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ONDE ESTÃO OS NOSSOS DIREITOS_ (2)

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AUTISMO: ONDE ESTÃO OS NOSSOS DIREITOS?
Acadêmica Débora Stahlhöfer
Coordenador Técnico Eduardo Kucker Zaffari
Ulbra polo São Jerônimo/novembro/2022
AUTISMO: ONDE ESTÃO OS NOSSOS DIREITOS?
Débora Stahlhöfer
2022
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo apresentar a contextualização histórica e caracterização do Transtorno do Espectro Autista, a importância da detecção precoce e consequente intervenção para que seja atingido um grau viável de interação deste indivíduo com o meio onde vive, e por fim, a busca pelos “Direitos garantidos em Lei”, tendo em vista o aumento na incidência de casos e os mitos gerados em cima disso. Segundo os ditos populares, o “autismo está na moda”, tudo é autismo agora! Será?
O que de fato tem feito aumentar os casos de autismo? Você faz ideia?
No decorrer deste artigo, vamos responder todas estas perguntas, da contextualização histórica, da maior incidência de casos, da importância do diagnostico precoce e das nossas leis. Leis estas que garantem os DIREITOS DA PESSOA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA.
PALAVRAS-CHAVE: AUTISMO, EDUCAÇÃO ESPECIAL, DIREITOS
INTRODUÇÃO
Está cada vez mais é frequente de conhecer alguma criança com autismo. Mas porque esta condição tornou-se mais frequente do que antigamente? O que aconteceu? Será se foi agrotóxico? Seria as telas de televisão, videogames, celulares e tablets? 
Não, na verdade, tudo isto é mito! Na verdade, a causa do aumento de casos foi simples e unicamente, a precisão do diagnóstico com a reforma psiquiátrica, a melhora nos critérios para o transtorno do espectro autista (TEA) e, principalmente o maior treinamento das equipes multiprofissionais que atendem autismo.
Segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), o autismo afeta cerca de 1% da população mundial, tendo maior incidência sobre pessoas do sexo masculino. Avanços no quadro clínico do autista dependem de intervenção terapêutica precoce, que deve ser individualizada e pode se estender por toda a vida do indivíduo. A meta é habilitá-los a desempenhar atividades cotidianas de modo ativo e independente.
De acordo com um estudo feito com famílias norte americanas, mães que compartilham o seu dia a dia com filhos autistas tem níveis de estresse elevados, chegando a ser comparados com o estresse crônico de soldados combatentes. Segundo o estudo publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders, as mães que convivem com o autismo dos filhos têm aproximadamente duas horas a mais de cuidados com as crianças do que mães que não convivem com o transtorno.
Ainda foi verificado que mães com filhos autistas, apresentam duas vezes mais chances de estarem cansadas e três vezes mais probabilidades de terem crises de estresse, sem contar outros itens que podem ser afetados a longo prazo mais que não entraram nos estudos, pois segundo os responsáveis, é desconhecido o efeito sobre a saúde física dessas mães, já que o elevado estresse pode afetar o nível de glicose, o funcionamento do sistema imunológico e a atividade mental. 
Ademais, segundo dados do Instituto Baresi, de 2012, indicam que, no Brasil, cerca de 78% dos pais abandonaram as mães de crianças com deficiências e doenças raras antes dos filhos completarem 5 anos de vida e apesar da falta de estatísticas específicas sobre o assunto no Brasil, para quem vivencia o dia a dia do universo das mães atípicas, o cenário é triste e assustador.
No decorrer de 2020, tivemos notícias de mães atípicas que cometeram suicídio; outras mataram seus filhos com deficiência e depois se suicidaram e, mais recentemente, soube-se de mulheres que faleceram por mortes naturais e seus filhos com deficiência ficaram dias e dias (os que sobreviveram) sem nenhum cuidado, o que é demasiadamente assustador.
Em 19 de julho de 2022, morreu uma mulher queimada viva em praça pública no México. Essa mulher havia sido ameaçada pelo seu vizinho pelos barulhos que seu filho autista fazia durante o dia e a noite.
Os desafios diários de uma mãe atípica, passando pelo ir e vir das salas de esperas, das cobranças dos profissionais enfatizando a maneira que seus filhos deverão ser tratados, os desafios diários como alimentação, escovar os dentes, trocar de roupa, amarrar sapato, mochila... Dormir com o olho aberto porque o filho (a) acorda a noite e se coloca em risco.
