Buscar

AÇÃO JUIZADO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL E DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE LINHARES - ES
	ANDERSON DA SILVA PEREIRA, brasileiro, casado, agricultor, inscrito no CPF nº 089.505.297-00, residente e domiciliado na Rua Aristides Leite de Oliveira, bairro Dalvo Loureiro, Sooretama-ES, CEP: 29.927.000, por intermédio de sua advogada, procuração anexa (DOC 01), vem respeitosamente à presença de V. Excia, propor
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZE C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
PREFEITURA MUNICIPAL DE SOORETAMA, pessoa jurídica de direito público, com sede na Rua Vitório Bobbio, nº 281, Centro, CEP: 29.927.0000, inscrita no CNPJ sob o nº 01612155/0001-41, com fundamento na Lei nº 12.153/2009, c/c 1277 e seguintes do Código Civil, os fundamentos fáticos e jurídicos que abaixo passa a expor:
	I. PRELIMINARES
a) Dos Benefícios Da Justiça Gratuita
A requerente é pobre no sentido da Lei, conforme consta da Declaração de Hipossuficiência anexa, não sendo possível arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e de sua família.
Assim sendo, pugna-se pela concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, previstos nos artigos 98 e ss. do Código de Processo Civil. 
	b) Da Audiência De Conciliação
Expressa o autor que, para maior agilidade no deslinde da presente demanda, possui interesse na realização da audiência de conciliação e/ou mediação, nos termos do artigo 319, inciso VII do Novo Código de Processo Civil.
II. DOS FATOS 
O autor é morador do Município de Sooretama, residente e domiciliado à Rua Vitório Bobbio, nº 281, vizinho do CEIM Pastor Antônio Feliz, escola municipal de Sooretama.
Acontece que, no imóvel vizinho onde se localiza a escola municipal, existem várias árvores que dão de encontro com os fundos da residência do autor, próximo ao muro, o que vem lhe causando vários prejuízos, visto que, em razão da falta de manutenção/podas, folhas e galhos caem diariamente no telhado de sua residência, entupindo as calhas e acumulando água, o que pode gerar a proliferação do mosquito da dengue e outras doenças, colocando em risco sua família e os das crianças que estudam no CEIM, além do excesso de folhas que suja seu quintal todos os dias.
A fim de resolver o problema, o autor buscou de forma administrativa, resolver o problema, protocolando no dia 17/07/2019 na Secretaria do Meio Ambiente, solicitação para que a prefeitura realizasse a poda ou o corte das árvores, solicitação essa que foi respondida pela Secretária de Meio Ambiente nos seguintes termos:
Trata-se de espécies nativas de médio porte, em estágios avançado de desenvolvimento, sadias e em perfeito estado de conservação. Localizadas no interior do pátio do CEIM Pastor Antônio Feliz, [...], sendo o local usado para aulas ao ar livre e recreação dos alunos. Desta forma justificamos a IMPORTÂNICA AMBIENTAL e a NECESSIDADE de manutenção das árvores para o sombreamento do pátio da escola, bem como a contribuição para o microclima e a amenização da temperatura nos dias quentes.
Vale salientar, que é de dever dos moradores a limpeza das calhas, cobertura residencial, caixas d’agua, e outros recipientes que possam cumular água[...].
Diante do exposto, opino pelo INDEFERIMENTO do pedido de corte ou poda da referida árvore.
Observe excelência que o indeferimento foi simplesmente imotivado e sem fundamento. Isso porque o requerido se limitou a informar que as arvores servem para o lazer das crianças e, por essa razão não poderiam cortar as arvores. 
Acontece que, o requerente também sugeriu a poda, pedido este que nem analisado foi, ao contrário, o requerido citou deveres de bom cidadão, como se os deveres de vizinhança não existissem, considerando que o lixo na calha do autor é de responsabilidade do Município de Sooretama, pois as árvores plantadas se encontram em seu imóvel.
Desta forma, não logrando êxito na ceara administrativa e por não vislumbrar outros meios para a resolução do problema, o autor não viu outra alternativa se não ajuizar a presente ação.
	III. DO DIREITO
Com a finalidade de garantir o bom convívio e a paz social, o Código Civil, em um capítulo específico, traz regras sobre o direito de vizinhança para dirimir eventuais conflitos entre proprietários de imóveis vizinhos.
Assim, prescreve o artigo 1277 que o proprietário ou possuidor de um prédio, tem o direito de fazer cessar as interferências prejudicais ao sossego e à saúde provocadas pela utilização de propriedade vizinha, já o artigo 1278 prevê que, quando tais interferências forem justificadas por interesse público, o proprietário ou possuidor causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal. Vejamos:
Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.
Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece quando as interferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o possuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal.
Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis.
 [...]
