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<p>AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO DA COMARCA DE CAMPINAS/BAHIA</p><p>JOÃO, casado, profissão, inscrito no CPF n., portador da Cédula de Identidade n., MARIA, casada, profissão, inscrita no CPF n., portadora da Cédula de Identidade n., ambos residentes e domiciliados à Rua ..., bairro ..., Campinas, São Paulo, por seus advogados que esta subscreve, com escritório com sede na ..., n ..., bairro ..., cidade ..., em conforme instrumento de mandato em anexo, vem respeitosamente perante Vossa Excelência ajuizar:</p><p>AÇÃO DECLARATORIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS CUMULADA COM OBRIGAÇÃO DE FAZER - LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS</p><p>Em face de Água Limpa S/A, pessoa jurídica de direito público interno, sociedade de economia mista, inscrita no CNPJ sob o n ..., com endereço na ..., conforme as razões de fato e de direito a seguir.</p><p>INICIALMENTE</p><p>DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA</p><p>A priori, requer a V.Exª que seja deferido o benefício da Gratuidade da Justiça aos acionantes, com fulcro no art. 98 do NCPC, por não ter condições de arcar com às custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do seu próprio sustento e da sua família.</p><p>DA RELAÇÃO DE CONSUMO</p><p>A presente ação versa sobre relação de consumo, razão pela qual deve ser analisada sob a ótica da legislação consumerista, na forma do disposto pelos artigos 2º, 3º, § 2º e 22, todos do Código de Defesa do Consumidor.</p><p>BREVE SÍNTESE DOS FATOS</p><p>Os autores (João e sua mulher, Maria), adquiriram em janeiro de 2011 imóvel de Pedro pelo valor de $250.000,00 na cidade de Campinas, Estado de São Paulo. Par se certificaram que tudo estava correto com o imóvel que adquiriram o casal pediu certidões negativas de tributos Federais, Estaduais e Municipais, da justiça do trabalho, das cotas condominiais, e os comprovantes de pagamento das contas de consumo (água, luz, telefone, internet) dos últimos 5 anos, não havendo débitos pendentes.</p><p>Há um mês, o casal foi notificado da existência de débitos referentes ao não pagamento de contas de água do período de janeiro de 2003 a dezembro de 2004. João procurou a central de atendimento da concessionária de água da cidade, a Água Limpa S/A, trazendo todos os documentos que tinha a respeito dos pagamentos, nos quais nada se mencionava a cobranças anteriores. Foi feito protocolo de atendimento, de número 1234 e solicitado prazo de 15 dias para serem verificadas as informações.</p><p>Há uma semana, porém, o serviço de água foi interrompido, sob alegação de falta de pagamento. Ao contatar a referida empresa, foi-lhe notificado que a causa do corte foi a despesa de água do período de 2003 a 2004. Foi perguntado do pedido de análise, sendo que este não foi localizado no sistema.</p><p>Tendo em vista a situação, configurado está o interesse para ajuizar a presente ação.</p><p>DA PRESCRIÇÃO</p><p>É cediço que as cobranças relativas ao serviço de fornecimento de água não se sujeitam a prazo prescricional de 5 anos, como reconheceu o STJ e consolidou o entendimento de que a contraprestação pelos serviços de água e esgoto, logo, a cobrança de tarifa por prestação de serviços de água e esgoto é regido pelo art. 205 do Código Civil, ou seja, o prazo prescricional é de 10 anos.</p><p>Assim sendo, in casu todas as dividas estão prescritas.</p><p>DA INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO E DA SUA NATUREZA PESSOAL</p><p>A obrigação de pagar o débito por consumo de serviços de água e esgoto não tem natureza propter rem, mas pessoal. De tal modo, a cobrança dos débitos deve ser dirigida àquele que efetivamente consumiu ou teve à sua disposição o serviço prestado pela concessionária. Neste sentido, cabe transcrever o entendimento dos Tribunais:</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SERVIÇOS DE ÁGUA/ESGOTO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO PESSOAL E NÃO PROPTER REM. PRELIMINAR REJEITADA. A obrigação de pagar o débito por consumo de serviços de água e esgoto não tem natureza propter rem, mas pessoal. De tal modo, a cobrança dos