HISTÓRICO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)
· O termo autismo foi criado em 1908 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler para descrever a fuga da realidade para um mundo interior, observado em pacientes esquizofrênicos.
· Leo Kanner, um psiquiatra austríaco radicado nos Estados Unidos, um dos pioneiros nas pesquisas sobre autismo, achava que tinha descoberto a causa do autismo no ano de 1943. Segundo Kanner, o autismo era causado por ter uma “mãe-geladeira”, que seriam mulheres bravas e autoritárias, que teriam problemas em acolher e amar o filho.
· No ano de 1944, Hans Asperger escreve o artigo “A Psicopatia autista na Infância”, destacando a ocorrência preferencial em meninos, que apresentam falta de empatia, baixa capacidade de fazer amizades, conversação unilateral, foco intenso e movimentos descoordenados.
· No ano de 1952, é publicada a primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais DSM-1 pela Associação Americana de Psiquiatria, “manual que fornece as nomenclaturas e os critérios padrão para o diagnóstico dos transtornos mentais estabelecidos regularmente, e é referência mundial para pesquisadores e clínicos do segmento”. 
· Durante os anos 50, houve muita confusão sobre a natureza do autismo, e a crença mais comum que era a teoria criada por Leo Kanner, da “mãe geladeira”.
· Nos anos 60, crescem as evidências em todo o mundo, sugerindo que o autismo era um transtorno cerebral que acometia desde a infância e era encontrado em todos os grupos socioeconômicos e étnico-raciais. 
· Em 1965, Temple Gradin cria a “Máquina do Abraço”, aparelho que simulava um abraço e acalmava as pessoas com autismo. Diagnosticada com Síndrome de Asperger, Temple Gradin ministra palestras pelo mundo todo, explicando a importância de ajudar crianças com autismo a desenvolver suas potencialidades.
· O marco da nossa história ocorreu em 1975 com a Declaração dos Direitos das Pessoas Com Deficiência que reafirmava a fé nos direitos humanos, nas liberdades fundamentais e nos princípios de paz e dignidade. Até esta data, infelizmente, a pessoa com deficiência não tinha amparo legal. 
· No ano de 1978, o psiquiatra Michael Rutter Classifica o autismo como um distúrbio do desenvolvimento cognitivo, criando um marco na compreensão, propondo alguns critérios como definição, tais como, atraso na fala, falta de interação social, problemas na comunicação, deficiência intelectual, comportamentos incomuns, tais como movimentos estereotipados e maneirismos.
· Em 1980, a definição inovadora de Michael Rutter e a crescente produção de pesquisas cientificas sobre o autismo influenciam a elaboração do DSM-3. O Transtorno do Espectro Autista é reconhecido pela primeira vez como sendo uma condição específica e foi colocado em uma nova classe, a dos transtornos Invasivos do Desenvolvimentos (TID).
· Em 1981, a psiquiatra Lorna Wing desenvolve o conceito de autismo como um espectro e cunha o termo de Síndrome de Asperger, em referência a Hans Asperger. Ela defendeu uma melhor compreensão e serviços para indivíduos com TEA e suas famílias. Fundou a National Autistic Society, juntamente com Judith Gold, e o Centro Lorna Wing.
· No ano de 1988, foi lançado o primeiro filme comum personagem com autismo, “Rain Man”. Embora o filme tenha sido fundamental para a conscientização e sensibilizar a opinião pública sobre o transtorno, ele também contribuiu para a interpretação incorreta do transtorno, até os dias de hoje, a sociedade ao se deparar com um autista, logo remete a uma pessoa extremamente inteligente, o que de fato só acontece quando a pessoa além do TEA, possui “Savant” (disfunção cerebral rara em que a pessoa apresenta aptidões altamente desenvolvidas em certasáreas). É fato que, o autismo e a deficiência intelectual têm sido considerados virtualmente inseparáveis. Na década de 1980, 69% das pessoas com diagnóstico de autismo também tiveram diagnóstico de retardo mental. 
