, Recife-PE e Natal-RN. Sendo assim, as prioridades do SESP tornaram-se as mesmas 
já identificadas por competências sanitárias do governo brasileiro desde o início do século XX: 
combater a malária para explorar a produção de borracha e abrir estradas de ferro para integrar 
o país. Nesse sentido, as políticas de controleda malária no Programa da Amazônia foram 
implementadas em três etapas, quais sejam: o controle emergencial da malária por meio da 
atebrina; a pesquisa científica de vetores e epidemiologia; e, o controle da malária a longo 
prazo. Vieram a estabelecer uma importante rede de unidades sanitárias naquela região, 
servindo como um instrumento de expansão da autoridade pública, mesmo quando a agência 
esteve orientada para atender os objetivos militares dos norte-americanos. 
Para o Brasil, programas como o SESP eram fundamentais, pois faziam parte da saúde 
pública e tinham comportamento preventivo para combater as epidemias. É uma preocupação 
mais social. 
Em 1945, a oposição ao Estado Novo era cada vez maior. O ditador Getúlio Vargas foi 
deposto. Teriam novas eleições. 
Foi eleito o general Eurico Gaspar Dutra para presidente; o senador da República Luís 
Carlos Prestes. Os comunistas elegeram muitos deputados e senadores, mas durou pouco, 
porque o Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi posto na ilegalidade. 
Ainda em 1945, o Dr. Roberto José criou o Laboratório Saratudo. O modelo dos centros 
de saúde, nesse período, enfrentou oposição dos médicos especialistas. A influência dos 
americanos, que se tornou muito forte durante a Segunda Guerra Mundial, fez o Brasil adotar 
o mesmo modelo de atenção à saúde, baseado em grandes hospitais, onde têm médicos de 
várias especialidades e grande quantidade de equipamentos ultramodernos. 
 
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Em 1950, Getúlio Vargas, deposto como ditador, volta como candidato à presidência e 
é eleito pelo voto popular. 
Inaugura-se a TV Tupi para dar início a uma nova fase da telecomunicação brasileira. 
Depois da criação da Petrobrás (1953), que veio para trazer autonomia e petróleo para 
o país, Getúlio Vargas anunciou a criação do Ministério da Saúde. 
No programa de entrevistas “Noite de Gala”, o Dr. Roberto José foi entrevistado e 
afirmou que o Ministério da Saúde veio para fortalecer as ações em saúde pública: a medicina 
preventiva. Tais ações são muito diferentes da assistência individual, pois existem várias 
correntes em saúde pública. Entre elas, os médicos especialistas defendem programas verticais 
do tipo de doença (ex.: tuberculose, lepra etc.); outros criticam esse modelo e a segregação 
que ele gera. Vários médicos propuseram modelos como centros de saúde e maior 
aproximação da medicina com as condições sociais do povo. Ainda, alguns médicos 
propuseram a criação de um sistema público de saúde para todos, em uma visão municipalista. 
Carlos Lacerda, jornalista da oposição, acusou o governo Vargas a ser o mais corrupto 
da história. 
O presidente Getúlio Vargas cometeu suicídio em 1954, com um tiro no coração, em seu 
quarto, no Palácio do Catete – RJ (capital federal à época). 
No mesmo ano, Juscelino Kubitschek (JK) lançou sua candidatura à Presidência da 
República para a eleição de 1955, e seu companheiro de chapa foi João Goulart (Jango). A 
oposição tentou anular a eleição com a alegação de que JK não havia obtido a maioria absoluta 
dos votos. No entanto, o general Henrique Lott desencadeou um movimento militar que 
garantiu a posse de JK e Jango em 31 de janeiro de 1956. 
Na presidência, JK foi o responsável pela construção de uma nova capital federal, Brasília, 
executando assim um antigo projeto para promover o desenvolvimento do interior e a 
integração do país. Durante todo o seu mandato, o país viveu um período de 
notável desenvolvimento econômico e relativa estabilidade política. 
Na época, não havia reeleição e, em 1961, JK foi sucedido por Jânio Quadros, seu 
opositor apoiado pela UDN. 
Alguns IAPs tinham muito dinheiro e construíram seus próprios hospitais, entretanto 
algumas empresas não estavam satisfeitas com o atendimento médico fornecido. Surgiu, 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o_presidencial_no_Brasil_em_1955
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Goulart
https://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_Teixeira_Lott
https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_de_11_de_Novembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bras%C3%ADlia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_econ%C3%B4mico
https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%A2nio_Quadros
 