débitos deve ser dirigida àquele que efetivamente consumiu ou teve à sua disposição o serviço prestado pela concessionária, o que ocorreu na espécie, especialmente porque o réu não logrou êxito em demonstrar que residia em local diverso daquele em que houve a prestação do serviço cobrado, tendo inclusive sido citado no endereço descrito na exordial. EXTRATOS DE DÉBITOS DE ÁGUA/ESGOTO E DIVERSOS. SEGUNDA VIA DAS FATURAS. RELAÇÃO JURÍDICA DEMONSTRADA. Os extratos de débitos de água/esgoto e diversos e as segundas vias das faturas são hábeis a comprovar a prestação do serviço e o débito em discussão, razão pela qual deve ser mantida a sentença que julgou procedente o pleito contido na exordial. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA. (TJ-GO - Apelação (CPC): 04553567620128090127, Relator: NELMA BRANCO FERREIRA PERILO, Data de Julgamento: 19/06/2019, 4ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ de 19/06/2019)</p><p>Embora lícito o ato inicial de interrupção do serviço, já que fundado no inadimplemento de faturas a cargo da autora. É que, ato contínuo, a concessionária condicionou a religação do fornecimento à quitação de todo o débito imputado ao imóvel, desconsiderando a sua natureza pessoal</p><p>DO DANO MORAL</p><p>O direito à indenização por danos morais encontra-se expressamente consagrado em nossa Carta Magna, como se vê pela leitura de seu artigo 5º, incisos V e X.</p><p>E o ato ilícito presente nesta titularização indevida é, conforme norma ínsita no artigo 186 do Código Civil, a ação ou omissão voluntária da Ré que vieram a causar dano à parte Autora.</p><p>Por dano moral entende-se o abalo psicológico injusto e desproporcional. Toda vez que alguém experimenta grande sofrimento em razão da conduta inadequada de outrem possui, em tese, direito à indenização. Este tipo de indenização tem o escopo duplo de confortar o lesado e desestimular condutas semelhantes por parte do ofensor</p><p>O Código Civil pátrio, por seu turno, em seus artigos 186 e 927, preceitua in verbis:</p><p>“Art. 186 do CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”</p><p>“Art. 927 do CC - Aquele que, por ato ilícito (arts.186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”</p><p>No Direito brasileiro não existem critérios objetivos capazes de fixar uma indenização justa, reparando cabalmente o dano sofrido pelo ofendido. Assim, a lei deixou ao prudente arbítrio do julgador, conforme as peculiaridades de cada caso, atribuir um justo valor, que sirva para amenizar a aflição que flagela o indivíduo moralmente agredido, além de dissuadir o ofensor de novas práticas.</p><p>A reparabilidade do DANO EXCLUSIVAMENTE MORAL hoje não guarda mais controvérsia, tal como persistia em data anterior à vigência da Constituição Federal de 1988, cuja indenização ganhou ordem constitucional no supramencionado art. 5º, Incisos V e X da Lei Magna.</p><p>Nessa esteira, se em tempos remotos muito já se discutiu acerca da reparabilidade do dano moral, embora já prevista desde o Código Civil de 1916, hoje não há razão de ser para qualquer controvérsia, posto que a Constituição Federal assegura de modo expresso e inequívoco a possibilidade de uma indenização pela eventual ocorrência do dano moral, bem como o Código Civil de 2002, nos dispositivos anteriormente transcritos. O problema estaria tão somente em averiguar a existência dos elementos ensejadores da obrigação de indenizar, já identificados nesta inicial, e analisar, no caso concreto, fatores balizadores do quantum indenizatório.</p><p>No caso em tela, não se faz necessária uma profunda perquirição da existência do dano, tão nítida e cristalina a sua existência. Com efeito, deu-se um atentado à dignidade e à honra da Autora, uma vez que, por diversas vezes tentou, de forma amigável, retomar o fornecimento de tal bem essencial.</p><p>Como já salientado, a indenização por danos morais reveste-se de duplo caráter: um de natureza compensatória, visando amenizar a aflição e todo o constrangimento oriundos do ato</p><p>ilícito praticado pelo agente ofensor; e outro de natureza pedagógica, com o fito de coibir a reincidência do infrator e de outros fornecedores que procedem de maneira semelhante.