· Ainda no ano de 1988, a revista Lancet publicou um artigo surreal do cientista Andrew Wakefield, no qual afirmava que algumas vacinas poderiam causar autismo. Tal estudo foi totalmente desacreditado por vários cientistas e descartado. Infelizmente, em maio de 2014, o cientista perdeu seu registro médico. A revista Lancet também se retratou, por óbvio, retirando o estudo de seus arquivos pela falta de comprovação dos resultados. (“Marcos Históricos - Autismo e Realidade”) Mais de 20 estudos seguintes mostraram que a associação da vacina ao autismo não tem fundamento.
· Em 1994, avaliam-se novos critérios para o autismo em um estudo internacional, sendo que, mais de mil casos analisados. Os sistemas do DSM-4 e da CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) tornaram-se equivalentes para evitar confusão entre pesquisadores e clínicos. A Síndrome de Asperger é adicionada ao DSM, ampliando o espectro do autismo, que passa a incluir casos mais leves, em que os indivíduos tendem a ser mais funcionais.
· No ano de 2007 ONU instituiu o dia 2 de abril como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo para chamar atenção da população em geral para importância de conhecer e tratar o transtorno, que afeta cerca de 70 milhões de pessoas no mundo todo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Enfim, no ano de 2018, o dia 02 de abril, passa a fazer parte do calendário brasileiro oficial, assim, temos o Dia Nacional de Conscientização sobre o autismo.
CARACTERIZAÇÃO DE INDIVÍDUOS ACOMETIDOS PELO TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
A classificação do autismo é feita pelo nível de suporte que a pessoa necessita, que pode ser um suporte leve, moderado ou severo, que visa orientar os profissionais sobre as intervenções adequadas a cada caso específico.
Geralmente, os indivíduos classificados no nível (1) de suporte, apresentam interesses restritos, falta de socialização, entre outros (...) já os classificados em nível (2) de suporte, possuem acentuada dificuldade em comunicação verbal e não verbal, apresentam frustração ao mudar a rotina, bem como, necessitam de ajuda para interagir socialmente. Os indivíduos classificados em nível (3) de suporte, requerem atenção contínua devido ao déficit de comunicação, interação extremamente limitada, reação às mudanças com consequente auto-mutilação.
O autista clássico tem muita dificuldade em usar adequadamente o contato visual, expressão facial, ou corporal, com isso, desenvolve extrema dificuldade no desenvolvimento de relações de companheirismo, afeição por outras pessoas em caso de tensão ou ansiedade e não compartilha sua satisfação com relação ao sentimento de prazer ou felicidade, levando-o com isso a não possuir reciprocidade social nem emocional.
Os transtornos alimentares, característicos do autista, reforçam seu comportamento antissocial inadequado e consequentemente, corroboram para o desenvolvimento de doenças nutricionais metabólicas.
A irregularidade do sono, comum no TEA, leva a um impacto significativo na qualidade de vida da criança e de sua família, visto que o perfil qualitativo e quantitativo do sono de crianças com TEA é diferente das crianças neurotípicas. Este quadro leva a um maior nível de estresse e ansiedade e, intensifica os sintomas-alvo do transtorno com a redução da capacidade cognitiva e
adaptação funcional, fazendo com que tenha maior irritabilidade e assim, piora dos casos em que existe a deficiência intelectual associada.
Dentro da caracterização do TEA, finalmente, mas não menos importante, apresentam-se os distúrbios de aprendizagem, que contribuem consideravelmente para o comportamento estereotipado do indivíduo. Sua condição do neurodesenvolvimento, em geral, o impede de aprender e de se apropriar adequadamente do conhecimento acadêmico. Alguns apresentam uma grande capacidade de decorar, também tem um nível de inteligência superior à de seus pares, mas apresentam baixo rendimento escolar, o que é bem típico do transtorno, principalmente quando vem acometido da deficiência intelectual, que quando não tratada, persiste de uma série para a outra, levando a problemas emocionais e consequentemente à inadequação ao ambiente escolar.
LEIS QUE GARANTEM OS DIREITOS DOS AUTISTAS
· Recentemente, no ano de 2012, foi sancionada a Lei 12.764, também conhecida como Lei Berenice Piana, institui os direitos dos autistas e suas famílias. A legislação, levou este nome em homenagem a mãe de um jovem autista que lutou incansavelmente pela causa até que sua luta obteve êxito. A lei supramencionada, determina que pessoas com transtorno do espectro autista são consideradas, para todos os efeitos legais, pessoas com deficiência.
