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LINGUAGEM E FONOAUDIOLOGIA EM PSICOPEDAGOGIA

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LINGUAGEM E 
FONOAUDIOLOGIA EM 
PSICOPEDAGOGIA
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Christiane Regina Souza de Carvalho
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Prof.ª Carolina dos Santos Maiola
Revisão Gramatical: Profa.ª Marli Helena Faust
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
 414
 C3311 Carvalho, Christiane Souza de
 Linguagem e fonoaudiologia em psicopedagogia / Christiane 
Souza de Carvalho. Indaial : UNIASSELVI, 2017.
 126 p.: il.
 ISBN 978-85-7830-186-6
 1. Fonologia. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Impresso por:
Christiane Regina Souza de Carvalho
Possui graduação em Fonoaudiologia pela 
Universidade do Vale do Itajaí (1996), Mestrado em 
Distúrbios da Comunicação pela Universidade Tuiuti do 
Paraná (2000), Especialização em Linguagem pelo Conselho 
Federal de Fonoaudiologia (2002), e Aperfeiçoamento 
em Fonoaudiologia Clínica e Hospitalar pelo Hospital 
Beneficência Portuguesa (2003). Tem experiência como 
fonoaudióloga clínica, hospitalar e em saúde pública, 
docência na graduação e pós-graduação, 
supervisora de estágio e orientadora de TCC.
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7 
CAPÍTULO 1
Linguagem e Fonoaudiologia .................................................9 
CAPÍTULO 2
Desenvolvimento Normal de Linguagem ............................19 
CAPÍTULO 3
Alterações de Linguagem.....................................................33 
CAPÍTULO 4
Alterações de Fala e Voz .....................................................65 
CAPÍTULO 5
Alterações Auditivas ............................................................85 
CAPÍTULO 6
Alterações das Funções Neurovegetativas
ou de Motricidade Oral ........................................................97 
CAPÍTULO 7
Alterações de Aprendizagem .............................................113 
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo à disciplina Linguagem, Fonoaudiologia e Psicopedagogia!
Tenho certeza de que ela chamará sua atenção pela variedade de conteúdos. 
Alguns até podem ser novidade para você, que talvez nunca tenha tido contato com 
a Fonoaudiologia.
Você alguma vez já teve contato com um fonoaudiólogo? Ou talvez já tenha lido 
um texto escrito por esse profissional? Ou até mesmo já precisou de acompanhamento 
fonoaudiológico, para você, alguém da sua família ou um conhecido? 
O fonoaudiólogo adquiriu fama nos últimos tempos por “ensinar as pessoas a 
falar ou por fazer exames de audição”. Talvez seja esse conceito que você também 
tenha formado.
Mas, a Fonoaudiologia é uma ciência muito mais abrangente, e utiliza diversas 
áreas do conhecimento humano para embasar sua prática.
No primeiro capítulo deste caderno, você terá a oportunidade de conhecer um 
pouquinho desta profissão e entender por que está tão ligada à Psicopedagogia, de 
forma teórica e prática.
Você, que está fazendo esta especialização, provavelmente veio em busca de 
novos conhecimentos que possam melhorar ou aperfeiçoar sua prática profissional. 
Então vou lhe fazer o seguinte questionamento: Você já parou para pensar que, como 
psicopedagogo, você utilizará o conhecimento de outras ciências?
E, neste momento, você já está se questionando: Uma dessas ciências é a 
Fonoaudiologia? E por que eu preciso conhecer seus conceitos?
Nesta apresentação, brevemente discutiremos alguns motivos desse estudo, 
que serão aprofundados ao longo dos capítulos.
O objeto de estudo do Fonoaudiologia é a linguagem, independente da forma 
que se apresente, e você, como psicopedagogo, estará utilizando-se da linguagem 
para fazer a mediação entre você e seu aluno ou cliente, e também para orientar as 
pessoas com quem irá trabalhar em instituição. Este é o primeiro motivo para termos 
uma disciplina que enfoque conteúdos de Fonoaudiologia e Linguagem.
Além disto, na Psicopedagogia você estará lidando com crianças com alterações 
de linguagem, que você precisará reconhecer para orientar a família e a instituição. E 
para reconhecer o alterado, terá também que conhecer a normalidade.
No segundo capítulo estaremos discutindo o desenvolvimento normal da 
linguagem, para então, nos capítulos seguintes, falarmos sobre algumas patologias 
fonoaudiológicas, com que você já teve ou terá contato na sua vida profissional.
No final de alguns capítulos, estaremos estudando maneiras de orientar seu 
cliente ou seu aluno, e descobrindo também em que situações devemos encaminhá-
lo a um especialista.
Espero que goste da disciplina e que possa aproveitá-la no seu dia a dia 
profissional.
A autora.
CAPÍTULO 1
Linguagem e Fonoaudiologia
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
	Conhecer a ciência Fonoaudiologia. 
	Conhecer a função do fonoaudiógo e suas áreas de atuação.
	Articular a Fonoaudiologia e a Psicopedagogia. 
	Diferenciar o papel do fonoaudiólogo e do psicopedagogo.
	Apresentar o conceito de linguagem, fala e voz. 
	Aplicar os conceitos de linguagem, fala e voz em casos clínicos.
10
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
11
Linguagem e Fonoaudiologia Capítulo 1 
Contextualização
Neste primeiro capítulo, faremos um panorama breve da Fonoaudiologia e 
discutiremos a sua relação com a Psicopedagogia.
Você verá que a Fonoaudiologia vai além de “ensinar as pessoas a falar e 
fazer exames de audição”, conhecerá suas áreas e locais de atuação e também 
seus principais objetos de estudo, como a linguagem, a fala, a voz, a audição e a 
deglutição, etc.
Poderemos assim, juntos, entender por que a Psicopedagogia e a Fonoau-
diologia estão intimamente ligadas, e como uma pode ajudar na solução de prob-
lemas da outra.
Para que você possa aprofundar seus conhecimentos a respeito da Fonoau-
diologia, veremos alguns conceitos como linguagem, fala e voz, e como eles são 
diferentes quando aparecem em patologias. No dia a dia, parece-nos ser a mesma 
coisa, pois falamos, então usamos linguagem e voz.
Mas, quando nos perguntamos se uma criança surda que não fala tem lingua-
gem, nossa primeira resposta seria dizer que não, pois é óbvio, ela não fala, então 
não tem linguagem.
Engano nosso, essa criança que não fala expressa sua linguagem das mais 
diversas formas, através da linguagem de sinais (libras), através de seu olhar, 
seus desenhos, da escrita, etc.
Examinaremos os conceitos, sempre procurando entender como eles inter-
ferem na nossa vida e no nosso entendimento quando estudamos algo ou precis-
amos atender um cliente.
Fonoaudiologia e Psicopedagogia
A idealização da profissão de fonoaudiólogo no Brasil data da década de 30, 
e teve origem na preocupação da Medicina e da Educação com a profilaxia, bem 
como com a correção de erros de linguagem apresentados pelos escolares.
Nessa época, muitas pessoas acreditavam que todo tipo de sotaque 
ou regionalismo era um erro de linguagem, que descendentes de outras 
nacionalidades falam errado ao emitirem o som de uma letra ou outras 
particularidades, que também os regionalismos,os costumes de uma região, 
cultura ou época deveriam ser “limpos” da nossa língua.
12
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
De lá pra cá, o fonoaudiólogo passou a ser um profissional que se fundamenta 
em uma ciência.
Profilaxia: Prevenção de doenças, que se ocupa das medidas 
necessárias à preservação da saúde da coletividade. (Moderno 
Dicionário da Língua Portuguesa Michaelis). Ou seja, tudo que fosse 
diferente de um modelo estabelecido de fala era considerado doença, 
que o fonoaudiólogo deveria corrigir.
Mas, o que é afinal Fonoaudiologia? Quais as funções do 
fonoaudiólogo? Quais suas áreas de atuação? E, mais importante, qual 
a relação e as diferenças entre o fonoaudiólogo e o psicopedagogo?
Você percebeu que a Fonoaudiologia surgiu de uma necessidade na 
Educação? 
A Fonoaudiologia é a ciência que tem por objeto o estudo da 
comunicação e seus distúrbios. Para tanto, focaliza os processos e 
aspectos participantes das ações do organismo em ambiente que 
requeira a comunicação, quais sejam, a linguagem oral e escrita, 
a articulação dos sons da fala, a voz, a fluência da fala e a audição. 
(Conselho Federal de Fonoaudiologia, 2007).
Você já viu este símbolo? Este é o símbolo da Fonoaudiologia!
Figura 1 – Símbolo da fonoaudiologia
Fonte: Disponível em: <www.fonoaudiologia.org.br/cffa/index.php/
simbolo-da-fonoaudiologia>. Acesso em: 29 jan. 2016.
A Fonoaudiologia é 
a ciência que tem 
por objeto o estudo 
da comunicação 
e seus distúrbios. 
Para tanto, focaliza 
os processos 
e aspectos 
participantes das 
ações do organismo 
em ambiente 
que requeira a 
comunicação, quais 
sejam, a linguagem 
oral e escrita, a 
articulação dos 
sons da fala, a 
voz, a fluência da 
fala e a audição. 
(Conselho Federal 
de Fonoaudiologia, 
2007).
13
Linguagem e Fonoaudiologia Capítulo 1 
Se tiver curiosidade sobre a profissão de fonoaudiólogo, você 
pode acessar o site do Conselho Federal de Fonoaudiologia: www.
fonoaudiologia.org.br.
