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INTRODUÇÃO-AO-AGRONEGÓCIO

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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 
2 Agronegócio ................................................................................................ 3 
3 Histórico e Evolução do Agronegócio Brasileiro ......................................... 4 
3.1 Perspectivas Para o Agronegócio Brasileiro ........................................ 6 
3.2 Importância Econômico-Social do Agronegócio Brasileiro ................... 7 
3.3 Desafios do Agronegócio no Brasil ...................................................... 8 
4 A EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO ........................................................ 12 
5 Introdução Ao Agronegócio ....................................................................... 13 
5.1 Os territórios e a formação das aglomerações produtivas locais ....... 15 
5.2 Os Sistemas Produtivos Localizados (SPLs) ..................................... 18 
6 Sistemas e cadeias agroalimentares e agroindustriais ............................. 22 
6.1 Níveis de análise dos sistemas agroalimentares e agroindustriais .... 22 
6.2 Cadeias Produtivas Agroalimentares e Agroindustriais (CPAs) ......... 26 
6.3 Gestão de Sistemas e Cadeias Produtivas Agroalimentares e 
Agroindustriais ....................................................................................................... 28 
7 As aglomerações produtivas agroalimentares e agroindustriais dos 
territórios rurais ......................................................................................................... 30 
7.1 Os distritos agrícolas e agroindustriais italianos ................................. 32 
7.2 Revisão de literatura........................................................................... 38 
8 OS 10 NOVOS POLOS DO AGRONEGÓCIO .......................................... 39 
9 Terra é o diferencial do Brasil ................................................................... 41 
9.1 CANAIS DE ESCOAMENTO .............................................................. 42 
10 IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO AGRONEGÓCIO NO 
BRASIL 45 
11 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 49 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Fonte:www.correio.rac.com.br 
Sob o ponto de vista da economia, o agronegócio tem sido o responsável pelo 
superávit da balança comercial, gerador de empregos, e fator irrigante de toda uma 
nova sociedade que se espraia pelo interior do País. Tivemos uma queda na safra de 
grãos 2016/17, predominantemente pelo fator clima, no qual recuamos para cerca de 
190 milhões de toneladas. Porém, as perspectivas da nova safra, 2017/2018 apontam 
para uma super safra, acima de 213 milhões de toneladas de grãos. 
Dentro das atividades do agro, os fatores incontroláveis atuam de maneira 
impiedosa. Estamos contando com uma perspectiva de clima normal, o que nos 
permite projetar esse crescimento na safra de grãos. Os preços internacionais 
também não apresentam sinais de queda nas principais culturas, e temos melhora 
dos preços do açúcar, o que é estimulante para o surrado setor sucroalcooleiro, que 
apanhou muito por conta da política de preços dos combustíveis. 
Portanto o Brasil é grande no agronegócio, o quarto maior exportador mundial 
quando incluímos todas as cadeias produtivas com o pós-porteira das fazendas, onde 
despontam Estados Unidos, Holanda, Alemanha e Brasil. 
Somos hoje uma agrossociedade. Isso quer dizer uma civilização que se 
esparrama por todo o território, onde a base da riqueza econômica é oriunda da 
 
moderna agropecuária, mas toda uma rede de comercio, serviços e indústrias se 
estabelecem. 
2 AGRONEGÓCIO 
Agronegócio também chamado de agribusiness, segundo Batalha (2002), é o 
conjunto de negócios relacionados à agricultura dentro do ponto de vista econômico. 
Costuma-se dividir o estudo do agronegócio em três partes. A primeira parte trata dos 
negócios agropecuários propriamente ditos (ou de dentro da porteira) que 
representam os produtores rurais, sejam eles pequenos, médios ou grandes 
produtores, constituídos na forma de pessoas físicas (fazendeiros ou camponeses) ou 
de pessoas jurídicas (empresas). 
Na segunda parte, os negócios à montante (ou da pré-porteira) aos da 
agropecuária, representados pelas indústrias e comércios que fornecem insumos para 
a produção rural. Por exemplo, os fabricantes de fertilizantes, defensivos químicos, 
equipamentos, etc. E, na terceira parte, estão os negócios à jusante dos negócios 
agropecuários, ou de pós-porteira, onde estão a compra, transporte, beneficiamento 
e venda dos produtos agropecuários, até chegar ao consumidor final. Enquadram-se 
nesta definição os frigoríficos, as indústrias têxteis e calçadistas, empacotadores, 
supermercados e distribuidores de alimentos. 
A definição correta de agronegócio é muito mais antiga do que se imagina e 
incorpora qualquer tipo de empresa rural. Em 1957, dois pesquisadores americanos 
reconheceram que não seria mais adequado analisar a economia nos moldes 
tradicionais, com setores isolados que fabricavam insumos, processavam os produtos 
e os comercializavam. (JUNIOR PADILHA, 2004). 
Já para Callado (2006), o agronegócio é um conjunto de empresas que 
produzem insumos agrícolas, as propriedades rurais, as empresas de processamento 
e toda a distribuição. No Brasil o termo é usado quando se refere a um tipo especial 
de produção agrícola, caracterizada pela agricultura em grande escala, baseada no 
plantio ou na criação de rebanhos e em grandes extensões de terra. Estes negócios, 
via de regra, se fundamentam na propriedade latifundiária bem como na prática de 
arrendamentos. 
 
O termo inclui todos os setores relacionados às plantações e às criações de 
animais, como comércio de sementes e de máquinas e equipamentos, as indústrias 
agrícolas, os abatedouros, o transporte da produção e as atividades voltadas à 
distribuição. Este tipo de produção agrícola também é chamada de agribusiness ou 
agrobusiness. (WIKIPÉDIA, 2009). 
O conceito de agronegócio implica na ideia de cadeia produtiva, com seus elos 
entrelaçados e sua interdependência. A agricultura moderna, mesmo a familiar, 
extrapolou os limites físicos da propriedade. Depende cada vez mais de insumos 
adquiridos fora da fazenda e sua decisão de o que, quanto e de que como produzir, 
está fortemente relacionada ao mercado consumidor. Há diferentes agentes no 
processo produtivo, inclusive o agricultor, em uma permanente negociação de 
quantidades e preços. 
Davis e Goldberg (1957) definem, o agronegócio como sendo a soma total das 
operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de 
produção na fazenda; do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos 
agrícolas e itens produzidos a partir deles. Este conceito procura abarcar todos os 
vínculos intersetoriais do setor agrícola, deslocando o centro de análise de dentro para 
fora da fazenda, substituindo a análise parcial dos estudos sobre economia agrícola 
pela análise sistêmica da agricultura. 
No Brasil, essa abordagem sistêmica foi utilizada explicitamente por Araújo, 
Wedekin e Pinazza (1990), com a finalidade de levantar as dimensões básicas do 
agribusiness brasileiro. Estes autores concluíram que o agribusiness brasileiro 
representava 46% dos gastos relativos ao consumo das famílias, o que correspondia 
ao equivalente a 32% do PIB brasileiro em 1980. Assim, o Agronegócio é toda relação 
comercial envolvendo produtos agrícolas. 
3 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO 
A história econômica brasileira, com suas implicações sociais, políticas e 
culturais, têm fortes raízes junto ao agronegócio. Foi à exploração de uma madeira, o 
pau Brasil, que deu nome definitivo ao nosso País. A ocupação do território brasileiro 
iniciada durante o século XVI e apoiada na doação de terras por intermédio de 
sesmarias,monocultura da cana-de-açúcar e no regime escravocrata foi responsável 
 
pela expansão do latifúndio. Antes da expansão deste sistema monocultor, já havia 
se instalado no país como primeira atividade econômica a extração do pau-brasil. 
 
 
Fonte:www.sintecsys.com 
A extinção do pau-brasil coincidiu com o início da implantação da lavoura 
canavieira, que durante esse período serviu de base e sustentação para a economia. 
O processo de colonização e crescimento está ligado a vários ciclos agroindustriais, 
como a cana-de-açúcar, com grande desenvolvimento no Nordeste; a borracha dá 
exuberância à região amazônica, transformando Manaus numa metrópole mundial, no 
início do século, logo depois o café torna-se a mais importante fonte de poupança 
interna e o principal financiador do processo de industrialização; mais recentemente, 
a soja ganha destaque como principal commodity brasileira de exportação, (RENAI, 
2007). 
Da poupança da agricultura, instalam-se agroindústrias, como a do vinho e dos 
móveis, da carne bovina, de suínos e aves. O progresso do Sul do Brasil também está 
ligado ao agronegócio. A pecuária domina os pampas; a exploração da madeira nas 
serras e a agricultura se desenvolvem com a participação das várias etnias que 
compõem o mosaico populacional da região. 
Em síntese, fica evidente que, a partir da década de 1930, com maior 
intensidade na de 1960 até a de 1980, o produtor rural passou, gradativamente, a ser 
um especialista, envolvido quase exclusivamente com as operações de cultivo e 
 