· Graças a Berenice Piana, todos os direitos conquistados e garantidos as pessoas com deficiência, passaram a ser assegurados a quem está no espectro do autismo. Salientando que é uma lei federal, válida em todo o território nacional.
· Focando no tratamento da pessoa com autismo em 2013 foi lançado o Manual de “Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo”. No sistema único de saúde – SUS, foram criados os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para atender os autistas. No mesmo ano, o ministério da saúde lançou o manual de “diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com transtornos do espectro do autismo” que consiste no resultado da conjunção de importante dizer que, mudanças comportamentais verdadeiras só ocorrem com o desenvolvimento e envolvimento da humanidade. Tem que haver emprenho da sociedade com o nosso governo.
· O DSM-5 passa a abrigar todas as subcategorias do autismo em um único diagnóstico: Transtorno do Espectro Autista (TEA). As pessoas são agora diagnosticadas em um único espectro com diferentes níveis de gravidade. A Síndrome de Asperger não é mais considerada uma condição separada e o diagnóstico para autismo passa a ser definido por dois critérios: as deficiências sociais e de comunicação e a presença de comportamentos repetitivos e estereotipados.
· No ano de 2014 um estudo realizado sobre as causas do autismo revela que os fatores ambientais são tão importantes quanto a genética para o desenvolvimento do transtorno. Fato que contrariou estimativas anteriores, que atribuíam à genética cerca de 80% a 90% do risco do desenvolvimento de TEA. Neste estudo, foram acompanhadas mais de 2 milhões de pessoas na Suécia entre 1982 e 2006, com avaliação de fatores como complicações no parto, infecções sofridas pela mãe e o uso de drogas antes e durante a gravidez.
· No ano de 2015 foi a vez de ser sancionada a Lei 13.146, que cria o Estatuto da Pessoa com Deficiência, e aumenta a proteção aos portadores de TEA ao definir a pessoa com deficiência como “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial”. O Estatuto é um símbolo importante na defesa da igualdade de direitos dos deficientes, do combate à discriminação e da regulamentação da acessibilidade e do atendimento prioritário.
· Além de toda legislação exposta, não podemos esquecer da nossa carta maior: a Constituição Federal de 1988 que determina que é competência da União, Estados, Distrito Federal e municípios cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência. É vedado o tratamento desumano ou degradante.
· O Home Care (atendimento domiciliar) é previsto pela Lei 7.853/89 e pelo Decreto Federal 3.298/99 para a pessoa com deficiência grave que necessite de cuidados especiais.
· A Lei orgânica 8.080/90, determina o acesso dos cidadãos à saúde por meio do SUS. Tem que ter na política de medicamentos, profissionais, insumos, entre outros.
· Salienta-se que, a criança com espectro autista tem direito ao tratamento indicado pelo médico por meio do SUS e dos planos de saúde. "Caso o tratamento indicado, comoterapias mais modernas, aba/denver, não estiverem disponibilizadas na rede credenciada do plano de saúde, a criança poderá realizar o tratamento em clínica particular. 
· Além da saúde, o amparo legal se estende a educação. O Decreto 3.298/00 em seu artigo 26 assegura o atendimento pedagógico à pessoa com deficiência internada em instituição. E o direito à educação é assegurado a pessoa com deficiência por meio da Lei 9.394/06 e Decreto 5.296/04 que determina condições especiais de acesso e utilização de todos os ambientes escolares: salas de aula, biblioteca, laboratório…, em escolas particulares ou públicas.
· Vem corroborar a Lei 12.764/12 definindo o acesso à educação para a pessoa com autismo, inclusive o ensino profissionalizante. Nos casos em que é comprovada necessidade, a pessoa autista terá direito a um acompanhante especializado. “Salientando que não basta a vontade dos pais, o texto descreve comprovada necessidade”.
· Além da saúde e educação, a pessoa com autismo tem direito a um percentual dos cargos e empregos públicos pela Lei Federal 8.112/90.
· Na iniciativa privada, a Lei Federal 8.213/91 prevê que qualquer empresa com 100 ou mais empregados está obrigada a preencher a 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitadas ou com deficiência habilitada.