Também, já prevendo dificuldades em relação aos limites das árvores, o artigo 1283 do Código Civil, prescreve que “As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido. ”
No entanto, tendo em vista que as árvores se encontram em um imóvel do Município de Sooretama, não cabe ao autor realizar tais procedimento, primeiro, porque não se trata de propriedade privada e, segundo, porque existe legislação específica para a poda e corte de árvores em áreas públicas, podendo assim, sofrer eventuais sanções penais.
Essas sanções estão previstas no Código Municipal de Meio Ambiente do Município de Sooretama (Lei nº 937 de 2019). Senão vejamos: 
Art. 57 As Áreas Verdes Especiais são espaços territoriais urbanos do Município que apresentam cobertura vegetal arbóreo-arbustiva florestada ou fragmentos florestais nativos de domínio público ou particular, com objetivos de melhoria da paisagem, recreação e turismo para fins educativos, bem como para a melhoria da qualidade de vida.
Art. 61 A poda de árvores existentes nas áreas verdes deverá ser realizada com base em fundamentação técnica e de forma que não comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
Art. 62 Através de ato da Secretaria Municipal de Meio Ambiente poderá ser instituído proteção especial para conservação de um ou mais exemplares de árvores, ou de pequenos conjuntos da flora, por motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes, a ela concedendo "declaração de imune de corte".
 
§ 1º O corte ou extração de exemplar pertencente a qualquer das espécies mencionadas no caput só poderá ser feita com autorização expressa da SEMUMA, após parecer técnico e nos limites estabelecidos neste Código.
§ 2º Sem prejuízo da aplicação de outras penalidades previstas em lei, o corte ou extração irregular de exemplar de que trata o caput culminará ao infrator na obrigatoriedade de compensar o dano com o plantio, às suas expensas, de 500 (quinhentos) a 50.000 (cinquenta mil) mudas, conforme a quantidade, o tamanho, idade, copa e diâmetro do caule, a ser determinado por laudo técnico da SEMUMA.
Desta forma, o requerente solicitando a poda ou corte das árvores que ultrapassa o limite de seu terreno e vem causando diversos prejuízos, está exercendo nada mais do que um direito garantido no ordenamento jurídico brasileiro.
Esse direito além de ser previsto de forma ampla no ordenamentojurídico, também é aplicado pelos Tribunais de Justiça dos Estados, segue:
APELAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DIREITO DE VIZINHANÇA. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. PODA DE ÁRVORE LIMÍTROFE QUE AVANÇA SOBRE TERRENO VIZINHO, COM RISCO DE QUEDA E DE ENTUPIMENTO DE CALHAS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. Necessidade de poda e invasão do espaço aéreo da propriedade vizinha incontroversas. Responsabilidade objetiva da Ré pela conservação e manutenção das árvores plantadas dentro de sua propriedade privada. Astreintes corretamente fixadas. Multa devida para impor o cumprimento da obrigação no menor tempo possível. Evitase a incidência da multa cumprindo a obrigação judicial. Impossibilidade de redução. Quantia fixada em valor não excessivo e proporcional ao porte da instituição. Precedente desta Corte. Sentença mantida. Honorários majorados. RECURSO DESPROVIDO. (Apelação nº 1068007-60.2019.8.26.0002 – TJSP. Em: 23-02-2021)
RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS CAUSADOS EM IMÓVEL VIZINHO, POR INFILTRAÇÃO DE ÁGUA DECORRENTE DO ENTUPIMENTO DE CALHA, DEVIDO À QUEDA DE FOLHAS DE ÁRVORE EXISTENTE SOBRE O TERRENO CONTIGUO. OBRIGAÇÃO DO PROPRIETÁRIO DA ÁRVORE EM INDENIZAR. 1. Existe nos autos prova segura de que a queda de folhas da árvore situada no terreno do réu causou o entupimento da calha do imóvel da autora, com o conseqüente vazamento nas dependências da residência. 2. A queda de folhas e ramos que atingem o telhado do vizinho é responsabilidade do proprietário da árvore. 3. Demonstrados os prejuízos, na monta de R$ 3.474,78, correta a sentença em determinar que o demandado indenize a autora em tal valor. 4. Sentença mantida por seus próprios fundamentos. RECURSO IMPROVIDO.(Recurso Cível, Nº 71003306156, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Fabio Vieira Heerdt, Julgado -TJSC em: 27-10-2011)
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE VIZINHANÇA. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. PODA DE ÁRVORES DE TERRENO LINDEIRO DE PROPRIEDADE DO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE. UTILIZAÇÃO DA EXPRESSÃO PREFEITURA PELA PARTE AUTORA. Havendo violação dos direitos da vizinhança, pelo Município de Porto Alegre, na qualidade de proprietário de bem imóvel, justifica-se a obrigação de fazer consistente na poda de árvores, a qual, além de galhos, deve abranger as raízes que estão a invadir terreno lindeiro. Danos materiais decorrentes da invasão que não restaram comprovados pelo autor, ônus que lhe incumbia, a teor do art. 373, I, do CPC. APELO PARCIALMENTE PROVIDO.(Apelação Cível, Nº 70073842262, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marta Borges Ortiz, Julgado em: 19-10-2017)