criação de animais; por sua vez, as funções de armazenar, processar e distribuir 
produtos agropecuários, bem como as de suprir insumos e fatores de produção, foram 
transferidas para organizações produtivas e de serviços nacionais e/ou internacionais 
fora da fazenda, impulsionando, com isso, ainda mais a indústria de base agrícola. 
(VILARINHO, 2006). 
O agronegócio brasileiro passou por um grande impulso entre as décadas de 
1970 e 1990, com o desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, proporcionando o 
domínio de regiões antes consideradas inóspitas para a agropecuária. Isso fez surgir 
à oferta de um grande número de produtos. O país passou então a ser considerado 
como aquele que dominou a agricultura tropical, chamando a atenção de todos os 
nossos parceiros e competidores em nível mundial. 
Atualmente, produtos oriundos do complexo de soja, carnes e derivados de 
animais, açúcar e álcool, madeira (papel, celulose e outros), café, chá, fumo, tabaco, 
algodão e fibras têxteis vegetais, frutas e derivados, hortaliças, cereais e derivados e 
a borracha natural são itens importantes da pauta de exportação brasileira 
(VILARINHO, 2006). A evolução da composição do Complexo do Agronegócio 
confirma que as cadeias do agronegócio adicionam valor às matérias-primas agrícolas 
onde o setor de armazenamento, processamento e distribuição final constituem o 
vetor de maior propulsão no valor da produção vendida ao consumidor, consolidado 
na forte rede de interligação entre a agricultura e a indústria. 
3.1 Perspectivas Para o Agronegócio Brasileiro 
Para Contini (2001), as perspectivas são promissoras. O Brasil detém terras 
abundantes, planas e baratas, como são os cerrados com uma reserva de 80 milhões 
de hectares, dispõe de produtores rurais experimentes e capazes de transformar 
essas potencialidades em produtos comercializáveis e detém um estoque de 
conhecimentos e tecnologias agropecuárias, transformadoras de recursos em 
produtos. Por qualquer ângulo que se analise o mercado, o tamanho que o Brasil 
adquiriu no campo do agronegócio é impressionante. 
Por conta de condições extremamente favoráveis para a contínua expansão 
deste mercado, como farto espaço territorial, mão-de-obra acessível e diversas 
 
questões ligadas à conjuntura internacional, o país é visto por muitos especialistas 
como principal candidato ao posto de grande fornecedor alimentício global. 
Até 2015, a participação nacional no mercado internacional de soja deve 
crescer dos atuais 36% para 46%. No caso do frango, o salto será de 58% para 66%. 
Nas áreas em que o país ainda tem uma fatia pequena do comércio mundial, as 
evoluções devem ser muito maiores. Na suinocultura, por exemplo, de acordo com 
previsões dos especialistas da área, o Brasil deve quadruplicar sua participação, 
conquistando metade do mercado internacional. Num futuro próximo, a suinocultura 
será tão importante para a balança comercial do país quanto são hoje o frango e a 
carne bovina (NETO, 2007 apud SEIBEL, 2007). 
O agronegócio é o maior negócio mundial e brasileiro. No mundo, representa a 
geração de U$ 6,5 trilhões/ano e, no Brasil, em torno de R$ 350 bilhões, ou 26% do 
PIB (29%, segundo a Confederação Nacional da Agricultura - CNA). A maior parte 
deste montante refere-se a negócios fora das porteiras, abrangendo o suprimento de 
insumos, o beneficiamento/processamento das matérias-primas e a distribuição dos 
produtos. (STEFANELO, 2002). Estes são pontos que reforçam a importância do 
agronegócio no Brasil, além de sua grande competitividade, utilização de alta 
tecnologia e gerador de empregos e riquezas para o país. 
3.2 Importância Econômico-Social do Agronegócio Brasileiro 
O agronegócio é também importante na geração de renda e riqueza do País. 
No aspecto social, a agricultura é o setor econômico que ainda mais ocupa mão-de-
obra, ao redor de 17 milhões de pessoas, que somados a 10 milhões dos demais 
componentes do agronegócio, representa 27 milhões de pessoas, no total. É o setor 
que ocupa mais mão-de-obra em relação ao valor de produção: para cada R$ 1 
milhão, o número de ocupados, em 1995, era de 182 para a agropecuária, 25 para a 
extração mineral, 38 para a construção civil. (CONTINI, 2001). 
O agronegócio como um todo envolve mais de 1/3 do PIB brasileiro. Mesmo 
reconhecendo-se os benefícios da transformação de uma sociedade agrária para uma 
industrial-urbana, não se pode esquecer que esta tem capacidade limitada de 
absorver mão-de-obra. Principalmente em regiões menos desenvolvidas, os setores 
 
da agricultura, da agroindustrialização e de áreas correlatas serão importantes para o 
crescimento da renda e do emprego. (RENAI, 2007). 
No contexto da recente crise cambial, o agronegócio tem sido um fator que 
minimizou os desequilíbrios das contas externas do Brasil. A agricultura contribuiu 
decisivamente para as exportações com saldo comercial setorial positivo da ordem de 
US$ 40,18 bilhões de dólares em 2006 e de 49,7 bilhões em 2007. 
3.3 Desafios do Agronegócio no Brasil 
 
Fonte:www.portaldoagronegocio.com.br 
Segundo indicadores da (Unctad), a Conferência das Nações Unidas para o 
Comércio e Desenvolvimento, o Brasil será o maior país agrícola do mundo em dez 
anos. Em 2006 as exportações cresceram 19,29% em relação a 2005, em termos de 
saldo, a ampliação em 2007 foi de cerca de US$ 58,4 bilhões, um aumento de 10,8% 
acima dos US$ 52,04 bilhões de 2006. O país é líder mundial de exportação de açúcar, 
café, suco de laranja e soja. Assumiu também a dianteira nos segmentos de carne 
bovina e frango, depois de ultrapassar tradicionais concorrentes, como Estados 
Unidos e Austrália. Essas boas posições devem consolidar-se ainda mais nos 
próximos anos. (BORGES, 2007). 
Esse montante coloca o Brasil entre os líderes mundiais na produção de soja, 
milho, açúcar, café, carne bovina e de frango. Mas todos esses bons resultados, assim 
 
como as expectativas futuras, correm sérios riscos de sofrer um pesado revés se os 
problemas relacionados à infraestrutura logística - o maior obstáculo para o 
desenvolvimento do agronegócio do Brasil, não forem solucionados. Um dos grandes 
entraves é a infraestrutura, em particular a precariedade da malha rodoviária do país. 
De acordo com uma das pesquisas mais recentes sobre o assunto, elaborada 
pela CNT Confederação Nacional do Transporte (2007), dos 84.832 quilômetrosavaliados, 37% encontram-se em estado péssimo de conservação e outros 32% 
possuem alguma deficiência. Em razão desse tipo de problema, regiões com potencial 
no agronegócio, como o Nordeste, ainda não conseguiram deslanchar. O agronegócio 
é justamente o que mais sofre com a ineficiência dos canais de transporte, cujas 
deficiências são responsáveis por prejuízo correspondente a 16% do PIB, segundo 
estudo do Centro de Estudos de Logística da Universidade do Rio de Janeiro. 
O gargalo logístico envolve praticamente toda a infraestrutura de transporte do 
país. As ferrovias, embora tenham recebido investimentos com a privatização, ainda 
estão longe de suprir a demanda do setor de agronegócio e se consolidar como uma 
alternativa viável ao transporte rodoviário. Além da ampliação da malha de 30 mil 
quilômetros de extensão (praticamente igual à do Japão, país 22 vezes menor que o 
Brasil) é urgente a modernização do maquinário. Com os trens e bitolas atuais, a 
velocidade média das composições não ultrapassa lentos 25 km/h. (BORGES, 2007). 
Ainda de acordo com a mesma fonte, Ao mesmo tempo, deixamos de fazer uso 
de canais de transporte de grande potencial, caso dos 42 mil quilômetros de hidrovias, 
em que apenas 10 mil quilômetros são efetivamente utilizados. Como resultado, 
sistemas como o do Tietê-Paraná, com 2,4 mil quilômetros e que consumiu US$ 2 
bilhões em investimentos públicos em vários governos, escoa apenas 2 milhões de 
toneladas de carga/ano, apenas 10% de sua capacidade total. 
No transporte marítimo de cabotagem (outro canal com grande potencial no 
Brasil) assistimos a uma situação semelhante. Embora a privatização tenha 
contribuído para a modernização dos portos, o excesso de mão-de-obra (que chega 
a ser de três a nove vezes superiores aos portos europeus e sul-americanos) ainda 
mantém os padrões de produtividade baixos. Enquanto o índice internacional de 
movimentação é de 40 contêineres/hora, nos portos brasileiros essa média é de 27. 
É um dos motivos pelos quais todos os anos caminhões formam filas de até 150 
quilômetros de extensão para descarregar suas cargas no porto de Paranaguá (PR). 
 
Consciente de que sozinho não conseguirá reverter esse quadro, o governo 
federal já busca o apoio da iniciativa privada. Por meio do plano de Parceria Público-
Privada, que pretende investir R$ 13,68 bilhões em 23 projetos de reformas em 
rodovias, ferrovias, portos e canais de irrigação nos próximos anos. Na certeza que 
só as Parcerias Público-Privada, não será suficiente para dotar o país de bom 
infraestrutura, o Governo Federal criou o (PAC) Programa de Aceleração do 
Crescimento lançado no começo de 2007, foi concebido para eliminar esse 
descompasso e afastar o risco de gargalos nos próximos anos. (PAC, 2009). 
O objetivo do programa é aumentar o investimento em infraestrutura para: 
eliminar os principais gargalos que podem restringir o crescimento da economia; 
reduzir custos e aumentar a produtividade das empresas; estimular o aumento do 
investimento privado; e reduzir as desigualdades regionais. Os investimentos em 
Infraestrutura logística do PAC previstos até 2010 são de R$ 58 bilhões de reais. 
É preciso destacar também que, além dos recursos, a iniciativa privada ainda 
tem muito a contribuir para o desenvolvimento da infraestrutura do país, incentivando 
a criação de polos intermodais de transporte (integração entre os sistemas rodoviário, 
ferroviário, marítimo, fluvial e aéreo) para redução de custos e aumento do nível de 
serviços. 
Um exemplo do potencial desses polos é representado por um estudo do 
Geipot (Empresa Brasileira de Planejamento em Transportes, ligada ao Ministério dos 
Transportes). Já em 2000, a empresa alertava que o melhor aproveitamento e a 
utilização racional dos canais de transporte seria capaz de economizar em cerca de 
US$ 75 milhões os custos anuais de escoamento de grãos. Para ilustrar o que 
estamos falando, basta destacar que um único comboio na hidrovia Rio Madeira tem 
capacidade para 18 mil toneladas de grãos, substituindo 600 carretas de 30 toneladas 
nos eixos Cuiabá (MT) / Santos (SP) e Cuiabá (MT) /Paranaguá (PR). Essa redução 
dos custos de transporte contribuiria diretamente para reduzir os custos de nossos 
produtos, tornando-os mais competitivos no mercado internacional. Isso sem falar da 
economia de combustível e de fretes, na redução do tráfego e desgaste das rodovias. 
Outro obstáculo sério ao desenvolvimento pleno do agronegócio está 
relacionado ao sistema tributário. Com uma economia aberta ao exterior, isto é com 
possibilidade de exportar e importar qualquer produto do agronegócio, a carga 
tributária deve ser compatível com a dos nossos competidores. Como nossos 
 
concorrentes, inclusive no Mercosul, têm impostos baixos, fica difícil ao produtor 
brasileiro competir nos mercados externos; vezes há que perde o próprio mercado 
interno porque os produtos importados chegam mais baratos. 
 