Mas apesar de ter uma história antiga, a profissão de fonoaudiólogo só foi 
reconhecida por lei em 1981, com a lei nº 6965, de 9 de dezembro de 1981 e pelo 
decreto nº 87218, de 31 de maio de 1982.
Fonoaudiólogo é o profissional com graduação plena em 
Fonoaudiologia, que atua em pesquisa, prevenção, avaliação e 
terapia fonoaudiológicas na área da comunicação oral e escrita, voz 
e audição, bem como em aperfeiçoamento dos padrões da fala e da 
voz.” (lei nº 6.965, de 9 de dez de 1981, art. 1º, parágrafo único).
Especialidades em Fonoaudiologia:
	Linguagem
	Voz
	Neuropsicologia
	Audiologia 
	Disfagia 
	Motricidade oral
	Educacional 
	Gerontologia
	Fonoaudiologia neurofuncional
	Fonoaudiologia do trabalho
	Saúde coletiva
 
Talvez você não conheça alguns desses termos, então, aguce sua 
curiosidade! Iremos falar de cada um deles nos capítulos seguintes.
Os locais de atuação do fonoaudiólogo são:
• unidades Básicas de Saúde;
• ambulatório de especialidades;
• hospitais e maternidades;
• consultórios;
• clínicas;
• home care;
Fonoaudiólogo é 
o profissional com 
graduação plena em 
Fonoaudiologia, que 
atua em pesquisa, 
prevenção, 
avaliação e terapia 
fonoaudiológicas 
na área da 
comunicação oral 
e escrita, voz e 
audição, bem como 
em aperfeiçoamento 
dos padrões da fala 
e da voz.” (lei nº 
6.965, de 9 de dez 
de 1981, art. 1º, 
parágrafo único).
14
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
• domicílios;
• asilos e casas de saúde;
• creches e berçários;
• escolas regulares e especiais;
• instituições de ensino superior;
• empresas;
• meios de comunicação;
• associações;
• ONGs.
Destacamos esses dentre outros que possam advir do trabalho 
fonoaudiológico. (CRFa, 2007).
Agora já sabemos o que é Fonaudiologia, e quais as funções 
do fonoaudiólogo, mas qual a sua relação com a Psicopedagogia?
A Psicopedagogia busca a compreensão sobre os variados 
processos inerentes ao aprender humano, e para que ocorra a 
aprendizagem, as pessoas precisam da mediação da linguagem. 
É através da linguagem que ocorre a aprendizagem, seja linguagem 
falada, gestual, escrita ou visual. 
O psicopedagogo necessita compreender os processos de aprendizagem 
e entender as possíveis dificuldades situadas nesse processo. Durante esse 
processo, ocorre a transmissão e apropriação de conhecimentos, que é 
perpassado pela comunicação, ou seja, pela linguagem.
Nos processos 
de aprendizagem 
ocorre a transmissão 
e apropriação de 
conhecimentos, 
que é perpassado 
pela comunicação, 
ou seja, pela 
linguagem.
Por mais de uma década a American Speech-Language-Hearing 
Association (ASHA) tem publicado artigos, comprovando a relação entre 
distúrbios de linguagem e fracasso escolar.
Você está percebendo por que a Fonoaudiologia e a Psicopedagogia 
estão intimamente ligadas? E você já parou para pensar o que é a linguagem? 
É a mesma coisa que fala e que voz?
É comum as pessoas confundirem esses termos, que usualmente acabam 
sendo empregados como sinônimos.
15
Linguagem e Fonoaudiologia Capítulo 1 
Atividade de Estudos: 
1) Como exercício, elabore um conceito de linguagem: que é 
linguagem para você?
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 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
Linguagem, Fala e Voz
Existem inúmeros conceitos de linguagem. Se você fizer uma 
pesquisa, perceberá que cada autor conceitua linguagem de forma 
diferente, mas todos têm em comum que a linguagem é um processo 
complexo que envolve função cerebral e participa da comunicação.
A linguagem pode ser verbal ou não verbal. A linguagem verbal 
acontece quando utilizamos as palavras, sejam elas faladas ou escritas. 
Podemos citar como exemplos um discurso, um diálogo ou uma carta.
Já na linguagem não verbal não utilizamos palavras. É o que podemos 
observar em uma placa, um semáforo, gestos e até mesmo no choro do bebê. 
Um apito no jogo de futebol, o cartão vermelho e amarelo e uma dança são outros 
exemplos de linguagem não verbal.
Alguns exemplos de linguagem não verbal:
A linguagem é um 
processo complexo 
que envolve função 
cerebral e participa 
da comunicação.
A linguagem pode 
ser verbal ou não 
verbal.
Figura 2 - linguagem não verbal
Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.br/images?client=firefox-a&rls=org.
mozilla%3Apt-BR%3Aofficial&hl=pt-BR&source=hp&q=linguagem+n%C3%A3o+ve
rbal&btnG=Pesquisar+imagens&gbv=2&aq=f&oq=>. Acesso em: 10 ago. 2009.
16
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Quando nos comunicamos, geralmente usamos a linguagem verbal e a não 
verbal juntas, com palavras, expressões da nossa face e gestos.
Vejamos alguns conceitos:
Linguagem é um sistema de comunicação natural ou artificial, 
humano ou não-humano. Assim, podemos nos referir à 
linguagem corporal (humana), às expressões faciais, às 
reações do nosso organismo (tanto aos estímulos do meio, 
como do nosso pensamento, ou, mesmo, dos aspectos 
fisiológicos), à linguagem de outros animais, aos sinais de 
trânsito, à música, à maneira de nos vestirmos, à pintura, 
enfim, todos os meios de comunicação, sejam cognitivos 
(internos), socioculturais (relativos ao meio) ou da natureza, 
como um todo (FERNANDES, 1998, p.10).
Halliday (1978) diz que a linguagem é um produto do processo de socialização, 
pois a criança inicialmente cria sua própria linguagem, e depois a língua materna 
na interação com seu grupo social. Quando a criança aprende a linguagem, ela 
está construindo sua noção da realidade externa e internae, ao mesmo tempo, 
aprendendo coisas através da linguagem.
Já a língua é um sistema abstrato de regras gramaticais. É através 
dela que podemos mais facilmente transmitir as informações. A língua é 
formada por palavras e regras gramaticais.
A língua é uma construção unicamente humana, constituída por 
um povo. Ou seja, a língua é o idioma falado por um povo.
A língua é uma 
construção 
unicamente 
humana, constituída 
por um povo. Ou 
seja, a língua é o 
idioma falado por 
um povo.
Em algumas línguas como o inglês, há apenas uma palavra para 
designar língua e linguagem (language), mas, mesmo em português, 
em que existem vocábulos diferentes para designar os conceitos de 
língua e linguagem, fazemos confusão. Também encontramos dois 
termos em francês (langage/langue) e em espanhol (lengaje/lengua). 
17
Linguagem e Fonoaudiologia Capítulo 1 
Atividade de Estudos: 
1) Vamos então ver se entendemos! Escreva o que é linguagem, 
fala e voz.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
A unidade mínima da comunicação linguística é o ato da fala, ou 
seja, a produção de uma frase sob certas condições (ou de um grupo 
de frases em um determinado contexto).
Então a fala é a materialização da linguagem e da língua, ou seja, 
é a utilização da voz com palavras e significados. A fala é a utilização 
da língua articulada com todo o aparato anatômico e fisiológico das 
estruturas do corpo humano.
Voz é o som produzido pela vibração das pregas vocais (também 
conhecidas como cordas vocais) na laringe, pelo ar vindo dos 
pulmões. Cada pessoa tem uma voz diferente. Podemos notar alguma 
semelhança de voz entre familiares, mas as vozes não são exatamente 
iguais, em virtude da anatomia de cada laringe.
A fala é a 
materialização da 
linguagem e da 
língua, ou seja, é 
a utilização da voz 
com palavras e 
significados.
Voz é o som 
produzido pela 
vibração das pregas 
vocais na laringe, 
pelo ar vindo dos 
pulmões.
Atividade de Estudos: 
1) Qual a principal diferença entre língua e linguagem? Cite um 
exemplo.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
18
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Referências
BRASIL. Lei no 6.965, de 9 de dezembro de 1981. Dispõe sobre a 
regulamentação da profissão de Fonoaudiólogo, e determina outras providências. 
Diário Oficial da União. Brasília: 1981.
CFFa. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Disponível em: <www.
fonoaudiologia.org.br>. Acesso em: 15 jan. 2016.
CRFa. Conselho Regional de Fonoaudiologia: 2º Região. Disponível em: <www.
fonosp.org.br>. Acesso em: 15 jan. 2016.
Algumas Considerações
Podemos considerar que a linguagem é a base para a comunicação. Não 
adianta falarmos ou termos voz, se não desenvolvemos a linguagem. A linguagem 
expressa a forma como nos comunicamos com os outros e com o mundo.
Para a fala ter sentido, utilizamos a língua. Podemos falar sons combinados 
que não significam nada, e esses sons não deixariam de ser fala, mas a outra 
pessoa não nos entenderia.
E por fim, a voz é o som que fazemos quando usamos a fala e a linguagem. 
Ela só é possível de ser produzida porque temos um aparato anatômico e 
fisiológico preparado para isso no nosso corpo.
Podemos assim perceber que esses conceitos que parecem tão semelhantes 
vão fazer diferença, principalmente quando estudamos as patologias.
Uma professora que está rouca porque forçou demais a voz não está com um 
problema de fala ou de linguagem, mas sim de voz, porque suas pregas vocais 
não estão cumprindo seu papel fisiológico para que essa professora possa falar.