· Também no ano de 2019, a Rede Gaúcha Pró-Autismo (RGPA) que é um movimento de associações no estado do Rio Grande do Sul, atualmente com 52 associações fazendo parte deste nobre projeto, que tem por objetivo compartilhar experiências no universo de ações e construções que envolvem o acolhimento de pessoas com autismo e suas famílias. A RGPA, em notável trabalho de união das entidades que a compõe, idealizou e elaborou o texto da Lei Estadual n° 15.322/2019, que institui a Política de Atendimento Integrado à Pessoa com Transtorno do Espectro Autista no Estado do rio Grande do Sul, conhecida como Lei Gaúcha Pró-Autismo.
· No ano de 2019, no âmbito Federal, foi sancionada a Lei 13.861/19, que obriga o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a inserir no CENSO 2020 perguntas sobre o autismo. A ideia era que, com essas informações, fosse possível saber quantas pessoas no Brasil apresentavam este transtorno, e como elas são distribuídas pelo território nacional.” Porém, o formulário com autismo abrange cerca de 10% dos domicílios”. 
O IBGE explicou que o estudo é feito com os questionários "universo" e "de amostra". Também chamado de "questionário básico", o primeiro é aplicado a cerca de 90% dos domicílios visitados pelos recenseadores, com 26 questões sobre assuntos como idade, sexo, raça, alfabetização, saneamento básico etc. O outro é aplicado para os outros 10%, o que representa mais de 7,5 milhões de casas no país, conforme o instituto. Considerada a versão "ampliada" da pesquisa, ela agrega as perguntas do questionário básico com outros temas como fecundidade, religião, deficiência, deslocamento para estudo, trabalho, mortalidade e autismo. 
Os recenseadores não têm autonomia e esses dois formulários aparecem em seus dispositivos de forma aleatória, o que impossibilita a escolha de qual será aplicado mesmo que o entrevistado queira participar da versão mais detalhada. “se pegar 11% de pessoas que não têm autismo? A pesquisa censo aleatória, não terá dados precisos da quantidade de autistas que têm no Brasil, e cá entre nós, não seria interessante, financeiramente falando, a União ter estes dados pois segundo os últimos dados do estudo estadunidense Autism and Developmental Disabilities Monitoring (ADDM) estimam que uma a cada 44 crianças na faixa etária de oito anos possui algum grau de autismo. Segundo o portal brasileiro Canal Autismo, ao trazer esta proporção para a população brasileira, o número chega a 4,8 milhões. 
· Já no ano de 2020, foi sancionada a Lei n° 13.977 – conhecida como Lei Romeo Mion – estabelece a emissão de uma carteira de identificação da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A legislação foi aprovada em 8 de janeiro de 2020, estabelecendo um prazo de 180 dias (a contar da sansão) para governadores e prefeitos regulamentarem a lei. Caberá a cada Estado definir o órgão que será responsável pela confecção e emissão da CipTEA, que terá validade de 5 anos e será reconhecida como documento de identificação do autista em todo o Brasil. Aqui no Rio Grande do Sul, o órgão responsável pela confecção e distribuição da CipTEA é a Fundação de Atendimento ao Deficiente e ao Superdotado do Rio Grande do Sul – FADERS. 
Sobre a Lei Gaúcha Pró-Autismo:
A Lei Gaúcha Pró-Autismo foi criada para garantir o desenvolvimento e a inclusão dos indivíduos com o transtorno do espectro autista. A ideia é fortalecer os direitos já garantidos no âmbito federal e específica detalhadamente o acesso a alguns serviços que na Lei maior, não deixa plenamente claro. Como a disponibilização de equipe multidisciplinar, assim rastreando precocemente o transtorno, o direito a educação dentro do mesmo ambiente dos demais alunos, o professor de apoio especializado, apoio social e psicológico para as famílias, bem como a inserção do autista no mercado de trabalho.
Ainda que, uma situação que esperamos que saia logo do papel, que o governo venha oferecer informações sobre o transtorno para profissionais das Polícias Civis, Militar e do Corpo de Bombeiros, com o objetivo de que tenham informação ao abordar uma pessoa com transtorno, bem como, em caso de socorro e emergência. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando a família tem o diagnóstico do autismo, muitas das vezes o impacto é tão grande que a mãe, ou o pai, ficam em estado de negação por muito tempo. Tempo este que seus filhos perdem no desenvolvimento. Há muita dificuldade em lidar com a falta de compreensão em conta do comprometimento da fala, que é uma das principais características da criança com TEA, e por incrível que pareça, o que mais aterroriza os pais diante do diagnóstico na primeira infância é o medo de nunca ouvir a voz de seu filho. 