 
Fonte: www.sfagro.uol.com.br 
Não há como o produtor rural e a agroindústria serem competitivos com 
governos vorazes em criar novos impostos, aumentar os atuais e com mecanismos 
complexos de arrecadação, o que aumenta os custos de produção. A reforma 
tributária é urgente, com diminuição da carga e simplificação dos procedimentos na 
tributação. Além das medidas de controle sanitário que também estão na relação de 
assuntos importantes que vêm sendo negligenciados pelo governo. 
O potencial de prejuízos que isso pode acarretar aos produtores já foi 
demonstrado nos últimos anos. Por causa do surgimento de focos de febre aftosa em 
Mato Grosso do Sul e no Paraná, segundo Seibel (2007) mais de 50 países 
impuseram embargo à carne bovina desses estados, que estão entre os maiores 
produtores nacionais. Além do embargo à carne bovina, o agronegócio brasileiro 
sofreu com o surto de gripe aviária, que prejudicou as exportações mesmo de países 
que não registraram casos da doença (como o Brasil). 
Como se vê, os obstáculos para o crescimento do agronegócio brasileiro são 
imensos, mas as soluções também existem e precisam ser colocadas em prática. O 
que esperamos, é que tanto o governo nas esferas federal, estadual e municipal, 
 
quanto a iniciativa privada, mantenham a sua determinação em modernizar a 
infraestrutura brasileira, e resolva os problemas domésticos para que o pais se torne 
a potência do agronegócio do futuro. 
4 A EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO 
No final da década de 1980, surgiu uma revolução técnico-científica na 
agropecuária do Brasil chamada de Revolução Verde, a qual consistia na 
disseminação de novas práticas, permitindo um enorme aumento da produção 
agrícola. Essas novas práticas utilizavam-se de sementes modificadas, bem como de 
insumos industriais. Além disso, melhoravam-se os recursos de irrigação e na 
mecanização do trabalho. 
Outro fator facilitador do aumento da produção agrícola foi a política de crédito 
acessível e de preço mínimo. Esse fato gerou a multiplicação de agências 
governamentais de tecnologia agrícola como: Emater, Embrapa e outras. 
Com esse desenvolvimento a ampliação da produção foi imensa em espécies 
como soja, milho e algodão. Esse desenvolvimento e essa nova tecnologia atingiram 
também o setor de pecuária de corte e avicultura. 
Nos tempos atuais, o avanço da biotecnologia ainda causa certo desconforto 
entre os produtores, principalmente no estado do Paraná, onde o governo adota uma 
política anti-transgênicos. Entretanto, pessoas influentes no meio agrícola e até 
mesmo o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, atestam que é inevitável o 
avanço dos produtos transgênicos no Brasil e no mundo. Segundo a FAO, 
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, a produção de 
transgênicos poderá frear o aumento do problema da fome, já que a estimativa de 
ampliação da população é de 2 bilhões de habitantes nos próximos 25 anos. 
Em países como EstadosUnidos, China e Argentina, a produção de 
transgênicos é extremamente elevada. A soja, nos Estados Unidos, tem sua 
composição total formada com 87% de transgênicos. Para o algodão, essa 
porcentagem é de 79% e para o milho, 52%. Argentina e EUA responderam por 80% 
da área de transgênicos cultivados no mundo, em 2004, enquanto o Brasil participa 
com somente 6% do total. 
 
Em todos os países, calcula-se que o consumo de produtos geneticamente 
modificados tenha ultrapassado 350 milhões de toneladas e, desde 1994, não foram 
registrados problemas de saúde oriundos desses alimentos. 
Portanto, ainda resta muito espaço para avançar na produtividade das diversas 
espécies de grãos e leguminosas, mas o principal avanço deve ocorrer na cultura e 
na mudança de paradigmas do produtor brasileiro. 
5 INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO 
Com o aprofundamento do processo de globalização dos mercados e da 
produção, aumentou também a competitividade decorrente de uma expansão da 
escala de produção das indústrias, quando as empresas transnacionais procuram 
organizar a sua logística dentro de um padrão operacional global. 
Esse contexto tem gerado a necessidade de novas formas de atuação e 
organização dos atores sociais locais e das empresas, privadas e cooperativas, de 
ações institucionais e de uma perspectiva territorial para estudar os processos de 
desenvolvimento regional em curso. Essas mudanças vêm acontecendo a partir das 
diversificações horizontais, quando ocorrem formações de redes, alianças, fusões e 
aquisições, e das diversificações verticais, quando há investimentos nos sistemas e 
cadeias produtivas e nas estruturas de distribuição. 
Com isso, teve início um processo de reestruturação do sistema produtivo 
capitalista, reorganização da produção globalizada e, desde o final dos anos 60, 
mudanças no modo de regulação fordista do período pós-guerra. Essa reestruturação 
vem provocando significativas mudanças nos processos locais e territoriais de 
produção e consumo e aprofundando os desequilíbrios regionais. Esse movimento 
vem gerando novas demandas e formas de políticas públicas para o desenvolvimento 
dos territórios. Estes, por meio de seus atores locais, tentam responder aos efeitos da 
globalização, ao mesmo tempo em que passam a fazer parte, de forma mais ativa, da 
trajetória da reestruturação do sistema produtivo global através de modificações, 
adaptações e a formação de novos sistemas produtivos locais. Por isso, já se verificam 
novas dinâmicas locais de desenvolvimento, em resposta aos efeitos da globalização 
e da reestruturação produtiva global sobre os sistemas produtivos locais. 
 
As transformações nos processos produtivos locais e os seus resultados nas 
diferentes regiões, associadas às características físicas, político-culturais e 
socioeconômicas internas de cada território, deram origem a diversificadas dinâmicas 
de desenvolvimento local com trajetórias bastante diferenciadas e complexas. A falta 
de conhecimentos sobre essas dinâmicas socioeconômicas locais tornou-se um 
importante limitador do alcance dos instrumentos e políticas públicas e privadas de 
desenvolvimento e das ações do Estado como agente indutor eficaz desse 
desenvolvimento das aglomerações produtivas e, particularmente, dos sistemas e 
cadeias agroalimentares e agroindustriais. 
 
 
Fonte:www.exame.abril.com.br 
Como resultado, emergiu a necessidade de mudanças nas formas de 
interpretação das teorias e políticas de desenvolvimento regional, abandonando-se os 
paradigmas que pretendiam explicar os desequilíbrios regionais a partir apenas da 
reorganização da produção globalizada. Isso deu um novo impulso aos estudos que 
utilizam abordagens teóricas que, após uma necessária constatação empírica, 
pudessem explicar a gênese e o funcionamento das atuais dinâmicas de 
desenvolvimento dos territórios. 
Os resultados dos estudos sobre reestruturação produtiva, desenvolvimento 
regional e aglomerações produtivas territoriais deram origem à perspectiva territorial 
do desenvolvimento. Dessa perspectiva surgiram as abordagens dos Clusters ou 
 
Arranjos Produtivos Locais (APLs), dos Sistemas Produtivos Localizados (SPLs) e dos 
distritos industriais, agroindustriais e agrícolas. Mais recentemente, as teorias do 
desenvolvimento regional e rural passaram a considerar a dinâmica territorial, 
superando a dicotomia rural-urbano, utilizando uma perspectiva multisetorial e 
territorial do desenvolvimento, a partir de uma análise da dinâmica socioeconômica 
do desenvolvimento dos territórios rurais, com uma abordagem teórica apoiada nos 
Sistemas Agroalimentares Localizados (SIALs). 
5.1 Os territórios e a formação das aglomerações produtivas locais 
Com a atual crise do modelo produtivo mundial e a flexibilização geral 
(organizacional e das relações de trabalho) do capitalismo, emerge um novo sistema 
de regulação socioeconômica e política, na qual um grande conjunto de pequenas e 
médias empresas vem garantindo a diversificação e um aumento na participação da 
produção. Com isso, cresceu a importância da produção flexível, da inovação 
tecnológica e das vantagens competitivas das aglomerações produtivas locais. 
A evolução das novas relações nas sociedades contemporâneas demonstra 
empiricamente e valida os conceitos e definições que enfatizam a relação dialética 
entre as esferas local e global. As relações sociais locais são reflexos dos fatos e das 
ações dos atores globais, enquanto estas são também consequências das relações e 
ações locais. O global não existe sem o local, mas, em grande parte, este se 
caracteriza pelas relações socioeconômicas estruturadas pelas relações 
socioeconômicas e políticas globais. Como há necessidade de se buscar um equilíbrio 
entre o global e o local, o foco não pode ser apenas nas relações com o exterior, mas 
também nas relações e interações internas dos territórios. Nesse caso, o local reage 
e responde aos estímulos provocados pelas ações dos atores globais. 
Esse contexto caracteriza o que vem sendo denominado de Desenvolvimento 
Territorial (MORAES, 2008). 
Na esteira do debate em torno dos caminhos da reestruturação produtiva 
capitalista, desde o início da década de 1980, intensificaram-se os estudos que 
utilizam as abordagens locais, endógenas e, mais recentemente, territoriais do 
desenvolvimento (BENKO, 2002; BENKO; LIPIETZ, 1994; REIS, 2006; SABOURIN, 
2002). Assim, diversos estudos, como o de Reis (2006), passaram a dar mais ênfase 
 