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então, a ideia da medicina de grupo (empresas cuja finalidade era prestar serviços médicos 
privados aos empregados das empresas que as contratavam). As vantagens desse novo 
sistema era uma melhor seleção de mão de obra e ter empregados que faltem menos; era o 
futuro da assistência médica: as empresas médicas. 
Em 1962, Tropas foram movimentadas para derrubar João Goulart (Jango). Quando Jânio 
renunciou, os militares não quiseram no governo seu vice Jango, mas o movimento popular e 
a adoção do parlamentarismo permitiram sua posse. Um ano depois, em 1963, um plebiscito 
determinou a volta do presidencialismo, e Jango tentou a realização das reformas de base, 
entre elas a da saúde. 
Em 1964, as tropas militares do 2º Exército fizeram o cerco do estado da Guanabara1. 
Jango, derrubado pelo golpe militar, exilou-se no Uruguai, seguido de Leonel Brizola e outros 
elementos do governo deposto. 
Os militares, então, indicaram o marechal (general) Humberto Castello Branco para 
presidência da República, substituindo Ranieri Mazzilli, que presidiu o país de maneira 
provisória após a destituição de Jango. 
Na época, muita gente foi torturada, mas não saia nada nos jornais pois havia censura, 
além do salário dos trabalhadores estar ruim. A política da ditadura e o arroxo salarial levaram 
a classe operária e média a completa miséria; o êxodo rural levou para as cidades a populações 
pobres, o que só faz aumentar a doença e a mortalidade infantil. O governo estava sucateando 
a saúde pública; serviços que existiam há anos ficaram sem verbas; programas importantes de 
saneamento básico foram abandonados. O governo ditatorial só dava importância ao que 
poderia ser passado para a iniciativa privada. A saúde pública, no entanto, era um investimento 
tipicamente estatal. 
Em 1966, o governo unificou todo o sistema previdenciário – IAPs e outros órgãos em 
um sistema único –, que recebem o nome de Instituto Nacional de Previdência Social – 
INPS. O novo instituto visava concentrar todas as contribuições previdenciárias do país, 
incluindo os trabalhadores da indústria, do comércio e dos serviços, gerindo todas as 
 
1 A Guanabara foi um estado do Brasil de 1960 a 1975, que existiu no território correspondente à 
atual localização do município do Rio de Janeiro. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Goulart
 
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aposentadorias, pensões e assistências médicas dos trabalhadores do Brasil. O tamanho da 
massa de dinheiro gerada dessa forma – INPS – era quase igual ao orçamento da Nação. 
O governo federal anuncia uma série de grandes obras com o objetivo de funcionar a 
economia brasileira para uma era de crescimento ininterrupto. Exemplos: abertura da estrada 
transamazônica, construção da ponte Rio Niterói e a maior usina hidrelétrica do mundo (Usina 
de Itaipu). 
O governo federal, através do INPS, criou linhas de financiamento à fundo perdido para 
que a iniciativa privada construísse hospitais particulares, visando ampliar grandemente o 
número de leitos hospitalares. Esses hospitais atenderiam os trabalhadores inscritos na 
Previdência Social. 
O governo federal anunciou, também, a extensão da previdência aos trabalhadores 
rurais, tendo, portanto, os homens do campo direito à assistência médica e à aposentadoria. 
Nessa época utilizou-se o maior orçamento da história sem o controle do governo, 
financiando hospitais privados, obras como a transamazônica, e permitindo fraudes, porque 
não havia fiscalização de serviços médicos executados pela rede privada. 
Apesar da repressão da ditadura, houve reuniões do movimento de saúde naperiferia, 
grupos de mulheres e pessoas da comunidade de base, alguns estudantes e sanitaristas. 
Preocupados com a questão da saúde nesse governo, reuniram-se para reivindicar a 
construção de centros de saúde (postos), creches, além da questão dos ônibus.2 
Havia censura das notícias pelo governo ditatorial, até distorcendo possíveis notícias. Por 
exemplo: havia uma epidemia de meningite com riscos de contaminação; o jornal noticiava da 
seguinte forma: “segundo fontes do governo, casos isolados de meningite não chegam em 
hipótese alguma a caracterizar uma epidemia; os boatos alarmistas se devem a uma campanha 
subversiva e insidiosa, instigada pelos inimigos da democracia”. 
Em 1978, nasceu o Movimento Popular em Saúde na periferia, onde conquistaram 
centros de saúde e elegeram conselheiros populares de saúde para avançar na luta. 
Experiências inovadoras em saúde aconteceram em vários municípios do país (Campinas, 
 