Enfim, quando eles resolvem correr atrás do tempo perdido, se deparam com inúmeras leis, que de fato, tornam as coisas muito mais fáceis…
Ao buscar estes “DIREITOS”, as famílias se deparam com a realidade: ‘A LEI SÓ EXISTE NO PAPEL’. Os Centros de Atendimentos ao Autista estão sendo criados, até o momento, sem estrutura alguma, sem profissionais capacitados, sem as terapias necessárias, o que infelizmente acaba por prejudicar severamente o desenvolvimento de uma criança com transtorno do espectro autista.
O relato mais comum dentre as entidades que fazem parte da Rede Gaúcha Pró-Autismo, além da falta de profissionais nos Centros, as filas de espera sem fim, e o professor de apoio, muitas vezes, ser um estudante de ensino médio. Sendo que temos descrito, expressamente na lei, as qualificações do profissional que acompanha uma criança portadora do transtorno do espectro autista.
Além da frustração por não conseguir o tratamento adequado para seus filhos, o autismo leva o contexto familiar a viver rupturas por interromper atividades sociais normais, transformando o clima emocional no qual se vive. Dentre as famílias, são relatados os mais diversos tipos de sentimentos: tristeza, culpa, frustração, depressão e aceitação.
A família fica sem estrutura, tanto psíquica quanto financeira, pois arcar com os custos das terapias, não cabe no orçamento da maioria das famílias que tem algum familiar com transtorno do espectro autista.
Tratar o indivíduo com Transtorno do Espectro Autista como um incapaz é uma característica de quem é incapaz de tratá-lo, visto que, quando trabalhado de forma ideal é possível ao autista levar uma vida autônoma, segura e socialmente viável.
O mais importante é que a detecção seja feita em tempo hábil, precocemente, para que as terapias sejam aplicadas em fases viáveis de aprendizagem e as características básicas de convivência não sejam perdidas no decorrer da vida do indivíduo. Família, médicos, terapeutas, cuidadores, facilitadores pedagógicos e professores devem estar atentos ao comportamentoe devem agir de forma positiva no que diz respeito ao treinamento oferecido ao indivíduo para que ele possa reproduzi-lo posteriormente e consiga estar adaptado ao ambiente em que se encontra inserido.
As famílias seguem pedindo socorro, a falta de empatia, a falta de compreensão e o preconceito, tem levado muitas famílias ao esgotamento mais profundo. Eis o motivo de ao mesmo tempo que ofertar as terapias e o tratamento adequado para o indivíduo com transtorno do espectro autista, tem que dar apoio total as famílias. Amparo em todas as áreas possíveis, pois o futuro desta pessoa com o transtorno, vai depender do suporte que sua família tiver condições de oferecer. 
Enquanto isso, as famílias seguem na luta! Seguem gritando até alguém ouvir suas vozes, até se fazer cumprir a letra da lei, ao menos para que as gerações futuras venham a ter um tratamento digno e adequado. Que as pessoas portadoras do transtorno do espectro autista possam ter um desenvolvimento retilíneo, sem prejuízos, sem sofrimentos.
Ao se deparar com uma família que tenha algum indivíduo com um comportamento atípico, seja criança, jovem ou adulto, antes de julgar, ofereça ajuda.
Antes de criticar, ofereça ajuda.
Antes de pensar ou falar: “ah, se fosse meu filho!”
 Mude o contexto para...
E SE FOSSE MEU FILHO?
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https://leisestaduais.com.br/rs/decreto-n-56505-2022-rio-grande-do-sul-dispoe-sobre-as-diretrizes-para-a-implementacao-e-a-execucao-da-lei-no-15-322-de-25-de-setembro-de-2019-que-institui-a-politica-de-atendimento-integrado-a-pessoa-com-transtornos-do-espectro-autista-no-estado
https://www.canalautismo.com.br/artigos/a-morte-das-maes-atipicas/
AUTISMO: ONDE ESTÃO OS NOSSOS DIREITOS?	ULBRA/ SÃO JERÔNIMO	DÉBORA STAHLHÖFER/2022/2

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