aos fatores endógenos, à ação dos atores sociais locais, à dimensão territorial, ao 
papel das instituições e às aglomerações produtivas locais nos processos de 
desenvolvimento. 
Como resultado da relação da sociedade com o seu espaço, o conceito de 
território destaca as relações da sociedade local com as suas atividades econômicas 
e produtivas. Para que se tenha um território é necessário que a sociedade ou grupos 
sociais apropriem-se do espaço físico, que se ampliem e se utilizem as inovações 
tecnológicas e que exista um sentimento de pertencimento ou a identificação da 
sociedade com o seu território. 
As dinâmicas socioeconômicas de desenvolvimento de um território, região ou 
conjunto de municípios são condicionadas pela organização local do seu sistema de 
produção. Esses sistemas são formados pelas interações entre as empresas locais, 
propiciando economias de escala, de escopo, de proximidade ou de aglomeração. 
Essas geram vários mercados internos e áreas de contato com o exterior, 
facilitando as trocas de informações e conhecimentos e outros bens e serviços. 
Diferentemente do crescimento industrial verificado até o final dos anos 1970, os 
resultados de uma ampla variedade de estudos indicam uma crescente importância 
atribuída aos territórios e às aglomerações produtivas locais e o aparecimento de 
novas formas de segmentação dessas (MORAES, 2008). 
Uma aglomeração produtiva é a concentração de atividadessimilares ou 
interdependentes em um determinado espaço ou território, não importando o tamanho 
das empresas, nem a natureza da atividade econômica desenvolvida. Essas 
atividades podem pertencer ao setor agrícola, industrial ou de serviços. Pode incluir 
desde estruturas artesanais, com pequeno dinamismo, até arranjos que comportem 
uma grande divisão de trabalho entre as empresas. Geralmente, os produtos 
resultantes têm um elevado conteúdo tecnológico. Dentro do aglomerado, a divisão 
do trabalho entre as empresas permite que o processo produtivo ganhe flexibilidade e 
eficiência, já que as empresas são obrigadas a se tornarem competitivas nas suas 
atividades. A concentração de produtores especializados estimula o desdobramento 
da cadeia produtiva a montante, principalmente pelo surgimento de fornecedores de 
matérias-primas, máquinas e equipamentos, peças de reposição e assistência 
técnica, além de serviços especializados. Essa concentração estimula também o 
desenvolvimento da cadeia produtiva a jusante, por meio da atração de empresas 
 
especializadas nestes segmentos e do surgimento de agentes comerciais que levam 
os produtos para mercados distantes (REIS, 1992). 
Assim, emerge um debate em torno da formação e do papel das aglomerações 
produtivas locais ou localizadas, resultando nas abordagens teóricas dos Arranjos 
Produtivos Locais (APLs), dos Sistemas Produtivos Localizados (SPLs) e dos 
Sistemas Agroalimentares Localizados (SIALs). Esses SIALs são estruturados a partir 
dos sistemas (SAGs) e das cadeias produtivas (CPA) agroalimentares e 
agroindustriais presentes nos territórios rurais. Acredita-se que essas abordagens, 
além de contribuírem para fornecer algumas pistas para as questões do 
desenvolvimento local, possam também servir de base para políticas e instrumentos 
de produção e desenvolvimento de sistemas e cadeias agroalimentares e 
agroindustriais, mais ajustados ao perfil específico de cada território rural e de suas 
potencialidades locais. 
 
 
Fonte:www.foconopoder.com 
Algumas indicações sobre as origens dos estudos sobre os territórios, SPLs, 
APLs podem ser encontradas nas abordagens teóricas que tratam da concentração 
espacial de empresas e das principais tipologias dos aglomerados produtivos. Como 
essas têm implicações diretas na formulação de políticas industriais, podem contribuir 
também para as políticas de desenvolvimento de uma determinada região ou território. 
 
Assim, muda o enfoque que percebe a empresa como uma unidade autônoma 
para outro, em que a empresa passa a ser analisada como parte do ambiente 
socioeconômico e físico, ao qual ela pertence. Esse é o ambiente socioterritorial onde 
ocorre o processo produtivo que, consequentemente, transforma-se em uma nova 
unidade de produção e análise. 
Nesse contexto, os Sistemas Produtivos Localizados (SPLs) e, particularmente, 
os Sistemas Agroalimentares Localizados (SIALs), nos territórios rurais, aparecem 
como mecanismo de mediação entre os efeitos da globalização e as dinâmicas 
socioeconômicas locais de desenvolvimento dos territórios, através da coordenação, 
aproveitando as oportunidades externas e as potencialidades endógenas desses 
territórios. Estes, então, passam a ser representados pelas suas dinâmicas locais de 
desenvolvimento e tomam a forma de SPLs e SIALs. Assim, os territórios podem ser 
analisados sob o ponto de vista organizacional, produtivo, social, institucional e de 
suas articulações externas e internas. A partir desse mecanismo, atores e instituições 
passam a gerenciar a produção e os recursos endógenos, executando ações de 
coordenação do território e de suas aglomerações produtivas. 
5.2 Os Sistemas Produtivos Localizados (SPLs) 
Os estudos sobre os Sistemas Produtivos Localizados (SPLs) têm origem nos 
trabalhos de Alfred Marshall, ainda no final do século XIX, sobre a organização da 
produção, identificando a formação dos distritos industriais. Esses estudos serviram 
de ponto de partida para o surgimento de um leque de variantes a partir do conceito 
de distrito industrial, que buscam identificar e classificar a formação de aglomerações 
produtivas. 
Marshall destacava a localização das indústrias como fator gerador de diversas 
vantagens para a população local dos territórios, tais como a transmissão quase 
espontânea dos conhecimentos do ofício de uma geração a outra, o desenvolvimento 
de tecnologias inovadoras relativas ao ofício e à transmissão das formas de 
organização do negócio entre os atores, as facilidades geradas pela concentração de 
mão de obra especializada, para os trabalhadores encontrarem trabalho e para as 
empresas encontrarem mão de obra de boa qualidade e o aumento da concorrência 
 
de fornecedores e de serviços associados, favorecido pela concentração das 
indústrias, o que diminui os custos de produção das empresas (MARSHALL, 1992). 
A abordagem dos SPLs tanto pode englobar uma cadeia produtiva estruturada 
localmente como se concentrar em um ou mais segmentos de uma cadeia produtiva 
específica de abrangência nacional e/ou internacional. Entre os atores que atuam nos 
SPLs, incluem-se, entre outros, o Estado, empresas produtoras, fornecedoras de 
insumos, financeiras e prestadoras de serviços, associações de classe, associações 
comerciais, instituições de suporte, serviços, fomento, ensino e pesquisa (POMMIER, 
2002). 
No Brasil, a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais 
(Redesist), coordenada pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro (CASSIOLATO; LASTRES, 2002) define Arranjo Produtivo Local (APL) como 
um aglomerado de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um 
mesmo território, que apresentam fortes vínculos de articulação, interação, 
cooperação e aprendizagem. Uma das principais vantagens dos estudos focados nos 
SPLs e APLs, segundo Cassiolato & Lastres (2003), é o fato de esses representarem 
uma unidade prática de investigação que vai além da tradicional visão baseada na 
empresa, no setor ou somente em uma cadeia produtiva. Assim, permite-se 
estabelecer uma ponte entre o território e as atividades econômicas; focalizar um 
grupo diversificado, tanto de agentes ligados diretamente à produção como de 
atividades conexas (principal característica de um sistema produtivo e inovativo local); 
representar o território a partir de um espaço no qual são oferecidas as condições para 
a inovação; representar um importante desdobramento da implementação de políticas 
de desenvolvimento. 
Atualmente, entende-se que os SPLs representam os mecanismos de 
mediação entre os efeitos do capitalismo global e as propostas locais-endógenas para 
o desenvolvimento territorial, por meio da coordenação e negociação. 
A definição de SPL destaca a forma de organização, o processo de 
desenvolvimento local e o papel dos atores e instituições dentro do sistema. Enquanto 
o desenvolvimento local corresponde à dimensão social do SPLs, implicando 
melhores condições de vida, a forma de organização corresponde a processos 
históricos de consolidação sobre um espaço físico de uma população que desenvolve 
 
relações culturais e de identidade com o território, além da localização das indústrias 
em um determinado espaço geográfico (CORREA, 2004). 
Desde o início da década de 1970, os sistemas produtivos locais (SPLs) de 
diversos territórios do Brasil vêm caminhando para uma crescente articulação ou 
integração socioeconômica com setores capitalistas mundiais, por intermédio de 
cadeias globais de produção e consumo. Essa articulação e/ou integração tem sido o 
caminho seguido por algumas regiões ou territórios como respostas locais às 
mudanças provocadas pela reestruturação do sistema produtivo global e à 
modernização tecnológica dos processos produtivos (MORAES, 2008). 
 