2 À época, os bairros estavam crescendo rapidamente, mas sem estrutura. Tal miséria aumentava 
as doenças e matavam as crianças. O governo não investia na saúde pública, sucateando-a. O dinheiro 
só ia onde havia lucro. 
 
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Bauru, Niterói, Londrina, Montes Claros etc.), centradas na atenção básica, buscando uma 
alternativa à assistência hospitalar. 
O governo federal tomou a iniciativa de criar o Sistema Nacional de Previdência e 
Assistência Social – SINPAS, que passa a reunir todos os órgãos de assistência médica no 
Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social – INAMPS, e de todos os 
órgãos de aposentadoria e pensões no Instituto Nacional de Previdência Social – INPS. A 
administração dos recursos financeiros do sistema passa a ser controlada pelo Instituto de 
Administração Financeira da Previdência e Assistência Social – IAPAS. 
Em 1980, o Movimento Popular em Saúde percebeu que a saúde era uma conquista 
de sua luta, para uma vida digna e sociedade justa para si e os seus. A saúde passou a ser 
discutida pelo povo, onde passaram a eleger conselhos populares com o intuito de ter “vez e 
voz” com o que já foi conquistado e nas políticas de saúde. Pois, não se pode admitir uma 
política que deixe a saúde em segundo plano, deixando populações inteiras sem assistência, e 
escondendo as epidemias com ações da censura, enquanto donos de hospitais enriquecem às 
custas da Previdência Social. 
Declarações de autoridades ligadas à Previdência Social, deram a entender que o sistema 
previdenciário estava tecnicamente falido. O IAPAS não possuía mais dos recursos necessários 
para manter à assistência médica através do INAMPS, nem a aposentadorias e pensões através 
do INPS. Afirmaram que medidas estavam sendo tomadas, como a diminuição dos gastos dos 
benefícios e o aumento das contribuições. 
Entre 1983 e 1984, mais de 1 (um) milhão de pessoas se reuniram em um comício com 
a bandeira “Diretas Já!”, que representou um movimento político de cunho popular com 
objetivo da retomada das eleições diretas ao cargo de presidente da República, durante a 
ditadura militar. 
A ditadura estava caindo, mas as classes dominantes não entregaram o poder tão 
facilmente. O Congresso rejeitou as eleições diretas, continuando indiretas para serem 
disputadas por Tancredo Neves e Paulo Maluf. 
A previdência social estava falida e a população não tinha como receber uma assistência 
médica decente. A saúde não estava falida, apenas a previdência. A estrutura que Vargas criou 
era mesma: enquanto a economia crescia, tudo ia bem; mas em períodos de crise, quando a 
economia não crescia, existiam mais pessoas necessitando de atendimento médico e se 
 