E uma criança em idade escolar que não fala não tem um problema de voz, 
e sim de linguagem, pois é a forma de ela se comunicar com os outros e com o 
mundo que está com déficit e não apenas uma alteração das pregas vocais.
Nos próximos capítulos estaremos falando mais a respeito desses conceitos.
CAPÍTULO 2
Desenvolvimento Normal de 
Linguagem
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Descrever o desenvolvimento normal de linguagem.
� Examinar as fases de desenvolvimento de linguagem na criança.
� Relatar a sequência de aquisição fonética e fonológica na criança.
� Valorizar a fase crítica de desenvolvimento de linguagem para a criança.
20
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
21
Desenvolvimento Normal de Linguagem Capítulo 2 
Contextualização
Você sabe como a criança desenvolve a linguagem? Com certeza, você já estudou 
isso como pedagogo(a), e já deve ter se perguntado, muitas vezes, se esta ou aquela 
criança estaria com o desenvolvimento de linguagem adequado para a sua idade.
Quando nos deparamos com uma criança que troca ou omite sons na fala, 
procuramos saber se ela já não deveria estar falando corretamente ou se aquele 
tipo de troca ainda é normal para a sua idade.
O desenvolvimento de linguagem é muito complexo, e depende de 
muitos fatores: orgânicos, ambientais, sociais, etc.
É difícil entender, por exemplo, por que uma criança que tem o 
biológico e o cognitivo adequados não fala na idade em que já deveria 
estar falando.
Ou por que aquela criança que não consegue manter uma comunicação com 
outra pessoa, nem mesmo para expressar suas necessidades, decora listas de 
nomes de rua ou números de telefone.
Nós veremos, neste segundo capítulo, que cada criança é única, e vai 
desenvolver a linguagem da sua maneira e no seu tempo, mas que existem 
marcos nesse desenvolvimento que nos mostram se ele está ocorrendo dentro do 
esperado ou não.
Veremos, também, como a interação com o outro é importante nesse 
processo, e que quando a criança tem o aparato físico adequado, a interação é 
que faz toda a diferença.
Conhecendo o desenvolvimento normal de linguagem, conseguimos perceber 
quando algo não vai bem nesse processo, e poderemos mais cedo tomar atitudes 
que minimizem os transtornos para a criança e sua família.
Linguagem
Conforme conversamos, você, como profissional da educação e saúde, 
necessitará conhecer o desenvolvimento normal da linguagem.
O desenvolvimento 
de linguagem é 
muito complexo, e 
depende de muitos 
fatores: orgânicos, 
ambientais, sociais, 
etc.
22
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
A linguagem tem 
dois grandes papéis: 
o de organizadora 
da cultura e o de 
organizadora dos 
processos mentais 
superiores.
Mas por quê? Não me basta identificar as patologias de linguagem? Aqui é 
que está o X da questão... como você irá identificar o patológico sem conhecer a 
normalidade? Você concorda comigo?
Então começaremos com alguns pontos importantes a serem discutidos:
• A linguagem tem dois grandes papéis, segundo Vygotsky (1896-1934) 
e Luria (1902-1977): o de organizadora da cultura e o de organizadora 
dos processos mentais superiores.
 
• Cada criança tem seu próprio tempo para desenvolver as 
habilidades linguísticas, mas todas seguem um mesmo padrão de 
desenvolvimento, então temos marcos de desenvolvimento, se 
acreditarmos que o desenvolvimento da criança é fruto do biológico e 
da interação com seu meio sociohistórico (VYGOTSKY, 1987).
• O desenvolvimento se constrói com a participação ativa da criança.
• É a partir dalinguagem que o homem constrói formas superiores de 
comportamento, que passa da relação direta com a natureza a uma 
relação mediada pelos signos socialmente compartilhados, que passa do 
mundo concreto ao simbólico (SILVEIRA, 1998).
Nossa, quanta coisa! É mesmo! Este capítulo é a base para 
os seguintes. É ele que dará suporte para que você entenda as 
próximas aulas.
Como a linguagem seria, então, organizadora da cultura?
O homem, segundo Vygotsky, é capaz de pensar, planejar, agir e 
transformar a natureza com o uso de instrumentos, criados por ele 
e passados às gerações seguintes, e principalmente por causa da 
linguagem, que lhe permite passar esses conhecimentos de geração 
em geração. O homem pode, através da linguagem, lidar com situações 
passadas, presentes e futuras, passando do concreto ao simbólico.
O homem pode, 
através da 
linguagem, lidar 
com situações 
passadas, presentes 
e futuras, passando 
do concreto ao 
simbólico.
23
Desenvolvimento Normal de Linguagem Capítulo 2 
OK! Entendemos que, a partir do desenvolvimento da 
linguagem, cada criança que nasce não precisa descobrir o 
fogo, por exemplo, pois os conhecimentos são passados, pela 
linguagem oral e escrita, de geração em geração.
Mas como a linguagem teria o papel de organizadora dos processos mentais 
superiores e quais são os processos mentais superiores?
Segundo Luria (1979), os processos mentais superiores são a atenção, 
a percepção, a memória, o movimento, o pensamento e a linguagem, sendo a 
linguagem a organizadora dos processos cognitivos.
A linguagem cria um universo simbólico. Eu não preciso estar 
vendo uma praia paradisíaca para desejar estar nela, ou para 
conseguir imaginá-la através de uma gravura ou da descrição do 
agente de viagem.
E é através da palavra que organizamos nossas experiências e aprendizados.
Atividade de Estudos: 
1) Como a linguagem pode ser organizadora da cultura? Dê um 
exemplo.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
24
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
“O elemento fundamental da linguagem é a palavra. A palavra designa 
as coisas, individualiza suas características. Designa ações, relações, reúne 
objetos em determinados sistemas. Dito de outra forma, a palavra codifica nossa 
experiência.” (LURIA, 1987, p. 27).
A palavra é o componente essencial da linguagem e também da fala, que é 
um meio especial de comunicação, como já discutimos no capítulo anterior.
Atividade de Estudos: 
1) Tente explicar para você mesmo, pode ser mentalmente, o 
caminho da sua casa até o trabalho, sem palavras. Agora tente 
imaginar como você contaria a um amigo como foi a festa de 
aniversário ontem à noite, sem usar as palavras.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
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Desenvolvimento De Linguagem
É por meio da fala do adulto que a criança começa a desenvolver 
sua própria linguagem.
Silveira (1998) descreve as fases de desenvolvimento da linguagem, 
e também da sua organização frente ao mundo, como dependente da 
mediação da fala do adulto, baseada em Vygostsky, sendo que não determina 
idades para cumprir determinadas funções, e sim marcos de desenvolvimento:
Quando dizemos à criança “olha a bola”, “pega a outra bola”, 
“chuta a bola”, “olha a bola grande”, “veja quantas bolas 
coloridas”, estamos fazendo com que oriente sua ação de 
determinadas formas, nesse caso: olhar, pegar, chutar, observar, 
perceber. Estamos fazendo com que desenvolva uma capacidade 
de orientar seu comportamento. Em primeiro lugar, destaca-se 
É por meio da fala 
do adulto que a 
criança começa a 
desenvolver sua 
própria linguagem.
25
Desenvolvimento Normal de Linguagem Capítulo 2 
um objeto frente a vários outros, ou seja, educa-se a atenção 
ao fazer com que a criança selecione um estímulo específico e 
torne-o relevante dentro de um determinado quadro perceptivo. 
Em segundo lugar, o fato de designar um objeto sempre pelo 
mesmo significante, no caso bola, faz com que a criança abstraia 
suas características essenciais (objeto esférico) e as separe dos 
seus atributos variáveis (cor, tamanho, textura, material e outros), 
generalizando e estabilizando sua percepção. (SILVEIRA, 1998, 
p. 41).
Dessa maneira, podemos perceber que aprender a falar não 
é só aprender a articular sons ou aprender palavras novas, mas sim 
conhecer e organizar o mundo que cerca a criança. E é através da 
fala do adulto, e da sua própria fala, que ela organiza seus processos 
mentais, como vimos anteriormente.
Vejamos no quadro 1 o que acontece com a linguagem, enquanto 
a criança interage com o adulto.
Aprender a falar 
não é só aprender 
a articular sons ou 
aprender palavras 
novas, mas sim 
conhecer e organizar 
o mundo que cerca a 
criança.
Quadro 1 – A fala como reguladora da conduta
1º momento A criança ainda não fala.É a fala do adulto que orienta o comportamento da criança.
2º momento A criança começa a falar as primeiras palavras, mas só nomeia o que vê (fala dirigi-da para o presente) ou ações que acabaram de acontecer (passado recente).
3º momento
A criança fala enquanto age, é a “fala egocêntrica” que se constitui num exercício de 
autorregulação.
É a fala se internalizando.
4º momento
A criança fala antes de agir (fala dirigida para o futuro).
A fala se internalizou.
A fala se converte em instrumento de planejamento e organização do próprio 
comportamento.
Exemplo do quadro 1 é o desenho infantil. No início, a criança 
só o nomeia após tê-lo terminado. Num segundo momento, ela o vai 
nomeando e organizando enquanto desenha e, por último, nomeia 
antes de desenhar, caracterizando a função planejadora da linguagem.
Por volta de 1 ano e meio, 1 ano e 8 meses, a palavra começa a adquirir o 
caráter de substantivo, passando a ter uma significação mais precisa. Isso faz 
Fonte: Silveira (1998, p. 42).