 
Fonte:www.cut.org.br 
O Setor agroalimentar e as cadeias globais de produção e consumo Bonanno 
(1999)cita William H. Friedland como autor de uma alternativa crítica importante aos 
pressupostos das teorias da pauta dos debates sobre a evolução dos sistemas 
agroalimentares e agroindustriais globais e o fim do fordismo. 
A proposta de Friedland, na segunda metade da década de 1990, reconhece 
tanto a natureza contraditória da evolução da economia global como a ação das 
diferentes classes sociais envolvidas nesse processo e vê a globalização como um 
fenômeno desigual que não afeta da mesma forma e com a mesma abrangência todas 
as regiões, setores e mercadorias. Embora reconhecendo que as tendências para a 
 
especialização e a globalização da produção tenham sido confirmadas, Friedland 
afirma que essas tendências não são caracterizadas pela produção artesanal. Ele cita 
como exemplo o caso da produção de frutas e vegetais in natura na Holanda, onde a 
presença de pequenas unidades familiares de produção e a descentralização de um 
amplo sistema de integração vertical não representa o fim da produção em massa e a 
emergência de um sistema manufatureiro baseado na forma artesanal. 
Segundo ele, indica o desenvolvimento de um sistema de produção em massa 
bem mais sofisticado (talvez mais apropriado fosse chamar de um neofordismo), que 
está ancorado nas pequenas unidades familiares de produção Essas pequenas 
unidades não podem ser consideradas independentes, porque são controladas pelas 
grandes corporações transnacionais, que empregaram esquemas técnicos e legais 
para fragmentarem o poder de barganha das unidades de produção. Esse parece ser 
um caso semelhante ao que acontece na produção de tabaco no sul do Brasil. 
Para Friedland, a formação de nichos de mercado é o tópico principal para se 
entender a produção em massa individualizada, pois esse fenômeno é a fragmentação 
de um mercado de massa-padrão em uma variedade de mercados com produtos 
especializados. Isso responde à crise nos mercados homogêneos de massa, pois 
introduz um sortimento de produtos necessários para o atendimento das novas 
demandas dos consumidores globais. Na essência, apesar da aparente 
independência dos produtores, o processo de trabalho e os produtos mantêm seu 
caráter fordista e continuam totalmente controlados por aqueles setores que estão 
acima dos produtores. Foi a teoria dos nichos de mercado que permitiu a Friedland 
rejeitar as teses do fim do fordismo e a transição para um pós-fordismo. 
No entanto, no debate brasileiro em torno do desenvolvimento rural, já se 
identifica uma mudança de visão nas novas abordagens utilizadas para compreender 
o papel do mundo rural no desenvolvimento do país. Uma nova perspectiva de estudo 
vem substituindo a visão tradicional, que se apoiava na dicotomia rural-urbana e via o 
rural como sinônimo de agrícola, por uma visão sobre o mundo rural baseada na 
possibilidade desse território rural incluir, também, as pequenas cidades do interior e 
oferecer novas alternativas de emprego e renda e diversas outras formas de melhoria 
na qualidade de vida da sua população. Espera-se que, assim, o território rural possa 
utilizar o seu potencial local, suas características históricas e culturais e, ao mesmo 
 
tempo, as oportunidades externas, levando a uma nova ruralidade e contribuindo para 
o desenvolvimento desses territórios. 
6 SISTEMAS E CADEIAS AGROALIMENTARES E AGROINDUSTRIAIS 
As regiões rurais estão, cada vez mais, diversificando as suas atividades e 
trajetórias de desenvolvimento que, nos novos espaços rurais, são coordenadas por 
diferentes redes (MURDOCH, 2000). Então, destacam-se as significativas interações 
entre os sistemas e cadeias agroalimentares e agroindustriais e os territórios, 
decorrentes do fato de que as lógicas das cadeias produtivas e a dos territórios serem 
inseparáveis (SAUTIER, 2002). Essas interações, que são também relações de 
interdependência, encarregam-se de explicar as dinâmicas territoriais-locais e as 
formas específicas de articulação entre o local e o global, uma vez que no espaço 
local é onde ocorre a convergência entre o rural e o urbano, onde se encontram o 
mundo urbano e o mundo rural (WANDERLEY, 2001). 
Nos conceitos adotados nas abordagens dos sistemas agroalimentares e 
agroindustriais (SAGs) e das cadeias produtivas agroalimentares e agroindustriais 
(CPAs), agribusiness ou agronegócios e, consequentemente, dos Sistemas 
Agroalimentares Localizados (SIALs), destacam-se os relacionamentos entre a 
produção agrícola, as empresas agroindustriais e de serviços (fornecedores, 
processadores e distribuidores) e o ambiente socioeconômico. Essas abordagens 
interpretativas são formadas por três grandes segmentos, o segmento antes da 
porteira, os fornecedores para a agropecuária (ou agricultura), o dentro da porteira, a 
produção agropecuária, e os segmentos depois da porteira, as empresas 
agroindustriais, as indústrias de alimentos e as distribuidoras do produto final. 
6.1 Níveis de análise dos sistemas agroalimentares e agroindustriais 
Os professores da Universidade Harvard, Ray Goldberg e John Davis, 
publicaram, em 1957, o livro A Concept of Agribusiness, que trouxe um novo conceito 
para a análise da agricultura, saindo da tradicional visão isolada para a análise do 
sistema que vai desde a produção de insumos até a distribuição, passando pela 
produção agrícola e agroindustrial. Dessa maneira, a agricultura, em um contexto 
 
sistêmico de cadeia produtiva, foi denominada de Agribusiness e definido como: a 
soma das operações de produção e distribuição de insumos para a agricultura, das 
operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento 
e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir delas (BATALHA, 
1997, p. 25). 
O Agribusiness ou Agronegócio compõe-se de sistemas e cadeias produtivas 
agroalimentares e agroindustriais que operam em diferentes ecossistemas ou 
sistemas naturais. No contexto geral do agronegócio, existe um conglomerado de 
instituições de apoio e coordenação, de organizações de crédito, pesquisa, 
assistência técnica, entre outras, e um aparato legal e normativo, exercendo forte 
influência no seu desempenho (DAVIS; GOLDBERG, apud BATALHA, 1997). 
 
 
Fonte:www.trecsson.com.br 
Consequentemente, a gestão do agronegócio busca mobilizar conceitos e 
instrumentos de intervenção nos sistemas e cadeias produtivas, como o crédito 
agrícola, a inovação tecnológica e gerencial, as normas de taxação, serviços de apoio, 
entre outros, para melhorar o desempenho em relação a indicadores específicos. 
Essas intervenções entretanto, só se tornam eficazes quando é possível compreender 
sistematicamente, o que ocorre todos os segmentos em que a produção agropecuária 
se insere. 
 
No entanto, o Agribusiness apresenta enfoques metodológicos diferentes. Em 
1968, Goldberg publicou outro trabalho onde utilizou a noção de commodity systems 
approach (CSA), dentro de uma visão sistêmica, tendo como início uma matéria prima 
básica, conhecido, no Brasil, por Complexo Agroindustrial (CAI). As cadeias de 
agribusiness são operações organizadas de forma vertical e percorrida pelo produto 
desde sua produção, elaboração industrial e distribuição, podendo ser coordenadas 
via mercado, ou por meio da intervenção de agentes diversos ao longo da cadeia, que 
contribuem ou interferem de alguma maneira no produto final. Essa coordenação pode 
ter maior importância naquelas cadeias expostas à competição internacional e, 
especialmente, às crescentes pressões dos clientes, que são os alvos finais das 
cadeias e a quem estas devem adaptar-se (ZYLBERSTAJN; NEVES, 2000). 
A Escola Francesa de Organização Industrial desenvolveu, na década de 1960, 
o conceito de analyse de filières, que visava analisar parcialmente o agribusiness. 
Esse modelo foi traduzido para o português como cadeia de produção ou cadeia de 
produção agroindustrial (CPA). Nesse caso, a análise parte do produtofinal em 
direção à matéria-prima que lhe deu origem, diferente do modelo (CSA) proposto 
anteriormente por Goldberg, que partia de uma matéria-prima básica. 
Apesar de terem surgidos em locais e épocas diferentes, as metodologias de 
análise da cadeia proposta por Goldberg e pela escola francesa (analyse de filières) 
possuem muitas semelhanças. Por exemplo, as duas utilizam cortes verticais no 
sistema econômico de um determinado produto/serviço final (mais comum na escola 
francesa) ou a partir de uma matéria-prima de base, para posteriormente estudar sua 
lógica de funcionamento. Além disso, ambas dividem o sistema em três subsetores 
distintos: agricultura, indústria e serviços e partem da premissa que a agricultura deve 
ser vista dentro de um sistema mais amplo, do qual participam também produtores de 
insumos, indústria processadora (agroindústrias e indústrias de alimentos) e 
segmentos de distribuição e comercialização (atacado e varejo). 
As duas metodologias de análise apontam nas mesmas direções: estratégia e 
marketing, política industrial, gestão tecnológica, modelo de delimitação de espaços 
de análise dentro do sistema produtivo e ferramenta de descrição técnico-econômica 
de um setor. Os dois conceitos usam a noção de sucessão de etapas produtivas, 
desde a produção de insumos até o produto acabado, como forma de orientar a 
 