</p><p>Em seu caráter pedagógico, a indenização, como já posto, tem por finalidade inibir a reincidência do infrator, bem como servir de exemplo a outras empresas. Sendo assim, a indenização deve representar um valor expressivo ao infrator, para que tenha força de dissuadi-lo de novos comportamentos semelhantes.</p><p>Por tudo exposto, diante da falta de cuidado da Ré, que gerou problemas desnecessários a Autora, impossibilitando da Autora usufruir de sua residência, não restou alternativa senão buscar a tutela jurisdicional do Estado, para ser ressarcida de forma pecuniária pelos danos morais sofridos diante da Responsabilidade Objetiva da concessionária de serviço público.</p><p>DA TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA</p><p>Os artigos 294 e 300, do Código de Processo Civil, possibilitam ao juiz antecipar total ou parcialmente a pretensão autoral, desde que existindo elementos que corroborem a probabilidade do direito que se funda a demanda e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.</p><p>In casu, de acordo com os requisitos periculum in mora e fumus boni iuris, a medida mais adequada será a concessão da liminar, sanando o dano à consumidora, devido à essencialidade do serviço.</p><p>O fumus boni iuris resta configurado uma vez que a Autora é real proprietária do imóvel, tendo sido imitida na posse recentemente. Como algures relatado, a antiga ocupante se mantinha de forma ilegal no imóvel, sendo ela a beneficiária e única responsável pelas contas de água atrasadas de período pretérito, tudo consoante certidão de matrícula adunada e histórico de débitos vinculados à unidade.</p><p>Não pode, portanto, ser a Autora prejudicada em face de ato ilegal causado por terceiro alheio à relação de consumo aqui dirimida.</p><p>Já o periculum in mora se funda no receio de que a demora da decisão judicial terminativa cause mais danos à Autora, que está em processo de mudança para seu imóvel anteriormente ocupado ilegalmente, e que, atualmente, representa moradia da Autora, mas que se encontra sem fornecimento regular de água.</p><p>Em face dos fatos e fundamentos apresentados acima, se faz integralmente necessária concessão da tutela provisória de urgência antecipada para que se reative o fornecimento de água à residência da Autora, com nova matrícula, para que assim possa a mesma usufruir de seu imóvel.</p><p>I- DOS PEDIDOS</p><p>Diante do exposto, requer:</p><p>a. Conceder ao requerentes a gratuidade da justiça, tendo em vista ser esta pessoa pobre, na forma da lei, não podendo dessa forma arcar com o pagamento das custas processuais e os honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio e de sua família;</p><p>b. Citação da Ré, através de seus representantes legais, para, querendo, comparecer à audiência de conciliação, instrução e julgamento, bem como apresentar defesa, sob pena de arcar com os efeitos da revelia;</p><p>c. A concessão de Tutela Provisória de Urgência para determinar que a Ré regularize a ligação de água no domicílio da Autora, em 48 horas, com nova matrícula vinculada ao CPF desta, sob pena de multa diária de R$500,00 (quinhentos reais);</p><p>d. Ao final, seja julgada procedente a ação e confirmada a medida liminar, para declarar a inexigibilidade do débito vinculado a antiga proprietária, bem como condenar a empresa Ré a pagar os danos morais sofrido no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais);</p><p>e. A inversão do ônus da prova, conforme art. 6º, VIII do CDC;</p><p>f. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, em especial pela prova documental, testemunhal e pericial.</p><p>Dá-se à causa o valor de R$5.000,00(Cinco mil reais);</p><p>Termos em que pede deferimento.</p><p>Local, data ...</p><p>Advogado (a) ....</p><p>OAB n. ...</p><p>Querida (o) acadêmica (o)/advogado (a), quer conversar um pouco mais? CONHEÇA OS NOSSOS SERVIÇOS, E TIRE SUAS DÚVIDAS.</p><p>CONTATO VIA LINK ABAIXO DO WHATSAPP (71) 9 9151-1575.</p><p>Pressione CTRL e clique, ou, copie um dos links abaixo, e coloque na barra de pesquisa:</p><p>https://contate.me/atendimentownassessoria</p><p>contrate WN | Linktree</p><p>contrate WN | Linktree</p><p>image2.png</p><p>image1.png</p>