26
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Atividade de Estudos: 
1) Dê um exemplo de atividade infantil, caracterizando os 4 momentos 
de desenvolvimento descritos por Silveira no quadro 1.
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com que a criança tenha necessidade de mais palavras para diferentes objetos, 
provocando um aumento quantitativo no seu vocabulário.
Antes, um mesmo som podia significar várias coisas, tendo a criança que 
estar realizando as suas ações para o entendimento de sua fala.
Inicialmente, a criança faz maior uso dos substantivos, verbos e adjetivos 
(mamãe, caiu, grande).
Em um segundo momento, a partir da reflexão das relações estabelecidas 
entre objetos do mundo que a cerca, começa a incluir preposições, pronomes, 
conjunções, advérbios, etc., como mostra o quadro 2.
1º momento A criança faz uso basicamente de substantivos, verbos e adjetivos.
2º momento
A criançaamplia seu vocabulário, passando a fazer uso também de prepo-
sições, pronomes, conjunções, advérbios, etc.
Quadro 2 – Desenvolvimento linguístico da fala infantil
Fonte: Silveira(1998, p. 43).
A Importância Do Modelo Do Adulto
As fases do desenvolvimento linguístico, propostas por Luria (1979), nos 
mostram a importância do modelo do adulto no desenvolvimento da linguagem da 
criança. São elas: repetição, nomeação e fala narrativa.
27
Desenvolvimento Normal de Linguagem Capítulo 2 
Por volta de 1 ano de idade, quando começa a falar as primeiras palavras, a 
criança depende totalmente do modelo do adulto para realizar suas emissões. É a 
etapa da repetição.
Por volta de 1 ano e 6 meses, desenvolve-se a nomeação. Nessa fase, se 
pedirmos para uma criança contar uma estória seguindo um livro, ela irá virar as 
páginas e apenas nomear as gravuras.
A terceira etapa, a da fala narrativa, introduz a frase.
Até então, a criança usava a palavra-frase, uma palavra designando uma 
ação. Por exemplo: bola poderia significar me dá a bola.
O quadro 3 nos mostra os três momentos do desenvolvimento de linguagem:
1º momento Repetição: necessidade do modelo do adulto.
2º momento Nomeação: estabilização dos significados; diferenciação da percepção; uso de pala-vra-frase.
3º momento
Fala narrativa: formação de frases; introdução de elementos de encadeamento 
(preposições, conjunções, pronomes, advérbios, etc.); expressão de pensamento e 
julgamentos.
Quadro 3 – Desenvolvimento da linguagem expressiva
Fonte: Silveira(1998, p. 44).
Etapas do Desenvolvimento de 
Linguagem
Além de estudar o desenvolvimento da linguagem como ocorrendo de forma 
processual e ativa por parte da criança, também precisamos ter ideia das etapas 
de desenvolvimento da linguagem de forma cronológica, para que tenhamos um 
parâmetro, quando nos depararmos com uma criança em fase de aquisição de 
linguagem.
...a linguagem aparece em todas as crianças normais em 
marcos cronológicos muito semelhantes. A aquisição da 
linguagem e a comunicação se desenvolvem segundo etapas 
de ordem constante, ainda que o ritmo de progressão possa 
variar de um sujeito para outro. Segundo o processo normal 
de desenvolvimento pode-se esperar uma variação de seis 
meses aproximadamente. (CRYSTAL, 1981 apud DEL RIO; 
VILASECA, 1992, p. 22).
28
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Olharemos para o quadro de desenvolvimento de linguagem não como uma 
regra pré-fixada, em que todas as crianças terão que seguir as idades indicadas. 
Mas poderemos, se tivermos o quadro em mente, perceber se esta criança está 
com seu desenvolvimento de linguagem alterado.
A classificação de categorias por idade, listadas a seguir, é baseada no 
protocolo utilizado na Clínica Uni Duni Tê, em Brusque, SC. 
De 1 ano a 1 e 6 meses
1. Usa uma palavra com sentido, como “dá”, ou alguma produção verbal 
referente a uma palavra, quando deseja algum objeto; 
2. A criança bate palmas, manda beijo, dá tchau; 
3. A criança compreende ordens simples; 
4. A criança executa ordens simples;
5. Fala pelo menos uma palavra com sentido, parte do corpo, nome de um 
animal, nome de um alimento; 
6. A criança brinca simbolicamente; 
7. A criança aceita a intervenção do outro na brincadeira; 
8. A criança apresenta intenção comunicativa. 
De 1 e 6 meses a 2 anos 
1. A criança une de duas a três palavras em uma frase; 
2. Fala durante a brincadeira, referindo-se a acontecimentos imediatos; 
3. Pede coisas de seu desejo com palavras; 
4. Reconhece e fala partes do corpo; 
5. Usa o pronome EU; 
6. Diz oi e tchau; 
7. Fala o nome de alguns objetos de casa, brinquedos, ou alimentos; 
8. Usa sons onomatopéicos na brincadeira ou para se referir ao nome 
dos objetos; 
9. As ações simbólicas são efetivas; 
10. A criança tem o outro como um parceiro de troca na brincadeira; 
11. Tem interesse por pequenas histórias e mantém atenção às mesmas;
12. Interessa-se por figuras. 
De 2 a 3 anos
1. Usa frases com mais de três palavras sobre situações do dia a dia ou 
situações presentes; 
2. Compreende ordens gramaticais; 
29
Desenvolvimento Normal de Linguagem Capítulo 2 
3. Usa efetivamente pronomes, principalmente o “EU”, há presença de 
outros pronomes;
4. Diz seu próprio nome; 
5. Usa o plural;
6. Seu vocabulário abrange 100 a 200 palavras; 
7. Segue ordens complexas; 
8. Faz perguntas; 
9. Usa recorte da fala do outro como organizadora de sua linguagem; 
10. A criança é capaz de relatar pequenos fatos, principalmente acontecimentos 
imediatos; 
11. É capaz de narrar fatos do passado com o auxílio do adulto; 
12. A criança já é capaz de ampliar a brincadeira e nestas inventar contextos 
simbólicos;
13. A fala da criança é inteligível.
3 a 4 anos e meio
1. A criança é capaz de narrar fatos passados sem o auxílio do adulto; 
2. É capaz de narrar fatos com coerência de acontecimentos e coesão de idéias;
3. A criança compreende onde, quando; 
4. O simbolismo é usado referenciando eventos passados e futuros; 
5. Faz comentários sobre acontecimentos; 
6. Toma a iniciativa para relatar eventos e ações; 
7. As aquisições cognitivas estão presentes em seu discurso, classificação, 
noção temporal, noção de tamanho, conhecimento sobre funções. 
Atividade de Estudos: 
1) O que podemos considerar como individual de cada criança no 
desenvolvimento de linguagem?
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 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Aquisição dos Fonemas
Também é importante termos ideia da sequência de aquisição de fonemas 
(sons), no vocabulário brasileiro, por parte das crianças, para que possamos 
perceber por exemplo, se aquele /r/ que a criança está trocando por /l/ ainda está 
em período de aquisição ou já deveria ter sido adquirido.
Lembremos que, dentro de um mesmo idioma, ocorrem variações articulatórias. 
O que pode parecer inadequado em uma região é o adequado em outra. Temos 
como exemplo o sotaque alemão nas cidades colonizadas pelos alemães.
Com base em estudos de Wertzner (2000) apud Castro (2006), 
sobre a aquisição dos fonemas, a maioria deles já está adquirida aos 
três anos e meio, como: /p b t d k g f v s z l j r m n nh x/. Outros são 
adquiridos aos 5 anos, como o R de carro.
Os encontros consonantais que terão sido adquiridos aos 4 anos 
são: /pr br kr gr vr gl/; dos 4 aos 6: /dr fr kl fl/; aos 5 anos: /tr/; dos 5 aos 
6: /bl/ e aos 6 anos e meio: /pl/.
Claro que não é tão simples assim observar a fala de uma criança e dizer se ela 
está no processo normal de desenvolvimento de fala ou não, já que são muitas as 
variações e condições dependentes para que este processo aconteça.
Sobre a aquisição 
dos fonemas, a 
maioria deles já está 
adquirida aos três 
anos e meio, como: 
/p b t d k g f v s z l j 
r m n nh x/. Outros 
são adquiridos aos 5 
anos, como o R de 
carro.
Algumas Considerações
Como vimos, segundo Vygotsky (1896-1934) e Luria (1902-1977), a 
linguagem tem dois grandes papéis: o de organizadora da cultura e o de 
organizadora dos processos mentais superiores.
Graças à linguagem, o homem pode passar informações e conhecimentos 
de geração em geração, e também lidar com situações passadas, presentes e 
futuras, com a passagem do concreto ao simbólico.
Vimos também que aprender a falar não é só aprender a articular sons ou 
aprenderpalavras novas, mas sim conhecer e organizar o mundo que nos cerca.
Por isso, a interação torna-se tão importante: é através desta com o 
adulto que a criança desenvolve a linguagem e organiza os seus processos 
mentais superiores, além de aprender a falar ou comunicar-se de outra forma 
31
Desenvolvimento Normal de Linguagem Capítulo 2 
na impossibilidade de utilização da linguagem oral, como, por exemplo, com a 
utilização da língua de sinais.
Podemos considerar como fases de desenvolvimento linguístico a repetição, 
a nomeação e a fala narrativa, sendo que essas fases são dependentes da 
interação da criança com o adulto.
Além de estudar o desenvolvimento da linguagem como ocorrendo de forma 
processual e ativa por parte da criança, também precisamos ter ideia das etapas 
de desenvolvimento da linguagem de forma cronológica, para que tenhamos um 
parâmetro, quando nos depararmos com uma criança em fase de aquisição de 
linguagem.