construção de suas análises. Ambos destacam o dinamismo do sistema e propõem 
um caráter prospectivo. 
A diferença principal está na importância atribuída ao consumidor final como 
agente dinamizador da cadeia. A análise de filières privilegia o mercado final (produto 
acabado/serviço) em direção à matéria-prima básica para a sua produção. 
Os dois principais aspectos destacados pelas duas metodologias são o caráter 
mesoanalítico e sistêmico dos estudos de cadeias produtivas agroindustriais 
(BATALHA, 1997). 
Ainda, segundo Batalha (1997), a literatura que trata da problemática 
agroindustrial no Brasil não tem feito uma boa diferenciação entre as expressões 
Sistema Agroindustrial, Complexo Agroindustrial e Cadeia de Produção 
Agroindustrial. Esses conceitos representam espaços de análise diferentes, têm 
diferentes objetivos e todos foram desenvolvidos como instrumentos de visão 
sistêmica. Parte-se da premissa que a produção de bens e serviços pode ser 
representada como um sistema, no qual os diversos atores estão interconectados por 
fluxos de materiais, de capital e de informação, objetivando suprir um mercado 
consumidor final com os produtos do sistema. 
A partir desse ponto do texto, com o objetivo de se tornarem mais abrangentes 
e práticos, esses termos serão acrescidos da palavra agroalimentar, ou seja, serão 
denominados de Sistema Agroalimentar e Agroindustrial (SAG), Complexo 
Agroalimentar e Agroindustrial (CAI) e Cadeia de Produção Agroalimentar e 
Agroindustrial (CPA). 
Um Sistema Agroalimentar e Agroindustrial (SAG) não está associado a 
qualquer matéria-prima agropecuária ou produto final específico. Pode-se entender o 
SAG como sendo composto pelos seis conjuntos de atores: (1) agricultura, pecuária 
e pesca; (2) indústrias agroalimentares (IAA); (3) distribuição agrícola e alimentar; (4) 
comércio internacional; (5) consumidor; e (6) indústrias e serviços de apoio. O SAG é 
definido por Batalha (1997, p.30) como o conjunto de atividades que concorrem para 
a produção de produtos agroindustriais, desde a produção dos insumos até a chegada 
do produto final ao consumidor. Dessa forma, um SAG específico é composto por 
empresas ou firmas entre as quais são realizadas várias transações. 
Existem diferentes sistemas agroindustriais dentro do agribusiness associados 
a diferentes produtos, bem como diferentes formas de organização. 
 
O Complexo Agroalimentar e Agroindustrial (CAI) tem como ponto de partida 
uma determinada matéria-prima básica (café, algodão, leite, soja, uva). Essa matéria-
prima pode originar diferentes produtos finais (queijo, nata, manteiga), formando 
várias cadeias de produção, cada uma delas associada a um produto final (BATALHA, 
1997). A arquitetura de um CAI parte de uma matéria-prima principal que o originou, 
segundo os diferentes processos industriais e comerciais que ela pode sofrer até se 
transformar em diferentes produtos finais. A formação de um CAI exige a participação 
de um conjunto de cadeias de produção (CPA), cada uma delas associada a um 
produto ou família de produtos. Como as CPAs são as unidades básicas para os CAIs, 
SAGs e demais formas de aglomerações produtivas agroalimentares e 
agroindustriais, elas serão abordadas com mais detalhes a seguir. 
6.2 Cadeias Produtivas Agroalimentares e Agroindustriais (CPAs) 
Uma cadeia produtiva é formada pelo conjunto de componentes interativos, 
incluindo os segmentos produção agrícola, fornecedores de insumos e serviços, 
industriais de processamento e transformação, agentes de distribuição e 
comercialização, além de consumidores finais. O objetivo é suprir o consumidor final 
de determinados produtos ou subprodutos (CASTRO, 1998). 
 
 
Fonte:www.agriculturaemar.com 
 
A Cadeia Produtiva Agroalimentar e Agroindustrial (CPA) é definida a partir da 
identificação do produto final que, após identificado, é encadeado de jusante a 
montante pelas várias operações técnicas, comerciais e logísticas necessárias a sua 
produção (BATALHA, 1997). A CPA dos vinhos finos do Rio Grande do Sul pode ser 
um exemplo. 
Conforme Batalha (1997), uma CPA pode ser segmentada, de jusante a 
montante, em três macro segmentos, que são: 
a) Comercialização - É representada pelas empresas que mantém contato com 
o cliente final da cadeia de produção e que criam condições para o consumo e o 
comércio dos produtos finais (supermercados, restaurantes, cantinas, etc.), podendo, 
ainda, serem incluídas nesse segmento empresas que se responsabilizam pela 
logística de distribuição dos produtos acabados. 
b) Industrialização - É constituída pelas empresas que transformam as 
matérias-primas em produtos acabados destinados ao consumo. 
c) Produção de matéria-prima - É formado pelas firmas que fornecem matérias-
primas iniciais para que outras empresas produzam o produto final destinado ao 
consumo. 
Um SAG, um CAI ou uma CPA representam uma série de transações (T1, T2, 
T3, T4, T5), que interligam os diferentes segmentos, desde o setor de insumos, 
passando pela produção agropecuária, indústria (agroindústria e indústria de 
alimentos), distribuição (atacado e varejo), até a chegada do produto ao consumidor. 
Além disso, deve ser destacada a importância do ambiente institucional, que 
define as regras do jogo, e do ambiente organizacional, que é o processo de ação 
coletiva das empresas, por exemplo, por meio de associações e/ou sindicatos. 
Esses conceitos foram introduzidos no Brasil, inicialmente, com a denominação 
de complexo agroindustrial, negócio agrícola e agronegócio e são definidos não 
apenas em relação ao que ocorre dentro dos limites das propriedades rurais, mas em 
todos os processos interligados que propiciam a oferta dos produtos da agricultura 
aos seus consumidores (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000). Daí nasceu o conceito de 
cadeia produtiva, como subsistema (ou sistemas dentro de sistemas) do agronegócio, 
composto por muitas cadeias produtivas, ou subsistemas do negócio agrícola. As 
cadeias produtivas, por sua vez, possuem entre os seus componentes ou subsistemas 
os diversos sistemas produtivos agropecuários e agroflorestais (CASTRO et al., 
 
1998). Essa generalidade do enfoque permite que se possa referir, de uma maneira 
geral, a um enfoque sistêmico em cadeias produtivas. 
A mesoanálise tem sido definida como a análise estrutural e funcional dos 
subsistemas e de suas interfaces e interdependências dentro de um sistema produtivo 
integrado. Essas alterações são basicamente resultado do conjunto de cinco fatores: 
políticos, econômico-financeiros,tecnológicos, socioculturais e legais ou jurídicos. 
Conceitualmente, uma cadeia produtiva é o encadeamento de atividades 
econômicas pelas quais passam e vão sendo transformados e transferidos os diversos 
insumos, incluindo desde as matérias-primas, máquinas e equipamentos, produtos 
intermediários e finais, sua distribuição e comercialização. Resulta de uma crescente 
divisão de trabalho, na qual cada agente ou conjunto de agentes especializa-se em 
etapas distintas do processo produtivo. Essas cadeias produtivas podem ser 
identificadas a partir da análise de relações interindustriais expressas em matrizes 
insumo-produto. 
6.3 Gestão de Sistemas e Cadeias Produtivas Agroalimentares e 
Agroindustriais 
De acordo com Castro (1998), a compreensão do funcionamento do 
agronegócio é essencial para a sua gestão. Esse conhecimento pode ser ampliado 
aplicando-se a lógica e as técnicas de análise de sistemas. A análise do agronegócio 
como sistema pode fornecer importantes subsídios para a formulação de macro 
políticas e de estratégias de desenvolvimento setorial. Os resultados das análises de 
cadeias produtivas oferecem, no entanto, maiores oportunidades de aplicação, pela 
sua maior especificidade e possibilidade de aprofundamento, seja no plano do 
desenvolvimento setorial, na gestão e coordenação das cadeias ou na identificação 
de demandas tecnológicas para P&D. 
A análise de cadeias produtivas é uma ferramenta poderosa para investigar as 
várias interfaces que permeiam a dinâmica de um sistema agroalimentar e 
agroindustrial, pois a partir da premissa que o alimento ou uma matéria-prima 
energética deve ser produzido, industrializado e encaminhado até o consumidor final, 
qualquer disfunção em uma dessas etapas básicas compromete o abastecimento e a 
competitividade do sistema. Portanto, somente após a realização da análise dos 
 
aspectos tecnológicos, comerciais e logísticos de uma cadeia de produção 
agroindustrial, assim como dos fatores externos que a influenciam (socioeconômicos, 
legais e governamentais), é que poderão ser identificadas as disfunções e propiciar 
subsídios adequados à formulação e à implementação de uma política agroindustrial 
eficiente para o país, assim como tornar o sistema ou o segmento mais competitivo 
em nível internacional (BATALHA, 1997). 
A competitividade de uma cadeia produtiva agroalimentar e agroindustrial é 
construída através da coordenação entre todos os seus agentes. Uma cadeia é 
composta pelas indústrias de suprimentos para a produção agropecuária, 
infraestrutura de transporte e a comunicação, a produção agropecuária, 
agroindústrias, indústria de alimentos, redes de distribuição e consumo e outros 
prestadores de serviços. 
 