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aposentando do que entrando para o sistema (ou seja, mais dinheiro saindo e menos 
entrando). 
Além da falência da previdência, existia outro motivo para crise da assistência médica: 
nos anos 70, o governo construiu e equipou centenas de hospitais privados por todo o país 
utilizando recursos a fundo perdido; ao mesmo tempo, o INAMPS garantiu o pagamento da 
clientela atendida por eles. Quando os donos dos hospitais se sentiram capitalizados, se 
descredenciaram do INAMPS, deixando a população sem assistência médica. 
Em 1986, ocorreu em Brasília a 8ª Conferência Nacional de Saúde. Estavam presentes os 
movimentos sociais, trabalhadores da saúde e gestores. Foi criado o Sistema Único de Saúde 
– SUS, público e de qualidade para todos e controlado pela sociedade pelos Conselhos de 
Saúde. A saúde é uma conquista e a criação do SUS é uma conquista popular. 
Conquistou-se o SUS na Constituição Federal, garantindo os princípios que orientam o 
novo sistema de saúde. São princípios do SUS: a universalidade, a integralidade, a 
equidade e a participação social. Assim, com o SUS, a saúde surge como um direito, e não 
mais como favor, privilégio ou caridade. É universal para todos, ricos e pobres, com ou sem 
carteira assinada; é integral, da vacina ao transplante; com equidade, enfrentando as 
desigualdades sociais, construindo a justiça social; e com participação no debate das políticas 
e no controle público das ações e dos serviços nos Conselhos e nas Conferências. 
Os problemas da saúde pública não foram resolvidos, mas uma nova luta se iniciou. Os 
movimentos continuaram, pois a marca mais importante do SUS é a participação; sem ela, nada 
teria acontecido. Cada cidade poderia contar com um Conselho de Saúde formado por 
usuários (metade dos membros), e a outra metade seria dividida igualmente entre os 
trabalhadores da saúde e os gestores. Eles debatiam, fiscalizavam e controlavam as políticas 
de saúde e todos os recursos investidos. Quanto às Conferências, eram feitas periodicamente 
e municipalmente, onde metade eram usuários e a outra metade era a sociedade civil, que 
debatiam e aprovavam o plano de saúde da cidade. E haviam também os Conselhos e as 
Conferências estaduais e federais (da União – como foi a 8ª). Sem os Conselhos e Conferências, 
os municípios ficavam fora do SUS e não recebiam os recursos, e ninguém queria isso. Era 
fundamental que os movimentos não se deixassem conflitar, mantendo uma vida própria fora 
dos Conselhos, pautando em independência e participando, então, da luta social. 
Em 1990, foi aprovada a regulamentação do SUS com as Leis nºs. 8.080 e 8.142. 
 
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Em 1992, denúncias de desmandos de corrupção no governo levantaram a possibilidade 
do impeachment do presidente Fernando Affonso Collor de Mello. Várias manifestações 
pedindo o impeachment ocuparam as ruas das grandes cidades brasileiras. Ocorreu uma 
votação na Câmara dos Deputados em Brasília, resultando em condenação à inabilitação, por 
oito anos, para o exercício da função pública, sem prejuízo às demais sanções judiciais cabíveis. 
Collor foi tirado, mas a implantação do SUS ainda estava sendo dificultosa. Veio o projeto 
da Programação Anual de Saúde – PAS3. 
Em 20 de dezembro de 1994, o público brasileiro foi apresentado à rede mundial de 
computadores. A Embratel lançou seu serviço experimental para que se pudesse conhecer 
melhor a internet. 
A crise na previdência se aprofundou mesmo com a adoção do real e com o fim da 
inflação. Não parecia haver solução para o rombo na previdência. 
O Ministério da Saúde lançou o Programa Saúde da Família – PSF, como estratégia de 
reorientação dos serviços de atenção à saúde, prestando assistência domiciliar à população. 
Ele poderia resolver os problemas da saúde da família através de uma assistência individual, 
desde que houvesse uma garantia da assistência clínica individual, da promoção e da 
prevenção da saúde; caso não acontecesse, corria o risco de repetir o mesmo modelo anterior. 
Em 1995, por iniciativa do Ministério das Telecomunicações e Ministério da Ciência e 
Tecnologia, foi possível a abertura da internet ao setorprivado para exploração comercial junto 
à população brasileira. 
Os planos de saúde exigiram autorização do governo para aumentar a mensalidade de 
seus associados; argumentaram que estavam no vermelho, e que sem o aumento começariam 
a descredenciar hospitais e médicos. 
Fernando Henrique Cardoso (FHC) tomou posse como presidente da República. 
O governo estudou a implantação de uma grande reforma no estado brasileiro com a 
transferência da gestão de serviços públicos para entidades privadas sem fins lucrativos: as 
organizações sociais – OS. Uma de suas principais áreas de atuação seria a saúde. Queriam, 
portanto, terceirizar o SUS e passar a gestão para iniciativa privada. 
 
3 Programação Anual de Saúde (PAS) é o instrumento que operacionaliza as intenções expressas 
no Plano de Saúde, tem por objetivo anualizar as metas do Plano de Saúde e prever a alocação dos 
recursos orçamentários a serem executados. 
 