Existem marcos importantes no desenvolvimento linguístico, que podem variar 
em detalhes de autor para autor, mas acabam seguindo mais ou menos a mesma 
ordem, e podemos considerar que de 1 ano a 1 e 6 meses, a criança usa uma 
palavra com sentido, como “dá”, ou alguma produção verbal referente a uma palavra, 
quando deseja algum objeto. De 1 ano e 6 meses a 2 anos, a criança une de duas 
a três palavras em uma frase; já dos 2 aos 3 anos, ela usa frases com mais de três 
palavras sobre situações do dia a dia ou situações presentes; e dos 3 aos 4 anos e 
meio, a criança é capaz de narrar fatos passados sem o auxílio do adulto.
Também é importante termos ideia da sequência de aquisição de fonemas 
(sons), no vocabulário brasileiro, por parte das crianças, para que possamos 
perceber por exemplo, se aquele /r/ que a criança está trocando por /l/ ainda está 
em período de aquisição ou já deveria ter sido adquirido.
Este capítulo, como dissemos anteriormente, serve de base para os 
próximos, em que iremos estudar as patologias de linguagem.
Referências
CASTRO, M. M. Distúrbio Fonológico. In: Cadernos do Fonoaudiólogo: 
Linguagem. São Paulo: Lovise, 2006.
DEL RIO, M. J.; VILASECA, R. Sobre a aquisição e desenvolvimento da 
linguagem. In: CASANOVA, J.P. Manual de Fonoaudiologia. Porto Alegre: Artes 
Médicas, 1992. p. 22.
32
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
LURIA, A. R. El cérebro em acción. Barcelona, Editorial Fontanella, S.A.: 1979.
_____. Pensamento e linguagem: as últimas conferências de Luria. Porto 
Alegre, Artes Médicas: 1987.
MORGOF, K.; BISHOP, D. Desenvolvimento da Linguagem em condições 
normais. In: Desenvolvimento da Linguagem em circunstâncias 
excepcionais. Rio de Janeiro: Revinter, 2002. p. 19.
SILVERIA, V. P. Linguagem: Cultura, Fala e Cognição – Um estudo da 
contribuição de Vygotsky e Luria. In: Revista da Sociedade Brasileira de 
Fonoaudiologia – ano 2 – nº4, dez. 1998, p. 41- 44.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
CAPÍTULO 3
Alterações de Linguagem
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer o conceito de atraso no desenvolvimento da 
linguagem, e de desvio fonológico e fonético.
� Apontar os sintomas do atraso no desenvolvimento da linguagem, do desvio 
fonológico e fonético. 
� Conhecer os conceitos de gagueira, afasia e autismo.
� Apontar os sintomas da gagueira, afasia e autismo.
� Aplicar as orientações práticas para a escola e família.
34
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
35
Alterações de Linguagem Capítulo 3 
Contextualização
Podemos considerar que o trabalho, a linguagem e a vida humana estão 
intimamente relacionados, não podendo ser concebidos de forma independente 
das vivências humanas e de um processo constante de reelaboração e 
transformação do estabelecido (VARGENS, 2006).
Para Bakhtin (1979, 1929), apud Vargens, 2006, a língua não é vista 
como mera estrutura, concebendo-a a partir do seu uso concreto. Para o autor, 
a linguagem está diretamente relacionada à ação sobre o outro e se tem no 
enunciado uma constante resposta aos enunciados do outro e aos seus próprios 
enunciados. O sujeito, para expressar-se, considera a reação de seu co-
enunciador ao que lhe está sendo dito e isso influencia sua fala.
Poderemos perceber, ao longo deste terceiro capítulo, essas características 
da linguagem na criança, principalmente nas patologias, em que esses processos 
ficam bastante explícitos, no momento, por exemplo, em que uma criança não 
considera o outro como seu interlocutor, no caso do autismo, ou como a expressão 
de estranhamento na face dos pais de uma criança que troca os fonemas na fala 
faz com que a mesma (a criança) tente corrigir sua fala e aproximar-se do modelo 
dado pelo adulto.
Com este capítulo iniciamos o estudo sobre as patologias fonoaudiológicas 
relacionadas com a linguagem, como atraso no desenvolvimento de linguagem, 
desvio fonético e fonológico, afasia, gagueira, e autismo.
Este texto não tem o objetivo de prepará-lo para atender terapeuticamente 
uma patologia fonoaudiológica, mas, sim, dar noções básicas e gerais sobre 
algumas patologias, cujo tratamento é de competência do fonoaudiólogo, mas 
que podem aparecer no seu percurso profissional.
Afinal, as pessoas não vêm repartidinhas em pedacinhos, este pedacinho 
vai ao fono, este pedacinho ao psicopedagogo e este pedacinho ao pediatra... 
Poderíamos até achar graça desse exemplo, mas ele nos faz pensar que 
em nossa profissão lidamos com pessoas e não com patologias. Por isso, é 
responsabilidade de todos saber e dar resolubilidade às demandas do nosso 
cliente. E essa resolubilidade pode acontecer através de uma orientação ou até 
mesmo de um encaminhamento a outro profissional, mas temos que saber a que 
profissional encaminhar, certo?
36
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Atraso no Desenvolvimento de 
Linguagem
Para falarmos de atraso no desenvolvimento de linguagem, teremos que 
considerar que a linguagem não pode se desenvolver separadamente dos 
aspectos orgânicos, emocionais, cognitivos e sociais, e que ela só tem significado 
em relação ao contexto em que se manifesta (CERVONE; FERNANDES, 2005).
Estudos mostram que até o 15º mês de vida as crianças usam principalmente 
os gestos e que estes, por volta dessa idade, são substituídos pela fala.
Aos dois anos, a criança desenvolve estratégias mais elaboradas para 
expressar seu repertório linguístico, que já se encontra mais desenvolvido devido 
à aquisição de regras semânticas e sintáticas.
Dos dois aos três anos, as crianças demonstram maior significação linguística 
através de revisões do discurso, e ocorrem então trocas rápidas no tópico do 
mesmo.
Aos quatro anos, já é capaz de adaptar seu discurso à idade do ouvinte, 
começa a produzir sentenças indiretas e aos cinco anos já possui padrão 
linguístico semelhante ao do adulto (CERVONE; FERNANDES, 2005).
Em pesquisa realizada com crianças de 4 e 5 anos, percebeu-se que
As crianças mais novas chamavam a atenção da avaliadora 
na maior parte do tempo, pediam sua afirmação ou atenção 
nas atividades. As crianças mais velhas pareciam mais 
independentes... as crianças maiores não apresentaram as 
funções de exibição, pedido de consentimento e pedido de 
rotina social, que são funções mais interativas e que requerem 
maior atenção e participação do ouvinte. Por outro lado, as 
crianças mais velhas contavam histórias, suas e dos livrinhos 
disponíveis (CERVONE; FERNANDES, 2005, p. 104).
Por que voltamos ao ponto do desenvolvimento de linguagem? - você poderia 
me perguntar. Porque, de forma bem sucinta e até reducionista, poderíamos 
dizer que a criança que aos dois anos não estiver expressando-se verbalmente,que aos três não faça troca de turno com seu interlocutor ou que aos cinco 
não estiver utilizando a linguagem em todas as suas formas, terá um atraso no 
desenvolvimento de linguagem.
37
Alterações de Linguagem Capítulo 3 
Uma criança 
com atraso no 
desenvolvimento de 
linguagem é aquela 
que se apresenta 
em uma fase do 
desenvolvimento 
de linguagem não 
condizente com sua 
idade, mas que as 
características que 
está apresentando 
não são diferentes da 
linguagem de uma 
criança mais nova.
Troca de turno com interlocutor: duas pessoas conversando são 
dois interlocutores. A passagem da fala de um para o outro é a troca 
de turno de interlocutores.
Simples assim? Não!
Teremos que considerar vários aspectos, como já vimos no início do capítulo.
Vejamos algumas nomenclaturas:
Atraso: a progressão da linguagem processa-se na sequência 
correta, mas em ritmo mais lento, sendo o desempenho semelhante 
ao de uma criança de idade inferior.
Dissociação: existe uma diferença significativa entre a evolução 
da linguagem e a das outras áreas do desenvolvimento.
Desvio: o padrão de desenvolvimento é mais alterado, verifica-
se uma aquisição qualitativamente anômala da linguagem. É um 
achado comum nas perturbações do espectro autismo. (SCHIMER 
et al., 2004).
Se levarmos esses conceitos em consideração, podemos então 
dizer que uma criança com atraso no desenvolvimento de linguagem 
é aquela que se apresenta em uma fase do desenvolvimento de 
linguagem não condizente com sua idade, mas que as características 
que está apresentando não são diferentes da linguagem de uma 
criança mais nova. Ou seja, ela está no processo de desenvolvimento 
de linguagem, só que atrasada.
Parece redundante, mas, para ficar mais claro, vamos aos 
sintomas:
38
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
• a criança compreende, mas não fala, ou sua fala é ininteligível;
• geralmente, não tem deficiência auditiva, deficiência mental, transtorno 
global do desenvolvimento, ausência dos órgãos fonoarticulatórios;
• geralmente sua brincadeira também é bastante empobrecida, em 
decorrência da ausência ou deficiência de interação com o adulto;
• quando quer pedir algo, aponta ou leva o adulto até o objeto desejado;
• fica nervosa ou furiosa quando não é atendida.