 
Fonte:www.onortao.com.br 
Para o estudo de competitividade, dentro de uma visão sistêmica de 
agronegócios, deve ser efetuado um corte vertical do sistema econômico. A análise 
de competitividade é realizada de forma integrada, com evidentes vantagens na 
coordenação, pois essa é resultante de importantes arranjos contratuais entre os 
vários agentes e atores. Essa análise sistêmica de competitividade de cadeias 
produtivas deve utilizar modelos teórico-metodológicos que facilite a identificação da 
estrutura das cadeias produtivas e dos fatores que afetam o desempenho de todo o 
 
sistema (BATALHA, 1997). Para isso, a análise sistêmica pode ser conceitualmente 
conduzida pelos princípios do Enfoque Sistêmico do Produto (CSA) e pela abordagem 
do Desenvolvimento Territorial Rural. 
A representação de um sistema produtivo agroalimentar ou agroindustrial 
estruturado sobre uma cadeia produtiva constitui-se em uma importante ferramenta 
para o estudo ou identificação, por exemplo, de modificações ocorridas a montante 
(segmentos localizados antes da porteira ou fornecedores de insumos e serviços para 
agropecuária) e a jusante (segmentos localizados depois da porteira ou 
processadores e distribuidores da produção agropecuária) do processo de inovação 
original. De acordo com Batalha (1997), essa análise pode ainda avaliar as 
consequências das inovações como espaço analítico inicial (análise vertical), assim 
como junto a outras cadeias produtivas que se relacionem com ela (análise 
horizontal). 
O crescimento econômico de uma região está associado ao desempenho de 
suas diversas cadeias produtivas. Frequentemente, variáveis de desenvolvimento 
social, como nível de emprego, saúde, habitação, também estão associadas ao 
desempenho de determinadas cadeias produtivas. Assim, o planejamento do 
desenvolvimento regional também é beneficiado pela base ampliada de informação 
gerada pelos resultados das análises prospectivas de cadeias. 
7 AS AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS AGROALIMENTARES E 
AGROINDUSTRIAIS DOS TERRITÓRIOS RURAIS 
A nova perspectiva sobre o mundo rural tem como base argumentos que abrem 
a possibilidade de o território rural também oferecer alternativas de emprego e renda 
e diversas outras formas de melhoria na qualidade de vida da população local. 
Entretanto, para oferecer isso, o território rural deve utilizar o seu potencial local, 
aproveitar as oportunidades externas e suas características históricas e culturais 
particulares e também estar integrado com a economia e a sociedade local. 
Esses são os contornos que poderão levar a uma nova ruralidade e contribuir 
para o desenvolvimento local dos territórios rurais. 
Essa transformação alterou profundamente a estrutura socioeconômica e 
cultural do rural agrícola, com este deixando de ser exclusivamente agrícola para se 
 
tornar um conjunto fragmentado, diversificado e heterogêneo de territórios, formando 
uma complexa articulação de sistemas territoriais. Com isso, a agricultura deixa de 
ser o foco central da economia do território e as atividades produtivas agrícolas, 
industriais e de serviços passam a coexistir internamente e dividir esse papel. 
As oportunidades externas estão, principalmente, nas possibilidades de acesso 
aos mercados agrícolas nacionais e internacionais. Desde a década de 1970, os SPLs 
ligados aos territórios rurais do sul do Brasil, onde a estrutura agrária é marcada pela 
agricultura familiar, vêm caminhando para uma crescente articulação e, em alguns 
casos, até para a integração socioeconômica, com o setor agroalimentar global, por 
intermédio de cadeias globais de produção e consumo. 
Essa articulação e/ou integração tem sido o caminho seguido por alguns 
territórios, como resposta local às mudanças provocadas pela reestruturação do 
sistema produtivo global, ao modelo atual de modernização tecnológica dos processos 
produtivos agroindustriais e ao crescente acesso das famílias rurais aos diversos 
mercados locais (de trabalho, de bens e serviços e de fatores). 
Muitos desses territórios rurais ainda se sustentam economicamente por meio 
de atividades de produção agropecuárias, nem sempre voltadas para produtos de 
melhor qualidade e/ou de maior valor agregado, ao lado de atividades agroindustriais, 
exercidas por pequenas e médias empresas, que procuram se manter em equilíbrio 
com o ambiente natural. Enfim, o desenvolvimento desses territórios depende tanto 
das dinâmicas externas, na maioria das vezes determinadas pelo processo de 
globalização, a partir dos mercados agrícolas ou agroindustriais, como também da 
capacidade dos seus agentes locais atraírem fluxos de recursos (capital para 
investimento produtivo, turistas ou trabalhadores capacitados) e dos seus capitais 
territoriais: ambiental, cultural, social, institucional e o saber-fazer. 
Quando os territórios são rurais, os seus principais sistemas produtivos também 
podem ser caracterizados e/ou denominados de Distritos Agrícolas, Distritos 
Agroindustriais ou Sistemas Agroalimentares Localizados (SIALs), com uma estrutura 
produtiva alicerçada nos Sistemas Agroalimentares e Agroindustriais (SAGs) e nas 
Cadeias Produtivas Agroalimentares e Agroindustriais(CPAs). 
Enquanto os dois primeiros foram estudados por economistas agrícolas 
italianos, a abordagem dos SIALs é uma proposição da escola francesa. Essas 
denominações variam de acordo com as suas tendências setoriais, na medida em que 
 
associam características dos setores industrial e de serviços, e com o grau de 
intensidade das relações socioeconômicas, institucionais e de proximidade. A seguir, 
demonstram-se as origens conceituais e teóricas dessas duas formas específicas de 
sistemas produtivos. 
7.1 Os distritos agrícolas e agroindustriais italianos 
Na década de 1970, economistas italianos iniciaram estudos sobre a 
importância da competitividade das empresas e dos processos de inovação, tendo 
como referência os conceitos de redes, meios inovadores e efeitos de proximidade, 
da teoria Marshalliana. Essa teoria foi resgatada por Beccattini (1994) para explicar o 
crescimento econômico de algumas concentrações industriais na Itália. Então, por 
meio do conceito de distrito industrial, foi possível caracterizar as concentrações de 
pequenas empresas, onde as relações de proximidade e os efeitos derivados dessas 
relações serviam para promover o desenvolvimento local. 
 
 
Fonte:www.alternize.com.br 
A mudança de foco das estruturas nacionais para as redes heterogêneas foi 
seguida pela territorialização do espaço rural, fazendo com que também alguns 
economistas agrícolas iniciassem um processo de adaptação da base conceitual do 
distrito industrial, para a formação dos conceitos de distrito agrícola e distrito 
 
agroindustrial. Esses termos surgiram para descrever os modelos organizacionais 
econômicos, típicos do sistema agroalimentar italiano, baseado em clusters de PMEs 
desse setor, regionalmente concentrados (CECCHI, 2001; BERTI, 2005). 
Segundo Brunore e Rossi (2007), essas formas de análise foram desenvolvidas 
para explicar a relevância dos sistemas econômicos regionais dentro do sistema 
agroindustrial italiano. 
Nos distritos agrícolas ou nos agroindustriais, destacam-se os relacionamentos 
entre a produção agrícola, as empresas industriais e de serviços (fornecedores, 
processadores e distribuidores) e o ambiente socioeconômico. Essa é a configuração 
teórica, muito semelhante aos conceitos e interpretações dos sistemas ou cadeias 
agroindustriais, de agribusiness ou de agronegócio. Essa abordagem interpretativa é 
formada por três fases, o antes da porteira, os fornecedores para a agropecuária (ou 
agricultura), o dentro da porteira, a produção agropecuária, e o depois da porteira, as 
empresas agroindustriais e as distribuidoras do produto. 
Essa adaptação para distrito agroindustrial foi possível porque este guarda 
algumas características similares ao do distrito industrial, tais como a concentração 
de pequenas e médias empresas (PMEs) e a estrutura organizacional muito 
parecidas, a predominância da produção de um bem típico, a concentração e a 
especialização de empresas, os relacionamentos inter-industriais facilitam o 
funcionamento do mercado local e, por fim, os relacionamentos pessoais que criam 
uma atmosfera favorável para as trocas de conhecimentos. 
Porém, há uma diferença fundamental entre distrito agrícola e distrito 
agroindustrial. O primeiro se forma a partir, apenas, do segmento da agropecuária 
(agricultura) e do segmento fornecedor de insumos, crédito, máquinas e 
equipamentos para esta. O distrito agroindustrial se forma a partir destes dois, mas 
também se inclui os segmentos que vêm depois da porteira, o segmento que realiza 
o processamento do produto agrícola, a agroindústria e indústria de alimentos, e o 
segmento que faz a distribuição desse produto, o atacado e o varejo. 
Para Cecchi (2001), o distrito agrícola é o interior territorial dos clusters em que 
a agricultura é a força que impulsiona as outras atividades do distrito, que só existem 
por causa da produção agrícola local. As características principais do distrito agrícola 
são similares às do distrito agroindustrial com relação ao realce da sua produção 
agrícola e da sua dependência em relação à indústria processadora, mas nos distritos 
 
agroindustriais a indústria processadora sempre está presente e com um alto 
percentual de processamento de produtos agrícolas vindo de fora do distrito. 
Os principais efeitos do processo de reestruturação produtiva mundial sobre os 
sistemas agroalimentares e agroindustriais são imigrações urbano-rurais, 
descentralização industrial, declínio da importância agrícola em termos econômicos e 
de ocupação, a diversificação da agricultura, a crescente importância do setor de 
serviços na geração de empregos e as mudanças nos modelos de consumo (BERTI, 
2005). 
Mais recentemente, sob um ponto de vista muito parecido com o dos italianos, 
Sautier (2002), Requier-Desjardins (2002b) e Muchnik (2002) propuseram a noção de 
Systèmes Agroalimentaires Localisès (SYAL), ou Sistema Agroalimentar Localizado 
(SIAL), em vez de simplesmente utilizar a noção de APL ou SPL do setor 
agroalimentar, porque os SIALs têm especificidades que os diferenciam 
significativamente dos outros SPLs. Conforme os autores, as principais 
especificidades dos SIALs são: o papel específico dos bens alimentares, por serem 
os únicos que são literalmente incorporados pelos consumidores no ato de consumo, 
em vez de serem somente utilizados como os demais bens de consumo; a 
especificidade da matéria-prima produzida, pois a atividade agroalimentar tem origem 
em uma matéria-prima agrícola, viva, heterogênea, sazonal e perecível; a relação com 
o ambiente e com a gestão dos recursos naturais; por fim, a vinculação frequente das 
atividades agroalimentares, mais do que outras atividades produtivas com uma parte 
significativa do saber-fazer local (intransferível) e com os conhecimentos transmitidos 
por aprendizagem. 
Em quase todas as definições de SIAL, chama a atenção o destaque dado ao 
papel dos atores e/ou do capital social dentro desses sistemas. De acordo com 
Requier-Desjardins (1999), a definição de capital social reconhece tanto o seu 
componente social como o seu componente econômico. Assim, o capital social não 
se refere apenas às regras e normas empresariais e às relações de confiança e de 
amizade entre os indivíduos e as redes sociais, mas também às vantagens 
econômicas dos indivíduos obtidos a partir do capital social. Esse rendimento é gerado 
pela troca de informações, conhecimentos, mão de obra ou outras formas de 
cooperação. 
 