APELAÇÃO CÍVEL. ACÃO INDENIZATÓRIA C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER. PODA DE ÁRVORE. DANIFICAÇÃO EM IMÓVEL. DANOS MATERIAL E MORAL. 1 - Como regra, o serviço de poda e corte de árvores em áreas públicas, como praças, canteiros, vias e passeios públicos, ou em áreas de propriedade do Município, deve ser executado pelo ente estatal, podendo ser solicitado pelos munícipes em geral. 2 - Além disso, quando a árvore invade propriedade privada, sujeitando-a a danos, pode o particular solicitar autorização à Prefeitura para executar, sponte sua, a poda necessária á preservação do seu patrimônio. 3 - No entanto, há também entendimento assente no âmbito deste E. Tribunal de Justiça no sentido de que, quando a árvore estiver em contato com a rede elétrica, cabe à concessionária realizar o serviço de poda, como responsável pela manutenção da respectiva rede, diante do risco de acidente e de comprometimento do fornecimento de energia elétrica pela invasão dos galhos na rede de alta-tensão. 4 - O pleito da inicial se fundamenta em duas responsabilidades distintas: a da primeira ré, enquanto concessionária de serviço público de distribuição de energia elétrica, pela manutenção da rede elétrica, a qual abrange a realização de poda e/ou corte de árvores e galhos quando se encontram entrelaçados à fiação da rede elétrica, a qual, nestes casos, exigem especial qualificação técnica dos profissionais para operar linhas aéreas vivas ou ativas, ou mesmo para procederem ao desligamento de tais linhas aéreas; e do segundo réu, Município de Angra dos Reis, ao qual compete executar o serviço de poda e corte de árvores em áreas públicas, como praças, canteiros, vias e passeios públicos, ou em áreas de propriedade do Município, e, ao que se constata, foi nesse sentido o deferimento da tutela de urgência antecipada nos presentes autos. 5 – [...] 10 - Provimento parcial do primeiro recurso. Segunda apelação à qual se nega provimento.
Assim, conforme o entendimento jurisprudencial, é dever do proprietário do imóvel em que se encontra a árvore prezar pela manutenção e poda da árvore, sendo, aliás, de sua responsabilidade as folhas que caem dentro do quintal do autor e todos os prejuízos que venha causar, como a proliferação de mosquitos e outros insetos. 
Ademais, vale ressaltar a importância da realização da poda regular nas árvores, como uma forma preventiva para evitar acidentes, com o corte dos galhos secos, considerando que se localiza em uma escola infantil e que crianças ficam de baixo para recriação.
Neste interim, devidamente comprovado os danos causados pelas árvores que se encontram no imóvel do requerido e a negativa para realizar a poda, requer o autor o deferimento do pedido de obrigação de fazer para obrigar o Município de Sooretama de cortar as árvores ou realizar podas regulares.
Caso não seja esse o entendimento de V. Excelência, requer, com o fundamento no artigo 37, §6 da Constituição Federal que prevê a responsabilidade das pessoas jurídicas de Direito Público para responder pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros, e o artigo 1278 do Código Civil, já citado a cima, que seja determinado o pagamento, semestralmente, do valor de R$ .... (...), a título de indenização para que seja realizado a manutenção das calhas e a limpeza das folhas no imóvel do requerente, até que cesse os prejuízos vivenciados.
IV. DO DANO MORAL
A Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso X, dispõe que a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, são invioláveis, sendo assegurada indenização pelo dano moral decorrente de sua violação.
O Código Civil brasileiro dispõe: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito ou causar dano ainda que exclusivamente moral, comete o ato ilícito. ” 
A responsabilidade da indenização é aferida pela conduta e o resultado, gerando o dever de indenizar.
No presente caso, o dano moral caracteriza-se pela ofensa a imagem, honra e a vida privada do autor, que estar a anos tendo que suportar os prejuízos causados pelo requerido, sendo obrigado a limpar seu quintal todos os dias e se preocupar nos dias de chuvas com sua calha e, após a chuva o mal cheiro e a proliferação de mosquitos. 
A requerida é uma pessoa jurídica de direito público, tal conduta com os munícipes, é um desrespeito às legislações infraconstitucionais, bem como dos direitos de vizinhança.
No presente caso, o comportamento da requerida implica em reparação civil pela via do dano moral, que deve ser reparado através de uma indenização para que não haja repetição da conduta.