Uma criança com uma patologia associada que irá interferir no desenvolvimento 
de linguagem, como surdez, paralisia cerebral, autismo, etc., também pode apresentar, 
e é bem provável que apresente, um atraso no desenvolvimento de linguagem, mas 
nesse caso não diremos que é um atraso simples no desenvolvimento de linguagem, 
e sim associado à patologia causadora.
O atraso no desenvolvimento de linguagem não significa ausência 
da fala ou fala distorcida. Exemplo: é possível que uma criança com 
fisssura labiopalatal tenha algumas características de fala como fala 
soprosa e/ou nasalisada. Mas isto não caracteriza um atraso de 
linguagem, ela pode desenvolver a linguagem no tempo esperado.
Se pensarmos no atraso de desenvolvimento de linguagem em 
uma criança com desenvolvimento global adequado para sua idade, 
sem patologias associadas, poderíamos arriscar dizer que as possíveis 
causas desse atraso seriam a diminuição ou a ausência de estímulos, a 
superproteção familiar, a deficiência na interação entre adulto e criança 
e a falta de limites dos pais para a criança.
Vejamos o seguinte: por que uma criança irá pedir algo falando se, quando 
ela aponta, ganha de imediato o objeto de seu desejo? Você falaria?
“Por que eu vou falar? Se eu chorar todos vão me dar atenção e vão fazer o 
que eu quero”.
Por que uma criança 
irá pedir algo falando 
se, quando ela 
aponta, ganha de 
imediato o objeto de 
seu desejo? Você 
falaria?
39
Alterações de Linguagem Capítulo 3 
Atividade de Estudos: 
1) Caracterize uma criança com atraso no desenvolvimento de 
linguagem.
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a) Orientações para pais e professores de crianças com atraso no 
 desenvolvimento de linguagem
O fonoaudiólogo irá acompanhar essa criança, sua família e a escola; e você 
poderá auxiliar neste processo de orientação, seja na instituição ou na clínica.
A valorização da criança enquanto interlocutor e da linguagem 
enquanto meio de conhecer e atuar no mundo são tão 
essenciais para o desenvolvimento da linguagem quanto 
o oferecimento de padrões de fala corretos e hábitos orais 
adequados. (FERNANDES, 1998, p. 24).
Para que a pessoa que estamos orientando entenda o que deve ser feito, 
precisamos primeiro dar uma breve noção do desenvolvimento de linguagem, 
como acontece e a melhor forma de estimulá-la.
Precisamos explicar que a criança aprende, inclusive, a falar, 
através da brincadeira; que nós, adultos, aprendemos estudando, 
lendo, conversando com um amigo, etc., mas que a criança só aprende 
brincando e interpretando as coisas do dia a dia através da brincadeira.
Devemos orientar esta família a sentar-se na altura da criança e 
brincar com ela, com brincadeiras de faz de conta (casinha, fazenda, 
posto de gasolina,etc) , que estimulam a criança a falar, mesmo que 
seja apenas o som das coisas e dos animais.
Devemos orientar esta 
família a sentar-se na 
altura da criança e 
brincar com ela, com 
brincadeiras de faz 
de conta (casinha, 
fazenda, posto de 
gasolina,etc) , que 
estimulam a criança a 
falar, mesmo que seja 
apenas o som das 
coisas e dos animais.
40
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
O adulto deve falar corretamente com a criança, para que o modelo adequado 
de fala seja dado a ela, evitando usar diminutivos, pois repetir casa é mais fácil do 
que repetir casinha e pé do que pezinho.
Quando a criança pede as coisas apontando, não entregar imediatamente. 
Sempre perguntar o que ela quer, dando duas opções de resposta, por exemplo, “o que 
você quer? É o pão ou a bolacha? Porque, se apenas perguntamos o que ela quer, no 
início da aquisição da linguagem, a criança pode não saber a palavra correspondente 
àquele objeto, mas se dermos o modelo fica mais fácil para que ela repita.
Precisamos também explicar que não é na primeira emissão de fala que 
a criança irá falar a palavra corretamente, por exemplo, para bolacha, ela vai 
começar falando “bo” ou “acha”. E que isto é o processo de aquisição normal, 
mesmo que ela seja uma criança mais velha.
Desvio Fonético e Fonológico
Segundo Castro (2006, p. 33), “A aquisição dos sons da língua ocorre 
naturalmente e sem dificuldades, entretanto, para algumas crianças, essa tarefa é 
árdua. Trata-se das crianças que possuem o distúrbio fonológico”.
A aquisição dos fonemas segue padrões universais, e cada criança 
apresenta suas características individuais. A criança é ativa durante todo 
o processo, e é comum ocorrerem vários processos fonológicos (erros 
que acontecem durante a aquisição, que são normais) simultaneamente, 
sendo a fase de maior uso produtivo até os 4 anos.
O processo de aquisição e desenvolvimento do 
conhecimento fonológico ocorre de modo gradual até que 
haja o estabelecimento do sistema fonológico de acordo com 
a comunidade linguística em que a criança está inserida. A 
idade esperada para o término deste aprendizado ocorre 
por volta dos cinco anos, podendo estender-se dos quatro 
até, no máximo, os seis anos de idade (GRINDI-VIEIRA et 
al., 2004, p. 144).
Os processos fonológicos pertencem a diferentes categorias,como 
substituição, omissão ou distorção. Esses processos são considerados normais 
durante a fase inicial de aquisição de linguagem. 
Como exemplo, citamos uma criança de 2 anos de idade que fala /alala/ ao invés 
de /arara/. Ela está substituindo o /r/ pelo /l/. Outro exemplo de substituição seria /
xícara/ por /sícala/. Aqui a criança substituiu o /x/ pelo /s/ e o /r/ pelo /l/.
A aquisição dos 
fonemas segue 
padrões universais, 
e cada criança 
apresenta suas 
características 
individuais. Sendo 
a fase de maior uso 
produtivo até os 4 
anos.
41
Alterações de Linguagem Capítulo 3 
Um exemplo de omissão, também normal no início da aquisição da 
linguagem, seria a troca de /bolacha/ por /boacha/, ou de /guarda/ por /gada/.
As distorções acontecem quando a criança modifica um som, mas mesmo assim 
esse som, continua inteligível, apenas distorcido, como falar o /s/ com um chiado.
A dificuldade pode estar relacionada com a representação mental do som, 
com o armazenamento do som (quanto ao acesso e/ou recuperação) e/ou com a 
produção do som.
a) Desvio Fonético
Quando uma criança tem uma dificuldade de articulação 
envolvendo a produção da fala, manifestado por inabilidade em articular 
os sons, esta dificuldade é considerada fonética. Por exemplo, a criança 
que distorce o som, mas mesmo assim ele continua a ser entendido, 
como o “s” falado com a língua para fora dos dentes, ou jogando o ar da 
cavidade oral para as bochechas e não para os lábios.
As manifestações fonéticas manifestam-se principalmente por meio 
de distorções, ou seja, dificuldades na produção do som. A regra fonológica 
encontra-se respeitada.
Em resumo, a criança não troca os sons da fala por outros. Utiliza 
os corretos, mas com a articulação imprecisa ou distorcida.
b) Desvio Fonológico
Já as dificuldades de comunicação de ordem linguística, 
envolvendo a distinção dos sons usados para diferenciar o significado entre as 
palavras, são consideradas de ordem fonológica.
Para algumas crianças, o processamento das informações 
fonológicas acontece de maneira diferente do esperado. Essas 
crianças têm dificuldade na organização mental dos sons que 
ocorrem contrastivamente na língua, no estabelecimento do 
sistema fonológico alvo, bem como na adequação do input 
recebido. Estes casos são denominados desvio fonológico.
O desvio fonológico caracteriza-se pela desorganização, 
inadaptação ou anormalidade no sistema de sons da criança, 
em relação ao sistema padrão de sua comunidade lingüística, 
inexistindo quaisquer comprometimentos orgânicos. O quadro 
clínico é representado pela fala espontânea ininteligível em 
idade superior a quatro anos, condições de desenvolvimento 
global adequadas à sua faixa etária, nível cognitivo, 
Quando a criança 
tem uma dificuldade 
de comunicação 
envolvendo a 
produção da fala, 
manifestado por 
inabilidade em articular 
os sons da fala, 
esta dificuldade é 
considerada fonética.
As manifestações 
fonéticas manifestam-
se principalmente por 
meio de distorções, 
ou seja, dificuldades 
na produção do som. 
A regra fonológica 
encontra-se 
respeitada.
42
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
auditivo, psicomotor, normalidade anatomofisiológica do 
aparelho fonador e capacidades de linguagem expressiva e 
compreensiva bem desenvolvidas.
O desvio fonológico trata-se de um desvio (afastamento de 
uma linha), e não de uma desordem ou um distúrbio, no sentido 
de que a fala com desvios constitui um sistema fonológico, 
embora inadequado e afastado do esperado. Esse desvio é 
fonológico, de um dos componentes da linguagem, e não no 
nível articulatório. O desvio ocorre no desenvolvimento, como 
parte do processo de aquisição, e tem etiologia desconhecida, 
embora alguns trabalhos mostrem possíveis fatores influentes, 
como memória de trabalho, processamento auditivo e 
consciência fonológica.” (GRINDI-VIEIRA et al., 2004, p.145).
As alterações fonológicas manifestam-se principalmente por meio de 
omissões e /ou substituições, em que a criança omite ou substitui o som-alvo por 
outro presente em seu inventário fonético (CASTRO, 2004 apud CASTRO, 2006).