Assim, nos SIALs, há uma relação muito próxima entre os modos de fabricação 
dos produtos e as preferências dos consumidores, com a produção e a economia rural 
centrada na transformação e na comercialização de produtos vindos, 
predominantemente, de unidades rurais familiares de pequena escala. Na definição 
de Requier-Desjardins (2002a e 2002b), o conjunto das relações sociais de trabalho 
e produção é o que constitui um SIAL. Essas relações possuem uma historicidade e 
uma especificidade que diferenciam esses sistemas produtivos locais (SPL), tanto em 
relação ao exterior como entre eles. Assim, procura-se mostrar que, nos SIALs, há 
uma relação muito próxima entre os modos de fabricação dos produtos e as 
preferências dos consumidores com a produção e a economia rural centrada na 
transformação e na comercialização de produtos, predominantemente vindos de 
unidades rurais familiares, com uma pequena escala produtiva e estruturados a partir 
de sistemas ou cadeias produtivas agroalimentares ou agroindustriais. 
 
 
Fonte:www.florestalbrasil.com 
Medidas de incentivo à demanda por bens industriais têm sido recentemente 
realizadas pelo governo brasileiro como estímulo ao crescimento econômico. 
Exemplos desta prática são as reduções do Imposto sobre Produto Industrializado 
(IPI) sobre alguns produtos específicos, como eletrodomésticos e automóveis. 
Entretanto, o País é reconhecidamente competitivo na sua produção agropecuária,e 
políticas de incentivo à demanda dos mesmos não têm sido estabelecidas na mesma 
 
magnitude daquelas dos produtos industriais. Além disto, faltam incentivos à 
industrialização, como política para aumento do valor adicionado na produção 
agrícola. Um exemplo característico deste fato é representado por um dos setores 
agrícolas de maior expressão do País: setor de soja. Na década de 2000, o Brasil 
exportou, em valores monetários, cerca de 5 vezes mais soja em grão do que óleo de 
soja, que é um dos produtos originados da industrialização deste grão (FAO, 2012). 
Além disto, considerando-se os últimos 20 anos, a taxa anual de crescimento do valor 
das exportações de grão de soja foi de 13%, contra apenas 7% de crescimento anual 
no valor das exportações do óleo (FAO, 2012). 
O setor agrícola tem grande importância na economia brasileira. Em 2005, toda 
a cadeia de agronegócio no País gerou 28% do PIB nacional (GUILHOTO et al., 2007). 
Além disto, o Brasil é também um dos maiores produtores mundiais neste setor. 
Considerando-se o valor da produção agropecuária dos países da Organização 
Econômica para Cooperação e Desenvolvimento (OECD), a produção brasileira perde 
apenas para a europeia e americana. Entretanto, o País tem ainda grande potencial 
de crescimento. Em 2007, a produção agropecuária da União Europeia foi mais de 2,5 
vezes superior à brasileira. Já o valor da produção dos Estados Unidos foi o dobro da 
produção do Brasil naquele mesmo ano (OECD, 2011). 
Dada a importância do agronegócio na economia do País, este estudo tem 
como objetivo fazer uma avaliação comparativa dos encadeamentos provocados pelo 
aumento de demanda de alguns dos principais setores agrícolas (brutos ou 
processados), com aqueles induzidos em alguns setores não agrícolas selecionados 
(seja com alta produção no País ou cujas demandas são constantemente incentivadas 
pelo governo brasileiro). Ou seja, pretende-se responder às seguintes perguntas: para 
incentivar o aumento de renda e emprego no País, que leva ao crescimento 
econômico, o estímulo de demanda nos setores industriais que tiveram recentes 
desonerações fiscais tem mais impactos na economia do que incentivos em setores 
agrícolas? Além disto, considerando a terra como recurso escasso, quanto o 
processamento de produtos agrícolas brutos aumenta os impactos econômicos e 
sociais por área cultivada? Tais questões são importantes para promover não apenas 
o crescimento do setor agropecuário como toda a economia por meio dos efeitos 
multiplicadores identificados. 
 
Neste sentido, os setores eleitos para esta análise foram, entre os setores 
agroindustriais: arroz, milho, soja, cana-de-açúcar, silvicultura, álcool, abate de 
bovinos e outros, abate de aves, abate de suínos e óleos vegetais. Os quatro primeiros 
são setores caracteristicamente agrícolas e ocuparam, em 2009, 73% de toda área 
colhida com vegetais e responderam por 60% da produção de lavouras temporárias e 
permanentes no País (IBGE, 2011c). Além disto, segundo dados da Produção 
Agrícola Municipal – PAM (IBGE, 2011c), de 1999 a 2009, este crescimento foi 
superior a 10% ao ano para todos os produtos. Os que tiveram maior crescimento 
foram soja (18% ao ano) e cana-de-açúcar (17% ao ano). Entretanto, a maior parte 
da área dos estabelecimentos agropecuários no País é utilizada com pecuária e 
criação de outros animais. Segundo o IBGE (2011a), enquanto estes últimos 
ocuparam 62% da área dos estabelecimentos no País em 2006 (dados mais recentes 
disponíveis), a produção vegetal foi responsável por apenas 31% desta área. Por este 
motivo, além dos produtos vegetais anteriormente citados, este trabalho analisou 
também o impacto na produção das principais carnes produzidas no País: bovina, 
suína e de frango. Já para os setores não agrícolas foram considerados: refino do 
petróleo e coque; fabricação de aço e derivados e máquinas, aparelhos e materiais 
elétricos por serem, dentre os setores não agrícolas, aqueles com altos valores na 
produção nacional, e eletrodomésticos, material eletrônico e automóveis, camionetas 
e utilitários os quais, apesar de terem baixa produção, são setores considerados como 
de alto nível tecnológico e cujos consumos têm sido constantemente incentivados pelo 
governo federal, principalmente pela redução de IPI. Produtos do setor máquinas, 
aparelhos e materiais elétricos também tiveram incentivos de demanda por medidas 
de redução de IPI e combustíveis provenientes do setor refino do petróleo e coque, a 
partir de 2012 apresentam preços deprimidos para o consumidor, os quais são 
subsidiados pelo governo. Embora o objetivo do subsídio neste último setor não seja 
o de incentivar a demanda, mas, sim, de controlar a inflação, o estímulo à demanda 
proveniente desta política é inevitável. Os setores agroindustriais e os não agrícolas 
selecionados responderam por 5% e 6%, respectivamente, de todo o valor consumido 
de bens e serviços pela demanda final da economia em 2006. 
 
7.2 Revisão de literatura 
Alguns estudos com objetivos distintos ao apresentado neste trabalho, mas 
utilizando metodologia similar, foram revisados para mostrar alguns resultados 
semelhantes aos que o presente trabalho busca apresentar. Tais trabalhos utilizaram 
o instrumental da matriz insumo-produto, mas consideraram um número menor de 
setores agrícolas e desagregados por estados ou regiões específicas do País (por 
exemplo, citam-se os estudos de SANTOS et al., 2009; COSTA et al., 2006; 
FIGUEIREDO et al., 2005). 
 
No trabalho realizado por Santos et al. (2009), em que foram analisados os 
setores da economia mineira para 1995, os autores verificaram que os maiores 
multiplicadores de produção são observados para setores de produtos processados 
do agronegócio: indústria do café e outras indústrias de produtos alimentares, que 
apresentaram o primeiro e o terceiro maiores impactos, respectivamente. Já os 
maiores multiplicadores de renda foram observados para os setores de agropecuária 
para produtos não processados. 
 
 
Fonte:www.portaldoagronegocio.com.br 
Em Costa et al. (2006), os autores tiveram como objetivo identificar a 
importância dos setores sucroalcooleiros (cana-de-açúcar, açúcar e etanol), 
 
distintamente nas regiões Centro-Sul e Norte-Nordeste do País. Para isto, vários 
indicadores foram utilizados: índices de ligação para frente e para trás; índices puros 
de ligação e multiplicadores de produção. Neste caso, foram utilizadas as matrizes 
regionais estimadas para 1999. Observou-se que, junto aos setores de metalurgia, 
têxteis e outros serviços para famílias, os setores agroindustriais: indústria do açúcar 
e outros produtos alimentares foram aqueles com impactos mais significativos na 
economia em ambas as regiões. Isto mostra a importância do aumento de demanda 
sobre os produtos agrícolas processados na economia do Brasil. 
Considerando a matriz insumo-produto do estado de Mato Grosso, Figueiredo 
et al. (2005) descreveram os setores-chaves da economia daquele estado, 
procurando identificar a importância dos setores de produção e processamento da 
soja. Utilizando os índices de Hirschman-Rasmussen, os autores descrevem que os 
setores que mostraram impactos mais expressivos para trás naquela economia foram, 
em ordem decrescente: eletroeletrônicos; abate de bovinos; peças e veículos; 
indústria do café e fabricação de óleos vegetais. Entretanto, utilizando os índices 
normalizados, ou seja, levando em conta a importância de cada setor na economia do 
estados, os setores com maiores impactos foram: comércio; administração pública e 
fabricação de óleos vegetais. 
Destes estudos pode-se perceber a importância de diferentes setores do 
agronegócio impactando a economia em diferentes estados e regiões brasileiras. 
Entretanto, observa-se também que alguns setores industriais são também 
importantes para o seu desenvolvimento. 
8 OS 10 NOVOS POLOS

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