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Cidadãos se manifestaram e cobraram do secretário de saúde sobre a questão do novo 
hospital. O secretário afirmou que estaria pronto para funcionar e seria repassado para uma 
OS. No entanto, foi questionado, pois para o setor público dificultavam, e para o setor privado 
facilitavam, garantindo autonomia, salários melhores e orçamento próprio, maior que o da 
rede, com pouco controle público; melhor seria, portanto, garantir boas condições para a rede 
pública, que às vezes precisam de autorização para coisas simples (como consertar um 
telhado), não garantindo orçamento próprio nem possibilidade de contratar mais pessoas, 
assim como planos de cargos e salários, além de mais autonomia para gestão. Ou seja, 
dificultavam a “vida do público”, só para mostrar que o privado era melhor. Do mais, as OS já 
tinham sido questionadas pela justiça por conta das leis e da Constituição. 
Em 2003 ocorreu a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. 
O governo enviou para o Congresso o Projeto de Reforma da Previdência, após conviver 
com déficits insuportáveis e praticamente falir. 
Como a iniciativa privada reagiu ao SUS? 
O SUS tinha muitos inimigos. Para aqueles que usavam/usam a doença como fonte de 
lucro, não interessa um sistema público universal e de qualidade. 
A tragédia que foi o Plano de Assistência à Saúde – PAS, em São Paulo, que destruiu 
anos de trabalho. Existiam, ainda, outros inimigos, como a falta de responsabilidade de 
sanitária de algumas autoridades; a terceirização da saúde para as Organizações Sociais de 
Saúde – OSS; a porta-dupla de alguns hospitais públicos, onde aqueles que podiam pagar ou 
aqueles que tinham planos de saúde eram atendidos imediatamente com balcões e hotelaria 
diferenciados, restando aos demais (o povo), a fila de cidadãos de segunda classe. Eram 
práticas minoritárias, que deveriam receber atenção especial – foram investigadas pelo 
Ministério Público – MP. 
Em 2006, 20 anos após a 8ª Conferência Nacional de Saúde, o que foi observado quanto 
aos avanços e problemas do SUS? 
O SUS foi e é a mais importante e avançada política social em vigência no Brasil, porque 
é uma proposta pública, popular e democrática que aponta para a justiça social, desde as ações 
de saúde voltadas às populações ribeirinhas do Amazonas até o maior sistema público de 
transplantes do mundo; desde ações com experiências exitosas, e que são referências 
internacionais; desde a atenção à saúde, até a promoção de pesquisas e novas tecnologias de 
 
Universidade de Brasília - UnB 
 
 
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ponta; desde a intervenção crítica na formação do profissional até a produção de insumos, 
vacinas, medicamentos; desde o atendimento de emergência até as ações de maior 
complexidade, prevenindo epidemias, fazendo vigilância, garantindo a qualidade da água, dos 
alimentos, dos remédios etc., intervindo sobre inúmeros aspectos do cotidiano. 
As dificuldades do SUS são imensas: o orçamento é pouco e as necessidades são muitas. 
Mas, vejamos, o SUS atendia, à época, mais de 1 milhão de pessoas por dia. O Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, consultando 380 mil pessoas, constatou que, de 
todas as que procuraram o serviço de saúde público, 98% foram atendidas. Isso é 
impressionante, mas problemas não faltam. 
Quais mudanças foram notadas nas políticas de saúde? 
O Pacto pela Saúde4 foi um grande exemplo disso. Uma revolução do modo de 
financiamento e nas responsabilidades dos gestores, onde metas a serem atingidas eram 
pactuadas e acompanhadas através de indicadores de saúde. 
O SUS já havia chegado nas prefeituras em condições ainda não ideais, mas conseguindo 
atender à toda a população, garantindo o direito à saúde. Os hospitais se integravam à rede 
básica, com gestão participativa com um conselho que, em vez de ficar esperando as pessoas 
adoecerem, tinham o intuito de intervir na saúde da população. 
O Movimento de Saúde começou nos anos 70. Foi uma luta muito dura, principalmente 
pra moradores da periferia, gente nascida na pobreza. Mas valeu a pena porque o SUS é uma 
conquista e um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo. É um projeto que tem o 
intuito de ajudar a transformar a sociedade. 
 
 
4 O Pacto pela Saúde é um conjunto de reformas institucionais do SUS pactuado entre as três 
esferas de gestão (União, Estados e Municípios) com o objetivo de promover inovações nos processos 
e instrumentos de gestão, visando alcançar maior eficiência e qualidade das respostas do SUS.

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