Alterações fonéticas e fonológicas podem ocorrer simultaneamente, 
comprometendo a articulação e o conhecimento internalizado do 
sistema de sons da língua. Tais crianças geralmente apresentam 
audição normal, assim como os aspectos cognitivos, emocionais e 
social (CASTRO, 2006, p. 32).
Os distúrbios fonológicos estão entre os mais frequentes distúrbios 
da comunicação em crianças. Afetam aproximadamente 10% da 
população, e 80% dos indivíduos apresentam distúrbio severo que 
requer tratamento (GIERUT, 1998 apud CASTRO, 2006).
As alterações 
fonológicas 
manifestam-se 
principalmente por 
meio de omissões 
e /ou substituições, 
em que a criança 
omite ou substitui o 
som-alvo por outro 
presente em seu 
inventário fonético.
Caro(a) Pós-graduando(a), para facilitar a compreensão 
dos processos fonológicos, adaptei o quadro usando o grafema 
correspondente ao fonema.
Quadro 4 – Processos fonológicos usuais no desenvolvimento normal
Processos fonológicos Exemplo
Redução de sílaba /xícara/ → /xíca/
Harmonia consonantal /macacu/ → /cacacu/
Plosivização de fricativa /sapu/ → /tapu/
Posteriorização para velar /tatu/ → /kaku/
Posteriorização para palatal /sapu/ → /xapu/
Frontalização de velar /karu/ → / taru/
Frontalização de palatal /xavi/ → /savi/
43
Alterações de Linguagem Capítulo 3 
Simplificação de líquida /kara/ → /kaya/
Simplificação de consoante final /iskola/ → /ikola/
Simplicação do encontro consonantal /pratu/ → /patu/
Fonte: Adaptação de Castro(2006).
Quadro 5 – Processos fonológicos não usuais no desenvolvimento normal
Processos fonológicos Exemplo
 não usuais 
Sonorização de plosivas /patu/ → /batu/
Sonorização de fricativas /faca/ → /vaca/ /selu/ → /zelu/
Ensurdecimento de plosivas /bolu/ → /polu/ /dadu/ → /tatu/
Ensurdecimento de fricativas /vasu/ → /fazu/
Fonte: Adaptação de Castro(2006).
Velleman (2002) apud Castro (2006) alertou que as palavras derivam sua 
estrutura não somente dos sons que as incluem, mas também da organização desses 
sons dentro da palavra. A criança pode produzir consoantes e vogais adequadas à 
idade, mas nem sempre é hábil para produzí-las nas configurações requeridas pela 
língua, como consoante final, encontros consonantais, palavras multissilábicas.
Atividade de Estudos: 
1) Dê exemplo de fala de uma criança com desvio fonético e um 
exemplo de fala de criança com desvio fonológico.
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 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
c) Orientações para pais e professores de crianças com desvio fonético 
 ou fonológico
O tratamento das alterações fonéticas e/ou fonológicas deve ser realizado 
pelo fonoaudiólogo, mas algumas orientações são úteis para facilitar a aquisição 
dos fonemas, e a principal delas é falar corretamente com a criança.
Para facilitar a aquisição de linguagem, o adulto deve falar as 
palavras corretamente e não usar diminutivos, como já foi colocado 
nas orientações de linguagem. Uma estratégia que a família e o 
professor podem usar para auxiliar a criança a perceber que está 
falando errado é a seguinte: quando a criançatrocar sons na fala, o 
adulto deve fazer expressão de dúvida, repetindo a palavra exatamente 
como a criança falou, para que ela possa ouvir a sua produção, e 
esperar que ela se corrija. Se a mesma não conseguir, você então fala a palavra 
correta para que a criança tenha um modelo de fala para copiar.
É importante observar que, se a criança se aproximar do período de 
alfabetização e não estiver falando corretamente, deve ser encaminhada a um 
fonoaudiólogo, para que seja avaliada. A linguagem escrita tem relação direta com 
a falada, e uma alteração na fala pode interferir neste processo.
Algumas crianças ficam irritadas quando pedimos que elas repitam a palavra 
correta. Se este for o caso da sua criança, basta repeti-la corretamente que, 
aos poucos, juntamente com o trabalho terapêutico do fonoaudiólogo, ela vai 
adequando sua fala ao modelo dado pelo adulto.
Para facilitar a 
aquisição de 
linguagem, o adulto 
deve falar as palavras 
corretamente e não 
usar diminutivos.
Gagueira
Na fluência, há uma transição articulatória de um fonema a outro, com 
regularidade e facilidade.
Todos nós já ficamos disfluentes em algum momento da nossa vida, quando 
ficamos nervosos, quando tivemos que falar em público, dar uma explicação, ou 
quando mentimos. Você já se percebeu disfluente? Qual foi a sensação?
a) Fluência
Há um período na vida da criança, entre dois e quatro anos de idade, em 
que ela pode apresentar fala disfluente. Isso acontece em momentos em que 
45
Alterações de Linguagem Capítulo 3 
ela quer contar algo, pois o pensamento ainda é mais rápido que a capacidade 
articulatória, e a organização do discurso está se desenvolvendo. Na maioria das 
vezes, a criança não percebe que está gaguejando.
Tendo em vista que 80 por cento das crianças 
com gagueira conseguem se recuperar 
espontaneamente, a recomendação usual para 
um pai preocupado costumava ser, até pouco 
tempo atrás, ter calma e esperar. O problema é que 
esperar pode ser muito desvantajoso para crianças 
que se beneficiariam da intervenção precoce. Hoje, 
a maioria dos especialistas em fluência recomenda 
que os pais procurem tratamento especializado 
caso a criança esteja gaguejando por mais de 6 
meses, principalmente se for algo que a incomode. 
(CHANG, 2008, p. 1333-1344)
b) Gagueira
Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), a gagueira é 
caracterizada como um distúrbio ou transtorno de fluência de fala, com o código 
F98.5. Muitas pessoas acreditam que a gagueira é um distúrbio emocional ou 
psicológico, em virtude de sua intensidade variar e da existência de momentos de 
fluência.
Mas, com o uso moderno de neuroimagem, em exames funcionais, pode-se 
constatar cientificamente que pessoas que gaguejam e pessoas fluentes exibem 
claras diferenças nos padrões de atividade no cérebro durante a produção da 
fala. Além disso, pessoas que gaguejam também exibem sutis déficits estruturais 
envolvendo primariamente áreas do hemisfério esquerdo responsáveis pela 
produção da fala fluente. (CHANG, 2008).
Então, o senso comum de que a gagueira é causada por um susto, stress, 
por pais rígidos, etc, está sendo desmistificado graças a exames objetivos de 
neuroimagem.
Podemos pensar na gagueira como um sintoma de linguagem que carrega 
sofrimento e não apenas uma fala que se interrompe no fluxo do tempo 
(OLIVEIRA; FRIEDMAN, 2006).
Algumas características:
1. esforço físico durante a fonação;
2. estado de ansiedade, tensão e medo, em relação à fala;
Hoje, a maioria dos 
especialistas em 
fluência recomenda 
que os pais 
procurem tratamento 
especializado caso 
a criança esteja 
gaguejando por 
mais de 6 meses, 
principalmente se for 
algo que a incomode.
46
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
3. conflitos em relação à fala;
4. alterações fisiológicas durante a fonação, como: suor exagerado, 
alteração das batidas cardíacas;
5. dificuldade em manter o contato visual durante a fala;
6. nas palavras que considera difícil, uso de sinônimos, e às vezes, mudança 
até do conteúdo da mensagem;
7. desenvolvimento de manias, como passar a mão no rosto quando falar, 
ter sempre algo na mão;
8. fazer expressões corporais de sofrimento, como torcer as mãos, bater na 
mesa, bater um dos pés no chão.
CARACTERIZAÇÃO DA GAGUEIRA
O problema central na gagueira consiste em uma dificuldade do 
cérebro para sinalizar o término de um som ou uma sílaba e passar 
para o próximo. Desta forma, a pessoa consegue iniciar a palavra, 
mas fica presa em algum som ou sílaba (geralmente o primeiro) 
até que o cérebro consiga gerar o comando necessário para dar 
prosseguimento com o restante da palavra.
Acredita-se que as estruturas cerebrais envolvidas com a 
gagueira sejam os núcleos da base, os quais são envolvidos com a 
automatização de tarefas (dirigir, calcular, escrever, falar, etc). 
Em relação a fala, os núcleos da base atuam principalmente 
em situações de fala espontânea. O envolvimento dos núcleos 
da base tendem a diminuir em situações que não envolvem 
fala espontânea (exemplos, falar com animais, com crianças 
pequenas, sozinho), e é por isso que estas situações geralmente 
induzem a fluência em pessoas que gaguejam.
A dificuldade do cérebro em gerar comandos para terminar um 
som ou sílaba no tempo previsto manifesta-se externamente como 
bloqueios, prolongamentos e/ou repetições de sons e sílabas.
A dificuldade do 
cérebro em gerar 
comandos para 
terminar um som 
ou sílaba no tempo 
previsto manifesta-
se externamente 
como bloqueios, 
prolongamentos e/ou 
repetições de sons e 
sílabas.
47
Alterações de Linguagem Capítulo 3 
A gagueira é então, um distúrbio neurológico e as variações 
de fluência podem ser explicadas pelo maior ou menor 
envolvimento dos núcleos da base na fala. 
A gagueira é involuntária, ou seja, a pessoa que gagueja não 
tem controle sobre a sua fala e não consegue evitar a ocorrência da 
gagueira, por mais que se esforce.