BITTAR, em clássica obra sobre os direitos da personalidade já destacava o direito à honra como pedra angular da personalidade humana:
	“Outro elemento de cunho moral e imprescindível à composição da personalidade é o direito à honra, inerente à natureza humana e no mais profundo do seu interior (o reduto da dignidade), a honra acompanha a pessoa desde o nascimento, por toda a vida e mesmo depois da morte, face a extensão de efeitos já mencionada.”. (Carlos Alberto Bittar, Os Direitos da Personalidade, Forense Universitária, 1989, p. 125) ”
Hoje, tanto no plano doutrinário quanto jurisprudencial é pacífica a reparabilidade também por danos extrapatrimoniais, sendo aceita e defendida pelos mais eminentes e acatadosjuristas do mundo, que mais especificamente em dano moral ganha as seguintes definições:
“(...) é a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos.”. (Dalmartello, Damni Morali Contrattuali, 1993, p. 55, apud Yusef Said Cahali, Dano Moral, 2ª ed., RT, 1998, p. 20). (grifei)
Como é sabido, a estimativa do dano, no caso em tela, é judicial, devendo-se levar em conta que o dano sob tal ótica não é fixado apenas para compensar o constrangimento, o abalo psicológico, a humilhação e outros fatores anímicos, mas também para desestimular o ofensor a repetir o ato, e, como regra, deve ser arbitrado em valor fixo e único, sempre representado por uma compensação pecuniária.
O autor não pode suportar sozinho o ônus da mora causada pelo requerido, a mera poda ou corte das árvores não implica na reparação do dano moral causado ao requerente. 
Assim, não se pode considerar como um mero aborrecimento todo o stress e aborrecimento vivenciado pelo autor, levando em consideração a inércia do requerido, conforme entendimento do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que segue: 
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZATÓRIA - DIREITO DE VIZINHANÇA - PODA DE ÁRVORES LIMÍTROFES - TRANSTORNOS PROVOCADOS PELAS FOLHAS QUE CAEM NO IMÓVEL VIZINHO DE PROPRIEDADE DE IDOSA COM IDADE BASTANTE AVANÇADA - DANO MORAL CONFIGURADO. A autora pleiteia a condenação da ré a realizar podas periódicas das árvores de sua propriedade, além de pagar indenização pelo dano moral sofrido. A questão principal trata de verificar os limites do exercício do direito de propriedade. Com efeito, cabe ao proprietário responder pelos danos causados aos vizinhos em razão do uso anormal de sua propriedade. Ademais, o princípio da função social da propriedade previsto no art. 5º, XXIII, da CRFB não permite que o uso da propriedade seja indevido a ponto de atingir o direito ao sossego de seus vizinhos. O direito de ter uma árvore em sua propriedade não é abusivo se o proprietário evitar que a acessão influa no sossego da vizinhança, sendo prudente ficar atento aos transtornos que aquele direito pode causar a terceiros, tal como a queda excessiva de galhos e folhas nas propriedades contíguas. Da análise dos autos, verifica-se que há longos anos, a demandante, atualmente com 88 anos de idade, pleiteia a poda, sendo evidente o transtorno causado pela inércia do demandado. Dano moral configurado. Sentença que merece parcial reforma. Provimento ao recurso.(Apelação nº 00454554-83.2014.8.19.0203 –TJRJ. Em: 03-03-2021)
Portanto, inegável, máxima vênia, a responsabilidade do Município de Sooretama quanto a indenizar o autor pelos graves e danosos prejuízos causados à sua honra e a sua pessoa, diante de sua conduta nefasta.
V – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência, os seguintes pleitos:
a) a citação do MUNICÍPIO DE SOORETAMA, no endereço registrado no preâmbulo deste feito, para, querendo, contestar a presente ação, sob pena de revelia;
b) requer a concessão da Justiça Gratuita, com fulcro na Lei 1.060/1950 e o inciso LXXIV do artigo 5° da CF/88, pois o promovente é pobre na forma da lei;
c) requer que o Município de Sooretama seja condenado a podar ou realizar o corte das árvores que ultrapassam o limite do seu imóvel e causam danos em rua residência;
d) subsidiariamente, caso seja reconhecido o interesse público para manter as árvores no estado em que se encontram, que o Município de Sooretama seja condenado a pagar ao autor o valor de R$ .... (...), a cada seis meses para a manutenção e limpeza das calhas da residência do autor;
e) requer, outrossim, que o Município de Sooretama seja condenada a pagar ao autor a título de dano moral o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais);
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas e cabíveis à espécie, especialmente pelos documentos acostados.
	
Pede deferimento.
Linhares/Es, _____ de novembro de 2022
Yasmim Yanni Q. Leite Rodrigues
Advogada

Continue navegando