Além dos sinais esternos, a gagueira está associada com grande 
sofrimento interno, porque a pessoa tem o que falar, sabe o que falar, 
mas não consegue. Interfere na comunicação e nos desempenhos 
escolar e profissional.
Fonte: Disponível em: <http://www.gagueira.org.br/conteudo.
asp?id_conteudo=29>. Acesso em: 20 jan. 2016.
A gagueira é 
então, um distúrbio 
neurológico e é 
involuntária
c) Orientações aos Professores 
Os professores normalmente tem dúvidas sobre como proceder com crianças 
que gaguejam. Diante disso, apresentamos a seguir algumas orientações. Veja:
ORIENTAÇÕES AOS PROFESSORES: A 
CRIANÇA QUE GAGUEJA NA ESCOLA
Criança na pré escola e jardim de infância: Todas as crianças 
nessa faixa de idade estão ativamente aprendendo a falar, e é natural 
que cometam erros de fala, como hesitações/ disfluências. Algumas 
apresentam mais do que outras e isso é normal. Se você estiver 
preocupado quanto a possibilidade de gagueira em uma dessas 
crianças, não deixe que ela perceba qualquer atenção especial neste 
momento. Ao invés disso, procure um fonoaudiólogo especializado 
em gagueira para receber orientações e sugestões.
A criança do ensino fundamental: Nesta faixa de idade, há 
crianças que não somente repetem e prolongam os sons, mas também 
que fazem esforço e ficam tensas e frustradas com suas tentativas de 
falar. Elas precisam de ajuda. Sem a ajuda necessária, é provável que 
a gagueira afete negativamente seu desempenho em sala de aula. 
Fale com os pais, e sugira que procurem um fonoaudiólogo.
48
 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Os professores frequentemente tem dúvidas sobre como agir 
com uma criança que gagueja em sala de aula. Ela deve ser cobrada 
para fazer apresentações orais, ler em voz altaou responder 
perguntas? O professor deve comentar com a criança a respeito de 
sua fala ou simplesmente ignorar? 
Fale com a criança - mostre seu apoio: Normalmente, é 
aconselhável que você converse com a criança de forma reservada. 
Explique a ela que quando falamos às vezes cometemos erros 
(assim como acontece com outras tarefas). Nós nos atrapalhamos 
com os sons, repetimos palavras e nos confundimos com elas. Com 
a prática, melhoramos. Explique que você está lá para ajudá-la. Falar 
com a criança desta forma permitirá que ela saiba que você esta 
ciente da dificuldade e que a compreende e aceita.
Responder oralmente à perguntas: Ao fazer perguntas em 
sala de aula, é possível adotar certos procedimentos para tornar a 
situação mais fácil para a criança que gagueja:
– Até que ela se ajuste a turma, faça perguntas que possam ser 
respondidas com poucas palavras.
– Se cada criança tiver que responder uma pergunta, chame a 
criança que gagueja no início, porque a tensão e a ansiedade podem 
aumentar a medida que ela espera sua vez.
– Informe a classe que eles terão o tempo que precisarem para 
responder às questões e que você quer que raciocinem antes de 
responder e não apenas que respondam rapidamente.
Leitura em voz alta: A maioria das crianças que gaguejam são 
fluentes quando lêem em uníssono com outras. Ao invés de chamar 
a criança que gagueja, permita que leia junto com outra criança.
Permita que a classe inteira leia em duplas algumas vezes, 
para que a criança que gagueja não fique se sentindo especial. 
Gradualmente, ela pode se sentir mais confiante e conseguir ler em 
voz alta por conta própria.
As ridicularizações: As ridicularizações podem ser muito 
dolorosas para a criança que gagueja e devem ser eliminadas o mais 
rápido possível. Ajude a criança a entender porque os outros reagem 
assim e sugira formas de responder assertivamente às provocações.
49
Alterações de Linguagem Capítulo 3 
Sugestões para falar com a criança que gagueja:
– Não diga para a criança falar mais devagar ou relaxar.
– Fale com a criança de forma calma, sem pressa, pausando 
frequentemente. Antes de começar a falar, ouça a criança até 
o fim e espere alguns segundos após ela ter concluído aquilo 
que queria dizer. Isso desacelerará o ritmo geral da conversa.
– Ajude todos os alunos da classe a aprender que há momentos 
de falar e momentos de escutar. Todas as crianças, 
especialmente aquelas que gaguejam, acham mais fácil falar 
quando há poucas interrupções e quando tem a atenção dos 
ouvintes.
– Use expressões faciais, contato visual e outras formas de 
linguagem corporal para comunicar à criança que você está 
prestando atenção ao conteúdo da mensagem e não somente 
à forma como ela está falando.
– Não subestime a criança. Espere a mesma qualidade e 
quantidade de trabalhos por parte das crianças que gaguejam.
– Procure reduzir as críticas, padrões rápidos de fala e 
interrupções.
– Não complete as palavras para a criança, nem fale por ela.
– Converse individualmente com o aluno que gagueja sobre 
as modificações necessárias para sua adaptação em sala de 
aula. Respeite suas necessidades, sem subestimá-lo.
– Não torne a gagueira algo vergonhoso. Fale sobre a gagueira 
como se estivesse falando sobre qualquer outro assunto.
Fonte: Disponível em: <http://www.gagueira.org.br/conteudo.
asp?id_conteudo=118>. Acesso em: 25 jan. 2016.
Para mais informações sobre a gagueira, acesse o site do 
Instituto Brasileiro de Fluência, que contém muitos artigos científicos. 
<www.gagueira.org.br>.
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 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
Atividade de Estudos: 
1) Quais as primeiras providências a tomar quando você percebe 
que seu aluno está gaguejando?
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Afasia
Para você entender o que é a afasia, vamos começar estudando a afasia no 
adulto, que não é uma doença rara ou nova, mas é ainda pouco conhecida pela 
população e até mesmo no meio acadêmico.
a) Afasia no adulto
Em um conceito simplificado, a afasia é uma alteração de linguagem, em 
decorrência de um dano neurológico.
A afasia ou disfasia é uma patologia de linguagem, classificada no CID 10 com 
o código R47.0, e caracteriza-se por dificuldades na comunicação após um insulto 
neurológico, podendo a dificuldade apresentar-se na linguagem oral e/ou escrita.
Então vamos aos conceitos:
Joanette et al. (1995, p. 3), define afasia como:
Dificuldade para entender a linguagem dos outros, encontrar 
o nome das coisas, produzir sua própria linguagem, organizar 
o conjunto dos comandos motores responsáveis pela boa 
articulação das palavras: esses são alguns dos sinais 
possíveis desse tipo de comprometimento; é o conjunto de 
perturbações da linguagem oral e/ou escrita que acompanha 
uma lesão cerebral que designamos com o termo afasia.
Joanette et al., 1995, 8, também diz que: “A afasia não afeta o indivíduo 
em sua própria essência, quer dizer, no nível de seu pensamento. A afasia afeta 
principalmente o instrumento de comunicação a serviço deste pensamento.”
51
Alterações de Linguagem Capítulo 3 
A afasia não afeta o pensamento ou a inteligência do sujeito acometido e sim a 
capacidade de expressar-se através da fala. Em alguns casos, afeta a capacidade 
de entender as palavras que escuta. Alguns relatos sugerem que o afásico escute 
sua língua materna como se estivesse ouvindo uma língua estrangeira nunca 
ouvida antes, as palavras não fazem sentido. Por isso, na maioria das vezes, tem-
se a impressão de que o raciocínio está afetado, pois o mesmo não consegue 
entender ou fazer-se entender.
Se falarmos com o sujeito afásico por meio de gestos, ele nos 
responderá com coerência, pois não terá que usar palavras.
Alguns afásicos também terão problemas com a linguagem escrita, pois ao 
perder a lembrança das palavras ouvidas, também perdem sua representação 
gráfica. Alguns conseguem escrever somente seu nome.
A afasia tem sido definida como a perda ou debilidade da 
função da linguagem causada por um prejuízo no cérebro. Ela 
é um enfraquecimento, devido a lesão cerebral, da capacidade 
para interpretar e formular símbolos linguísticos. A afasia é uma 
desordem multimodal (isto é, manifestada por dificuldades em 
falar, ler e escrever) e envolve uma redução na capacidade 
de decodificar (interpretar) e codificar (formular) elementos 
linguísticos com significado, (por exemplo, palavras e unidades 
sintáticas maiores, tais como as sentenças). O paciente afásico 
tem debilitada a compreensão, a formulação e a expressão da 
linguagem. (MURDOCH, 1997, p. 42).
Mas o que causaria esses distúrbios no cérebro?
As principais doenças do sistema nervoso que produzem distúrbios da 
linguagem são as doenças cerebrovasculares (conhecidas como derrame ou AVC), 
desordens neoplásicas (tumores benignos ou malignos), traumatismo craniano, 
condições tóxicas (drogas lícitas ou ilícitas, álcool), doenças degenerativas (Doença 
de Alzheimer, Parkinson, Esclerose múltipla, etc), e doenças infecciosas.
Lesão neurológica, ou cerebral, ou encefálica (podem ser 
usadas as três nomenclaturas), é a mesma coisa, só muda o nome.
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 Linguagem e Fonoaudiologia em Psicopedagogia
O homem que confundiu sua mulher com um chapéu. É um 
livro no qual o autor descreve em forma de contos, com linguagem 
simples e divertida, vários casos de distúrbios neurológicos, entre 
eles a afasia. Vale a pena ler!
SACKS, O. O homem que confundiu sua mulher com um 
chapéu. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
As afasias têm

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